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1 FLG 0355 – Climatologia II Disciplina Ministrada pelo Prof. Dr. Ricardo Sistemas Sinópticos e Teleconexões – Oscilação Decadal do Pacífico – 1 – Introdução Este resumo de aula visa explanar, de forma bem sucinta, a formação e atuação da Oscilação Decadal do Pacífico – ODP, abordada em aula sobre os Sistemas Sinópticos e Teleconexões. Os demais sistemas desta aula serão apresentados em capítulos separados. Apresentam-se aqui, apenas os principais aspectos, deixando ao aluno refletir sobre as anotações executadas em aula, bem como acessar os textos mais específicos para cada tema. 2 – Os Oceanos Não se pode explicar os fenômenos atmosféricos e a atuação dos oceanos sobre o clima da Terra sem antes descrevermos algumas propriedades dos mesmos. Contudo, no curso de Climatologia II, ressalta-se apenas que devemos lembrar sempre que os oceanos cobrem cerca de 75% da superfície do planeta, sendo então, a principal condição de contorno inferior da atmosfera da Terra. Isto tem uma importante implicação que os geógrafos nunca devem esquecer: baseando-se na teoria geossistêmica, que aqui, aplica-se muito bem, estes dois sistemas pertencentes aos fluidos geofísicos TROCAM MASSA E ENERGIA (Fig.1). Fig.1: deve-se lembrar sempre que os oceanos representam a condição de contorno inferior mais importante para o entendimento do clima. Eles vem como o “segundo escalão” nas condicionantes atmosféricas (Fonte: autor). 3 – O Pacífico Para o entendimento da Oscilação Decadal do Pacífico, faz-se necessário entender algumas de suas propriedades e características que o tornam peculiar. O oceano Pacífico possui uma área de 179,25 x 10 6 km 2 (o Brasil possui cerca de 8,51 x 10 6 km 2 ). Ele ocupa mais de um terço da superfície da Terra e

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  • 1FLG 0355 Climatologia IIDisciplina Ministrada pelo Prof. Dr. Ricardo

    Sistemas Sinpticos e Teleconexes Oscilao Decadal do Pacfico

    1 Introduo

    Este resumo de aula visa explanar, de forma bem sucinta, a formao eatuao da Oscilao Decadal do Pacfico ODP, abordada em aula sobre osSistemas Sinpticos e Teleconexes. Os demais sistemas desta aula seroapresentados em captulos separados.

    Apresentam-se aqui, apenas os principais aspectos, deixando ao alunorefletir sobre as anotaes executadas em aula, bem como acessar os textos maisespecficos para cada tema.

    2 Os Oceanos

    No se pode explicar os fenmenos atmosfricos e a atuao dos oceanossobre o clima da Terra sem antes descrevermos algumas propriedades dosmesmos. Contudo, no curso de Climatologia II, ressalta-se apenas que devemoslembrar sempre que os oceanos cobrem cerca de 75% da superfcie do planeta,sendo ento, a principal condio de contorno inferior da atmosfera da Terra. Istotem uma importante implicao que os gegrafos nunca devem esquecer:baseando-se na teoria geossistmica, que aqui, aplica-se muito bem, estes doissistemas pertencentes aos fluidos geofsicos TROCAM MASSA E ENERGIA(Fig.1).

    Fig.1: deve-se lembrar sempre que osoceanos representam a condio decontorno inferior mais importante para oentendimento do clima. Eles vem comoo segundo escalo nas condicionantesatmosfricas (Fonte: autor).

    3 O Pacfico

    Para o entendimento da Oscilao Decadal do Pacfico, faz-se necessrioentender algumas de suas propriedades e caractersticas que o tornam peculiar.

    O oceano Pacfico possui uma rea de 179,25 x 106km2 (o Brasil possuicerca de 8,51 x 106km2). Ele ocupa mais de um tero da superfcie da Terra e

  • 2consegue ser o representante de 40% da rea martima total do mundo.Apresenta-se como a sede das mais intensas tempestades tropicais. Este fato observado justamente porque a rea tropical recebe insolao durante todo operodo do ano, ora mais ao Norte, ora mais ao Sul. Desta maneira, ele funcionacomo um imenso reservatrio de calor.

    Uma vez que a energia incidente de ondas curtas altera a temperatura dasguas na superfcie do mar (aqui apenas chamada de Temperatura da Superfciedo Mar TMS) as guas iro aquecer, facilitando a evaporao. Com isto, maiorquantidade de vapor ser disponibilizada para a atmosfera. Esta relao, emborano seja linear, diretamente proporcional, ou seja, quanto mais a TSM subir,mais vapor ser disponibilizado para a atmosfera (Fig.2).

    Fig.2: Relaes no lineares, mas diretamente proporcionais. Quanto maior a incidncia deradiao de onda curta sobre o mar, maior sero os valores de TSM. Com isto, maior quantidadede vapor dgua ser disponibilizado para a atmosfera adjacente (fonte: Autor).

    Uma vez que este vapor atingir seu Nvel de Condensao porLevantamento NCL, as nuvens surgiro nas reas adjacentes.

    4 Os Ciclos Solares

    O Sol, como diversos processos da Natureza, no mantm uma atividadeestritamente linear, com comportamento perfeito. Ele possui diversas variaesentre elas, eventualmente as alteraes dos campos magnticos. Normalmenteestas alteraes possuem ciclos. Algumas delas so conhecidas como o ciclodecadal (~11 anos), o ciclo de Gleissberg (~90 anos) etc. Diversas alteraespodem surgir, mas o importante que a constante solar no to constantecomo se diz. Ela varia anualmente e isto basta para que a Terra receba, ora maisenergia, ora menos energia. Com isto, os oceanos recebero a quantidadeproporcional que alterar as TSMs em todo o planeta, mas principalmente sobreo Pacfico, dada a enorme rea tropical, disponibilizada para a atuao doEquador Calrico durante todo o ano.

  • 35 Os Ciclos da ODP

    A ODP possui duas fases distintas de aquecimento e resfriamento. Estas,esto intimamente ligadas ao moderador umidade/nebulosidade (Fig.3A e B).

    Fig.3A e B: Em ambas as situaes, a forante solar externa ao sistema ODP da Terra, notendo nenhuma resposta de sua atuao. Neste sistema modelado em cascata, para fins didticos,observa-se em A (acima) que a elevao de TSM desencadeia diversos outros mecanismos,incluindo um prprio de controle. Em B (abaixo) verifica-se que o controlador reverte oprocesso. Nestes termos, cria-se uma oscilao, ora com resposta positiva, ora com respostanegativa. Estes tipos de mecanismos recebem a denominao de efeito ris (fonte: Autor).

    As fases recebem as denominaes de frias e quentes porque representamas alteraes anmalas de TSM no Pacfico tropical:

    5.1 Fase fria da ODP: surgem anomalias negativas de TSM no Pacfico tropicale anomalias positivas de TSM no Pacfico extratropical de ambos os hemisfrios,com ligeira elevao nos valores do hemisfrio Norte (Fig.4).

    5.2 Fase quente da ODP: surgem anomalias positivas de TSM no Pacficotropical e anomalias negativas de TSM no Pacfico extratropical de ambos oshemisfrios, com suave reduo nos valores do hemisfrio Norte (Fig.5).

  • 4Fig.4: No infogrfico verifica-se as anomaliasnegativas de TSM no Pacfico tropical e asanomalias positivas de TSM no Pacficoextratropical de ambos os hemisfrios (fonte:Autor).

    Fig.5: No ciclo oposto, o infogrficoexemplifica as anomalias positivas de TSM noPacfico tropical e as anomalias negativas deTSM no Pacfico extratropical de ambos oshemisfrios (fonte: Autor).

    As oscilaes dos valores de TSM so muito pequenas em relao smdias de longo perodo, contudo, embora os valores raramente ultrapassem1,0C, deve-se lembrar que estamos tratando de reas extremamente grandes decobertura dos oceanos. Estas alteraes tero impactos significativos nasinteraes Ar-Mar (Fig.6).

    Fig.6: Exemplo de sadacomputadorizado com asduas fases da ODP emcores que indicam asanomalias quentes(vermelho) e frias (azul).Note que os valores noultrapassam 1,0C (fonte:Molion, 2003).

  • 56 Consideraes Finais

    Como concluses, apresenta-se as supostas teleconexes e suasconseqncias geogrficas de interferncia no clima:

    6.1 Fase fria da ODP: as teleconexes com a fase fria (negativa) so:

    Intensifica anticiclones no Norte e no Sul do oceano Pacfico; Intensifica as mones indianas; Reduz a parca precipitao Noroeste da Amrica do Norte; Reduz a precipitao no Pacfico tropical/equatorial; Reduz a precipitao na Amrica Central e Sul (?); Interage favoravelmente com La Nia e Walker (?).6.2 Fase quente da ODP: as teleconexes com a fase quente (positiva) so:

    Intensifica circulao ciclnica no Norte e no Sul do oceano Pacfico; Enfraquece drasticamente as mones indianas; Melhora a parca precipitao Noroeste da Amrica do Norte; Aumenta a precipitao no Pacfico tropical/equatorial; Aumenta a precipitao na Amrica Central e Sul (?); Interage favoravelmente com El Nio/Oscilao Sul (?).

    Prof. Dr. Ricardo Augusto Felicio