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2 | O REFÚGIO Marcelo Augusto de Carvalho é pastor e secretário da Associação Paulista do Vale, em São José dos Campos, SP. Foi professor de Bíblia por nove anos em vários colégios adventistas na capital paulista. Já ordenado, foi distrital em Registro e na Fadminas, em Lavras, MG. A seguir, foi departamental de Jovens e Família na Associação Mineira Leste, em Governador Valadares, MG, e por seis anos coordenador da Pastoral Estudantil da Associação Paulista do Vale. É casado com a professora Ingrid, e o casal tem dois filhos, Erick, de 21 anos e Willian, de 19 anos.

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Marcelo Augusto de Carvalho é pastor e secretário da Associação Paulista do Vale, em São José dos Campos, SP. Foi professor de Bíblia por nove anos em vários colégios adventistas na capital paulista. Já ordenado, foi distrital em Registro e na Fadminas, em Lavras,

MG. A seguir, foi departamental de Jovens e Família na Associação Mineira Leste, em Governador Valadares, MG, e por seis anos coordenador da Pastoral Estudantil da Associação Paulista do Vale. É casado com a professora Ingrid, e o casal tem dois fi lhos, Erick, de 21 anos e Willian, de 19 anos.

AUTOR

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FICHA TÉCNICA

Coordenação Geral: Alacy Mendes Barbosa

Autoria: Marcelo Augusto de Carvalho

Design e diagramação: Antonio Abreu

Foto: Gustavo Leighton

Ilustração: Gavris Sergey/Shutterstock

Acesse os materiais de apoio em: www.adventistas.org/pt/familia

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TEMAS

1| A família de jacó – Sempre a menininha do papai .................................................... 4

2| A família de Moisés – A outra mãe ............................................................................ 8

3|A família da viúva de sarepta – A única coisa que o dinheiro não compra ................ 12

4| Os filhos de Jacó – A única atitude que traz a verdadeira paz .................................. 17

5| A família de Jesus – O estranho que se tornou meu pai ............................................ 21

6| A família de Abraão – A escolha que define seu futuro ............................................ 26

7| A família de sara – Casamento, para o melhor ou para o pior .................................. 31

8| A família do pródigo .................................................................................................. 35

INTRODUÇÃO

Aonde você vai quando a coisa aperta? A quem você procura quando em aflição? Podemos usar qualquer método para solucionar nossos problemas? Posso confiar na encantada e refinada sabedoria humana quando o mal me assalta? A Bíblia aponta nosso norte e não deixa dúvidas: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, po-rém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus” (Sl 20:7). “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46:1).

Geralmente buscamos refúgio quando há uma crise. Por isso, a cada dia da semana, analisaremos uma crise e apontaremos qual é o refúgio seguro. Cada um dos oito temas aparece na seguinte sequência:

1. Leitura bíblica

2. Contexto bíblico

2. A crise

3. O refúgio

4. História ilustrativa

5. Conclusão

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1. A FAMÍLIA DE JACÓ – SEMPRE A MENININHA DO PAPAI

1. LEITURA BÍBLICA – GÊNESIS 34:1-5

2. CONTEXTO BÍBLICO

Por vezes, nossos jovens filhos tomam decisões erradas ou equivocadas. Andam por caminhos opostos às orientações que os pais deram. As amizades escolhidas os condu-zem a lugares aonde nunca iriam se estivessem sozinhos, ou com boas companhias. A curiosidade e o desejo de experimentar o que os amigos fazem trazem consequências, por vezes, irreversíveis, como foi o caso de Diná, filha de Jacó.

Voltando um pouquinho na história... ao enganar o pai e o irmão, Jacó foge para a casa do seu tio Labão. Lá, ele conhece Raquel e por ela trabalha sete anos. Como o tio e a outra filha o enganaram ele leva duas esposas de uma vez, porém teve que trabalhar mais sete anos por Raquel. Em seguida, a fim de sustentar sua família, trabalhou para o tio mais seis anos.

Nesse período de 13 anos sua família cresceu; nasceram 11 filhos e uma filha, Diná, que provavelmente tinha a mesma idade de José. Porém, um dia ele decide se separar do tio e sogro, e de seus cunhados, e voltar para sua terra.

Ao chegar a Canaã, Jacó dá aos filhos uma clara advertência: “Nós moramos aqui na fazenda. Eu não quero que vocês vão à cidade, nem que tenham contato com as moças daqui, e nem se envolvam com os rapazes desse lugar, pois são idólatras e promíscuos!” Mas, foi a mesma coisa que dizer: “Vá”.

Possivelmente, em um dia em que o pai e os irmãos levaram o gado para pastar longe de casa, Diná aproveitou a oportunidade e foi à cidade. Andou, conheceu, e descobriu os costumes pagãos das moças de sua idade que viviam a modernidade da época. Nes-se meio tempo, quem apareceu? O príncipe, filho do rei, dono do lugar. Como Diná era diferente e nova no lugar, ela o atraiu feito abelha ao mel. Ele chegou, falou ao seu co-ração, encantou-a e os dois passaram a noite juntos!

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A Bíblia diz que quando Jacó soube do que ocorrera, ele ficou calado. O rei veio a Jacó pedir a mão de Diná para seu filho. Para convencê-lo propôs uma parceria: “Casemos nossos filhos com as vossas filhas e vice-versa. Assim, tudo o que é nosso será vosso, e o que é vosso será nosso também, pois seremos todos parentes. Só nos dê para isto a mão de Diná”.

Mas os irmãos dela, pensando o mal, exigiram que todos os homens da cidade se cir-cuncidassem. O rei e o príncipe, inocentemente, concordaram. Ao terceiro dia, quando os homens passavam pela mais aguda dor, Simeão e Levi entraram na cidade, mataram todos os homens, inclusive o cunhado e seu pai, o rei, e saquearam tudo o que havia ali.

Diná foi levada de volta para casa, e nunca mais se ouviu falar dela na Bíblia. Ela se tor-nou uma vergonha tão grande para a família que nada é mencionado sobre filhos ou descendentes (talvez nunca mais se casou).

Resumindo: por escolhas erradas e uma aventura sexual, essa moça sofreu consequên-cias muito duras, que sinceramente, ninguém desejaria para pessoa alguma nesse mundo.

3. A CRISE

Sexo antes do casamento

A sexualidade dos filhos sempre causa preocupação. Por vezes, fonte de eterna discór-dia entre pais e filhos.

Já começa pela gravidez. Por exemplo, quando os pais descobrem que estão grávidos as expectativas, geralmente relacionadas ao sexo, é grande: será menina ou menino? E, no caso de gêmeos, às vezes preferem que seja um casal, porque a família ficará completa: um menino e uma menina. Essa diferença sexual é emocionante para os pais, pois cada filho é único e, sendo de sexo diferente, fica ainda mais fascinante.

Durante a infância os pais compram brinquedos de ação para os meninos e, para as meninas, brinquedos de cuidado e amor familiar.

Conforme as crianças vão crescendo o pai direciona essa sexualidade mostrando a di-reção certa: “Filho, a mamãe é minha, um dia você vai crescer, vai escolher uma esposa para você e vai casar com ela, assim como o papai fez. Aí você viverá a sua sexualidade plena. E com a filha, também a direciona e a orienta.

Na segunda infância as crianças projetam a sexualidade em pessoas fora da família, mas, de forma idealizada. Por exemplo, o menino se apaixona pela professora ou por uma tia querida; a menina se apaixona por um amiguinho da escola ou por alguém famoso da mídia.

Chega a adolescência e, com ela, grandes mudanças e, por vezes, grandes embates. Uma torrente de hormônios parece explodir pelo corpo. A questão sexual aflora forte-

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mente. O adolescente, agora muito mais autônomo, quer viver seus sonhos e desejos, mas, ao mesmo tempo sabe das responsabilidades e consequências que seus atos po-dem acarretar.

Muitos jovens não suportam as pressões: do corpo, da mente, da mídia que impõe um comportamento livre, dos amigos que exigem um descolamento dos conselhos dos pais.

E os pais? Entram em crise! Já não sabem como lidar nessa fase difícil: exigem o auto-controle do desejo dos filhos, impõem regras severas com o objetivo de protegê-los, pedem auxílio para a escola e pedem auxílio para a igreja por meio de palestras e ser-mões para os filhos. Mas, para alguns pais ou, para a maioria, parece que nada dá certo.

Estudos apontam que, na maioria dos casos, a primeira relação sexual de um garoto acontece por volta dos 13 anos e da menina, por volta dos 15 anos. Segundo as estatís-ticas, 50% dos jovens cristãos no Brasil afirmam ter uma vida sexual ativa, isto é, fazem sexo pelo menos uma vez por semana com a namorada, uma colega de trabalho ou com alguém conhecido. Esse é um problema bastante complexo.

Com certeza, estamos diante de uma crise. Qual seria o refúgio para o jovem e para a fa-mília? Onde encontrar um lugar no qual recobrar as forças para enfrentar a tormenta? Como desenvolver ferramentas adequadas para tamanho desafio?

4. O REFÚGIO

Para os pais: Refúgio em Deus, Salmo 34:4-6, e em orientações confiáveis.

Para os filhos: Refúgio na família, lugar de amor incondicional.

Nessa fase é preciso tomar alguns cuidados preventivos:

1. Toda energia precisa ser canalizada, jamais negada – Não adianta fazer de conta que a sexualidade não existe. Não adianta fugir do assunto, ou pedir para a criança/adolescente ficar calado. Temos que enfrentar o mundo real – Deus criou a sexualida-de. Devemos reconhecer e saber como ela age em nós e como age em nossos filhos, dando assim um bom direcionamento. É muito importante que os pais deem suporte emocional e físico aos seus filhos:

EMOCIONAL – por meio da presença diária dos pais e elogios sinceros e constantes.

FÍSICO – por meio das atividades lúdicas e esportivas, incentivo à música, brincar junto com os filhos.

2. Atentem às necessidades de cada fase – Há pais de uma fase só; precisam perceber e aceitar que os filhos estão crescendo.

3. Tenham um casamento feliz – É o melhor presente que os pais podem dar para seus filhos.

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4. Conversem – Até os 11 anos, os pais falam e dão as regras. Dos 11 anos em diante os filhos falam, vocês os escutam e os direcionam. Por isso, é importante sempre deixar aberta a porta de acesso e de comunicação.

5. Amem seus filhos – Ame-os incondicionalmente, mesmo que ele tenha ido longe demais. Acolha sempre.

6. Entreguem a Deus seus temores – Lancem sobre Deus todas as suas preocupações, cada uma delas, em oração. Confiem que Ele é o refúgio mais seguro.

5. HISTÓRIA ILUSTRATIVA

Sempre a menininha do papai

“Você conta para o papai, em vez de eu contar?” Essa era a pior parte. Com 17 anos, dizer à minha mãe que estava grávida já era difícil, mas dizer a meu pai era impossível.

Papai sempre fora uma fonte constante de coragem em minha vida. Sempre me olhara com orgulho e eu sempre tentei levar a vida de modo a deixá-lo orgulhoso. Até isso acontecer. Agora estava tudo perdido. Eu não ia mais ser a garotinha do papai. Ele nun-ca mais me olharia da mesma maneira. Dei um suspiro derrotada e me inclinei em direção à mamãe, para ela me consolar.

“Vou ter de deixar você em algum lugar na hora de contar a seu pai. Sabe por quê?” “Sei, mamãe. Porque ele não vai conseguir olhar para mim.”

Fui passar a noite com o pastor de nossa igreja, irmão Lu, a única pessoa com quem me sentia bem naquela época. Ele me deu conselhos e me confortou enquanto mamãe foi para casa e telefonou para meu pai no trabalho, para lhe dar a notícia.

Era tudo tão irreal. Naquela época, estar com alguém que não me julgasse era uma coisa boa. Oramos, conversamos e comecei a aceitar e a entender o caminho à minha frente.

Então, vi os faróis do carro refletidos na janela. Mamãe viera me buscar para voltar para casa e eu sabia que papai deveria estar junto. Eu tinha tanto medo. Corri da sala para o banheiro, trancando a porta. O irmão Lu me seguiu e me repreendeu.

- Menina, você não pode fazer isso. Terá de enfrentá-lo mais cedo ou mais tarde. Ele não vai voltar para casa sem você. Venha cá.

- Tudo bem, mas o senhor fica comigo. Estou com medo.

- Claro, menina, claro.

Abri a porta e, devagar, segui o irmão Lu até a sala. Papai e mamãe ainda não tinham entrado. Imaginei que estivessem no carro, mamãe preparando papai para o que fosse fazer ou falar quando me visse. Minha mãe sabia o quanto eu estava apavorada. Mas eu não estava com medo de que meu pai fosse gritar ou ficar zangado. Não estava com

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medo dele. Era a tristeza de seus olhos que me amedrontava. Tristeza por saber que eu estava com problemas e sofrendo e que não recorrera a ele para me ajudar e apoiar. A compreensão de que eu não era mais a sua menininha.

Ouvi passos na calçada e a batida suave na porta de madeira. Meu lábio começou a tremer e me debulhei de novo em lágrimas, me escondendo atrás do pastor. Mamãe entrou primeiro e o abraçou, então me olhou com um sorriso sem graça. Seus olhos estavam inchados de chorar, e eu fiquei agradecida por ela não ter chorado na minha frente. Então vi meu pai. Ele sequer estendeu a mão para o irmão Luther, apenas cum-primentou-o com a cabeça ao entrar. Veio em minha direção e me envolveu em seus braços fortes, me segurando bem perto dele enquanto murmurava: “Amo você. Amo você e vou amar seu bebê também.”

Ele não chorou. Não o meu pai. Mas senti seu corpo tremendo. Sabia que ele fizera todo o esforço possível para não chorar e eu estava orgulhosa dele por isso. E agradecida. Quando se afastou e me olhou, havia amor e orgulho em seus olhos. Mesmo naquele momento difícil:

- Desculpe, papai. Gosto tanto de você.

- Eu sei. Vamos para casa.

Todo o meu medo tinha ido embora. Ainda haveria dor e provações que eu sequer po-dia imaginar. Mas eu tinha uma família forte e amorosa, com a qual sempre poderia contar. Principalmente, eu ainda era a menininha do papai e, sabendo disso, não ha-veria montanha que não pudesse escalar ou tempestade que não pudesse aguentar. Obrigada, papai.”

Michele Campbell

6. CONCLUSÃO

Os filhos são o bem mais precioso dado por Deus aos pais. Por isso, é importante en-tregar a Deus, em oração, as preocupações e medos, especialmente a questão da se-xualidade na vida dos filhos. Converse com Deus, liste cada uma das preocupações e cite o nome do seu filho, confie que Deus é o refúgio, Ele trará alívio para a sua alma e acalmará seu coração.

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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2. A FAMÍLIA DE MOISÉS – A OUTRA MÃE

1. LEITURA BÍBLICA – ÊXODO 2:1-10

2. CONTEXTO BÍBLICO

Sempre que oramos pelos filhos é necessário fazê-lo como se estivesse intercedendo pela vida deles, pois é exatamente isso o que está acontecendo no mundo invisível, uma guerra, entre Deus e o inimigo, pela vida dos nossos filhos. Deus tem um plano perfeito para a vida deles, porém, Satanás tem um plano de destruição. Por isso, é im-portante contar, além da família, com pessoas especiais que poderão ajudar-nos nessa jornada. Podemos encontrar muitas histórias bíblicas que reforçam isso. Por exemplo, podemos ver detalhes sobre a ajuda que Joquebede recebeu para salvar a vida do seu filho Moisés.

Voltando um pouquinho na história. Israel cometeu um erro: o povo foi para o Egito no tempo de José fugindo da fome e ficaram por lá. A terra que Deus lhes prometera era Canaã. Mas o conforto e a comodidade do Egito os seduziu. Assim, aprenderam uma amarga lição: quando você insiste em ficar num lugar onde Deus não pediu para você estar, o resultado será algum tipo de escravidão. Passaram séculos construindo pirâmides e templos para os faraós, até que não aguentaram mais, e pediram a Deus um libertador.

Satanás instigou o coração do novo Faraó a ordenar que todo egípcio tinha o dever pa-triótico de jogar os bebês hebreus meninos no Nilo, para que morressem afogados ou comidos pelos crocodilos. Seus deuses, tanto o rio quanto o poderoso réptil, seriam satisfeitos e os hebreus continuariam a servi-los.

Joquebede deu à luz um menino. Ao vê-lo, achou-o lindo. Ora que mãe não acha isso? Eu conheço um monte que não acha. Veem o filho como uma maldição. “Eu engravidei de você para que seu pai ficasse comigo, mas ele foi embora. Você além de não segurá--lo para mim, agora me atormenta, pois tenho que sustentá-lo!” “Eu imaginei que você fosse ser inteligente e esperto, mas é um fraco. Não consigo me orgulhar de você. Que peso você é para mim!” E tantas outras coisas que são ditas, ou não ditas, mas sentidas pelos filhos.

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Joquebede o amou e o guardou. Mas não dava para fazer isso a vida toda. Ela precisava de alguém que cuidasse dele dali em diante. Ela procurou e achou. Ao colocar Moisés no cesto de juncos à beira do rio, ela tinha fé que algum egípcio o encontraria, e da mesma forma como ela se encantou com ele, talvez alguém também se encantasse.

A princesa era estéril e ao encontrar o menino, entendeu que ele era hebreu, mas que lhe fora dado por seu deus Nilo. Deixou o garoto com a mãe biológica, mas em sua juventude o recebeu e o preparou para ser o governante da maior nação de seu tempo.

3. A CRISE

Para Joquebede e família: o infanticídio.

Para as famílias de hoje: uma sociedade assassina.

Desde a entrada do pecado no jardim do Éden, a sociedade sempre apresentou gran-des e graves problemas. Porém, hoje em dia, os problemas estão escancarados, a olhos vistos e à luz do dia. Com o passar do tempo, parece que eles se multiplicam em uma velocidade espantosa:

- Insegurança, crime, violência, mentira.

- Guerras, conflitos, terrorismo, sequestro.

- Corrupção, desigualdade social.

- Drogas, alcoolismo, sexo irresponsável.

- Pedófilos da internet, abuso sexual, agressão física e psicológica.

- Crise ambiental.

- Padrões de moda que assassinam a autoestima de qualquer adulto, imagine a de uma criança.

- Padrões de moralidade, que anulam qualquer sentido natural das coisas, e tornam comportamentos absurdos em coisa mais normal para as nossas crianças.

- Ideologias de anarquia e contravenção.

- Modelos pérfidos que todos os dias se apresentam na mídia.

Diante deste quadro, os pais perdem a paz e se tornam cada vez mais ansiosos, insegu-ros e muitas vezes, adoecem.

O que fazer? Como educar os filhos em uma sociedade em falência? Onde encontrar um refúgio para tamanha onda de degradação humana?

4. O REFÚGIO

Refúgio em Deus: Salmo 91:9-11.

Refúgio em pessoas especiais, enviadas por Deus.

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Buscar refúgio em Deus é a melhor solução. E uma das ferramentas para isso é o culto: pessoal, do casal e com os filhos. É nessa hora que os céus e a terra se conectam. É nessa hora que a família se fortalece para a batalha do dia a dia e para as tormentas que ainda estão por vir. É nessa hora que os laços familiares são estreitados. É nessa hora que se ganha a confiança e se abre um canal de comunicação com a esposa e filhos. É nessa hora que o alicerce da casa está sendo construído sobre a rocha.

Após buscar orientação divina, é necessário orar por pessoas especiais que serão colo-cadas na vida dos filhos. Procurar ajuda de outros na sociedade e confiar os filhos a al-guém, não é tarefa fácil para os pais. Mas, um pai e uma mãe sozinhos, não conseguirão educar seus filhos nessa sociedade tão líquida e tão porosa.

E quem pode ajudar nessa tarefa?

- Os professores – Os que mais passam tempo com nossos filhos.

- Os pastores – Os que aconselham baseados na Palavra de Deus.

- Os avós – Referências de valores de outras épocas.

- Os chefes do trabalho – Agentes de transformação na vida adulta.

- Os amigos – Os confiáveis e tementes a Deus.

É importante ter algumas atitudes que podem ajudar na aproximação das pessoas que poderão fazer uma boa parceria na educação e cuidado dos filhos:

- Não fale mal da professora do seu filho. O apoio as suas iniciativas trarão lucro certo à família, pela equilibrada e conexa parceria lar-escola.

- Não desautorize o pastor do seu filho. Que amor ele terá pelas realidades eclesiásticas se você destrói quem as representa?

- Não despreze os avós de seu filho. Como ele aprenderá valores preciosos de outras gerações se não conviver com quem veio antes dele?

Lembre-se que na história de Moisés houve uma parceria e boas atitudes, especialmen-te por parte de Joquebede. Moisés só foi o homem para o seu tempo porque passou pela conjunção de duas mulheres: a mãe biológica e a mãe adotiva. Uma deu-lhe a proteção divina e a missão do Céu. A outra lhe deu proteção humana e a visão clara do mundo de seu tempo.

5. HISTÓRIA ILUSTRATIVA

O dia em que chorei

Eu não chorei quando o médico disse para mim e para o meu marido que Kristi, nossa filha de dois anos, tinha – como suspeitávamos – uma deficiência mental.

“Vamos, chore”, aconselhou gentilmente o médico. “Chorar ajuda a prevenir dificulda-des emocionais sérias”.

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Apesar da imensa dor que eu sentia, não consegui chorar naquele momento, nem du-rante os muitos meses que se seguiam. Quando Kristi já tinha idade para ir à escola, nós a matriculamos no jardim de infância do colégio do nosso bairro. Ela estava com sete anos.

Eu achei que fosse chorar no dia em que a deixei naquela sala cheia de crianças de cinco anos. Fiquei na escola, vendo Kristi passar horas e horas brincando sozinha, uma crian-ça “diferente” no meio de outras 20. Senti um aperto enorme no coração, mas nenhuma lágrima saiu de meus olhos.

Com o passar do tempo, coisas positivas começaram a acontecer com Kristi e seus co-legas de classe. Quando se vangloriavam de suas proezas, os colegas de Kristi sempre tinham o cuidado de elogiá-la: “Kristi escreveu todas as palavras certas hoje.” Ninguém acrescentava que os exercícios dela eram mais fáceis do que os dos outros. Os avanços de Kristi eram registrados com alegria pela turma.

Foi no segundo ano de Kristi na escola que ela enfrentou sua experiência mais desa-fiante. O grande evento do final de ano era uma competição, o ponto culminante das atividades de educação física. Kristi estava muito atrás da turma em coordenação mo-tora. Meu marido e eu temíamos aquele dia.

No dia do evento, Kristi fingiu que estava doente. Eu fiquei extremamente dividida, ten-tada por um lado a deixá-la em casa, mas também consciente de que seria importante para ela vencer o medo. Com um nó na garganta, levei uma Kristi pálida e relutante até o ônibus da escola e me preparei para assistir à competição.

Sentada no meio dos outros pais, sentia meu coração bater forte. Quando chegou a vez de Kristi, eu entendi o que a preocupava. Sua classe estava dividida em times de revezamento. Com suas reações desengonçadas, hesitantes e lentas, ela com certeza iria prejudicar o seu time.

No entanto, a apresentação foi correndo bem, até a hora da corrida de sacos. Cada criança tinha que entrar em um saco na linha de partida, pular até a linha de chegada, e fazer o caminho de volta sem sair do saco. Observei minha filhinha em pé, perto do fim da sua fila de companheiros, com uma aparência assustada.

Mas, quando se aproximou o momento de Kristi participar da corrida, ocorreu uma tro-ca de lugares em seu time. O menino mais alto da fila foi para trás de Kristi e segurou-a pela cintura. Dois outros meninos ficaram um pouco à frente dela. Quando chegou a vez de Kristi, aqueles dois meninos pegaram o saco vazio e o abriram. O menino mais alto suspendeu Kristi e a colocou suavemente dentro do saco. Uma menina à frente de nossa filha pegou-a pela mão e a sustentou brevemente, enquanto Kristi recuperava o equilíbrio. E então lá foi ela, pulando, sorridente e orgulhosa.

Em meio às aclamações dos professores, colegas e pais de alunos, eu me afastei len-tamente, agradecendo a Deus por aquelas pessoas calorosas e compreensivas que ti-nham tornado possível para a minha filha deficiente agir como seus semelhantes.

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E então, finalmente, eu chorei.

Meg Hill

6. CONCLUSÃO

Não podemos saber tudo o que se passa na cabeça de nossos filhos, mas Deus sabe. Não podemos estar em todas as partes e lugares, mas Deus pode. Não podemos ver tudo que está acontecendo com nossos filhos, mas Deus pode. Independentemente da idade dos filhos, as preocupações que temos com eles são imensas e, por vezes, nos roubam a paz. Por isso, o primeiro passo é entregar os filhos nas mãos de Deus, isto é um sinal de fé e confiança nEle. Em segundo lugar é confiar que Deus colocará pessoas especiais na vida deles, como uma avó, um avô, uma professora, um diretor, um ancião, um pastor, um chefe, um amigo, enfim, alguém que ajudará a cuidar dos filhos quando não estamos por perto. Oremos, especialmente, por essas pessoas.

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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3. A FAMÍLIA DA VIÚVA DE SAREPTA – A ÚNICA COISA QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA

1. LEITURA BÍBLICA – 1 REIS 17:8-16

2. CONTEXTO BÍBLICO

Nosso grande desafio é aprender a confiar no insondável e imensurável amor de Deus, independentemente das circunstâncias que, muitas vezes, se apresentam diante de nós como impossíveis de solucionar. Como exemplo, temos o caso da viúva de Sarepta, da qual podemos extrair grandes lições.

Uma mulher de Sarepta tinha muitos sonhos para sua vida: casar-se, ter filhos, prospe-rar, e ter um dia uma poderosa descendência. Casou-se e não muito tempo depois teve um filho. A vida ia bem até que seu amado esposo morreu. Além da dor emocional da perda, da separação e da solidão, veio a dor social: uma viúva perdia o homem que a sustentava, defendia e lhe trazia status diante das pessoas. Sem o esposo, como man-teria a si e ao seu filho?

Mas, como desgraça pouca é bobagem, veio uma seca terrível, a tal ponto que todos começaram a passar fome. Semanas, meses, anos naquela necessidade. Quando não havia mais de onde tirar o sustento, numa manhã ela acordou, buscou lenha para fazer fogo, cozinhar a última refeição, comê-la com o filho; depois deitar e esperar pela mor-te, pois nada mais havia para eles.

Nesse momento, quem aparece? Quem vem ao seu encontro? Deus, na pessoa do pro-feta Elias. Ele lhe pede uma refeição e promete: “Se fizer o que eu te peço, você terá o que precisa até o dia que a seca terminar”. Ela resolveu obedecer, e a promessa se cum-priu. Nunca lhe faltou algo para comer. E anos depois, quando seu filho faleceu, Elias ressuscitou o garoto.

Qual era sua crise?

3. A CRISE

Para a viúva de Sarepta: Crise financeira, fome.

Para a família hoje: Crise financeira.

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A viúva de Sarepta confiou totalmente na Palavra de Deus. Correu o risco de morrer de fome, ao usar o que lhe restava de farinha e azeite para alimentar primeiro o profeta de Deus. É esta fé que precisamos ter e compartilhar com os que não conhecem a Deus. Hoje, vivemos em um mundo onde a crise financeira atinge nossas famílias e onde mi-lhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.

No jornal O Estado de São Paulo, edição do dia 4 de outubro 2017, foi publicado o seguin-te: “11 estatísticas que ajudam a explicar a dimensão da miséria no mundo”:

1. Uma em cada dez pessoas, ou 767 milhões no mundo todo, sobrevivem com menos de US$ 1,90 por dia, segundo a mais recente estimativa do Banco Mundial sobre pobre-za e crescimento econômico.

2. A pobreza entre trabalhadores é mais comum entre jovens de 15 a 24 anos. Cerca de 16% de trabalhadores nessa faixa etária vivem abaixo da linha da pobreza, ganhando menos de US$ 1,90 por dia, enquanto 9% dos adultos estão na mesma situação.

3. A região da África Subsaariana concentra mais pessoas em situação de pobreza ex-trema do que todo o resto do mundo. São cerca de 388 milhões, o que corresponde a mais de 40% da população local.

4. A maior parte dos pobres no mundo vivem em áreas rurais (80%), têm menos de 14 anos (44%), não têm educação formal (39%), e trabalham na agricultura (65%), aponta o relatório.

5. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas saíram da pobreza desde 1990, quando uma em cada três pessoas vivia nessa situação.

6. Nas últimas três décadas, a diminuição da pobreza extrema ocorreu de forma mais rápida nas regiões do Sul Asiático, no Leste Asiático e no Pacífico. China, Indonésia e Índia se destacam na diminuição deste problema, segundo o Banco Mundial.

7. Apesar de ter apresentado melhora nos índices, a região do Sul Asiático tem o se-gundo maior número de pessoas na miséria. São 256 milhões de pessoas na pobreza extrema, ou 15% da população local.

8. Em países pobres, uma a cada cinco pessoas recebe algum tipo de assistência ou benefício de proteção social. Já em nações de renda média e alta, duas a cada três rece-bem esse tipo de auxílio, segundo o último relatório da ONU sobre o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

9. No Brasil, a desigualdade social piorou. Segundo o último relatório da ONU sobre o tema, o País caiu 19 posições na classificação que corresponde à diferença de renda entre ricos e pobres, na comparação entre 2014 e 2015. Foi a primeira vez que o indica-dor social do IDH brasileiro piorou desde 1990, quando o levantamento começou a ser publicado anualmente.

10. Entre 2014 e 2015 a proporção de pessoas vivendo na pobreza extrema no Brasil cresceu de 2,8% para 3,4%, e já atinge 6,8 milhões de pessoas, segundo dados da Pes-

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quisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad). O Banco Mundial estima que o nú-mero de miseráveis no país pode aumentar para 4,2% até o fim de 2017, e atingir um total de 8,5 milhões de indivíduos.

11. Até o final de 2017, o Brasil pode ter um aumento de 2,5 milhões a 3,6 milhões de pessoas que passarão a viver abaixo da linha da pobreza, segundo estimativa do Banco Mundial. Na hipótese mais otimista, segundo o estudo, a pobreza moderada atingiria 9,8% da população, ou 19,8 milhões de pessoas. A linha de pobreza moderada utilizada para os cálculos foi estipulada como 140 reais per capita por mês. Para a pobreza extre-ma, a média é de R$ 70 por pessoa em um mês.

A igreja Adventista, através da ASA e ADRA, tem feito esforços para amenizar a fome e a miséria por meio de projetos sociais e humanitários:

ASA: É um ministério de Ação Social Adventista na igreja local que ajudar membros e pessoas da comunidade local. Na igreja local você pode doar roupas, calçados, alimen-tos não perecíveis, móveis e utensílios diversos.

ADRA: É a agência humanitária internacional da igreja Adventista que realiza projetos contínuos de desenvolvimento humano e social, bem como age em resposta às crises e catástrofes ao redor do mundo. Você pode ajudar a ADRA conhecendo os projetos desenvolvidos por ela no site www.adra.org.br. Nele você pode fazer sua doação, ser um voluntário ou orar por esse trabalho tão importante para a igreja, e para as pessoas que são beneficiadas por ele.

Por meio de projetos e ajudas, estas duas entidades levam a mensagem de amor e sal-vação a todos quanto seja possível.

O mundo passa por lutas e dificuldades em muitos âmbitos, porém, quando o olhar se volta para a sua família percebemos que há também muitos problemas a serem re-solvidos, inclusive o financeiro. Neste momento, com certeza, muitas pessoas estão se perguntando: Como manter financeiramente as demandas da minha família? Como pagar uma boa escola para garantir um futuro melhor aos meus filhos? Como comprar as roupas que precisam? Como mantê-los na faculdade se a mensalidade é acima das minhas possibilidades? Como honrar meus compromissos financeiros?

Como resolver essa crise?

4. O REFÚGIOPara o mundo: Mensagem de esperança em Deus.

Para a sua família: Confiança em Deus, sendo fiel a Ele, incluindo os dízimos e ofertas (Pv 3:9-10).

Saiba que sempre há um refúgio. O nosso Deus é apresentado na Bíblia como o cuida-dor de seu povo:

Hagar – Deus cuidou dessa mulher divorciada, perdida no deserto e que esperava pela

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morte. Deus guiou ela e seu filho Ismael até o Egito, de onde ele saiu para ser uma gran-de nação.

Escola dos profetas – Deus cuidou e proveu para cada estudante dessa escola fundada

por Samuel em todas as suas necessidades, até mesmo fazendo o machado daquele

aluno flutuar para que este pudesse continuar sua tarefa.

Israel – Ele proveu pão, água, calor, luz, e cuidou dos pés e das vestes de Seu povo en-quanto atravessavam o deserto por 40 anos.

Viúva de Sarepta – O curioso é que na experiência da viúva de Sarepta houve uma pro-va de fé: servir primeiro ao profeta, para então receber a benção. Primeiro Deus. Depois Ele cuidará de Seu filho necessitado.

Em todos os casos Deus esteve em primeiro lugar na vida dessas pessoas. Deus em pri-meiro lugar significa dar o melhor para Ele: tempo, talento, templo e tesouro. Os dízi-mos e as ofertas são a demonstração de fidelidade e confiança em Deus. Nada nessa vida nos faz lembrar melhor desse princípio do que cada mês devolver ao Senhor o que já é dEle, nosso dízimo, e agradecê-Lo por meio das ofertas. Muita gente pensa: primei-ro eu pago minhas contas, depois eu devolvo o dízimo e, se sobrar, dou ofertas. Quando somos fiéis podemos confiar em Deus para o sustento nesta vida. Quando confiamos em sua Palavra e colocamos Deus em primeiro lugar, Deus é fiel em cumprir suas pro-messas.

5. HISTÓRIA ILUSTRATIVA

Meu pai sempre esteve pronto a ajudar os que tinham fome. Ele era um evangelista que viajou a vários lugares para realizar reuniões de avivamento. As viagens eram caras, e o dinheiro que possuíamos era suficiente apenas para as necessidades básicas.

Um dos problemas era a maneira como as igrejas pagavam os pastores e evangelistas naquela época. Os pastores recebiam salário durante o ano inteiro, mas os evangelistas eram pagos somente quando trabalhavam. Por conseguinte, a renda de meu pai cessa-va abruptamente durante os feriados do Dia de Ação de Graças, do Natal, das férias de verão ou de qualquer período em que ele precisasse descansar.

Talvez tenha sido por isso que o dinheiro era escasso quando ele ficava em casa. Mas isso não impedia meu pai de ser generoso. Eu me lembro de vê-Io partir para falar em uma igreja pequenina e voltar para casa dez dias depois. Minha mãe o recebeu com entusiasmo e perguntou sobre o avivamento. Ele sempre se empolgava ao falar desse assunto. Nessas ocasiões, minha mãe o deixava falar e, depois, perguntava sobre o di-nheiro. As mulheres têm a mania de preocupar-se com essas coisas.

“Quanto eles lhe deram?”, ela perguntou. Tenho gravada na memória a expressão de meu pai, quando ele sorriu e olhou para o chão. “Eu...”, ele gaguejou. Minha mãe afas-tou-se e o encarou. “Ah, já entendi. Você devolveu o dinheiro novamente, não?” “Myrtle, o pastor de lá está atravessando um momento difícil. Seus filhos necessitam de muita

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coisa. Fiquei com o coração partido. Os sapatos das crianças estão furados na sola e, numa dessas manhãs frias, uma delas foi para a escola sem agasalho. Achei que devia deixar com eles os 50 dólares que recebi.

Minha boa mãe olhou atentamente para ele por alguns instantes e sorriu. “Se Deus pediu a você que fizesse isso, tudo bem.” Após alguns dias, o inevitável aconteceu. A fa-mília Dobson ficou completamente sem dinheiro. Não havia reservas para lançarmos mão. Foi então que meu pai nos reuniu no quarto para passarmos alguns momentos em oração. Eu me lembro daquele dia como se fosse ontem. Ele orou em primeiro lugar.

“Oh, Senhor, tu prometeste que, se fôssemos fiéis contigo e com teu povo em tempos de bonança, não te esquecerias de nós em tempos de necessidade. Temos tentado ser ge-nerosos com aquilo que nos deste, e agora estamos implorando tua ajuda.” Um menino muito sensível de dez anos, chamado Jimmy, observou e ouviu atentamente o que se passou naquele dia. “O que vai acontecer?”, ele pensou. “Será que Deus ouviu a oração do papai?”

No dia seguinte, um cheque inesperado de 1.200 dólares chegou pelo correio. Verdade! Foi assim que aconteceu, não apenas uma, mas várias vezes. Eu vi o Senhor devolver a meu pai tudo o que ele deu aos outros. Não, Deus não fez de nós uma família rica, mas minha fé nos tempos da juventude aumentou consideravelmente. Aprendi que não po-demos exceder a Deus em generosidade.

Meu pai continuou a agir da mesma maneira durante a meia-idade e depois dos 60 anos. Eu me preocupava querendo saber como ele e minha mãe sobreviveriam após a aposentadoria, porque o dinheiro era escasso e não podia ser poupado. Se meu pai conseguisse muitos dólares, com certeza os distribuiria aos necessitados. Eu me per-guntava como eles viveriam com a ninharia que era paga aos pastores e evangelistas jubilados. Como viúva, minha mãe recebia apenas 80 dólares e 50 centavos por meu pai ter trabalhado 44 anos na igreja.

Certo dia, meu pai estava deitado na cama, enquanto minha mãe se vestia. Ela olhou para ele, e ele estava chorando. “O que houve?”, ela perguntou. “O Senhor acabou de falar comigo”, ele respondeu. “Você quer me contar o que Ele falou?” “Ele me falou sobre você”.

Minha mãe pediu-lhe que contasse qual foi a mensagem do Senhor. Meu pai disse: “Foi uma experiência estranha. Eu estava deitado aqui pensando em muitas coisas. Não estava orando nem pensando em você quando o Senhor me disse: Eu vou cuidar de Myrtle”.

Nenhum deles entendeu a mensagem, deixando-a guardada na lista das coisas impon-deráveis. Cinco dias depois, meu pai teve um ataque cardíaco de grandes proporções e faleceu após três meses. Aos 66 anos de idade, aquele homem bondoso cujo nome eu levo, descansou em Cristo, a quem ele amou e serviu durante todos aqueles anos.

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Foi emocionante testemunhar a maneira como Deus cumpriu sua promessa de cuidar de minha mãe. Mesmo quando ela estava sofrendo em fase terminal com Parkinson e necessitando de constantes cuidados a um custo astronômico, Deus a sustentou. A pequena herança que meu pai deixou a sua esposa multiplicou-se nos anos após sua partida. Foi suficiente para pagar tudo o que ela necessitou, inclusive os incessantes cuidados de que precisava. Deus também esteve com ela de outra maneira, carregan-do-a e protegendo-a em seus braços até o dia em que a levou consigo. Em suma, meu pai nunca chegou perto de exceder a generosidade de Deus!

James Dobson

6. CONCLUSÃO

O céu é o único lugar seguro para depositar nosso tesouro. Se nosso tesouro estiver lá, com certeza, nós estaremos, juntamente com muitos que ajudamos por meio de nos-sa fidelidade e envolvimento pessoal. Deus quer ocupar o lugar dos anjos caídos, com Seus filhos redimidos por Jesus. Confiemos no Senhor que diz: “Provai-Me nisto, […] se Eu não vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós bênção sem medida” (Ml 3:10).

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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4. OS FILHOS DE JACÓ – A ÚNICA ATITUDE QUE TRAZ A VERDADEIRA PAZ

1. LEITURA BÍBLICA – GÊNESIS 45:1-5

2. CONTEXTO BÍBLICO

Sentimentos de ódio, ciúmes e inveja são sentimentos altamente destrutivos. E, na maioria das vezes, desemboca em sofrimento, culpa e remorso. As maiores brigas fa-miliares e mesmo crimes passionais, são movidos por sentimentos dessa natureza. Ou livramo-nos de tais sentimentos, ou corremos sérios riscos de fazer algo que vai deixar sequelas para sempre.

A Bíblia está cheia de histórias envolvendo esses sentimentos e suas consequências, como podemos ver na história de Jacó e seus filhos.

A história de Jacó é um conto de fadas totalmente às avessas. Por ter enganado o pai e o irmão e ser ameaçado de morte pelo último, teve que fugir para a casa de seus tios para ali se esconder. Chegando lá, se apaixonou por sua prima, por quem trabalhou sete anos como pastor de ovelhas, uma das profissões mais difíceis e perigosas da Palestina.

Jacó pediu em casamento a prima Raquel, que era mais jovem que a irmã Lia. O tio o engana, dando a ele sua outra filha, Lia. Em resumo, trabalhou sete anos por Raquel, mas levou Lia; uma semana depois finalmente se casou com Raquel, mas teve que tra-balhar mais sete anos pela esposa que não queria. E no fim, acabou recebendo tam-bém como concubinas as duas criadas de suas esposas. Em 14 anos lhe nasceram 11 filhos e uma filha.

Imagine a falta de harmonia familiar num lar que convive com quatro mulheres bus-cando a afeição de um único marido, bem como cada filho com suas demandas e exi-gências! Não podia dar outra: muito ódio, brigas, frustrações e remorso.

Os filhos mais velhos de Jacó cresceram maus, vingativos, enganadores e muito deso-bedientes ao pai. Eram-lhe causa constante de aflição e ira.

Mas, nesse contexto ruim nasceu José, uns seis anos mais novo que Rubem, o mais ve-lho. Era o filho da mulher amada de seu pai, Raquel, além de ser tudo aquilo que o pai sonhava e esperava de um filho: amável, gentil, sereno, obediente e muito espiritual.

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Por isso, Jacó cometeu o crime de mostrar preferência por ele, e quanto mais o tempo confirmava essas características e a diferença acentuada dele com seus irmãos, mais o pai demonstrava que lhe daria o direito da primogenitura.

Para piorar a situação, José sonhou e ainda contou o conteúdo do sonho a seus irmãos e pais: um dia todos o serviriam! Os irmãos o odiaram com força total quando o pai lhe comprou uma túnica talar de várias cores, usada somente por nobres, pois era caríssi-ma pela dificuldade de se tingir tecidos naquela época.

Quando José tinha 17 anos, o pai ordenou que ele procurasse saber a razão de seus ir-mãos não terem voltado de sua saída com os rebanhos. Vendo-o de longe, tramaram sua morte. Para não matá-lo, venderam-no como escravo a uma caravana de ismaeli-tas. Apesar de todos os seus rogos e pedidos, ele foi levado ao Egito, e o pai o deu como morto.

Passaram-se 20 anos. José foi escravo por dez anos na casa de Potifar. Por não ter cedido aos apelos da mulher de seu patrão, mas caluniado por ela, passou três anos na prisão como malfeitor. Até que interpretou o sonho do copeiro e do padeiro, e depois inter-pretou o sonho do Faraó do Egito, que o fez governador do país durante sete anos de fartura. José casou-se, teve seus filhos e a vida prosperou muito.

Mas, algo de seu passado precisava ser resolvido. Quantas vezes não fora dormir pen-sando no porque seus irmãos haviam feito aquilo com ele? Quantos sentimentos foram guardados em seu coração diante de tal atrocidade? Era preciso voltar ao fato e resolvê--lo para que pudesse ser usado por Deus em sua plenitude.

Assim, um dia, quando ele menos esperava, quem aparece diante dele pedindo para comprar comida? Seus irmãos. Eles não o reconheceram! Eu lhe pergunto: O que você faria com eles? Seria tão fácil aprisioná-los, açoitá-los, ou simplesmente matá-los, não é mesmo? Mas José os provou para saber se haviam mudado, e quando percebeu o que Deus havia feito em seus corações, ele não se aguenta, chora copiosamente, e se revela a eles. José os perdoa e os convida a vir morar no Egito a seu lado, prometendo cuidar deles enquanto vivessem.

Qual era a crise na família de Jacó?

3. A CRISE

Para os irmãos de José: Remorso.

Para nossa família: Remorso e sofrimento.

Por 20 anos os irmãos de José haviam sofrido cada minuto por terem odiado o irmão, por terem-no vendido, e por terem feito o pai sofrer por tal atitude. Por um bom tempo eles sofreram com o remorso. Remorso é quando temos uma espécie de inquietação, de culpa pela prática de algo que fizemos. Porém, o remorso não nos leva ao arrepen-dimento genuíno. O remorso não vai além da culpa por ter cometido algo reprovável. Ele não produz mudança de vida. Geralmente está mais ligado a um forte sentimento

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de censura, mas não leva a pessoa a mudanças de atitude significativas. Esse foi o caso de Judas, que traiu Jesus por 30 moedas de prata e, com um beijo, O entregou aos sol-dados: (Mt 27:3-5). Isso não foi arrependimento, e sim remorso.

Porém, quando de fato o remorso vira um arrependimento, aí sim, começa a mudança, pois o arrependimento é uma mudança de ideia, de direção, de atitude. O arrependi-mento para ser verdadeiro precisa trazer em si o desejo de mudar de direção. É por isso que a Bíblia ensina que devemos nos arrepender dos pecados e não apenas ter remorso deles. Arrepender-se implica em mudança de direção e profundo pesar pelo pecado co-metido. No caso de Pedro, que diante das pessoas que o questionavam sobre conhecer a Jesus, negou veementemente: “Então, começou ele a praguejar e a jurar: ‘Não conhe-ço esse homem!’ E imediatamente cantou o galo. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: ‘Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes’. E, saindo dali, chorou amargamente.” (Mt. 26:74, 75). O que demonstra que Pedro se arrependeu, e não apenas sentiu remorso.

Por vezes, ferimos e machucamos com palavras e atos, a esposa, o filho, um amigo, um subordinado. O que fazer quando aparece a crise de remorso? É importante lembrar que aqueles que foram feridos sofrem as dores emocionais e físicas, porém, as dores emocionais deixam marcas profundas. A maioria dessas pessoas carregam as marcas para o restante da vida.

4. O REFÚGIO: Perdão

O caminho para resolver a crise é pedir perdão ou perdoar. Muitos precisam perdoar para se libertar do peso que carrega. Mesmo que o outro não lhe peça perdão, PERDOE e se liberte. Perdoar é amar incondicionalmente e oferecer aquilo que o outro não me-rece: é graça, favor, bondade. O perdão é a única maneira de fazermos uma faxina no coração e reconstruirmos aquilo que foi destruído.

Todos nós precisamos perdoar alguém, ou melhor, perdoar “muitas pessoas” em nossa vida.

- Perdoar a mãe – Ela nunca foi tudo o que esperávamos que fosse. Ela fez muito, mas muitas vezes nos decepcionou. Não estava lá quando queríamos, não foi paciente com nossa impaciência, não nos deu o que queríamos ou quando queríamos. Muita gente também diz a ela: “Por que você se casou com ele? Não podia me dar um pai melhor?”.

- Perdoar o pai – Ele nunca foi tudo aquilo que esperávamos que fosse. Ele não tratou nossa mãe como imaginamos que a deveria tratar. Trabalhou muito, nos viu pouco, não

prestou a devida atenção à nossa performance. Ele errou muitas vezes em nos falar certas coisas, também em se omitir em outras. Para outros, ele errou em sua vida pro-fissional, perdeu o emprego, ou aplicou mal o dinheiro da família, trazendo muito so-frimento desnecessário a todos

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- Perdoar os irmãos – Roubaram nossa mãe, nosso pai, e toda a atenção que desejá-vamos só para nós. Nos ofenderam, pensaram mal da gente, pegaram nossas coisas. Trataram mal nossos pais, foram injustos com eles.

- Perdoar um amigo- não há amigo mais chegado que um irmão, não podemos deixar que o orgulho de pedir perdão nos tire a alegria da amizade.

- Perdoar um colega que fez, ou faz bullying – Colegas que nos marcam para sempre com suas insinuações e menosprezo, sejam físicos, verbais ou emocionais.

- Perdoar um agressor físico – Seja um pai agressor, um irmão, uma mãe, um colega, um marido, um chefe.

- Perdoar um agressor sexual – Infelizmente o abuso sexual é muito frequente entre membros da família, amigos próximos da família ou parentes distantes. Tal abuso é tão marcante e profundo que a vítima em geral sofre anos a fio, e só pode se reestruturar quando conta o que houve, procura ajuda e recebe dos familiares e de terapeutas espe-cializados no assunto a ajuda necessária.

Ainda que alguém não reconheça o erro, e não demonstre arrependimento genuíno pelo mal que causou, é necessário perdoá-lo. Devemos fazer a nossa parte e deixar o resto com Deus.

5. HISTÓRIA ILUSTRATIVA – O perdão

Em 1974, voltando da escola para casa no último dia antes das férias de Natal, eu pensa-va animadamente sobre o feriado, como só os meninos de dez anos conseguem sonhar. A algumas portas de distância de minha casa em Coral Gables, Flórida, um homem se aproximou de mim e perguntou se eu poderia ajudá-Io com a decoração de uma festa que ele estava dando para meu pai. Achando que era amigo de meu pai, concordei em ir com ele.

O que eu não sabia era que este homem tinha ressentimentos contra a minha família. Trabalhara como enfermeiro para um parente idoso, mas fora despedido por causa da bebida. Após eu ter concordado em acompanhá-Io, ele dirigiu seu trailer até uma área isolada ao norte de Miami, onde parou no acostamento da estrada e me golpeou várias vezes no peito com um furador de gelo. Então dirigiu para oeste, até Florida Everglades, levou-me até o meio dos arbustos, deu um tiro em minha cabeça e me deixou lá para morrer.

Felizmente a bala havia passado por trás de meus olhos e saído pela minha têmpora esquerda sem causar nenhum dano cerebral. Quando recobrei a consciência, seis dias depois, não tinha noção de que havia sido atingido por um tiro. Fiquei sentado no acos-tamento e fui encontrado por um homem que parou para me ajudar.

Duas semanas depois descrevi a pessoa que me atacara para o desenhista da polícia e meu tio reconheceu o retrato falado. Meu agressor foi preso, junto com outros suspei-

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tos. Entretanto, o trauma e o estresse haviam cobrado seu preço e não pude identificá--Io. Infelizmente a polícia não conseguiu recolher nenhuma prova física que o ligasse ao crime. Portanto, ele nunca foi acusado.

O ataque me deixou cego do olho esquerdo, mas não causou nenhum outro dano e, com o amor e o apoio de minha família e amigos, voltei para a escola e dei continui-dade à minha vida. Durante os três anos seguintes, vivi com uma extrema ansiedade. A maioria das noites eu acordava assustado, imaginando que havia escutado alguém entrando pela porta dos fundos e acabava dormindo no pé da cama de meus pais.

Então, quando eu estava com treze anos, tudo isso mudou. Uma noite, durante um es-tudo da Bíblia com o grupo jovem da igreja, percebi que a providência e o amor de Deus, tendo miraculosamente me mantido vivo, eram a base para a segurança de mi-nha vida. Em Suas mãos eu podia viver sem medo ou rancor. E então eu segui em frente. Terminei os estudos, recebendo o diploma de mestrado em Divindade. Casei-me com minha maravilhosa esposa, Leslie. Temos duas filhinhas maravilhosas, Amanda e Me-lodee.

Em setembro de 1996, o major Charles Scherer, do Departamento de Polícia de Coral Gables, que trabalhara na investigação original de meu caso, telefonou-me para me contar que o agressor, hoje com 77 anos de idade, finalmente confessara. Cego por cau-sa do glaucoma, com a saúde abalada, sem família ou amigos, ele estava em um asilo no norte de Miami Beach. Fui visitá-lo.

A primeira vez em que fui visitá-Io ele se desculpou pelo que havia feito a mim e eu lhe disse que o havia perdoado. Visitei-o muitas vezes depois disso, apresentando-o à minha esposa e filhas, oferecendo-lhe esperança e a sensação de família nos dias an-teriores à sua morte. Ele sempre ficava feliz quando eu aparecia. Acredito que nossa amizade tenha diminuído sua solidão e era um grande alívio para ele, após 22 anos de arrependimento.

Sei que o mundo pode me ver como a vítima de uma horrível tragédia, mas eu me con-sidero a “vítima” de muitos milagres. O fato de eu estar vivo e não ter nenhuma defi-ciência mental desafia as probabilidades. Tenho uma esposa amorosa e uma família linda. Recebi tantas dádivas quanto qualquer outra pessoa, e amplas oportunidades. Fui abençoado de várias maneiras.

E enquanto muitas pessoas não conseguem entender como pude perdoá-Io, do meu ponto de vista eu não poderia deixar de fazê-lo. Se eu tivesse escolhido odiá-Io todos esses anos, ou passar a vida procurando vingança, então eu não seria o homem que sou hoje – o homem que minha mulher e filhas amam.

Chris Carrier (entregue por Katy McNamara)

6. CONCLUSÃO

A falta do perdão é algo tão sério, que pode causar enfermidades emocionais, destruir relacionamentos e até impedir que Deus atenda as orações e aceite as ofertas. Foi isso

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que Cristo ensinou em Mateus 5:23, 24: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”.

Somos cristãos, tementes a Deus, e obedecendo à Sua palavra, devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos e perdoá-lo diariamente, quantas vezes for necessário. Desta forma, estaremos aptos a desfrutar das bênçãos sem medida que Deus tem pre-parado para seus filhos.

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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5. A FAMÍLIA DE JESUS – O ESTRANHO QUE SE TORNOU MEU PAI

1. LEITURA BÍBLICA – JOÃO 19:25-27

2. CONTEXTO BÍBLICO

A morte de um filho é sentida e descrita pelos pais como algo dilacerante. Perde-se o controle sobre o futuro, planos, expectativas e sonhos. Quando morre um filho, morre na mãe o futuro previsto junto com aquele filho, o sonho de vê-lo profissional, pai de seus netos, a pessoa que a acompanharia até o fim da vida. Há uma interrupção dos sonhos, uma paralização.

Esse corte de forma abrupta traz a sensação de injustiça, por que faz com que os pais en-frentem, prematuramente, a perda do filho, que contradiz a ordem da natureza humana. Espera-se que, em um velório, ao se despedir de alguém, estes sejam avós ou pais, não se imagina lidar com a perda abrupta de uma vida precoce, repleta de oportunidades.

Maria, mãe de Jesus, passou por tudo isso... voltemos um pouquinho na história. Maria sofria de um mal que toda mãe desse mundo sofre: “Meu filho é a melhor criança do mundo!” Mas qualquer mãe sente isso! Claro que ela tinha todas as razões do mundo para acreditar nessa verdade: O anjo afirmou, Isabel, sua prima, também, assim como os pastores, os reis magos, Simão e Ana; todos lhe confirmaram que seu filho era especial. A infância de Jesus também lhe confirmou: Ele é especial. Mas, será? Sempre há uma dúvi-da, uma incerteza diante das expectativas. Porém, em Caná, Maria teve a confirmação de que Ele realmente era especial, ao presenciar um tremendo milagre: transformou água em vinho. Isso deve ter enchido seu coração materno de orgulho indescritível. Depois, seguiu Seu ministério: curas, milagres e pregações jamais vistas.

Mas, agora, a cruz... como entender tudo isso? Como juntar o quebra-cabeça e entender a imagem completa? Todas as suas esperanças maternas de sucesso ruíram. Lembre-se que, à semelhança dos discípulos, ela também entendia que Ele seria o grande libertador político de Israel.

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Tudo levava a crer que Ele não somente fracassou em Sua missão, mas agora seu amado filho iria morrer. E da morte mais vergonhosa! Você já foi a um funeral em que a mãe está enterrando um filho? Esse é o pior de todos. Ninguém merece passar por isso, principal-mente uma mãe. Não é natural uma mãe enterrar seu filho.

Qual era a crise?

3. A CRISE

Para Maria: Perder um filho.

Para a família hoje: Perder um filho ou um ente querido.

Não há no mundo nenhuma palavra capaz de confortar o coração de um pai ou de uma mãe, após a perda de um filho. Perder um filho é a maior prova pela qual o ser humano pode passar na vida, muito embora, outras perdas também causem dores profundas. Continuar a ter fé em Deus depois disso, é ter esperança de que um dia terá seu filho no-vamente, a esperança de que dias melhores virão.

No momento da crucifixão de Jesus, como Ele a conforta?

- Jesus percebe o imenso sofrimento de Maria.

- Percebe que Maria está perdida.

- Se Ele desaparece, ela não terá mais razão de viver.

- Ela precisa de um filho para continuar sendo mãe.

- Mulheres, seres que tem como destino dar à luz, precisam de um ser vivo para amar e, assim, continuar a existir.

Diante desse contexto, é importante apresentar alguns detalhes:

1. Jesus não teve pena, ou dó, nem dele mesmo, e nem dela.

Provavelmente pensou:

- Seguirei minha vocação até o fim, vivo por ela.

- Eu sofrerei por isso, e você também. Não posso mudar esse momento para evitar que sofra.

2. Mas Jesus lhe consolou, propondo então uma substituição: João.

- Por que João? Ele é o mais novo dos discípulos, o mais carinhoso, e o mais íntimo do Mestre. Jesus então diz: “Aqui está seu filho... Aqui está sua mãe”.

- Eles se unem por Ele. Passarão horas conversando, trocando sentimentos fraternos, pen-sando e falando dEle. É Jesus quem os une.

3. Mas um filho não pode ser substituído!

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- É claro que não. Cada ser é único. Por isso, não colocamos no filho vivo o nome do filho que morreu.

- Mas é exatamente por este motivo que Jesus propõe a substituição, com uma nova filia-ção, uma nova conexão. Maria terá agora outro filho.

- Quando um elo se rompe, podemos criar novas e infindáveis conexões, por meio de nos-sa entrega à providência divina.

4. É preciso novas visões da vida.

- Um dia morreremos para nossa mãe. Na verdade, vamos morrendo para nossa mãe a cada nova fase que a vida nos obriga viver: útero (morre o virtual); parto (morre o feto); criança (morre o bebê); adolescente (morre a criança); adulto (morre o filhinho); casa-mento (morre o filho dependente).

- Precisamos dar-lhe opções. Precisamos propor opções de substituição.

- Não podemos criar a ilusão da onipresença filial. Os filhos são obrigados a separar-se das suas mães. É saudável para eles. É primordial para elas.

Diante de tudo que vimos até agora, qual seria o refúgio?

4. O REFÚGIO

Confiança em Deus

A confiança e a esperança em Deus dá a certeza de Seu abraço aconchegante na hora da tormenta. Dá a certeza de que dias melhores virão, mesmo que o cenário da vida de alguém seja como o descrito em Habacuque 3:17, 18: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam manti-mento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação”.

Enquanto isso, amparado pelo amor e cuidado de Deus, é preciso seguir em frente. Como?

- Seguir sua vocação.

- “Ide” é a mensagem de Deus para cada ser humano, em todas as suas fases.

- Não sentir dó de você, Deus providenciará meios para viver.

- Infelizmente, de uma forma ou de outra, perderá seus filhos, em algum momento o ni-nho ficará vazio, é importante seguir, ter novos planos e metas.

- Aceitar as novas conexões.

- Adotar jovens na igreja.

- Adotar alunos estudantes.

- Cuidar de outras crianças, de outros jovens que estão por aí, e que, em sua maioria

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nunca tiveram ninguém para amá-los.

- Cuidar e ajudar em alguns dos vários departamentos da igreja: Rol, Jardim, Escola Sa-batina de jovens e adultos, Aventureiros, Desbravadores, projetos missionários e volun-tariado.

- Há crianças na sua rua que nunca foram amadas por ninguém! Dar atenção, amar e par-ticipar de projetos de auxílio a essas crianças, fará grande diferença na sua vida e na delas.

Lembre-se que Deus sempre consola os órfãos e as viúvas e envia pessoas especiais para que você possa seguir em frente. Ele cuida de:

- Você que os filhos casaram e foram embora.

- Você que perdeu um filho.

- Você que tem um filho fora da igreja.

- Você que foi abandonada pelo esposo, ou esposo que foi abandonado pela esposa.

- Você que é um filho órfão.

- Você que está solitário, se sentindo sozinho.

Na história ilustrativa de hoje veremos como uma família conseguiu se reerguer depois de serem abandonados pelo pai biológico.

5. HISTÓRIA ILUSTRATIVA

Numa tarde de sábado, minha mãe insistiu para que eu pusesse minha melhor roupa por-que queria me apresentar ao seu namorado. Ele estava agora lá fora, esperando no carro.

Por que eu tinha que parar o que estava fazendo e trocar de roupa por causa dele? Por quê? Porque, como soube depois, ele a pedira em casamento na noite anterior. Ele já conhecia meu irmão e agora queria me conhecer.

“Oi, senhor Cohan”, eu disse, louca para voltar para casa e continuar a jogar. “Oi, Susan”, res-pondeu o homem de meia-idade e cabelos crespos. Sua voz era suave, quase tímida, quan-do estendeu a mão e me cumprimentou.

Depois que ele e minha mãe se casaram, eu não sabia como chamá-Io. Por um bom tempo não o chamei de nada. “Leo” não parecia certo. Ele me chamava de Susan, ou Sue, como mi-nha mãe e meu irmão. Ele não tinha de me chamar de “filha”. Eu tinha de chamá-Io de “pai”? Quem era aquele homem para mim? Parecia ser bondoso e delicado e até gostava da minha companhia. Mas um pai? Chamá-Io de pai o tornaria um pai?

Entrando para uma família que já tinha uma mãe, um garoto adolescente e uma menina de doze anos, Leo sabia que não seria automaticamente tratado como pai. Éramos um grupo há muito estabelecido. Ele era a peça nova a ser encaixada. Não que tivesse de competir com qualquer amor que sentíssemos por nosso pai “verdadeiro”, um homem frio e egoísta, que nunca fora bondoso nos anos em que tivemos contato. Leo tinha de competir com uma

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fantasia, nossas altas e irreais expectativas do que deveria ser um pai perfeito: amoroso, dis-ponível, generoso, inteligente, bonito e sempre pronto a nos dar apoio. E, como todo pai perfeito, alguém que considerasse os filhos perfeitos também.

Ele provavelmente tinha suas próprias fantasias. Órfão desde criança, Leo tinha sido criado por irmãos e irmãs mais velhos que, embora o amassem, jamais puseram os interesses dele em primeiro lugar, como um pai ou mãe devotados fariam. Agora, aos cinquenta anos, ele se casara com uma mulher com dois filhos, aceitando todas as responsabilidades e obriga-ções financeiras que isso acarretava.

No primeiro ano em que nós quatro vivemos juntos, Leo passou um bom tempo consertan-do coisas em nossa casa. Era sua maneira de fincar raízes, de estabelecer uma base sólida para nossa nova família. Ele envernizou o painel de madeira do escritório, colocou papel de parede nos quartos e construiu armários de cedro no porão.

Mas, enquanto nos tornávamos uma família, eu estava virando a típica adolescente: egoís-ta, desafiadora e rebelde. Minha mãe e eu, que sempre fôramos próximas, agora parecía-mos discutir o tempo todo. “Por que você não pode se comportar?”, ela me perguntava, zan-gada. “Você não me deixa fazer nada do jeito que eu quero!”, eu contestava, saindo do quarto como um tufão.

Precisava falar com alguém e encontrei Leo no porão. Devagar, metodicamente, ele estava aplainando uma peça de madeira. Enquanto a lixava com cuidado, me deixou falar e me ofereceu um pedaço de lixa para ajudá-lo a aparar as arestas. “Ela é impossível! Grita comigo por qualquer coisinha. Tudo que faço tem de ser perfeito para ela aprovar”.

Leo balançava a cabeça enquanto eu falava, continuando seu trabalho. Gostaria que ficas-se a meu favor, mas ele sabia que estava numa situação delicada. “Sua mãe quer apenas o melhor para você”, disse suavemente. “Isso não deve ser tão difícil para uma garota tão excepcional”.

Leo e eu passamos um bocado de tempo juntos no porão naquele primeiro inverno. Ele me ensinou a trabalhar com ferramentas de modo que eu também pudesse construir, pintar e consertar coisas. Trabalhar ali com ele foi uma boa maneira de extravasar minhas frustra-ções adolescentes. O porão, aonde minha mãe raramente ia, tornou-se um “porto seguro” para mim.

Meu padrasto estava lá para me ajudar sempre que eu precisava. Não resolvia meus pro-blemas, mas me encorajava a organizar as coisas dentro da minha cabeça. Eu precisava de alguém que me ouvisse e ele fazia exatamente isso.

“Sabe, você e sua mãe têm muito em comum. As duas são cheias de energia, corajosas e têm opiniões fortes. É por isso que às vezes uma irrita a outra. Mas é isso também o que eu gosto em vocês – nas duas”.

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Ele muitas vezes trazia surpresas para casa: um quadro para a parede do meu quarto, uma revista de esporte para meu irmão. No jantar, ouvia nossas histórias sobre o time da escola e nossas piadas bobas. Ele nos tratava como se fôssemos as crianças mais inteligentes do mundo.

“Que tal essa?”, começava, e sabíamos o que vinha a seguir. Uma nova charada que ele ouvira no trabalho ou lera no jornal. Ele ria depois de termos acertado a resposta. “Sabia que não ia conse-guir pegar vocês!”, sorria, orgulhoso.

No primeiro mês de agosto que passamos juntos fui de bicicleta fazer compras na cidade, levan-do todo o dinheiro que recebera no mês anterior fazendo pequenos serviços para os vizinhos. Entrei numa loja de artigos masculinos e um cheiro de loção após barba me intoxicou. Aos 13 anos, viera comprar meu primeiro presente de Dia dos Pais.

Escolhi uma gravata de seda azul, enfeitada com fileiras de peixinhos, e a levei para casa. No do-mingo de manhã, quando a dei a Leo, ele a colocou imediatamente. “Muito obrigado, gostei mui-to”, ele agradeceu, beijando meu rosto. “De nada”, respondi. “Feliz Dia dos Pais, papai”. Falei aquilo da maneira mais natural possível, mas vi que ele sorriu. Tinha me ouvido.

Aos poucos, com o passar do tempo, nossa nova família criou suas próprias raízes e tradições. Leo nos viu entrar na universidade, casar e constituir nossas próprias famílias. Até morrer, aos 79 anos, ele dividiu muito de seu tempo e de seu amor com nossos filhos – seus netos. Levou-os para pas-sear em seus carrinhos, leu para eles e os ninou. Mais tarde, ensinou-os a pescar e a trabalhar com ferramentas, como fizera comigo.

Leo escolheu minha mãe – e a mim e a meu irmão também. Éramos família e amigos por esco-lha. Sua amizade e seu amor foram presentes dos quais jamais me esquecerei.

Susan J. Gordon

6. CONCLUSÃO

Quando sofremos perdas o desejo de ficar isolado e de se fechar, aparece de forma muito acen-tuada. Abandonar a igreja, não conversar com as pessoas, ou sofrer de forma isolada agravará o nosso estado. Com certeza, momentos a sós são importantes para a reflexão pessoal, para pro-cessar a perda e vivenciar o luto, mas, esses momentos não podem acontecer o tempo todo.

Mesmo diante das perdas precisamos saber que a vida continua! Temos uma missão, precisa-mos abençoar vidas, atuar na obra de Deus, cumprir o nosso papel no mundo. Fazemos isso nos envolvendo com outros, com projetos e levando a missão adiante. Envolver-nos com outras pessoas ajuda a superar as perdas, ajuda-nos a ver que lá fora existe muito a ser feito e que nós podemos ser agentes de bênçãos.

Lembremo-nos que ao abreviar a volta de Jesus, mas perto estaremos da felicidade plena, por-que no Céu não haverá mais dor, nem sofrimento, nem lágrimas, nem perdas... nem mais morte!

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46:1).

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6. A FAMÍLIA DE ABRAÃO – A ESCOLHA QUE DEFINE SEU FUTURO

1. LEITURA BÍBLICA – GÊNESIS 24:1-4

2. CONTEXTO BÍBLICO

Para os jovens cristãos que estão no momento de “espera”, ficam algumas dúvidas de como encontrar a pessoa certa para casar. Duas perguntas mais comuns são: “Existe um manual bíblico para o namoro? “Como proceder para ter um relacionamento abençoa-do por Deus?”

A Bíblia é um manual seguro para muitos assuntos, entre eles, o do casamento. Por exemplo, na história de Abraão, ao chegar à fase de escolha de uma esposa para Isaque, é possível tirarmos conselhos preciosos.

Deus havia prometido que, por intermédio desse filho, Abraão teria uma numerosa descendência (Gn 21:12). Para isso, porém, Isaque precisava de uma esposa, e seu pai não queria que ele se casasse com uma mulher de Canaã, onde então vivia. Assim, quando já estava velho, o grande patriarca chamou um servo de confiança e o enviou à Mesopotâmia, à família de seu pai, com o propósito de encontrar entre os seus familiares uma esposa para o filho da promessa.

Abraão chama seu servo Eliézer, e o faz prometer que buscará tal mulher somente entre pessoas tementes ao Deus criador. Assim, o envia a sua família, em Harã, a umas duas semanas de viagem a camelo. Eliézer vai, mas imagine o que é escolher uma boa espo-sa para outra pessoa? Se fazê-lo para nós já é muito difícil, imagine para outro.

Ao chegar à entrada da cidade, ele busca a única Pessoa que pode ser o seu refúgio nes-sa missão: ora a Deus e pede ao Senhor que envie uma moça solícita, disposta a ajudar outras pessoas. Rebeca vem, olha o estrangeiro e simplesmente se oferece a fazer algo que era muito simples, humilhante e dispendioso, mas para ela muito usual: tirar água do poço e dar a beber aos camelos daquele estranho. Imagine a emoção de Eliézer ao ver encarnado seu pedido naquela bela jovem. E melhor, descobrir que ela nada mais é que prima de seu amo, da família cristã para a qual foi incumbido a ir buscar uma esposa. Ele confiou na direção de Deus, e o Senhor foi fiel nessa sagrada missão.

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Qual era a crise?

3. A CRISE

Para Abraão: Conseguir uma esposa cristã para seu filho.

Para as famílias hoje: Filhos que encontrem esposa/esposo de caráter e cristã.

Muitos jovens falam:

“Para que ficar se preocupando com este assunto?

“Há muita gente melhor lá no mundo”.

“Minhas colegas da escola não são adventistas, mas são muito melhores do que as mo-ças lá da minha igreja”.

“Meu namorado é muito nervoso e até um antissocial, mas, sei que é por causa dos

problemas que ele tem em casa, e sei que eu vou mudá-lo”.

“Ela bebe e, de vez enquanto, usa droga, mas, depois que casar e tiver filhos, as coisas vão mudar”.

“Pastor, tem muito mais moças que rapazes na igreja. Se levar a ferro e fogo essa ideia de só casar com alguém da igreja, eu e muitas outras jovens jamais teremos uma famí-lia. Vamos ficar para titia”.

É muito comum ver jovens e adolescentes da igreja namorando alguém que não é da mesma fé. Muitas vezes, isso acontece pela pressão das pessoas que estão à sua volta. As amizades acabam empurrando o jovem para um namoro com colegas de classe, ou de trabalho que não tem os mesmos princípios religiosos que os deles. E por fim, acabam aceitando e fazendo a escolha errada.

Mas, mesmo dentro da igreja tem jovens e adultos que estão lá, mas, só de corpo pre-sente. Andam em caminhos perigosos, tem vida dupla, ou tem problemas sérios de comportamento e relacionamento.

Diante deste quadro, o que fazer? Qual seria o refúgio?

4. O REFÚGIO

Confiar em Deus e buscar uma esposa/esposo entre os cristãos

Na Bíblia encontramos exemplos de pessoas que se casaram com não cristãos, porém, Deus as usou para um propósito:

- José – Casou com a filha do sacerdote de OM.

- Ester – Casou-se com um rei ímpio, Artaxerxes.

Por outro lado, há inúmeros casos de pessoas que se casaram com não cristãos e o re-sultado foi desastroso. Por exemplo:

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- Antediluvianos – Caim foi desobediente a Deus e assassino de seu irmão. Foi viver nos vales, longe do Éden, onde ali cria que poderia fazer o que bem quisesse. Sete decidiu ser obediente a Deus, e para manter distância de Caim e seus descendentes morava nas montanhas com sua família. Enquanto ambos mantiveram essa distância, a pureza espiritual dos homens de Deus foi preservada.

Porém, um dia, os filhos de Sete desceram para ver as moças da campina, se apaixona-ram por elas, e as tomaram por esposas. Em muito pouco tempo os filhos de Sete per-deram sua fé no Deus verdadeiro, tornando-se iguais aos filhos de Caim. Dessa forma a Terra se encheu de violência e por fim Deus teve que destruir a Terra por meio de um dilúvio.

- Sansão e as esposas ímpias

Sansão nasceu para ser um grande líder, mas devido ao seu ego enorme e seu estilo de vida devasso, nunca liderou ninguém. Sempre lutou sozinho, acabando da forma como viveu: só.

O que mais contribuiu para esse fracasso épico foram suas escolhas amorosas. Ele teve três esposas ímpias. A primeira esposa era filisteia. O pai se opôs, o leão avisou, mas ele prosseguiu. Gastou seu tempo em questões familiares absolutamente evitáveis, que só esgotou seu tempo exaurindo a missão. A segunda mulher era uma prostituta filis-teia também, que o colocou em um perigo real. Já a terceira e última era uma tragédia anunciada.

O problema de Dalila não era ser de outra nação, mas era não ter caráter algum. Bonita, sensual, tinha o que queria, e quem queria. Para manter seu luxo e suas vontades ela comprava e vendia pessoas e seus segredos. Assim não foi difícil aos filisteus contra-tarem seus serviços a fim de se aproveitarem das fraquezas do famoso herói hebreu.

Alucinado com os dotes dessa mulher tão vulgar, Sansão foi promíscuo, brincou de “po-lícia e ladrão” com seus inimigos, entregou seu sagrado segredo aos que o odiavam, e colheu caro, e para sempre, o resultado de unir sua vida a alguém que nega os princí-pios do Céu.

- Salomão e as esposas idólatras

Salomão começou bem, pedindo sabedoria ao Senhor. Mas ele se esqueceu que o te-mor ao Senhor é o princípio da sabedoria. Casou-se com muitas mulheres adoradoras de deuses pagãos, construindo para elas templos para que ali fizessem seus perverti-dos serviços de adoração.

O resultado foi destrutivo, para ele e para a nação toda. Elas lhe perverteram o coração, a tal ponto que, se não fosse a misericórdia divina no final de sua vida, ele teria morrido perdido.

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Essas mulheres também influenciaram a nação escolhida, semeando a idolatria de tal maneira que tanto a queda de Samaria em 722 a.C., como a queda de Jerusalém em 586 a.C., foram resultado direto desse erro conjugal de Salomão.

- Acabe – Jezabel

Ele já era muito ruim. Piorou muito mais ao se casar com Jezabel, filha de um rei idóla-tra. Acabe se aprofundou em ser pior do que qualquer monarca que já vivera antes dele.

A Palavra de Deus é clara: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” (2Co 6:14).

Recadinhos para os filhos:

Precisamos buscar a vontade de Deus para nossos relacionamentos, como lemos em Salmo 40:8: “Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu”. Devemos buscá-Lo para to-dos os relacionamentos:

- Nas amizades: Que sejam boas amizades e que não levem você a ser tentado a prati-car o mal.

- No namoro: Que seja uma pessoa cristã, temente a Deus, e na idade certa.

- No casamento: Que seja, além de uma pessoa que confesse Jesus como Senhor e Sal-vador, alguém que queira servir ao Mestre para sempre, dentro e fora do casamento.

Mas, como conhecer a vontade de Deus, principalmente nos relacionamentos?

1) Pela Sua vontade revelada: a Bíblia.

2) Pela oração.

3) Aconselhando-se com quem tem sabedoria e discernimento (pais, avós, professores e pastores) para guiá-lo para o bem.

Recadinhos para os pais:

Será que nós, como pais, estamos orientando nossos filhos no sentido de escolherem para si esposos, esposas que tenham o mesmo Deus que nós? Que tenham condições espirituais de criar filhos segundo os mandamentos divinos?

Para que a experiência de Abraão possa ser realidade em nossa família, devemos:

1. Orar pela vida sentimental dos nossos filhos, mesmo que ainda esteja longe a ida-de de se casarem. Antes de tomar qualquer providência para o casamento de Isaque, Abraão buscou fazer a vontade do Senhor (Gn 24:7).

2. Ensinar-lhes valores morais e espirituais desde a mais tenra idade. Isaque aprendeu isso quando ainda era bastante jovem (Gn 22:7, 8).

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3. Desenvolver uma amizade pura e simples com os filhos. Abraão e Isaque andavam juntos, mesmo em situação mais difícil (Gn 22:6, 8).

Os pais devem começar cedo orar pelo casamento dos filhos cultivando valores mo-rais e espirituais dentro do lar, sendo eles mesmos ótimos exemplos. A família, quando preserva a amizade, se preocupa com cada um dos seus membros e todos cuidam uns dos outros.

5. DICAS PARA OS JOVENS

Enquanto estiver à espera de encontrar uma pessoa especial, muitas coisas podem ser feitas:

1. Faça de Jesus o primeiro, o último e o melhor em sua vida. Isso significa manter co-munhão com Deus.

2. Estar a caminho ou já possuir uma profissão capaz de se manter.

3. Hoje se fala em educação contínua, então, continuar estudando pode ser uma boa opção.

4. Ser cortês com as pessoas, manter as amizades e fazer novos amigos.

5. Ler livros sobre relacionamento interpessoal. Desenvolver a habilidade de ouvir.

Fique atento também porque há alguns perfis que rapazes e moças deveriam ficar bem alertas para evitar.

1. O não crente

Por favor, escreva 2 Coríntios 6:14 em um papel e fixe em seu computador. Ele diz, “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” Essa não é uma regra. É a Palavra de Deus para você hoje. Não permita que o charme, aparência ou o sucesso financeiro de uma pessoa (ou sua disposição para ir à igreja com você) leve-a a comprometer o que você sabe o que é certo. O “namoro missionário” nunca é uma estratégia sábia, cuidado, não alimente ter um relacionamento de namoro. Afaste-se, deixe outro dar o estudo bíblico.

2. O mentiroso

Se você descobrir que a pessoa com quem está namorando mentiu para você sobre o seu passado ou está sempre encobrindo rastros para esconder seus segredos, saia o mais rápido possível dessa relação. O casamento deve ser construído sobre uma base de confiança. Se a pessoa não pode ser verdadeira, rompa agora, antes que ela cause uma decepção ainda maior.

3. O pegador

Eu gostaria de poder dizer que, se você encontrar um rapaz ou moça legal na igreja, po-derá supor que ele ou ela esteja vivendo em pureza sexual. Mas, esse não é o caso hoje

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em dia. Já ouvi histórias sobre pessoas solteiras que cantam na equipe de louvor, mas agem como “pegadores” durante a semana. Se você se casar com alguém que sai por aí, atrás de relacionamentos de uma noite, a possibilidade é enorme que ele continue com a mesma prática depois do casamento.

4. O desocupado

Certa vez, uma moça, depois de casada, percebeu que o marido não tinha planos de encontrar um trabalho estável. Ele havia planejado uma grande estratégia: ficava em casa o dia todo jogando vídeo games enquanto sua esposa, profissional, trabalhava para pagar todas as contas. O apóstolo Paulo disse aos Tessalonicenses (3:10): “Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2Ts 3:10). A mesma regra se aplica aqui: Se um homem não está disposto a trabalhar, ele não merece se casar com você. O mesmo vale para uma moça que não está disposta a realizar a sua parte para o sucesso financeiro e material do casal.

5. O narcisista

Toda moça quer encontrar um rapaz bonito. Mas, cuidado. Se ele passa seis horas por dia na academia e posta regularmente seus bíceps no Facebook, você tem um proble-ma. Da mesma forma, mulheres excessivamente vaidosas que amam postar caras e bocas, com visuais marcantes e chamativos em busca de seguidores nas redes sociais, cuidado, fique alerta. Não se associe com alguém narcisista! Pode ser uma pessoa bo-nita, mas aquele que está apaixonado por sua aparência e suas próprias necessidades nunca será capaz de lhe amar sacrificialmente, como Cristo ama a Igreja (Ef 5:25). A pessoa que está sempre olhando para si mesmo no espelho nunca vai notar quem você é e o que realmente precisa.

6. O abusador

Pessoas com tendências abusivas não podem controlar sua raiva quando ela ferve. Se o rapaz ou moça com quem você está namorando tende a perder as estribeiras, seja com você ou com outras pessoas, cuidado. Não caia na tentação de racionalizar o seu comportamento. Há um problema e se você se casar, terá que andar em campo minado todos os dias para evitar desencadear outra explosão. Pessoas iradas machucam ver-balmente, emocionalmente e até fisicamente. Encontre uma pessoa que seja gentil e respeitosa.

7. O filhinho do papai

A pessoa ainda mora com os pais aos 35 anos? Isso pode ser um alerta. Se a mãe ainda está cozinhando, limpando e passando para ele, possivelmente, a pessoa tenha parado emocionalmente no tempo. Você está pedindo para ter problemas se pensa que pode ser esposa ou esposo de alguém que não cresceu. Afaste-se, e, encoraje-a a encontrar um mentor que possa ajudá-la a amadurecer.

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8. O controlador excessivo

Atualmente, alguns cristãos acreditam que casamento é sinônimo de superioridade masculina. Podem citar as Escrituras e parecer muito cristão, mas, por trás da fachada de autoridade marital existe profunda insegurança e orgulho, que podem se transfor-mar em abuso espiritual. Em 1 Pedro 3:7 lemos que os maridos devem tratar suas es-posas com honra. Se o homem com quem você namora fala de cima para baixo com você, faz comentários depreciativos sobre as mulheres, ou parece esmagar seus dons espirituais, afaste-se dele agora. Ele está em uma viagem de poder. As mulheres cris-tãs que se casam com controladores religiosos, muitas vezes, acabam no pesadelo da depressão. Do mesmo modo há mulheres que tratam os homens como a pior coisa do mundo, dignos de raiva e indignação. Cuidado! As diferenças entre homens e mulheres devem ser tratadas como bênçãos e não maldições.

Cuidado com os irreverentes, ociosos, zombadores das coisas sagradas, que usam lin-guagem profana, que usam bebida alcoólica. Não escute as propostas de alguém que não tem percepção de sua responsabilidade para com Deus.

Se a moça pretende ter um casamento tranquilo e feliz, é importante se perguntar: Meu pretendente tem mãe? Que caráter tem ela? Reconhece ele suas obrigações para com ela? É ele atencioso para com os seus desejos e sua felicidade? Se ele não respeita nem honra a mãe, como vai respeitar e amar, ser bondoso e atencioso para com a esposa? Depois de casados continuará ele a te amar? Será paciente com os seus erros, ou críti-co, despótico e ditatorial? A afeição verdadeira contornará com paciência muitos erros e saberá resolvê-los sem impaciência. Por isso, é importante verificar e perceber seus traços de caráter, se é diligente, honesto, se tem sonhos e metas, e que, acima de tudo ame e tema a Deus.

Se o rapaz quer uma pretende, faça a si mesmo algumas perguntinhas básicas antes da decisão: A moça trará felicidade ao seu lar? É econômica, ou quando casar, gastará não somente todos os rendimentos dela, mas, os seus também? São seus princípios corretos? Como ela trata o pai e irmãos? É temente a Deus e tem os princípios religiosos semelhantes aos seus? Cuidado, pois quando se está namorando, geralmente, o jovem fica meio cego para essas perguntas. Porém, é necessário considerá-las, pois, está em jogo sua felicidade e a de sua futura família.

6. CONCLUSÃO

Um relacionamento pode destruir a vida de alguém ou trazer muita felicidade. Por isso, a oração e comunhão com Deus é imprescindível para quem pretende arrumar um namoro objetivando o casamento. Deus deve dirigir a vida em todas as questões, e, por essa razão, é preciso manter comunhão com Ele através do estudo diário da Bíblia, oração e outras atividades espirituais.

É muito importante se associar com pessoas e fazer amigos, pois há mais chance de encontrar um pretendente que faça parte de seu círculo de amigos e da sua igreja. Se puder ampliar esse círculo de amizade, isso pode ser muito bom. A etapa do namoro

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deve ser antecedida pela etapa da amizade. É no contexto do convívio social entre ami-gos que torna mais possível conhecer a pessoa como ela é, como ela trata os amigos, os familiares e os pais, conhecer seus defeitos e virtudes. Conhece-se mais sobre o in-teresse que ela tem em relação as coisas espirituais e possibilita uma melhor avaliação antes de se tomar a decisão de namorar ou não. Então, não se desespere. Deus conhece o seu coração e sabe do que você precisa. Tenha atenção, repare as pessoas, faça novos amigos e peça a Deus que lhe ajude e encontrar uma pessoa especial a quem possa dedicar o seu afeto e obter um amor correspondente.

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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7. A FAMÍLIA DE SARA – CASAMENTO, PARA O MELHOR OU PARA O PIOR

1. TEXTO BÍBLICO – GÊNESIS 23:12-20

2. CONTEXTO BÍBLICO

E foram felizes para sempre! Esse é o sonho de todo casal. Porém, em nossos dias, essa história de casamento com final feliz, e para sempre, tem sido um desafio. Na Bíblia en-contramos exemplos de casamentos que, mesmo com um problema aqui e ali, ficaram unidos para sempre, como foi o caso de Sara e Abraão.

Por mais de 100 anos ficaram juntos. Sara e Abraão casaram-se em Ur. Saíram de Ur para Harã (ela aceitou o chamado divino junto com ele!). Saíram de Harã e foram a Canaã, um país pobre e perigoso. Andaram por todo o país.

Sara deu um mal aconselho a seu marido (Hagar) – ela não acertou todas as vezes. Ela brigou com Hagar – ela não foi fácil o tempo todo. Pediu que expulsasse Ismael – ela não foi tolerante o tempo todo.

Deus os visitou em casa, e ela riu de Jesus – não teve fé o tempo todo. Engravidou e deu à luz a Isaque – apesar de seus erros, Deus a amava! O tempo passou... Abraão ofereceu Isaque aos 20 anos. Agora ela morre. Abraão olha pra trás e reconhece o valor de tão grande mulher. Sabe que seu sucesso dependeu em muito daquela mulher. Decidiu demonstrar o quanto a amava e o quanto reconhecia seu valor.

Pediu para comprar um pequeno campo onde havia uma gruta onde pudesse enterrá--la, o campo de Macpela. Ele, que apesar de muito rico, nunca havia comprado sequer um único metro de terra, pois, Deus havia prometido Canaã a ele e sua descendência. O dono da terra se aproveitou e disse que 400 siclos de prata eram suficientes. Ora, esse valor era tão alto que dava quase para comprar uma província inteira.

Abraão não titubeou. Pagou 400 siclos de prata pela terra. Essa cova ficou como tes-temunho pelos séculos do amor entre um homem e sua mulher. E em Macpela foram sepultadas várias pessoas importantes: Sara, Abraão, Rebeca, Isaque, Raquel, Jacó, José.

3. A CRISE

Quanto tempo deve durar o casamento

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Hoje o casamento tem durado cada vez menos. Na maioria das vezes, os motivos para uma separação e novo casamento, são os mais tolos possíveis:

“Não faz o que eu quero”

“Não me agrada com seu jeito de ser”

“Trabalha muito”

“Quando escova os dentes faz muito barulho”

E tantos outros motivos...

Em Mateus 19:3-12 Jesus diz que o casamento deve ser até a morte. É óbvio que há mo-tivos sérios que podem levar à separação: violência, abuso sexual, alcoolismo acompa-nhado de perigo de vida, entre outros. Mas, o único motivo para uma separação e novo casamento, segundo Jesus, é a traição sexual.

“O divórcio é uma solução drástica para um casamento problemático, ou que tenha passado por um forte trauma, como uma traição, violência doméstica, por exemplo. No meio evangélico, ao longo de décadas, essa escolha sempre foi desencorajada pelos líderes, mas hoje, a proporção de casais cristãos que se separam é a mesma constatada em outros setores da sociedade... A informação foi divulgada pelo Barna Group, institu-to de pesquisa que se dedica a estudar o ambiente cristão e seu impacto na sociedade, assim como a influência da cultura secular entre os evangélicos... O estudo constatou que o percentual de divorciados, 25%, é o mesmo entre evangélicos, católicos e pessoas de outras religiões ou sem afiliação religiosa” (noticias.gospelmais.com.br).

No casamento, ao longo do tempo, existem alguns sinais que vão demostrando o des-gaste no relacionamento e apontam conflitos, crises e um final infeliz:

- Não fortalecem dia a dia o compromisso que assumiram no altar.

- O casal se desconecta um do outro e se conecta a outras prioridades.

- Os ouvidos vão se fechando para escutar um ao outro e o diálogo vai diminuindo a cada dia.

- Dedicam toda atenção ao trabalho e quase nada para a família, estão sempre cansa-dos.

- Deixam que as falhas e erros do outro sejam mais importantes que os motivos de admiração.

- No dia a dia, diminuem as atitudes positivas e aumentam as negativas.

- Não sabem o que fazer nem como agir para viver um casamento feliz e equilibrado e acabam sendo influenciados por “exemplos” de relacionamentos que não deveriam ser seguidos.

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- São dominados pelo mau humor, ciúmes, raiva, rancor, mágoas e agem de acordo com esses sentimentos.

- Deixam de fazer coisas juntos, como caminhar, sair, rir, passear.

- Se perdem no meio do caminho por não alinharem constantemente os objetivos, e não terem o mesmo mapa do caminho que traçaram.

- Perdem a capacidade de amar, perdoar e servir e se transformam em prisioneiros soli-tários dentro do seu casamento.

O que fazer diante de tamanha crise?

4. O REFÚGIO

Viver ao lado de Deus, para viver ao lado do cônjuge para sempre

Um casamento não se sustenta apenas por sexo. Daí a importância de o jovem insistir com Deus, em oração, para que saiba fazer uma escolha mais acertada, que consiga en-xergar na outra pessoa os atributos essenciais para um casamento mais sólido, cristão e duradouro. Amor conjugal envolve sacrifício. E sacrifício é perdoar, desculpar, esquecer e ficar calado quando for necessário. Amar é valorizar o cônjuge, levá-lo a alcançar po-sições mais altas nos estudos, na igreja, na vida profissional. Amar é fazer coisas juntos: orar, meditar, brincar, passear, ler, conversar amenidades, conversar assunto sério, rir, chorar, planejar e sonhar. Amar é ficar feliz pelo sucesso do outro, é ajudar a levantar quando o outro cai, é ter cumplicidade. Amar é eliminar o péssimo costume de julgar, condenar o outro, criticá-lo 24 horas por dia. Amar é decidir viver ao lado do cônjuge, apesar das tempestades que virão. Amar é ter Deus em primeiro lugar na vida do casal.

5. HISTÓRIA ILUSTRATIVA

ILUSTRAÇÃO 1 - Mais ricos ou mais pobres

As esposas que moravam no Castelo de Weinsberg, na Alemanha, estavam cientes da riqueza que havia ali: ouro, prata, pedras preciosas e riquezas que ninguém podia se-quer imaginar.

No ano de 1.141 d.C., chegou o dia quando todo aquele tesouro ficou ameaçado. Um exército inimigo cercou o castelo e exigiu a sua posse, a tomada de toda a fortuna e a vida dos homens que ali moravam. Não havia nada a fazer, a não ser se entregar.

Embora o comandante do exército vitorioso tivesse prometido que as mulheres e as crianças seriam libertas em segurança, as esposas que moravam no Castelo de Weins-berg recusaram-se a sair, a não ser com uma condição: elas exigiram que lhes fosse permitido encher os braços com o maior número de bens que conseguissem carregar.

Mesmo sabendo que as mulheres poderiam causar um estrago na imensa fortuna, o pedido delas foi atendido. Quando os portões do castelo foram abertos, o exército do lado de fora comoveu-se às lágrimas. Cada mulher estava carregando seu marido.

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De fato, as esposas que moravam no Castelo de Weinsberg estavam cientes de todas as riquezas que havia dentro dele.

Rochelle M. Pennington

ILUSTRAÇÃO 2 – Palavras do coração

“As lágrimas mais amargas derramadas sobre os túmulos são por palavras não ditas e atos não realizados” (Harriet Beecher Stowe).

A maioria das pessoas precisa ouvir alguém dizer “eu te amo”. E há vezes em que ouve bem a tempo. Conheci Connie no dia em que foi admitida na ala do hospital onde eu trabalhava como voluntária. Seu marido, Bill, ficou por pena, nervoso, enquanto ela era transferida da maca para o leito de hospital. Ainda que Connie estivesse no estágio fi-nal de sua luta contra o câncer, estava alerta e animada. Nós a acomodamos. Terminei de marcar seu nome em todos os suprimentos de hospital que ela usaria e perguntei se precisava de alguma coisa.

“Oh, sim”, disse, “será que você poderia me mostrar como usar a televisão? Gosto tanto de novelas, que não quero perder o que está acontecendo”. Connie era uma romântica. Adorava novelas de TV, histórias românticas e filmes com uma boa história de amor.

Conforme fomos nos conhecendo, ela me confidenciou o quanto era frustrante ser ca-sada há 32 anos com um homem que frequentemente a chamava de “boba”. “Ah, eu sei que o Bill me ama, mas ele nunca foi de me dizer que me ama, ou de mandar cartões”. Suspirou e olhou através da janela para as árvores no jardim. “Faria qualquer coisa para ele falar ‘eu te amo’, mas simplesmente não é do seu feitio”.

Bill visitava Connie todos os dias. No começo, sentava-se ao lado da cama enquanto ela assistia às novelas. Depois, quando ela começou a dormir mais, ele andava de um lado para o outro no corredor do lado de fora do quarto. Logo, quando ela não via mais te-levisão e passava períodos menores acordada, comecei a passar a maior parte do meu tempo como voluntária com Bill.

Ele falava de quando trabalhava como carpinteiro e de como gostava de pescar. Ele e Connie não tinham filhos, mas aproveitavam a aposentadoria viajando, até que Connie ficou doente. Bill não conseguia expressar o que sentia sobre o fato de sua esposa estar morrendo.

Um dia, depois de tomar café na lanchonete, puxei uma conversa com ele a respeito de mulheres e de como precisamos de romance em nossas vidas, como adoramos receber cartões sentimentais e cartas de amor.

“Você diz a Connie que a ama?”, perguntei, sabendo a resposta, e ele me olhou como se eu fosse louca. “Não preciso. Ela sabe que a amo!” “Tenho certeza de que ela sabe”, falei inclinando-me e roçando suas mãos ásperas de carpinteiro que seguravam a xíca-

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ra como se fosse a única coisa à qual ele pudesse se agarrar. “Mas ela precisa ouvir, Bill. Ela precisa ouvir o que significou para você durante todos esses anos. Por favor, pense nisso”.

Voltamos para o quarto de Connie. Bill desapareceu lá dentro e eu fui visitar outro pa-ciente. Mais tarde, vi Bill sentado ao lado da cama. Ele segurava a mão de Connie en-quanto ela dormia. Era o dia 12 de fevereiro.

Dois dias depois eu estava andando pela ala do sanatório ao meio-dia. Lá estava Bill, apoiado contra a parede do corredor, olhando para o chão. Eu já soubera, através da enfermeira chefe, que Connie morrera às 11 horas. Quando Bill me viu, permitiu que eu o abraçasse por um longo tempo. Seu rosto estava molhado de lágrimas e ele estava tremendo. Finalmente encostou-se de novo na parede e respirou fundo.

“Tenho que dizer algo. Tenho que dizer como me sinto bem por ter dito a ela”, ele parou para assoar o nariz. “Pensei muito a respeito do que você me disse e, essa manhã, falei para ela o quanto a amava e como era maravilhoso estar casado com ela. Você deveria ter visto seu sorriso!”

Entrei no quarto para me despedir pessoalmente de Connie. Lá, na mesa de cabeceira, estava um grande cartão de Dia dos Namorados que Bill lhe dera. Você sabe, do tipo sentimental, que diz: “Para minha esposa maravilhosa. Eu te amo.”

Bobbie Llppman

6. CONCLUSÃO

Se você está passando por problemas em seu casamento e sua família está ruindo, entregue seus problemas nas mãos do Senhor e peça para que Ele opere os milagres necessários em sua família e em seu cônjuge. Mas, é importante procurar alguém de confiança para ajudá-los, como o pastor da igreja, um conselheiro conjugal, um psicó-logo. Evite tomar decisões precipitadas. Busque aconselhamento, adquira literaturas, busque informações, evite discussões e, principalmente, ore.

Aos namorados e noivos, procurem dialogar com seu pretendente, e conversar sobre assuntos diversos. Faça cursos para casais, adquira literaturas, busque estar na igreja e, principalmente, ore para saber se realmente você está dando o passo certo ao escolher esta pessoa para ser seu companheiro/companheira de jornada.

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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8. A FAMÍLIA DO PRÓDIGO

1. TEXTO BÍBLICO – LUCAS 15:11-15

2. CONTEXTO BÍBLICO

O filho pródigo é talvez a mais conhecida das parábolas de Jesus. Ele faz uma emocio-nante ilustração que destaca a importante lição de como nosso Pai celestial se sente em relação aos pecadores.

A ilustração fala de um pai que tem dois filhos, e se concentra em especial no filho mais novo. Os fariseus e os escribas, bem como outros que estão ouvindo Jesus, deviam aprender o que ele diz sobre o filho mais novo, o pai e o filho mais velho.

A primeira lição é sobre ser sábios por permanecer em segurança entre o povo de Deus, sob os cuidados do nosso Pai que nos ama, em vez de nos desviar à procura de prazeres do mundo. Outra lição é que, se nos desviarmos dos caminhos de Deus, precisamos humildemente voltar para os braços do Pai.

Ainda podemos aprender outra lição do contraste entre a atitude receptiva e perdoa-dora do pai e o ressentimento e a indiferença do irmão mais velho. Sem dúvida, os ser-vos de Deus desejam ser perdoadores e receptivos quando alguém que se desviou se arrepende sinceramente e volta para os braços do Pai. Por isso, é importante nossa ati-tude receptiva e feliz quando um irmão que “estava morto volta a viver” e o que “estava perdido é achado”.

Qual é a crise aqui apresentada?

3. A CRISE

Filhos que rejeitam os valores cristãos

O que é um pródigo? Uma pessoa que dissipa os seus recursos. Ele contradiz, renuncia ou deseja trocar os valores que recebeu dos pais, da família, da igreja, ou de seu grupo social mais reservado.

Um novo estudo divulgado pelo Grupo Barna aponta que quase três em cada cinco jo-vens cristãos deixam de ir a suas igrejas, após 15 anos de idade, e um dos motivos é que a experiência do cristianismo é superficial, não tem profundidade. A Barna destaca

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na atualização deste estudo, que os jovens adultos de hoje são fortemente influencia-dos por grandes mudanças sociais, espirituais e tecnológicas que ocorreram no último quarto de século.

Muitos desses jovens querem participar das coisas que outros jovens fazem. Por exem-plo:

- Baladas e festas – Quando a vida passa a só ter prazer neste estilo de vida.

- Alcoolismo – Alcoólatras adolescentes: 92% dos adolescentes usam álcool.

- Tabagismo e drogas – 54% já usaram maconha, 16% experimentaram cocaína.

- Sexo livre – 1 milhão de moças adolescentes ficarão grávidas este ano. Metade termi-nará em aborto!

1 de cada 10 adolescentes ficará grávida este ano.

4 de cada 5 destas gestações são fora do casamento.

30 mil desses casos são de meninas abaixo de 15 anos!

40% de todas as meninas de 14 anos nos EUA ficarão grávidas pelo menos uma vez até completarem 20 anos!

Mais de 70% dos adolescentes farão sexo antes de chegarem aos 20 anos.

60% de todos os adolescentes cristãos já tiveram relações sexuais.

- Suicídio – 1.000 adolescentes por dia tentam o suicídio.

- Abandonar a igreja – 96% dos adolescentes cristãos deixam a igreja dentro de dois anos após terminarem o Ensino Médio. Menos de 30% voltam um dia.

- Vida antissocial – A vida interna e externa passa a se expressar pelo “fora da lei”, a criminalidade.

Com certeza, cada filho que nasce é como um sonho que enche os pais de expectativas positivas. Na parábola que vimos, o filho mais novo era um dos projetos do pai sonha-dor, assim como os filhos hoje. A maneira como aquele pai tratava os dois filhos em meio às contradições comportamentais deles revela as intenções do seu coração.

Mas, em geral os pais se culpam pelos problemas que os filhos passam, pela rebeldia e por abandonar os caminhos do Senhor. Também questionam a Deus: “Por que meu filho não se comporta adequadamente, não anda de acordo com o que seria conside-rado correto, se eu procurei fazer o melhor que pude? Onde eu errei?”

Pai algum jamais, por vontade própria, levou os filhos a se tornarem pródigos. Esta é uma decisão pessoal dos filhos. Temos alguns exemplos na Bíblia de filhos que toma-ram decisões contrárias à vontade do pai: Adão e Eva, Caim, Esaú, Hofni e Finéias. O pai de Sansão planejou o melhor para o filho, mas as coisas não saíram como ele esperava. O pai de Judas Iscariotes com certeza não gerou o filho para ser o traidor de Jesus. O

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pai de Saul nunca imaginou que o seu filho teria aquele fim (suicidou-se). O pai do rei Manassés não gerou um filho para ter atitudes monstruosas, como aconteceu. Por isso, a parábola do filho pródigo nos ensina justamente isto: nem tudo na família sai como nós planejamos.

Mesmo procurando fazer o seu melhor os pais, por vezes, erram por falta de diálogo, divórcio, novo casamento, distância, vida devocional fraca, amizades, influências nega-tivas, escola secular. É necessário buscar orientação e informações seguras para tentar corrigir o que é possível corrigir, e evitar erros futuros.

Quanto à decisão dos filhos, não podemos nos esquecer: a decisão da escolha da vida que eles querem cabe a eles, os filhos, e não a nós, os pais. Nenhum pai pode tomar decisão alguma no lugar dos filhos. O próprio Deus não interferiu na escolha de Lúcifer e, muito menos, interferirá na escolha do homem, pois a lei do livre arbítrio é funda-mental no relacionamento de Deus com suas criaturas.

4. O REFÚGIO

Para os pais: Se abrigar nas asas do Senhor, buscar orientação divina (oração).

Para os filhos: Ouvir os pais e tomar a atitude certa.

PAIS: Educar filhos não é tarefa fácil. Por isso, devemos buscar na Palavra de Deus, que é nosso manual, as orientações e instruções de como agir diante dos filhos, principal-mente daqueles que são ingratos. Não queira fazer as coisas do seu jeito, ou da mesma forma que seu pai fez com você. Temos que buscar na Bíblia as orientações corretas.

Sabemos que no mundo teremos aflições, mas devemos ficar tranquilos, pois Jesus venceu o mundo! (Jo 16:33). Todos passam por problemas, a diferença está onde sua casa está sendo construída. Em Mateus 7:24-25 lemos: “Todo aquele, pois, que ouve es-tas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e de-ram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha”. Jesus disse que quem ouve e pratica a Sua Palavra tem a garantia de que a sua casa não vai cair quando vier a tempestade.

No caso da parábola do filho pródigo, a casa do pai estava sendo edificada sobre a ro-cha, por isso não ruiu. O filho voltou porque tinha a certeza do amor do pai. Por isso, se seu filho foi longe demais, continue a amá-lo e deixe a porta sempre aberta, porque um dia, com a graça de Deus, ele voltará para os braços do Pai.

FILHOS: Ouçam os conselhos do pai, não se afaste dos braços do Senhor. O inimigo tem artimanhas para seduzir cada um dos jovens. Se o diabo não puder usar o fracasso para derrubar você, ele usará o sucesso. Os homens que têm sua vida construída segundo os princípios das Escrituras Sagradas não se perdem quando conquistam posições eleva-das ou assumem qualquer tipo de poder. Pelo contrário, eles glorificam a Deus através de suas vidas.

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Temos na Bíblia vários exemplos de jovens que se mantiveram firmes, apesar das ad-versidades, como Daniel e seus amigos, José, filho de Jacó. Este tinha tudo para ser um pródigo: pai enganador, família desestruturada, rejeitado pelos irmãos, órfão de mãe, vendido como escravo, longe de casa... e depois teve poder em suas mãos. No entanto, a despeito de tantos problemas e tentações, ele escolheu servir a Deus.

Jovem, você também pode escolher, independentemente de suas perdas e sofrimentos passados, ou tentações atuais, permanecer nos braços do pai.

5. HISTÓRIA

ILUSTRAÇÃO 1 – Não se menospreze pela observação dos outros

Havia nos Andes duas tribos em guerra. Uma vivia na parte baixa; a outra, na parte alta das montanhas. Um dia, a parte baixa foi invadida pelos povos do alto, que, além de saquearem os inimigos, raptaram um bebê e o levaram para as montanhas.

Os povos da parte baixa não conheciam os caminhos usados pelos povos da montanha. Não sabiam como chegar ao alto, como chegar aos inimigos ou rastrear seus passos pe-los terrenos escarpados. Mesmo assim, enviaram seus melhores guerreiros para subir a montanha e trazer a criança de volta.

Os homens tentaram diferentes métodos de escalada. Primeiro um caminho, depois outro. Após vários dias de esforços, não tinham subido nem 500 metros. Sentindo-se impotentes e sem esperança, os homens da parte baixa consideraram a causa perdida e se prepararam para voltar para sua cidade.

Enquanto arrumavam o equipamento para a descida, viram a mãe do bebê andando na direção deles. Perceberam que ela estava descendo a montanha que eles não ti-nham conseguido subir. E então descobriram que o bebê estava amarrado às costas da mulher. Como era possível?

Um dos homens a saudou, dizendo: “Nós não tivemos êxito em subir a montanha. Como você chegou ao alto se nós, os homens mais fortes e capazes da cidade, não con-seguimos?” Ela encolheu os ombros e respondeu: “É que não era o filho de vocês que estava lá”.

HACMA 67

Pais, como ajudar seu filho a não ser um pródigo, ou deixar de ser um, tomando atitu-des conscientes e eficientes:

- Não aceitar a chantagem dele.

- Confrontá-lo com a realidade dos fatos de que ele escolheu ser assim.

- Oferecer ajuda para a mudança.

Algumas ações educativas na formação dos filhos:

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- Ter horário certo para ir para a cama.

- Honestidade irrestrita.

- Acompanhamento à frequência à escolar.

- Comportamento escolar.

- Tarefa exigida, tarefa cumprida.

- Álcool e drogas proibidos.

- Uso do carro, quando na idade certa, controlado.

- Regras para encontros com amigos e ou namorada(o).

- Vestuário decente.

- Cortesia em todos os momentos.

- Demonstrar amor e respeito pelo cônjuge e filho.

- Vida coerente entre o que fala e vive.

ILUSTRAÇÃO 2 – Meu filho é “perfeito”. Ele anda

Aos 26 anos, tive um lindo bebê. Seu cabelo era escuro, seus olhos, verdes, e tinha os cílios mais longos que eu jamais vira. Falou aos nove meses, andou aos dez e, aos dois anos, já esquiava. Era minha alegria e eu sentia por ele um amor intenso, que nem ima-ginava ser possível existir.

Como todas as mães, eu sonhava com o futuro de George. Quem sabe seria um enge-nheiro? Um esquiador, com certeza. Era tão inteligente que frequentava uma escola especial. Uma vez, eu contava uma dessas “histórias de mãe” para uma amiga e ela per-guntou: “Que bom que George é perfeito. Você o amaria tanto se ele não fosse?” Pensei sobre a pergunta, mas a esqueci até o ano seguinte.

Um dia, aos oito anos, George se levantou com o pé apontando para cima, só conse-guindo andar se apoiando no calcanhar. Percorremos consultórios médicos enquanto o problema atingia uma perna, depois a outra. Ouvimos alguns diagnósticos até chegar ao de distonia generalizada, um problema neurológico. Ele perderia a capacidade de andar e talvez o controle da maioria dos músculos, num doloroso processo.

Eu sentia muito ódio de Deus, que fizera aquela maldade comigo e com meu filho, e de mim, que de alguma forma causara nele um problema genético, e de George, por sua deformação.

Eu me envergonhava de andar com ele na rua. As pessoas o viam e rapidamente me olhavam com pena. Às vezes, eu não suportava olhá-Io, de tão torto e feio. Gritava para que ele andasse reto, porque não aguentava ver como ele se tornara deformado. Geor-ge sorria, dizendo: “Estou tentando, mamãe.”

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Eu não o achava mais bonito. Só conseguia ver suas pernas tortas, seus braços, costas e dedos tortos. Não queria mais amá-Io, porque tinha medo de perdê-lo. Não podia mais sonhar com o que ele seria no futuro, pois nem sabia se ele teria um futuro. Pensava sempre que não poderia dançar com ele no seu casamento.

Um dia, fiquei de coração partido ao vê-Io tentar colocar seus pés tortos no seu amado skate, e tratei de guardá-Io no armário, dizendo que era para ele “usar depois”. Toda vez que lia para George na hora de dormir, ele me perguntava a mesma coisa: “Se rezarmos muito, você acha que vou estar andando quando acordar?” “Não, mas acho que deve-mos rezar de qualquer jeito.” “Sabe, mamãe, os outros meninos me chamam de aleija-do, não querem mais brincar comigo. Não tenho mais amigos. Odeio eles. Me odeio.”

Tentamos todos os remédios, dietas e médicos possíveis. Procurei o centro de pesquisas sobre a doença e fundei a Associação Inglesa dos Portadores de Distonia. Dirigi minha vida para procurar a cura para esse mal, querendo que meu filho voltasse a ser normal.

Aos poucos, a relação com George foi me ensinando a perdoar, mas eu ainda me sen-tia paralisada pelo medo. Foi quando uma amiga me levou a um grupo de meditação, onde aprendi a praticar diariamente. Fui adquirindo uma paz interior que não conhe-cera antes, mesmo quando meu filho era perfeito. Descobri que o problema que vivía-mos era uma chance de crescimento para nós, tão dolorosa quanto preciosa. Agora, o amor parecia maior do que qualquer sensação que eu pudesse compreender. Vi que George era meu professor e que a lição era o amor.

Sei que George sempre será um pouco diferente das outras crianças – mas é meu filho querido. Parei de ter vergonha quando seu corpo não estava reto. Aceitei que ele cres-cesse com perspectivas diferentes das outras pessoas. Mas ele se desenvolveu com mais paciência, mais ambição e mais coragem do que qualquer pessoa que eu já conhecera.

Aos 18 anos, George conseguiu esticar uma das pernas. Jogou fora uma muleta. No mês seguinte, jogou a outra. Seu andar era capenga, mas andava sozinho. Veio visitar-me logo depois disso e, quando abri a porta de casa, vi na minha frente um rapaz alto e bonito. “Oi, mamãe”, ele sorriu. “Quer ir dançar?”

Numa recente reunião de minhas colegas de escola, todas comentavam os sucessos dos filhos. “Meu filho é músico.” “Minha filha é médica.” Quando chegou minha vez, falei com extremo orgulho: “Meu filho anda. E ele é perfeito.”

Sharon Drew Morgan

Nossa missão não é termos filhos perfeitos. Nossa missão é amarmos nossos filhos, do jeito que são, do jeito que Deus nos deu. Se há necessidade de um milagre, ele só ocorrerá por meio desse amor sem medida!

Espere em Jesus!

Sharon e Georg

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6. CONCLUSÃO

Na parábola do filho pródigo, o que poderia ser uma tragédia se transformou num mo-mento de festa e alegria. O pai do filho pródigo foi sábio ao lidar com a sua saída e o seu retorno para casa. Saber esperar o agir de Deus fez e faz toda a diferença.

As atitudes do pai em não impedir o filho de sair, não antecipar o seu retorno e recebê-lo quando decidiu voltar, foram decisões sábias, embora difíceis.

Mas, ser pai é isso. É a cada dia aprender lidar com as situações adversas, saber contor-nar as dificuldades que o lar enfrenta. A paternidade é uma missão e um ministério. Ser pai é estar preparado para cada nova etapa. Nunca podemos descansar e dizer que nossa missão acabou. Ela só acabará quando estivermos nas mansões celestiais. Lá não teremos mais pródigos e estaremos todos seguros, eternamente, nos braços do nosso Pai.

Enquanto isso, seja sábio, submeta-se a Deus, viva em Sua presença e desfrute das ale-grias da paternidade!

E lembre-se, está escrito: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribu-lações” (Sl 46:1).

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ANOTAÇÕES