aulas de língua portuguesa no contexto da escola...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE LETRAS ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUAS PORTUGUESA E INGLESA Aulas de Língua Portuguesa no contexto da Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana: a leitura e a escrita por meio da metodologia de Aprendizagem por Projetos WÉLIA LEÃO DE SOUSA SINOP-MT 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

DEPARTAMENTO DE LETRAS

ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA AO

ENSINO DE LÍNGUAS PORTUGUESA E INGLESA

Aulas de Língua Portuguesa no contexto da Escola Organizada

por Ciclos de Formação Humana: a leitura e a escrita por meio da

metodologia de Aprendizagem por Projetos

WÉLIA LEÃO DE SOUSA

SINOP-MT

2012

2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

DEPARTAMENTO DE LETRAS

ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA AO

ENSINO DE LÍNGUAS PORTUGUESA E INGLESA

Aulas de Língua Portuguesa no contexto da Escola Organizada

por Ciclos de Formação Humana: a leitura e a escrita por meio da

metodologia de Aprendizagem por Projetos

Monografia apresentada à disciplina de Monografia

como requisito parcial para conclusão da

Especialização em Linguística Aplicada às Línguas

Portuguesa e Inglesa. Profª Orientadora: Ms. Neusa

Inês Philippsen

SINOP-MT

2012

3

Wélia Leão de Sousa

Aulas de Língua Portuguesa no contexto da Escola Organizada por Ciclos de

Formação Humana: a leitura e a escrita por meio da metodologia de

Aprendizagem por Projetos

Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa apresentado à

Banca Examinadora do Curso lato sensu Linguística

Aplicada ao Ensino de Línguas Portuguesa e Inglesa do

Departamento de Letras – UNEMAT, campus

Universitário de Sinop.

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________

Ms. Neusa Inês Philippsen

Professora Orientadora

UNEMAT – campus Universitário de Sinop

__________________________________________

Profa. Helenice Joviano Roque de Faria

Professor(a) Avaliador(a)

UNEMAT – campus Universitário de Sinop

__________________________________________

Mr. Ariane Macedo MElo

Professor(a) Avaliador(a_

UNEMAT – campus Universitário de Sinop

__________________________________________

Dr. Leandra Ines Seganfredo Santos Presidente da Banca

UNEMAT – campus Universitário de Sinop

SINOP

_____ de __________________ de 2012.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus que me deu inteligência e sabedoria para

desenvolvê-lo. A meu amado esposo, pelo amor e compreensão, te amo! A meus alunos do 8º

ano C, que me proporcionaram grandes momentos de aprendizagem. À equipe gestora da

Escola Estadual Paulo Freire, pelo apoio, e à minha querida Orientadora, Ms. Neusa Inês

Philippsen, pelo extraordinário trabalho e paciência.

5

AGRADECIMENTOS

Deus, sem ti nada sou e nada tenho. Aos professores e alunos que colaboraram com a

realização deste trabalho de pesquisa.

6

“Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por ela”.

Leonid Pervomaisky

7

SOUSA, Wélia Leão de. Aulas de Língua Portuguesa no contexto da Escola Organizada

por Ciclos de Formação Humana: a leitura e a escrita por meio da metodologia de

Aprendizagem por Projetos. 2012. Monografia apresentada à disciplina de Monografia

como requisito parcial para conclusão da Especialização em Linguística Aplicada às Línguas

Portuguesa e Inglesa, UNEMAT - Universidade Estadual de Mato Grosso, Campus de Sinop,

2012.

RESUMO: Este trabalho apresenta como principal pressuposto teórico-metodológico a

Linguística Aplicada, que é uma área do saber que muito tem contribuído com a prática

pedagógica do professor de Língua Portuguesa e com o ensino de Língua Materna, para que

possa ser (re) pensado e ministrado de forma dinâmica, assim como estimular o gosto pela

aprendizagem. Desse modo, destacamos a música como um recurso didático importante, pois

compreendemos que ela faz com que o aluno vivencie aquilo que ele está aprendendo,

interagindo com o conteúdo, e, portanto, possa proporcionar uma aprendizagem muito mais

significativa do que os métodos tradicionais. O foco maior de nosso trabalho é um estudo

sobre a metodologia da Aprendizagem por Projetos, idealizado pela Escola Organizada por

Ciclos de Formação Humana.

Palavras-Chave: Língua Portuguesa, música, interação, novas metodologias, Aprendizagem

por Projetos.

ABSTRACT: This paper presents the main theoretical and methodological assumption

Applied Linguistics, which is an area of knowledge that has greatly contributed to the

pedagogical practice of Portuguese Language teacher and the teaching of Mother Tongue, so

you can be (re) designed and delivered dynamically, as well as foster a love of learning. Thus,

we highlight the music as an important resource, because we understand that it causes the

student to experience what he is learning, interacting with content, and thus provide a more

meaningful learning than traditional methods. The major focus of our work is a study on the

methodology for Learning Project, devised by the School Organized by Cycles of Human

Formation.

Keywords: Portuguese Language, music, interaction, new methodologies for Learning

Projects.

8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 09

2. A LINGUÍSTICA APLICADA ............................................................................ 13

2.1. A Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa ......................... 15

3. A ESCOLA ORGANIZADA POR CICLOS DE FORMAÇÃO HUMANA ............. 17

3.1. O Ensino de Língua Portuguesa no contexto da sala de aula na Escola

Organizada por Ciclos de Formação Humana ....................................... 19

3.2. Entrevistas com professores ..................................................................... 22

3.3. Entrevistas com alunos ............................................................................ 26

4. A APRENDIZAGEM POR PROJETOS NA ESCOLA ORGANIZADA POR

CICLOS DE FORMAÇÃO HUMANA ..................................................................... 36

4.1 A metodologia da Aprendizagem por Projetos ...................................... 37

5. CONSTATAÇÕES INERENTES AO CONTEXTO ESCOLAR .............................. 42

5.1. Por que Música como um Projeto de Aprendizagem? ............................. 43

5.2. Música: Um Recurso Didático para as aulas de Língua

Portuguesa...................................................................................................... 46

5.3. Projeto Música .............................................................................................. 49

5.3.1. Definição do Tema ................................................................ 49

5.3.2. Conhecimentos Prévios ......................................................... 50

5.3.3. Desenvolvimento do Projeto ................................................. 53

5.3.4. Conclusão do Projeto ............................................................ 55

5.3.5. Cronograma de desenvolvimento do Projeto Música com os

alunos do 8º ano C da Escola Estadual Paulo Freire

.................................................................................................. 56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 64

9

1. INTRODUÇÃO

Um dos maiores problemas enfrentados pela escola nos dias atuais é o insuficiente

desempenho dos educandos em relação ao aprendizado dos conteúdos propostos. Vivemos

uma crise e, segundo dados da avaliação do PISA1 (PESSOA, 2010), o Brasil está entre as

piores colocações em escrita e leitura2.

Assim, trabalhar na educação nos dias atuais requer do professor uma postura

totalmente diferente da de alguns anos atrás, pois, com os avanços tecnológicos e a

modernização da sociedade, o aluno não consegue mais ficar preso a metodologias

ultrapassadas e sem nenhum atrativo e, portanto, o educador deve estar sempre atualizado e

preparado para enfrentar os diversos problemas encontrados no seu dia-a-dia.

Nos dias atuais a educação passa por profundas transformações, tendo em vista as

mudanças constantes que vêm ocorrendo no mundo. As novas tecnologias evoluem

num ritmo cada vez mais acelerado, e o mundo científico também avança

constantemente, com novas descobertas e estudos, apontando diferentes

competências para atuar na sociedade e no campo educacional. Diante disso, os

novos desafios vêm, instigando os profissionais da educação a buscarem novos

saberes, conhecimentos, metodologias e estratégias de ensino. As mudanças no

1 O PISA (Programme for International Student Assessment) é um programa comparativo de avaliação,

desenvolvido pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), destinado à avaliação

de estudantes de 15 (quinze) anos de idade, fase em que, na maioria dos países, os jovens terminaram ou estão

terminando a escolaridade mínima obrigatória. Um traço característico do PISA é sua vocação integradora, já

que se baseia na colaboração dos países participantes e é dirigido de maneira conjunta a partir de interesses

comuns. As avaliações do PISA abrangem os domínios de Leitura, Matemática e Ciências, numa apreciação

ampla dos conhecimentos, habilidades e competências inseridos em diversos contextos sociais, sendo aplicadas a

cada três anos. Estas informações foram retiradas do site PDE: mec.gov.br. Acesso dia 16/09/2012, às 07h39min.

2 A nota em leitura dos estudantes dos melhores colégios particulares do Brasil – representados pelos 10% mais

ricos – é inferior à de estudantes de renda média na Coreia do Sul, Hong Kong e Xangai (China). Segundo Maria

Helena Guimarães de Castro, especialista em educação e professora aposentada da Unicamp, vários fatores

explicam a baixa qualidade do ensino particular: formação ruim de professores, poucas horas de estudo, baixa

cobrança de pais sobre os colégios, acomodação dos pedagogos das escolas e métodos pouco estimulantes de

ensino. - Os números do Pisa mostram, ainda, que os colégios brasileiros estão entre os mais indisciplinados e

barulhentos do mundo. Não cobram dever de casa e têm um déficit muito grande em tecnologia. O tempo de

estudo fica em cinco horas, enquanto a média mundial é de 6 horas –. Dados retirados do site:

http://escolacanadense.com.br/saiba-mais/alunos-canadenses-melhores-medias-mundiais/muito-longe-do-podio/

e do Jornal O Globo, Economia, 18/09/2011, por Bruno Villas Bôas. Acesso em 16/09/2012 às 08h51min.O

Brasil ficou em 53º lugar nos pontos em leitura dentre a avaliação de 65 (sessenta e cinco) países no ano de

2009, segundo o site de Veja na Página da Educação disponível em: http://veja.abril.com.br/educacao. Acesso

em: 16/07/2012 às 08h52min.

10

contexto escolar e social requerem profissionais atualizados e competentes, que

estejam preparados para atuar com diferentes problemas (LACERDA, 2011)3.

Assim sendo, o nosso trabalho tem por objetivo maior apresentar a música como um

recurso contribuinte para o desenvolvimento do ensino e à integração do aluno dentro do

espaço da sala de aula.

Procuramos durante toda a evolução da pesquisa mostrar como a musicalização pode

contribuir com a aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo/ linguístico,

psicomotor e sócio afetivo do aluno em sala de aula.

Apresentamos nesse estudo, mais especificamente no Capítulo V, um projeto que foi

desenvolvido com os alunos do 8º ano C de uma escola estadual de periferia, baseado na

metodologia da Aprendizagem por Projetos, com o propósito de procurar mostrar um pouco

da realidade da Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana. Utilizamos, como

embasamento, teorias que fundamentam esse “novo” paradigma educacional, no qual a

educação pública do Estado de Mato Grosso está inserida.

O nosso intuito também foi mostrar o papel da música na educação, não apenas como

uma experiência estética, mas como facilitadora do processo de aprendizagem e como um

recurso para tornar a escola um lugar mais alegre e receptivo, pois, um dos grandes problemas

enfrentados por professores de Língua Portuguesa atualmente é a questão do ensino da leitura

e da escrita e a maior dificuldade encontrada em sala de aula é o aprendizado dessas duas

habilidades por parte dos alunos.

Em função disso, vimos à necessidade de fazer realizar o ‘Projeto Musica’ em que os

alunos é que buscam meios de responder às suas dúvidas e questionamentos sob a orientação

e coordenação do professor em sala de aula. Esse projeto foi desenvolvido durante o ano de

2011, na tentativa de minimizar o problema de leitura e de escrita em sala de aula e em

contrapartida ajudar os educandos a encontrarem um meio de aprendizagem de forma mais

dinâmica com a linguagem oral e escrita dentro do contexto escolar.

Então, resgatamos a música como um recurso metodológico para esse trabalho com o

objetivo de levar para a sala de aula um jeito prazeroso de aprender a ler e a escrever, pois, de

acordo com pesquisadores da área de linguagem, a música sempre fez parte da vida das

3 LACERDA, Caroline Côrtes. PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR:

DÚVIDAS OU DESAFIOS? Disponível em:

<http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=1157>. Acesso em: 12 dez. 2011

11

pessoas e desde tempos muito antigos os seres humanos já usavam algum tipo de som para

manifestar suas emoções.

O som é capaz de atingir a alma e causar transformações na vida das pessoas que são

sensíveis a ele, sendo assim, ele torna o trabalho pedagógico muito mais fácil, pois a música

pode ir onde não podemos, ela alcança o interior. Por essa razão, o gênero música torna-se um

recurso didático-metodológico importante para as aulas de leitura e de escrita, porque ele

muda a rotina tradicional e faz com que a aprendizagem seja dinâmica e prazerosa.

Desse modo, o nosso maior objetivo nessa pesquisa foi levar esse recurso à sala de

aula e trabalhá-lo de forma diferenciada, verificando a sua eficácia ou não para a

aprendizagem dos alunos, com a intenção de oferecer aos professores novas possibilidades

metodológicas de ensino, pois, conforme os PCN’s:

O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva,

pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa

e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz

conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a

todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício

da cidadania, direito inalienável de todos. (PCNs, 2001, p. 21)

E a Língua Portuguesa nesse contexto é basilar, se ela não for trabalhada de forma

significativa o aluno poderá acumular defasagem relacionada à linguagem padrão, que, se não

suprimida, refletirá pelo resto de sua trajetória escolar e até mesmo durante toda a sua vida

profissional.

Dessa forma, o nosso trabalho foi resgatar a música como um Recurso Didático para o

ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita, pois, desde o primeiro ano escolar o aluno

precisa ter uma forma de alfabetização significativa.

Com o nosso trabalho, pretendemos apresentar um paradigma de educação que venha

ao encontro das necessidades apresentadas em sala de aula e também contribuir com a prática

pedagógica do professor, pois objetivamos que o ensino e a aprendizagem de leitura e de

escrita sejam (re) pensados e ministrados de forma dinâmica, assim como buscamos estimular

no aluno o gosto por essas habilidades.

Desse modo, a música é um recurso didático importante, pois ela faz com que o aluno

vivencie aquilo que ele está aprendendo, interagindo com o conteúdo e ainda proporciona

uma aprendizagem muito mais significativa do que os métodos tradicionais.

12

E, para elaborar essa pesquisa, dialogamos com autores que falam a respeito do tema

em foco, tais como LOUREIRO, FERREIRA, MATOS, FARACO, PESSOA, dentre outros,

dessa forma fizemos uma pesquisa bibliográfica e também de campo, uma vez que aplicamos

o projeto em sala de aula a partir da construção realizada pelos próprios alunos.

A estruturação sequencial dessa Monografia está assim distribuída:

Introdução: em que se faz uma pequena síntese do que o nosso trabalho vem

propor. Numericamente, equivale à parte I dessa pesquisa científica.

Capitulo II: neste capítulo apresentamos o conceito geral da Linguística Aplicada,

que é o aporte teórico de nosso trabalho, assim como também fazemos um paralelo

entre Linguística Aplicada e o ensino de Língua Portuguesa.

Capítulo III: aqui fazemos uma abordagem sobre a Escola Organizada por Ciclos

de Formação Humana e discorremos sobre o ensino de Língua Portuguesa no

contexto desta ‘nova’ metodologia de ensino, dando voz a professores e a alunos

que vivem essa realidade escolar.

Capítulo IV: Falamos da Aprendizagem por Projetos: O que é, como funciona e

sobre a metodologia adotada.

Capítulo V: transcrevemos aspectos político-pedagógicos e funcionais da Escola

Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, escola em que realizamos o Projeto

Música com os alunos do 8º ano C no ano de 2011, explicamos o porquê da

realização do projeto, de como aconteceu essa escolha temática e detalhamos as

etapas e como se deu o desenvolvimento do mesmo, juntamente com os alunos na

referida escola. Apontamos, também, por meio de considerações analíticas aos

dados empíricos, os resultados apreendidos em todo o processo de aplicação das

atividades programadas.

Considerações Finais: em que enaltecemos as experiências e aprendizados

proporcionados pela realização deste trabalho.

13

Aulas de Língua Portuguesa no contexto da Escola Organizada por Ciclos

de Formação Humana: a leitura e a escrita por meio da metodologia de

Aprendizagem por Projetos

2. A LINGUÍSTICA APLICADA

A Linguística Aplicada (LA) importa ao nosso trabalho de pesquisa porque

escolhemos como propósito central realizar um estudo relacionado ao ensino e aprendizagem

de Língua Portuguesa que alie teoria e prática. Assim sendo, os trabalhos de LA contribuem,

cada vez mais, para a minimização da lacuna que existe entre a teoria e a produção

efetivamente dita dentro da sala de aula, uma vez que os seus trabalhos permitem envolver

teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem.

Historicamente, a Linguística Aplicada (LA) nasceu há mais ou menos 60 anos, como

uma disciplina voltada para o ensino de línguas estrangeiras. O primeiro curso de LA ocorreu

na Universidade de Michigan, em 1946, ministrado por Charles Fries e Robert Lado. Na

época, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, a LA representava uma abordagem

científica do ensino de línguas estrangeiras4. Pretendia-se melhorar o ensino do inglês e de

outras línguas. No Brasil a LA começou a ganhar força apenas na década de 80.

De acordo com Moita Lopes (1996), a LA é uma ciência social de estudo de

linguagem de caráter interdisciplinar que focaliza questões de uso da linguagem em diferentes

contextos e com diferentes propósitos comunicativos e interacionais5.

A LA é defendida por MATOS (2009), como uma área de “investigação empírica e

teórica de problemas do mundo real nos quais a linguagem é uma questão central" e, assim

4 CARVALHO, Juliana. Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa: Aplicada ao ensino de Língua

Portuguesa: a oralidade em sala de aula. Disponível em: www.fecra.edu.br/

Linguistica_Aplicada_ao_Ensino_da_Lingua. Acesso em: 27/07/2012 às 22h00min.

5 O que é Linguística Aplicada? – Uma introdução. Disponível em: http://ensinoatual.com/blog/?p=703. Acesso

em: 13/06/2012 às 14h45min

14

sendo, ela pode fazer um estudo sistematizado de uma dada língua descrevendo suas unidades

mínimas, por isso ela possui uma característica multidisciplinar6.

No âmbito da formação docente, a LA contribui para que haja o entendimento de que a

linguagem é socialmente construída, o que acarreta desenvolver no professor uma

conscientização política com relação aos problemas inerentes a linguagem e sua vinculação

com o contexto social. Ela também ajuda o docente a perceber que a interação em sala de aula

é rica e pode prover dados que irão auxiliá-lo a compreender melhor a sua prática e o seu

aluno, buscando formas de melhorar as condições de ensino e de aprendizagem dentro da sala

de aula7.

O principal objetivo da LA “é fornecer subsídios para que as pessoas envolvidas na

situação de uso da linguística enfocada reflitam sobre ela criticamente.” (KOPSCHITZ;

MATTOS, 1993, p. 20).

As características centrais da LA propõem explicar fenômenos que podem ou não

estarem relacionados a problemas sociais, culturais, psicológicos, entre outros e quase sempre

ela está centrada em projetos e guiada por demandas. Ela é fundamentalmente baseada em

disciplinas acadêmicas.

Em virtude disso, acreditamos que o uso de metodologias diferenciadas em sala de

aula, essencialmente por meio de projetos pedagógicos, poderá ser um caminho pelo qual o

estudo de Língua Materna seja aplicado de maneira lúdica e dinâmica e fazer com que as

aulas de Língua Portuguesa saiam do tradicionalismo e que o aluno tenha gosto pela

aprendizagem em sala de aula.

Amparados em tais pressupostos teóricos, é que escolhemos pesquisar como anda o

ensino e a aprendizagem de leitura e de escrita por meio da Aprendizagem por Projetos no

contexto da escola Organizada por Ciclos de Formação Humana. Tal metodologia é adotada

pela Escola Estadual Paulo Freire de Sinop-MT. Enfatizamos, como integrante do corpus de

análise, o projeto “Música”, desenvolvido com os alunos do 8º ano C no ano de 2011.

6 Informações retiradas do Trabalho de Conclusão de Curso de Isabel Maria de Matos: Linguística na sala de

aula: distorções entre discursos e práticas na instituição escolar. Disponível em: http://pt.scribd.com/Izabel-

Maria-de-Matos- Monografia-sobre-Linguística. Acesso em: 11/08/2012 às 15h55min. 7 COSTA, Giselda dos Santos. Breve histórico da Linguística Aplicada. Disponível em:

http://www.giseldacosta.com.br/public/2184332-Breve-historico-da-linguistica-aplicada.pdf. Acesso em

25/05/2012 às 15h15min.

15

2.1. A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Temos presenciado, constantemente, discussões envolvendo a questão do insuficiente

desempenho no contexto da sala de aula, sobretudo em relação à leitura e à produção de textos

em Língua Materna (LM) e este é um problema que vem refletindo no rendimento escolar do

aluno de modo geral. Ultimamente, é comum ver professor que não consegue obter respostas

positivas e alunos que não conseguem acompanhar e assimilar a matéria e, assim, as aulas de

Língua Portuguesa estão se tornando motivo de preocupação, pois a comunicação entre

discentes e docentes, quando há, aparece desconexa.

O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da nossa tradição

literária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das mais variadas áreas.

Assim, o ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo há algum tempo tema

de discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que, evidentemente,

centraram seus estudos e críticas segundo pressupostos e pontos de vista próprios às

suas áreas de conhecimento.8

Conforme vimos, não temos como fingir que não está acontecendo um enorme

confronto entre teoria e prática e o professor tem dificuldade para lidar com tal situação-

problema.

Segundo um trabalho de pesquisa, chamado “Diários – Projetos de Trabalho”, feito a

professores no exercício da profissão e a diretores de escolas públicas pela TV Escola,

Mingues e Aratangy dizem:

Torna-se cada vez mais evidente que é preciso preocupar-se com a qualidade do que

se propõe às crianças, para que elas possam desenvolver com maior competência sua

capacidade leitora e escritora, bem como seu papel de estudante. A escolha dos

modelos oferecidos é de fundamental importância no resultado de suas produções

[...] É necessário uma atuação explícita do professor para que as crianças avancem,

aprendam e desenvolvam uma boa competência leitora e escritora. (MINGUES;

ARATANGY, 1998, p.49)

Se levarmos em consideração as várias pesquisas feitas em relação ao ensino-

aprendizagem, chegaremos à conclusão de que as aulas de Língua Portuguesa (LP) precisam,

8 FARACO; CASTRO, Disponível em www.educaremrevista.ufpr.br/ arquivos_15/faraco.castro: Acessado em 08/12/2008,

às 13h13min.

16

na maioria dos casos, de uma renovação, pois mesmo com os avanços tecnológicos muitos

professores ficam ainda presos ao tradicionalismo, ministrando aulas monótonas e abrindo

mão de recursos que podem, talvez, fazer a grande diferença dentro da sala de aula.

É sabido que é através do lúdico e de metodologias diferenciadas que professores terão

maiores chances de tornar suas aulas dinâmicas e atrativas e, assim, seus alunos terão maior

interesse pela aprendizagem. O professor precisa sair da rotina, deixar de lado paradigmas

tradicionais e usufruir de meios que o leve ao êxito dentro da sala de aula.

E está aí a importância de professores estarem constantemente buscando inovar e

aprimorar suas metodologias dentro da sala de aula para que seus alunos possam tomar o

gosto pela aprendizagem e, principalmente, consigam desenvolver com qualidade suas

habilidades para a leitura e à escrita, apreendendo, aos poucos, o padrão culto da LM.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais,

O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva,

pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa

e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz

conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a

todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício

da cidadania, direito inalienável de todos. (PCN’s, 2001, p. 21).

Sendo assim, são nas aulas de LP, que os alunos, praticam a norma padrão culta da

língua e adquirem, progressivamente, competências em relação à linguagem que lhes deem

condições de resolver problemas de sua vida cotidiana, ter acesso à cultura e participarem

plenamente do mundo letrado.

A escola faz parte da vida do aluno e é nela que ele vivencia uma das partes mais

importantes de sua história de vida. Então, ela precisa ser um lugar onde esse sujeito sinta

vontade de estar. A sala de aula tem que ser um espaço onde o aprendizado seja prazeroso e

faça toda a diferença na vida do educando. Para tanto, é necessário que o professor esteja

constantemente buscando metodologias para que esse momento de aprendizagem desperte no

aluno o interesse em aprender, sem que o ensino seja cansativo e desestimulante.

O ensino da LP, por conter muitas regras e prescrições, pode por si só causar o

desinteresse e falta de estímulo à aprendizagem. Portanto, cabe ao professor trazer para dentro

da sala de aula recursos didáticos diferenciados para ensinar os conteúdos programáticos com

estratégias didático-pedagógicas interessantes aos alunos.

17

A escola ainda preconiza a linguagem fora do seu contexto social e o ensino de LM

carrega o peso da tradição gramatical, preocupando-se com atividades mecânicas,

descontextualizadas, e, muitas vezes, transformando o uso do texto como pretexto para

práticas vazias de significação. Diante do exposto, os trabalhos de Linguística Aplicada (LA)

contribuem, cada vez mais, para a minimização dessa lacuna que existe entre a produção

acadêmica e a prática efetivamente dita, em sala de aula, em relação ao fato do acadêmico vir

a interessar-se por problemas de uso da linguagem e, mais especificamente, pelos processos

de ensino-aprendizagem de LM.

Nesse contexto, uma das questões que mais tem preocupado aos professores de LP

ultimamente é a metodologia implantada nas escolas públicas pelos Ciclos de Formação

Humana, pois os alunos estão desmotivados para o aprendizado em sala de aula e os

professores já não sabem o que fazer para tornar a sua prática em sala de aula dinâmica e

eficaz, uma vez que nos ciclos o aluno progride sem a necessidade do domínio de todas as

habilidades propostas para aquela fase.

Dessa forma, a escolha do aporte teórica da LA se deve ao fato de termos o objetivo de

contribuir com a prática em sala de aula, fazendo com que o ensino de LM possa ser

ministrado de forma dinâmica e vir a ser eficaz na vida do aluno. Assim, a realização de nossa

pesquisa vem exatamente ao encontro desses anseios do professor em relação aos alunos que

têm dificuldade na prática de leitura e de produção de texto dentro da sala de aula. Ela procura

apresentar caminhos para a utilização de novas metodologias e possibilidades de ensino para

que os educadores venham a alcançar esse aluno com tais dificuldades. Caminhos esses que

esboçaremos nos próximos capítulos de nosso trabalho monográfico.

3. A ESCOLA ORGANIZADA POR CICLOS DE FORMAÇÃO HUMANA

Segundo Elena Roque de Souza Almeida, que é Professora Formadora na Área da

Alfabetização / CEFAPRO (Centro de Formação de Professores) – Cuiabá MT, a forma

de pensar e fazer educação não são inéditos, começou com a introdução do Ciclo Básico

de Aprendizagem (CBA), em 1997, trazendo a redução da repetência e da evasão escolar9,

9 Informações retiradas do artigo: SOUZA, Elena Roque de. Reflexões sobre Educação em Ciclos de Formação

Humana em Mato Grosso. CEFAPRO – Cuiabá MT. Disponível em:

18

em seguida veio a Escola Ciclada, que foi implantada aqui no estado de Mato Grosso no

ano de 2000 e foi reformulada no ano de 2008 para Ciclos de Formação Humana,

implantados nas escolas estaduais no ano de 2009, com o objetivo de centrar o ensino e a

aprendizagem no ser humano.

Esta forma de organização curricular parte do pressuposto de que todos podem

aprender, mas que a aprendizagem não é um processo linear, ou seja, não acontece para

todos no mesmo espaço de tempo. Cada Sujeito, em tempo próprio, constrói

conhecimentos. As pessoas não percorrem o mesmo processo educativo ainda que sejam

atendidas da mesma forma.

Faremos agora um breve esboço da escola Organizada por ciclos de Formação

Humana baseado em um texto escrito pela equipe da Secretaria de Estado de Educação no

final do ano de 2008 e enviado a todas as escolas do estado falando sobre a organização

do trabalho pedagógico a partir de então10

.

A escola, de acordo com o documento, deve considerar a infância, a pré-

adolescência, a juventude e a vida adulta, como períodos da vida humana em que as

características peculiares, interesses e prioridades, determinam necessidades de

aprendizagem, específicas a cada uma dessas etapas da vida escolar no momento da

organização de seu trabalho pedagógico.

Um dos princípios da organização escolar por Ciclos de Formação Humana é

garantir aos educandos o acesso e a permanência na escola, o direito à aprendizagem e à

terminalidade dos estudos no Ensino Fundamental, ou seja, dos seis aos quatorze anos,

segundo o texto em estudo, o que se deve ter claro é que o centro do processo pedagógico

é o aluno e o objetivo é que este aprenda a aprender e a construir conhecimentos com

significado e qualidade.

A matrícula inicial do aluno no 1º ciclo deverá acontecer aos seis anos, ou, ao

completar, até 30 de abril. Ainda que o aluno saiba ler e escrever aos seis anos, deve ser

matriculado na 1ª fase do 1º ciclo, já que o foco dos Ciclos de Formação Humana não se

limita apenas a ensinar a ler e a escrever, por considerar que o processo de aprendizagem

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/reflexoes-sobre-educacao-em-ciclos-de-formacao-

humana-em-mato-grosso/35276/. Acesso em 01/06/2012, às 10h20min.

10 Informações retiradas do site: www.seduc.gov. Acessado em: 22/05/2012 às 05h02min.

19

deve completar o desenvolvimento integral, que é o cognitivo, o afetivo, o mediador, o

evolutivo, o emocional, o social, entre outros do educando, assegurando-lhe espaços de

convivência e de integração social com os colegas da mesma idade. Nesse sentido, o

professor deve trabalhar de forma flexível e diferenciada, respeitando o conhecimento que

o aluno já construiu.

Contudo, segundo o texto da professora acima citada, Elena Roque de Souza

Almeida, esta organização escolar não agradou grande parte dos professores, que usavam

a reprovação como um recurso metodológico. Conforme Cabrera (2006) explica, o medo

da reprovação é o que motiva o interesse do aluno em estudar e ainda argumenta que “se

eles sabem que não são mais perseguidos pelo fantasma da reprovação, não se interessarão

mais, igualmente pelos estudos”11

.

E este é um grande problema enfrentado na sala de aula pelo professor, pois, a

partir do momento em que o aluno começa a ter consciência de que na Escola Organizada

por Ciclos de Formação Humana ele não reprova mais, pensa que não precisa mais estudar

e aí é que a situação se agrava, visto que, em muitos casos, ele deixa de ter interesse pelas

aulas e começa a relaxar em sua aprendizagem, deixando de cumprir com as atividades

propostas, bem como a faltar muito às aulas.

É por esta razão que consideramos imprescindível verificar, conforme veremos no

subitem seguinte, como anda o ensino de Língua Portuguesa no contexto dessa ‘nova’

metodologia12

.

3.1. O ensino de Língua Portuguesa no contexto da sala de aula na escola

Organizada por Ciclos de Formação humana

A linguagem é um fator importante para o desenvolvimento mental e exerce uma

função organizadora e planejadora do pensamento. Assim sendo, podemos afirmar que a

11

Informações retiradas do artigo: SOUZA, Elena Roque de. Reflexões sobre Educação em Ciclos de Formação

Humana em Mato Grosso. CEFAPRO – Cuiabá MT. Disponível em:

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/reflexoes-sobre-educacao-em-ciclos-de-formacao-

humana-em-mato-grosso/35276/. Acesso em 01/06/2012, às 10h20min.

12 Imposta pelo texto enviado a todas as escolas do estado de Mato Grosso pela Secretaria Estadual de Educação

no final de 2008 e que instruía os Ciclos de Formação Humana que seriam implantados, obrigatoriamente, no

ano de 2009 em todas as escolas estaduais.

20

linguagem tem uma função social e comunicativa, ou seja, é através dela que o sujeito

constrói sua própria identidade.

De acordo com Orlandi (2002), o ser humano só existe dentro do mundo e o mundo só

existe dentro da linguagem. Dessa forma, acreditamos que é através da ação que o ser humano

tem acesso ao mundo físico-social e sobre essa ação o ser humano exerce sobre o mundo um

poder de transformação muito grande, portanto, é da atividade social que esse mundo será

transformado em um significado, em conhecimento, e isso tudo só será possível através da

linguagem.

Então, como já foi abordado acima, um problema fundamental enfrentado na sala de

aula pelo professor, em particular, e pela escola, em geral, é a questão da insuficiência na

aprendizagem da Língua Materna por parte dos alunos, pois, de acordo com o preconizado

pela Escola Formada por Ciclos de Formação Humana, avança-se o aluno mesmo sem ele

ter adquirido as habilidades de cada fase, dessa maneira, as aulas de Língua Portuguesa

passaram a ser um espaço de muito esforço e de pouco resultado.

Para o enfrentamento de tal problemática, compreendemos que, não há como fugir

da necessidade de um bom preparo intelectual, mas isso, só se consegue com pesquisa e

muito estudo. Sendo assim, a escola tem o papel fundamental de formadora, que precisa

oferecer ao aluno não somente ensino, mas um ensino de qualidade, que ofereça condições

para que esse sujeito seja incluso nas oportunidades sociais e participante ativo de uma

sociedade tão complexa e competitiva como a nossa, que cobra uma aprendizagem

autônoma e continua ao longo de toda uma vida.

Por isso, é que se tem feito várias reflexões, sobretudo sobre a prática do professor

em sala de aula e de como esse, tem preparado o seu aluno para o mundo durante a

ministração de suas aulas.

O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das

sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para a

necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos.

Vivemos numa era marcada pela competição e pela excelência, em que progressos

científicos e avanços tecnológicos definem exigências novas para os jovens que

ingressarão no mundo do trabalho. Tal demanda impõe uma revisão dos

currículos, que orientam o trabalho cotidianamente realizado pelos professores e

especialistas em educação do nosso país. (PCN’s, 1980, p. 12)

21

Não se pode, também, conforme os Parâmetros curriculares Nacionais, ignorar que

vivenciamos em um período de grandes competições e a escola não tem como fugir do seu

papel de formadora de cidadãos, preparados para conviver com todas as tecnologias

avançadas de última geração.

Dentre todas as questões-problemas já apontadas, há que se destacar os alarmantes

índices de evasão e a deficiência na aprendizagem. Alunos que concluem o Ensino

Fundamental e não têm as habilidades básicas de leitura e de escrita, o que nos serve como

prova concreta de fracasso do ensino escolar. Então, é nesse contexto que a prática

pedagógica do professor tem que ser excelente ou de excelência, mas há que se ressaltar que

na maioria das vezes esse não recebe as condições mínimas e necessárias para exercer um

bom trabalho e de qualidade.

O professor sabe que o processo educacional, enquanto uma prática social, não se dá

por si só, mas o que ele recebe muitas vezes é somente um livro didático, manual do

professor, e é obrigado a entrar em salas abarrotadas de alunos indisciplinados e

desmotivados para a aprendizagem dos conteúdos propostos. Ele tem que cumprir um plano

de ensino e se ele quiser dar uma aula diferenciada tem que realizá-la, geralmente, por meio

de seus próprios recursos, que são extremamente limitados, levando em consideração o

valor de seu salário.

São esses e outros fatores que podem levar uma aula ao fracasso e é esse o cenário

atual da educação em que nos encontramos. Cenário esse que se desenha dentro da sala de

aula, a partir de uma diversidade cultural muito grande, espaço com péssimas condições de

ensino, professores desmotivados por falta de respaldo didático e pedagógico e alunos

desinteressados, os quais, em muitas situações, costumam afirmar que se estudarem e

levarem a sério ou não, irão avançar da mesma forma. Nesse contexto, cabe-nos questionar:

E a educação de qualidade onde fica?

Para isso faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a

qualidade de formação a ser oferecida a todos os estudantes. O ensino de

qualidade que a sociedade demanda atualmente se expressa aqui como a

possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa

adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade

brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as

aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e

participativos, capazes de atuar com competência, dignidade na sociedade em que

vivem. (PCNs, 1997 p.33).

22

Todavia, ao refletirmos sobre o ensino de modo geral, a realidade se mostra muita

distinta dessa proposta educacional tecida pelos PCNs, visto que nos deparamos com alunos

totalmente desmotivados e que vão à escola, muitas vezes, por imposição dos pais. Dessa

forma, como considerar “os interesses e as motivações dos alunos”?

Segundo os PCN’s (1998, p.177), “o ensino de língua portuguesa tem sido, desde os

anos 7013

, o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de ensino

no país...”, pois se compreende que se o aluno conseguir dominar a leitura e a escrita, ele

conseguirá se sobressair com êxito em todas as outras disciplinas escolares. Nesse sentido, a

grande proposta é a reformulação e as mudanças no modo de ensinar.

É primordial o aluno dominar a leitura e a escrita, pois é pela linguagem que os

indivíduos se comunicam, tem acesso a informações e conseguem acompanhar os

avanços. O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o

domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade

linguística, são condições de possibilidade de plena participação social [...]

(PCNs, 1998. p19).

Como vemos, os Parâmetros Curriculares Nacionais pregam sobre a importância do

domínio da leitura e da escrita, condições essenciais à vida escolar do aluno, todavia a

ênfase que damos em nossa discussão científica é em relação às metodologias que vem

sendo impostas nas escolas públicas.

Para tanto, faz-se necessário um questionamento central: Como o meu aluno vai

dominar as habilidades de leitura e de escrita se eu tenho que avançá-lo sem que ele tenha

aprendido as noções elementares dessas competências linguísticas?

3.2. Entrevistas com professores

Diante de tantas inquietações nossas, fomos a campo fazer uma pergunta para as

quatro professoras que lecionam a disciplina de Língua Portuguesa na escola em estudo, no

dia 24 de Maio de 2012, com o intuito de munirmo-nos com dados empíricos de pesquisa.

A nossa pergunta foi: Como você vê o ensino de Língua Portuguesa no contexto da sala de

aula dentro da Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana?

13

Os anos 70 do século XX.

23

Elencamos, a seguir, todas as respostas obtidas das quatro professores, pois

acreditamos que as respostas dadas são de suma importância para a tessitura analítica de

nosso trabalho14

.

PROFESSOR A: Levando em conta que a Escola Organizada por Ciclos de Formação

Humana é caracterizada pelo desenvolvimento das habilidades e capacidades e de acordo

com o amadurecimento do aluno nos deparamos com turmas em que há diferentes níveis de

conhecimento, tornando-se um desafio o ensino de Língua portuguesa e isso fica claro

mediante a dificuldade do professor em atender os alunos de forma homogenia, ou seja,

produzir atividades que todos possam ou consigam desenvolver, assim o professor precisa

propiciar atividades diferenciadas, o que em muitos casos não acontece ou então os alunos

se recusam a fazer as atividades porque acham que estão sendo discriminados. Diante

disso, o ensino e a aprendizagem ficam prejudicados, não somente pelos alunos fora do

nível, mas também pelos demais que acham que o professor está perdendo tempo revendo

conteúdos e fazendo atividades mais simples. Sabemos também que alguns casos, que são a

grande maioria, dificultam este trabalho diferenciado, no entanto o professor não deve

desistir e deixar de propor atividades diferenciadas e atraentes.

PROFESSORA B: Para mim tem sido uma espécie de “decepção” ensinar Língua

Portuguesa no contexto da sala de aula, dentro da metodologia da Escola Ciclada. Como

nós, a maioria dos professores, viemos de um método de ensino muito diferente deste, onde

o aluno necessitava aprender verdadeiramente e se esforçar para adquirir essa

aprendizagem, para não arcar com graves consequências ao final do ano letivo, quero

expor meu desabafo e dizer que muitas vezes dentro da minha sala de aula me sinto

incapacitada eu diria assim e muitas vezes injusta, e explico o porquê. Na Escola Ciclada o

aluno dedicado, esforçado e estudioso está fadado a estar sempre sentado lado a lado com

um colega de classe desinteressado, preguiçoso ou sem perspectiva para a sua

aprendizagem, pois somos quase que obrigados pelo sistema a impedir que isso aconteça.

14

Nós fomos até a referida escola e conversamos um pouco com as professoras informalmente sobre o nosso

trabalho e as convidamos a participar da pesquisa dando resposta a uma pergunta sobre o tema, assim, lhes

entregamos uma folha de papel sulfite e pedimos para que a respondessem. As falas foram transcritas

exatamente do jeito que as professoras a responderam.

24

Em muitos casos me sinto desvalorizada como profissional da educação, desmotivada, pois

independente do que eu ensine ou do que eu me esforce para ensinar aos alunos, todos

merecedores ou não, continuam avançando, mesmo estando despreparados para

enfrentarem os conteúdos propostos do ano seguinte. Como alguém que ama a sua

profissão, me agarro neste amor e naquilo que ainda acredito, pois sabemos que no meio

da educação temos que ser, acima de tudo, corajosos, pois nós professores infelizmente não

lidamos apenas com esse problema.

PROFESSORA C: O ciclo de Formação humana tem vantagens e desvantagens. A

vantagem é que os alunos de cada sala tem quase a mesma idade, não significa que todos

têm o mesmo nível de aprendizagem e a desvantagem é que os alunos não sabem ler e nem

escrever, são muito faltosos e mesmo assim estarão na próxima fase do ciclo. Em minha

opinião o ciclo não influencia o aluno aprender. Alguns alunos estão verdadeiramente

interessados e outros ficam desestimulados ao ver que certos colegas que não comparecem

com frequência, desrespeitam professores, não cumprem com as atividades e trabalhos

propostos avançam sempre para a fase seguinte ou ciclo e assim vão acompanhando, sem

ter aprendido, os alunos que estudam.

PROFESSORA D: No meu ponto de vista, o ensino de Língua Portuguesa no contexto da

Escola Ciclada está confuso, pois os teóricos pregam que não pode trabalhar os conceitos

no cotidiano, mas para o aluno ingressar no ensino médio e na faculdade esses conceitos

são cobrados. Eu acredito que está muito confuso para todos, pois os alunos saem sem

saber a língua e a linguagem.

Como podemos ver, nos relatos acima, todos os professores entrevistados, de certa

forma, nos deram respostas semelhantes, que nos levam a concluir que a escola Organizada

por Ciclos de Formação Humana tem fracassado muito na prática.

O que vemos, fundamentalmente, são professores desmotivados por não

conseguirem ministrar sua aula de forma eficaz, e, dentre os fatores que levam ao

desestímulo, aponta-se o grande índice de indisciplina por parte dos alunos. Outro fator é

que por mais que usem metodologias diferenciadas os educadores não estão conseguindo

minimizar a defasagem no ensino de LP porque o desinteresse da maioria dos alunos de

uma sala atrapalha a ministração das aulas.

25

Tal desmotivação se explicita com maior evidência na fala da professora B, quando

diz que, “para mim tem sido uma espécie de decepção ensinar Língua Portuguesa no

contexto da sala de aula, dentro da metodologia da Escola Ciclada...”, e reflete como anda o

cenário da escola Organizada por Ciclos de Formação Humana.

Se olharmos atentamente, é possível perceber a inconsistência da teoria na prática,

pois, conforme a proposta da Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana, temos

que,

Os Ciclos de Formação Humana (CFH) compreendem uma maneira de organização

de tempos e espaços escolares dos educandos de forma a se adequar melhor a

educação escolar às características biológicas e culturais do desenvolvimento de

todos os alunos. É uma reavaliação dos sistemas avaliativos, do acesso e

permanência dos estudantes na escola. Nos CFH concebe-se o conhecimento como

parte integrante da formação humana.15

No entanto, na prática, de acordo com a professora D, “tudo está muito confuso”,

porque os teóricos pregam uma coisa e no cotidiano acontece de outra forma. Assim, temos

como resultado que o professor não tem tido o suporte necessário para trabalhar com a

escola ciclada e com a falta de maturidade do aluno para entender que ele precisa estudar.

E é nesse cenário que se desenha a ‘confusão’, pois muitos alunos passaram a crer

que a escola deixou de ser um espaço para aprendizagem e passou a ser palco para

brincadeiras antididáticas, desrespeito, falta de interesse, desestímulo e muita indisciplina.

Vale salientar, também, a fala da professora C ao relatar que “alguns alunos estão

verdadeiramente interessados e outros ficam desestimulados ao ver que certos colegas que

não comparecem com frequência, desrespeitam professores, não cumprem com as

atividades e trabalhos propostos e avançam sempre para a fase seguinte ou ciclo”. É,

portanto, nesse fragmento de realidade apresentado que o professor, ainda assim, procura

estímulos, “como alguém que ama a sua profissão”, segundo a professora B, para conciliar

as atividades metodológicas com o ensino efetivo.

15

Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso – Disponível em: Seduc: http://www.seduc.mt.gov.br.

Acesso em 12 de junho de 2012 às 13h00.

26

3.3. Entrevistas com alunos

Diante do exposto acima, resolvemos dar voz também aos alunos, com o objetivo de

levantar os seus posicionamentos sobre a situação atual do contexto escolar. Para tanto,

fizemos uma mesa redonda com alguns alunos convidados no dia 19 de Junho do ano de

2012, para participarem de uma conversa sobre a escola Organizada por Ciclos de

Formação Humana. Com os alunos que aceitaram o desafio da proposta debatemos algumas

questões. A primeira pergunta que lançamos a todos foi: O que você acha da escola

Organizada por Ciclos de Formação Humana? Obtivemos as seguintes respostas, transcritas

a seguir, aos questionamentos levantados16

.

ALUNO A: Ela é boa, mas têm uns alunos que não colaboram. Às vezes os alunos que

gostam de aprender não conseguem entender o que os professores explica porque os alunos

bagunceiros não deixam de tanta bagunça que eles fazem.

ALUNO B: É ruim, pois os alunos não se interessam em estudar, pois sabem que mesmo

com nota baixa eles vão passar de ano, e muitas das vezes o aluno que gosta e se interessa

nos estudos são prejudicados.

ALUNO C: Eu acho que está afetando alguns alunos, pois os outros não prestam atenção e

incomodam os professores, pois não tem medo de reprovar nem de levar advertências,

suspensão, pois é só ficar três dias em casa ou menos, pois se os pais irem ao colégio já sai

a suspensão.

ALUNO D: Eu acho que não está ajudando na formação e no desenvolvimento do aluno,

pois enquanto tem gente querendo aprender, tem uns laranjas podres que ficam fazendo

bagunça e acabam atrapalhando.

16

Todas as falas foram transcritas conforme a entrevista.

27

ALUNO E: ruim porque os alunos bagunceiros não se interessam e acham que é só porque

o ciclo não reprova e eles não precisam estudar, com isso, os professores desanimam e isso

prejudica o desempenho de aprendizado dos alunos que querem.

ALUNO F: A escola ciclada é ruim. Os alunos não estão nem aí ao estudo, porque sabem

que eles não reprovam e passam de ano mesmo assim. Eles desrespeitam o professor, e as

punições não adiantam. Isso prejudica muito os alunos que estão interessados em

aprender, o que são poucos os interessados.

ALUNO G: A escola tá boa em ensino, tem professores que dão o melhor de si, mas tem

professores que por serem tão desrespeitados já estão sem ânimo para dar aula. Tem o fato

de os alunos desinteressados que acabam prejudicando o nosso aprendizado. Deveria

haver uma certa punição por cada ato que eles praticasse, pois as advertências já não está

resolvendo.

De acordo com as respostas dadas, é possível afirmar que há convergência entre as

falas de professores e alunos. O ponto máximo de afluência vem de encontro com a fala da

professora B, quando diz que:

[...] Na Escola Ciclada o aluno dedicado, esforçado e estudioso está fadado a estar

sempre sentado lado a lado com um colega de classe desinteressado, preguiçoso ou

sem perspectiva para a sua aprendizagem, pois somos quase que obrigados pelo

sistema a impedir que isso aconteça17

.

Se observarmos atentamente, veremos que as narrativas dos alunos se assemelham

no que tange ao clímax das respostas, ou seja, o que tem mais afetado o ensino e a

aprendizagem são a indisciplina, o desrespeito, a desmotivação e, acima de tudo, a falta de

interesse por parte dos alunos, a qual tem sido apontada como a causa do grande

desestímulo por parte dos professores para um ensino de qualidade dentro do espaço da sala

de aula.

Dentre as justificativas dadas pelos alunos ‘desmotivados’, encontra-se a falta de

obrigação em cumprir com seus deveres de aluno, bem como de estudar e de participar das

17

Relato de uma das professoras entrevistadas.

28

aulas dando atenção às explicações do professor, uma vez que não há uma necessidade para

isso, pois só o fato de frequentarem o mínimo possível de aulas em cada bimestre os fará

avançar da mesma forma.

Continuando a nossa entrevista, fizemos a seguinte pergunta: Você gosta dessa nova

metodologia de ensino? Por quê? À qual se evidenciaram as seguintes respostas:

ALUNO A: Sim, porque na outra escola você tinha que tirar 65 pra poder passar de série.

E aqui não, você passa de série mesmo tirando notas baixas. Mas, não é só porque passa

de série mesmo tirando notas baixas que você não tem que se preocupar.

ALUNO B: Mais ou menos, por um lado é boa, pois ajuda aqueles alunos que são mais

fracos dando uma chance à eles, mais por outro lado é ruim, pois existem também aqueles

alunos que não se interessam e não estudam porque sabem que vão passar de série.

ALUNO C: Eu não gosto em certo ponto, o ponto ruim porque os alunos não respeitam o

professor e isso acaba prejudicando no desempenho dos outros alunos e o professor deixa

de explicar para dar bronca nos alunos que dão trabalho. Mas tem aulas que os alunos

colaboram e a aula fica melhor.

ALUNO D: Não, eu não gosto porque o aluno que não quer aprender não tá nem aí, pois

ele pensa que não importa se ele estuda ou não estuda, pois ele sabe que vai passar de ano

mesmo estudando ou não.

ALUNO E: Mais ou menos, porque alguns alunos prejudicam o aprendizado.

ALUNO F: Eu não gosto porque os alunos não vão se interessar mesmo em estudar, eles

pensam de um modo que “para que estudar né eu vou passar de série mesmo”, assim eles

não se interessam, por isso é ruim.

ALUNO G: O fato da escola ciclada é boa, pelo fato de você não reprovar. Mas acho que

já de agora os alunos deveriam já ter uma noção de como seria uma escola seriada, para

ela já ir se dedicando ainda mais.

29

Como podemos ver nos relatos dos alunos acima, os quais convergem, como

constatamos nas respostas anteriores, com os anseios dos professores, há um grande

descontentamento também por parte dos alunos com os métodos didáticos promovidos pela

Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana.

Se, por um lado, o programa tem os seus méritos por promover os alunos com

dificuldades de aprendizagem e de assimilação dos conteúdos, por outro lado, encontra-se

num impasse com o fator indisciplina por parte de alunos que não entendem essa

metodologia, faltam com frequência e desrespeitam o professor porque sabem que mesmo

fazendo tudo isso serão promovidos.

Assim, a partir dos resultados que temos, podemos constatar que os Ciclos de

Formação Humana dão oportunidades para aqueles que realmente se interessam para a

aprendizagem, todavia há uma grande parcela de alunos que estão confundindo

oportunidade com falta de interesse e de compromisso.

Foi aí que surgiu outro questionamento, a partir da seguinte pergunta: Como você

acha que seus colegas e os alunos de maneira geral têm se comportado frente a essa nova

metodologia dentro da sala de aula? À qual se obteve as seguintes respostas:

ALUNO A: Depende do aluno, a maioria só vem para bagunçar e atrapalhar aqueles que

querem aprender.

ALUNO B: Depende do aluno, pois na minha sala a maioria dos alunos usam isso contra o

professor, quando o professor fala que eles tiram notas baixas e perderam ponto eles falam

que não importam, pois mesmo assim vai passar de ano, e isso diminui o interesse.

ALUNO C: Depende do aluno a maioria se interessa muito, mas tem uma dúzia que

incomoda e muito, pois fala que não vai reprovar e não liga se leva advertência ou

suspensão.

ALUNO D: Depende, são poucos os que atrapalham, mas a bagunça que eles fazem parece

que é a maioria que está atrapalhando a sala.

30

ALUNO E: O interesse deles não é muito bom, porque eles só ficam bagunçando. E além

de eles não prestarem atenção eles não deixam os que querem prestar atenção na aula.

ALUNO F: A maioria não se interessa, porque eles sabem que mesmo com a nota baixa

eles passam com isso os que se interessam acabam prejudicados, os que querem aprender e

ser alguém na vida se esforça o máximo que podem.

ALUNO G: Dependendo do aluno, pois os alunos não se interessam, porque sabem que

vão passar de série mesmo tirando notas baixas.

Diante dos argumentos apresentados, chegamos à conclusão que a falta de interesse

de alguns, às vezes de uma minoria, como nos relata o aluno D, “são poucos os que

atrapalham”, mas que podem afetar e trazer sérias consequências para o todo, pois, uma

aula mal ministrada influencia no rendimento de toda uma sala.

Tal afetação resvala até mesmo na impossibilidade de ministração de aulas de forma

dinâmica, visto que a perda de foco de alunos, como vimos, desvia o objetivo proposto, o

que resulta, impreterivelmente, em alunos com muita defasagem de aprendizagem, os quais

saem do ensino fundamental e são assim submetidos às novas gradações de conhecimento

do ensino médio.

E é nesse contexto que se encontram professores que já estão tão desmotivados que

acabam fazendo com que suas aulas fiquem monótonas. Para tanto, compreendemos ser

imprescindível encontrar caminhos para minimizar essa falta de interesse dentro da sala de

aula, pois, por mais que o quadro educacional da escola pública do estado de Mato Grosso

seja esse que se nos apresenta, é preciso buscar metodologias que chamem a atenção dos

alunos, por que, quando perguntamos como eles têm visto as aulas de LP dentro da sala de

aula, as respostas foram as seguintes:

ALUNO A: Ruim, porque nós estamos acostumados com o método que usavam

antigamente. Agora estão mudando muitas coisas, então é difícil para se acostumar.

ALUNO B: Mais ou menos, pois quase ninguém entende as regras, a professora tenta

ensinar mais mesmo assim ainda há algumas dificuldades. E também nós ficamos sempre

31

estudando apenas atividades do livro e nisso só aprendemos coisas do passado, sendo que

precisamos aprender coisas novas, pois o mercado de trabalho já está muito exigente em

relação aos estudos. Precisamos aprender mais coisas novas.

ALUNO C: Não é muito boa, teria que melhorar o método, pois o método sempre ajuda,

mas eu acho que devamos estudar mais a ortografia e não usar o livro, só de vez em

quando, pois as coisas que tem nele é mais da outra ortografia.

ALUNO D: Não muito boas, mas também não muito ruim, pois fica difícil aprender a nova

ortografia sendo que a gente já acostumou com a ortografia antiga.

ALUNO E: Ruim, porque a gente só fica no livro, trabalhando só em cima do livro que nem

a nova ortografia muito a gente não tem ideia de como se escreve as palavras, o que

mudou, como ficou, os alunos só ficam no livro, que é sempre a mesma coisa e os alunos

não acabam aprendendo nada.

ALUNO F: As aulas de Língua Portuguesa estão mais ou menos porque nós não estamos

estudando a nova ortografia e isso mais pra frente vai dificultar. O livro tem quase as

mesmas coisas mais não tem a nova ortografia. Para os professores é difícil de dar aula,

até por falta de materiais especializados na matéria.

ALUNO G: Estão mais ou menos, pelo fato de ficarmos estudando somente através do

livro, isso acaba se tornando chato porque o ano todo no livro vem a mesma coisa “verbo,

substantivo, predicado e assim por diante”. Deveríamos aprender coisas novas como a

nova ortografia.

Já no capítulo II argumentávamos a respeito da necessidade de melhorias na

metodologia vigente, pois, conforme unanimidade das falas expostas acima pelos alunos, os

professores precisam inovar suas aulas porque permanecem presos ao livro didático, muitas

vezes como único recurso didático-metodológico utilizado.

Como podemos ver, uma das grandes reclamações por parte dos alunos é em ralação

ao uso inadequado do livro didático pelo professor, que geralmente o usa como se fosse

uma Cartilha de ABC. O que se apreende desses dados responsivos é que raramente se

32

realiza nas aulas de Língua Portuguesa uma metodologia fora do livro/cartilha e, assim, as

aulas estão se tornando cada vez mais enfadonhas. Conforme Soares (2002),

“[...] O papel ideal seria que o livro didático fosse apenas um apoio, mas não o

roteiro do trabalho dele. Na verdade isso dificilmente se concretiza, não por

culpa do professor, [...] por culpa das condições de trabalho que o professor tem

hoje. Um professor hoje nesse país, para ele minimamente sobreviver, ele tem

que dar aulas o dia inteiro, de manhã, de tarde e, frequentemente, até à noite.

Então, é uma pessoa que não tem tempo de preparar aula, que não tem tempo de

se atualizar. A consequência é que ele se apoia muito no livro didático.

Idealmente, o livro didático devia ser apenas um suporte, um apoio, mas na

verdade ele realmente acaba sendo a diretriz básica do professor no seu ensino.”

(Soares, 2002, p. 25).

Nessa difícil tarefa de conciliar a carga excessiva de trabalho com qualidade de

ensino, é importante que o professor compreenda que, se atuar com metodologia

diferenciada e não deixar que o livro didático lhe tome a vez e nem lhe dite as regras a

serem seguidas em sala, poderá alcançar êxito e maior reconhecimento pelo seu trabalho,

tendo, portanto, a metodologia como sua maior aliada.

Nesses relatos, percebemos também os anseios dos educandos em “aprender coisas

novas”, como bem denuncia a aluna B “só aprendemos coisas do passado, sendo que

precisamos aprender coisas novas, pois o mercado de trabalho já está muito exigente em

relação aos estudos”. O tom de criticidade também muito bem aparece no aluno G, ao

apontar a falência da metodologia tradicional que só repete “verbo, substantivo, predicado e

assim por diante”. Contudo, há também que se considerar uma necessidade urgente de

melhorias na estrutura física, nos recursos oferecidos e nas dinâmicas de aula.

Desse modo, compreendemos que é através do lúdico e de metodologias

diferenciadas que os professores terão maiores chances de tornar suas aulas dinâmicas e

atrativas e, assim, seus alunos terão maior interesse pela aprendizagem. O professor precisa,

portanto, sair da rotina, deixar de lado paradigmas tradicionais e usufruir de meios que o

leve ao êxito dentro da sala de aula.

Perguntamos ainda aos alunos: Como deveria ser então o ensino de Língua

Portuguesa dentro do espaço da sala de aula? As respostas e sugestões foram as seguintes:

ALUNO A: Ah, nas aulas de português tem que trabalhar menos com o livro. Teria que

trabalhar mais com leitura.

33

ALUNO B: Com matérias mais recentes, mais modernas e atualizadas. Com mais literaturas

aulas de um aprendizado sobre os escritores famosos, sobre música legais e outras coisas

também, eu na minha opinião prefiro um momento de leitura do que atividades do quadro,

do livro, redações e outras coisas.

ALUNO C: O ensino da Língua Portuguesa deveria trabalhar mais ortografia e a Literatura

de autores famosos e a aula deveria ser mais dinâmica. Na escola o aluno deveria ser

reprovado e a suspensão ele não ficar três dias em casa e sim na escola auxiliando nos

serviços ou estudando e mudar o dia para sair meio dia pra quarta-feira.

ALUNO D: Os alunos e os professores deveriam ter mais responsabilidade com a escola, os

professores deveriam usar novos métodos de ensino e os alunos deveriam se dedicar mais

nas aulas.

ALUNO E: Na aula de português, não deveria ser tão na base do livro. A escola deveria ter

punição para os alunos que levam advertência. Gostaria que os alunos líderes da escola

tivessem mais responsabilidade, os professores usassem métodos diferentes, tivessem novas

ideias para chamar a atenção dos alunos, para aumentar o interesse dos alunos.

ALUNO F: A escola deveria ter métodos melhores de ensinamentos, punição melhores e os

alunos deveriam se interessar melhor. As aulas de Língua Portuguesa deveriam ter mais

leituras, um tempo livre para leitura.

ALUNO G: A escola deveria ter mais aulas de leituras, certas punições para cada ato

praticado pelos alunos desinteressados. Debater com os alunos as questões da quinta aula na

segunda-feira, para que dia realmente os alunos preferem.

Como podemos ver, os alunos, portadores de um notável senso crítico, questionam

os métodos utilizados em sala de aula, apontam a indisciplina e o desinteresse em sala de

aula, como fatores que afetam a aprendizagem dos conteúdos propostos, o que nos leva à

34

reflexão sobre a ineficiência, e mesmo fracasso, conforme relatos de alunos e de

professores, da metodologia utilizada pelos Ciclos de Formação Humana.

Então, cabe ao professor usar novas metodologias que tenham o objetivo de chamar

a atenção do aluno para a aula. Ele tem que primeiramente ganhar esse aluno com

criatividade e dinamismo. O professor tem que fazer com que o seu aluno seja participativo,

principalmente nas aulas de LP, que são a base das demais, há a necessidade de levá-los à

reflexão, e, como eles mesmos sugeriram nas falas acima, “teria que trabalhar mais com

leitura”.

Tal como fizemos em nossas entrevistas, é preciso dar espaço para que o aluno se

manifeste. “Falar é o melhor meio pelo qual os aprendizes exploram as relações entre o que

já sabem e as novas observações ou interpretações que descobrem...” (CONDEMARÍN,

2005, p.40). Dessa forma, se o aluno tem um espaço de participação na sala de aula, ele se

sente importante e produz muito mais.

O professor de LP precisa trazer a poesia, a música, a crônica, o conto e muitas

outras fontes metodológicas para o cotidiano da sala de aula. O aluno precisa conhecer o

mundo mágico que está por trás de uma composição dos versos que compõem uma poesia,

ou outro gênero textual, pois só assim ele compreenderá melhor o que está estudando e o

texto terá um sentido para ele.

Outra questão que é importante ressaltar, nós só teremos alunos leitores na sala de

aula se isso começar por nós mesmos. O professor tem que ser uma referência para o aluno.

No caso da LP, além dos aspectos já apontados, são decisivas para a aprendizagem as

imagens que os constituem sobre a relação que o professor estabelece com a própria

linguagem. Por ter experiência mais ampla com a linguagem, principalmente se for, de fato,

usuário da escrita, ter boa relação com a leitura, gostando verdadeiramente de escrever, o

professor pode se constituir em referência para o aluno.

Além de ser quem ensina os conteúdos, é quem ensina, pela maneira como se

relaciona com o texto e com o outro, o valor que a linguagem e o outro têm para si.

Para os alunos que provêm de comunidade com pouco ou nenhum acesso a

materiais de leitura, ou que oferecem poucas possibilidades de participação em

atos de leitura e escrita junto a adultos experientes, a escola poderá ser a única

referência para a construção de um modelo de leitor e escritor. Isso só será

possível se o professor assumir sua condição de locutor privilegiado, que se

coloca em disponibilidade para ensinar fazendo. (PCNs, 1998, p 66)

35

Portanto, o professor além de mediador do conhecimento tem que primeiramente ser

exemplo e o trabalho com a leitura tem que ser constante em sala de aula, pois alunos que

leem têm argumentos, vocabulários, conhecimento, visão crítica, sabem analisar, aprendem

a interpretar, enfim, saem preparados para o mercado de trabalho e para os desafios em

sociedade. Por outro lado, alunos que não leem são lentos, têm dificuldades de interpretação

e na escrita e, geralmente, apresentam rendimento baixo.

É preciso que o professor instigue o seu aluno para a leitura e seja também um

leitor, pois só lendo muito, é que o homem poderá ter um domínio total da

linguagem. È através da linguagem que o homem se reconhece como humano,

pois pode se comunicar com os outros homens e pode trocar experiências...

(BORDINI, 1998, p.9)

Nesse sentido, é a linguagem que interpreta o mundo e só tendo e estimulando o

domínio dela para termos efetivamente alunos preparados para enfrentarem a demanda do

novo milênio. O professor, dessa forma, precisa sentir a necessidade de instruir os seus

alunos a serem leitores assíduos.

Em suma, os professores precisam olhar para todos os ângulos e ter determinação e

muita criatividade. A escola não dá suporte ao professor? Falta material? Mesmo assim,

com o material que temos em nossas mãos, nós podemos transformá-lo na melhor aula,

seduzir o nosso aluno e mudar o ‘destino’ da educação, afinal, é no espaço da sala de aula

que acontecem as grandes transformações.

No próximo capítulo descreveremos a metodologia adotada para o desenvolvimento

de nosso projeto realizado na Escola Estadual Paulo Freire, juntamente com os alunos do 8º

ano C, no ano de 2011.

36

4. A APRENDIZAGEM POR PROJETOS NA ESCOLA ORGANIZADA POR

CICLOS DE FORMAÇÃO HUMANA

Após termos refletido sobre as dificuldades enfrentadas por professores e alunos na

Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana, passaremos agora a pensar sobre a

metodologia da ‘Aprendizagem por Projetos’ implantada na tentativa de minimizar os

problemas referentes ao ensino-aprendizagem dentro do espaço da sala de aula.

Como vimos no capítulo anterior, não tem sido fácil ministrar o ensino-aprendizagem

nesse contexto escolar, pois, se de um lado os professores estão, cada vez mais,

desmotivados para o exercício de sua profissão diante de tantos problemas enfrentados,

como: indisciplina, falta de interesse e respeito, desmotivação por parte dos alunos, baixo

salário, falta de estrutura física da escola, de material de apoio adequado e recursos para que

as aulas sejam mais atrativas; por outro lado encontramos os alunos com a necessidade de

que as aulas ministradas em sala de aula sejam mais dinâmicas e com mais qualidade.

Nesse sentido, percebe-se que “Os indivíduos toleram cada vez menos seguir cursos

uniformes ou rígidos que não correspondem as suas necessidades reais e à especificidade de

seu trajeto de vida” (Lévy, 1999, p. 169).

Diante desse quadro, o nosso maior questionamento agora é como resolver tudo isso,

uma vez que há, em sala de aula, muitos alunos sem nenhuma vontade de estudar. Assim, se

faltam boas condições para que as aulas sejam bem ministradas, o quê fazer?

Urge, portanto, a necessidade de ser reelaborado um novo plano de ação e reorganização

dos espaços educacionais. É necessário, então, que a escola juntamente com o professor

entrem em ação e busquem metodologias dinâmicas e diferenciadas das costumeiras que,

conforme apresentado no capítulo II, já não estão dando certo. Como alternativa de ação

apresenta-se a metodologia de aprendizagem por projetos, a qual pode ser uma boa opção

para que o ensino-aprendizagem dentro desse espaço seja prazeroso e atrativo ao aluno, pois

ela possibilita o desenvolvimento de uma inteligência coletiva, uma vez que é o todo da sala

que se desenvolve.

Um ponto de fundamental importância para que as aulas sejam eficazes e o aluno se

motive a participar mais das aulas é o desenvolvimento de ambientes que sejam animadores

e que ele possa ser ativo, ou seja, que o aluno possa interagir nas atividades desenvolvidas,

pois o que precisamos aqui é de uma mudança qualitativa nos processos de aprendizagem.

37

Dessa forma, faz-se necessário o estabelecimento de novos paradigmas para a aquisição

dos conhecimentos e de constituição dos saberes e essa metodologia da aprendizagem por

projetos pode ser uma saída, uma vez que traduz a perspectiva da inteligência coletiva no

domínio educativo.

Compreendemos que a Aprendizagem por Projetos está baseada na cooperação e busca

de conhecimentos que partem dos próprios alunos, pois nela eles é que fazem as pesquisas

para que suas dúvidas, sobre determinado assunto, sejam sanadas, sendo assim, ela é uma

metodologia que subsidia práticas pedagógicas inovadoras e que favoreçam a construção de

uma aprendizagem efetiva e significativa ao educando dentro da sala de aula.

Segundo Castells (1999), estamos vivendo o surgimento de uma nova era educacional.

Nessa contextura, uma nova estrutura social está surgindo e ela vem associada ao

surgimento de um novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo. Nesse modo de

desenvolvimento a fonte de produtividade está na tecnologia de geração de conhecimentos,

de processamento da informação e de comunicação de símbolos.

E é nessa nova estrutura social que encontramos o aluno que já está saturado de modelos

antigos e tradicionais de educação, uma vez que os avanços tecnológicos inovam-se a cada

dia e um grande número dos educandos hoje tem acesso a uma grande parte deles. O fazer

pedagógico, desse modo, precisa sair dos limites das quatro paredes e encontrar novos

horizontes para serem explorados.

O aluno de hoje não consegue mais ficar “preso” quatro horas por dia à atividades

exaustivas, então, o professor tem que buscar novos mecanismos para que suas aulas

venham ao encontro dessas ansiedades de seus alunos. Para tanto, essa pesquisa tem o

intuito de focar o modelo de Aprendizagem por Projetos na tentativa de descobrir se é

realmente uma metodologia positiva e de que forma os alunos se sobressaem ou não ante a

esse novo jeito de aprender.

4.1. A metodologia da Aprendizagem por Projetos

Como temos visto nos últimos anos, a sociedade vem se desenvolvendo de forma

acelerada e diversificada e a cada dia que passa ela exige sempre mais alternativas de ações

inovadoras aos diferentes e complexos problemas que, muitas vezes de forma imprevisível, se

colocam a cada instante dentro do espaço escolar.

38

A necessidade do desenvolvimento de um pensamento amplo e intenso torna-se

urgente, pois a crise se generaliza em todos os setores da sociedade, e a educação sofre como

nunca com a pressão de todas essas mudanças, profundas e permanentes. Diante disto,

qualquer tomada de decisão sobre a organização de situações de ensino e aprendizagem ou de

produção de conhecimento, no âmbito da educação escolarizada, terá que ser feita com muita

cautela.

A metodologia de ensino por projeto foi proposta inicialmente por Dewey (1968), por

volta dos anos trinta, na abordagem da Escola Nova, e o objetivo maior era fazer com que o

professor levasse em consideração as condições a serem oferecidas aos alunos. Nessa

perspectiva, professor e aluno se encontram, numa ação conjunta, aprendendo a pesquisar e a

desenvolver o espírito de investigação constante.

Dewey se posicionou a favor do conceito de escola ativa, na qual o aluno tinha que

ter iniciativa, originalidade e agir de forma cooperativa. Acreditava que escolas que

atuavam dentro de uma linha de obediência e submissão não eram efetivas quanto ao

processo de ensino-aprendizagem. Seus trabalhos alinhavam-se com o pensamento

liberal norte-americano e influenciaram vários países, inclusive o movimento da

Escola Nova no Brasil. Entre seus conceitos destacam-se ideias como a defesa da

escola pública, a legitimidade do poder político e a necessidade de autogoverno dos

estudantes.18

Aqui o docente por ser mais experiente tem a responsabilidade de desencadear este

processo e buscar fornecer as primeiras pistas sobre o tema a ser abordado, dando condições

para que o aluno sinta-se instigado a querer pesquisar e buscar respostas para suas dúvidas.

Nesse processo de pesquisa e aprendizagem, o professor vai criando possibilidades

para que o aluno seja um investigador, sem deixar de dar subsídios e buscar juntamente com

ele recursos variados que o levem a aprender a aprender.

A perspectiva educativa dos projetos de trabalho se situa nos esforços de repensar a

escola e sua função educadora em um mundo de complexidades, onde há outras

formas de consentir a informação que não passam pelo livro didático. É uma

sociedade na qual o corpo e não apenas a mente é uma referência essencial para

aprender, desde o diálogo até a relação com o outro e com ele mesmo. Uma

sociedade na qual aprender a dar sentido se converte em um desafio. Os projetos de

trabalho tratam de superar a gramática da escola que foi definida no final do século

18 Informações retiradas do artigo de Josimar de Aparecido Vieira, Aprendizagem por projetos na Educação

Superior: posições, tendências e possibilidades, publicado na revista eletrônica [email protected].

Disponível em: Aprendizagem por projetos: algumas considerações –

revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/download/.../2453. Acesso em: 17/07/2012, às 11h23min.

39

XIX e começo do XX, que divide os tempos, os espaços, as disciplinas e os sujeitos

de forma hierárquica e seguindo um modelo de controle social que pouco tem a

dizer sobre as sociedades atuais. (HERNÁNDEZ, 2004, p. 3).

É assim que o aluno aprende como e onde buscar a informação, como elaborar e

produzir conhecimento próprio, partindo de pontos norteadores que subsidiem o processo de

investigação. O professor fica somente como um mediador e coordenador de todo esse

processo, fornecendo alguns itens ou referenciais bibliográficos que possam auxiliar o

encaminhamento dos alunos para a pesquisa, fazendo com que eles percebam que podem e

são capazes de buscar com autonomia as respostas para as suas dúvidas.

Nessa modelo de ensino os estudantes são participantes ativos o tempo todo, pois eles

terão que pesquisar, discutir, elaborar e, especialmente, discernir entre o que é ou não

relevante para construir conhecimento durante o processo.

Para Piaget (1973), a interação acontece se existe uma relação entre o sujeito e o

objeto. Nesse sentido o sujeito é um "nós" e o objeto são outros sujeitos. E essa interação

acontece de forma que o conhecimento não parte nem do sujeito, nem do objeto, mas da

interação indissociável entre os dois, ou seja, a interação é interindividual e avança em uma

dupla direção, de uma exteriorização que é objetiva e de uma interiorização reflexiva.

E esse é o maior objetivo da metodologia da Aprendizagem por Projetos, pois aluno e

prática se encontram transformando a aprendizagem em um campo interativo em que a teoria

busca a prática para concretizar-se, fazendo com que o aluno tenha uma aprendizagem

significativa.

Na aprendizagem por projetos, o aluno aprende durante o processo de produzir, de

levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações, que incentivam novas buscas,

descobertas, compreensões e reconstruções de conhecimento. Já o professor aprende

a respeitar as individualidades de seus alunos, o ritmo de aprendizagem de cada um.

Ao planejarem juntamente suas atividades, alunos e professores formulam suas

questões de investigações com autonomia, considerando suas dúvidas, curiosidades

e indagações, partindo daquilo que já sabem. São os alunos que definem os

caminhos que desejam seguir em suas pesquisas, descobertas e apropriações de

novos caminhos. O professor deve fazer com que o aluno tome consciência de suas

dúvidas temporárias e certezas provisórias e propiciar diferentes atividades que

permitam a avaliação contínua e análise de suas produções e atitudes. No decorrer

do desenvolvimento das atividades pelos alunos é preciso avaliar possíveis

mudanças de conduta, a integração e o interesse através de atitudes concretas e

aquisição de valores. 19

19

Informações retiradas do artigo de Josimar de Aparecido Vieira, Aprendizagem por projetos na Educação

Superior: posições, tendências e possibilidades, publicado na revista eletrônica [email protected].

40

A Aprendizagem por Projetos, portanto, possibilita ao aluno refletir sobre a própria

prática, permitindo melhorá-la. E ela vai acontecendo gradativamente durante todo o ano

letivo e o educando é quem buscará a resposta para as suas dúvidas.

Esta proposta baseia-se, fundamentalmente, numa concepção da globalização

entendida como um processo muito mais interno do que externo e as relações entre os

conteúdos e áreas de conhecimento têm lugar de destaque em função das necessidades que

uma aprendizagem significativa requer. (HERNANDEZ e VENTURA, 1998).

Cabe destacar, ainda, que ela é uma proposta interdisciplinar e todas as disciplinas se

relacionam, uma vez que o aluno precisará buscar respostas em vários campos e uma só não

será suficiente para trazer um resultado efetivo, por isso haverá sempre à necessidade de um

constante diálogo entre as disciplinas curriculares do ano em estudo.

Vejamos como funciona a metodologia da Aprendizagem por Projetos20

:

1. Alunos no coletivo e juntamente com o professor escolhem o tema baseado em uma

dúvida em comum.

2. O contexto é a realidade de vida do aluno.

3. O projeto satisfaz a curiosidade, desejo e vontade do aprendiz.

4. As decisões são tomadas de forma heterárquicas.21

5. As definições de regras, direções e atividades são elaboradas pelo grupo, consenso de

alunos e professores. Todos participam e todas as vozes são ouvidas.

6. O paradigma é a construção do conhecimento.

7. O papel do professor é um estimulador, mediador e orientador.

8. O aluno é o agente ativo da ação, pois ele é quem faz e apresenta.

Disponível em: Aprendizagem por projetos: algumas considerações –

revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/download/.../2453. Acesso em: 17/07/2012, às 11h23min.

20 Informações retiradas do artigo, Aprendizagem por Projeto é o mesmo que Ensino por Projeto? Disponível

em:

http://www.lec.ufrgs.br/index.php/Aprendizagem_por_Projeto_%C3%A9_o_mesmo_que_Ensino_por_Projeto%

3F. Acesso em: 25 de junho de 2012 às 15h55min.

21 É uma palavra que procura definir uma forma de trabalho coletivo onde não há um superior e nem uma

agenda ou método imposto de cima para baixo, por meio de chefias hierarquizadas. No sistema hierárquico

existe uma ordem, decidida pela maioria, ao contrário da anarquia, onde não existe ordem alguma.

41

Dessa maneira, esta é uma prática pedagógica na qual o objetivo maior é conceber um

modelo de educação que envolve o aluno, o professor, os recursos disponíveis na escola,

inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que se estabelecem nesse ambiente,

denominado ambiente de aprendizagem. Se não há recursos suficientes para a prática na

escola, professores e alunos buscam juntos apoios de outras instituições, palestrantes e outros

colaboradores com o intuito de melhorar o processo de ensino.

Assim, o ambiente escolar passa a promover uma interação entre todos os seus

elementos, propiciando o desenvolvimento da autonomia do aluno e a construção de

conhecimentos de distintas áreas do saber, por meio da busca de informações significativas

para a compreensão, representação e resolução de uma situação-problema.

O desenvolvimento de um projeto envolve um processo de construção, participação,

cooperação e articulação, que propicia a superação de dicotomias estabelecidas pelo

paradigma dominante da ciência e as inter-relaciona em uma totalidade provisória

perpassada pelas noções de valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância

e formação da cidadania, que caracteriza o paradigma educacional emergente.

(MORAES, 1997, p. 86)

O aluno passa, portanto, de receptor do conhecimento ministrado pelo professor para

um investigador, pesquisador, questionador, que busca meios para solucionar seus próprios

problemas e situações adversas dentro e fora do espaço escolar.

O professor que escolher trabalhar com esta metodologia de aprendizagem tem que

respeitar os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de planejamento,

escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada.

Neste paradigma não é o professor quem planeja para os alunos executarem, não é ele

quem dita às regras, nem muito menos o livro didático. Aqui acontece uma união entre o

professor e o coletivo da sala de aula, em que ambos são parceiros e sujeitos de

aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento.

No próximo capítulo estaremos exemplificando, detalhadamente, um trabalho baseado

na metodologia da Aprendizagem por Projetos realizado em uma escola pública da rede

estadual de ensino pelos alunos do 8º ano C no ano de 2011, “O projeto Música”.

42

5. CONSTATAÇÕES INERENTES AO CONTEXTO ESCOLAR

O Projeto Música foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire,

situada à Rua das Alfazemas, 740 – Jardim das Oliveiras, Sinop – MT, a qual atende alunos dos

Bairros Jardim das Oliveiras, Jardim São Paulo, Maria Carolina, Jardim Ipê, Jardim Europa,

Jardim Novo Estado, Parque das Araras, Maria Vindilina, Jardim Violetas, Jardim Santa Rita,

Recanto dos Pássaros, Boa Esperança e Jardim Azaleias.

A Escola Estadual “Paulo Freire” tem como filosofia a construção de uma educação que

se baseia na criatividade, possibilitando a reflexão e ação crítica com a realidade comprometida

na transformação social. Dentre os propósitos de sua missão destacam-se a valorização da

pluralidade cultural e os conhecimentos da comunidade escolar; a viabilização da metodologia

de Aprendizagem por Projetos de Ensino e Interdisciplinares; ser espaço de autoconhecimento a

partir da investigação, da discussão e da leitura, assim como permitir o encontro com o diferente,

com o passado, o sujeito consigo mesmo e com o outro, promovendo o sentido genuíno de

emancipação22

.

O objetivo da referida escola está embasado em sua filosofia e deve partir do

reconhecimento das diferenças existentes entre os alunos, fruto do processo de socialização e do

desenvolvimento individual; a mesma deverá potencializar a capacidade dos alunos, ajustando

sua maneira de selecionar e tratar os conteúdos de modo a auxiliá-los a desenvolver suas

potencialidades e as capacidades de ordem cognitiva, afetiva, física e estética, bem como as

relações interpessoais de inserção social ao longo do processo educacional e, simultaneamente,

desenvolver capacidades outras que lhes permitam expressar emoções em diferentes atividades

de aprendizagem e lazer.

Tais objetivos visam orientar alunos e professores na seleção de conteúdos que melhor

atendam as necessidades dos mesmos, viabilizando uma educação de qualidade e de fato voltada

para a vida prática.

Por ser uma escola Organizada por Ciclos de Formação Humana e sabendo da realidade

de vida dos alunos que ali estudam, o corpo docente da escola resolveu trabalhar com a

metodologia de Aprendizagem por Projetos desde o ano 2008 e, desde então, ao início de cada

ano letivo é feito um sorteio entre as salas e para cada uma fica um professor regente que é

22

Informações retiradas do PPP – Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual Paulo Freire

43

responsável para, juntamente com os alunos, desenvolver um projeto interdisciplinar que os

envolva e os motivem à aprendizagem dos conteúdos curriculares propostos para o seu ano

escolar; no final do ano é feita uma feira do conhecimento para a socialização dos resultados,

aberta a toda a comunidade. Dessa forma, os próprios alunos expõem tudo o que aprenderam

com o projeto escolhido para aquele ano.

5.1. Por que Música como um Projeto de Aprendizagem?

No ano de 2011 fui sorteada para ser professora regente do 8º ano C do período

matutino e constatei que uma das questões mais preocupantes em relação aos alunos era o

aprendizado da leitura e da escrita, então havia a necessidade de um projeto que viesse ao

encontro desse problema, pois dentro da sala de aula são as dificuldades dos educandos para

essas duas habilidades que mais se evidenciam.

A proposta do Projeto Música surgiu assim, porque, como vimos no Capítulo II desse

trabalho de pesquisa, o professor já não sabe mais o que fazer para chamar a atenção de seus

alunos e suas aulas estão se tornando cada vez mais monótonas e cansativas. A maior parte dos

alunos já perdeu o interesse e o professor está com os seus recursos desgastados e sem muitos

resultados positivos em seu trabalho no contexto da sala de aula.

Acrescemos a esse quadro, também, a realidade socioeconômica de baixa renda que

envolve a maioria das famílias das escolas públicas, em que os pais, quando os há, trabalham

o dia inteiro e não têm tempo para cuidar de seus filhos, portanto, essa responsabilidade acaba

sendo transferida para os professores.

Segundo a Psicopedagoga Maria de Jesus Borges23

, com 22 anos de carreira no

magistério, experiências em assessoria de SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, ex-presidente do

CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, esse problema enfrentado pelo professor

dentro da sala de aula já vem se arrastando desde muito tempo e as escolas públicas por mais

que lutem não têm conseguido superar esse desafio.

E o resultado de todo esse contexto, em grande parte das escolas públicas do Brasil

hoje, são alunos que não têm domínio da Língua Padrão, leem mal e, em consequência, não

23

Atual professora da Escola Estadual Paulo Freire de Sinop - Mato Grosso. Conforme entrevista pessoal

concedida em: 12/07/2012.

44

conseguem produzir bons textos. O que temos visto nas salas de aula é que são poucos os

alunos que realmente estão interessados em aprender e muitas vezes ainda são prejudicados

pela maioria que está desestimulada para a aprendizagem.

Como sabemos, a língua é o meio mais eficaz que o homem possui para estabelecer o

elo de comunicação com o mundo que o cerca e para isso é necessário que se tenha um bom

domínio da leitura, pois, só através dessa capacidade é que ele pode obter o domínio da

língua. Mas a leitura por si só não basta, para se chegar ao domínio da língua esta leitura,

além de ter que ser crítica, tem que estar inter-relacionada com a produção de textos. O aluno

precisa dominar também a produção escrita e, para isso, o ato de ler é fundamental.

Os PCNs (1998) dizem que o aluno precisa ler criticamente e escrever com qualidade,

porque essas são condições necessárias para uma educação libertadora e para a verdadeira

ação cultural que deve ser implementada nas escolas.

Então, um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de

selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma

necessidade sua. É aí que entra em cena a escola e o professor com o papel central de formar

um leitor competente e, consequentemente, produtores de textos que convençam, persuadam

ou influenciem o leitor ouvinte.

E, para tanto, cabe aos educadores criar ou buscar mecanismos eficazes para que seus

alunos se tornem bons leitores e escritores competentes. Mas, o grande problema que tem

assolado as escolas, ultimamente, como já citado acima, é a falta de interesse por parte dos

alunos para a aprendizagem. Reiteramos que essa problemática importa ao nosso trabalho de

pesquisa porque intuímos apresentar uma nova proposta metodológica para o ensino-

aprendizagem.

O retrato geral da educação, nos últimos tempos, está sendo praticamente o mesmo em

todas as escolas públicas do país. A realidade de nossas escolas tem apresentado o

enfrentamento de problemas, além do abordado anteriormente, como: evasão escolar,

indisciplina entre muitos outros.

É aí que encontramos um cenário de professores frustrados por não estarem mais

conseguindo alcançar seus objetivos. Contudo, de acordo com os teóricos Val e Marcuschi, é

possível se chegar a um padrão distinto, igualitário e inclusivo de educação usando

metodologias diferenciadas nas aulas.

45

A educação é um direito fundamental, garantido na Constituição Federal, que, por

sua vez, caracteriza a escola como um espaço pedagógico, no qual o ensino formal

deve ser ministrado em igualdade de condições para todos, sem distinção de gênero,

etnia, classe social, entre outros fatores. Nesses termos, a lei maior do país oferece o

patamar necessário para a construção de uma atitude inclusiva, que respeite as

diferenças e favoreça o surgimento de uma sociedade mais justa e igualitária,

almejada pelo conjunto do povo brasileiro. Pensar a escola pela perspectiva da

inclusão traz consigo a responsabilidade de promover uma educação humanista e,

mais do que isso, de investir na formação de cidadãos socialmente solidários,

críticos, competentes e letrados. (VAL; MARCUSCHI, 2005, p.7, grifos nossos)

Esse é um debate que já circula nas escolas há muito tempo, tanto em termos de

prática pedagógica quanto em termos ideológicos, todos em torno de motivações e objetivos

de mudanças estruturais nos sistemas de ensino, todavia, ainda se está longe de consenso entre

os estudiosos ligados ao ensino. Com relação ao papel do professor contemporâneo, postula-

se sobre a necessidade prática da realização de aulas dinâmicas e atrativas, pois, é a ele que

compete às escolhas metodológicas e o consequente interesse pela leitura e escrita do aluno

dentro do contexto da sala de aula.

No entanto, é importante ressaltar que não existem receitas prontas de ensino e que

cada situação e realidade requerem um modelo diferenciado, assim como “Não existe no

Brasil, um modelo de escola que possa ser considerada como melhor ou mais adequada.”

(SPELLER, 2002, p.109).

Sabemos, contudo, que é necessário ministrar um ensino em igualdade de condições

para todos, só que para que isso aconteça primeiramente deve haver uma política de

valorização dos professores e a escola tem que oferecer condições de trabalho para tal.

Por outro lado, cabe ao professor criar mecanismos e estratégias eficientes para que os

alunos acompanhem de forma atrativa as suas aulas, no entanto, muitos profissionais da

educação ainda estão com os seus trabalhos voltados para o tradicionalismo, presos somente

ao Livro Didático, ou porque não têm materiais necessários a sua disposição nas instituições

de ensino, ou por comodismo, ou ainda por falta de criatividade para desenvolverem um bom

trabalho.

Porém, o que há de consensual entre os pesquisadores é que o professor precisa fazer

dos seus alunos leitores críticos da realidade que os cerca, pois só assim formaremos cidadãos

conscientes e valorizadores da diversidade cultural existente dentro do país e da própria sala

de aula.

46

Assim, apresentamos como proposta metodológica para o ensino-aprendizagem o

Projeto Música como opção lúdica e apoio pedagógico ao ensino de leitura e de escrita,

proposta que tem o propósito maior de despertar a atenção e interesse de alunos que deixaram

de ver a escola como um meio atrativo de adquirir conhecimentos.

5.2. Música: Um Recurso Didático para as aulas de Língua

Portuguesa

Compreendemos que os agrupamentos humanos, em suma, apreciam algum tipo de

som, seja ele de que natureza for. Dentre eles destacamos o barulho do mar, o canto dos

pássaros, o barulho dos motores dos carros... Enfim, seja ele produzido pela natureza ou pelo

ser humano.

Diante do exposto, é possível constatar que o som, organizado por nós seres humanos,

é capaz de ir além e pode ultrapassar fronteiras quando se deseja exprimir algo a alguém.

(FERREIRA, 2001, p.9). Esse som organizado por seres humanos se chama música e esta é

capaz até de transformar vidas, dependendo do contexto e da maneira que ela é transmitida.

As modificações que a música, provoca em nossa vida interior, como, aliás, toda a

impressão exterior que age sobre as profundezas do nosso ser, significa outro tanto

de ampliação, de diferenciação, de aprofundamento em nossa substância íntima, ou

melhor, são, no sentido próprio do termo, a causa do despertar de nossas faculdades.

(HOWARD, 1984, p.12)

Pensando nisso é que elaboramos este projeto para trabalhar em sala de aula com a

música e o objetivo principal de nosso trabalho, como já dito anteriormente, é, justamente,

pensar alternativas de ensino para as aulas de Língua Portuguesa, no 8º ano C do Ensino

Fundamental. A escolha da música justifica-se por ser ela uma linguagem utilizada pelas mais

diversas áreas do ensino e da aprendizagem na educação básica e, também, por ser integrante

do cotidiano da vida de alunos e de professores.

Na introdução do livro “O ensino de música na escola fundamental”, de Alícia Maria

Almeida Loureiro (2003), encontramos vários depoimentos relacionados a projetos

focalizados na música, e, em um deles, a assessora de comunicação do Fundo das Nações

Unidas para a Infância (Unicef) em Brasília, Florrace Bauer, diz que a música atrai a criança,

47

serve de motivação, deixa-a mais atenta e é instrumento de cidadania, contribuindo para a sua

autoestima.

Segundo Pfutzenreuter (1999, p.5), a música contribui para o desenvolvimento

cognitivo e emocional da pessoa humana. Com base nesses depoimentos e em vários outros

exemplos que encontramos em trabalhos realizados dentro da sala de aula seguindo uma

dinâmica e utilizando-se da música para o aprendizado dos alunos, entendemos que ela é um

recurso didático válido para as aulas de Língua Portuguesa, pois ela, além, de ser uma área do

conhecimento, também corrobora com outras áreas, quando utilizada de forma

interdisciplinar, auxiliando, assim, na construção do conhecimento, da cultura e de valores.

Dessa forma, o aluno aprende brincando, interagindo com o outro e consigo mesmo.

“A música está presente desde muito cedo na vida das crianças, no cotidiano das

crianças, e, por isso, elas têm uma sensibilidade musical impressionante...” (LOUREIRO,

2003, p.15). Compreendemos, então, que ela sempre fez parte de nossas vidas e faz parte do

cotidiano das pessoas nos mais variados momentos do seu dia-a-dia. E, como vimos acima,

desde muito cedo ela tem contribuído com a aprendizagem do aluno e também tem mostrado

ser capaz de atrair esse sujeito para o aprendizado dentro da sala de aula.

Desde os mais remotos tempos a música já era utilizada como um recurso para a

aprendizagem. “A música foi um dos principais recursos utilizados pelos jesuítas no processo

de escolarização da juventude européia, com vistas à formação do bom cristão.”

(LOUREIRO, 2003, p.41). Daí é possível constatar que a música sempre teve a sua

importância no âmbito do ensino dentro do contexto escolar, pois “... ela não está na escola

como uma atividade recreativa, mas sim na construção do conhecimento...”, como nos mostra

o depoimento do educador musical Sergio Henrique Alves de Andrade. (Ibid, 2003, p.15)

De acordo com os PCNs, “a música sempre esteve associada às culturas de cada

época..." (PCNs, 1997, p.75), ou seja, ela desde sempre já fez parte da vida do ser humano e

vem desempenhando, ao longo da história, um importante papel, seja no aspecto religioso,

moral ou social.

Ainda segundo o livro “O ensino de música na escola fundamental”, de Alícia Maria

Almeida Loureiro (2003), a palavra música vem do grego mousiké e designava, juntamente

com a poesia e a dança, a “arte das musas”. O ritmo, denominador comum das três artes,

fundia-se num só. Como nas demais civilizações antigas, os gregos atribuíam aos deuses sua

48

música, definida como uma criação e expressão integral do espírito, um meio de alcançar a

perfeição.

A paixão dos gregos pela música fez com que, desde os primórdios da civilização, ela

se tornasse para eles uma arte, uma maneira de pensar e de ser. Desde a infância eles

aprendiam o canto como algo capaz de educar e de civilizar. O músico era visto por eles como

um guardião de uma ciência e de um estudo pelo exercício. O reconhecimento de valor

formativo da música fez com que surgisse, naquele país, as primeiras preocupações com a

pedagogia da música.

Pouco a pouco a música passou a abranger tudo o que concernia ao cultivo da

inteligência. Receber uma educação musical não significava, portanto, aprender a tocar piano,

violino ou outros instrumentos musicais somente, mas estudar a fundo todas as artes liberais,

a escrita, a matemática, o desenho, a declamação, a física e a geometria, tinha que se saber

também cantar num coro e tocar perfeitamente pelo menos um instrumento. Para os gregos, a

educação era concebida como relação para preparar cidadãos para participar e usufruir dos

benefícios da sociedade.

Segundo Pitágoras (apud LOUREIRO, 2003), matemática e música eram partes uma

da outra, e nessa relação estava a explicação para o funcionamento de todo o universo. A

música é então considerada fonte de sabedoria, indispensável à educação do homem livre.

Sendo assim, já utilizada pelas civilizações antigas, a música pode ter uma utilidade

muito grande como elemento auxiliar didático-pedagógico na sala de aula e “o professor deve

usar a música em sala de aula...” (FERREIRA, 2001, p.11), pois ela causa estímulo e prazer

para a aprendizagem quando é usada de forma adequada dentro de objetivos propostos e bem

assimilados pelo professor para o seu trabalho cotidiano na escola.

“[...] com a música, é possível ainda despertar nos alunos sensibilidades mais aguçadas

na observação de questões próprias à disciplina alvo [...]” (FERREIRA, 2001, p.13). O campo

da música é verdadeiramente fértil e de fácil assimilação e, portanto, muito útil ao professor

que a utilizar em suas aulas para dinamizar, renovar e buscar uma maior eficiência de

aprendizagem aos alunos na fixação de conteúdos, sobretudo os de Língua Portuguesa,

durante as ministrações de suas aulas.

No item seguinte iremos descrever como se deu o passo a passo do Projeto de

Aprendizagem, desde a escolha da temática feita pelos alunos até a apresentação na feira do

conhecimento no final do ano.

49

5.3. Projeto Música

Como já citamos acima, este projeto nasceu dentro da sala de aula juntamente com os

alunos do 8º ano C no ano de 2011, na Escola Estadual Paulo Freire. Cabe ressaltar que o

nosso Projeto Música, em consonância com a metodologia de Aprendizagem por Projetos, foi

dividido em etapas, as quais descreveremos a seguir:

5.3.1. Definição do Tema: O tema é escolhido de forma interdisciplinar, envolvendo

diretamente os alunos nessa etapa.

Na metodologia de Aprendizagem por Projetos os alunos é que escolhem o tema,

dessa forma, ao entrar em sala de aula propusemos uma atividade diferenciada para essa

escolha, em que os alunos presentes foram divididos em cinco grupos para pensarem juntos

em um tema que fosse relevante para a aprendizagem e fizessem uma proposta por escrito

explicando o por quê daquele tema ser importante para eles, de que forma ele seria trabalhado

e quais atividades poderiam ser elencadas a ele durante todo o ano letivo.

Após ter dado mais ou menos uma hora para conversarem e entrarem em um acordo,

eles passaram a escrever a proposta que, sequencialmente, apresentariam para toda a turma.

Terminadas essas tarefas, todos os alunos formaram um círculo na sala e cada grupo foi

apresentando e defendendo a sua proposta, enquanto os demais alunos ouviam atentamente.

Os temas sugeridos foram: Turismo, Teatro, Moda, Profissões e Música. No final das

apresentações todos os temas foram escritos na lousa, em seguida, cada aluno ia e marcava

um x no tema que mais lhe chamou a atenção. O resultado da votação foi o seguinte:

Turismo: 6 votos

Teatro: 2 votos

Moda: 5 votos

Profissões: 0 voto

Música: 10 votos

Dessa forma, Música ficou escolhida para ser o tema dos estudos do ano de 2011 para

a sala do 8º ano C.

50

Vale reiterar que não é de agora que a música vem contribuindo com o trabalho do

professor em sala de aula. Desde tempos antigos é possível notar como esse recurso tem sido

valioso na aprendizagem prazerosa dos alunos no espaço da sala de aula. A catequização dos

índios no período da colonização brasileira também se valeu desse artifício, ou seja, “entre os

recursos destaca-se a música...” (LOUREIRO, 2003, p. 43).

De acordo com Beyer, os jesuítas “trouxeram ao elemento indígena um repertório

vigente naquela época na Europa. Ou seja, os jesuítas educaram os indígenas musicalmente...”

(BEYER, 1994, p. 102). E isso deu uma importância tão grande à música na catequese que

eles fizeram com que ela fosse integrada ao currículo das “Escolas de ler e escrever.”

(LOUREIRO, 2003, p. 44).

5.3.2. Conhecimentos prévios: o professor faz um levantamento sobre o que o aluno já

sabe sobre assunto a ser pesquisado:

Foi a partir dessa concepção, de que a música é um recurso precioso na sala de aula,

como uma metodologia diferenciada para a leitura e a escrita, que fizemos um debate oral em

sala para que os alunos pudessem ter o seu primeiro contato com o projeto que iria ser

trabalhado durante todo o ano letivo. Os questionamentos levantados foram:

O que é música para você?

Você acha que a música é importante na vida das pessoas? Por quê?

Você gosta de ouvir música? Qual é a sua preferida?

Por que você acha que o PROJETO MÚSICA será importante para você?

Quais as suas ideias para o desenvolvimento do PROJETO MÚSICA em sua sala de

aula? Dê três sugestões daquilo que você quer pesquisar.

As respostas ao debate nos fez constatarmos de que a música pode aguçar o gosto dos

alunos para essas duas práticas, a leitura e a escrita, dentro da sala de aula. Desse modo, essa

pode ser uma abertura para o trabalho diferenciado que alcance e resgate os alunos, enquanto

leitores e escritores.

É possível também constatar, através de livros e pesquisas realizadas em torno do tema

sugerido, que “a linguagem da música parece ter estado sempre presente na vida dos seres

humanos e desde há muito faz parte da educação de crianças e adultos.” (ROSA, 1990, p. 13).

E isso é que pode ser o diferencial, pois “a aula de música na escola se transforma: há maior

51

liberdade e espontaneidade dos educadores, aumenta a prática musical expressiva e criativa.”

(Ibidem, 1990, p. 16).

Conforme Martins, “educar musicalmente é propiciar à criança uma compreensão

progressiva da linguagem musical, através de experimentos e convivência orientada”

(MARTINS, 1985, p. 47). A música faz com que o aluno vivencie aquilo que ele está

aprendendo, interagindo com o conteúdo e consigo mesmo, dessa forma, ela pode

proporcionar uma aprendizagem muito mais significativa do que os métodos tradicionais.

E era exatamente isso que buscávamos em nossa pesquisa, fazer com que o aluno

vivenciasse aquilo que está aprendendo para, com isso, tornar o seu conhecimento mais

significativo. Então, a música se tornou a nossa maior aliada nessa busca.

Na sequência de nossos relatos, após termos feito uma boa reflexão em sala de aula

sobre a música, levantando os conhecimentos prévios dos alunos, fizemos uma seleção dos

tópicos que iríamos pesquisar. Assim, estimulamos cada aluno a falar qual era a sua dúvida

referente ao assunto e uma das alunas ia relatando no caderno os tópicos com maior

recorrência a serem estudados, os quais seguem abaixo:

O que é música?

Como surgiu a música?

O que são e quais são os estilos de músicas?

O que é música clássica?

Qual a importância da música para a vida dos seres humanos?

Depois de elencados os tópicos de pesquisa, fizemos uma reflexão sobre qual era o

nosso Objetivo Geral e, em seguida, montamos uma lista dos Objetivos Específicos e

atividades que os alunos pretendiam realizar com o projeto, conforme transcrevemos

abaixo:

Objetivo Geral:

Um dos grandes problemas que afeta o ensino e a aprendizagem dentro da sala de aula

hoje é o problema de indisciplina, que acarreta a falta de interesse por parte da maioria dos

alunos. Uns, porque estão desestimulados demais por falta de incentivo dos pais que

trabalham muito e na maioria das vezes não fazem o acompanhamento necessário dos filhos

na escola e outros que, por verem que alunos que não participam de forma ativa das aulas

52

acabam mesmo assim avançando de anos, perdem o interesse.

Dessa forma, tal como preconiza o maior objetivo da metodologia de Aprendizagem

por Projetos adotada pela escola em estudo, pretendeu-se ‘resgatar’ esses alunos fazendo com

que eles aprendessem de forma coletiva e construtiva e, assim, tivessem maior interesse pela

aprendizagem, uma vez que foram eles que buscaram o conhecimento, pois todos tiveram que

participar.

E a música, tal como pudemos constatar em estudos anteriores, é sem dúvida nenhuma

um recurso metodológico instigante, dessa forma, pretendíamos fazer com que os alunos

adquirissem as habilidades de leitura e de escrita de forma interativa e, assim, pudessem

construir um significado para o que estavam aprendendo em sala de aula.

Objetivos Específicos e Atividades:

Montar o coral da escola

Fazer um festival de paródias

Realizar o I festival de música da escola com a participação de todas as salas

Conhecer alguns instrumentos musicais

Visitar um estúdio de gravação

Conhecer uma orquestra

Apresentações em eventos

Juntamente com os alunos fizemos ainda um levantamento de dúvidas que eles

queriam solucionar primeiro e, assim, a nossa primeira pesquisa do Projeto foi sobre a música

e sua história:

O que é música?

Como surgiu a música?

O que são e quais são os estilos de músicas?

O que é música clássica?

A metodologia usada para a realização dessa atividade foi a seguinte: dividimos a sala

em grupos, então sorteamos os temas e cada um foi pesquisar sobre um assunto no laboratório

de informática da escola. Estes trabalhos foram apresentados posteriormente em sala em

forma de seminários.

53

Após a apresentação dos trabalhos, fizemos uma reflexão sobre o tema e chegamos à

conclusão de que a música sempre fez parte da vida das pessoas e desde tempos muito antigos

os seres humanos já usavam algum tipo de som para manifestar suas emoções. O som é capaz

de atingir a alma e causar transformações na vida das pessoas que são sensíveis a ele.

Dessa forma, compartimos que usufruir do som nas atividades de sala de aula pode

tornar o trabalho pedagógico muito mais fácil, pois a música pode ir onde não podemos, ela

alcança o interior. Por essa razão, o gênero música pode tornar-se um recurso didático-

metodológico importante nas aulas de leitura e de escrita para mudar a rotina tradicional e

tornar a aprendizagem prazerosa e dinâmica.

Então, a escolha do gênero música para o trabalho com a leitura e a escrita justifica-se

por ser integrante do cotidiano da vida de alunos e de professores, assim, entendemos que ela

é um recurso didático-metodológico válido para ser trabalhado em sala de aula, pois corrobora

com várias áreas do saber, quando utilizada de forma interdisciplinar, auxiliando na

construção do conhecimento, na manutenção da cultura e de valores. E o aluno, nesse

contexto, pode aprender brincando, interagindo com o outro e consigo mesmo.

5.3.3. Desenvolvimento do Projeto

O próximo passo do projeto foi organizar um caderno de relatório, aonde cada aluno ia

relatando os passos desenvolvidos, tais como: Pesquisas, Seminários, Palestras, Eventos e,

assim, durante todo o ano foram realizadas muitas atividades referentes ao tema escolhido e a

cada etapa os alunos iam amadurecendo ainda mais e se tornando mais participativos na sala

de aula.

E então se seguiu com o projeto e a cada aula íamos fazendo uma pesquisa diferente

sobre o tema e os alunos apresentando e falando sobre o resultado dessas pesquisas, dentre

elas destacam-se:

Estilos Musicais

Música Clássica

Música Sacra

Gospel

Orquestra Sinfônica e Filarmônica

54

Banda e grupo musical

Cantores preferidos

Curiosidades sobre o mundo da música

Para complementar esses resultados, trouxemos para a escola um Músico formado,

regente de coral que morou na Espanha, para dar uma palestra sobre música, explicar o que é

e como funciona um coral e nos ajudar a montar o coral da escola, que se apresentou no dia

dos pais e na última Comunidade da Escola24

.

Com a continuidade do Projeto, realizamos um Festival de Paródias, onde em duplas

os alunos tiveram que parodiar uma música e apresentar na Gincana da Escola, a

GINCAFREIRE, que acontece todo ano no dia do estudante25

.

A partir daí os alunos ficaram aguçados a montar um Festival de Música envolvendo

toda a escola, com premiações de 1°, 2° e 3° lugares para os vencedores na categoria melhor

cantor. Essa ideia acabou se estendendo para a dança também, pois outros professores

estavam trabalhando esse projeto e queriam participar do evento assim, cada sala teria que ter

um grupo representante, modalidade essa que seria igualmente premiada com 1°, 2° e 3°

lugares.

O festival foi realizado no dia 19 de Novembro de 2011 com as seguintes categorias:

Infantil - com 8 inscritos

Infanto Juvenil - com 19 inscritos

Dança - 8 Grupos inscritos

Tivemos uma organização geral para o festival, para essa organização a sala foi

dividida em subgrupos e cada um ficou responsável por uma tarefa:

Divulgação de sala em sala

24

Comunidade na Escola é um projeto que a referida escola desenvolve, onde em dois sábados do ano todos se

reúnem para fazer atividades diferenciadas e, assim, toda a família dos alunos pode participar e escolher dentre

os serviços prestados, como: corte de cabelo, manicure e pedicure, medir a pressão, bazar, brincadeiras, jogos e

festivais.

25 Vale destacar que se comemora o dia do estudante em 11 de agosto.

55

Confecção de cartazes

Painel de apresentação do festival

Decoração

Arrumar as mesas, cadeiras e material para os jurados

Organização dos cantores

Organização dos grupos de danças

No som

Busca de patrocínios e premiação dos vencedores

Recepção dos convidados

Organização das cadeiras para a plateia

Auxiliar de jurados

Divulgação das notas e vencedores

Dessa maneira, sempre em duplas ou em maior número os alunos montaram o Festival

que foi um sucesso.

5.3.4. Conclusão do Projeto

Após a realização do Festival, os alunos começaram os preparos para a apresentação

da Feira do Conhecimento em Dezembro: juntar material pesquisado, montar pasta e preparar

atividades de apresentação.

A sala foi novamente dividida em grupos e cada um ficou responsável pela execução

de uma tarefa, como: organização da sala, apresentação e explicação do tema, confecção de

painéis, tais como: painel de curiosidades sobre a música, painel de estilos musicais, painel de

cantores famosos, painel sobre orquestra filarmônica e sinfônica. Além disso, trouxemos

instrumentos musicais e alguns músicos para tocarem durante a feira, também foi montado

um Karaokê para que os alunos das outras salas participassem e foram dadas premiações.

Vale destacar que a organização das atividades desenvolvidas pelo Projeto Música estava

entre as que mais chamaram a atenção na feira, pois todos queriam participar, em suma, o

resultado foi mesmo um sucesso.

56

5.3.5. Cronograma de desenvolvimento do Projeto Música com os alunos do 8º ano

C da Escola Estadual Paulo Freire:

MÊS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Março Escolha do tema

Abril Justificativa, problemática e escolha dos

objetivos

Maio Escolha das atividades a serem

trabalhadas e pesquisas

Junho Pesquisas e seminários

Julho Entrevistas e palestras

Agosto Festival de paródias no dia do estudante

Setembro Montagem do Festival de Música

Outubro Montagem do Festival de Música e busca

de patrocínios

Novembro Organização do Festival de Música

Dezembro Feira do conhecimento e encerramento

Assim, com todos esses eventos postos em prática pelas ações realizadas nesse

Projeto, é possível afirmar que a atuação efetiva desses trabalhos foi de grande valia para

todos nós, pois, enquanto auxiliávamos os alunos nas pesquisas solicitadas, o nosso

crescimento intelectual no que diz respeito à educação de qualidade só aumentou. Crescemos

a cada dia e com cada trabalho que era apresentado pelos alunos em sala.

E, com esses resultados que alcançamos com o término do Projeto, pudemos perceber

que um problema frequente enfrentado pelo professor em sala de aula, em particular, e pela

escola, em geral, é a falta de uma metodologia adequada. Portanto, um trabalho que é feito

com inovações e desenvolvido com seriedade dentro da sala de aula, certamente aguçará e

despertará o aluno para o aprendizado, pois os alunos têm sim um potencial muito grande que

precisa ser explorado pelo professor.

Vivenciamos um período de grandes competições e a escola não tem como fugir do

seu papel de formadora de cidadãos preparados para conviver com todas as tecnologias e as

inovações científicas da contemporaneidade.

Nesse contexto, a prática pedagógica do professor tem que ser excelente por

excelência. Ele tem que compreender que o processo educacional, enquanto uma prática

social não se dá por si só, mas tem relações com outras práticas e é preciso levar em

consideração as grandes diferenças que existem entre indivíduos e classe.

57

Temos dentro da sala de aula uma diversidade cultural muito grande, portanto, cabe

ao professor buscar essa realidade, trazê-la para a sala de aula e trabalhá-la em conjunto

com a escola.

Para isso faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a

qualidade de formação a ser oferecida a todos os estudantes. O ensino de

qualidade que a sociedade demanda atualmente se expressa aqui como a

possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa

adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade

brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as

aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e

participativos, capazes de atuar com competência, dignidade na sociedade em que

vivem. (PCNs, 1997, p.33).

A sociedade brasileira demanda uma educação de qualidade, porém, o retrato das

escolas públicas de nosso país se mostra sem estruturas adequadas e não oferece, tanto aos

professores quanto aos alunos, um padrão de qualidade do qual estes necessitam para o seu

trabalho na sala de aula.

É por isso que é fundamental que o professor esteja permanentemente preparado

para exercer a função de integrador, usando metodologias diferenciadas e dinâmicas para

chamar a atenção desse aluno e envolvê-lo em suas aulas.

É preciso fugir do tradicional e buscar práticas inovadoras que lhe deem subsídios

para sedimentar sua prática docente. Caso o professor não os tenha, o seu fazer

metodológico torna-se improdutivo, muitas vezes substituído pelo fazer imposto pelo livro

didático, ou de qualquer outro material que o toma a vez e dita-lhe as regras e as normas a

serem seguidas. Nesse caso, esse professor passa a ser somente um repetidor de

informações que nem sempre são tão importantes.

Segundo os PCNs (1998, p.177), “o ensino da leitura e escrita tem sido, desde os

anos 70, o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de ensino no

país...”, pois, se o aluno consegue dominar a leitura e a escrita, ele conseguirá se sobressair

com êxito em todas as outras disciplinas escolares. Assim, a grande proposta é a

reformulação e as mudanças no modo de ensinar.

58

É primordial o aluno dominar a leitura e a escrita, pois é pela linguagem que os

indivíduos se comunicam, tem acesso a informações e conseguem acompanhar os

avanços. O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o

domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade

linguística, são condições de possibilidade de plena participação social [...]

(PCNs, 1998, p. 19).

Então, cabe ao professor usar metodologias que tenham o objetivo de chamar a

atenção do aluno para a aula. Ele tem que primeiramente ‘ganhar’ esse aluno com

criatividade e dinamismo.

O professor tem que fazer com que o seu aluno seja participativo, pois,

principalmente em Língua Portuguesa, que é basilar, é fundamental que ele faça com que o

seu aluno se manifeste. “Falar é o melhor meio pelo qual os aprendizes exploram as

relações entre o que já sabem e as novas observações ou interpretações que descobrem...”

(CONDEMARÍN, 2005, p.40), portanto, se o aluno tem espaço interativo na sala de aula,

ele se sente importante e produz muito mais.

Com a realização de todo o nosso trabalho, pudemos perceber a importância da

educação para a transformação e a consolidação do ser humano enquanto pessoa participativa

do meio social em que vive.

Temos a plena convicção de que o nosso papel, enquanto professores, em sala de aula,

será muito mais do que aquele que apenas transmite conhecimento, mas, acima de tudo,

sermos profissionais que vamos além dos limites do espaço escolar para fazer a diferença na

vida daqueles que por nós passarem.

Os professores têm que deixar, fundamentalmente, o comodismo de lado, arregaçar

as mangas e fazer o seu papel com garra, determinação e muita criatividade.

A escola não dá suporte ao professor? Falta material? Resta-nos, então, com o

material que temos em nossas mãos, transformá-lo na melhor aula, ‘ganhar’ o nosso aluno e

juntos reivindicarmos mudanças no ambiente escolar, afinal, é no espaço da sala de aula que

acontecem as grandes transformações.

Nesse contexto, convém observar que não é só da escola a culpa do ensino não estar

conseguindo alcançar os seus objetivos com êxito e nem tão pouco é só do professor.

Contudo, todos têm a sua parcela de culpa. No entanto, sobressai-se o imobilismo das

verbas públicas com relação a investimentos eficientes na educação, tais como bons cursos

59

de formação continuada, recursos pedagógicos suficientes, bibliotecas com bons acervos de

livros, tecnologias avançadas para as aulas expositivas, espaços escolares adequados e de

qualidade e, acima de tudo, bons salários aos profissionais do ensino.

Assim, se a educação em seu estado atual não consegue alcançar seus objetivos, cabe a

nós professores fazer com que o espaço da sala de aula ultrapasse fronteiras e ‘arme’ nossos

alunos com criticidade, pois o conhecimento é a única arma que pode nos fazer vencer grandes

batalhas e a educação ainda é a essência da vida humana.

Então, novamente reiteramos que cabe ao professor usar metodologias que tenham o

objetivo de chamar a atenção do aluno para a aula. Ele tem que primeiramente conquistar esse

aluno com criatividade e dinamismo a partir de recursos disponíveis, dentre eles a Música,

proposta nesse trabalho de pesquisa, pois, como comentamos acima e em capítulos anteriores, a

música faz a diferença dentro da sala de aula, porque ela é capaz de ultrapassar fronteiras e

modificar o ser humano, conforme relatamos no Capítulo II.

Através da música o professor poderá trabalhar: leitura, interpretação, poesia, paródia,

produção de textos e outras infinidades de gêneros e atividades que dão suporte a um ensino-

aprendizagem lúdico e prazeroso.

Portanto, podemos afirmar que o recurso da música, assim como outros que instigam a

criatividade, a interação e a ludicidade, faz o diferencial dentro de uma sala de aula e leva o

aluno a participar, apreciando o que está aprendendo, e esta é uma maneira eficiente de

aprender/compreender, pois o aluno sente-se interessado e motivado pelo conteúdo e essa

assimilação dificilmente será esquecida.

Desse modo, concluímos que é através da interação entre professor/aluno e

aluno/aluno que acontecem as grandes descobertas, ocasionando, assim, as grandes

experiências da sala de aula, o professor ensina e o aluno através desse ensino passa a ter

prazer na aprendizagem. A sala de aula, nesse contexto, passa a ser uma troca, pois ao

mesmo tempo em que ensina esse professor também aprende com seu aluno e vice-versa. “...

a sala de aula (...) ocupa o lugar onde se desenvolve a escolaridade...” (TAVEIRA, 2003,

p.51).

É na sala de aula, portanto, que o aluno deve aprender a organizar seus conhecimentos

e descobrir a melhor maneira de colocá-los em prática. E o professor é quem vai abrir esse

caminho. Como? Usando metodologias que conquistem aqueles alunos que já não estão tão

motivados para a aprendizagem.

60

A partir desses resultados, reiteramos que o professor tem que buscar recursos que

sejam capazes de mudar as atitudes dos alunos em relação ao ensino, pois esses recursos é que

fazem toda a diferença dentro da sala de aula e a música, como evidenciamos nessa pesquisa,

é um recurso eficaz, pois ela tem o poder de alcançar a alma humana.

E este estudo só vem afirmar que as aulas de música devem ser feitas de maneira a

introduzir o mundo mágico dos sons, pois as atividades de criação e execução musical

permitem, de forma lúdica, a construção de conceitos associados ao saber musical.

As aulas que são ministradas usando a música, como comprovado pela transcrição das

atividades que realizamos, são muito mais divertidas e a criança cantando desenvolve a

coordenação motora, o raciocínio e outras habilidades que a farão sempre progredir em seu

conhecimento. Portanto, por meio seja de cantigas de roda ou de outras canções os alunos

ampliam seu vocabulário, assimilam ritmo através das diversas formas de expressão musical e

desenvolvem ainda mais o convívio social com os demais coleguinhas em sala de aula.

Percebemos, também, através deste trabalho científico, que as diversas áreas do

conhecimento podem ser estimuladas com a práxis musicalização e, assim, o professor pode

atender aos diferentes aspectos do desenvolvimento humano: físico, mental, social, emocional

e espiritual.

A música pode ser considerada um agente facilitador do processo educacional e a

escola deve sim buscar o que ela tem de melhor e usar desse recurso para sensibilizar as

crianças na construção de seus saberes.

Enfim, através de nosso trabalho descobrimos que quando a música é trabalhada no

contexto escolar ela ajuda de maneira lúdica e prazerosa o aprendizado e o trabalho em equipe

se desenvolve muito mais, pois se acentua a socialização.

Nesse sentido, é necessário que os educadores despertem e se conscientizem quanto às

possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento intelectual dos alunos,

pois ela é capaz de chegar onde nós professores não conseguimos, ela fala diretamente ao

corpo, à mente e às emoções. Então, música para todos, pois uma educação de qualidade

depende de todos nós.

61

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar a educação é pensar na vida, pois uma coisa não pode se dissociar da outra. É a

educação que transforma o indivíduo que, por consequência, transforma e modifica a

sociedade.

E nesse contexto a escola tem um objetivo primordial, que é o de formar cidadãos

aptos para enfrentarem os desafios do mundo que os aguardam, pois as exigências do

mercado de trabalho e do domínio de tecnologias estão cada vez maiores.

Para o mundo de hoje e o rumo que as coisas estão tomando, não tem como fugir da

necessidade de um bom preparo intelectual e a única forma de se conseguir esse preparo é

estudando.

E nesse momento a escola e o professor têm o papel fundamental de formadores que

precisam oferecer ao aluno fundamentalmente um ensino de qualidade, dando condições

para que esse sujeito seja incluso nas oportunidades e participante ativo de uma sociedade

tão complexa como a atual, que cobra uma aprendizagem autônoma e contínua ao longo de

toda a vida.

É por esta razão que a Linguística Aplicada tem feito várias reflexões, sobretudo em

relação à prática do professor em sala de aula e de como esse, tem preparado o seu aluno

para o mundo durante a ministração de suas aulas.

Encontrar um paradigma de educação que se encaixe nesse meio é uma tarefa

bastante complexa, tendo em vista que os alunos de hoje exigem bem mais atenção e

preparo por parte do professor, uma vez que vivemos a era da informação.

Assim, precisa-se levar em consideração que temos dentro da sala de aula uma

diversidade cultural muito grande, portanto, necessariamente cabe ao professor buscar essa

realidade, trazê-la para a sala de aula e trabalhá-la em conjunto com a escola de forma que

esse aluno esteja atraído por essa aprendizagem.

Com a realização de todo o nosso trabalho, pudemos perceber a importância da

educação para a transformação e a consolidação do ser humano enquanto pessoa

participativa do meio social em que vive. Ressalta-se, também, que este trabalho foi muito

importante para o nosso crescimento enquanto profissional da educação.

62

Do mesmo modo, também nos trouxe uma grandiosa experiência para a nossa

atuação em sala de aula, pois se comprovou o quanto a música pode ajudar no trabalho com

a leitura e a escrita dentro do contexto da sala de aula e o quão capazes são os nossos alunos

se os instigarmos para o aprendizado significativo.

Para tanto, o nosso fazer pedagógico em sala de aula dever ser reflexivo, mediador

e, acima de tudo, flexível à realidade do nosso educando, pois ele é o alvo principal de

nosso ensino e por isso deve ser ouvido e levado a participar de nossas ações e

planejamentos, porque é dessa forma que se faz com que a aprendizagem seja significativa.

O aluno que participa se preocupa mais com a sua aprendizagem e logo se vê capaz

e responsável pelas suas ações, o que faz, inclusive, com que a indisciplina em sala de aula

seja diminuída.

Quando é o aluno que tem que, juntamente com o professor, construir a sua

aprendizagem, ele se torna mais perceptível e até mesmo ajuda o professor a buscar novos

jeitos de ensinar, pois ele sugere a forma que mais se adequa à sua necessidade.

Como evidenciamos nos dados empíricos de nossa pesquisa de campo, há grandes

problemas sendo enfrentados pela maioria dos professores no contexto da Escola

Organizada por Ciclos de Formação Humana, com destaque para a indisciplina e a falta de

interesse por grande parte dos alunos, assim, pelos resultados que alcançamos em nossa

pesquisa, a dissolução desses problemas pode ser viabilizada pelas seguintes propostas

metodológicas: criar projetos que incentivem e estimulem nossos educandos ao ensino, dar

voz a eles, procurar entendê-los e pela interação levá-los a participar mais.

Vale enaltecer, ainda, que é na prática que se aprende, então, as nossas aulas

precisam mais de dinamismo. O aluno se sente desmotivado e mesmo frustrado quando

adentra uma sala de aula e encontra como único recurso/suporte o livro didático.

Estamos em um mundo tecnológico, mas o que ainda vemos em sala de aula são

alunos repetidores de opiniões formadas e decoradores de textos.

Temos a plena convicção de que o nosso papel, enquanto professores, em sala de aula,

será muito mais do que aquele que apenas transmite conhecimento dentro da sala de aula,

mas, acima de tudo, sermos profissionais que vamos além dos limites do espaço escolar para

fazer a diferença na vida daqueles que por nós passarem.

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Cabe a nós, professores, portanto, levar conhecimento e trabalhar com a

aprendizagem, sabendo, contudo, que o nosso trabalho não se limita somente às atividades

inerentes à sala de aula, pois ele vai muito mais além.

Compreendemos, ainda, que o nosso aluno é muito capaz se não o limitarmos ao fazer

metodológico imposto pelo livro didático, nessa contextura projetos fazem sim a diferença na

sala de aula, conforme os resultados que apresentamos no capítulo anterior.

Nesse sentido, com propriedade afirmamos que uma aprendizagem significativa pode

mudar não só o comportamento de um aluno em sala de aula, mas muni-lo de saberes e

habilidades, dentre elas a leitura e a escrita, basilares de todo processo de ensino.

E a música como um gênero textual é muito eficaz no que diz respeito ao aprendizado

de leitura e de escrita, pois, ao mesmo tempo em que os alunos estão aprendendo, eles estão

interagindo entre si e compartilhando conhecimentos, e isto é o que faz a diferença nos

ambientes de ensino.

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