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Fls.: 17298-09.2015.4.01.3300 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE 1.a INSTÂNCIA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA BAHIA AÇAO ORDINÁRIA 17298-09.2015.4.01.3300 AUTOR: SINDICATO DOS TRABALHADORES FEDERAIS EM SAÚDE RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS SENTENÇA1 O SINDICATO DOS TRABALHADORES FEDERAIS EM SAÚDE, TRABALHO, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ESTADO DA BAHIA - SINDPREV ingressou com a presente ação ordinária, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando obter a revisão da remuneração dos seus substituídos, mediante progressão funcional e promoção, a cada 12 meses de efetivo exercício, bem como que o réu proceda ao pagamento das diferenças devidas, a partir de julho de 2007, com reflexos sobre o 13° salário e férias, acrescidas com terço constitucional, quinquénios, gratificações e demais verbas de natureza remuneratórias, tudo a ser corrigido monetariamente e acrescido de juros de mora, na forma prevista no Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sustenta o SINDICATO que o art. 7°,§1°, da Lei 10.855/2004, estabelece o interstício de 18(dezoito) meses para a progressão funcional, já que após o advento da Lei n° 11.501/2007, que alterou o art. 7°, da Lei 10.855/2004, ainda não teria havido a edição do regulamento que implementaria as condições de progressão funcional e promoção. Ao final, formulou o seguinte pedido: - declarar o direito dos substituídos de obterem a progressão funcional e promoção considerando o intertíscio de 12 meses de efetivo exercício, até que se adite regulamento previsto no art. 9°, da Lei n° 10.855/2004. - condenar o demandado à obrigação de fazer em implantar, para fins de progressão funciona!,, o interstício de 12(doze) meses de efetivo exercício, até que se adite regulamento previsto no art. 9° da Lei n° 10.855/2004. - condenar o demandado à obrigação de fazer em implantar, para fins de progressão funcional, o interstício de 12(doze) meses, a contar do primeiro ano do ingresso dos servidores, ora substituídos, observando a forma e condições previstas na Lei n° 5.645, de 1970, e no Decreto 84.669, de 1980, assim permanecendo até que sobrevenha a regulamentação a que aludem os artigos e 8°, da Lei 10.855, de 2004; - condenar o demandado à obrigação de fazer em promover a imediata revisão do posicionamento funcional dos substituídos, na classe e padrão previstos na carreira do seguro social (de que trata a Lei n° 10.855, de 2004), considerando, para tanto, a aplicação do interstício de 12(doze) meses às progressões havidas a partir Sentença tipo "A", nos termos da Resolução n.° 535, do CIF, de 18/12/2006, e Portaria COGER n°30/2007

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL DE 1.a INSTÂNCIA

SEÇÃO JUDICIÁRIA DA BAHIA

AÇAO ORDINÁRIA n° 17298-09.2015.4.01.3300AUTOR: SINDICATO DOS TRABALHADORES FEDERAIS EM SAÚDERÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA1

O SINDICATO DOS TRABALHADORES FEDERAIS EM SAÚDE,TRABALHO, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ESTADO DA BAHIA -SINDPREV ingressou com a presente ação ordinária, com pedido de antecipação dosefeitos da tutela, contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS,objetivando obter a revisão da remuneração dos seus substituídos, mediante progressãofuncional e promoção, a cada 12 meses de efetivo exercício, bem como que o réu procedaao pagamento das diferenças devidas, a partir de julho de 2007, com reflexos sobre o 13°salário e férias, acrescidas com terço constitucional, quinquénios, gratificações e demaisverbas de natureza remuneratórias, tudo a ser corrigido monetariamente e acrescido dejuros de mora, na forma prevista no Manual de Cálculos da Justiça Federal.

Sustenta o SINDICATO que o art. 7°,§1°, da Lei n° 10.855/2004,estabelece o interstício de 18(dezoito) meses para a progressão funcional, já que após oadvento da Lei n° 11.501/2007, que alterou o art. 7°, da Lei n° 10.855/2004, ainda nãoteria havido a edição do regulamento que implementaria as condições de progressãofuncional e promoção. Ao final, formulou o seguinte pedido:

- declarar o direito dos substituídos de obterem a progressão funcional e promoçãoconsiderando o intertíscio de 12 meses de efetivo exercício, até que se aditeregulamento previsto no art. 9°, da Lei n° 10.855/2004.

- condenar o demandado à obrigação de fazer em implantar, para fins deprogressão funciona!,, o interstício de 12(doze) meses de efetivo exercício, até quese adite regulamento previsto no art. 9° da Lei n° 10.855/2004.

- condenar o demandado à obrigação de fazer em implantar, para fins deprogressão funcional, o interstício de 12(doze) meses, a contar do primeiro ano doingresso dos servidores, ora substituídos, observando a forma e condiçõesprevistas na Lei n° 5.645, de 1970, e no Decreto n° 84.669, de 1980, assimpermanecendo até que sobrevenha a regulamentação a que aludem os artigos 7°e 8°, da Lei n° 10.855, de 2004;

- condenar o demandado à obrigação de fazer em promover a imediata revisão doposicionamento funcional dos substituídos, na classe e padrão previstos na carreirado seguro social (de que trata a Lei n° 10.855, de 2004), considerando, paratanto, a aplicação do interstício de 12(doze) meses às progressões havidas a partir

Sentença tipo "A", nos termos da Resolução n.° 535, do CIF, de 18/12/2006, e Portaria COGER n°30/2007

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de julho de 2007, efetuando, a partir desta data a sua remuneraçãocorrespondentes à classe e padrão;

- conceder, no mérito, a antecipação dos efeitos da tutela, para o fim à obrigaçãode fazer em promover a imediata revisão do posicionamento funcional dossubstituídos, na classe e padrão previstos na carreira do Seguro Social (de quetrata a Lei n° 10.855, de 2004), considerando, para tanto, a aplicação dointerstício de 12(doze) meses às progressões havidas a partir de julho de 2007,efetuando, a partir desta data a sua remuneração correspondente à classe epadrão;

- condenar a demandada à obrigação de dar consistente no pagamento dasdiferenças devidas, apuradas em razão da aplicação do interstício de 12(doze)meses às progressões funcionais havidas a partir de julho de 2007, com reflexossobre 13° salário e férias acrescidas com terço constitucional, quinquénios,gratificações e demais verbas de natureza remuneratórias, tudo a ser corrigidomonetariamente e acrescido de juros de mora, na forma prevista no Manual deCálculos da Justiça Federal

- condenar o demandado a reembolsar as custas processuais adiantadas peloautor, atualizadas pelo IPCA-E, bem como ao pagamento de honoráriosadvocatícios sucumbenciais, fixados em 20%(vinte por cento), incidentes sobre oquantum debeatur.

Citado, o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSapresentou contestação, alegando a preliminar de ilegitimidade ativa do Sindicato Autor,com a ausência de comprovação de registro junto ao Ministério do Trabalho, poisapresentou uma certidão emitida em maio de 1998, defasada em 15 anos, o que nãocomprova o registro atual.

Argumentou, ainda, que o Sindicato Autor não apresentou aautorização da assembleia da categoria que representa. Alegou que o Sindicato Autor,também, não apresentou a lista dos substituídos e dos seus respectivos endereços,conforme determina o art. 16, da Lei n° 7.347/85 c/c o art. 2°-A, da Lei n° 9.494/97.Aduziu que falta um pressuposto válido para o desenvolvimento regular do processo.

Pugnou pela limitação dos efeitos da sentença aos servidoressubstituídos domiciliados no âmbito da competência territorial deste órgão jurisdicional,com fundamento no art. 16, da Lei n° 7.347/85.

Requereu a extinção do processo sem resolução do mérito.

No mérito, alegou que a prescrição atinge o fundo do direito, porqueo enquadramento deveria ser aplicado a partir da edição da Lei n° 11.501/2007, mastranscorridos mais de cinco anos não pode ser mais reivindicado para os substituídos.

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Autor. Sustentou que a progressão funcional não se caracteriza como prestação de tratosucessivo, razão pela qual não se aplica a Súmula n° 85, do STJ.

Por cautela, pugnou pela declaração da prescrição das parcelasatrasadas porventura concedidas aos substituídos do Autor, em caso de procedência daação.

Analisando a questão de fundo propriamente dita, versou sobre aevolução da legislação culminando na alteração do interstício necessário para aprogressão/promoção, que era de 12 meses, como previa o Plano de Classificação deCargo (PCC) e passou para 18 meses a partir da nova redação dada ao art. 7°, da Lei n°10.355/2001 pela MP n° 359/2007, convertida na Lei n° 10.855/04. Por conta desse noveldiploma.

Alegou que a Lei n° 5.645/70 não prefixou os requisitos para aprogressão horizontal e vertical, já que delegou à regulamentação de forma ampla adisciplina das promoções e progressões funcionais. Afirmou que o art. 7°, § 1°, da Lei n°10.855/2004 preceituava o interstício mínimo de 18 meses, o que deve ser preservado.Afirmou que as progressões deixaram de ser realizadas, por falta de regulamentação, noperíodo entre 01/03/2008 e 21/06/2009.

Argumentou que, por norma expressa, a progressão funcional epromoção somente alcança os substituídos em decorrência de avaliação de desempenhoindividual após o interstício de 18 meses da sua última concessão e uma decisão judicialem sentido contrário feriria os princípios da legalidade(art. 37, X, da CF/88) e daisonomia(art. 5°, da CF/88).

Pediu, ao final, a improcedência da ação e a condenação do Autornos ónus da sucumbência.

Houve réplica, mas a peça foi apresentada intempestivamente (fls.131/145), razão pela qual foi determinado o respectivo desentranhamento (fls. 147).

Instadas as partes acerca das provas, o Sindicato Autor pediu ojulgamento antecipado da lide e interpôs agravo retido contra a decisão de fls. 147.(fls.149/152). O INSS, por sua vez, não requereu nenhuma prova (fls. 154), mas juntoucontraminuta (fls. 155/156).

A decisão agravada foi mantida pelos seus próprios fundamentos (fls.157).

Autos conclusos, passo a DECIDIR.

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Cumpre-me apreciar inicialmente as preliminares suscitadas peloINSS.

Quanto à ilegitimidade ativa do Sindicato, entendo que o registro dosindicato no Ministério do Trabalho e Emprego é requisito para a sua constituição e,portanto, para a existência legal da entidade sindical e representação dos seus respectivosfiliados. Segundo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal na Súmula n°.677, "até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho procederao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade".

Verifico que houve a comprovação do registro da Entidade de Classeno Ministério do Trabalho, em 12 de maio de 1998, conforme certidão expedida em fls.38. O INSS afirmou que a esse registro estaria defasado, mas não trouxe aos autosqualquer elemento de prova para demonstrar a suspensão ou cancelamento posterior daanotação, o que é incapaz de afastar a presunção de legalidade do citado atoadministrativo de fls. 38. A jurisprudência admite que a apresentação da certidão deregistro é suficiente para a comprovação da legitimidade ativa:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS. INADEQUAÇÃO DA VIAMANDAMENTAL. LEGITIMIDADE ATIVA. PRESCRIÇÃO. ADICIONAIS DE HORAEXTRA, NOTURNO, DE PERICULOSIDADE, DE INSALUBRIDADE E DETRANSFERÊNCIA.(...)3. Ilegitimidade ativa ad causam afastada, ante a demonstração de que o Sindicatoimpetrante possui registro no Ministério do Trabalho e Emprego.(...)(AMS 00038269320114014200 0003826-93.2011.4.01.4200 , DESEMBARGADORA

FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO, TRF1 OITAVA TURMA, e-DJFlDATA:27/02/2015 PAGINA:6102.)

Dispondo o estatuto social do Sindicato ser um de seus objetivosrepresentar legalmente os interesses e objetivos individuais e ou coletivos para melhoriadas condições de salário, na esfera jurídica, desnecessária a convocação de assembleiaespecífica para que lhe seja autorizado o ajuizamento da ação, como se pode ver datranscrição de trecho do seu estatuto (fls. 90):

Art. 3. O Sindicato é constituído para fins de organização e representação legal dacategoria dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência eAssistência Social, inclusive trabalhadores em Seguridade Social, redistribuídospara outros órgãos e vinculados aos Governos Estaduais e Municipais queconjuntamente em suas instâncias deliberativas assim decidirem bem como,trabalhadores contratados por concurso público e/ou seleção pública, queindividualmente ou solidariamente em suas Instâncias deliberativas assimdecidirem visando melhorias nas condições de vida, salário e trabalho, assim corpropiciar o desenvolvimento da consciência de classe de seus representados.

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O Superior Tribunal de Justiça já decidiu dispensando a apresentaçãode autorização para a propositura de demandas por Sindicatos, entendimento que seextrai na seguinte ementa:

ADMINISTRATIVO, AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DEDETERMINAÇÃO DE LIMITAÇÃO PRESCRICIONAL NA FASE COGNITIVA DADEMANDA. COISA JULGADA. QUEST1ONAMENTO EM EMBARGOS À EXECUÇÃOSOBRE PRESCRIÇÃO SOMENTE SE SUPERVENIENTE, TENDO EM VISTA O ROLTAXATIVO DO ART. 741 DO CPC. RESSALVA DO PONTO DE VISTA DO RELATOR.AÇÃO COLEHVA AJUIZADA POR ASSOCIAÇÃO CLASSISTA. LEGITIMIDADE DOINTEGRANTE DA CATEGORIA PARA PROPOR EXECUÇÃO INDIVIDUAL DOJULGADO. PRECEDENTES ESPECÍFICOS DESTA CORTE SUPERIOR. AGRAVOREGIMENTAL DA UNIÃO DESPROVIDO.(...)2. O sindicato ou associação, como substitutos processuais, têm legitimidade paradefender judicialmente interesses coletivos de toda a categoria, e não apenas deseus filiados, sendo dispensável a luntada da relação nominal dos filiados e deautorização expressa. Assim, a formação da coisa julgada nos autos de açãocoletiva deve beneficiar todos os servidores da categoria, e não apenas aquelesque na ação de conhecimento demonstrem a condição de filiado do autor (Ag1.153.516/GO, Rei. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 26.4.2010). Nomesmo sentido: RESP 936.229-RS, Rei. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe16.03.2009.3. A indivisibilidade do objeto da ação coletiva conduz à extensão dos efeitospositivos da decisão a pessoas não integrantes diretamente da entidade classistapostulante que, na verdade, não é a titular do direito material, mas tão somente asubstituta processual dos componentes da categoria, a que a lei conferiulegitimidade autónoma para a promoção da ação. Nessa hipótese, diz-se que obem da vida assegurado pela decisão é fruível por todo o universo de participantesda categoria, grupo ou classe, ainda que não filiados à entidade, isso porque ouniverso da categoria geralmente é maior do que o universo de filiados à entidaderepresentativa.4. A extensão subjetiva é consequência natural da transindividualidade eindivisibilidade do direito material tutelado na demanda, que logicamente deve seruniforme para toda a categoria, grupo ou classe profissional, uma vez que estandoos servidores beneficiários na mesma situação, não encontra razoabilidade adesigualdade entre eles; como o que se tutela são direitos pertencentes àcoletividade como um todo, não há como nem porque estabelecer limitessubjetivos ao âmbito de eficácia da decisão; na verdade, vê-se que o surgimentodas ações coletivas alterou substancialmente a noção dos institutos clássicos doProcesso Civil, entre os quais o conceito de parte, como encontra-se devidamenteevidenciado.5. A exegese da ação coletiva deve favorecer a ampliação da sua abrangência,tanto para melhor atender ao seu propósito, como para evitar que sejam ajuizadasmúltiplas ações com o mesmo objeto; não há nenhuma contraindicação a esseentendimento, salvo o apego a formalismos exacerbados ou não condizentes coma filosofia que fundamenta as ações coletivas; convém assinalar que a visãocontrária não produz qualquer proveito geral ou especial, mas pelo contrário, gerasituações indesejáveis. 6. Agravo Regimental da União desprovido.

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(AGRESP 201303027724, NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, STJ PRIMEIRATURMA, DJE DATA: 19/08/2014 ..DTPB:.)

Quanto à limitação dos efeitos da sentença aos servidoressubstituídos domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão jurisdicional, oartigo 2°-A, da Lei 9.494/97 estabelece que a sentença civil prolatada em ação de carátercoletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seusassociados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura daação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. Para a legalidadedesse regramento, no entanto, é necessário compatibilizar com a autorizaçãoconstitucional insculpida no artigo 109, § 2o., da Constituição Federal, que conferiria aoautor, independentemente do seu domicílio, demandar contra a União no Distrito Federal.

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO COLEHVA. SINDICATO. EFEITOS DA SENTENÇACOLFTIVA. LIMITAÇÃO TERRITORIAL. ART 2°-A DA LEI 9.494/97.I - A disposição contida no art. 2°-A da Lei n. 9.494/97 não tem sua aplicaçãoadstrita à Fazenda Pública, podendo incidir nas hipóteses de ação ordináriacoletiva.II - Apenas a disposição contida no parágrafo único do art. 2°-A da Lei n. 9.494/97é que se aplica à Fazenda Pública, não se estendendo os seus efeitos a empresapública federal.III - "A sentença proferida em ação coletiva somente surte efeito nos limites dacompetência territorial do órgão que a proferiu, e exclusivamente em relação aossubstituídos processuais que ali eram domiciliados à época da propositura dademanda." (AgRg no REsp 1279061/MT, Rei. Ministro HUMBERTO MARTINS,SEGUNDA TURMA, julgado em 19/04/2012, DJe 26/04/2012)IV - "... nos termos do art. 2°-A da Lei 9.494/97, os efeitos da sentença proferidaem ação coletiva se restringem aos substituídos que tenham, na data dapropositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgãoprolator." (EDclAgRg no AREsp 137.386/DF, Rei. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIAFILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 1°/10/2013, DJe 22/10/2013)V - Correta a sentença que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, porfalta de interesse processual do Sindicato-autor, cujos filiados possuem domicíliono Estado de São Paulo, para propor ação coletiva no interesse de seussubstituídos no foro da Seção Judiciária do Distrito Federal.VI - Apelação do Sindicato autor a que se nega provimento.(AC 00277458120144013400 0027745-81.2014.4.01.3400 , DESEMBARGADORFEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN, TRF1 SEXTA TURMA, e-DJFlDATA:24/11/2015 PAGINA:700.)

Dessa forma, nos limites da competência desse órgão judicial, osefeitos da presente sentença atingem tão somente os servidores que se subsumem àhipótese dos autos e estejam domiciliados nos Municípios de Salvador, Aratuípe,Cachoeira, Camaçari, Candeias, Cruz das Almas, Dias d'Ávila, Dom Macedo Costa,Itaparica, Jaguaripe, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Muniz Ferreira,Muritiba, Nazaré, Salinas da Margarida, Santo Amaro, Santo António de Jesus, São Felipe,São Francisco do Conde, Saubara, Simões Filho, Valença e Vera Cruz.

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Rejeito a preliminar de prescrição do fundo de direito, porque a lidenão versa sobre cancelamento de ato administrativo e sim sobre a retificação dos efeitosfinanceiros de progressão funcional, perfazendo-se, pois, a competência desde órgãojurisdicional para apreciar a matéria porque não há notícia nos autos da recusa formal daAdministração em promover a progressão funcional. Dessa forma, o transcurso do tempoem prazo superior a cinco anos somente atinge as eventuais parcelas atrasadas devidasanteriores ao quinquénio que precede ao ajuizamento da ação, nos termos da Súmula 85,do STJ. Transcrevo abaixo jurisprudência elucidativa da preliminar de mérito:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. PROGRESSÃO FUNCIONAL. NÃO OCORRÊNCIADA PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. INEXISTÊNCIA DE NEGATIVA DODIREITO PELA ADMINISTRAÇÃO. OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO. PRESTAÇÃO DETRATO SUCESSIVO. AGRAVO REGIMENTAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTEDESPROVIDO.1. Na ação em que se verifica que a parte autora não foi beneficiada pelaprogressão funcional prevista em lei e não havendo recusa formal daAdministração, incide a Súmula 85 do STJ, segundo a qual, nas relações jurídicasde trato sucessivo, em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando nãotiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas asprestações vencidas antes do quinquénio anterior à propositura da ação.2. Agravo Regimental do MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE desprovido.(AGARESP 201502000813, NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - PRIMEIRA TURMA,DJE DATA:09/03/2016)

Após a análise das preliminares, passo agora a enfrentar a questãode fundo propriamente dita: o Sindicato Autor pleiteia para os seus associados a reduçãode interstício necessário para progressão na carreira de servidor do INSS de 18 para 12meses. O primeiro prazo mais longo, ainda que previsto na Medida Provisória n°359/2007, convertida na Lei n° 11.501/07, não foi objeto de regulamentação.

Art. 1° A Lei n° 10.355, de 26 de dezembro de 2001, passa a vigorar com asseguintes alterações:

"Art. 2o§ 3o Até 29 de fevereiro de 2008 ou até que seja editado o regulamento a

que se refere o § 2o deste artigo, o que ocorrer primeiro, as progressõesfuncionais e promoções cujas condições tenham sido implementadas serãoconcedidas observando-se, no que couber, as normas aplicáveis aos servidores doplano de classificação de cargos da Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970."(NR)(...)Art. 2o Os arts. 5o, 7o, 8o, 9o, 11, 15 e 16 da Lei no 10.855, de Io de abril de2004, passam a vigorar com as seguintes alterações:

(...)"Art. 7o§ Io Para os fins desta Lei, progressão é a passagem do servidor para o

padrão de vencimento imediatamente superior dentro de uma mesma classe, e

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promoção a passagem do servidor do último padrão de uma classe para o Io(primeiro) padrão da classe imediatamente superior, observando-se os seguintesrequisitos:

I - para fins de progressão funcional:a) cumprimento do interstício de 18 (dezoito) meses de efetivo exercício em

cada padrão: eb) habilitação em avaliação de desempenho individual correspondente a, no

mínimo, 70% (setenta por cento) do limite máximo da pontuação das avaliaçõesrealizadas no interstício considerado para a progressão;

II - para fins de promoção:a) cumprimento do interstício de 18 (dezoito) meses de efetivo exercício no

último padrão de cada classejb) habilitação em avaliação de desempenho individual correspondente a, no

mínimo, 70% (setenta por cento) do limite máximo da pontuação das avaliaçõesrealizadas no interstício considerado para a promoção; e

c) participação em eventos de capacitação com carga horária mínimaestabelecida em regulamento.

5 2o O interstício de 18 ídezoíto) meses de efetivo exercício para aprogressão funcional e para a promoção, conforme estabelecido na alínea a dosincisos I e II do 5 Io deste artigo, será:

I - computado a contar da vigência do regulamento a que se refere o art. 8odesta Lei;

II - computado em dias, descontados os afastamentos que não foremlegalmente considerados de efetivo exercício; e

III - suspenso nos casos em que o servidor se afastar sem remuneração,sendo retomado o cômputo a partir do retorno à atividade.

§ 3o Na contagem do interstício necessário à promoção e à progressão, seráaproveitado o tempo computado da data da última promoção ou progressão até adata ern que a progressão e a promoção tiverem sido regulamentadas, conformedisposto no art. 8o desta Lei." (NR)

"Art. 8o Ato do Poder Executivo regulamentará os critérios de concessão deprogressão funcional e promoção de que trata o art. 7o desta Lei." (NR)

"Art. 9o Até 29 de fevereiro de 2008 ou até que seja editado o regulamentoa que se refere o art. 8o desta Lei, o que ocorrer primeiro, as progressõesfuncionais e promoções cuias condições tenham sido implementadas serãoconcedidas observando-se, no que couber, as normas aplicáveis aos servidores doplano de classificação de cargos de que trata a Lei no 5.645, de 10 de dezembrode 1970." (NR)

O regulamento cuja vigência daria início à contagem do interstício de18 (dezoito) meses ainda não foi editado. Sendo assim, não assiste razão ao INSS, pois olapso temporal a ser aplicado é o de 12 (doze) meses. Ora, conforme a legislação acimatranscrita, sendo inexistente o citado regulamento, deve-se observar as disposiçõesaplicáveis aos servidores do Plano de Classificação de Cargos de que trata a da Lei n°5.645/1970, ou seja, aplica-se o prazo de 12 meses, segundo o Decreto n° 84.669/1980,o qual regulamenta a Lei n° 5.645/70:

Decreto n° 84.669/80Do interstício

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Art. 6° - O interstício para a progressão horizontal será de 12 (doze) meses,para os avaliados com o Conceito l, e de 18 (dezoito) meses, para os avaliadoscom o Conceito 2.

Art. 7° - Para efeito de progressão vertical, o interstício será de 12 (doze)meses.

Atente-se que, ao estabelecer que ato do Poder Executivoregulamentará os critérios de concessão de progressão funcional e promoção de que tratao art. 7°, pretendeu o legislador limitar a imediata aplicação da Lei n° 10.855/2004 quantoa este ponto, porquanto utilizou tempo verbal futuro para estipular que o regramento alicontido deveria ser regulamentado. Neste cenário, mostra-se plenamente cabível aaplicação de regra subsidiária, esta prevista pela própria legislação, conforme jáesclarecido (Lei n° 5.645/70 e Decreto n° 84.669/1980).

Cumpre esclarecer que, embora não se possa conferir eficácia plenaà referida Lei n° 11.501/07, a progressão funcional e a promoção permanecemresguardadas, pois não foram extirpadas do ordenamento jurídico, tendo havido apenasautorização para alteração de suas condições. Ademais, não seria razoável considerar que,diante da ausência do regulamento, não se procedesse a nenhuma progressão/promoção.

Destaco que a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudênciados Juizados Especiais Federais apreciou a mesma questão contida nos autos, tendodecidido em sentido favorável ao Autor:

ADMINISTRATIVO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTEAUTORA. SERVIDOR PÚBLICO. PROGRESSÃO FUNCIONAL E PROMOÇÃO.INTERSTÍCIO DE DEZOITO MESES. NECESSIDADE REGULAMENTADORA.INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO.1. Prolatado acórdão pela Turma Recursal do Rio Grande do Sul, o qual manteve asentença que julgou improcedente o pedido de reenquadramento na carreira deTécnico do Seguro Social a cada interstício de 12 meses até que seja editado oregulamento previsto na Lei n° 11.501/2007, que alterou esse período para 18meses.2. Interposto incidente de uniformização pela parte autora, com fundamento noart. 14, § 2°, da Lei n° 10.259/2001. Alega que, por força da edição doMemorando-Circular n° 01 INSS/DRH, de 12-01-2010, o INSS reconheceu anecessidade de processar as progressões funcionais de seus servidores -- jáenquadrados na nova Carreira do Seguro Social instituída pela Lei n° 10.855, de1°-04-2004 -, mediante a adoção das normas aplicáveis aos servidores do antigoPlano de Classificação de Cargos - PCC regido pela Lei n° 5.645, de 10-12-1970,até que fosse editado regulamento específico para as progressões da Carreira doSeguro Social. Para comprovar a divergência, acostou como paradigma julgado daTurma Recursal do Ceará.3. Incidente admitido na origem. Assim, os autos foram encaminhados à TNU edistribuídos a este Relator.

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4. Nos termos do art. 14, § 2°, da Lei n° 10.259/01, o pedido de uniformizaçãonacional de jurisprudência é cabível quando houver divergência entre decisõessobre questões de direito material proferidas por turmas recursais de diferentesregiões ou em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante da TurmaNacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça.5. Comprovado o dissídio jurisprudência!, conheço do incidente e passo ao examedo mérito.6. Esta Turma Nacional de Uniformização tem entendimento consolidado acerca damatéria. Segundo esta Corte, o lapso temporal a ser aplicado para a progressãofuncional e promoção é o de 12 meses (segundo o Decreto n° 84.669/1980 queregulamenta a Lei n° 5.645/1970). uma vez que o regulamento cuja vigência dariainício à contagem do interstício de 18 meses ainda não foi editado. Abaixo, oseguinte PEDILEF: "ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PROGRESSÃOFUNCIONAL. PROMOÇÃO. CRITÉRIOS. SUCESSÃO DE LEIS E DECRETOS.PRINCÍPIO DA PROTEÇAO DA CONFIANÇA. NECESSIDADE REGULAMENTADORA.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. l.Cuida-se de pedidode uniformização interposto pelo INSS em face de acórdão da 5a Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais de Sergipe que, reformando parcialmente asentença monocrática, julgou procedente o pedido da parte autora condenando oINSS a revisar as suas progressões funcionais respeitando o interstício de 12(doze) meses, em conformidade com as disposições dos arts. 6°, 10, § 1°, e 19,do Decreto n° 84.669/1980, observando o referido regramento até quesobrevenha a edição do decreto regulamentar previsto no art. 8° da Lei n°10.855/2004. (...) 4.4 Pois bem. O regulamento cuja vigência daria início àcontagem do interstício de 18 (dezoito) meses ainda não foi editado. Sendo assim,não assiste razão à recorrente, pois o lapso temporal a ser aplicado é o de 12(doze) meses. Ora, conforme a legislação acima transcrita, inexistente o citadoregulamento, devem-se observar as disposições aplicáveis aos servidores do Planode Classificação de Cargos de que trata a da Lei n° 5.645/1970, ou seja, aplica-seo prazo de 12 meses, segundo o Decreto n° 84.669/1980, o qual, conforme jáexplicado, regulamenta a Lei n° 5.645/70. 4.5 Atente-se que, ao estabelecer que"ato do Poder Executivo regulamentará os critérios deconcessão de progressãofuncional e promoção de que trata o art. 7°", pretendeu o legislador limitar aimediata aplicação da Lei n° 10.855/2004 quanto a este ponto, porquanto utilizoutempo verbal futuro para estipular que o regramento ali contido deveria serregulamentado. 4.6 Cumpre esclarecer que, embora não se possa conferir eficáciaplena à referida Lei, a progressão funcional e a promoção permanecemresguardadas, pois não foram extirpadas do ordenamento jurídico, tendo havidoapenas autorização para alteração de suas condições. Ademais, não seria razoávelconsiderar que, diante da ausência do regulamento, não se procedesse a nenhumaprogressão/promoção. Portanto, negar tal direito à parte demandante seria omesmo que corroborar a falha administrativa mediante a omissão judicial. Cumpreobservar também que, se a omissão beneficia o órgão incumbido de regulamentaro tema, é imperioso reconhecer que o mesmo postergaria tal encargo "adaeternum". 4.7 Neste cenário, mostra-se plenamente cabível a aplicação de regrasubsidiária, esta prevista pela própria legislação, conforme já esclarecido (Lei n°5.645/70 e Decreto n° 84.669/1980). (...) 5. Em verdade, ao fixar que o interstíciodeve ser contado a partir de janeiro e julho, com efeitos financeiros a partir desetembro e março, o Decreto ultrapassou os limites de sua função regulamentar,pois apontou parâmetros que só deveriam ser estabelecidos pela lei em sentidoformal. Tal encargo não foi delegado pelas Leis nos 10.355/2001, 11.501/2007 ou

K)

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10.355/2007, o que implica na violação do princípio da isonomia, ao fixar uma dataúnica para os efeitos financeiros da progressão, desconsiderando a situaçãoparticular de cada servidor, restringindo-lhe indevidamente o seu direito. 6. Ora, seo servidor preencheu os requisitos em determinada data, por qual razão aAdministração determinaria que os efeitos financeiros respectivos tivessem início apartir de data posterior, se o direito à progressão/promoção surgiu à época doimplemento das condições exigidas em Lei?7.Neste momento, é importanteregistrar que o Decreto, na qualidade de ato administrativo, é sempre inferior à Leie à Constituição, não podendo, por tal motivo, afrontá-las ou inovar-lhes oconteúdo. Sendo assim, o marco inicial da progressão, tal como fixado pelo INSS,transgride o art. 5°, XXXVI, da Constituição Federal, porquanto ofende o direitoadquirido da parte autora, verificado no momento em que preencheu todos osrequisitos legais para a progressão. 8. Impende observar ainda que, quanto àavaliação do servidor, a aferição do seu desempenho é meramente declaratória,razão pela qual os efeitos financeiros da progressão funcional e da promoçãodevem recair na data em que for integralizado o tempo, devendo este ser contadoa partir do momento em que entrou em exercício. 9. Por essas razões, conheço enego provimento ao Incidente de Uniformização. (PEDILEF n° 0507237-09.2013.4.05.8500. Relator: Juiz Federal Bruno Câmara Carrá. DJ: 15/04/2015)7. Vê-se, assim, que o acórdão recorrido encontra-se dissonante do entendimentoda TNU, razão pela qual deve ser reformado.8. Incidente conhecido e provido para reafirmar a tese no sentido de que ointerstício a ser observado para concessão das progressões funcionais e/oupromoções dos servidores civis da União e das autarquias federais deve levar emconta o disposto na Lei n° 5,645/70 e no Decreto n° 84.669/80, até que sejaeditado o regulamento a que se refere o art. 8° da Lei n° 10.855/2004, bem comoque o marco inicial para contagem dos interstícios das referidas progressões epromoções funcionais é a data do seu ingresso no órgão.9. Considerando que a matéria é exclusivamente de direito e visando a darefetividade ao princípio da celeridade, que rege os Juizados Especiais, acolho opedido formulado na inicial para condenar a parte ré a conceder as progressõesfuncionais da parte autora de acordo com os critérios mencionados, desde a dataem que entrou em exercício no INSS, pagando as diferenças atrasadas decorrentesda revisão de suas progressões funcionais concedidas desde então. Respeitada aprescrição quinquenal (art. 103, parágrafo único, Lei 8.213/91), tais valores devemser corrigidos pelo INPC, de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentospara os Cálculos na Justiça Federal, e acrescidos de juros de mora, nos termos doart. 1°-F da Lei n. 9.494/1997, com redaçio dada pela Lei n. 11.960/2009.Determino o retorno dos autos diretamente ao Juizado de origem para liquidação.(PEDILEF 50583815020134047100, JUIZ FEDERAL DOUGLAS CAMARINHAGONZALES, TNU, DOU 05/02/2016 PÁGINAS 221/329.)

DISPOSITIVOPosto isso, os fundamentos apresentados, rejeito as preliminares de

ilegitimidade ativa, de necessidade de ata de autorização da assembleia como documentoindispensável à propositura da ação e de prescrição do fundo de direito. Por outro lado,acolho a preliminar de limitação dos efeitos dessa sentença à competência territorial doJuízo da Sexta Vara da Seção Judiciária da Bahia e reconheço a incidência da prescriçãoquinquenal. E, no mérito propriamente dito, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado

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na inicial, condenando à parte ré a conceder, até que seja editado o regulamento previstono art. 9°, da Lei n° 10.855/2004, as progressões funcionais aos substituídos da parteautora que preencherem os respectivos critérios, a cada interstício de 12 meses de efetivoexercício, a contar desde a data da vigência da Lei n° 11.501/07 (ou a contar do primeiroano após o ingresso dos servidores nos seus quadros, se posterior a 11/07/07), desde queatendidos todos os demais requisitos exigidos na lei. A repercussão da progressãofuncional nas parcelas da remuneração dos substituídos deve ser respeitada, de acordocom os critérios da Carreira do Seguro Social e as vantagens auferidas por cada servidor,o que evidencia a necessidade de execução individualizada do presente título judicial.

Condeno, ainda o INSS no pagamento das diferenças atrasadasdecorrentes da revisão de suas progressões funcionais, respeitada a prescrição quinquenal(art. 103, parágrafo único, Lei 8.213/91), tais valores devem ser corrigidos pelo INPC, deacordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal,e acrescidos de juros de mora, nos termos do art. 1°-F da Lei n. 9.494/1997, com redaçãodada pela Lei n. 11.960/2009. Em consequência, JULGO EXTINTO O PROCESSO comresolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC.

Tendo em vista a natureza coletiva da ação que deverá suscitarmontante de condenação em honorários demasiadamente elevada contra pessoa jurídicade direito público, afigura-se possível situar a hipótese, como causa de valor inestimável,em interpretação conforme a constituição dos princípios a serem considerados nadisciplina de verbas públicas , bem assim por ser ilíquida a sentença, com fundamento naregra prevista nos parágrafos §2° e §8° do art.85, condeno a Autarquia Federal Ré nopagamento de honorários advocatícios, que fixo, através de um juízo de apreciaçãoequitativa, no montante de R$5.000,00 ( cinco mil reais), devidamente atualizado, peloManual de Cálculos da Justiça Federal, até o seu efetivo pagamento. Sem condenação emcustas, considerando a isenção legal.

Sentença que se submeteTribunal Regional Federal da 1a Região.

30 reexame necessário pelo Egrégio

Publique\se. Registre\5e. Intinfie-se.

Salvador,

ROSANA NOYAALVES WEIBEL KAUFMANNJuíza Federal da Sexta Vara

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