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VOLTAMETRIA

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Page 1: Aula Voltametria

VOLTAMETRIA

Page 2: Aula Voltametria

Métodos VoltamétricosDentre o grupo de técnicas que se baseiam na aplicação de um programa de potencial aplicado aos eletrodos e a corrente faradaica que resulta neste processo, destacam-se:

PolarografiaPolarografia de pulso normal Polarografia de pulso diferencialVoltametria de redissolução anódicaVoltametria de onda quadrada Voltametria cíclica

Page 3: Aula Voltametria

BREVE HISTÓRICO:

- Século VI a.c. – Gregos: âmbar atritado em peles gerava carga eletrostática

- Século XVI – Gilbert – Verificou também que outros sólidos acumulam cargas eletrostáticas

- 1747 – Franklin (EUA) e Watson (Inglaterra): Todos os sólidos tem “fluído elétrico”

- 1752 – Franklin comprova que os raios correspondem a descargas elétricas

Page 4: Aula Voltametria

Um dos primeiros relatos que envolve um experimento eletroquímico foi descrito por Luigi Galvani em 1791:

“Havia dessecado uma rã, que fora colocada sobre uma mesa, próximo a uma “máquina elétrica”. Um dos assistentes colocou em contato o terminal da

máquina com os nervos da rã, ocorrendo uma pronta contração dos músculos das pernas.

Galvani concluiu: “...there is a profound connection between biological and electrochemical events”

Page 5: Aula Voltametria

Em 1800, a pilha de Volta é descrita.

Em 1834, Michael Faraday estabeleceu as leis que regem os princípios dos processos voltamétricos:

- A passagem de uma determinada quantidade de corrente, deposita uma determinada massa de um

dado elemento.

- A mesma corrente deposita igual número de mols de material diferente, cujo processo envolva

igual número de elétrons.

Page 6: Aula Voltametria

Em 1859 Planté apresenta as primeiras baterias chumbo/ácido sulfúrico, que foram utilizadas na Telefonia.

Em 1880 foi iniciada a fabricação de baterias comerciais.

E a eletroquímica? Não evoluiu como poderia, por conta do domínio da termodinâmica no final do século 19 e início do século 20. A cinética dos processos havia sido esquecida....

Page 7: Aula Voltametria

POLAROGRAFIA

Page 8: Aula Voltametria

A polarografia se enquadra dentro da voltametria. (Koltoff e Laitinen)

Em 1922, Jaromir Heyrowsky (Nobel 1959) apresentou pela primeira vez a polarografia.

Inicialmente, uma célula de dois eletrodos (indicador ou de trabalho e referência) era

utilizada. O potencial era variado linearmente entre o potencial inicial e o final e a corrente

que fluía entre os dois eletrodos era monitorada.

Page 9: Aula Voltametria

Célula Polarográfica em “H”(adaptada para FIA, com um eletrodo de Pt em lugar do EGHg)

a

b

c

de

f

g

hii

j k

l

m

n

op

q

Page 10: Aula Voltametria

Polarógrafo construido por Heirowski e Shikata

EGHg

chem.ch.huji.ac.il/~eugeniik/instruments/

Page 11: Aula Voltametria

Na célula com dois eletrodos, o processo eletroquímico que ocorre sobre o eletrodo de trabalho, requer uma reação complementar no

compartimento do eletrodo de referência.

Assim, se no eletrodo de mercúrio estiver sendo reduzido chumbo, no eletrodo de referência o

mercúrio metálico é oxidado a Hg+, que rapidamente será precipitado na forma de Hg2Cl2 (calomelano).

Se a reação principal for uma oxidação, no eletrodo de referência Hg2Cl2 é que será reduzido (a Hgo).

Page 12: Aula Voltametria

Pelo fato de haver um eletrodo de Hg muito pequeno - área máxima da ordem de poucos mm2

ao passo que o eletrodo de referência tem área de muitos cm2 - o fluxo de corrente por unidade de

área é baixo e pouco afeta o seu potencial.

Nos anos 50/60, surgiram os potenciostatos, que utilizam células de três eletrodos, sendo que a corrente flui entre o eletrodo de trabalho e o

auxiliar, ao passo que o potencial é medido entre o eletrodo de trabalho e o de referência.

Medições muito mais precisas e bem mais rápidas podem ser feitas desta maneira.

Page 13: Aula Voltametria

Típico polarograma obtido para a reduçãode um metal com eletrodo gotejante de mercúrio

Sinal registrado para a oxidação de um analito utilizando um eletrodo rotatório ou microeletrodo

Page 14: Aula Voltametria

Vantagens da utilização do eletrodo de mercúrio:- Eletrodo é renovável- Eletrodo com excelente reprodutibilidade- Superfície extremamente lisa e uniforme- Metal: pode ser purificado (99,99999%)- Apresenta elevada sobretensão à redução de H+

Desvantagens:- O metal é tóxico - A faixa de trabalho na região anódica é estreita

Page 15: Aula Voltametria

A princípio, a corrente registrada em um polarograma, é a soma de diversas componentes.

a) Corrente residual: É a corrente presente em todos os polarogramas, e se constitui na soma da corrente faradaica, provinda de processos redox de impurezas da solução (traços de espécies eletro-ativas e ainda do oxigênio dissolvido) e de corrente capacitiva, provinda do processo de carga da dupla camada elétrica.

Page 16: Aula Voltametria

b) Corrente de migração: Provém da oxidação ou redução da parcela de analito que alcança a superfície do eletrodo por efeito da atração eletrostática. É “eliminada” pela adição de ~50 ou 100 vezes mais eletrólito suporte.

c) Corrente de difusão : Provém da oxidação ou redução de material eletroativo que alcança a superfície do eletrodo apenas por difusão.

Minimizadas as correntes residual e de migração, Ilkovic pode derivar a equação da polarografia:

Page 17: Aula Voltametria

Id= 607 n D1/2 m2/3 t1/6 C

Onde:607: inclui o Faraday, densidade Hg e outros fatoresn = Número de elétrons envolvidos no processoD = Coeficiente de difusão da esp. reagente (cm2s)m = Velocidade de escoamento do mercúrio (mg/s)t = Tempo de vida da gota (s)C = Concentração do reagente

Page 18: Aula Voltametria

As técnicas polarográficas tiveram grande importância na primeira metade do século 20 por

permitirem a quantificação de dezenas de metais, na faixa de concentração típica de 10-3 a 10-5 mol/L.

A metalurgia, a mineração e muitas outras atividades foram beneficiadas com esta técnica.

Em meados da década de 50, surge a absorção atômica e a polarografia perde terreno...

Houve até quem considerasse a técnica “morta”.

Page 19: Aula Voltametria

Com o advento dos potenciostatos, novas técnicas puderam ser implementadas.

As técnicas de pulso e o desenvolvimento de eletrodos com destacamento sincronizado de gotas e de eletrodos de gota estática permitiram minimizar a contribuição da corrente capacitiva.

Os limites de quantificação alcançaram a faixa de 10-7 a 10-9 mol/L, superando em muitos casos a absorção atômica, com as vantagens adicionais de:- Permitir a especiação de elementos - Quantificar múltiplos elementos num experimento

Page 20: Aula Voltametria

TÉCNICAS DE PULSO

Page 21: Aula Voltametria

Com o desenvolvimento dos potenciostatos, modernos, surgiu a possibilidade de controlar

de forma mais adequada a aplicação do potencial e a realização das medidas em

condição mais favoráveis.

Passou-se então a aplicar degraus de potencial e a realizar as medições de corrente no tempo mais favorável, onde a corrente capacitiva já

estava reduzida significativamente, como pode ser visto na figura que segue.

Page 22: Aula Voltametria

Polarografia de pulso normal (PPN)

corr

ente

i capacitivai faradaica

16,6ms

56,6ms

Page 23: Aula Voltametria

As medidas de corrente passaram a ser realizadas no final do pulso de potencial,

condição onde a corrente capacitiva já decaiu significativamente, ao passo que acorrente

faradaica é menor, mas ainda é significativa.

Adicionalmente, o experimento é feito no final da vida da gota, condição onde a área do

eletrodo é maior e a corrente capacitiva é proporcionalmente menor.

Page 24: Aula Voltametria

A Polarografia de Pulso Normal permitiu que os limites de detecção, anteriormente situados na

faixa de 10-5 mol/L, passasse à faixa de 5 x 10-7

mol/L.

Considerando a época em que esta condição foi atingida, significou um grande avanço para a

quantificação de diversas espécies químicas, em particular os metais pesados.

Na década de 70, estava apenas nascendo a consciência ecológica

Page 25: Aula Voltametria

Polarografia de Pulso Diferencial (PPD)

Segunda amostragem de corrente

Primeira amostragem de corrente

Inícioda gota

T = 0.5 a 5 s

Page 26: Aula Voltametria

A polarografia de pulso diferencial veio a melhorar ainda mais o desempenho das técnicas de pulso.

Nesta técnica, todos os pulsos tem a mesma magnitude e a corrente é medida antes da aplicação

do pulso e no final do período de cada pulso.

A primeira corrente é subtraída da segunda, o que gera uma curva derivativa, em “forma de sino”.

Os limites de detecção passaram a alcançar a faixa de 10-8

mol/L com EGHg ou 5 x 10-7 para eletrodos sólidos.

Page 27: Aula Voltametria

Voltametria de onda quadrada

∆E

Page 28: Aula Voltametria

A voltametria de onda quadrada é uma técnica que permite varreduras rápidas com excelente discriminação entre a corrente capacitiva e a

faradaica.

Apresenta sensibilidade um pouco superior que a obtida na polarografia de pulso diferencial, com a

vantagem adicional de permitir medições com altas velocidades.

Em muitos casos, a interferência do O2 dissolvido é pouco significativa em medidas com SWV.

Page 29: Aula Voltametria

Paralelamente aos avanços instrumentais, os eletrodos de mercúrio também foram

modernizados.

Em 1980 a PAR lançou o HMDE (Hanging mercury drop electrode) e em 1983 a

Metrohm lançou o seu SMDE (pressurizado).

Tais eletrodos significaram um grande avanço para as técnicas de pulso, mas forma de

fundamental importância para os processos envolvendo pré-concentração por adsorção

Page 30: Aula Voltametria

ELETRODO DE GOTA PENDENTE DE MERCÚRIO FABRICADO PELA EMPRESA PAR

Page 31: Aula Voltametria

IMAGEM DE UMA CÉLULA POLARO-GRÁFICA

GOTA EM EGHg

Page 32: Aula Voltametria

Eletrodo de mercúrio desenvolvido no IQ-USP, cujo desempenho é superior ao dos eletrodos comerciais.

Page 33: Aula Voltametria

Pré-concentração

Os novos eletrodos de mercúrio de gota pendente permitiram que se passasse a explorar longos períodos de “coleta” do analito de interesse, denominada de etapa de pré-concentração.

Após este período, através de uma varredura rápida (de poucos segundos) todo o material

coletado é re-oxidado para a solução (stripping).

Isto possibilitou que se alcançasse limites ainda menores de concentração.

Page 34: Aula Voltametria

Stripping anódico

Mn+Mn+Mn+Mn+

t

-E

E1/2 CuE1/2 Hg

+ E

I

Mn+ + ne- M0

M 0

M n++ ne-

REDUÇÃOPRÉ-CONCENTRAÇÃO

Cu Hg

RE-OXIDAÇÃODETERMINAÇÃO

+E

-E

M0

Mn+Mn+Mn+Mn+

Page 35: Aula Voltametria

Stripping Catódico

Xn- + M MX + ne-MX +

n e-

M + X

n-

t

-E

I

E1/2

Oxidação Redução+E

MX

X-X-X-X-

X-

X- X-X-

+E

Page 36: Aula Voltametria

Metal ASV AAS ETAAS ICP-MSAl 0,03* 45 0,15 0.16Cd < 0,0002 0,7 0,006 0,03Co < 0,005* 9 0,15 0,01Cr 0,02 3 0,06 0,01Cu 0,002 1,5 1,5 0,02Fe < 0,04 7,5 0,06 0,20Hg 0,005 300 1,2 0,02Mn 40 1,5 0,03 0,03Ni 0,001* 6 0,3 0,04Pb 0,001 15 0,15 0,01Sn < 0,03* 30 0,6 0,06Ti 100 75 1,2 0,32V 100 60 0,6 0,03Zn 0,02 1,5 0,03 0,01

* Stripping voltamétrico de adsorção

Limites de detecção para metais (µg.L-1)

Page 37: Aula Voltametria

Métodos de “Stripping”

Os métodos de stripping anódico com EGPM baseiam se na formação de amálgamas dos metais a serem

determinados, dentre os quais, Cu, Pb, Cd, Zn, Tl...

Já os processos catódicos baseiam-se na formação de filmes insolúveis de HgX, dentre os quais cloreto,

brometo, iodeto, sulfeto...

Em suma, pouco mais de duas dezenas de metais e espécies que formam sais insolúveis com Hg+ ou

Hg++ podem ser determinados por stripping.Os eletrodos sólidos passam a ser utilizados para stripping a seguir.

Page 38: Aula Voltametria

Pré-concentração por adsorção

Diversas espécies orgânicas tem grande afinidade por adsorver sobre eletrodos de mercúrio.

Esta propriedade pode ser explorada para a determinação direta de baixíssimas concentrações

de tais compostos.

Alternativamente, ligantes que não são eletroativos, também foram explorados para

complexar e pré-concentrar metais sobre eletrodos de mercúrio.

Page 39: Aula Voltametria

Pré-concentração por adsorção de moléculas orgânicas

Molécula Eletrodo L.D./mol.L-1

Tiouréia Hg 2. 10-11

Bilirubina Hg 5. 10-10

Digoxina Hg 2. 10-10

Digitoxina Hg 2. 10-10

Testosterona Hg 2. 10-10

Progesterona Hg 2.10-10

Pesticidas c/ nitrogrupos Hg 5. 10-10

Cloropromazina Pasta de carbono 5. 10-9

Diazepam Nitrazepam Hg 5. 10-9

Cimetina Hg 4. 10-9

Dopamina Pt/Au 5.10-8

Adriamicina Pasta de carbono 10-8

Codeína/Cocaína Hg 10-8

Page 40: Aula Voltametria

Associação de pré-concentração por adsorção com processos catalíticos

Limites ainda menores puderam ser alcançados quando uma reação catalítica pode ser associado

ao processo em questão.

Este processo catalítico regenera rapidamente o metal junto ao eletrodo, podendo este ser

novamente oxidado (ou reduzido), o que torna o sinal analítico ainda maior.

Page 41: Aula Voltametria

Exemplos de determinações envolvendo pré-concentração por adsorção +catálise

IonMetálico

Ligante +Catalisador

Limite de detecção

Cr DTPA Nitrato

5 x 10-10 mol L-1

Mo Tropolone Clorato

1 x 10-1 mol L-1

U FormiatoNitrato

8 x 10-11 Mol L-1

W VMA-OxinaClorato

2 x 10-11 mol L-1

Ti Ácido MandélicoClorato

7 x 10-12 mol L-1

Pt Formazona H+

4 x 10-13 mol L-1

Page 42: Aula Voltametria

Eletrodos Sólidos

A partir de 1950, os eletrodos sólidos passaram a ser explorados, especialmente na região anódica,

região inadequada para utilizar eletrodos de mercúrio.

Dentre os eletrodos mais utilizados, encontram-se os eletrodos de metais nobres (platina, ouro, prata, irídio....) e diversas formas de carbono

(grafite pirolítico, carbono vítreo, pasta de grafite...)

Page 43: Aula Voltametria

Potenciais limites (V)(vs /calomelano)

Eletrodo Anódico CatódicoPlatina 1,25 - 1,0Ouro 1,5 - 1,28

Grafite Pirolítico 1,35 - 1,61Pasta de carbono 1,30 - 1,4Carbeto de boro 1,13 - 1,7

Mercúrio 0,3 - 2,2

(Os valores acima são muito dependentes do meio de trabalho).

Page 44: Aula Voltametria

Eletrodos sólidos comerciais

Page 45: Aula Voltametria
Page 46: Aula Voltametria

Vantagens dos eletrodos sólidos (frente a Hg)- Janela de potencial mais ampla- Simplicidade de operação- Facilidade de operação- Robustez

Desvantagens- Não apresentam sobrepotencial à redução de H+

- Superfície menos reprodutível- Renovação da superfície é mais trabalhosa

Page 47: Aula Voltametria

Voltametria

O termo voltametria engloba um grupo de métodos eletroanalíticos nos quais a

informação sobre o analito deriva das medidas de corrente em função do potencial aplicado,

sob condições onde o eletrodo de trabalho (ou indicador) encontra-se polarizado.

i

E(V)

Page 48: Aula Voltametria

A forma mais utilizada é a varredura linear de potencial, utilizada desde os primórdios da

polarografia.A faixa de potencial é “varrida” em uma única direção, iniciando no potencial inicial (t = 0)

e terminando no potencial final (t = tf).

E

t

A figura ao lado representa o perfil de uma rampa de potencial em uma varredura linear de potencial

Page 49: Aula Voltametria

Já na voltametria cíclica, a direção do potencial é invertido ao final da primeira varredura. Então,

geralmente a varredura tem a forma de um triângulo isósceles.

Este processo traz a vantagem de que o produto da reação redox que ocorreu na primeira etapa de

varredura (na ida), pode ser avaliado novamente na varredura reversa (na volta).

t

E E

t

Page 50: Aula Voltametria

A ciclovoltametria possibilita uma série de aplicações, dentre as quais:

- Avaliar o potencial formal de pares redox- Determinar processos químicos que precedem

ou sucedem reações eletroquímicas- Avaliar a cinética de transferência eletrônica - Investigar a reatividade química das mais

diferentes espécies

A voltametria cíclica é uma ferramenta muito favorável para estudos exploratórios.

Page 51: Aula Voltametria

Processos reversíveis

Sistemas cujo processo redox seguem exatamente as condições previstas pela equação de Nernst, apresentam voltamogramas cujas características podem ser verificadas por:

Page 52: Aula Voltametria

a) A separação entre os potenciais de pico (Epa - Epc) é igual a 57/n mV, para qualquer velocidade de varredura (n = no de eletrons).

b) O número de elétrons envolvidos em um processo reversível pode ser determinado por CV (vide ítem a).

c) A relação de correntes (ipa/ipc) é igual a 1, independente da velocidade de varredura (ν) utilizada.

d) A corrente de pico cresce linearmente em função da raiz quadrada da velocidade de varredura.

A variação de i vs raiz quadrada de ν será vista a seguir:

Page 53: Aula Voltametria

CV de ferroceno carboxilato em tampão fosfato (pH = 7,0) onde destaca-se o comportamento Nernstiano (reversivel)

Page 54: Aula Voltametria

Em um processos reversíveis, a corrente de pico (anódico e catódico) em função da raiz quadrada da

velocidade de varredura, é linear.

A reta ao lado corresponde às

correntes máximas medidas nos picos

anódicos, apresentados na figura anterior.

Page 55: Aula Voltametria

Para exemplificar como a ciclovoltametria pode ser uma importante ferramenta, vamos considerar o

seguinte exemplo:

O ciclovoltamograma da fenileno-diamina realizado a 100 mV/s, mostra um pico de oxidação (a ~520

mV) e um único pico de redução a ~200 mV.

Quando o mesmo CV foi feito utilizando velocidades maiores, um segundo pico de redução

surgiu, por volta de 450 mV.

Aumentando ainda mais a velocidade, houve significativo incremento deste pico (a 450 mV).

Page 56: Aula Voltametria
Page 57: Aula Voltametria

A explicação para tais resultados está esquematizada abaixo: Fenileno-diamina é eletroquimicamente oxidada a fenileno-di-imina. Esta, reage com H2O, gerando benzoquinona. No caso de varreduras “lentas”, toda a di-imina é quimicamente oxidada a benzoquinona, que por sua vez pode ser reduzida. Com velocidades de varredura maiores, é possível reduzir a fenileno-di-imina antes que esta reaja (completamente) com a água.

Page 58: Aula Voltametria

RESUMINDO:

A ciclovoltametria é uma “ferramenta” extremamente útil para aplicações

eletroanalíticas.

Apesar de não permitir a detecção de baixíssimas correntes (lembrar que em CV a

contribuição da corrente capacitiva não é facilmente subtraída) esta técnica via de regra é utilizada para avaliar sistemas desconhecidos.

Page 59: Aula Voltametria

Eletrodos modificados

A manipulação proposital e controlada das propriedades superficiais de eletrodos permitiu

que se criasse um vasto arsenal de novos sensores eletroquímicos, que apresentam características

muito diversas e atrativas.

Ao modificar um eletrodo, procura-se atribuir novas características fisico-químicas à sua superfície, visando sua utilização para uma

determinada aplicação.

Page 60: Aula Voltametria

Ao modificar um eletrodo, busca-se:

- Eletrocatálise de reações

- Seletividade

- Prevenção de envenenamento

- Pré-concentração

Page 61: Aula Voltametria

Eletrocatálise de Reações

Modificações de eletrodos podem favorecer a eletrocatálise de reações, gerando significativo

incremento de sinal eletroquímico e/ou antecipação (para potenciais mais favoráveis)

o(s) processo(s) redox de interesse.

Podem inclusive favorecer a ocorrência de processos redox que não acontecem sobre o

eletrodo não modificado.

Page 62: Aula Voltametria

Eletrodos modificados com porfirinas: Quantificação de NADH

Page 63: Aula Voltametria

Seletividade

Filmes de compostos adsorvidos (ex: tióis, lipídeos, etc) ou de polímeros com

características descriminativas (ex: náfion, acetato de celulose, polipirrol, etc) são utilizados para selecionar quais analitos

atingirão a superfície do sensor, obtendo-se assim seletividade com relação às demais

espécies presentes.

Page 64: Aula Voltametria

Filme de poli-1,2-diamino benzeno sobre eletrodo de carbono. Sinais para: a) H2O2; b) ácido ascórbico; c) ácido úrico; d) cisteína; e) soro humano.

Exemplo de seletividade por filmes poliméricos

Page 65: Aula Voltametria
Page 66: Aula Voltametria

Prevenção de envenenamento

Em diversos casos, o analito, outra espécie ou o produto da reação redox tende a acumular sobre o sensor, levando à perda de atividade deste, com

conseqüente diminuição do sinal analítico. A utilização de mediadores elimina ou diminui

tais problemas. No caso de amostras complexas, espécies não eletroativas podem também

adsorver e bloquear o eletrodo. A utilização de filmes poliméricos pode atuar na

prevenção deste envenenamento.

Page 67: Aula Voltametria

Prevenção de envenenamento por exclusão de ânions

Filmes de náfion

Page 68: Aula Voltametria

Pré concentração

A modificação da superfície de eletrodos com compostos capazes de adsorver fortemente e

simultaneamente induzir a adsorção da espécie a ser determinada, permite que analitos em baixas

concentrações possam ser pré-concentrados.Alternativamente, filmes (de espécies

eletroinativas) adsorvidos ou depositados sobre a superfície de eletrodos podem promover um

“ambiente” favorável para a pré-concentração do analito de interesse.

Page 69: Aula Voltametria

Eletrodos de pasta de carbono

Eletrodos de pasta de carbono tornaram-se populares devido a facilidade de preparo e

simplicidade de utilização.

Basicamente, é constituído de uma mistura de pó de grafite e óleo mineral. As quantidades variam,

tipicamente utiliza-se ~60% de pó de grafite e 40% de óleo mineral (relação m/m).

Junto à esta pasta é possível associar catalizadores, enzimas, trocadores iônicos...

Page 70: Aula Voltametria

Biosensores

O desenvolvimento de biossensores teve início na década de 60 e ganhou grande popularidade

com o desenvolvimento de sensores para glicose.

Definição: É um dispositivo baseado na combinação de um componente biológico

responsável pelo reconhecimento molecular do analito de interesse com um transdutor

apropriado.

Page 71: Aula Voltametria

Principais características dos biossensores:- Especificidade - Elevada sensibilidade

Desejável:-Alta durabilidade- Dimensão reduzida- Resposta rápida e reversível- Faixa dinâmica ampla- Baixo custo

Page 72: Aula Voltametria

Construção de um biossensor

Eletrodo

Solução

Enzimas Filme Poroso

Page 73: Aula Voltametria

Reações enzimáticas

Glicose:

Glicose + O2 H2O2 + Ácido glucônico

Glicose pode ser monitorada via:

- decréscimo de O2- pelo aparecimento de H2O2- ou ainda pela variação de pH

GOx

Page 74: Aula Voltametria

Na construção de biossensores, os mais variados materiais podem ser utilizados, dentre os quais:

- Enzimas- Anticorpos- Antígenos- Fungos- Bactérias- Tecidos vegetais- Tecidos animais- DNA...

Page 75: Aula Voltametria

Construção de biossensoresAs mais variadas formas de construção de

biossensores podem ser encontradas na literatura.

Desde os primeiros sensores que utilizavam papel de celofane como barreira para a retenção de enzimas, nos ~40 anos de desenvolvimento

destes sensores, muito se evoluiu.

Atualmente, dezenas de diferentes processos podem ser vistos, muitos dos quais envolvendo

altíssima tecnologia.

Page 76: Aula Voltametria
Page 77: Aula Voltametria
Page 78: Aula Voltametria

Microeletrodos

Quando as dimensões de um eletrodo são diminuídas da escala de cm ou mm para

micrômetros, verificam-se diversas mudanças no comportamento voltamétrico.

Apesar de as vantajosas propriedades de eletrodos tão pequenos serem conhecidas há muitos anos, pesquisas nesta área não eram freqüentes até o

início da década de 70.Os avanços na área da eletrônica e o desenvolvimento de materiais com microestruturas e novas formas de

construção impulsionaram esta área.

Page 79: Aula Voltametria

Vantagens e aplicações de microeletrodos:Menor distorção ôhmica- Análises em meio orgânico e águas naturaisMaior densidade de correnteµ-eletrodos de 100 Å: i > 100 A/cm2

Maior resolução temporalCinética: V>106 V/s - t = sub µ-segundosMaior versatilidadeAnálises em µ-volumes (10-11 L)Estudos intra-celularesEletroquímica de gasesMapeamento de pontos de corrrosãoe muitas outras aplicações...

Page 80: Aula Voltametria

Em solução, a rápida reposição de material à superfície do microeletrodo se deve à

contribuição da difusão não radial, que faz com que a resposta obtida seja diferente da obtida

com eletrodos de tamanho convencional.

A figura a seguir, compara respostas de eletrodos com dimensões de milímetros com a de um

microeletrodo.

Page 81: Aula Voltametria

Respostas de um eletrodo convencional e de microeletrodos

Page 82: Aula Voltametria

A busca de ferramentas para o estudo de mecanismos de reações (1970) deu início à utilização dos

microeletrodos.

No entanto, a descrição do desenvolvimento de metodologias para estudos “in vivo” (1980) chamou a atenção para este campo e impulsionou de maneira muito significativa a utilização de microeletrodos.

As vantagens de utilizar eletrodos de dimensões micrométricas permitiram que se averiguasse a

liberação de determinados neurotransmissores a nível celular, bem como a ação de fármacos.

Page 83: Aula Voltametria

Eletrodo de fibra de carbono

Page 84: Aula Voltametria

Microeletrodos para medição de pH no esôfago

Page 85: Aula Voltametria

Microeletrodo cônico com menos de 1 µm de diâmetro

Page 86: Aula Voltametria

Analytical Chemistry, 1996.

Page 87: Aula Voltametria
Page 88: Aula Voltametria

Resumindo:

Nesta aula foi possível ter uma visão de alguns dos métodos voltamétricos.

As possibilidades de aplicações na área farmacêutica são muito amplas.

As pesquisas envolvendo métodos eletroquímicos e a área farmacêutica é ainda

muito limitado em nosso contexto...