autismo

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Autismo Vencendo esse desafio

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Autismo

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  • AutismoVencendo esse desafioConhea outros ttulos da srie Cmara Itinerante no portal da Cmara dos Deputados: www.camara.leg.br/editora

    PARTICIPE, FALE COM O CMARA ITINERANTE:

    [email protected]

  • Mesa da Cmara dos Deputados

    55 Legislatura 2015-2019 1 Sesso Legislativa

    PresidenteEduardo Cunha

    1 Vice-PresidenteWaldir Maranho

    2 Vice-PresidenteGiacobo

    1 SecretrioBeto Mansur

    2 SecretrioFelipe Bornier

    3 SecretriaMara Gabrilli

    4 SecretrioAlex Canziani

    Suplentes de Secretrio

    1 SuplenteMandetta

    2 SuplenteGilberto Nascimento

    3 SuplenteLuiza Erundina

    4 SuplenteRicardo Izar

    Diretor-GeralSrgio Sampaio Contreiras de Almeida

    Secretrio-Geral da MesaSilvio Avelino da Silva

  • Cmara dos Deputados

    AutismoVencendo esse desafio

    Centro de Documentao e InformaoEdies CmaraBraslia | 2015

  • CMARA DOS DEPUTADOS

    Diretoria-GeralDiretor-Geral: Srgio Sampaio Contreiras de AlmeidaDiretora-Adjunta: Cssia Regina Ossipe Martins Botelho

    Diretoria LegislativaDiretor: Afrsio Vieira Lima Filho

    Consultoria LegislativaDiretor: Eduardo Fernandez Silva

    Centro de Documentao e InformaoDiretor: Adolfo C. A. R. Furtado

    Coordenao Edies CmaraDiretora: Helosa Helena S. C. Antunes

    Projeto grfico de capa e miolo: Patrcia Weiss Diagramao: Janaina Coe

    Esta cartilha foi elaborada por iniciativa da Presidncia e da Segunda-Secretaria da Cmara dos Deputados com textos e contedo produzidos pela Consultoria Legislativa acrescidos de materiais fornecidos pela Associao de Apoio Pessoa Autista (AAPA) e por profissionais da rea da sade.

    Cmara dos DeputadosCentro de Documentao e Informao CediCoordenao Edies Cmara CoediAnexo II Praa dos Trs PoderesBraslia (DF) CEP 70160-900Telefone: (61) [email protected]

    SRIE Cmara itinerante

    n. 1

    Dados Internacionais de Catalogao-na-publicao (CIP)Coordenao de Biblioteca. Seo de Catalogao.

    Autismo [recurso eletrnico] : vencendo esse desafio / Cmara dosDeputados. Braslia : Cmara dos Deputados, Edies Cmara,2015. (Srie Cmara itinerante ; n. 1)

    Verso PDF.Modo de acesso: http://www.camara.leg.br/editoraISBN 978-85-402-0364-8

    1. Autismo. I. Brasil. Congresso Nacional. Cmara dos Deputados. II. Srie.

    CDU 159.97

    ISBN 978-85-402-0364-8 (PDF)

  • SUMRIO

    APRESENTAO .........................................................................................4

    COMO RECONHECER O AUTISMO ..................................................... 7

    O que autismo? ........................................................................................... 9

    BREVE HISTRICO DO AUTISMO .......................................................11

    CAUSAS E DIAGNSTICO .................................................................... 13

    TRATAMENTOS ........................................................................................... 16

    Tratamentos Alternativos .......................................................................... 16

    PREVALNCIA ........................................................................................... 19

    MARCOS LEGAIS ...................................................................................... 21

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    APRESENTAO

    A Cmara dos Deputados lana o programa C-

    mara Itinerante, iniciativa do presidente da Casa, Edu-

    ardo Cunha, para levar a Cmara dos Deputados e os

    temas ali pautados para os Estados e Municpios, bem

    como ouvir as necessidades locais. Uma Cmara de

    portas abertas surgir com um ponto fundamental: a

    troca de experincias e ideias sobre as polticas pbli-

    cas, um encontro entre sociedade e seus governantes

    para resgatar a importncia do legislador e fortalecer

    o dilogo e a democracia no pas.

    A Cmara visitar os 26 Estados e o Distrito Federal.

    O primeiro encontro em Curitiba, no Paran, ser o pon-

    tap inicial do programa para o lanamento da Comisso

    Permanente em Defesa dos Direitos das Pessoas com

    Deficincia, criada na Cmara dos Deputados para tratar

    de assuntos, exclusivamente, ligados s milhes de pes-

    soas no Brasil que possuem algum tipo de deficincia. A

    comisso ser um espao de discusses para ampliar a

    criao de polticas pblicas sobre o tema.

    Incluso Social de mos dadas com a realidade

    Elaboramos esta cartilha nacional com objetivo de

    orientar famlias de todo pas a identificar sinais de Au-

    tismo, caracterizados pela dificuldade na comunicao

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    social e comportamentos repetitivos. A Organizao

    Mundial da Sade (OMS) estima que 1% da popula-

    o mundial tem autismo, isso significa cerca de 70

    milhes de pessoas. No Brasil, a estimativa de que

    existam dois milhes de autistas. Considerando que

    a cada 50 crianas, uma delas tem autismo, a Cmara

    dos Deputados est totalmente envolvida com o tema,

    e na semana do Dia Mundial de Conscientizao do

    Autismo, vamos iluminar com a cor azul o Congresso

    Nacional. Nossa ideia criar um marco para o lana-

    mento da campanha nacional de conscientiza o.

    Alm disso, trs propostas de criao de rubrica

    na Lei de Diretrizes Oramentrias LDO/2016 contem-

    plaro pessoas com autismo. Essas rubricas possibilitam

    a alocao de recursos para a construo ou adapta-

    o de imveis destinados ao atendimento de pesso-

    as com Transtornos do Espectro Autista (TEA); para a

    capacitao de profissionais da rea da educao e da

    sade a fim de possibilitar sua atuao de maneira es-

    pecializada; e tambm para investimentos em pesquisa

    sobre causas, tratamentos e curas destes transtornos.

    Nosso propsito chamar a ateno de familia-

    res e educadores para o prejuzo severo na interao

    social muito evidente na vida desses pacientes. A re-

    corrncia de autismo em crianas mais comum do

    que a soma dos casos infantis de cncer, diabetes

    e AIDS juntos. Sabemos que a pessoa com autismo

    precisa de acompanhamento mdico e mais do que

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    criar um manual de orientaes, esperamos que esta

    cartilha sensibilize e leve todos a uma reflexo sobre

    a importncia do respeito diversidade e do cuidado

    entre as pessoas.

    Dep. Felipe Bornier

    Segundo-Secretrio

    Cmara dos Deputados

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    COMO RECONHECER O AUTISMO1

    Alguns instrumentos propem questes que po-

    dem nortear os profissionais em atendimentos para a

    identificao precoce de caractersticas clnicas asso-

    ciadas aos Transtornos do Espectro Autista (TEA) em

    crianas entre um e trs anos.

    As questes que seguem foram inspiradas no

    questionrio do desenvolvimento da comunicao, no

    M-CHAT e nos Sinais Preaut (LAZNIK, 1998). Elas aler-

    tam para a necessidade de se contar com a avaliao

    de uma equipe multidisciplinar.

    importante que os pais respondam as ques-

    tes abaixo com base no que mais comum em rela-

    o ao comportamento da criana, ou seja, com base

    em situaes que aconteam de modo frequente.

    Aps as perguntas, seguem, entre parnteses,

    as respostas tipicamente obtidas quando observadas

    crianas em risco para os TEA.

    1. Seu filho tem iniciativa de olhar para seus

    olhos? Tenta olhar? (No)

    2. Seu filho tenta chamar sua ateno? (No)

    3. muito difcil captar a ateno do seu filho?

    (Sim)

    1 Fonte: BRASIL. Ministrio da Sade. Linha de cuidado para a ateno s pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famlias na Rede de Ateno Psi-cossocial do Sistema nico de Sade. Braslia, 2015.

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    4. Seu filho tenta provoc-lo para ter uma in-

    terao com voc e lhe divertir? Ele se in-

    teressa e tem prazer numa brincadeira com

    voc? (No)

    5. Quando seu beb se interessa por um obje-

    to e voc o guarda, ele olha para voc? (No)

    6. Enquanto joga com um brinquedo favorito,

    ele olha para um brinquedo novo se voc o

    mostra? (No)

    7. Seu filho responde pelo seu nome quando

    voc o chama sem que ele lhe veja? (No)

    8. O seu filho mostra um objeto olhando para

    seus olhos? (No)

    9. O seu filho se interessa por outras crianas?

    (No)

    10. O seu filho brinca de faz de conta, por exem-

    plo, finge falar ao telefone ou cuida de uma

    boneca? (No)

    11. O seu filho usa algumas vezes seu dedo indi-

    cador para apontar, para pedir alguma coisa

    ou mostrar interesse por algo? Diferente de

    pegar na mo, como se estivesse usando a

    mo. (No)

    12. Seu filho, quando brinca, demostra a funo

    usual dos objetos? Ou ao invs disso coloca

    na boca ou joga-os fora? (No)

    13. Seu filho sempre traz objetos at voc para

    m ostrar-lh e alguma coisa? (No)

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    14. O seu filho parece sempre hipersensvel ao

    rudo? Por exemplo, tampa as orelhas. (Sim)

    15. O seu filho responde com sorriso ao seu ros-

    to ou ao teu sorriso, ou mesmo provoca seu

    sorriso? (No)

    16. O seu filho imita voc? Por exemplo, voc

    faz uma careta e seu filho imita? (No)

    17. Seu filho olha para as coisas que voc est

    olhando? (No)

    18. Alguma vez voc j se perguntou se seu filho

    surdo? (Sim)

    19. Ser que o seu filho entende o que as pes-

    soas dizem? (No)

    20. O seu filho olha o seu rosto para verificar a

    sua reao quando confrontado com algo

    estranho? (No)

    O que autismo?

    De acordo com os Manuais de diagnsticos

    DSM-V TR e o CID-10, o autismo caracterizado como

    um TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO,

    no qual existem alguns comprometimentos, em um es-

    pectro amplo, que varia de um grau leve a elevado.

    O quadro de autismo considerado como uma

    ausncia de comunicao e contato social entre as

    crianas e adolescentes. O quadro clnico muito dife-

    renciado e individualizado. Ao redor dos sintomas cen-

    trais existe uma variedade de sintomas secundrios.

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    Nem sempre o autismo est associado defi-

    cincia m ental. s vezes ele ocorre em crianas com

    inteligncia classificada como normal. O chamado

    dficit intelectual mais intenso nas habilidades

    verbais e menos evidente em habilidades viso-es-

    paciais. muito comum crianas com o diagnstico

    apresentarem desempenho alm do normal em tare-

    fas que exigem apenas atividades mecnicas ou me-

    morizao, ao contrrio das tarefas na quais exigido

    algum tipo de abstrao, conceituao ou sentido.

    Sabe-se que pessoas do sexo masculino so, em

    geral, mais atingidas. De acordo com o DSM-IV, ele

    ocorre 3 a 4 vezes mais em meninos do que em meninas.

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    BREVE HISTRICO DO AUTISMO

    A primeira referncia a autismo foi feita por

    Eugen Bleuler, psiquiatra suo, em 1903, em estudos

    sobre esquizofre nia.

    Em 1943, o psiquiatra Leo Kanner publica, nos

    Estados Unidos, o artigo Os distrbios autsticos do

    contato afetivo. Com base na observao de onze

    crianas cujos sinais predominantes eram a incapaci-

    dade de se relacionarem de maneira normal com pes-

    soas e situaes desde o princpio de suas vidas fez

    a primeira descrio da sndrome, que surge em crian-

    as desde idades precoces e tem aspecto crnico.

    Kanner identificou caractersticas como dificulda-

    de de estabelecer vnculos com pessoas; dificuldades

    de uso da linguagem; boa memria mecnica; averso

    a determinados tipos de alimentos; reaes extremas

    a rudos fortes e objetos em movimento; repetio de

    palavras, entre outros. Qualquer tipo de mudana traz

    angstia, o que leva ao apego rotina e a ambien-

    tes conhecidos, restringindo a espontaneidade e re-

    sultando na adoo de comportamentos repetitivos

    e estereotipados. Em 1956, Kanner estabelece como

    elementos bsicos para o diagnstico o isolamento e

    a imutabilidade de condutas.

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    Em 1944, Hans Asperger, psiquiatra e pesquisa-

    dor austraco, escreve o artigo A psicopatia autista na

    infncia. Ele observou que principalmente os meninos

    sofriam dessas deficincias sociais graves, como fal-

    ta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades,

    conversao unilateral, intenso foco em um assunto

    de interesse especial e movimentos descoordenados.

    Identificou, no entanto, habilidades surpreendentes,

    como a capacidade de memorizao de matrias ou

    assuntos que lhes despertam interesse, as chamadas

    ilhas de habilidades, a despeito de terem dificulda-

    de com abstraes. A Sndrome de Asperger uma

    forma leve de autismo e as pessoas com a sdrome

    tm quocientes de inteligncia normais ou acima da

    mdia e tm timo desempenho em disciplinas que

    envolvem matemtica ou lgica.

    Van Gogh, Einstein, Bill Gates, Charles Darwin,

    Isaac Newton e o craque de futebol Messi so per-

    sonalidades que se especula terem a Sndrome de

    Asperger. Os paradoxos dos autointitulados aspies

    intrigam e fascinam a sociedade. Diversas obras lite-

    rrias e filmes, um dos mais conhecidos Rain Man,

    tm sido elaboradas a respeito de personagens com

    essas caractersticas.

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    CAUSAS E DIAGNSTICO

    As causas aventadas para o surgimento do au-

    tismo seriam tanto genticas como ambientais (como

    poluio, toxinas ou metais pesados); maternas, nessas

    includas tabagismo, obesidade e hipertenso materna;

    infeces no perodo gestacional (at mesmo a gripe);

    medicaes (como antibiticos ou antidepressivos) ou

    complicaes do parto. Muitos estudiosos afirmam que

    o autismo , provavelmente, um transtorno de origem

    orgnica, com alteraes funcionais no crebro. Vrias

    teorias pretendem explic-la: teoria do lobo frontal, te-

    oria dos neurnios-espelho e a teoria da mente.

    No se conhecem at agora marcadores diag-

    nsticos para os Transtornos do Espectro Autista. No

    existem sinais especficos para o diagnstico. Podem

    ser comuns alteraes no eletroencefalograma, mes-

    mo na ausncia de crises convulsivas, ou existirem si-

    nais neurolgicos inespecficos, como reflexos primiti-

    vos e atrasos no desenvolvimento da lateralidade.

    Nos ltimos anos, pesquisas realizadas nos EUA

    identificaram genes potencialmente responsveis pela

    manifestao da doena. O risco maior para irmos

    de pessoas acometidas. At o momento, no entanto, o

    diagnstico eminentemente clnico. importante sa-

    lientar, ainda, que sendo caracterizado como um espec-

    tro, as manifestaes podem se apresentar em graus

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    heterogneos, desde leves e com habilidades excep-

    cionais at extremamente graves, com retardo mental.

    Recentemente, os Transtornos do Espectro Autis-

    ta (TEA) foram includos como item F 84.0 em Transtor-

    nos Globais do Desenvolvimento (TGD) na Classificao

    Internacional de Doenas CID 10. So codificados os

    seguintes agravos: Autismo tpico, a Sndrome de As-

    perger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem

    Outra Especificao, bem como a Sndrome de Rett.

    Outro protocolo importante de classificao de doen-

    as mentais o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Ma-

    nual of Mental Disorders 4th Edition), da Associao

    Americana de Psiquiatria. Apesar de ter acompanhado

    a classificao da CID, ela tende a considerar as dife-

    rentes nuances como um continuum no bojo do que

    chamam de Transtorno do Espectro Autista.

    O autismo uma sndrome que manifesta um d-

    ficit no desenvolvimento da comunicao verbal e no

    verbal, da socializao e comportamento. Alguns sinais

    podem ser constatados a partir dos trs meses de ida-

    de: ausncia de contato visual, pouca resposta fala

    dos familiares, dificuldades de amamentao, ausncia

    de balbucio, padro de choro invarivel para as diferen-

    tes situaes, esquiva ao contato fsico. muito difcil

    para o autista se organizar diante de uma tarefa nova,

    um ambiente inesperado ou lidar com imprevistos. Sua

    ateno parece suspensa, gerando um vazio interno.

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    Muitas vezes tem dificuldade em dividir a ateno

    frente a estmulos e faz movimentos repetitivos, como

    balanar ou bater palmas, na tentativa de controlar o

    ambiente. Por outro lado, podem passar longos per-

    odos de tempo envolvidos em uma tarefa especfica.

    Nesses momentos, ficam isolados de qualquer est-

    mulo e so incapazes de se comunicar com o mundo

    externo. Podem apresentar aptides incomuns, como

    uma excelente memria.

    Geralmente, autistas no entendem metforas

    ou ironias e tm dificuldade de empatia por no

    compreender o que se passa na mente do outro ,

    de decodificar intenes de terceiros, de avaliar con-

    textos sociais. Assim, no com preendem o objetivo

    de certas atitudes e demoram a interagir. Da mesma

    forma, no tm habilidade para mentir.

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    TRATAMENTOS

    Os maiores progressos so alcanados com a ins-

    tituio precoce do tratamento, que inclui reabilitao.

    Alm de serem prestados cuidados na rede de ateno

    bsica, o Sistema nico de Sade (SUS) oferece a Rede

    de Cuidados Sade da Pessoa com Deficincia.

    A abordagem teraputica depende da gravi-

    dade dos transtornos apresentados e sempre requer

    abordagem multidisciplinar. Incluem-se a intervenes

    de psicoterapia, educacional, psicopedagogia, fonote-

    rapia e terapia psiquitrica ou medicamentosa. ainda

    necessria a participao de fonoaudilogos, fisiote-

    rapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores fsicos.

    Tratamentos Alternativos2

    ATENO! ANTEs dE cOmEAr quAlquEr TrATA-mENTO prOcurE AcOmpANhAmENTO mdicO. muiTAs fAmliAs NOTAm cONsidErvEl mElhOrA AO dEsEN-vOlvEr diETA. AlguNs dEssEs TrATAmENTOs NO Tm cOmprOvAO ciENTficA E AlguNs dElEs pOdEm cAu-sAr EfEiTOs cOlATErAis grAvEs. fuNdAmENTAl quE um mdicO sEjA cONsulTAdO ANTEs dA suA AplicAO E quE fAA O dEvidO AcOmpANhAmENTO.

    2 Fonte: Associao de Apoio Pessoa Autista (AAPA). Equoterapia e Musicotera-pia so tratamentos sugeridos pela Dra. Sabrina Antonucci, CRM:5296777-7, clni-ca mdica, madrinha de uma criana autista.

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    Dieta sem glten e sem casena

    Baseia-se na remoo do glten, que encon-

    trado no trigo, aveia e derivados; e a casena, que

    a protena do leite animal. Muitos pais e profissionais

    constatam que ao implementar a dieta h uma melho-

    ra no comportamento do autista. Essa dieta, para mui-

    tos autistas, tambm deve ser acompanhada da remo-

    o de outros alimentos como soja (porque a protena

    da soja parecida com a do leite) e milho que podem,

    em alguns casos, causar reaes adversas. Mais infor-

    maes no site www.gfcfdiet.com (em ingls).

    SCDiet (Specific Carbohydrate Diet)

    Dieta cientfica baseada em estudos feitos por

    Elaine Gottschall detalhados no livro Breaking the vi-

    cious cycle. Esta dieta est ganhando popularidade

    nos Estados Unidos com os autistas que tm proble-

    mas no Leaking Gut intestino poroso. Esta dieta,

    que prope a remoo de carboidratos (somente al-

    guns so permitidos) e acares, ajuda o corpo a fazer

    quelao naturalmente.

    Feingold Diet

    Dieta que elimina conservantes, corantes, sabo-

    res artificiais e alimentos que sejam ricos em fenis

    como uva, maa e outros. Muitos pais que fazem a

    dieta sem glten, e sem casena tambm adotam os

    mtodos da Feingold Diet.

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    Vitaminas e Suplementos

    Pesquisas tm mostrado que muitos indivduos

    com TEA tm deficincia de vitaminas e minerais e

    uma das suas causas pode ser o distrbio no sistema

    imunolgico e sensorial. Alguns exemplos so a falta

    de: Vitamina B6 que tem ajudado alguns autistas a

    melhorar a fala e concentrao; magnsio que contri-

    bui para a diminuio do estresse; vitamina A e vita-

    mina C que do suporte ao sistema imunolgico. Este

    mtodo no funciona para todos os autistas.

    Equoterapia

    A equoterapia um tratamento que utiliza o

    cavalo para obter ganhos fsicos e psquicos em pes-

    soas com deficin cia. A atividade exige o uso da

    musculatura de todo corpo o que ajuda a melhorar

    a fora muscular, equilbrio e coordenao motora,

    alm de promover o desenvolvimento de disciplina e

    segurana.

    Musicoterapia

    A musicoterapia um tratamento que utiliza a

    msica ou seus elementos (som, ritmo, harmonia) para

    desenvolver e facilitar a comunicao, memorizao,

    aprendizagem e relaes sociais. A terapia objetiva

    desenvolver potenciais e funes para que o indiv-

    duo possa ter uma melhor integrao interpessoal.

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    PREVALNCIA

    A Organizao Mundial da Sade estimou, em

    2013, uma prevalncia de 1:160 indivduos, nmero

    muito superior ao verificado em pocas anteriores. Se-

    riam 70 milhes de pessoas com o transtorno no mun-

    do. A despeito de o fato sugerir que esteja em curso

    uma epidemia de autismo, o mais provvel que tenha

    aumentado o reconhecimento da doena pelos pais,

    professores e mdicos. Um dado importante que o

    transtorno acomete mais os meninos do que as meninas,

    na proporo de 4 meninos para 1 menina. Nos EUA,

    os casos de autismo em crianas de 8 anos de idade

    cresceram 1 caso a cada 88 crianas, para 1: 68 crianas

    (um aumento de 30%), ou seja, uma em cada 68 crianas

    apresentam o espectro autista (1,47%). Mesmo sendo

    possvel detectar o autismo antes dos 2 anos de idade,

    a maioria das crianas diagnosticada aps os 4 anos.

    No existem dados consistentes sobre o nmero

    de pessoas com autismo no mundo. A maior parte dos

    estudos feita em pases desenvolvidos. Dessa forma,

    praticamente inexistem informaes a respeito da situ-

    ao de pases em desenvolvimento.

    No foram identificadas estatsticas oficiais so-

    bre o nmero de brasileiros com autismo. No entan-

    to, em 2010, durante audincia pblica no Senado

    Federal para discusso do tema, o psiquiatra Marcos

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    Tomanik Mercadante estimou que, no Brasil, o nme-

    ro de crianas e adultos, diagnosticados ou no com

    transtorno do espectro autista, possa chegar a dois

    milhes. Esta estimativa aceita por vrias instncias

    envolvidas com o problema.

    Estudo realizado na Espanha demonstra que os

    servios primrios de sade no esto preparados para

    diagnosticar a doena e existe um perodo de dois anos

    entre as primeiras queixas de sintomas anmalos des-

    critos pela famlia e o diagnstico. Esta dificuldade na

    realizao do diagnstico atrasa uma interveno mais

    precoce, fator essencial para a melhora do prognsti-

    co. No Brasil, a dificuldade para o diagnstico precoce

    tambm existe e o responsvel principal para que a

    maioria das crianas autistas cheguem aos 6 ou 7 anos

    sem diagnstico. Por isso a grande importncia da qua-

    lificao dos servios de ateno bsica do SUS e dos

    responsveis por creches e educadores.

    Na busca de um diagnstico adequado e melho-

    res orientaes de tratamento esto sendo desenvol-

    vidas muitas pesquisas no mundo e tambm no Brasil.

    Destaca-se a Universidade Federal do Rio Grande do

    Sul, com diversos estudos, inclusive na rea da gen-

    tica. Em 1983 surgia a primeira Associao de Amigos

    de Autistas do Brasil, a AMA-SP. Em 1989, a Associa-

    o Brasileira do Autismo (ABRA) promoveu o I Con-

    gresso Brasileiro de Autismo.

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    MARCOS LEGAIS

    Resoluo da Assembleia Geral da ONU esta-

    beleceu, desde 2008, o dia 2 de abril como sendo o

    Dia Mundial de Conscientizao do Autismo. Estima-

    -se que o transtorno do espectro autista em crianas

    uma condio mais comum que AIDS, cncer e dia-

    betes juntos.

    O Decreto 6.949, de 25 de agosto de 2009, apro-

    va a Conveno Internacional sobre os Direitos das

    Pessoas com Deficincia e seu Protocolo Facultativo,

    assinados em Nova York, em 30 de maro de 2007. O

    Decreto 7.612, de 17 de novembro de 2011 Institui o

    Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficincia

    Plano Viver sem Limite, nos termos dessa Conveno.

    O texto prev ampla articulao institucional para asse-

    gurar acesso educao, sade, incluso social e aces-

    sibilidade. Segundo o texto legal, so consideradas

    pessoas com deficincia aquelas que tm impedimen-

    tos de longo prazo de natureza fsica, mental, intelectu-

    al ou sensorial.

    O Congresso Nacional aprovou uma lei espec-

    fica para o tema: a Lei n 12.764, de 27 de dezembro

    de 2012, que criou a Poltica Nacional de Proteo dos

    Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Au-

    tismo. Esta lei est sendo cognominada Lei Berenice

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    Piana, em aluso a uma me de autista que lutou ardu-

    amente pela sua aprovao.

    A Lei n 12.764, de 27 de dezembro de 2012, re-

    conhece a pessoa com transtorno do espectro autista

    como pessoa com deficincia, para todos os efeitos

    legais. Esse reconhecimento importante porque per-

    mite que esse grupo populacional tenha acesso a po-

    lticas e aes afirmativas que buscam garantir a parti-

    cipao social das pessoas com autismo em igualdade

    de condies com as demais pessoas.

    Esta Lei garante um sistema educacional inclusivo

    em todos os nveis de ensino; a formao inicial e conti-

    nuada dos profissionais de educao para que possam

    desenvolver atividades com vistas incluso do edu-

    cando com transtorno do espectro autista nos espaos

    escolares e relaes sociais; estmulo comunicao,

    inclusive alternativa; seu direito matrcula no ensino re-

    gular, com garantia de atendimento educacional espe-

    cializado; e a possibilidade de profissional de apoio, dis-

    ponibilizado pelo sistema de ensino, para aqueles que

    tiverem necessidade desse tipo de acompanhamento.

    A Lei prev tambm que o gestor escolar ou au-

    toridade competente que recusar a matrcula de aluno

    com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro

    tipo de deficincia, ser punido com multa de trs a

    vinte salrios-mnimos. Em caso de reincidncia, pode

    haver perda do cargo. Ainda pela Lei, a pessoa com

    transtorno do espectro autista elegvel ao Benefcio

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    de Prestao Continuada previsto pelo art. 20 da Lei

    n 8.742, de 7 de dezembro de 1993, no valor de um

    salrio mnimo mensal, desde que atenda aos requisi-

    tos de renda per capita familiar (inferior a do sal-

    rio mnimo) e avaliao da deficincia e do grau de

    impedimento, por avaliao mdica e avaliao social

    realizadas por mdicos peritos e por assistentes sociais

    do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

    A regulamentao veio com a edio do Decreto

    8.368, de 2 de dezembro de 2014, que regulamenta a

    Lei n 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui

    a Poltica nacional de Proteo dos Direitos da Pessoa

    com Transtorno do Espectro Autista.

    O Ministrio da Sade lanou em 2013 o Manual

    Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com

    Transtornos do Espectro do Autismo. No ano corren-

    te, ser iniciada a oferta de Resperidona na rede p-

    blica. A droga indicada para diminuir as crises de

    irritao, agressividade e agitao, bastante comuns

    no quadro.

    A Portaria 1.635, de 2002, publicada pelo Minis-

    trio da Sade, objetivou organizar o atendimento a

    pessoas com deficincia intelectual e/ou distrbio do

    espectro autista no SUS, garantindo s mesmas assis-

    tncias por intermdio de equipe multiprofissional e

    multidisciplinar, utilizando-se de mtodos e tcnicas

    teraputicas especficas, identificando e acompanhan-

    do esta populao. Em 22 de maio de 2013, foi edita-

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    da a Portaria 962, que institui Comit Nacional de As-

    sessoramento para Qualificao da Ateno Sade

    das Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo

    no mbito do Ministrio da Sade.

    O dia mundial de cOnscientizaO

    dO autismO, 2 de abril.

    a Onu criOu a data nO fim de 2007, iniciandO a campanha em 2 de abril de 2008. desde entO, anualmente O mundO tOdO se ilumina de azul pelO autismO.

  • AutismoVencendo esse desafioConhea outros ttulos da srie Cmara Itinerante no portal da Cmara dos Deputados: www.camara.leg.br/editora

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