aula Ônibus 174 - 2013

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1 Produção de Documentário Estudo de caso – Ônibus 174Prof. Renato Delmanto Maio 2013

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Aula ministrada na disciplina Administração de Produtos Editoriais, no curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero.

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Page 1: Aula Ônibus 174 - 2013

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Produção de Documentário Estudo de caso – “Ônibus 174”

Prof. Renato Delmanto

Maio 2013

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�  “Ônibus 174” – Parte 1 (13’)

�  Estrutura de documentário

�  “Ônibus 174” – Parte 2 (28’)

�  Fórmula editorial e detalhes da produção

�  “Ônibus 174” – Parte final (12’)

�  Bibliografia:

�  Prof. Leonardo COELHO ROCHA (UniBH), “O caso Ônibus 174: Entre o documentário e o telejornal” (2003)

�  Gazeta Mercantil, Entrevista com José Padilha (2002)

Roteiro da aula

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Ônibus 174 – 1ª parte (13’) Início do filme

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�  Documentário: �  Olhar pessoal do documentarista, uma obra autoral �  Assume sua subjetividade (“interpretação”) �  Baseado no ponto de vista do autor �  Parte de premissas próprias e possui estética particular

�  Reportagem de TV: �  Tenta formular um “retrato completo” do fato �  Apresenta diferentes pontos de vista – “imparcialidade” �  Imagens “confirmam” o que é dito pelo jornalista e pelos

entrevistados �  Regras de “noticiabilidade” definem o conteúdo do telejornal

Documentário X Reportagem de TV

Leonardo COELHO ROCHA, “O caso Ônibus 174: Entre o documentário e o telejornal” (2003)

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�  Bill Nichols define quatro modalidades de representação possíveis no documentário, de acordo com os elementos narrativos:

�  Documentário Expositivo

�  Documentário de Observação

�  Documentário Reflexivo

�  Documentário Interativo

O documentário segundo Nichols

Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)

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�  Bill Nichols define quatro modalidades de representação possíveis no documentário, de acordo com os elementos narrativos:

�  Documentário Expositivo

�  Documentário de Observação

�  Documentário Reflexivo

�  Documentário Interativo

O documentário segundo Nichols

Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)

- O texto (em off) é elemento narrativo dominante - A locução fornece uma explicação “didática” para as imagens mostradas na tela - As imagens são evidência irrefutável da narrativa - Esse documentário tem um efeito persuasivo e é utilizado em filmes institucionais e de propaganda

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�  Bill Nichols define quatro modalidades de representação possíveis no documentário, de acordo com os elementos narrativos:

�  Documentário Expositivo

�  Documentário de Observação

�  Documentário Reflexivo

�  Documentário Interativo

O documentário segundo Nichols

Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)

- O autor não interfere nos acontecimentos - Não há comentários, entrevistas, legendas ou reconstruções - O som é captado diretamente do ambiente - As pessoas falam entre si e não para a câmara - Revela a experiência vivida e o cotidiano do que se filmou

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�  Bill Nichols define quatro modalidades de representação possíveis no documentário, de acordo com os elementos narrativos:

�  Documentário Expositivo

�  Documentário de Observação

�  Documentário Reflexivo

�  Documentário Interativo

O documentário segundo Nichols

Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)

- Documentário procura expor o seu próprio processo de construção - O interesse não está no mundo histórico, mas na forma como o documentário se apresenta ao espectador - Ser reflexivo é estruturar um produto de modo que produtor, processo e filme sejam um todo coerente

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�  Documentário “construído” a partir da interação do autor com as pessoas que participam no filme

�  É sustentado pelas entrevistas, que podem ser apresentadas ao espectador como como diálogos, confissões, monólogos, testemunhos, interrogatórios

�  A voz em off, quando utilizada, nunca é sobreposta às dos entrevistados

�  Ao final, entrevistas refletem o ponto de vista do autor sobre os acontecimentos retratados no filme

�  “Ônibus 174” é um documentário interativo

Documentário Interativo (Nichols)

Bill NICHOLS, “Representing reality: issues and concepts in documentary” (1991)

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Ônibus 174 – 2ª parte (28’) Candelária (6’)

Histórico policial (4’) Morte da mãe (5’) Ação policial (6’)

Reféns (7’)

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�  Antes de começar, o documentarista tem uma visão diferente da mídia normal (questiona o “senso comum”)

�  Padilha podia ter optado por contar a história de um policial ou da refém morta (Geísa, a principal “vítima”)

�  Um lead da época dizia: “Um menino de rua entrou no ônibus, encontrou a assistente social que cuidava de meninos de rua e a matou”

�  “Seria um lead maravilhoso, se fosse verdadeiro”

�  O autor propõe-se a contar a história do sequestro a partir da história do protagonista, Sandro do Nascimento

‘Ônibus 174’: Premissas

Entrevista de José Padilha ao jornal Gazeta Mercantil (2002)

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�  A história do Sandro “é capaz de gerar lições sobre o Estado brasileiro, sobre como se vive no limite da miséria, como um menino de rua é tratado pelas instituições, como ele descamba para a criminalidade”

�  “Ônibus 174” trabalha com dois eixos de história:

�  A cronologia do acontecimento policial

�  A vida do sequestrador

�  “Um eixo explica o outro. À medida que entendo como foi a vida dele, a relação dele com o Estado, entendo quem ele é e por que faz e fala as coisas daquela forma no ônibus”

‘Ônibus 174’: Premissas

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�  Até então, nenhum veículo (impresso ou TV) tinha falado com a família do Sandro

�  Padilha foi o primeiro a entrevistá-los – a tia e a mãe adotiva, única que esteve presente ao enterro

�  Encontrou a família “numa linha” de um documento judicial sobre Sandro

�  O depoimento de Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança, ajuda a construir o “roteiro”

�  O ex-secretário defende a tese da “invisibilidade” dos meninos de rua perante a sociedade

‘Ônibus 174’: Premissas

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�  Imagens de TV: Globo (20h de gravação, com 4 câmeras); Record (4h); Band (40 min.)

�  Imagens da CET-Rio

�  Padilha fez cópias das fitas, assistiu todas as imagens e começou entender o que tinha acontecido no ônibus

�  Acabou “comprando” apenas 50 minutos para usar na edição final do filme (maior custo de toda a produção)

�  Custo de produção: R$ 800 mil

�  Tempo de produção: 1 ano e meio

Matéria-prima

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�  A partir das imagens, Padilha identificou os policiais e as reféns que mais interagiram com o sequestrador

�  Um detetive e um ex-policial buscaram documentos “oficiais” sobre Sandro (elaboraram um dossiê de 187 páginas)

�  Enquanto o detetive e o advogado traçaram um “mapa” da vida do Sandro, a partir dos documentos...

�  ...o editor Felipe Lacerda, co-roteirista do filme, fazia um “mapa” cronológico do sequestro, editando as imagens de TV

�  Com os dois “mapas”, Padilha e Lacerda foram à ilha de edição para montar o material juntos

Processo de produção

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�  Havia uma enorme censura da cúpula de segurança do RJ - enquanto Garotinho foi governador, a polícia não falou

�  Policial do BOPE fala com voz distorcida e rosto coberto

�  Capitão Rodrigo Pimentel aparece na tela pois tinha sido exonerado da Corporação – depois de mostrar no “Fantástico” como deveria ser o tiro do sniper

�  Após eleita, governadora Benedita da Silva autorizou as entrevistas da polícia

�  O capitão André Batista dá entrevista e explica a ação do BOPE e da polícia no episódio

Processo de produção

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�  Narrativa fundamentada nas entrevistas e nas imagens de TV

�  As falas dos entrevistados praticamente “constroem” todo o fio narrativo, sendo umas encadeadas às outras

�  O diretor não identifica os entrevistados; cabe ao espectador decifrar quem são eles

�  Não há narração; a voz em off é usada somente para a leitura de documentos prisionais ou judiciais sobre Sandro

�  Embora o diretor não apareça na tela, sua presença é percebida nos olhares para trás da câmera, durante as entrevistas

“Opção estética”

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Ônibus 174 – Epílogo (12’) O cerco final

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Produção de Documentário

Maio 2013

Prof. Renato Delmanto [email protected]