aula de npt_e_metabolismo[1]
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Victor Maselli Lima Cirurgia Geral Hospital Geral do Andarai 12 de abril de 2010
IntroduçãoMesmo protocolos mais recentes em nutrição parenteral são ainda
insatisfatórios
Composição corporal: 30% adiposo – 30% massa magra – 30% LEC (água)
Doença crítica (estado catabólico) retenção de Na LEC = 60% e adiposo 20% - massa magra 20%
NPT = dificuldade em se atingir balanço nitrogenado positivo.
Perda ponderal > 10% antes da internação = aumento de infecções nosocomiais, maior tempo de internação, maior mortalidade.
No pós-op a desnutrição: retarda cicatrização e reparo tecidual leva a perda de função e força muscular aumenta tempo
ventilador-dependente
De modo geral, desnutrição é limitante a qualquer conduta médica ou cirúrgica agressiva.
50% de todos os pacientes internados podem estar desnutridos. Causa principal: Dieta mal-oferecida!!! Outras: doenças que cursam com anorexia, obstruções do TGI, doenças que
cursam com ↓ absorção (Chron/ressecções), doenças que causam perdas excessivas (diarréia/fistulas)
Meta principal da Nutrição parenteral = ↑ massa magra (proteinas). Isso é difícil!
Jejum prolongado vs. sepseNo jejum, a gliconeogênese a partir de proteinas musculares
eventualmente diminui
Na sepse não há supressão da proteólise e pct perde até 1 kg de massa magra por dia.
Considerar nutrição artificial quando: Ingesta oral diária < 50% do necessário de calorias/diaPerda ponderal > 10% Inanição > 1 semanaPrevisão de duração de NPT > 1 semanaPrevisão da injuria cirúrgicaAlbumina sérica < 3 g/dL
Enteral vs. Parenteral? se o TGI funciona, use-o!
Avaliação NutricionalÉ uma avaliação clínico-laboratorial!
Considerar anamnese, exame físico, estado mórbido
Anamnese: Hx de perda ponderal, anorexia, cansaço, concentração e capacidade de realizar tarefas diárias.
E.F: perda musculo-esquelética, tegumento, fraqueza, edema de hipoptn,↓ da gordura corporal etc.
Estado mórbido: doenças catabólicas ou que ↓ massa magra: Ca (pp. do TGI), pancreatite, sepse, fistulas, etc.
Albumina < 3 g / dL
Outras proteinas: pré-albumina e transferrina: mais sensíveis???
½ vida da albumina...................14 dias½ vida da pré-albumina...............3-5 dias½ vida da transferrina............... 7 dias
Carboidrato
Lipídios
Proteinas
CarboidratoGlicose é o carboidrato de escolha para nutrição artificial
Glicose no estresse: ↓ produção de uréia (“protein sparing effect”) Por diminuir a gliconeogênese (↓ proteólise) A própria glicose é utilizada como substrato energético
Mínimo de 100 g de glicose por dia para obter este efeito
Hiperglicemia: imunossupressão e aumento de incidência de infecções nosocomiais
Manter glicemia no CTI entre 80-110 diminuiu mortalidade em 42%
LipídiosNa inanição os lipídios fornecem o maior aporte calórico na forma de
ácidos graxos livres e corpos cetônicos
GlucagonCatecolaminas Corstisol Citocinas
Ácidos graxos Omega 3: imunomoduladores
lipólise
ProteinasHomem de 70 kg tem 10-11kg de proteinas (massa magra)
Turnover diário = 300 g ou 3%
Fonte principal: TGI (enterócitos reciclados e enzimas digestivas)
Todo AA ingerido é absorvido (exceto 1g presente nas fezes)
BN = 0 se: pessoa normal ingerir 0,8 g/kg/dia de ptn (60g)
No estresse pós cirúrgico a demanda sobe para 1,5 g/kg/dia
Demanda de EletrólitosDemanda diária típica Fórmulas usadas na NPT
Sódio 70-100 mEq/dia Cloreto, acetato, fostatoPotássio 70-100 mEq/dia Cloreto, acetato, fostato
Magnésio 15-20 mEq/dia SulfatoCálcio 10-20 mEq/dia GluconatoFosfato 20-30 mEq/dia Sódio, potássio
Vitaminas e nutrientesVITAMINS AND TRACE METALS
SUGGESTED DAILY DOSAGE
Vitamin Water soluble Thiamine 25 mg Riboflavin 25 mg Niacin 200 mg Pantothenic acid 50 mg Pyridoxine 50 mg Folic acid[*] 2.5 mg Vitamin B12
[†] 5 mg
Fat soluble A[†] 5000 μg D[†] 400 μg E[†] 100 μg K[*] 10 mgTrace Metal Zinc 10-20 mgCopper 0.5-2.0 mgChromium 20 μgSelenium 70-150 μgManganese 2-2.5 mgIron 25 mg
Table 7-4 -- Suggested Dosage of Vitamins and Trace Metals During Severe Illness
Considerar nutrição artificial quando: Ingesta oral diária < 50% do necessário de calorias/diaPerda ponderal > 10% Inanição > 1 semanaPrevisão de duração de NPT > 1 semanaPrevisão da injuria cirúrgicaAlbumina sérica < 3 g/dL
Enteral vs. Parenteral? se o TGI funciona, use-o!
Enteral vs. ParenteralQual escolher? Se o intestino está funcionando, use-o!
Hoje já se estabeleceu que alimentação enteral é bem tolerada mesmo em casos de doença severa (pp. em trauma e queimadura)
O uso do TGI tem impacto benéfico importante na função imunológica e hepática
O uso do TGI aumenta o trofismo da mucosa e a nutrição enteral evita a translocação bacteriana (bem estabelecido apenas em queimados)
Ao se optar por nutrição artificial, temos duas metas: Usar o intestino se possível Oferecer pelo menos 20% do aporte de calorias e proteinas pelo TGI com NPT
suplementar.
Princípios de alimentação enteralO estômago é a barreira do TGI contra uma sobrecarga entérica osmolar
Todos os aminoácidos e carboidrato mais simples são absorvidos nos primeiros 120 cm de delgado
A maioria das fórmulas são hiper-osmolares e oferecem 1 kcal/ml
A complicação mais comum em alimentação enteral é sobrecarga osmolar. Que se mantida, pode levar a pneumatose, necrose e perfuração
Alimentação nasogástrica ou nasoentérica?Teoria: alimentação nasoentérica é mais segura do que a nasogástrica, pois a ponta do cateter se encontra distante do EEI, diminuindo chances de aspiração
Fato: tanto CNG quanto CNE mantém o EEI aberto e estudos não demonstraram beneficio do CNE em relação a complicações aspirativas
Teoria: O jejuno é capaz de tolerar uma carga enteral continua maior do que o estômago, aumentando o aporte nutricional ao enfermo
Fato: se um protocolo de avanço de dieta agressivo for instituído, permitindo um volume de resíduo gástrico maior que o habitual, o aporte nutricional do CNG iguala o do CNE
Técnicas de infusão enteral e protocolo de evoluçãoMortalidade em dieta enteral
1º - aspiração2º - alimentação hiperosmolar
Cabeceira do leito elevada!
Infusão continua!
Cateter naso-gástricoComeçar com formula hiposmolar
Aumentar 1º osmolaridade, e depois volume
Inicio: 10-20ml/hora e medir resíduo gástrico 4/4h Classicamente resíduo gástrico deve se manter < 150 ml e a velocidade de
infusão é aumentada de 10 – 20 ml após cada aferição
Protocolo agressivo: tolerar resíduos de até 300 ml e aumentar infusão em incrementos de 20 ml após cada aferição
Cateter naso-entéricoPonta do cateter posicionada após Treitz (diminui risco de aspiração?)
Primeiro aumentamos volume de infusão e depois osmolaridade
A maioria dos pacientes não toleram mais que 400mOsm.
Evitar desidratação: Adicionar água livre e aumentar osmolaridade com parcimônia
Quem se beneficia de NPT?Podemos dividir em três grupos de pacientes
1. Terapia primária: a NPT influencia o desfecho da doença
2. Terapia de suporte: suporte nutricional é importante mas não altera o processo patológico
3. Indicações controversas: ainda não apoiadas por estudos
Terapia primáriaFistulas entero-cutâneas
Aumenta o fechamento espontâneo das fistulasProvavelmente diminui a mortalidadeEm alguns casos dieta enteral também se comportou beneficamente
Sd. do intestino curto Mais comum após ressecções para Chron ou dç vascular e volvo Pacientes que certamente teriam morrido sem NPT a longo prazo
sobrevivem por 10-20 anos com auxilio parenteral 45 cm de intestino delgado é suficiente para se sobreviver sem NPT
após 12-24 meses (efeito trófico da mucosa)
Terapia primáriaQueimaduras
Nutrição enteral dentro das primeiras horas reduz mortalidade
Falência hepática Precisam de proteína, entretanto encefalopatia pode torná-los
intolerantes Hepatectomia: NPT per-op = menor morbidade porém mortalidade igual
Terapia de suporteEnterite actínica
NPT permite a sobrevivência até que a mucosa se cicatrize a injuria
Ileo prolongado pós-op
Nutrição parenteral pré-operatória (perda ponderal) Reservado para pcts com Ca GI sup. ou com alto risco de complicações:
Perda ponderal recente > 10% Albumina < 3 g/dL 5-7 dias pré-op diminui morbi-mortalidade da cirurgia GI
Princípios de NPTUtilizada quando nutrição enteral é inviável
Administrar em Veia central, com ponta do cateter na VCS preferencialmente
Soluções 3 em 1 (emulsões lipídicas incorporadas à solução)
Calcular a dose segundo um dos métodos disponíveis Equação de Harris-Benedict Forma prática:
Peso ideal x 25-35 kcal/kg/dia
Princípios de NPTGlicose = 3.4 Kcal/g (é o carboidrato presente nas formulações)Proteína = 4 Kcal/gLipídios = 9 Kcal/g
Necessidade hídrica = 25 ml/Kg/dia
Primeiro calcular quantos por cento do total de calorias oferecida será em forma de proteinas (seguindo 1,5 g/kg/dia)
Oferecer 20% do total das calorias em forma de lipídios
Oferecer o restante em glicose e jamais aumentar glicose sem ter a glicemia finamente controlada
Princípios de NPTPara avançar a NPT:
Estabelecer controle glicêmico e lipídicoEstabelecer controle eletrolíticoAssegurar que não há sobrecarga volêmica
Na prática: Iniciar a infusão com 40 ml/hora e avançar em 20 ml/hora em
incrementos diários até atingir o novel calórico ideal calculado
Exemplo: homem de 70 kg = 2100 kcal/dia(70 kg x 30 kcal/kg/dia)
Princípios de NPTEsquema de insulina para todos!
Repor externamente Vit. K (100mg/semana), ácido fólico e B12
Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, ácido-básicos
Respeitar velocidades máximas de infusão (principalmente de lipídeos 0,1g/kg/hora)
Monitoramento clínico-laboratorialParâmetros clínicos
Balanço hídrico diárioPeso corporal diárioObservar infecções
Parâmetros laboratoriais Glicemia 6/6h na primeira semana até estabilizarEletrólitosUr e Cr diariamente até estabilizarCa, Mg, PO4
Painel hepáticoTriglicerídeosAlbuminaTap
semanalmente
Não usar 3 em 1 se triglicerídeos > 400 mg%
Cuidados com o cateterVia de acesso: VSC vs. VJI
Complicações:Mecânicas
Posição incorreta 6% Laceração arterial/ducto torácico 1,4% Pneumo-hidro-quilo-hemotórax 1,1% Trombose de VSC ou VJI 0,3% Embolia do cateter 0,1%
Sepse relacionada ao cateter 7,4%Metabólicas raro
heparina 6000 U na NPT
Sepse relacionada ao cateterDiretamente relacionado aos cuidados com cateter e hiperglicemia
É possível diminuir incidência para < 1%Cuidados geraisVia exclusiva de NPTRígido controle glicêmico/metabólico
Organismos isolados mais freqüentemente Staphylococcus 80% (50:50 aureus vs. Epidermidis) Candida 15% Bacilos gram negativos 5%
Conduta no paciente com febre e NPTProcurar e descartar outras fontes de infecção
Avaliar sitio da punção
Colher duas hemoculturas periféricas e através do cateter
Se as culturas sugerirem o cateter como fonte: retirar acesso e enviar ponta para cultura quantitativa
Se culturas afastam cateter mas febre persiste apesar de não haver outro sitio possível retirar cateter e cultura ponta (quantitativa)
Conduta no paciente com febre e NPTCultura de ponta quantitativa > 15 UFC = infecção pelo cateter.
Gram negativos: observar paciente. Iniciar Abx se febre não desaparecer com 24 horas
Staphilococcus: considerar seriamente antibioticoterapia x 14 dias
Candida spp: iniciar de imediato fluconazol ou anfo B IV x 14 dias
Conduta na trombose de grandes vasos
Confirmar Dx com US/Doppler
Retirar cateter e suspender NPT
Trombólise seguido de heparinização plena
Warfarin x 6 meses.
Algumas séries reportam incidência de até 10%!
Quando parar?Complicação relacionada a NPT que ameaça
a vida (sepse)
Relação custo vs. Beneficio e tempo de tratamento
A doeñça base progrediu para fase terminal.
Bibliografia Townsend, Courtney M., et al., eds. Sabiston Textbook of Surgery. 17th ed.
Philadelphia, PE, Saunders: 2004