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Universidade de São Paulo (São Carlos) Kadu Vinicius Toledo Paulino 8911122 Monografia Autismo Psicologia da Educação II . Profº: José Fernando Fontanari São Carlos 2015

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 Universidade de São Paulo (São Carlos)

 

 

   

Kadu Vinicius Toledo Paulino 8911122

 

 

 

 

Monografia Autismo

 

 

 

 

Psicologia da Educação II .

Profº: José Fernando Fontanari  

 

 

 

 

 

 

São  Carlos  2015  

Sumário

1.

Resumo....................................................................................................................3

2. Introdução.................................................................................................................3

3. Histórico....................................................................................................................4

4. Definição e Relações do Autismo.............................................................................7

5. Alguns Tratamentos do

Autismo...............................................................................9

6. Autismo, o lado bom das coisas

ruins.....................................................................11

7. Autismo infantil e

Epidemiologia..............................................................................12

8. Inclusão

Escolar......................................................................................................13

9. Curiosidades sobre Autismo...................................................................................16

10. Conclusão.............................................................................................................18

11.

Referências...........................................................................................................19

RESUMO

O termo autismo é bastante usado tanto na área de saúde como na área de

humanas em busca de uma resposta do porque é causado e como pode ser tratado.

Diante disso obtemos diversas experiências e teorias feitas por psicólogos e

psiquiatras, sendo que algumas dão ênfase na busca por uma resposta biológica

relacionando-se com gerações futuras e seus respectivos genes e outras relacionam

o autismo a uma característica da esquizofrenia e também uma relação com a

síndrome de Asperger. Nesta perspectiva enquanto não a definições concretas

sobre como pode ser tratado e de onde vem, é indispensável a mobilização das

pessoas para a interação com os que possuem Autismo, sendo que se trata de um

transtorno e não uma deficiência, uma diferença fundamental na busca pela

harmonia em relação a sociedade. É indispensável a mobilização na educação

infantil que pode ser feita pelos professores visto que Leo Kanner define o Autismo

infantil precoce em 1943.

Palavras-chave: Autismo, Transtorno, Inter-relação e Educação Infantil.

INTRODUÇÃO:

O termo autismo é caracterizado por um distúrbio neurológico afetando o

comprometimento social, comunicação verbal e não verbal e um comportamento

restrito e repetitivo principalmente em crianças que o possuem. A maioria das

crianças nascem sem nenhuma disfunção, mais ao passar do tempo, provavelmente

entre os cinco anos ela vai mostrando os sinais do transtorno através principalmente

da não socialização, ou seja interação com outras pessoas, estranhos

comportamentos de não falarem, se comunicarem e a questão da alienação em

relação ao mundo em sua volta.

O autismo segundo pesquisas é altamente hereditário oriundo de gerações de pais

anteriores que possuem o gene do transtorno, ele afeta o processamento de

informações no cérebro alterando a forma como as células nervosas e suas

sinapses se conectam e se organizam, como isso ocorre ainda não é bem

compreendido.

Geralmente, o autismo é diagnosticado por médico neuropediatra, por psicólogo ou

por psiquiatra especializado em autismo (os critérios de diagnósticos utilizados são

avaliações completas com base na DSM.IV ou, no Brasil, o CID), porém ao receber

um paciente ainda sem diagnóstico no consultório psicopedagógico, o profissional

precisa ter conhecimento suficiente para reconhecer o transtorno e fazer a

intervenção e o encaminhamento correto.

Uma criança autista quando não é diagnosticada na infância é condenada a viver em

um mundo que as vezes nem ela própria pode compreender pois seu transtorno

cerebral afeta inteiramente sua socialização. Portanto é indispensável a ação de

professores nesse momento, que podendo conviver com crianças autistas possam

identificar o transtorno e assim tomar as providencias necessárias para que o

mesmo possa ser diminuído ainda na infância.

HISTÓRICO:

“… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não conhece os

costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. Você, na tentativa de se

organizar e entender esse ambiente, provavelmente apresentará comportamentos que os

nativos acharão estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us

learn – Ajude-nos a aprender.)  

Esta frase pode ser utilizada para compreender a maneira de uma criança portadora

do Transtorno de Espectro Autista pensar, sentir e se comportar. Muitos dizem

realmente que o autista constrói para sí uma realidade paralela, alheia a nossa, e

por viver “lá dentro” não consegue se comunicar com os outros que vivem no mundo

“real”.

A palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se para sí mesmo”.

A primeira pessoa a utilizá-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler para se referir

a um dos critérios adotados em sua época para a realização de um diagnóstico de

Esquizofrenia. Estes critérios, os quais ficaram conhecidos como “os quatro ‘A’s de

Bleuler, são: alucinações, afeto desorganizado, incongruência e autismo. A palavra

referia-se a tendência do esquizofrênico de “ensimesmar-se”, tornando-se alheio ao

mundo social – fechando-se em seu mundo, como até hoje se acredita sobre o

comportamento autista, ou seja a alienação ao mundo em sua volta.

Em 1943 o psicólogo norte americano Leo Kanner estudou com mais atenção 11

pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. Observou neles, o autismo como

característica mais marcante; neste momento, teve origem a expressão “Distúrbio

Autístico do Contato Afetivo” para se referir a estas crianças. O psicólogo chegou a

dizer que as crianças autistas já nasciam assim, dado o fato de que o aparecimento

da síndrome era muito precoce. A medida em que foi tendo contato com os pais

destas crianças ele foi mudando de opinião. Começou a observar que os pais destas

crianças estabeleciam um contato afetivo muito frio com elas, desenvolvendo então

o termo “mãe geladeira” para referir-se as mães de autistas, que com seu jeito frio e

distante de se relacionar com os filhos promoveu neles uma hostilidade inconsciente

a qual seria direcionada para situações de demanda social. Após algumas reflexões,

este mesmo autor, em 1949, define o autismo infantil precoce, caracterizando-o por

dificuldade profunda no contato com as pessoas, um desejo obsessivo de preservar

as coisas e as situações, uma ligação especial aos objetos e a presença de uma

fisionomia inteligente, além das alterações de linguagem que se estendiam do

mutismo a uma linguagem sem função comunicacional, revelando inversão

pronominal, neologismos e metáforas. O autismo infantil precoce ainda está

intimamente relacionado à esquizofrenia infantil, podendo ser uma manifestação

prematura desta patologia.

As hipóteses de Kanner tiveram forte influência no referencial psicanalítico da

síndrome que pressupunha uma causa emocional ou psicológica para o fenômeno, a

qual teve como seus principais precursores os psicanalistas Bruno Bettelheim e

Francis Tustin.

Bettelheim, em sua terapêutica, incitava as crianças a baterem, xingarem e

morderem em uma estátua que, pelo menos para ele, simbolizava a mãe delas.

Tustin, por outro lado, acreditava em uma fase autística do desenvolvimento normal,

na qual a criança ainda não tinha aprendido comportamentos sociais e era chamada

por ela de fase do afeto materno, funcionando como uma ponte entre este estado e

a vida social. Se a mãe fosse fria e suprimisse este afeto, a criança não conseguiria

atravessar esta ponte e entrar na vida social normal, ficando presa na fase autística

do desenvolvimento. Em 1960, no entanto, a psicanalista publica um artigo no qual

desfaz a idéia da fase autística do desenvolvimento.

Naquela época a busca pelo tratamento psicanalítico era muito intensa. Muitas

vezes as crianças passavam por sessões diárias, inclusive no domingo. O preço

pago era muito alto. Muitas famílias vendiam seus bens na esperança de que aquele

método as ajudasse a corrigir o erro que haviam cometido na criação de seus filhos.

Com o advento da década do cérebro, no entanto, estas idéias começaram a ser

deixadas de lado – além de não estarem satisfazendo as expectativas dos pais. A

partir de 1980 foram surgindo novas tecnologias de estudo, as quais permitiam

investigação mais minuciosa do funcionamento do cérebro da pessoa com exames

como tomografia por emissão de pósitrons ou ressonância magnética. Doenças que

anteriormente eram estudadas apenas a partir de uma perspectiva psicodinâmica

passaram a ser estudadas de maneiras mais cuidadosas, deixando de lado o cogito

cartesiano.

Já na década de 60 o psicólogo Ivar Lovaas e seus métodos analítico

comportamentais começaram a ganhar espaço no tratamento da síndrome. Seus

resultados apresentavam-se de maneira mais efetiva do que as tradicionais terapias

psicodinâmicas. E já naquela época as psicologias comportamentais sofriam forte

preconceito por parte dos psicólogos de outras abordagens. Durante as décadas de

60 e 70 os psicólogos comportamentais eram consultados quase que apenas depois

que todas as outras possibilidades haviam se esgotado e o comportamento do

autista tornava-se insuportável para os pais e muito danoso para a criança.

Na década de 90 Hans Asperger, pediatra austríaco estudou e descreveu crianças

nas quais em seus cotidianos apresentavam falta de habilidades na linguagem não

verbal, demonstravam limitada empatia por seus pares e eram fisicamente

desajeitadas. Então ele definiu a Síndrome de Asperger (SA), também conhecida

como Transtorno de Asperger ou simplesmente Asperger no qual seria uma

condição psicológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas

na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento

repetitivos e interesses restritos. Difere de outros transtornos do espectro autista

pelo desenvolvimento típico da linguagem e cognição.

Por fim já no século XXI, espectro autista, também referido por desordens do

espectro autista (DEA, ou ASD em inglês) ou ainda condições do espectro

autista (CEA, ou ASC em inglês) foi elaborado. Ele nada mais é que um espectro de

condições psicológicas caracterizado por anormalidades generalizadas de interação

social e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento

altamente repetitivo. Basicamente as três formas principais de DEA são autismo,

síndrome de Asperger e PDD-NOS, que se uniram formando um simples

diagnóstico.

DEFINIÇÃO E RELAÇÕES DO AUTISMO:

Talvez você já tenha visto algum filme com pessoas autistas e tenha ficado com a

ideia de que são “muito inteligentes” ou “fechados em seu próprio mundo”. Isso não

reflete toda a realidade.

A maioria das crianças chegam a idade de dois anos meio que se expressando

através de um vocabulário razoável, fazem pedidos aos pais, perguntam e

respondem a questões simples como “qual é seu nome?” ou “quantos anos você

tem?”. Algumas porem, ao chegar nessa idade deixam de falar, evitam o olhar das

outras pessoas ou passam a exibir movimentos ritmados, como balançar as mãos

ou o corpo. Agem como se fossem surdas em alguns casos e, em outros

conseguem captar um pequeno ruído, como uma agulha caindo ao chão. Tendem a

ficar longos períodos sozinhas às vezes em frente à televisão. Algumas leem

palavras soltas ou até mesmo frases em revistas, que dá impressão de serem

superdotadas. Na maioria dos casos já mostrava movimentos repetitivos e tinha

vocabulário limitado, mas sem se destacar das outras crianças. Só com o passar do

tempo essas características são percebidas. Basicamente o autismo exibe uma

característica de euzismo (egoísmo) frente a sociedade.

Uma importante característica do autismo é sua inter-relação com diversas áreas

mais abrangentes como a Esquizofrenia, sendo considerado um dos sintomas da

patologia, e com a síndrome de Síndrome de Asperger que foi considerada por

muitos anos como uma condição distinta, porém próxima e bastante relacionada ao

autismo.

Os sintomas mais comuns da esquizofrenia envolvem alterações especificas do

pensamento, da percepção sensorial, do comportamento e do afeto. Um ou mais

destes sintomas podem estar presentes em uma pessoa com esquizofrenia. No

entanto é importante ressaltar que outras doenças também podem apresentar

alguns destes sintomas e um diagnóstico final só poderá ser feito por um profissional

habilitado.

A Síndrome de Asperger, assim como o autismo, foi incorporada a um novo termo

médico chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Com essa nova

definição, a síndrome passa a ser considerada, portanto, uma forma mais branda de

autismo. Dessa forma, os pacientes são diagnosticados apenas em graus de

comprometimento, e assim o diagnostico fica mais completo. O Transtorno do

Espectro Autista é definido pela presença de “Déficits persistentes na comunicação

social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história

prévia”, de acordo com o DSM-V(Manual Diagnostico e Estatístico dos Transtornos

Mentais) .

Como a Síndrome de Asperger só foi reconhecida recentemente como um

transtorno do espectro autista, o número exato de pessoas portadoras da doença

ainda não é certo. Estimativas mostram que a ocorrência do transtorno pode ser

mais comum do que se acreditava: uma entre 250 crianças aparentemente são

diagnosticadas com a síndrome. Outros números dos Estados Unidos mostram que

a incidência da doença pode ser bem menor (uma em cada dez mil crianças,

aproximadamente).

Dentre alguns sintomas da Síndrome de Asperger destacam-se:

Problemas com habilidades sociais: Pessoas geralmente tem dificuldade para

interagir com outras pessoas e muitas vezes comportam-se de forma estranha em

situações da sociedade. Geralmente este tipo de pessoa não realiza uma amizade

fácil, pois tem dificuldades em iniciar e manter uma conversa.

Comportamentos excêntricos ou repetitivos: Pessoas criam um comportamento

anormal que envolve comportamentos repetitivos e estranhos, como torcer os dedos

por exemplo.

Dificuldades de comunicação: As pessoas com esse transtorno não costumam fazer

contato visual ao falar com alguém. Elas podem ter problemas no uso de expressões

de linguagem.

Poucos interesses: A pessoa desenvolve um interesse intenso por algo especifico

como a pratica de exercícios e esportes ou até mesmo a matemática e mapas.

Habilidades e talentos: Muitas pessoas com a síndrome são excepcionalmente

inteligentes, talentosas e especializadas em uma determinada área, como a música

e a matemática por exemplo. Acredita-se que Siir Isaac Newton e Albert Einstein

criadores da teoria do espaço envolvendo a gravidade possuíam a Síndrome de

Asperger.

Através disso o espectro autista engloba diversos sintomas que podem ser desde os

mais simples até os mais complexos, juntando os sintomas do autismo, Síndrome de

Asperger e também PDD-NOS. Esse termo pode ser entendido como diversas

formas e estágios do próprio autismo.

ALGUNS TRATAMENTOS DO AUTISMO:

A análise aplicada do comportamento (ABA) é a ciência de mudança no

comportamento na qual procedimentos da aprendizagem operante são aplicados

para melhorar o comportamento socialmente adaptável e a evolução de novas

habilidades através de práticas intensas e reforços deliberados. A ABA utiliza um

processo que começa com o desenvolvimento de planos de tratamento, mostrando o

motivo e a função de excessos e deficiências de comportamento, seleção de

técnicas apropriadas, e modificação e avaliação contínuas do tratamento através de

coleta de dados sistemática. As avaliações funcionais de comportamento são um

conjunto de avaliações de estratégias que fornecem informações sobre as variáveis

associadas com um comportamento específico. As técnicas de aprendizado

operantes usadas na intervenção da ABA para crianças com TEA são:

• Reforço positivo: uso de prêmio, lanche, comida, brinquedos para aumentar

comportamentos desejáveis;

• Moldagem: recompensa por aproximações ou componentes de um

comportamento desejável, até que esse comportamento almejado seja

alcançado;

• Desvanecimento: redução de instruções para aumentar a independência;

• Extinção: remoção de reforço, mantendo um problema comportamental;

• Punição: aplicação de estímulo indesejável para reduzir problemas

comportamentais;

• Reforço diferencial: reforço de uma alternativa socialmente aceitável ou a falta

de um comportamento;

Esse tratamento é visto como de primeira linha, principalmente para crianças que

possuem TEA no início da infância. No entanto existem contradições, pois estudos

mostraram que crianças mesmo depois de dois anos da intervenção ainda possuíam

TEA, salvo algumas exceções obviamente. Com isso criou-se uma estratégia

chamada Intervenção Comportamental Intensiva Precoce (EIBI) no qual seria uma

evolução no modelo ABA. A EIBI utiliza abordagens de ensino operantes para

reduzir problemas comportamentais e formação de julgamento discreto para

desenvolver novas habilidades, como atenção, imitação, recepção, etc.

As principais características do EIBI são:

• Foco no desenvolvimento precoce (crianças com menos de 5 anos de idade);

• Intensidade (instruções individuais ou em pequenos grupos, de 20 à 40 horas

por semana);

• Métodos direcionados à adultos;

• Abordagem sistemática (dividindo habilidades em componentes básicos);

• Caráter abrangente (ex. os objetivos incluem comunicação, socialização,

comportamentos adaptativos, comportamentos problemáticos).

Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com Déficit relacionados

com a Comunicação (TEACCH)

O TEACCH é um serviço clínico e programa de treinamento profissional baseado na

sala de aula, desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, e

iniciado em 1972 por Eric Schopler. Esse programa tem sido amplamente

incorporado nos contextos educativos norte-americanos, e tem contribuído

significativamente para uma base concreta de intervenções do autismo. A

abordagem do TEACCH é chamada de estrutura de ensino porque tem como base a

evidência e a observação de que indivíduos com autismo compartilham um padrão

de comportamentos, como as formas que os indivíduos pensam, comem, se vestem,

compreendem seu mundo e se comunicam. Os mecanismos essenciais da estrutura

de ensino consistem na organização do ambiente e atividades de maneiras que

possam ser compreendidas pelos indivíduos; no uso dos pontos fortes dos

indivíduos em habilidades visuais e interesse em detalhes visuais para suprir

habilidades relativamente mais fracas; no uso dos interesses especiais dos

indivíduos para engajá-los no aprendizado; e apoio ao uso de iniciativa própria em

comunicação significativa.

E por fim ainda temos Terapia Cognitivo-comportamental (TCC)

Um crescente número de relatórios começaram a fornecer evidências moderadas

para a eficácia da abordagem da TCC para crianças em idade escolar e jovens

adolescentes com TEA. Melhoras na ansiedade, na auto-ajuda e nas habilidades do

dia-a-dia têm sido relatadas, com 78% das crianças de 7 a 11 anos no grupo tratado

com a TCC classificadas com uma resposta positiva em um teste.Tais descobertas

encorajam a consideração de abordagens da TCC modificadas para abordar a

ansiedade em crianças com TEA que tenham alto nível funcional, o que é

importante, considerando que de 30 a 40% das crianças com TEA relatam níveis

altos de sintomas relacionados à ansiedade.

Esses tratamentos são de cunho comportamental, não existindo os físicos em

relação ao TEA.

AUTISMO, O LADO BOM DAS COISAS RUÍNS:

Simon Baron-Cohen psiquiatra de Cambridge concluiu que todo engenheiro é um

pouco autista, ou seja possui o gene do autismo. Simon buscava identificar se

estudantes com Síndrome de Asperger tinham predisposição a escolher alguma

área especifica de conhecimento. Fez um levantamento com alunos graduandos de

Cambridge e viu que os alunos de exatas eram mais propensos a possuírem a

doença. O estudo trouxe consequências suficientes para que os pais dos alunos de

Eindhoven, na Holanda, entrassem em contato com ele depois de identificarem uma

epidemia de autismo na cidade, que é conhecida pela concentração de empresas

voltadas para a tecnologia. Baron-Cohen comparou Eindhoven com outras duas

cidades, Haarlem e Utrecht que possuem um número semelhante de habitantes e

levantou a porcentagem de pessoas que estão empregadas em tecnologias: 30, 16

e 17% respectivamente. Depois pesquisou a prevalência de autismo diagnosticado

nas cidades 229 por 10 mil crianças em Eindhoven contra 84 e 57 nas outras. Para

Baron-Cohen, isso é um indício de que de que em regiões onde pais tem empregos

relacionados a “sistematização”, como o da tecnologia da informação, terão uma

taxa de autismo maior em suas crianças. Portanto se torna um resultado polemico,

indica que as pessoas naturalmente mais aptas para a ciências exatas carregam

mais genes ligado ao autismo do que a média da população. E mais: é uma

evidencia de que essa aptidão seja, por si só, uma forma leve de autismo.

Diante dessa experiência feita por Simon podemos destacar a importância dessas

pessoas na área de exatas, para o aprimoramento e desenvolvimentos de novas

tecnologias, teorias cientificas e diversos outros fatores devido a um quociente maior

de inteligência.

AUTISMO INFANTIL, EPIDEMIOLOGIA:

Após a descrição de Kanner, em 1943, que denominou o quadro de “Autismo Infantil

Precoce”, diversos estudos sobre o autismo começaram a ser produzidos nas áreas

da psiquiatria infantil e psicologia médica. A preocupação em relação ao modo como

os pais (cuidadores diretos, por sua presença ao lado do filho) percebem que a

criança autista sempre foi enfoque de diversos trabalhos. Kanner fez referência

repetida pela observação de vários outros autores, a uma possível associação do

alto nível intelectual e bom nível socioeconômico encontrado em vários pais de

autistas. Inicialmente, os estudos tenderam a caracterizar os pais das crianças

autistas como emocionalmente frios apresentando dificuldades no estabelecimento

do contato afetivo. A partir dos estudos mais recentes, nota-se uma diferença nessa

perspectiva: os pais deixam de ser vistos como pessoas desligadas, frias e que

poderiam ter alguma característica de personalidade predisponente ao autismo de

seus filhos, para serem concebidos como cuidadores que criam e se relacionam de

maneira normal com suas crianças.

Sua epidemiologia corresponde a aproximadamente 1 a 5 casos em cada 10.000

crianças, numa proporção de 2 a 3 homens para 1 mulher. Observa-se assim uma

predominância do sexo masculino, conforme citado por Frith (1989) ou pelo próprio

DSM IV, embora quando analisamos as etiologias prováveis, não encontremos

grande número de patologias vinculadas especificamente ao cromossoma X, o que

justificaria essa diversidade. Refere-se ainda que quando diferentes faixas de QI são

examinadas, tem-se um predomínio ainda maior de indivíduos do sexo masculino,

chegando-se a razões de 15:1, contrariamente a quando são avaliadas populações

com QI superior a 50.

A idade usual de atendimento, caracterizando de forma clara a dificuldade no

diagnóstico precoce, confirma o descrito por Baron-Cohen (1992): que a idade

média para a detecção do quadro é ao redor dos 3 anos, embora o autor sugira que

o diagnóstico já possa ser bem estabelecido ao redor dos 18 meses de idade.

Estudos realizados com grandes amostras de portadores das chamadas psicoses

infantis referem uma distribuição bimodal, com um grupo de crianças apresentando

graves problemas já nos primeiros anos de vida, enquanto o outro apresenta essas

dificuldades somente após um período de desenvolvimento aparentemente normal.

INCLUSAO ESCOLAR:

Desde 2000 tem ocorrido um aumento significativo da inserção escolar de alunos

com Autismo, embora os percentuais de matricula não correspondam a estimativa

de pessoas que estão afetadas. De acordo com Gomes e Mendes, tal crescimento

de pessoas matriculadas com autismo deveria ser mais significante, pois o número

de sujeitos com Autismo é superior aos com Síndrome de Down, com isso o número

de matricula também deveria ser, o que não vem ocorrendo. Do total de alunos

especiais matriculados, 5,9% correspondem a Síndrome de Down e apenas 1,5%

desses correspondem ao Autismo.

“Ou poucos alunos com autismo estão matriculados em escolas, sejam elas regulares ou

especiais, ou muitos alunos com autismo foram enquadrados em outras categorias, como a

de condutas típicas, que representa 12,4% das matrículas, ou mesmo na de deficiência

mental que representa 43,4%. As duas hipóteses são bastante viáveis, considerando que a

complexidade da condição do autismo pode ser um fator que dificulte a entrada de pessoas

com esse diagnóstico em escolas. Por outro lado, a falta de diagnóstico diferencial mais

preciso pode levar ao enquadramento dessas pessoas na categoria de condutas típicas,

devido a presença de comportamentos típicos no autismo, ou ainda na categoria de

deficiência mental, em função da alta porcentagem de deficiência intelectual associada ao

autismo (GOMES e MENDES, 2010 apud MENEZES, 2012, p. 49).”

Esses são motivos importantíssimos para que as pessoas não se tornem alienadas

em relação ao assunto e com isso ocorra um investimento por parte do governo em

relação a demanda de mais profissionais qualificados para a inclusão escolar. O

importante disso tudo é que os alunos estejam sendo incluídos da melhor maneira

possível e desenvolvendo como consequência a superação de suas dificuldades

pessoais. Meneses em um trecho mais uma vez sinaliza questões importantes para

a qualidade na pratica da inclusão:

“É preciso então analisar a forma como a inclusão está sendo implementada, se está ou não

gerando aprendizagem e se vem se configurando como uma experiência positiva, não só

para os alunos, mas também para os demais envolvidos com a proposta (familiares,

professores do ensino comum e especial), levando em consideração o momento em que a

inclusão com frequência no espaço da escola comum será iniciado, além de outras variáveis

(2012, p.51)”.

As escolas podem trazer inúmeras vantagens no desenvolvimento desses sujeitos,

então devemos acreditar e defender a inclusão escolar. A escolarização de crianças

que possuem autismo ainda está em construção devido aos diferentes modos de

compreender essas crianças, seus desenvolvimentos e as divergências em relação

ao grau de autismo. Mas historicamente sabemos que a escolarização ficou por

conta das instituições especializadas de educação especial. O atendimento da

criança com autismo baseava-se no modelo clinico no qual o trabalho educativo

estava centrado na deficiência do aluno, visando corrigir e amenizar déficits, com

isso criou-se a imagem de uma criança que possui incapacidade de desenvolver

aprendizagens.   Incluir a criança com autismo vai além de colocá-la em uma escola

comum, em uma sala regular; é preciso proporcionar a essa criança aprendizagens

significativas, investindo em suas potencialidades, constituindo, assim, o sujeito

como um ser que aprende, pensa, sente, participa de um grupo social e se

desenvolve com ele e a partir dele, com toda sua singularidade. O processo de

aprendizagem deve ser baseado em uma perspectiva não-linear, proporcionada por

todos os tipos de escolas, tanto especial quanto regulares de acordo com Vigotski:

“Assim como as crianças normais apresentam particularidades em seu desenvolvimento, o

mesmo acontece com a criança deficiente que se desenvolve de um modo distinto e

peculiar, ou seja, elas necessitam de caminhos alternativos e recursos especiais. A

educação especial, por caminhos diferentes, precisa promover experiências que invistam no

desenvolvimento cultural da criança, sua participação nos diferentes espaços e atividades

cotidianas.”

Atualmente foi sancionada uma Lei n 12.764 pela presidente Dilma Rousseff que

institui “Política Nacional de Proteção dos Direitos de Pessoas com Transtorno do

Espectro Autista”. A medida faz com que passem a ser considerados oficialmente

pessoas com deficiência, tendo direito a todas políticas inclusivas do país, entre

elas, a educação. O texto estabelece que o autista tem direito de estudar em escolas

regulares, tanto na Educação Básica quanto no Ensino Profissionalizante, e, se

preciso, pode solicitar um acompanhante especializado. Ficam definidas, também,

sanções aos gestores que negarem a matrícula a estudantes com deficiência. A

punição será de três a 20 salários mínimos e, em caso de reincidência, levará à

perda do cargo. Visto que existem casos mais extremos de autismo no qual devem

ser tratados como exceções. A Educação Especial pode até acolher melhor e ter

métodos interessantes, mas o deficiente só convive com semelhantes. O autista tem

problemas com a socialização e a convivência. Ao colocá-lo em contato com outros

alunos, é possível puxá-lo da zona de conforto e ajudá-lo a conviver em sociedade.

Não adianta mantê-lo em uma bolha.

Também é de suma importância o papel da escola e do professor nessa inclusão:

A escola deve conhecer as características dessas crianças e buscar acomodações

necessárias, apresentar palestras e minicursos em busca de novas informações

para treinar os diversos profissionais que trabalharão frente a esses alunos, buscar

consultores para avaliar precisamente essas crianças, preparar programas de

incentivo a educação em diversos perfis, visto que os autistas podem possuir

diferentes estilos e potencialidades, ter professores cientes que inclusive a avaliação

da aprendizagem deve ser adaptada, alterar o ambiente se possível que não for

propicio ao aluno, criar atividades físicas regulares que é indispensável para o

trabalho motor, o aluno deve participar de atividades que ele possa obter sucesso,

especialmente as socializadoras e para finalizar as escolas deveram demonstrar

sensibilidade às necessidades do indivíduo e habilidades para planejar com a família

o que deve ser feito ou continuado em casa.

Os professores tem a responsabilidade de mediar uma atenção direcionada as

necessidades especificas de cada aluno, mas sempre com o intuito de inseri-lo às

atividades de sala de aula, nunca propondo atividades diferentes. Além disso o

objetivo desses professores também deve ser ajuda-lo na socialização, que é uma

grande dificuldade apresentada pelo aluno com autismo.

CURIOSIDADES SOBRE AUTISMO:

Bocejo: é um ato involuntário de abrir a boca, o que leva a uma inalação profunda e

prolongada de ar. Acredita-se que seja uma ação involuntária, pois pesquisas

mostram que esse fenômeno pose ser observado em fetos de 11 semanas, além de

ser considerado contagioso. Alguns psicólogos demonstraram que o ato de bocejar

é um mecanismo que leva ao aumento de fluxo sanguíneo no sistema nervoso

central, promovendo resfriamento. De acordo com esses pesquisadores, do mesmo

modo que os computadores, o cérebro funciona mais eficientemente em

temperaturas mais baixas. Uma vez que esse órgão consome cerca de um terço das

calorias produzidas ingeridas, o calor resultante precisa ser liberado de alguma

forma. Com relação ao fato do bocejo ser contagioso, outro grupo de cientistas

londrinos dizem que o ato de bocejar associa-se à habilidade das pessoas

demonstrarem empatia entre elas, e por esse fato ele seria contagioso.

A pesquisa realizada por eles foi feita com 24 crianças portadoras de autismo e 25

que não apresentavam o transtorno. Foi observado que as crianças com autismo

bocejaram menos quando comparadas com as outras crianças ao assistirem vídeos

em que adultos aparecem bocejando. Teoricamente, isso aconteceria porque o

bocejo “contagioso” e a empatia entre os indivíduos apresentam mecanismos

neurológicos similares, e o autismo é um transtorno que prejudica a interação social

e a habilidade de comunicação dos portadores.

Alimentação do autista: Existe a hipótese de que proteínas como o glúten e a caseína estão envolvidas no desenvolvimento e progressão do transtorno. Muitos livros e sites da internet, especialmente nos EUA recomendam que indivíduos autistas eliminem estas substâncias de suas dietas. A proteína glúten está presente em alimentos feitos com aveia, centeio, cevada e trigo, Assim bolos, tortas, biscoitos, massas e pizzas quando feitos com estas matérias primas devem ser eliminados da dieta. A caseína é a proteína do leite dos mamíferos. Uma dieta livre de caseína deverá excluir o leite e todos os seus derivados como queijo e iogurte.  

Aplicativo destinado a crianças autistas: Trata-se do “Look At Me”, que tem como objetivo ajudar crianças com autismo e suas famílias a aprofundarem suas relações, onde, ao mesmo tempo melhora a interação com o mundo que os rodeia. O aplicativo funciona como um jogo que ensina as crianças a terem um maior contato visual e a ler as emoções nas expressões faciais, aproveitando assim a facilidade

destas crianças em interagir com dispositivos inteligentes. O dispositivo se utiliza de uma câmera de smartphone, onde a partir deste a criança autista pode sim aprender a identificar o rosto de uma pessoa ou até tirar fotos de si mesma, exibindo assim diversas emoções e poses diferentes além de identificar o humor de outras pessoas. Assim a pessoa autista desenvolve suas habilidades de comunicação.

Conclusão:

O autismo pode ser considerado um transtorno e não uma doença, visto que o

desenvolvimento de vias de pesquisa tem sido implantadas e aprimoradas na busca

de uma resposta na questão diagnostica. Ao mesmo tempo no entorno de

compreensões cientificas, temos também o entendimento de reflexões realísticas

que devem buscar o entendimento dessa população afetada, da maneira pela qual

as mesmas veem o mundo a sua volta, e assim ajuda-las da melhor maneira

possível, nesse sentido, destaca-se a ação da escola e de professores qualificados.

Os tratamentos tem sido importantes na busca pelo desenvolvimento de habilidades

que uma pessoa normal pode ter, mas existira a dificuldade nas áreas

caracteristicamente atingidas como por exemplo comunicação e interação social,

sendo que os mesmos podem ser minimizados e não curados. Portanto devemos ter

em mente que o autismo é na atualidade combatido através de métodos

comportamentais, devido à limitação de teorias cientificas.

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