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Aulas Multimídias – Santa Cecília Profº. Pecê

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Aulas Multimídias – Santa Cecília

Profº. Pecê

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GÊNEROS LITERÁRIOS (GÊNERO ÉPICO)Professor Pecê Rodrigues

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GÊNEROS LITERÁRIOS (Divisão Clássica) Divisão feita por Aristóteles (384 a.c. – 322 a.c.), que

estabelece três grandes categorias de textos literários: ogênero épico, o gênero lírico e o gênero dramático. Essadivisão foi pensada num tempo em que a literaturabasicamente se restringia a textos poéticos (em versos, comrimas etc.), praticamente não havia literatura em prosa.

I – GÊNERO ÉPICO O poema épico é um longo texto, normalmente com

milhares de versos, denominado EPOPEIA. Estrutura narrativa, a voz que enuncia o texto denomina-se

NARRADOR. Presença de um HERÓI, normalmente representando um

povo, uma nação. Cenas de guerras, batalhas, aventuras. Divide-se em “CANTOS”, que correspondem, nas narrativas

em prosa da modernidade, aos capítulos. Cada canto éformado de muitas dezenas ou até centenas de versos.

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Apesar de haver uma certa variedade de divisões deepopeias, reconhece-se uma divisão clássica em três partes:

1 – INTRODUÇÃO – Parte inicial do poema. Subdivide-se em:a) PROPOSIÇÃO – Informa o assunto geral do poema.b) INVOCAÇÃO – O poeta pede ajuda a divindades para

compor a obra.c) DEDICATÓRIA – O poeta oferece a obra a uma

personalidade ilustre. 2 – NARRAÇÃO - Parte mais longa do poema. Como o próprio

nome sugere, é a parte em que se conta a história. Nopoema OS LUSÍADAS, por exemplo, que tem 10 cantos, anarração começa ainda no 1º canto e termina no último.

3 – EPÍLOGO - Encerra o poema. O poeta pode, por exemplo,falar de seu cansaço após realizar a enorme empreitada deconstruir o poema, além de despedir-se do leitor.

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AUTORES E POEMAS ÉPICOS IMPORTANTES:1) HOMERO - séc. VIII a. c.

Odisseia - Relata o regresso do protagonista, um herói daGuerra de Troia, Odisseu (ou Ulisses, como era conhecido namitologia romana). Como se diz na proposição

Canta, ó Musa, o varão que astucioso, Rasa Ílion santa, errou de clima em clima, Viu de muitas nações costumes vários. Mil transes padeceu no equóreo ponto, Por segurar a vida e aos seus a volta;

Odisseu leva dez anos enfrentando vários perigos parachegar à sua terra natal, Ítaca, depois da Guerra de Troia,que também havia durado dez anos. Ao retornar, reassumeseu trono ao lado de sua sempre fiel esposa Penélope, emata os oportunistas que pretendiam ocupar seu lugar

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Ilíada – Narra os episódios da Guerra de Troia, os feitos depersonagens como Helena, Menelau, Páris, Heitor, Ulisses,Aquiles e Eneias. Aquiles é o grande guerreiro grego, quaseinvencível, e mata Heitor, maior guerreiro troiano. Porém asmuralhas de Troia são intransponíveis, e só com umengenhoso estratagema os gregos vencem: constroem umgigantesco cavalo de madeira e oferecem de presente aostroianos, para selar a paz. Dentro do “presente de grego”, noentanto, estão escondidos vários guerreiros, que aproveitam osono dos troianos para devastar a cidade.

“Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos, Verdes no Orco lançou mil fortes almas, Corpos de heróis a cães e abutres pasto”

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2) VIRGÍLIO – 70 a. c. – 19 a. c. Eneida – Narra a história do povo romano,

fundado a partir do herói Eneias, que, apósfugir de Troia, estabelece-se na região doLácio.

Eu, que entoava na delgada avena Rudes canções, e egresso das florestas, Fiz que as vizinhas lavras contentassem A avidez do colono, empresa grata Aos aldeões; de Marte ora as horríveis Armas canto, e o varão que, lá de Troia Prófugo, à Itália e de Lavino às praias Trouxe o primeiro fado. (...)

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3) DANTE ALIGHIERI – 1265 – 1321 A Divina Comédia – Narra, em 1ª pessoa, uma

viagem do próprio poeta em três partes: inferno,purgatório e paraíso. Nas duas primeiras, ele éguiado por Virgílio (de quem Dante eraadmirador confesso) e vê os vários estágios emque se encontram os condenados ao fogoeterno ou à expiação, com suas respectivaspenas. Na terceira parte, Virgílio entrega opoeta aos cuidados de Beatriz, sua musa, que oconduz ao paraíso.

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Nel mezzo del cammin di nostra vitaMi ritrovai per uma selva oscura,Ché la diritta via era smarrita.Ahi quanto a dir qual era è cosa duraEsta selva selvaggia e aspra e forteChe nel pensier rinova la paura!Tant’è amara che poco è più morte;Ma per trattar del bem ch’i’ vi trovai,Dirò de láltre cose ch’i’ v’ho scorte.Io non so bem ridir com’i’ v’intrai,Tant’ era pien di sono a quel puntoChe La verace via abandonai.Ma poi ch’i fui al piè d’un colle giunto,La dove terminava quella valleChe m’avea di paura il cor compunto,Guardai in alto e vidi le sue spalleVestite già de’ raggi del pianetaChe mena dritto altrui per ogne calle.Allor fu la paura um poco queta,Che nel lago del cor m’era durataLa notte ch’i passai com tanta pieta.E comequei che com lena affannata,Uscito fuor del pelago a la riva,Si volge a l’acqua perigliosa e guata,Così l’animo mio, ch’ancor fuggiva,Si volse a retro a rimirar lo passoChe non lasciò già mai persona viva.

À meia idade da terrena vida, Perdido achei-me numa selva escura, A senda certa estando já perdida. Quanto, dizer qual era, é cousa dura, Esta selva selvagem rude e forte, Que medo infunde à mente mais segura! Acre é tanto que pouco mais é morte. Porém das outras cousas falarei, E o bem direi que nela achei por sorte. Ignoro como na floresta entrei: Com tanto sono estava em meu roteiro, Que o rumo certo e reto abandonei. Logo, porém, que ao pé cheguei do outeiro, Onde se acaba o triste vale escuro Que de medo me enchera por inteiro, A vista ergui e o vi do raio puro. Da luz coberto do planeta lindo Que a todos guia com poder seguro. Do coração o medo ia sumindo, Que pela noite adentro me vencera E fora minhas forças consumindo. Qual náufrago, depois da luta fera, Tendo alcançado a suspirada meta, O mar revolto incerto considera, Assim minh’alma, pensativa, inquieta, A contemplar virou-se o rude passo Que não deixou jamais pessoa ereta.

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4)LUDOVICO ARIOSTO – 1474 – 1533 Orlando Furioso - O tema principal do poema é de como o valoroso cavaleiro

Orlando, de paladino de Carlos Magno e enamorado da bela Angélica, por ciúme, setorna em louco furioso, e de como sem o seu mais importante cavaleiro o exércitocristão fica em dificuldades na guerra santa que trava; isto até o cavaleiro Astolfoencontrar na Lua o recipiente que contém o juízo de Orlando restituindo-o ao seulegítimo proprietário, mesmo a tempo de este ajudar os cristãos na luta que travamcontra mouros nos muros de Paris.

Damas e paladins, armas e amores, As cortesias e as façanhas canto Do tempo em que o mar d’África os rigores Dos mouros trouxe, e França esteve em pranto; Ira os movia e juvenis furores De Agramante seu rei disposto a tanto, Que ousou vingar a morte de Troiano, Em Carlos , rei e imperador romano.

De Orlando, ao mesmo tempo, direi eu O que nunca se disse, em prosa ou rima, Que o amor o pôs em fúria de sandeu E lhe tirou de homem cordato a estima; Isto, se a que igual fim quase me deu E o pouco engenho me corrói qual lima, Assentir em poupar-me em tal medida Que eu possa dar à obra prometida.

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5)LUÍS DE CAMÕES – 1525 – 1580Os Lusíadas – Narra a viagem do capitão Vasco da Gama,contornando o sul da África, em 1498, em busca de uma rotamarítima para as Índias. Em determinado momento (canto terceiro),ao chegar ao reino de Melinde, na África, capitão conta ao rei dolugar a história de Portugal. Nesse momento o narrador observadordá lugar ao narrador personagem Vasco da Gama.

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As armas e os barões assinalados,Que da ocidental praia Lusitana,Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,Em perigos e guerras esforçados,Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram;

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E também as memórias gloriosasDaqueles Reis, que foram dilatandoA Fé, o Império, e as terras viciosasDe África e de Ásia andaram devastando;E aqueles, que por obras valerosasSe vão da lei da morte libertando;Cantando espalharei por toda parte,Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

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Cessem do sábio Grego e do TroianoAs navegações grandes que fizeram;Cale-se de Alexandro e de TrajanoA fama das vitórias que tiveram;Que eu canto o peito ilustre Lusitano,A quem Neptuno e Marte obedeceram:Cesse tudo o que a Musa antígua canta,Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, Tágides minhas, pois criadoTendes em mim um novo engenho ardente,Se sempre em verso humilde celebradoFoi de mim vosso rio alegremente,Dai-me agora um som alto e sublimado,Um estilo grandíloquo e corrente,Porque de vossas águas, Febo ordeneQue não tenham inveja às de Hipoerene.

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Dai-me uma fúria grande e sonorosa,E não de agreste avena ou frauta ruda,Mas de tuba canora e belicosa,Que o peito acende e a cor ao gesto muda;Dai-me igual canto aos feitos da famosaGente vossa, que a Marte tanto ajuda;Que se espalhe e se cante no universo,Se tão sublime preço cabe em verso.

(...)

Vós, poderoso Rei, cujo alto ImpérioO Sol, logo em nascendo, vê primeiro;Vê-o também no meio do Hemisfério,E quando desce o deixa derradeiro;Vós, que esperamos jugo e vitupérioDo torpe Ismaelita cavaleiro,Do Turco oriental, e do Gentio,Que inda bebe o licor do santo rio;

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II – GÊNERO DRAMÁTICO São os textos literários escritos para serem representados

por atores, diante da plateia, em um palco (teatro, praçaetc.).

Quando são “encenados”, com atores, figurinistas,maquiadores, cenógrafos, sonoplastas etc., fazem parteda arte cênica, mas o texto que lhes serve de basepertence à literatura. Assim, pode-se ter acesso a umapeça de Shakespeare indo ao teatro assisti-la ou lendo-a,como uma obra literária que é.

CARACTERÍSTICAS: Ausência de narrador. A história não é “contada” por

alguém, ela é representada, o público a vê “acontecer”, oleitor tem acesso direto às falas e ações dospersonagens, e não ao discurso de um narrador que lheconte o que ocorreu, como na epopeia.

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Texto estruturado em diálogos, com as falas dospersonagens depois de seus respectivos nomes.

Divisão em atos e cenas Explicação do tempo (época), do espaço (cidade,

país) e da situação antes de cada ato. Lista de todos os personagens antes do primeiro

ato. Uso de rubricas, informações sobre gestos,

expressões ou tons de voz dos personagens,para auxiliar o ator na representação da cena.

Informação específica do espaço (p. ex.: praça,salão do palácio etc.) e do tempo (manhã, noiteetc.) no início de cada cena.

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DIVISÃO CLÁSSICA DOS TEXTOS DRAMÁTICOS: a) TRAGÉDIA Textos de caráter mais sério, solene, com personagens

geralmente pertencentes à aristocracia. A linguagemcostuma ser mais formal. Inicia-se normalmente com umasituação de equilíbrio, tranquilidade, felicidade, para apóso desencadear das ações, terminar numa situaçãotrágica. Os personagens enfrentam desgraças, sofremnas mãos de deuses ou do destino, expiando a culpa porações abjetas, que confrontam os preceitos morais.

b) COMÉDIA Textos de caráter mais cômico, que procuram produzir o

riso, com personagens estereotipados, que simbolizam osdefeitos humanos (inveja, luxúria, avareza etc.), os quaissão satirizados. A linguagem costuma ser mais coloquial,e a estrutura inicia-se com uma situação caótica,problemática, mas termina em final feliz.

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Exemplos: ROMEU E JULIETA (Shakespeare) – ATO QUINTO

CENA II: Cela de Frei Lourenço Entra FREI JOÃO

FREI JOÃO – Santo frade franciscano! Irmão! (Entra FREILOURENÇO.)

FREI LOURENÇO – Parece-me bem ser a voz de Frei João.Bem vindo a Mântua! Que diz Romeu? Ou, se enviaescrito seu modo de pensar, dá-me sua carta.

FREI JOÃO – Ia em busca de um irmão descalço de nossaOrdem, que nesta cidade visitava os enfermos, para queme acompanhasse, mas os guardas da cidade,suspeitando que viéssemos de uma casa onde reinava apeste infecciosa, fecharam as portas e não nos deixaramsair. Assim, a minha pressa em partir para Mântua láficou parada.

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