aula 8 - tópicos integrados de direito internacional privado

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O Direito Internacional Privado foi, dentre osramos do Direito, aquele que mais cresceu nasúltimas décadas. Isso se deu em virtude de umaglobalização dos meios de comunicação e omaior número de negócios jurídicos celebradosentre pessoas físicas e jurídicas de diferentesnacionalidades.

Fundamentalmente o objetivo do DireitoInternacional Privado é a identificação da regrajurídica que disciplina uma relação que envolvedois ou mais sistemas jurídicos, consideração arelação bilateral ou multilateral existente.

O Direito Internacional Privado é um sistemanormativo destinado a solucionar os casosjusprivatistas multinacionais, desde o pontode vista de uma jurisdição estatal ou de umapluralidade de jurisdições estatais a exigir,em determinadas situações, inclusive, ajurisdição de um tribunal internacional.

Em síntese, seu objeto é, essencialmente, oconflito de leis no espaço.

O conflito de leis ocorre quando, por variadasrazões, duas ou mais normas podem seraplicadas a determinada situação. Elas estãoantes em concorrência que em conflitopropriamente dito.

O DIP procura oferecer instrumentosdestinados a indicar qual das normas emconflito deve ser aplicada pelo Juiz ao casoconcreto. Ele não pretende solucionar omérito da lide, apenas orienta na escolha dalegislação aplicada.

São fonte do DIP:

A lei (fonte primária);

a jurisprudência;

a doutrina;

tratado internacional.

É o aspecto nuclear do Direito internacionalPrivado. Ele se caracteriza pelas seguintessituações:

1ª Relativos à pessoa · O lugar do nascimento · O lugar do falecimento · O lugar da sede da pessoa jurídica · O domicílio · A residência habitual · O lugar onde se encontra 2ª Relativos aos bens · O lugar da situação do bem · O lugar do registro do bem 3ª Vinculados a outros fatos jurídicos · O lugar da constituição ou execução da obrigação · O lugar da prática do ato ilícito

Exemplos:

a) João morre no Brasil, tendo aqui o seu último domicílio. Deixa bens no Brasil e testamento que contemplam brasileiros como herdeiros. Estamos diante de uma situação tradicional, a ser regida por normas de direito civil local. Não há elementos estrangeiros!

b) Se João, no mesmo exemplo acima,falecido no Brasil, tivesse deixado umtestamento que contemplasse herdeirosargentinos, com bens na Argentina e noUruguai, estaríamos diante de uma situaçãoem que três ordens jurídicas secomunicariam.

c) Maria e Juan Pablo, argentinos,domiciliados na Argentina, casam-se nestemesmo país. Mais tarde, fixam-se domicíliono Brasil. Mais tarde, decidem se separar.Podem postular o divórcio no Brasil?

Resp: Lei de Introdução ao Código Civil.

Art. 7o A lei do país em que domiciliada apessoa determina as regras sobre o começo eo fim da personalidade, o nome, a capacidadee os direitos de família

Elemento de conexão do domicílio para regero estatuto pessoal da pessoa física,

O lugar de localização para ditar o regimejurídico dos bens (lex rei sitae),

O lugar onde o ato foi praticado, paraqualificar e reger as obrigações (art. 9º LICC).

São essas regras de conexão que ersolvem osconflitos de leis no espaço, na medida quedeterminam o direito a ser aplicado.

A regra básica do lex fori determina que, nocaso concreto, o Juiz deve sempre aplicar asnormas de Direito Internacional Privado emvigor no lugar do foro.

Nas situações em que a lex fori impõe aaplicação de uma lei estrangeira e estaeventualmente viole a ordem pública,entende-se que a própria lei do foro há deser aplicada no lugar do direito estrangeiro.

Representada por todos os princípiosfundamentais do ordenamento jurídicointerno de cada Estado.

Art. 17 LICC: “Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.”

Ocorre fraude à lei quando uma pessoa,vluntária e ardilosamente, faz uso doselementos de conexão que indicaria a leiaplicável para altera o status da situaçãoconcreta, de modo a obter alguma vantagemou benefício pessoal.

Condena-se, nesse caso, uma lícita alteraçãodo status (da nacionalidade ou dodomicílio,p.ex), caso realizada para alcançarum objetivo ilícito.

1) Como no Brasil o divórcio só passou a seradmitido em 1977, os cônjuges viajavam aoexterior para obter o divórcio. O supremoTribunal Federal invariavelmente se recusavaa atribuir quaisquer efeitos jurídicos a essassentenças de divórcio por terem sido obtidasem fraude à lei.

2) constituição de uma sociedade emdeterminado paraíso fiscal, com o objetivoúnico de lesar o fisco do país onde, narealidade, desenvolve suas atividadescomerciais.

Como consequência da fraude, a sentença ouo ato jurídico não serão reconhecidos pelodireito interno e, por conseguinte, nãoproduzirão nenhum efeito jurídico.

A homologação de sentença estrangeira é,em síntese, o processo pelo qual uma decisãoestrangeira de divórcio, adoção, guarda ououtra decisão proferida por autoridadeestrangeira ganha validade e eficácia noBrasil.

É importantíssima, pois além de concedervalidade no Brasil, evita caracterização debigamia, por exemplo, em casos em que odivórcio não é homologado no nosso país.

O casamento realizado no exterior, mesmoque não tenha sido transcrito no Brasil, podeconstituir impedimento legal para acelebração ou para o registro de novocasamento.

São requisitos indispensáveis para ahomologação de uma sentença estrangeira noBrasil:

haver sido proferida por autoridadecompetente;

terem sido as partes citadas ou haver-selegalmente verificado a revelia;

ter transitado em julgado (não haver maispossibilidade de recurso);

estar a decisão autenticada pelo Cônsulbrasileiro e acompanhada de traduçãojuramentada no Brasil.

A homologação de sentença estrangeira éprocesso de competência originária doSuperior Tribunal de Justiça (alterado pela ECnº 45) conforme o art. 102, I, h CF e éregulada pelos artigos 483 e

484 do CPC, situando-se entre o Direitoprocessual Civil e o Direito Internacional.

Destina-se reconhecer a produção de efeitos,no Brasil, de atos de império provenientes deEstados estrangeiros soberanos.