aulas de noções fundamentais de direito 2

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Noes Fundamentais de Direito 2010

ContedoO que o Direito?............................................................................................................7 Que regras?..................................................................................................................7 Direito objectivo.............................................................................................................................9 Direito subjectivo...........................................................................................................................9

O Direito divide-se em 2 grandes ramos.....................................................................10 Critrio da posio dos sujeitos............................................................................10 Critrio dos interesses em causa..........................................................................10 Ramos do Direito Pblico...............................................................................................11 Direito constitucional..................................................................................................11 Direito Administrativo.................................................................................................11 Ramos do Direito Privado...............................................................................................12 Direito Civil.................................................................................................................12 Direito do trabalho......................................................................................................12 Direito da Famlia........................................................................................................12 Direito Comercial e Econmico...................................................................................12Qual a preocupao do Direito Comercial?..........................................................................................13

Fontes de Direito............................................................................................................13 Costume.....................................................................................................................13 Exemplo agresso a uma criana......................................................................14Classificaes de costumes.................................................................................................................15

Critrio de mbito territorial.................................................................................15 Critrio da relao com a lei.................................................................................15 Exemplo: Mutilao genital feminina.................................................................15 Exemplo de pratelegem....................................................................................15 Doutrina......................................................................................................................16

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Exemplo de doutrina: a Infidelidade..................................................................16 Jurisprudncia.............................................................................................................17 Princpios de Direito....................................................................................................17 Exemplos: Direito de menores..........................................................................17 Soft Law......................................................................................................................18 Leis.............................................................................................................................18Lei constitucional.................................................................................................................................18

Direitos e Deveres Fundamentais.........................................................................19Organizao do Poder Poltico..............................................................................................................20 Direito Internacional............................................................................................................................21 Direito Comunitrio..............................................................................................................................23

Primrio................................................................................................................23 Derivado...............................................................................................................23 A harmonizao....................................................................................................23 A uniformizao....................................................................................................23 Directiva............................................................................................................24Leis orgnicas......................................................................................................................................24 Leis e decretos-lei................................................................................................................................24 Leis regionais.......................................................................................................................................25 Decretos Regulamentares....................................................................................................................25 Portarias..............................................................................................................................................26 Posturas...............................................................................................................................................26

Hierarquia das leis......................................................................................................26 Caso prtico 1...................................................................................................26Ilustrao 1 - Hierarquia das leis..........................................................................................................28

Processo criativo da lei..................................................................................................29 Iniciativa da lei............................................................................................................29 Votao da lei.............................................................................................................29 Promulgao...............................................................................................................29

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Exemplo: lei do casamento homossexual..........................................................30 Publicao da lei.........................................................................................................30vacatio legis........................................................................................................................................30

Caso prtico 2...................................................................................................31 Cessao da Lei..........................................................................................................311 - Desuso..........................................................................................................................................31 2 - Suspenso.....................................................................................................................................32 3 - Caducidade...................................................................................................................................32 4 - Revogao....................................................................................................................................32

Revogao expressa......................................................................................33 Revogao tcita............................................................................................33

Interpretao da lei.....................................................................................................33Fontes de interpretao da lei.............................................................................................................33

Tcnicas interpretativas da lei..............................................................................34 O que uma pessoa para o Direito?..............................................................................35 Pessoas.......................................................................................................................36 Direitos da Personalidade..............................................................................................38Eutansia.............................................................................................................................................38

Direito integridade fsica..........................................................................................39 Direito Honra...........................................................................................................40 Direito ao Nome..........................................................................................................41 Reserva das Cartas Confidenciais...............................................................................41 Direito Imagem........................................................................................................41 Reserva da Intimidade da Vida Privada......................................................................41 Esfera pblica.............................................................................................42 Esfera privada.............................................................................................42

Capacidade e incapacidade...........................................................................................42 Incapacidade...............................................................................................................43Incapacidade dos menores..................................................................................................................43

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Excepes Incapacidade...................................................................................................................43 Excepes...........................................................................................................................................44

Apadrinhamento Civil...........................................................................................45H 2 tipos de incapacidade..................................................................................................................45

Interdio.............................................................................................................45 Inabilitao...........................................................................................................45 Diferena entre inabilitao e interdio..............................................................45 Caso prtico......................................................................................................46Incapacidade acidental........................................................................................................................46

Exemplo de incapacidade acidental..................................................................46 Pessoas colectivas.........................................................................................................47 Classificaes de pessoas colectivas..........................................................................47Pessoa colectiva pblica e privada......................................................................................................47 Pessoas colectivas nacionais, estrangeiras e internacionais................................................................48 Pessoas colectivas de tipo fundacional ou de tipo associativo.............................................................48

Associao............................................................................................................48 Fundaes............................................................................................................49 Exemplos e casos prticos................................................................................50 Direito das coisas...........................................................................................................52 Direito de Propriedade................................................................................................52 O caso Delta......................................................................................................53O que se considera um objecto?.......................................................................................................54 Classificaes de coisas.......................................................................................................................54

Coisas fora do comrcio.......................................................................................54 Bens de domnio pblico......................................................................................54 Coisas corpreas e incorpreas............................................................................55 Coisas compostas.................................................................................................56 Coisas fungveis e infungveis...............................................................................57 Coisas consumveis..............................................................................................57

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Coisas divisveis....................................................................................................57 Coisas acessrias.................................................................................................57 Coisas futuras.......................................................................................................57Direito de propriedade.........................................................................................................................57

NEGCIOS JURDICOS.................................................................................................58 Limites Liberdade Contratual.............................................................................60 FACTO JURDICO, O QUE ?.........................................................................................62CLASSIFICAO DE FACTOS JURDICOS................................................................................................63 NEGCIO JURDICO..............................................................................................................................63 MODALIDADES DOS NEGCIOS JURDICOS..........................................................................................64

Negcios jurdicos.......................................................................................................68Negcios jurdicos................................................................................................................................69 O contedo..........................................................................................................................................70 Ordem Pblica.....................................................................................................................................72 Relacionar o contedo jurdico.............................................................................................................73 Vcios de vontade................................................................................................................................73 A perfeio da declarao negocial.....................................................................................................74 Erro......................................................................................................................................................76 Consequncias da existncia de um qualquer vcio no negcio jurdico...............................................80

Nulidade...............................................................................................................80 Anulabilidade........................................................................................................80 Responsabilidade Civil................................................................................................81Responsabilidade civil contratual.........................................................................................................82 Responsabilidade civil extra contratual................................................................................................82

Responsabilidade civil por factos lcitos...............................................................82 Responsabilidade civil por factos ilcitos..............................................................83 Facto voluntrio do agente (ou do lesante).......................................................83 Ilicitude.................................................................................................................84 Causas de excluso de ilicitude............................................................................85 Culpa ou imputao do facto ao agente...............................................................88

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Dano.....................................................................................................................90Danos morais.......................................................................................................................................92

5.

Nexo de causalidade......................................................................................93 Caso prtico 1...................................................................................................94 Caso prtico 2...................................................................................................94 Caso prtico 3...................................................................................................97

Proteco do consumidor............................................................................................98 Caso Prtico para avaliao..............................................................................99Caso Prtico para avaliao

12 OUT 2010

O que o Direito?H que entender, antes de mais, o conceito de DIREITO. Note-se que o Homem um animal social, com necessidade de interagir com outros homens, em sociedade. E dentro de uma sociedade, so necessrias regras para as pessoas se regerem, para que esta funcione. Isto porque so as REGRAS que nos ensinam a viver em sociedade. Ex: Regras de trnsito (se estas no existissem, o trnsito seria catico!!!) O Homem vive em sociedade e esta possui regras.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Que regras?Outra questo a da MORAL. Esta tem a ver com os meus princpios e com os meus valores. algo interior, aquilo em que eu acredito. Mas, por si s, a moral no consegue regulamentar uma sociedade. O remorso a punio interior para quem age contra a sua moral. Mas uma sociedade, para alm da questo da moral, tambm se pode reger pelas leis da fsica, em que a regra que quem ganha o mais forte, ou seja, a lei do mais forte. E esta a primeira limitao que temos. Os princpios morais de algum no so iguais aos de outras pessoas. Mas estes no so suficientes para a existncia de uma sociedade. Ex: a religio tem um peso transcendente numa sociedade. Isto acontece com mais evidncia nos pases muulmanos. Onde tem peso, uma importante regra de conduta, mas s vincula os crentes, e a punio apenas a no-ida para o cu. As leis sociais ou as regras da sociedade so um conjunto de regras de convivncia social. A opinio dos outros influencia sempre o nosso comportamento, ou seja, condiciona-nos. A sociedade tem necessidade de se identificar. Esta exerce influncias e peso sobre as pessoas que o compem. Imitam-se padres de sociedade. As pessoas tm pr-conceitos que so exactamente as regras da sociedade a exercerem influncias sobre ns. decisiva mas no suficiente porque numa sociedade actual o que prevalece so as leis jurdicas, que so normas de conduta social cujo cumprimento obrigatrio. Se estas no forem cumpridas, sofre-se uma punio. Porque que o DIREITO obrigatrio? Este, a funcionar, limita os nossos comportamentos. So regras obrigatrias, e a sua punio real e no metafsica. Existem 2 tipos de Direito:

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

Direito objectivo, que um conjunto de regras de conduta social. Nofundo, so os direitos em geral, de sade, ensino, trabalho, etc

Direito subjectivo, que se define num conjunto de poderes oufaculdades que uma determinada pessoa tem. Trata-se por exemplo de direito de propriedade, integridade fsica. Entre outros. Ou seja, so os nossos prprios direitos, por exemplo, o direito de propriedade que temos das nossas coisas.

O Direito um conjunto sistemtico, um direito que, de forma abrangente, regula a nossa vida. A prostituio no crime, mas no est includa nem estipulada na sociedade. O Direito est presente em toda a nossa existncia, em toda a nossa vida, regulando ou no esta, e uma forma de estar presente/ constante. Diz-nos o que punvel, sendo que tudo o resto permitido. O Direito regula.

O Direito divide-se em 2 grandes ramos: Direito Pblico Direito Privado

O Direito Pblico tem cerca de 100 critrios que o distingue do Direito Privado, mas vamos apenas enumerar dois:Critrio da posio dos sujeitos

H Direito pblico quando uma das partes est em superioridade em relao a outra.

Expropriao: o Estado tem direito a passar por cima da vontade dos sujeitos.

H Direito privado quando uma pessoa est em igualdade de Direito em relao a outra.Critrio dos interesses em causa

H interesses privados quando os direitos em causa so de pessoas privadas.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010H interesses pblicos quando os interesses em causa so de uma colectividade.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

Ramos do Direito PblicoDireito constitucionalA Constituio da Repblica, doravante designada CRP, contempla: Direitos e deveres primordiais Organizao do poder poltico (quais os rgos de Estado, regras, etc) A CRP que hoje temos em vigor data de 1976 e j vai na 7 reviso constitucional e tambm conhecida como a constituio dos 3 25 de Abril. Entendem-se como normas pragmticas aquelas que so desejveis. Hoje h um profundo desinteresse pela temtica poltica, o que muito grave, porque simplesmente deixamos as coisas acontecerem. No nos podemos esquecer que o Estado o somatrio de cada um de ns.

Direito AdministrativoTem a ver com as nossas relaes com o Estado. Assim, temos por exemplo o Direito do Ambiente e o Direito Fiscal. Infelizmente, em Portugal, pouca importncia damos ao Direito do Ambiente.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

19 OUT 2010

Ramos do Direito PrivadoDireito Civil Direito do trabalhoRegula os direitos dos trabalhadores, tenta fazer com que no haja desigualdade. Para a empresa, o trabalho so os custos de produo, e a empresa tenta reduzir todos os gastos, incluindo com os trabalhadores. salrio, para um funcionrio, o seu modo de subsistncia, e isto significa que para a entidade empregadora, salrio tem uma conotao diferente, ou seja, uma despesa. O Direito do Trabalho surge quando as horas mdias dirias de trabalho eram 14h. Os primeiros contratos laborais, h mais ou menos 200 anos atrs, destinavam-se a crianas, j que, devido ao seu reduzido tamanho, cabiam em todos os buracos. Existe para tentar contrabalanar a relao entre patro/ empregado.

Direito da FamliaRegula os direitos das famlias.

Direito Comercial e EconmicoRegula a actividade das empresas. Vamos ver apenas 2 ou 3 notas sobre Direito Comercial Hoje vive-se numa poca com um determinado sistema de Governo (mercado capitalista aberto). Este assenta na concorrncia entre as empresas, e quem ganha com a concorrncia o consumidor, e quem perde so as entidades

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Qual a preocupao do Direito Comercial?1 - Permitir a concorrncia 2 - Permitir a concorrncia saudvel, assim, tem de haver regras para isto acontecer. Na rea do turismo, por exemplo, os preos s vezes eram imperceptveis, e acabvamos por comprar mais caro que a concorrncia. Por isso, agora, na venda de viagens na Net, aparece o preo total.

Fontes de DireitoDe onde nasce ou surge o Direito Existem 6 fontes de Direito. Esta teoria uma das mais pluralistas e modernas. Assim sendo, consideram-se fontes de Direito: Costume Doutrina Lei Jurisprudncia Princpios de Direito Soft law (direito suave ou quase Direito)

CostumeUm costume uma prtica que se faz regularmente, at se tornar um costume. o que se torna um hbito, atravs da rotina. Juridicamente, uma prtica habitual, repetida, realizada com a convico da sua obrigatoriedade. H 2 elementos no costume: Corpus, pratica habitual repetida ao qual se junta o Animus, a convico da sua obrigatoriedade

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010H 36 anos atrs, o marido tinha poder, por lei, de corrigir a sua mulher. Era o homem quem dava autorizao para a mulher poder trabalhar, e, a qualquer momento, revogava esta autorizao. Mesmo assim, esta gerao casou segundo estas leis. Entende-se por dbito conjugal, nos livros tcnicos, o acto sexual entre homem e mulher, desde que casados. Na dcada de 80, violncia domstica ainda no era crime. Exemplo agresso a uma criana Antigamente, quando se dava uma palmada a uma criana, isto era considerado um acto inconsciente, no sentido e no intuito de contribuir para a sua educao, porque quem o fazia, estava convicto de que o devia fazer. Actualmente, quem o faz, no o deve fazer. Contudo, regra geral, f-lo para bem da criana. H sentenas que probem tal acto. Estamos portanto perante a presena de um costume. Um bom exemplo de costume o pai/me darem uma palmada a um filho porque tm a convico de que correcto faz-lo e que isso faz parte de ser bom pai. Mas, HOJE, a lei probe este comportamento. H um estudo que indica que uma em 3 mulheres que se encontram no ensino superior j foi agredida pelo namorado. Outro ex: hoje em dia, numa empresa nos EUA, no se pode dizer a um colega essa blusa fica-te bem: considerado assdio sexual. No esquecer que, o costume, a prtica feita com a convico da sua obrigatoriedade.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Classificaes de costumesCritrio de mbito territorial O costume pode ser nacional, internacional, regional ou institucional. Exemplos: Costume regional morte do touro em Barrancos. Costume nacional o carnaval no feriado, facultativo. Por vezes no calha no feriado. J aconteceu um ano, mas mesmo no sendo, no se produziu nada no pas. Costume internacional entre pases, como exemplo as empresas de reiting. Costume institucional costume numa instituio, tal como a utilizao de gravata nas orais. um hbito institucional. Critrio da relao com a lei H 3 tipos de costumes: Contralegem: contrrio lei Secundolegem: segundo, de acordo, igual lei Pratelegem: para alm da lei, trata daquilo que a lei no trata.

Quando a lei diz algo, o que que eu cumpro? Se a lei diz para fazer A e o costume diz para fazer B, o que se faz? Faz-se secundolegem. Exemplo: Mutilao genital feminina Foi criada uma lei contra isto em Portugal, porque este nmero estava a crescer no nosso pas. um costume. So costumes contralegem, ou seja, a lei dia uma coisa, e o costume diz outra. Qual se cumpre? A lei. Exemplo de pratelegem Este critrio relevante. E onde? Na Internet. Em 2000, o Direito no se aplicava Internet nem se aplicava Net a responsabilidade jurdica. As poucas leis da Internet surgiram uns anos apenas com algumas regras de conduta. O Direito faz com que, primeiro, se faa a prtica, para depois se fazer Direito. O costume sempre a prtica aplicada lei.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 DoutrinaConsidera-se doutrina os pareceres, opinies dos tericos do Direito que esclarecem o sentido da lei (e influenciam o julgador juiz e o legislador). So assim considerados, por exemplo, os professores de Direito que fazem livros e pareceres para a lei, ou seja, esclarecem o sentido da lei. Exemplo de doutrina: a Infidelidade A infidelidade virtual em 75, se uma mulher casada estivesse num caf com outro homem, este acto era considerado infidelidade. H 30 anos atrs, bom pai era aquele que colocava comida na mesa. Hoje, a doutrina esclarece o que um bom pai. A doutrina visa esclarecer o sentido da lei, este o seu papel. uma espcie de tradutor: pega nos contedos e transforma os decretos em coisas mais simples. A doutrina informa o juiz e o legislador. O que quer isto dizer? Como informa o juiz? O juiz no sabe tudo, portanto estuda, e segue as opinies que esto nos manuais. A posio do seu professor, ou seja, da pessoa que escreve o artigo, influencia a posio do juiz. A doutrina enquanto influenciador do legislador O cdigo Penal de 86 e j foi alterado 29 vezes (um perfeito disparate!!!). Se se fizesse um cdigo novo, este far-se-ia na Assembleia. O bom princpio legislativo chamar algum de Direito e receber propostas, porque este ter de certeza uma viso mais pura. Estar muito dentro de um assunto pode retirar-nos objectividade. Da chamarem-se os professores de Direito, e se fazerem propostas para novas leis, e neste sentido que a doutrina influencia os legisladores.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 JurisprudnciaLiteralmente, significa cincia do Direito. Em Itlia, este o nome do curso de Direito. o estudo das decises dos tribunais ento? Quando dizemos que o estudo das decises dos tribunais, parece que apenas os tribunais aplicam Direito, o que no verdade. H vrias instituies que o aplicam, por exemplo, a polcia, as finanas, segurana social, entre outras. Todas as anteriores aplicam Direito, e se no estiverem de acordo, recorremos ento aos tribunais. Uma empresa privada, por exemplo, tambm aplica Direito. Ou seja, a definio anterior est errada porque partimos do princpio (errado) que s os tribunais aplicam Direito. H outras instituies que o aplicam, mas que em ultima instncia, recorrem aos tribunais. A jurisprudncia a fonte de Direito porque nos d a conhecer o sentido do Direito, tal como a doutrina nos d o sentido da lei. A jurisprudncia estuda as decises do tribunal que nos servem de base para concluir sobre determinado crime. As nossas leis de pedofilia so as mesmas de h 20 anos atrs, o que mudou foi a maneira como os juzes aplicam a lei. Agora, a jurisprudncia molda a lei a casos similares. - esta definio est ERRADA. Qual o termo

Princpios de DireitoSo axiomas/ valores/ princpios que norteiam, marcam e inspiram um determinado ramo do Direito. Ou seja, so as regras mais importantes do ramo do Direito. O que so os princpios de cada um dos ramos do Direito? Exemplos: Direito de menores O caso da Alexandra: juridicamente, o tribunal tem razo, uma vez que a nossa lei diz que no se separam pais de filhos. Tambm o Direito penal um princpio de Direito.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

26 OUT 2010

Soft LawSo normas no vinculativas cuja obrigatoriedade resulta do facto de serem voluntariamente cumpridas. A soft law composta por: Normas tcnicas Normas deontolgicas, tem a ver com a doutrina. So as regras que regulam qualquer profisso. So soft law uma vez que so cumpridas voluntariamente. Normas de conduta, tem uma importncia crucial: so regras que as empresas de um determinado sector criam para se auto regularem. Esta ideia est um pouco queimada porque costuma confundir-se com auto regulao (ausncia de regulao). Auto regulao quando as empresas de uma determinada rea combinam qualquer coisa e a cumprem voluntariamente. A vantagem que so as prprias empresas que criam normas e as cumprem. Se assim no for, vem o Estado e obriga-as a cumprir as leis.

LeisSo normas criadas por um rgo com competncia constitucional para impor determinada regulamentao/ comportamentos. Esta definio vaga, porque quem pode criar legislao : Presidente da Repblica Assembleia da Repblica Regies Autnomas Municpios Unio Europeia

No Turismo, 85% da regulamentao existente criada pela Unio Europeia. Dentro destas entidades, algumas delas tm 2 ou 3 formas de criar legislao.

Lei constitucionalNa Constituio da Repblica encontramos os tipos de leis mais importantes. Neste conjunto, destacam-se 2 tipos sendo consideradas mais importantes: Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Direitos e Deveres fundamentais Organizao do poder poltico Direitos e Deveres Fundamentais Art 13 da CRP Direito igualdade; no haver discriminao injustificada. Art 20 da CRP - Acesso aos tribunais e sua defesa; princpio da justia pblica. Todos devem ter acesso sua defesa. A justia privada (pela prpria mo) chama o pior de todos ns, uma vez que nos tira a objectividade. A nossa dor sempre terrivelmente maior que a dor dos outros. Da no podermos usar a justia privada, e prevalecer a justia pblica. Art 24 da CRP Direito Vida. Ou seja, no permite a pena de morte. Portugal foi o pas pioneiro na abolio da pena de morte, uma vez que esta incompatvel com a Declarao Universal dos Direitos do Homem. Nos EUA, ainda h Estados onde existe pena de morte. No entanto, tanto nos EUA como em Portugal, tm sociologia igual, bem como economia e condies religiosas iguais. Basta haver uma condenao morte injusta para uma onda de pessoas se manifestar contra e a repudiarem. Art 25 da CRP Tortura; Princpio da Identidade Pessoal. A tortura proibida por lei. O problema que, de quando em quando, h pessoas torturadas. A proteco ao princpio de identidade tem a ver com a proteco da identidade humana. Art 36 da CRP Famlia, casamento e filiao; Falou-se muito deste artigo quando se tratava de casamento entre pessoas do mesmo. Se o artigo contempla todos, logicamente tambm deveriam estar includas as pessoas do mesmo sexo. A poligamia, assim sendo, tambm estaria includa. Isto passa-se hoje, apesar do mais conhecido ser o caso islmico, em vrios pases, porque uma questo de cultura. Art 41 da CRP Liberdade religiosa; ou seja, conscincia e culto. Cada um segue a religio que entende. Art 72 da CRP Cidados seniores; dever de respeitar os cidados mais velhos, seja a que nvel for.

Organizao do Poder Poltico

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Portugal tem 4 rgos de Gesto: Governo Presidncia Tribunais Governo Art 120 da CRP Presidente da Repblica; representa a Repblica Portuguesa e o comandante supremo das Foras Armadas. Existem 2 sistemas de Governo: Presidencialismo que o que se v nos EUA, Frana, onde quem tem destaque o presidente da repblica tem o destaque. Parlamentarismo como na Holanda e Dinamarca, onde quem tem destaque o 1 Ministro. Em Portugal, temos o Semi-presidencialismo, onde quem manda o presidente juntamente com o 1 Ministro. um resultado trgico! Em 81, mudou-se a CRP e agora h parlamentarismo, ainda tendo o PR 2 poderes, sendo eles: Dissolver a Assembleia (ou seja, demitir o Governo) Intervir no processo legislativo Art 147 da CRP Assembleia da Repblica; serve principalmente para criar leis, legislar. Nos ltimos anos, em Portugal, o Direito comparado, comea a atribuir um importante poder: fiscalizar o Governo (ex: comisses de inqurito com poder para aplicar punies) Os parlamentos, nos outros pases, tm fortes poderes. Acontece que todas as nomeaes passam pelo parlamento e as pessoas so ouvidas, havendo inclusive discusses de currculos. Assim, responsabilizam-se mais que uma identidade, e assim, todos confiam na deciso. Em Inglaterra, s pode ser ministro quem j foi deputado, e isto d qualidade ao parlamento. Art 182 da CRP Governo; no h eleies para o Governo, apenas h eleies presidenciais, autrquicas, europeias e legislativas (para o Parlamento). Art 187 da CRP Nomeao do Governo; o presidente, quando eleito, chama os outros partidos para os ouvir. No votamos directamente para o Governo, mas sim para a Assembleia. Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Art 195 da CRP Demisso do Governo; Rejeio do programa de Governo. Isto acontece quando no aprovada uma moo de confiana, ou quando aprovada uma moo de censura. Moo de confiana o Governo, perante a Assembleia, pede um voto (moo) de confiana; se no for aprovado, o Governo cai. Moo de censura a oposio a pedir a demisso do Governo; se for aprovada, cai o Governo. Caso do Eng. Guterres: o Governo caiu porque se fez uma moo de confiana e esta no foi aprovada. Nesta legislatura, a Assembleia pode juntar-se e assim cai o Governo, porque controlado tanto pela presidncia como pela Assembleia. Art 202 e seguintes da CRP rgos que aplicam Direito a casos concretos.

Direito InternacionalSo leis entre vrios pases ou Estados. Como surge? O Estado Portugus fez um acordo com o Estado Espanhol, e assim aplica-se o Direito Internacional. A ONU a organizao que tem o papel crucial neste sentido. Existe com o objectivo de impedir a 3 Grande Guerra Mundial, sendo portanto responsvel pela paz no mundo. Mais que isso, criou a Declarao Universal dos Direitos do Homem. Sentimo-la pouco, porque estes direitos constam na nossa CRP (a nossa vai beber Declarao Universal). O Tratado de Roma criou a CECA, posteriormente Unio Europeia, regulada pelo tratado de Lisboa. Quem d mais dinheiro Unio Europeia a Alemanha e tambm a Frana. Isto acontece porque tm benefcios, porque ningum d dinheiro a ningum por simpatia. A Europa tem como problema o facto do seu mercado ser pequeno. O Z Cabra canta mal. Alis, guincha! Foi descoberto pelo Srgio, que o publicitou, e durante um ano correu tudo o que era festa de jovens, ganhando 50 mil contos lquidos. Assim, ficou resolvido por um bom tempo. Imagine agora que o Z Cabra tinha nascido em Espanha: ganhava sete vezes mais, porque o pas maior. Se fosse alemo, ganhava 20 vezes mais. Se fosse brasileiro, imagine s o que ele no teria ganho! Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010O que significam mercados grandes ou pequenos? H 20 anos atrs, ir ao estrangeiro era ir a Badajoz ou ao Rosal. Tnhamos de levar passaporte e s se comprava um pacote de caramelos, j que no podamos trazer mais. Poder podamos mas Pagava-se um imposto alfandegrio, e muitas vezes no nos compensava. Com a abertura dos mercados, produz-se mais, isto porque, em termos gerais, sai mais barato fabricar por unidade se o nmero produzido for maior. Tambm a Europa, partida por muitos pases, pequena. Da se ter criado um mercado grande, com livre circulao de pessoas e mercadorias. Neste caso grande significa mais forte. Isto s era possvel se os pases pequenos, como Portugal ou Grcia, tivessem apoios para se prepararem para esta abertura de mercados. Da ter entrado tanto dinheiro para Portugal, por exemplo, a fundo perdido. Para abrir o mercado aos 27 hoje, as leis tm de ser similares em toda a Unio Europeia. Se as regras no fossem iguais, ou pelo menos semelhantes, os Estados criavam leis prprias. A Unio Europeia tem 7 rgos: O Parlamento Europeu, que no legisla mas que eleito democraticamente. O Conselho da U.E., e h vrios, com ministros sectoriais. Exemplo: o Conselho das Finanas, com todos os ministros das finanas. O Conselho Europeu. A Comisso Europeia, onde est Duro Barroso, o motor da Unio Europeia, o nico rgo com competncia para criar legislao. Tribunal Judicial das Comunidades Europeias. Banco Central Europeu. Tribunal de Contas.

Direito ComunitrioPode considerar-se aqui o primrio e o derivado. Primrio So os tratados, como por exemplo o tratado de Lisboa.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Derivado A Unio tinha 2 formas de legislar: ou uniformizava (tornava igual), ou harmonizava (tornava semelhante). Isto deriva dos tratados. A Unio Europeia podia criar uma lei igual em todos os pases, ou ento criava 1 lei/ regra de lcool, igual para todos os pases: era uma loucura! Na Sucia, por exemplo, a taxa de lcool de 0,0. Isto significava que se um portugus bebesse um copo de vinho refeio e o mandassem parar na Sucia, era automaticamente considerado um alcolico. Os suecos no tm como tradio beber um copo de vinho refeio, mas os portugueses sim. So culturas diferentes, embora estando ambos os pases inseridos na Unio Europeia. A harmonizao A harmonizao assim vantajosa, porque cria-se legislao semelhante para todos, respeitando a cultura de cada pas. A U.E. decidiu criar mecanismos para uniformizar e harmonizar. A saber: regulamentos e directivas. As directivas harmonizam. Destinam-se aos estados obrigando-os a criar legislao que respeita os princpios previstos nas directivas. Do um prazo ao Estado para o fazer. S vlida quando a legislao criada pelo Estado.

A uniformizao Os regulamentos uniformizam. Dirigem-se a cada um dos cidados europeus, criando uma norma obrigatria nos 27 estados membros. Directiva

Nenhum avio pode aterrar com um s piloto Depois do dia 1 de Janeiro, todos os pases tm de respeitar esta directiva. Assim, o Estado tem um ano para criar legislao area respeitando a directiva. H que ter em conta a especificidade de cada regime interno. Aplica-se logo a regra, mas a directiva obriga o estado a criar legislao.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Quando o Estado no respeita o prazo, aplica-se-lhe uma multa. Da que o tribunal defenda o efeito directo da directiva. Se a directiva no transposta passar o prazo, ela praticvel pela pessoa interessada. Quando regulamento, aplica-se logo. Quando directiva, s se aplica se o Estado no a aplicar no prazo previsto. 2 NOV 2010 Em turismo, a esmagadora maioria da legislao regulamentada por directivas. A directiva vem da U.E., dirige-se aos Estados Membros obrigando-os a criar legislao que respeita os princpios constantes nas directivas. O que as caracteriza o facto de darem um prazo para se aplicarem, se no, elas so automaticamente praticveis. Se a directiva me d um direito concreto, posso exerc-lo. Isto o efeito directo da directiva. O Estado pode ser condenado pelos tribunais se no a aplicarem.

Leis orgnicasArt 166.2 da CRP leis orgnicas so leis de valor reforado. So leis que so mais importantes que as leis que vamos estudar de seguida.

Leis e decretos-leiA grande diferena que as caracteriza o rgo de onde provem. As leis vm da Assembleia. E os decretos-lei vm do Governo. Art. 164 e 165 da CRP no 164, podemos ver que a Assembleia legisla sobre a matria que este artigo contempla. S a Assembleia pode legislar e mais ningum. No 165 podemos ver que tanto a Assembleia como o Governo podem legislar sobre a matria que este artigo contempla. Ateno que o Governo s pode legislar se a Assembleia der autorizao.

Como se faz?Art 165.2 da CRP As leis de autorizao devem definir o objecto. A Assembleia no diz ao Governo para legislar sobre isto ou aquilo. Pode dizer sim qualquer coisa deste gnero: altere o cdigo penal, no prazo de 5 dias, alterando a punio para os crimes de pena mxima. Isto a lei de autorizao penal.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Leis regionaisArt 227 da CRP legisla sobre as matrias da competncia das regies autnomas e seus limites territoriais. Exemplo: se eu fosse madeirense, onde era proibido casar com menos de 21 anos; estando eu no Continente e tendo 20 anos, podia casar? Podia, porque a lei s se aplica na Madeira e apesar de eu ter 20 anos, encontro-me no Continente.

Decretos Regulamentares difcil perceber estes decretos. Eles regulamentam uma lei ou um decreto. A lei trava e traa os grandes princpios, e os regulamentos vm regulamentar essa lei. Exemplo: lei de acesso ao ensino superior; que provas de acesso? Qual o prazo? Que documentos? Tudo isto est nos regulamentos. Enquanto no houver regulamentos, a lei no se pode aplicar. Entrou hoje em vigor uma nova lei com vrias alteraes sobre as prises. Uma delas diz que no obrigatrio o casamento para as visitas conjugais. O que se pode fazer? E se os presos contratam profissionais? At data, isto no est regulamentado. Lei do tabaco no h uma regulamentao definida. O que se considera um dispositivo (para extrair o fumo)? As pessoas esto espera de uma homologao. A lei no foi regulamentada, apesar de teoricamente ter entrado em vigor. H dezenas de casos destes. dos restaurantes esto em processo de legalizao por este motivo, ou por muitos outros.

PortariasVm do Governo, mais especificamente dos ministrios. Basicamente vm, tal como os decretos regulamentares, tratar de uma forma especfica as leis. As portarias vm dos ministros.

Posturas a forma como os municpios legislam. Qual a competncia dos municpios para legislar? Basicamente nenhuma. Apenas no que diz respeito a outdoors, leis sobre ces nos jardins, etc. H pouca coisa sobre isto.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Hierarquia das leisQue ordem esta de matria? Esta ordem respeita a hierarquia das leis. Ou seja, a lei de valor inferior tem de respeitar a lei de valor superior. Assim, as posturas tm de respeitar as portarias, que tm de respeitar os decretos regulamentares, que tm de respeitar as leis regionais, que tm de respeitar as leis e decretos-lei, que tm de respeitar as directivas e assim sucessivamente. Esta ordem no arbitrria, uma pirmide, em que no cimo temos a CRP, at chegar s posturas. Esta a 1 grande regra. Caso prtico 1

Belimunda tinha 17 anos e um sonho: ser casada, ao mesmo tempo, com 2 homens. Ficou quase feliz quando uma directiva que devia ter sido transposta at OUT 2010 permitia o casamento de um homem com vrias mulheres desde que feias. Quid juris? Resoluo Art 1577 do Cdigo Civil Casamento o contrato celebrado entre 2 pessoas de sexo diferente que pretendem constituir famlia mediante uma plena unio de vida, nos termos da disposio deste cdigo Neste caso, no h problema de ter 17 anos (o art 1601 do CC diz que permitido o casamento a jovens com mais de 16 anos). Temos de definir directiva e ver a hierarquia da lei. Se a directiva no foi transposta, aplica-se o efeito directo da directiva; a directiva que no transposta d direitos, ou seja, o particular interessado pode us-la. Supostamente, Belimunda podia casar mas PROBLEMA: o art 13 da CRP probe a discriminao de sexo, coisa que est implcita neste caso. H discriminao, logo, a CRP vale mais, portanto, aplica-se. A directiva est acima do cdigo civil, mas tem de respeitar a CRP.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010At poderia casar, mas esta proibio inconstitucional, porque h notoriamente discriminao em virtude do sexo.

Ilustrao 1 - Hierarquia das leis

Processo criativo da leiComo surge uma lei?

Iniciativa da leiEste o 1 momento do processo criativo da lei. Algum tem de se lembrar de propor uma lei. Art 167.1 da CRP A iniciativa da lei compete aos deputados, aos grupos parlamentares (com competncia legislativa), ao Governo (que tem competncia para chegar Assembleia e propor uma lei) e a um grupo de cidados (so necessrios 35 000 cidados). a iniciativa da lei. Trata-se de um texto legislativo com arquitectura da lei.

Votao da leiEste o 2 momento. A lei, depois de proposta, vai ser discutida na Assembleia, e depois votada. Uma lei pode ser aprovada s com um voto? Pode, desde que haja um voto a favor a mais do que um voto contra, neste caso, a absteno total. Isto no acontece com as leis orgnicas. Art 168.5 da CRP as leis orgnicas de que j falmos tm de ser aprovadas pela maioria absoluta dos deputados na capacidade das suas funes. Em 230 deputados, Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010116 tm de dizer que sim para serem aprovadas (ou seja, metade dos deputados mais um). A maioria qualificada est acima da maioria absoluta, ou seja, 2/3.

PromulgaoEste o 3 momento se for aprovada a lei. o acto pelo qual o presidente confere solenidade ao acto e convida ao seu compromisso. O PR tem 2 opes: ou promulga a lei ou a veta. Art 136 da CRP O PR pode enviar o texto legislativo para o Tribunal Constitucional. Assim (recapitulando): H uma lei, aprovada, enviada para o PR. Este, ou a promulga ou a veta (se no gostar). Se vetada, a lei regressa Assembleia para que esta volte a votar na lei. Art 136.2 da CRP se o PR vetar a lei e a Assembleia voltar a confirmar a sua aprovao, o PR obrigado desta vez a promulg-la. Exemplo: lei do casamento homossexual O nosso PR no era a favor da promulgao desta lei, mas teve de a promulgar. Caso no o fizesse, ou seja, caso a vetasse, regressava Assembleia, voltava a ser aprovada e o PR no tinha outra hiptese seno promulg-la. O que acontecia? Apenas atrasava o surgimento desta lei, mais nada.

Publicao da leiEste o 4 momento. Publicam-se as leis no Dirio da Repblica. Porqu? Para serem susceptveis de serem conhecidas. H um princpio jurdico que diz: O desconhecimento da lei no motivo para o seu incumprimento. Logo, parte-se do princpio que todos os portugueses lem o DR para saber as leis que existem. Problema: o DR muito caro, o que uma vergonha. Custa cerca de 500/ ano. Agora electrnico, mas apenas tem consulta gratuita durante 45 dias, depois retirado da Web. NO H Mais NENHUM MOMENTO QUE SIGA A APROVAO DA LEI.

vacatio legisUltimo momento. Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Entre a publicao da lei e a sua entrada em vigor temos o vacatio legis. Este consiste no vazio da lei, o perodo entre a publicao e a sua obrigatoriedade de cumprimento, o tempo que permite o seu conhecimento. O ltimo artigo, normalmente, contempla a durao do vacatio legis. Se a lei se esquecer de o referir, o vacatio tem a durao de 5 dias. Antes, a vacatio legis tinha 5 dias no Continente, 15 nas regies autnomas e 30 dias para o resto do mundo. Era o tempo da lei chegar ao destino. Desde 2007, o vacatio de 5 dias, porque com a Web, o DR chega a todo o lado ao mesmo tempo. Caso prtico 2 O decreto-lei 101/10 de 29 de OUT de 2010 dispe que quem praticar a mutilao genital feminina punida com uma pena de 5 anos de priso. Antnio vai pratic-la hoje s 20h na sua filha recm-nascida. Quid jris? Resoluo O decreto-lei tem 4 dias at presente data, ou seja, ainda no estaria em vigor devido ao vacatio legis (vazio da lei), que, no tendo um prazo estipulado (pelo menos no temos conhecimento disso), tem a durao de 5 dias. Assim, o Antnio no seria preso. Mas o problema aqui nem esse. A mutilao genital feminina um costume, neste caso contralegem, uma vez que vai contra o art 25 da CRP, que refere a integridade fsica pessoal. Mas o problema tambm no este. O problema que se trata de um decreto-lei, legislao que emana do Governo, e assim sendo, inconstitucional, porque s quem pode legislar sobre penas de priso a Assembleia da Repblica. S no seria inconstitucional se o decreto-lei viesse do Governo, mas se este tivesse a autorizao da Assembleia para auferir sobre o assunto.

9 NOV 2010

Cessao da LeiOu seja, quando a lei deixa de estar em vigor. H 2 formas mais 2 de isto acontecer. Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 1 - DesusoO desuso no consensual; h autores que o reconhecem para cessar uma lei e outros no. Fala-se em desuso quando uma lei deixa de se aplicar. A lei penal da interrupo voluntria da gravidez: muitos defendiam que estava em desuso porque simplesmente j no se aplicava. No blogue dos casos prticos est um exemplo de um decreto-lei de1941 que indica quais as medidas dos fatos de banho quer dos homens, quer das mulheres. Teoricamente ainda est em vigor, apenas no se usa: ningum, hoje em dia, apanha uma multa de seis contos por atentado ao pudor. Se nos quiserem multar porque usamos um bikini, podemos recusar-nos a pagar a multa e alegamos que a lei cessou por desuso.

2 - SuspensoAlguns autores dizem que no estamos perante uma verdadeira cessao, porque a lei existe mas a sua aplicao est suspensa. Durante uma certa altura, h determinadas leis que no se encontram em vigor.

Consensuais 3 - CaducidadeAplica-se s leis temporais. a forma pela qual as leis temporrias deixam de vigorar. H dois tipos de leis temporais: Lei temporria marca o prazo da sua vigncia. Exemplo: vigora durante a conveno da NATO. No ltimo dia da conveno, caduca a vigncia da lei. Lei transitria visa regular situaes transitrias. Exemplo: a lei que atribui uma penso aos homens portugueses que estiveram na 1 Grande Guerra Mundial. A lei vigora at morrer o ultimo homem, ou no caso deste ser casado, se deixar viva, a viva recebe a penso at morrer. Depois, a lei cessa por caducidade.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 4 - RevogaoMuitas vezes falamos da revogao, porque ela a forma mais bvia da lei deixar de estar em vigor. O artigo 1577 do Cdigo Civil (casamento) antes falava de casamento entre 2 pessoas de sexo diferente, hoje diz apenas que o casamento se celebra entre 2 pessoas. Ou seja, havia o artigo 1577 do CC, e o novo artigo revogou esta lei, substituindo-a. Porque se revogam leis? Revogam-se leis porque a sociedade muda, o que consideramos correcto muda e, logo, temos de nos adaptar a adaptar as leis tambm. Revogar com a lei homologar ou acabar com a lei. Ser que toda e qualquer lei nova revoga a lei antiga? NO. A lei nova s afasta a lei antiga se estiver no mesmo patamar hierrquico ou superior. Artigo 7 do CC Revogar uma lei afastar outra lei.

H dois tipos de revogao: Revogao expressa, aquela que os juristas mais gostam porque sabem exactamente aquilo que fica revogado. Exemplo: fica revogado o artigo X do decreto-lei X. Isto indica expressamente que o artigo no est em vigor. Logo, faz aumentar a segurana na anlise de casos. Revogao tcita, segundo o artigo 7.2 do CC, indica que quando a lei nova incompatvel com a lei antiga, d-se a revogao tcita. Exemplo: h uma lei que regula o transporte colectivo e que d um conjunto de direitos aos consumidores. Surge uma lei nova que regula o transporta de avio. Os direitos que regulam o 1 so vlidos para o 2? A regulao tcita muito confusa, porque por vezes uma tarefa terrvel porque podemos no perceber primeira do que se trata.

Interpretao da leiArt 9 do CC Interpretao da lei. Isto trata-se de perceber o contedo da lei e o que l vem escrito, e trata-se de, na maioria das vezes, uma tarefa mais complicada do que deveria na realidade ser.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010H cerca de um ms que os decretos-lei passaram a ter uma linguagem mais simples, ou seja, cria-se a legislao e depois, ao lado, vem a sua explicao ridculo! O legislador esquece-se que legisla para cidados e no apenas para juristas.

Fontes de interpretao da lei Interpretao jurisprudencial, feita pelos tribunais; Interpretao doutrinal, feita pela doutrina e portanto interpretada por um autor; Interpretao oficial, interpretada pelo legislador, sendo atravs de uma lei que se faz a interpretao oficial e legal. Interpretao autntica / legal, que tem o mesmo sentido que a anterior. Tm uma diferena: a oficial feita atravs de uma lei com valor inferior, a autntica feita atravs de uma lei de igual valor. Ou seja, a lei interpretativa, de valor inferior significa que se trata de interpretao oficial; se a lei for do mesmo valor, fala-se de interpretao autntica. Exemplo: foi aprovado o Oramento de Estado, que tem uma medida de conteno de 5% de corte nos salrios dos trabalhadores do Estado e equiparados. Mas, o que so equiparados? Ningum sabe ao certo. dbio. necessrio interpretar a lei e vo surgir portarias, a dizer que engloba isto ou aquilo. Para impedir uma resposta errada ou quase casusta, sai uma lei da Assembleia, com um mesmo valor, que equiparadas tm o mesmo peso porque so iguais em todos os aspectos, sendo portanto vlida. Tcnicas interpretativas da lei No artigo 9 do CC, falamos de regras de interpretao da lei: Elemento lgico, temos de olhar para o texto da lei para o podermos interpretar. No podemos escolher uma interpretao com um texto diferente do legal. A lei que probe o menos, probe o mais. Elemento histrico, ou seja, para percebermos uma lei temos de compreender o contexto histrico em que se insere. Elemento sistemtico, s posso perceber uma lei se estiver inserida num sistema. Ou seja, no posso ter um artigo para perceber uma lei, tenho de ler toda a lei. Um s artigo pode ser uma excepo ou ento vir uma excepo imediatamente a seguir a esse artigo.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

BLOCO IIPorque existe o Direito? Porque h necessidade de regular a vida em sociedade, e s h vida em sociedade porque existem pessoas.

O que uma pessoa para o Direito?Ser que h mais pessoas ou seres humanos para o Direito? Ser que historicamente todos os seres humanos eram pessoas? NO, havia os escravos. Rasgamos uma folha, amarrotamo-la e colocamo-la no lixo. Tudo o que se fez folha era legal fazer aos escravos. Isto passava-se h cerca de 140 anos atrs. Na Europa. Juridicamente os escravos eram COISAS. H um momento em que deixa de ser legal matar os escravos (nos EUA deu-se a abolio com a guerra Norte/ Sul), tal como hoje ilegal abater um co. A escravatura foi praticamente abolida at aos dias de hoje, com a excepo do trfico de mulheres. Isto grave: alm de serem escravas, as mulheres so escravas sexuais. O que acontece hoje em Portugal no propriamente prostituio, mas sim mulheres que acham que vo trabalhar para outra coisa: depois, retiram-lhes o passaporte, ameaam os filhos destas e elas no ganham nem um tosto porque, teoricamente, tm de pagar os seus custos (5 000 do avio, so 5/ 6 pessoas num quarto minsculo, e se no puderem ir trabalhar porque estiverem menstruadas tambm tm de pagar). Ou seja, trata-se de escravatura porque trabalham sem receber. S h 2 formas de combater isto: ou legalizar, ou deixar de se frequentar esses locais (participao activa no acto ou ser participador passivo). A forma como ns recebemos enquanto pas as pessoas que vm para c trabalhar, a forma como iremos ser recebidos nos pases deles.

PessoasArt 66 do CC comeo da personalidade

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 a aptido para ser titular de direitos e obrigaes (personalidade jurdica). H uma pessoa desde o seu nascimento completo e com vida. Ser que tem importncia, para o Direito, saber se a pessoa nasce viva ou morta? TEM. Se a criana estiver um segundo viva, mesmo que morra, importante para o Direito porque se for herdeiro (ou seja, se na altura da gravidez o pai morrer), a criana deixa tudo me. Nascimento com vida compreende qualquer manifestao de vida, que tanto pode ser choro, como mexer um dedo, um p, abrir os olhos, etc. Nascimento completo a separao integral do corpo da me independentemente do corte do cordo umbilical. Em 1867, falava-se de nascimento completo e com figura humana. Ou seja, ainda havia os monstros, por exemplo, pessoas com graves deficincias, siameses, havendo at mulheres que eram queimadas por terem parido estes monstros, no sendo estas consideradas humanas. Infanticdio uma patologia que pode levar uma me a matar o filho, da que, e desde h algumas dcadas, se pretende que os partos tenham lugar no hospital. Diz-se que h uma pessoa para o Direito aps o seu nascimento completo e com vida. Se uma parteira ou um mdico, por negligncia, deixarem cair uma criana e esta morrer, considera-se que h homicdio. Se houver negligncia mdica e a criana morrer sem nascer, no h homicdio. Art 66.2 do CC nascituro o projecto de beb: a) Concebido, ou seja, o filho que A e B esperam b) No concebido, ou seja, o filho que A possa ter Em ambas as situaes a lei confere-lhes direitos. Art 952 do CC Posso doar a nascituros no concebidos; esta situao complicada porque com o avano da tecnologia, um homem ou uma mulher podem ser pai ou me um ano aps a sua morte. Os nascituros mormente concebidos so herdeiros? H pessoa a partir da 6 semana de vida da concepo, e depois do nascimento? H aqui uma pessoa jurdica? NO, caso contrario haveria crime de homicdio e no de aborto.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Olhando para o Direito portugus (apesar de muitas vezes lermos o contrrio porque h muitos autores que vo beber ao Direito alemo), reconhecemos que o Direito no d direitos aos nascituros. Marcelo Rebelo de Sousa tentou aplicar o Direito alemo: ilegal mas no h pena, sendo o mesmo que se passa com as drogas leves. Ser que uma mulher pode amamentar enquanto fuma e se droga? E se for 2 dias antes do parto? Isto contraditrio e, em Portugal, como na maioria dos pases, no h legislao. Falmos assim que uma pessoa para o Direito existe desde o seu nascimento completo e com vida. Falmos do estatuto jurdico do nascituro, que no tem direitos mas expectativas jurdicas se houver nascimento completo e com vida. Termina a personalidade com a morte. Art 68 do CC MORTE O que a morte? Qual o seu momento? Historicamente, era considerada morte quando se dava a paragem cardaca do corao mas, hoje em dia, possvel estar-se vivo um ms sem corao. Ou seja, este critrio j no se usa para definir morte. Hoje em dia o critrio a morte cerebral. Isto uma discusso mdica e jurdica. Com a evoluo dos meios tcnicos e cientficos, a pessoa est morta (cerebralmente) h um ms, ou 8 meses, e o seu corao continua a bater e os sinais vitais esto l, podendo mesmo ter reflexos. A mulher pode estar em coma e engravidar. Como? Basta ser violada (caso que j aconteceu nos EUA). Em Portugal, h 3 homens que esto presos por terem violado cadveres.

Estatuto jurdico do cadverTrata-se de um dos mais rentveis negcio ilcitos: trfico de rgos. Portugal tinha um baixo nmero de dadores de rgos. Agora, em vez de se dizer que quer ser dador, todos o so, a no ser que digam que no o so.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Portugal generoso o suficiente para esta lei no ser necessria. absolutamente inadmissvel que o cadver seja para comrcio. Salvo haja interesse histrico, o cadver s pode ser vendido ou comprado nesta situao. Algum que saiba que vai morrer, que tem apenas 3 meses de vida, pode querer vender o seu corao, sabendo que com este gesto deixa a sua famlia amparada financeiramente. Salvo casos excepcionais, no se permite que o dador escolha a pessoa a quem vai doar o rgo.

Direitos da PersonalidadeSo 6 estes direitos. Art 24 da CRP - o

Direito Vida.

Ser que o Direito me reconhece a

possibilidade de eu me matar? NO. Tambm tenho o dever de no profanar o meu corpo nem de atentar contra ele. O que leva algum a jogar a roleta russa? Apenas dinheiro, porque as apostas so muito elevadas.

EutansiaO que ? No propriamente suicdio, apenas a deciso que alguem toma em que entende que no quer continuar a viver. NO o direito a no ter tratamento mdico. -me diagnosticado um cancro e no quero tratamento. Antnio Feio, por exemplo, sabia que ia morrer e no desejava ser tratado, mas entendeu que tinha uma responsabilidade social enquanto figura pblica, de se curar. Dava entrevistas na semana antes de entrar em tratamento porque era quando se sentia melhor. Eutansia A eutansia coloca-se sobretudo em paraplgicos, porque estes no podem recorrer ao suicdio, e que, por isso mesmo, s podem morrer com ajuda. diferente de suicdio assistido, onde alguem ajuda, d meios ao prprio para este se matar.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Quando se legisla sobre isto, fala-se no consentimento esclarecido, em que a pessoa toma conscincia da sua situao e aps decide morrer. No caso do pescador espanhol, temos de perceber que o senhor esteve 18 anos acamado Na Holanda, a eutansia j legal, mas surgiu um outro problema: veio fazer com que a sociedade se visse livre dos idosos, e isto muito cruel. J no necessrio, no caso holands, tratar-se de uma doena terminal. Sade um estado transitrio que no augura nada de bom Dr. Eduardo Barroso

Direito integridade fsicaSer que posso contratar alguem para que essa pessoa me agrida, me bata? Antigamente faziam-no para no irem guerra. Isto resultava nuns meses no hospital, e depois ficavam atrs de uma qualquer secretria, em vez de terem uma arma em punho num campo de batalha. Isto no inviolvel. H casos em que o posso autorizar, tratando-se at de um desporto olmpico. Mas isto so excepes. E se for agredido num combate de boxe e a luva do adversrio tiver uma lmina? E se a meio de uma relao sexual masoquista, eu morrer? O que se faz? Ateno que h uma autorizao (prvia, dada por mim, subentendida) para eu ser agredido, s que essa autorizao excedida pelo outro. At onde vai o meu direito para permitir que uma terceira pessoa invada a minha integridade fsica? se lhe der um murro, uma ofensa integridade fsica SIMPLES se lhe der uma facada, uma ofensa integridade fsica GRAVE

Neste ultimo caso, a minha autorizao irrelevante. Integridade fsica ambivalente, porque engloba tanto o corpo como os princpios. Estamos muito vocacionados para as agresses fsicas, e esquecemos que as psicolgicas tambm tm imensas patologias, de que exemplo a depresso. to grave dar 2 murros como passar um ano a achincalhar uma pessoa. Na maioria dos casos, falamos de bulling apenas na parte fsica e esquecemos a parte psicolgica, que tantas vezes leva ao suicdio. Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

16 NOV 2010 Falmos de integridade fsica, que no um Direito absoluto porque algumas vezes a ofensa fsica consentida, e noutras no o . Assim: 1. Direito Vida 2. Direito Integridade 3. Direito Honra 4. Direito ao Nome 5. Reserva de cartas confidenciais 6. Direito Imagem art. 24 da CRP art. 25 da CRP art. 70 do CC art. 72 do CC art. 75 do CC art. 79 do CC art. 80 do CC

7. Reserva da Intimidade da Vida Privada

Direito HonraA lei protege-nos contra injrias (chamar nomes a algum) e contra a difamao (dizer mal da Maria s colegas). Mas h uma excepo (exceptio veritatis): no injurioso chamar prostituta Antnia se a Antnia de facto for prostituta. Pode no ser verdade mas, havendo uma suspeita razovel, de que a Antnia prostituta (trabalha no bar onde as colegas so prostitutas), ou desde que eu no haja de m f (se eu acreditar mesmo no que digo), ento uma suspeita desculpvel.

Direito ao NomeProtege-se o nome e isto estende-se ao pseudnimo (nome pelo qual algum conhecido). Exemplo: Norma Jean (nome civil) a mesma pessoa que Marylin Monroe (pseudnimo). Ainda sobre isto, no Direito comercial, um nome pode ter um enorme valor econmico.

Reserva das Cartas ConfidenciaisHoje significa correspondncia, porque alm de cartas temos de incluir e-mails, conversas telefnicas ou conversas privadas no MSN ou ainda qualquer outro tipo de correspondncia privada.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Quem casado, no ode mexer nos e-mails ou SMS ou computador do cnjuge, porque sendo invaso de privacidade, crime. A lei diz que eu no posso mexer no telemvel ou computador do cnjuge. Mas, sendo casada, tenho direito a do telemvel ou do computador, que por lei tambm me pertencem. A mquina sim, mas o seu CONTEDO privado e confidencial. Ainda que o meu cnjuge me autorize a mexer nestes objectos, cometo um crime na mesma, porque o texto de quem o escreve e manda e no de quem o recebe. Este tipo de informao no pode ser usado em tribunal se eu pedir confidencialidade.

Direito ImagemEntre 2003 e 2008, o professor recebia cerca de 15 pedidos de ajuda por ms, porque fotos de midas apareciam na Net sem a autorizao das mesmas. Devido a casos destes, em Espanha, j houve midas que se suicidaram. Podemos usar fotos do Facebook, por exemplo, uma vez que so pblicas, e j se subentende uma autorizao prvia para tornar essas fotos pblicas.

Reserva da Intimidade da Vida PrivadaNo se sabe muito bem a sua definio. Imagine se eu agora lhe fosse mexer no telemvel ou ler os seus e-mails uma coisa partilharmos o que quisermos com algum, outra alguem invadir a nossa privacidade mexendo sem autorizao nas nossas coisas. Imagine-se fascinada pela cultura muulmana, imagine tambm que ia a uma livraria e comprava 300 livros sobre este assunto. Sem saber, entrava numa base de dados ilegal e, se quisesse ir aos EUA, iria ter problemas at no visto, porque iam tom-la como muulmana. Comeou-se a falar sobre isto h cerca de um sculo e pouco atrs, por causa de um noivado que foi tornado pblico sem o consentimento dos prprios. Temos dois tipos de intimidade: Esfera pblica, como o nome, sexo, profisso, que tem a ver com o facto de, por exemplo, ter muitas ou poucas namoradas.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 Esfera privada, que engloba os amigos, gostos, viagens, que posso escolher revelar ou no mas que sem duvida nenhuma s revelvel se eu assim o entender. Revelado algo uma vez, no h obrigao de revelar sempre. A esfera privada algo que escolhemos revelar ou no. No caso familiar, um pai ou uma me podem mexer nas nossas coisas? Segundo a opinio do professor: o tribunal no opina sobre estas questes, mas, tendo 18 anos, os pais no podem mexer nas nossas coisas sem o nosso consentimento. Quando se trata de menores, alm de poderem, devem mexer. Os pais tm essa obrigao, porque, por vezes, podem haver agresses que os pais podem evitar. Antigamente, as crianas estavam em casa e isso significava que estavam seguras; hoje em dia, com a NET, esta ideia est errada.

Capacidade e incapacidadeTemos capacidade de GOZO e de EXERCCIO. Entende-se por capacidade de gozo a aptido para ter direitos e deveres, e como capacidade de exerccio a aptido para exercer pessoal e livremente os seus direitos e deveres. Quando nascemos, podemos ter capacidade de gozo mas no de exerccio. A lei diz quem no tem capacidade, sendo que todos os outros tm.

Incapacidade Incapacidade dos menoresArt. 122 do CC esto incapacitados os menores de 18 anos, excepto os emancipados pelo casamento. Art. 123 do CC Os menores no podem celebrar contratos. Mas excepto, por exemplo, a compra de um Ice Tea, que tambm um contrato (o ice tea era do dono do bar, agora meu porque celebrei um contrato com ele atravs de uma compra). Para haver um contrato, no necessrio uma assinatura, alguns dos contratos mais importantes que j se realizaram na Histria foram efectuados sem assinaturas. Por exemplo, quando entro numa auto-estrada, se bater numa vaca, quem me indemniza a Brisa, Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010porque quando pago a portagem, o que estou de facto a fazer a celebrar um contrato onde ambas as partes tm Direitos e Deveres. A regra esta. At ao 25 de Abril, era-se menor at aos 21 anos, podendo tornar-se emancipado, por autorizao parental, a partir dos 18 anos. Isto tinha mais lgica, uma vez que so os nossos pais quem melhor nos conhece (regra geral, claro). Muitos pais faziam poupanas para os filhos em instituies bancrias. Quando atingiam a maioridade, alguns filhos pegavam no dinheiro e gastavam-no em 15 dias, sendo que, por vezes, se tratava de verdadeiras fortunas. O que fizeste ao dinheiro? resposta: No sei, mas diverti-me brava!!!. A nossa lei parte disto, a regra que no se pode exercer direitos at aos 18 anos, a partir daqui j se pode.

Excepes Incapacidade

Art 127 do CC a) Se um menor autorizado a trabalhar e tem mais de 16 anos, pode usar como desejar o dinheiro que ganhou com o seu trabalho. Pode comprar uma casa? Pode, desde que tenha ganho todo o dinheiro para ela com o seu trabalho. Se for com dinheiro de uma herana, no pode. b) Compras c) Autorizamos o menor a trabalhar na Telepizza, mas se precisar de arranjar a mota que usa no trabalho, o encargo do menor. Muitas vezes punimos (at pode ser considerado crime) uma famlia que cose sapatos e que coloca o seu filho menor a ajudar. Mas porque no punimos se o filho, tambm menor, for actor ou modelo? Tambm so crianas, que trabalham 5 ou 6 dias por semana ou seja, pura hipocrisia Isto porque quando se trata de um trabalho braal, cai o Carmo e a Trindade, mas quando a criancinha aparece na TV, j bonito

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010H ainda uma segundo lgica no art 127 a) do CC: tomemos como exemplo o caso do mido que protagonizou o filme Home Alone, este chegou aos 18 anos teso que nem um pau porque os seus pais gastaram todo o seu dinheiro.

ExcepesArt 1601 do CC o menor pode casar se tiver mais de 16 anos. Art 1850 do CC Um menor com 16 anos pode perfilhar (assumir a paternidade) uma criana. O menor imputvel penalmente e pode pertencer a uma associao partidria partir dos 16 anos. SE NO PODE FAZER CONTRATOS, O QUE ACONTECE AOS NEGCIOS a

JURDICOS? Art 124 do CC a sua incapacidade suprimida pelo poder paternal. Art 1878 do CC Contedo das responsabilidades parentais. Art 1878 do CC Deveres dos pais administrarem os bens do menor enquanto este no atingir a maioridade. Art 1921 do CC Tutela: se morrerem os pais; se o tribunal proibir o exerccio do poder paternal; se os pais forem incgnitos ( no caso da criana ter sido abandonada); se os pais estiverem emigrados ou presos. Apadrinhamento Civil Est a ser regulamentado agora, mas a lgica disto a seguinte: uma Sra, que recebe crianas em casa, em vez de adoptar, apadrinha-a civilmente. Esta modalidade est entre a adopo e a famlia de acolhimento (a qual geralmente ganha dinheiro com isso e em que a criana depois vai embora; no h um vnculo propriamente dito). O que a difere da adopo o facto de se manter o lao com a famlia biolgica da criana. A lei portuguesa coloca muito em evidncia o lao sanguneo.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010 H 2 tipos de incapacidadeInterdio Art 138 do CC justifica-se quando? Se alguem cego, surdo, mudo, deve s por isso ser interditado? NO. S se justifica se, derivado a estas patologias, no puder tomar conta nem de si nem do seu patrimnio. Art 139 do CC Suprimento da capacidade, neste caso nomeia-se um tutor. Inabilitao Art 152 do CC Aplica-se s pessoas com as patologias do art. 138 do CC, mas, alm disso, a pessoas que gastem excessivamente o seu dinheiro em drogas ou lcool, por exemplo. O que se pretende com a inabilitao? Proteger o patrimnio de algum que nestas circunstncias no o consegue fazer (antes pelo contrrio). Por exemplo o caso do Manel Moedas (nico arrumador de carros de Beja): Ser que se justifica a inabilitao sabendo que no tem um trabalho, nem tem patrimnio, portanto, no se justifica. Diferena entre inabilitao e interdio

Inabilitao noconsegue cuidar do seu patrimnio;

Interdio no consegue cuidar nem de si nem doseu patrimnio;

a pessoa vai agncia, escolhe acasa, faz o crdito, assina, mas o CURADOR (quem assiste o inabilitado e o auxilia) tem de estar presente e assinar tambm.

quer comprar uma casa e tem um tutor. o tutor (quem faz tudo) quem escolhe a casa, vai ao banco e assina. A opinio da pessoa interditada irrelevante e pode nem sequer ser ouvida.

Caso prtico O Antnio faz hoje 17 anos. Para comemorar, realizou as seguintes despesas: um telemvel de 100 euros 25 kgs de algodo doce Uma noite de amor com o Ernesto que lhe custou 100 euros

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010No dia seguinte, a Olinda, que invisual, ofereceu-lhe uma viagem de cruzeiro para as Carabas. Quid juris?

23 NOV 2010 J estudmos 3 tipos de incapacidade: Menoridade Interdio Inabilitao

Vamos agora ver mais um caso de incapacidade.

Incapacidade acidentalArt 257 do CC Acidentalmente significa, neste caso, o mesmo que acidental. Ou seja, aquele que faz uma declarao sem perceber a prpria declarao que faz. No tem noo do que diz. Aplica-se excepcionalmente a algum que no tem conscincia do que diz nem dos seus actos. disso exemplo algum que est alcoolizado ou sob o efeito de estupefacientes. Exemplo de incapacidade acidental Se o Antnio est alcoolizado e vende o carro, ser que o negcio anulvel? NO. S ser anulvel se for notrio (se qualquer pessoa perceber que est alcoolizado) ou se o barman (a pessoa que faz negcio com o Antnio e que lhe deu lcool toda a noite) fizer o negocio sabendo que o Antnio no est em si. Se o negcio for anulvel, significa que eu devolvo o que recebi da outra parte, e a outra parte devolve-me o que lhe vendi, como consta no art 289 do CC. Esta capacidade, que transitria e excepcional, aplicada no por algum estar incapacitado e por esse motivo o negcio anulvel.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010

Pessoas colectivasH mais pessoas para o Direito que seres humanos. Ao lado de cada um de ns aparecem as pessoas colectivas. Trata-se de organizaes destinadas prossecuo (a prosseguir) de determinado fim ou interesse s quais a Ordem jurdica reconhece personalidade jurdica. Estamos a falar de organizaes que, partida, se espera que perdurem no tempo. No tm uma lgica de se esgotarem, pretende-se que perdurem. So, para o Direito, uma pessoa, uma vez que tambm tm direitos e obrigaes. Tambm tm pais, uma casa, etc. So muito importantes. Hoje, com a actual constituio, o art 46 reconhece o Direito ao associativismo.

Classificaes de pessoas colectivas Pessoa colectiva pblica e privadaA diferena no muita e ningum sabe bem ao certo qual . Teoricamente, as pessoas colectivas pblicas so as Universidades, Hospitais, Cmaras. O Estado tem um conjunto de funes e realiza-as atravs destas entidades. As pessoas colectivas privadas so, por exemplo, Associaes de futebol, Sindicatos, Grupos de amigos, etc Se assim, porque no as sabemos distinguir? O problema aparece sobretudo com a criao do Centro Cultural de Belm. Criou-se uma sociedade annima com uma nica pessoa, que o Estado. Fugiu-se s regras e criou-se o CCB, mais tarde a EXPO, e hoje temos centenas em que o nico accionista o Estado. Sero privadas? H muitas parcerias entre pblico e privado que nos complicam o trabalho. A promiscuidade to grande que dentro do mesmo rgo de Estado, h pessoas que tm contratos de trabalho e outras que so funcionrias do Estado. Como ser a partir desta noite, em que, com o novo Oramento de Estado, uns vo levar cortes nos salrios e outros no? Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010S agora que vamos saber efectivamente quem pertence ao Estado ou no, e quais as empresas que so publicas ou no. inadmissvel no se saber ao certo quais so as empresas que pertencem ao Estado e quais so as privadas. H um conjunto de regras a respeitar, como a contratao de pessoal docente, por exemplo. H um concurso pblico que, no caso do nosso professor Hugo Lana, demorou 14 meses e at foi rpido!!! S houve um recurso, mas como a Sra. que recorreu no tinha mdia, a coisa resolveu-se depressa. Para fugir a estas coisas, a empresa arranja regras internas para contornar estes problemas, porque no se pode demorar tanto tempo a contratar pessoal.

Pessoas colectivas nacionais, estrangeiras e internacionaisAs nacionais, so as portuguesas. As estrangeiras so s as espanholas ou s as francesas. As internacionais so formadas por vrios pases, so luso-estrangeiras, tm conexes a mais que um pas.

Pessoas

colectivas

de

tipo

fundacional

ou

de

tipo

associativoEsta , de todas, a mais importante porque distingue associaes de fundaes. Associao Uma associao um conjunto de pessoas com um interesse em comum. Ex: Associao dos produtores de queijo de Serpa. A lei exige que seja um interesse legtimo e que no seja ilegal. o princpio da legalidade das Associaes. A liberdade de associativismo tambm muito importante, uma vez que tambm isto revela vivacidade numa sociedade civil. Enquanto cidados, infelizmente, somos amorfos, pouco activos mesmo para defender os nossos interesses. O problema que no temos boas associaes em Portugal. Tomemos como exemplo a Abrao, que fez um belssimo trabalho na dcada de 90. O que se descobriu? Que a Sra. Tinha quadros em casa que tinham sido oferecido Abrao. H uma guerra interna e partiu-se em 3 este caso s um exemplo.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010A Universidade de Coimbra, h 7 anos, fez uma alterao ao regime de avaliao: os alunos que fossem membros de associaes tambm tinham os mesmos direitos que os alunos da Associao de estudantes e da Tuna. Isto teve de acabar, porque apareceram mais de 20 associaes! Criou-se uma lei, e, como sempre, o portugus fez batota Fundaes A fundao Champalimaud vai ser uma grande fundao porque tem uma finalidade e alm disso, um grande capital. O seu sucesso depende apenas da sua gerncia. Isto uma das poucas vezes que Portugal pensou em grande. Tem um fim especfico e temos alguem de fora, um Nobel, que contrata os funcionrios. Foram-se buscar tcnicos dando primazia aos portugueses. Aquela fundao tem de ganhar um Nobel em 6 anos, mas difcil porque Portugal um pas perifrico. Se conseguirmos um Nobel j no temos de ir buscar tcnicos l fora.

So isto as fundaes. Criam-se para um fim. Exemplo: Se algum hoje ainda no comeu e lhe der uma sandes porque generosa, ou lhe der uma sandes porque quer mostrar que generosa, igual, porque para quem come a sandes, algum com fome, no interessa a sua motivao, sabe-lhe ao mesmo. O que so fundaes? Caracterizam-se por serem conjuntos de bens. Tivemos a sorte do sr. Armnio se ter apaixonado pelo Tejo e por Lisboa, e acabou por fazer mais que o prprio Estado portugus. Estamos a falar do sr. Calouste Gulbenkian. Esta fundao, alm de ter imenso patrimnio, excepcionalmente bem gerida. O 1 curador fez um trabalho excelente e o seu presidente quase no vem a pblico, tem low profile, e defende o nome do seu fundador. Os juzes, muitas vezes, aps um julgamento, vo para os seus gabinetes lixados com as sentenas que atribuem, porque o seu trabalho , simplesmente, aplicar a lei. Exemplos e casos prticos Resoluo do caso do Antnio Antnio, segundo o art 122 menor. Por ser menor, no tem capacidade de exerccio, segundo o art 123.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010No entanto, apesar da sua incapacidade de exerccio, a lei contempla excepes incapacidade, nomeadamente as previstas no art 127. Se fosse casado, era capacitado pela emancipao. Concluso: o negcio feito pelo interdito ou pelo inabilitado, anulvel. Caso prtico 1 Belarmino o tipo de homem que d com as mulheres em doida! Depois de conquistar o amor delas, oferecendo-lhes perfumes, flores e viagens, enche-as de porrada, deixando-as doidas. Na aldeia onde ele nasceu, para que as crianas nasam saudveis, na 1 noite de lua cheia, trancam as grvidas na igreja, a fazer botinhas de l. Quid juris? Enche-as de porrada Direito integridade fsica no art 25 da CRP, que tambm o Direito personalidade; trancam as grvidas na Igreja trata-se de um costume contralegem, porque as sras. No vo voluntariamente para a igreja; quem o faz, f-lo com a convico de que assim que deve ser feito. Caso prtico 2 Joo, depois de comer uma perdiz estufada com couve feita pela Ana, e depois de beber 2 garrafas de vinho tinto dos Grous de 2007, vendeu o carro e a esposa por um bom preo. Quid juris? Resoluo Se o Joo est embriagado, segundo o art 257 do CC, sofre de incapacidade acidental, pelo que o contrato que celebrou passvel de ser anulado, desde que a sua incapacidade seja notria. Ou seja, se qualquer pessoa presenciar a sua embriaguez, ou se a pessoas com quem ele celebrar o contrato souber do seu estado de embriaguez. Neste caso, o contrato de venda do carro anulvel, nos termos do art 289 do CC. Quanto mulher, esta no passvel de ser vendida, uma vez que vai contra o princpio da dignidade da pessoa humana, como consta no art 1 da CRP. Caso prtico 3

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010Aps Augusta ter deixado Augusto por se ter apaixonado por Anabela, Augusto criou a associao O Corno com o objectivo de ensinar a bater em mulheres sem ser apanhado. Quid juris? Resoluo Augusto poderia criar a associao, como consta no art 46 da CRP, o problema que o objectivo da sua associao ilegal; assim, ele no pode cri-la. O art 157 do CC e seguintes tambm referem isto. Isto porque promover a agresso fsica ilegal segundo o art 25 da CRP. Tambm o art 182.2 do CC se refere extino das pessoas colectivas. Caso prtico 4 Marilu apaixonou-se por Violeto e ofereceu-lhe um relgio barato, um relgio caro, e, no dia em que ela fez 18 anos, deu-lhe um automvel. Durante 6 meses, todos os sbados, ofereceu-lhe uma pea de arte porque sabia que ele no a amava e temia ser abandonada. Ohhhh!!!! Quid juris? Resoluo Marilu menor, uma vez que tem 17 anos. O art 127 b) do CC refere os encargos normais, e portanto Marilu pode oferecer o relgio barato. Pode oferecer um relgio caro? Desde que o pague com dinheiro seu ganho com o seu trabalho, pode. Se no, viola o artigo 127, ou seja, o contrato pode ser anulado segundo o artigo 125 do CC. Quando fez 18 anos, ofereceu-lhe o carro mas no h problema porque nessa altura j tinha atingido a maioria de idade. Pode estar aqui em causa a verificao de uma inabilitao, uma vez que pode estar a pr em causa o seu patrimnio, segundo o artigo 152 do CC. 30 NOV 2010

Direito das coisasDireito de PropriedadeO que ser dono de alguma coisa? O que quer dizer? Quer dizer que meu, que eu comprei, empresto a quem quiser e posso destruir a qualquer momento o que meu.

Discente: Elodie Rodrigues | Docente: Prof. Hugo Lana

Noes Fundamentais de Direito 2010A partir de que momento que alguem dono de algo? Porque se o comprou, porque alguem j o tinha comprado para o poder vender. Isto define um tipo de sociedade. Plato defendia a comunidade de bens, mulheres e filhos. Este influenciou correntes no sculo XVIII e influenciou at Marx: todas mulheres, bens e filhos eram comuns. Ou seja, influencia a destruio de toda a propriedade privada. Hoje, mais do que nunca, isto actual. Nunca o mundo foi to abundante, e h muito poucos momentos na histria em que se passou tanta fome como agora. A partir do momento em que se diz Isto meu, que algum sente necessidade de ter alguma coisa para si prprio. Se tudo fosse de todos, viveramos todos muito melhor. Alm de Plato e de Marx, houve vrias outras correntes que influenciaram a histria. O que dizem os autores que defendem que a propriedade privada um Direito natural? Se tudo for de todos, o meu empenho inferior. E h estudos que nos dizem isto. Se lermos A Utopia de Thomas Moore, dizemos que isto o ideal. Infelizmente, a condio humana no tende a ser assim e leva a que cada um de ns se encoste ao trabalho dos outros, produzindo-se assim menos. Esta 2 ideia a que predomina, ainda que com falhas. O que ento o Direito de propriedade? o Direito que cada um de ns tem face aos nossos bens. Podemos ver isto nos arts. 62 da CRP e 1305 do CC, onde consta o contedo do Direito de propriedade. A nossa legislao tem uma viso ampla sobre isto. A constituio brasileira e alem (sobretudo dos anos 20) falam da funo social da propriedade. O caso Delta Esta uma empresa de cafs. Se olharmos para o mapa do pas