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CADERNO SIFFERMANN DE PROCESSO PENAL
Aula 4
4. Das Provas
Iniciemos por um artigo já conhecido e estudado desde o tema
inquérito policial:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das
pessoas serão observadas as restrições
estabelecidas na lei civil
Perceba que a prova forma-se pela participação dialética das partes,
ou seja, a prova é o resultado, aquilo que se retira de um confronto
das partes no processo, logo, o inquérito não produz provas, mas
produz elementos de informação, por não ser submetido ao
contraditório ou ampla defesa;
Com o parágrafo acima, sepultada fica a possibilidade de utilização do
IP como elemento único a nortear uma decisão do magistrado. Claro
que há exceções: as provas cautelares, antecipadas e não repetíveis.
4.1 Quem tem o ônus de provar alguma coisa no processo
penal?
Nos termos do art. 156, do CPP:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a
fizer(...)
O fato de a prova incumbir àquele que a alega, não significa que o juiz,
excepcionalmente, não possa produzir a prova ou determinar
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diligências não requeridas pelas partes, pois a segunda parte do
dispositivo acima, afirma:
sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação
penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida; (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Em termos de processo penal o ônus de provar o crime é o MP, mas
diante da alegação da defesa, sobre a ocorrência de uma excludente,
de ilicitude, por exemplo, caberá prová-la.
Uma atenção especial deve ser dada a chamada inversão do ônus da
prova, pois a regra é sua impossibilidade em prejuízo da defesa.
Mesmo assim, será possível a inversão diante das medidas cautelares
assecuratórias da lei de Lavagem de Capitais, conforme dessume-se
do seu art. 4:.
Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do
Ministério Público ou mediante representação do
delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em
24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios
suficientes de infração penal, poderá decretar
medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
do investigado ou acusado, ou existentes em nome
de interpostas pessoas, que sejam instrumento,
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produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei
ou das infrações penais antecedentes.
(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para
preservação do valor dos bens sempre que
estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração
ou depreciação, ou quando houver dificuldade para
sua manutenção.
§ 2º O juiz determinará a liberação total ou parcial
dos bens, direitos e valores quando comprovada
a licitude de sua origem (PERCEBA QUE PARA
DECRETAR A MEDIDA ASSECURATÓRIA BASTAM
INDÍCIOS E PARA REVERTER ISSO É NECESSÁRIA
PROVA, POR PARTE DA DEFESA), mantendo-se a
constrição dos bens, direitos e valores necessários
e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento
de prestações pecuniárias, multas e custas
decorrentes da infração penal. (Redação
dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido
sem o comparecimento pessoal do acusado ou de
interposta pessoa a que se refere o caput deste
artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos
necessários à conservação de bens, direitos ou
valores, sem prejuízo do disposto no § 1o.
(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias
sobre bens, direitos ou valores para reparação do
dano decorrente da infração penal antecedente ou
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da prevista nesta Lei ou para pagamento de
prestação pecuniária, multa e custas.
4.2 Inadmissibilidade das provas ilícitas
Liberdade probatória não é absoluta e mesmo que os meios de provas
válidos, expressos no CPP sejam exemplificativos, dando ensejo a
inúmeras outras possibilidades probatórias, em todo o caso haverá
limites.
Inicialmente, diz a CF:
Art. 5, LVI - são inadmissíveis, no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos;
Esse comando da CF de 1988, foi regulamentado no CPP a partir de
2008, pois o CPP percebendo o enunciado constitucional como
amplíssimo respondeu as seguintes questões, não descritas pela CF:
O que é uma prova ilícita?
São aquelas obtidas com violação das normas constitucionais e legais
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a
normas constitucionais ou legais.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Tais provas inadmissíveis se dividem em:
a) provas ilícitas: violadoras de regras de direito material (descritas
em lei, como no código penal, ou Constituição Federal). Exemplo:
interceptação telefônica sem autorização judicial, ou ainda a confissão
mediante tortura.
Efeito da prova ilícita sobre o processo: exclusão da prova
(desentranhamento dos autos).
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b) provas ilegítimas: violadoras de normas processuais, chamadas de
formais. Exemplo: laudo pericial subscrito por apenas um perito não
oficial.
Efeito da prova ilegítima sobre o processo: reconhecimento de uma
nulidade, seja absoluta ou relativa, ou ainda, reconhecimento de mera
irregularidade.
Sabido que a prova inadmissível é gênero do qual resultam as espécies,
prova ilícita e ilegítima, vejamos um caso concreto:
Imagine que a polícia, por meio de uma interceptação telefônica ilegal,
descubra o paradeiro de alguns quilos de drogas. Ao invadir o local,
realiza apreensão histórica. Diante das circunstâncias, várias pessoas
são presas, inclusive no local descobrem-se indícios de outros imóveis,
igualmente invadidos e nos quais ao invés de drogas, haviam armas
de fogo.
Enfim, a interceptação é juntada aos autos, junto com as apreensões
de drogas e apreensões das armas descobertas.
Temos inicialmente uma prova ilícita, a interceptação, claro, não
contou com autorização judicial e a CF deixa evidente serem
inadmissíveis as provas ilícitas, sendo esse o princípio da
inadmissibilidade das provas ilícitas.
Todavia, a CF não diz mais nada sobre o tema, criando uma certa
dúvida sobre se tal enunciado aplica-se, também, às provas derivadas
das ilícitas.
Como possibilidade de extensão do comando constitucional sobre as
provas derivadas das ilícitas, o CPP consagrou a inadmissibilidade das
provas derivadas das ilícitas.
Art. 157, § 1º São também inadmissíveis as provas
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras, ou
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quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.
4.2.1 Quais são as teorias sobre provas ilícitas
4.2.1.1 A teoria dos frutos da árvore envenenada
Esse parágrafo anterior, demonstra que o CPP adotou a
teoria dos frutos da árvore envenenada, chamada de teoria
da ilicitude derivada, ou ainda, teoria da mácula.
Se a interceptação é ilícita (árvore), tudo o que for decorrente dela,
também será ilícito, como as apreensões de drogas e armas (frutos).
4.2.1.1.1 A teoria dos frutos da árvore envenenada não é
absoluta (as teorias da fonte independente e da descoberta
inevitável)
Tal teoria sofre limitações que vão depender da falta de nexo causal
entre a prova ilícita e as outras, supostamente derivadas (teoria da
fonte independente), ou da independência da obtenção de uma prova
frente as outras, concretamente derivadas (teoria da descoberta
inevitável).
No exemplo utilizado acima, imaginemos que a interceptação ilegal
tenha sido fundamento para que determinadas autoridades entrassem
no imóvel no qual foram descobertos vários quilos de drogas, mas que
antes mesmo de chegarem ao imóvel, outro grupo de policiais estavam
na casa, após arrombá-la, pois haviam ouvido um disparo de arma de
fogo.
No caso concreto, o advogado que representaria aqueles que foram
presos, poderia alegar que as drogas descobertas são derivadas das
ilícitas, já que frutos de uma interceptação ilegal.
Para evitar tal situação o legislador demonstra que, nessa
hipótese, os objetos da apreensão, drogas, não tem nexo
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causal (prova absolutamente independente ou teoria da fonte
independente) com a interceptação, já que descoberto em
contexto ligado a um disparo de arma de fogo e não a
interceptação.
Outra situação que pode ocorrer é a seguinte. Imagine que no processo
vários réus apontem um mesmo endereço como local da distribuição
para venda de drogas, juntamente a isso, outros elementos concretos
subsidiariam um mandado de busca e apreensão. Concorda? Claro,
com tantos indícios, nada mais razoável que o mandado de busca e
apreensão.
Paralelo ao fato e antes da existência de um decreto judicial, na forma
de mandado de busca e apreensão, agentes de polícia promovem uma
interceptação ilegal e diante da revelação de que naquele dia chegaria
um enorme carregamento de drogas que seria somado as drogas já
existentes, invadem o local.
Será que a apreensão das drogas será lícita ou ilícita? Primeiro perceba,
que as drogas são em relação a interceptação ilegal, uma prova
derivada da ilícita, portanto, aplicar-se-ia a ela a teoria da derivação
da prova ilícita.
Contudo, vale acentuar que tal teoria convive com formas que a
mitigam, como por exemplo a teoria da fonte independente, estudada
anteriormente e a teoria da descoberta inevitável ou exceção da fonte
hipotética independente, que podemos extrair do caso concreto acima.
Sobre o exemplo acima, a prova derivada da ilícita seria descoberta
mesmo que não ocorresse a ilicitude?
Certamente, já que aquela casa, inevitavelmente, seria objeto
de mandado de busca e apreensão, tanto por ser apontada por
todos os réus, quanto por outros elementos concretos, seria
uma consequência natural do processo a expedição de um
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mandado que traria êxito em termos de apreensão. Neste
cenário surge a teoria da fonte independente.
A teoria da descoberta inevitável está expressa no CPP:
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras (teoria da fonte
independente), ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras (descoberta
inevitável).
Neste ponto poderá ocorrer certa confusão na cabeça no aluno, pois no
fundamento da teoria da descoberta inevitável, ocorre a palavra a
expressão “fonte independente” e o desavisado pode entender que isto
significa teoria da fonte independente. Então, cuidado na prova.
Até esse momento vimos que o CPP regulamentou a CF, ofertando as
seguintes minucias:
- conceito de provas ilícitas e ilegítimas
- extensão da vedação das provas ilícitas, também as derivadas das
ilícitas (teoria dos frutos da árvore envenenada)
- exceções ao alcance da teoria dos frutos da árvore envenenada
(teoria da fonte independente e da descoberta inevitável)
Resta perceber que o CPP também oferta solução quanto ao
procedimento em relação a prova ilícita e o resultado de seu
reconhecimento (conclusão).
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Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. (Redação
dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que
por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou instrução criminal, seria
capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento
da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às
partes acompanhar o incidente.
Abaixo o gráfico sobre as teorias adotadas no Brasil, com as devidas
referências legais.
Descoberta a prova
ilícita, a conclusão será o
desentranhamento
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Sobre a análise dos parágrafos do art. 157, temos ainda que verificar
o parágrafo segundo, para o qual há duas correntes que tentam
explicá-lo.
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que
por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou instrução criminal, seria
capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
A primeira sustenta que de fato o parágrafo 2º conceitua a fonte
independente (com conceito diverso da teoria norte americana); A
TEORIAS SOBRE AS PROVAS
ADOTADAS PELO BRASIL
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TEORIA DA INADMISSIBILIDADE
DA PROVA ILÍCITA
CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL (lei 11690/2008)
TEORIAS DA INADMISSIBILIDADE
DA PROVA ILÍCITA
CONCEITO: art. 157, CPP .”.. as
obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais.”
DA PROVA ILÍCITA POR
DERIVAÇÃO
EXTENSÃO DO CONCEITO SOBRE
AS PROVAS DERIVADAS DAS
ILÍCITAS: “§ 1º São também
inadmissíveis as provas derivadas
das ilícitas,...”
TEORIA DA FONTE INDEPENDENTE
LIMITAÇÃO À PROVA ILÍCITA POR
DERIVARAÇÃO: §1º ... salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras,
(...)
TEORIA DA DESCOBERTA
INEVITÁVEL
LIMITAÇÃO À PROVA ILÍCITA POR
DERIVAÇÃO: §1º ... ou quando as derivadas puderem ser obtidas por
uma fonte independente das
primeiras.
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segunda corrente entende que o parágrafo 2º refere-se à exceção da
descoberta inevitável (ou fonte hipoteticamente independente,
compatível com a doutrina norte americana).
Qual devemos adotar?
Repare que textualmente o paragrafo segundo fala “fonte
independente”, mas o resultado total da interpretação do parágrafo
segundo nos leva em direção a fonte inevitável.
Majoritariamente, o parágrafo segundo se refere a descoberta
inevitável, mas se disser no seu concurso, de acordo com a letra da lei
considera-se fonte independente.... Claro que você não o poderá
discordar.
Outras teorias que são descritas pela doutrina:
4.2.1.1.2 Teoria da contaminação expurgada, conexão
atenuada, tinta diluída ou doutrina da mancha purgada
Tal teoria tenta de demonstrar que apesar de uma relação entre a
prova ilícita e a derivada da ilícita, às vezes, essa relação é tênue
demais, tão superficial que deve ser expurgada.
Um exemplo é quando a prova ilícita é de data muito remota em
relação a prova derivada.
4.2.1.1.3 Teoria da limitação da boa fé, ou apenas boa fé
Garante que a prova não deverá ser considerada ilícita quando a
atuação dos agente, apesar de objetivamente ilegal, pois confrontada
com a lei significa ofensa, é subjetivamente superável, já que as
autoridades não teriam atuado com dolo de infringir a lei.
Exemplo de Nestor Távora e Rosmas Rodrigues Alencar é aquele em
que a “polícia que cumpre mandado de busca residencial para
apreender animais silvestres mantidos irregularmente em cativeiro,
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mas acaba apreendendo computadores que poderiam revelar um
esquema de sonegação fiscal.”
A boa fé enfrentaria a ilicitude na apreensão dos computadores
utilizando-se do recurso da teoria do erro, ou seja, os policiais, naquela
ocasião, acreditavam, sinceramente, que poderiam agir daquele modo.
4.2.1.1.4 Teoria da exclusão da prova ilícita
Tal teoria é utilizada a favor do réu, quando a prova produzida será
catalogada como “aparentemente ilícita”, já que produzida em um
contexto de excludente de ilicitude.
Imagine que a prova da inocência do réu esteja na casa de uma
determinada pessoa. Certamente, para que não se ultime uma prisão
o réu ao invadir a casa e pegar a prova está em verdadeiro estado de
necessidade, onde há conflito entre a sua liberdade e o domicílio alheio.
O bem de maior valor irá preponderar, a liberdade.
4.2.1.1.5 Serendipidade
Significa o encontro casual, fortuito, de provas, ocorrente ao longo de
investigação de fato delituoso diverso daquele as quais as provas se
referem.
A palavra serendipidade vem do termo Serendip, cunhado pelo escritor
inglês Horace Walpole, no conto de fadas Os três príncipes de Serendip,
que sempre faziam descobertas de coisas que não procuravam.
Temos dois tipos de situações aqui, a serendipidade de primeiro grau
e a serendipidade de segundo grau
a) Serendipidade de primeiro grau: quando no curso de uma
investigação descobre-se fato ou pessoa com a qual há relação de
conexão ou continência.
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Por exemplo, realizada interceptação telefônica para apuração de
tráfico de drogas descobre-se homicídio praticado para facilitar a
execução do tráfico de drogas diante da briga entre duas facções.
Há uma conexão objetiva, por óbvio e portanto, a prova será válida.
b) Serendipidade de segundo grau: é o encontro fortuito de fato não
conexos.
Por exemplo, nas mesmas condições do exemplo anterior, descobre-
se um homicídio praticado por ciúmes. Enfim, a interceptação era para
conseguir informações sobreo tráfico e descobre-se homicídio sem
qualquer conexão.
As seguintes situações são reveladoras de serendipidade de primeiro
grau:
a) a descoberta de prova relativa a outro crime, com relação de
conexão e continência com aquele que é objeto de apuração.
Sobre conexão e continência vejamos o que diz o CPP:
Art. 76. A competência será determinada pela
conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem
sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por
várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas
praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou
para conseguir impunidade ou vantagem em relação
a qualquer delas;
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III - quando a prova de uma infração ou de qualquer
de suas circunstâncias elementares influir na prova
de outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela
continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela
mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições
previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e
54 do
b) a descoberta de provas ou fontes de provas relacionadas a crime
diverso do objeto da investigação, sem relação de conexão ou
continência;
c) a descoberta de que o crime apurado foi praticado em coautoria,
com inclusão de pessoas que ainda não eram investigadas;
d) descoberta de participação de pessoa diversa no crime e que ela
detém foro por prerrogativa de função, seja em coautoria, seja em
crime diverso, com ou sem relação de conexão ou continência.
4.3 Sistemas de apreciação da prova
Diga-se que que o adotado pelo CPP é o sistema do livre convencimento
motivado, cujo o nome reflete uma liberdade da autoridade judicante
na avaliação das provas, podendo utilizar um conteúdo de prova, desde
que de modo fundamentado.
É um regramento que não deve ser interpretado de modo absoluto,
sob pena de que o juiz possa valorar, por exemplo, provas ilícitas, o
que é vedado pela CF.
Neste aspecto de limitação quanto a liberdade de valoração das provas,
temos as seguintes exceções:
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a) vedação a utilização do IP de modo exclusivo
b) vedação à desconsideração da prova relativa ao estado de pessoas.
Por exemplo: Imagine que Amanda, casada com Jorge, resolva contrair
casamento com Frederico. Certamente, há o crime de bigamia, mas, o
juiz resolve desconsiderar a segunda certidão de casamento como
prova da bigamia ,em razão da explicação da mulher, de que o rapaz,
Frederico, era impotente.
É fácil entender que o a prova quanto ao estado de pessoas, nesse
caso, estado civil, não pode ser desconsiderada pelo juiz de direito,
pois já tem força impositiva estabelecida pela lei civil.
c) vedação à desconsideração do exame de corpo de delito nos crimes
que deixam vestígios.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão
do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do
exame de corpo de delito quando se tratar de crime
que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de
2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou
pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
Fora o sistema do livre convencimento motivado, é utilizado
excepcionalmente, o sistema da íntima convicção, no âmbito do
Tribunal do Júri. Nele o jurado convencido de algo, não tem o dever de
fundamentar sua escolha, decisão.
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Abaixo o gráfico representativo dos tipos de sistemas probatórios.
4.4 Provas em espécie
4.4.1 Procedimentos dos exames periciais
Um dos temas mais cobrados, em termos de prova, é o exame pericial
que pode ser uma perícia qualquer, ou uma perícia diante dos crimes
que deixam vestígios, o exame de corpo de delito.
Portanto, cuidado para não fazer confusão, pois a lei evidencia o exame
de corpo de delito e outras periciais no mesmo artigo.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras
perícias serão realizados por perito oficial, portador
de diploma de curso superior
Indiferente a ser uma perícia qualquer, ou uma perícia específica,
exame de corpo de delito, o procedimento é iniciado do mesmo modo:
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1º realização por perito oficial, portador de diploma de curso
superior
2º o perito pode ser questionado (quesitado) pelo Ministério
Público, assistente de acusação, ofendido, querelante e pelo
acusado, podendo estes, inclusive, indicarem assistentes técnicos
(atenção: o assistente técnico atuará a partir de sua
admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames
e elaboração do laudo pelos peritos oficiais,
sendo as partes intimadas dessa decisão)
Art.159, §5º Durante o curso do processo
judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – requerer a oitiva dos peritos para
esclarecerem a prova ou para responderem a
quesitos, desde que o mandado de intimação
e os quesitos ou questões a serem
esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias,
podendo apresentar as respostas em laudo
complementar; (Incluído pela Lei
nº 11.690, de 2008)
II – indicar assistentes técnicos que poderão
apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo
juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6º Havendo requerimento das partes, o
material probatório que serviu de base à perícia
será disponibilizado no ambiente do órgão
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oficial, que manterá sempre sua guarda, e na
presença de perito oficial, para exame pelos
assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação.
Superada as questões procedimentais acima, vamos aos
questionamentos que trazem respostas que interessam na
resolução de questões de múltipla escolha
Qual o prazo para elaboração do laudo pericial?
Art. 160, parágrafo único O laudo pericial será
elaborado no prazo máximo de 10 dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos
excepcionais, a requerimento dos peritos.
A lei fala em um perito oficial. Quer dizer que nunca poderá
ocorrer mais de um perito oficial?
Não, pois a artigo com disposição contrária, tudo a depender da
complexidade da perícia a ser realizada. Há perícias que exigem
vários campos do saber.
Art. 159, § 7º Tratando-se de perícia complexa
que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de
mais de um perito oficial, e a parte indicar mais
de um assistente técnico.
Caso falte perito oficial, o que ocorrerá?
Art. 159, § 1º Na falta de perito oficial, o exame
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior
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preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com
a natureza do exame. (Redação dada
pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o
compromisso de bem e fielmente desempenhar
o encargo. (Redação dada pela
Lei nº 11.690, de 2008)
A súmula 361 do STF reforça o fato de que não pode ser realizada
a perícia, por apenas um perito não oficial.
No processo penal, é nulo o exame realizado por
um só perito, considerando-se impedido o que
tiver funcionado, anteriormente, na diligência
de apreensão.
É nulo o exame realizado por um só perito não oficial,
considerando-se impedido aquele que tiver funcionado,
anteriormente na diligência de apreensão.
A súmula 361 não se aplica aos peritos oficiais.
Excepcionalmente, na lei de Drogas, ocorre flexibilização
legal quanto ao número de peritos não oficiais e quanto ao
impedimento daquele que tenha atuado na fase préprocessual.
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a
autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz
competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do
Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
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§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão
em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga,
firmado por perito oficial ou, na falta deste,
por pessoa idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que
se refere o § 1o deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do
laudo definitivo.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em
flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,
certificará a regularidade formal do laudo de
constatação e determinará a destruição das
drogas apreendidas, guardando-se amostra
necessária à realização do laudo definitivo.
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada
pelo delegado de polícia competente no prazo
de 15 (quinze) dias na presença do Ministério
Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela
Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de
efetivada a destruição das drogas referida no §
3o, sendo lavrado auto circunstanciado pelo
delegado de polícia, certificando-se neste a
destruição total delas. (Incluído pela Lei nº
12.961, de 2014)
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Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas
sem a ocorrência de prisão em flagrante será
feita por incineração, no prazo máximo de 30
(trinta) dias contado da data da apreensão,
guardando-se amostra necessária à realização
do laudo definitivo, aplicando-se, no que
couber, o procedimento dos §§ 3o a 5o do art.
50.
4.1.2 O exame de corpo de delito
Corpo de delito é o objeto sobre o qual recai o exame de corpo
de delito e por esse motivo é um exame especial, que ocorre
sobre os crimes que deixam vestígios.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios,
será indispensável o exame de corpo de delito,
direto (quando os peritos atuam diretamente
sobre os vestígios, como no exemplo da
vítima de lesões comparecer) ou
indireto (quando os peritos não atuam
diretamente sobre os vestígios, já que, por
exemplo, pelo decurso do tempo, não mais
subsistem os vestígios, como a vítima de
lesões que comparece meses depois e
apresenta apenas fotos de lesões que não
são mais perceptíveis),
não podendo supri-lo a confissão do acusado.
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E se não for possível a realização de exame de corpo de
delito direto ou indireto?
Ocorrerá a prova testemunhal, portanto, NÃO CONFUNDA, em
sua prova pode ocorrer de dizerem que
“na falta do exame de corpo de delito direto, teremos a
prova testemunhal que é o exame de corpo de delito
indireto”
Está errada a afirmação acima, já que a prova testemunhal
não é exame de corpo de delito indireto, outrossim, a lei
diz:
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo
de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-
lhe a falta.
Obs.: O exame de corpo de delito indireto não tem qualquer rigor
formal, dispensando a elaboração de laudo.
Será que nas infrações que deixam vestígios é essencial para
o recebimento da denúncia ou queixa o exame de corpo de delito?
Não! Pois os exames ainda podem ser feitos ao tempo da ação
penal. MASSSSSS, CUIDADO, QUANDO O EXAME FOR, POR
LEI, CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE, A SUA PRESENÇA
NA DENÚNCIA OU QUEIXA SERÁ OBRIGATÓRIA.
OCORRE ISSO, POR EXEMPLO, NA LEI DE DROGAS:
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a
autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz
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competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do
Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão
em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo
de constatação da natureza e quantidade
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta
deste, por pessoa idônea.
Art. CARÍSSIMO, NADA DE ESQUECER DA INOVAÇÕES
LEGISLATIVAS. ISSO VAI CAIR NA SUA PROVA.
158. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à
realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva: (Incluído dada
pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso
ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela
Lei nº 13.721, de 2018)
4.1.3 Perícia sobre lesões corporais
Nesse caso temos que nos atentar, inicialmente, para o fato que
existe o exame para se permitir o reconhecimento de uma lesão
leve, grave ou gravíssima.
Realizado o primeiro exame e tendo sido : - incompleto
- ou insuficiente
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Teremos um exame complementar.
Exemplo: Imaginemos que em uma briga alguém tenha sido
perfurado. O agressor utilizara uma faca, o que resultou em
debilidade permanente de um membro.
Nesse caso, sabemos se tratar de uma lesão corporal grave, nos
termos do art. 129 do CP.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a
saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais,
por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro,
sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos
Agora imagine que em razão dessa perfuração mediante uso de
faca, ocorra complicações no estão de saúde da vítima, a
debilidade tornou-se perda do membro.
Nesse caso, a mesma situação viabilizou a piora, levando a lesão
corporal gravíssima.
§ 2° Se resulta:
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I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou
função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Nesse caso, o exame inicial deve ser complementado para
aferição dessa piora.
Das perícias, em caso de lesão corporal, há expressão
legal, que diz respeito a OBRIGAÇÃO DE REALIZAÇÃO DE EXAME
COMPLEMENTAR, NO CASO DO art. 129, §1º, inciso I, do CP (I -
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
dias). Logo, há uma perícia inicial e uma após os trinta dias para
atestar a lesão corporal grave.
Obs.: a perícia complementar anterior aos 30 dias é considerada
ineficaz.
4.1.4 Outras perícias
4.1.4.1 Exame necroscópico
Nada de muita dificuldade por aqui, se for cair exigirá a mera letra
da lei, em concursos ligados a carreiras policiais, agente.
Art. 162. (QUANDO SERÁ FEITA A
AUTÓPSIA?)A autópsia será feita pelo menos
seis horas depois do óbito,
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(PODERÁ SER REALIZADA EM PERÍODO
MENOR?) salvo se os peritos, pela evidência
dos sinais de morte, julgarem que possa ser
feita antes daquele prazo, o que declararão
no auto.
(PODERÁ DEIXAR DE SER REALIZADA)
Parágrafo único. Nos casos de morte
violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal
que apurar, ou quando as lesões externas
permitirem precisar a causa da morte e não
houver necessidade de exame interno para a
verificação de alguma circunstância
relevante.
4.1.4.2 Exumação
Primeiramente vale diferenciar exumação de inumação, o
primeiro é desenterrar, o segundo, enterrar
Art. 163. Em caso de exumação para exame
cadavérico, a autoridade providenciará para
que, em dia e hora previamente marcados, se
realize a diligência, da qual se lavrará auto
circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério
público ou particular indicará o lugar da
sepultura, sob pena de desobediência. No caso
de recusa ou de falta de quem indique a
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sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em
lugar não destinado a inumações, a autoridade
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo
constará do auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre
fotografados na posição em que forem
encontrados, bem como, na medida do possível,
todas as lesões externas e vestígios deixados no
local do crime. (Redação dada
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Art. 165. Para representar as lesões
encontradas no cadáver, os peritos, quando
possível, juntarão ao laudo do exame provas
fotográficas, esquemas ou desenhos,
devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do
cadáver exumado, proceder-se-á ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação
e Estatística ou repartição congênere ou pela
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se
descreverá o cadáver, com todos os sinais e
indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão
arrecadados e autenticados todos os objetos
encontrados, que possam ser úteis para a
identificação do cadáver.
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4.1.4.3 Perícia no caso de incêndio
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos
verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dele tiver resultado
para a vida ou para o patrimônio alheio, a
extensão do dano e o seu valor e as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do
fato.
4.1.4.4 Exame grafotécnico
É possível até a condução coercitiva para tal finalidade, devendo,
portanto, o intimado, comparecer.
O fato de existir condução coercitiva, não significa que a pessoa
da qual se requer uma escrita para comparação tenha que
colaborar nesse sentido, pois, ninguém pode ser obrigado a
produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere).
Conclusão: Não haverá imputação por crime de
desobediência, daquele que não escrever o que o juiz ditar para
posterior comparação, como também não haverá presunção de
culpa.
E se o réu fingir ser canhoto, ou disfarçar a letra no momento
do ditado do juiz, só para dificultar futura perícia? Há crime?
Não! Mais uma vez digo que “ninguém é obrigado a produzir
prova contra si mesmo.”
O réu, igualmente, deve ser intimado para acompanhar o feito,
mesmo que não seja imputado a ele a escrita no documento.
4.1.5 Interrogatório do acusado
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De acordo com o CPP é meio de prova
Art. 185. O acusado que comparecer perante a
autoridade judiciária, no curso do processo
penal, será qualificado e interrogado na
presença de seu defensor, constituído ou
nomeado.
§ 1º O interrogatório do réu preso será
realizado, em sala própria, no estabelecimento
em que estiver recolhido, desde que estejam
garantidas a segurança do juiz, do membro do
Ministério Público e dos auxiliares bem como a
presença do defensor e a publicidade do ato.
§ 10. Do interrogatório deverá constar a
informação sobre a existência de filhos,
respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e
cientificado do inteiro teor da acusação, o
acusado será informado pelo juiz, antes de
iniciar o interrogatório, do seu direito de
permanecer calado e de não responder
perguntas que lhe forem formuladas.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003)
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Parágrafo único. O silêncio, que não importará
em confissão, não poderá ser interpretado em
prejuízo da defesa. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
QUAIS SÃO AS PARTES DO INTERROGATÓRIO?
Art. 187. O interrogatório será constituído de
duas partes:
-sobre a pessoa do acusado: § 1o Na primeira
parte o interrogando será perguntado sobre a
residência, meios de vida ou profissão,
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua
atividade, vida pregressa, notadamente se foi
preso ou processado alguma vez e, em caso
afirmativo, qual o juízo do processo, se houve
suspensão condicional ou condenação, qual a
pena imposta, se a cumpriu e outros dados
familiares e sociais
-sobre os fatos: § 2o Na segunda parte será
perguntado sobre:
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem
algum motivo particular a que atribuí-la, se
conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser
imputada a prática do crime, e quais sejam, e
se com elas esteve antes da prática da infração
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ou depois dela; (Incluído pela Lei
nº 10.792, de 1º.12.2003)
III - onde estava ao tempo em que foi cometida
a infração e se teve notícia desta;
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
IV - as provas já apuradas; (Incluído
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
V - se conhece as vítimas e testemunhas já
inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se
tem o que alegar contra elas;
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
VI - se conhece o instrumento com que foi
praticada a infração, ou qualquer objeto que
com esta se relacione e tenha sido apreendido;
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
VII - todos os demais fatos e pormenores que
conduzam à elucidação dos antecedentes e
circunstâncias da infração; (Incluído
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
COMO SERÁ REALIZADO O INTERROGATÓRIO DO
SURDO MUDO?
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou
do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003)
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I - ao surdo serão apresentadas por escrito as
perguntas, que ele responderá oralmente;
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003)
II - ao mudo as perguntas serão feitas
oralmente, respondendo-as por escrito;
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003)
III - ao surdo-mudo as perguntas serão
formuladas por escrito e do mesmo modo dará
as respostas. (Redação dada
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
COMO SERÁ REALIZADO O INTERROGATÓRIO DE
QUEM NÃO SABE LER E ESCREVER?
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba
ler ou escrever, intervirá no ato, como
intérprete e sob compromisso, pessoa
habilitada a entendê-lo.
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever,
não puder ou não quiser assinar, tal fato será
consignado no termo.
COMO SERÁ REALIZADO O INTERROGATÓRIO DE
QUEM NÃO FALA A LÍNGUA NACIONAL?
Art. 193. Quando o interrogando não falar a
língua nacional, o interrogatório será feito por
meio de intérprete.
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Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a
novo interrogatório de ofício ou a pedido
fundamentado de qualquer das partes.
PODERÁ OCORRER O INTERROGATÓRIO POR VÍDEO
CONFERÊNCIA?
Art. 185 § 2º Excepcionalmente, o juiz, por
decisão fundamentada, de ofício ou a
requerimento das partes, poderá realizar o
interrogatório do réu preso por sistema de
videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo
real, desde que a medida seja necessária para
atender a uma das seguintes finalidades:
(Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)
I - prevenir risco à segurança pública, quando
exista fundada suspeita de que o preso integre
organização criminosa ou de que, por outra
razão, possa fugir durante o deslocamento;
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
II - viabilizar a participação do réu no referido
ato processual, quando haja relevante
dificuldade para seu comparecimento em juízo,
por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
III - impedir a influência do réu no ânimo de
testemunha ou da vítima, desde que não seja
possível colher o depoimento destas por
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videoconferência, nos termos do art. 217 deste
Código; (Incluído pela Lei nº 11.900,
de 2009)
IV - responder à gravíssima questão de ordem
pública. (Incluído pela Lei nº 11.900,
de 2009)
§ 3º Da decisão que determinar a realização de
interrogatório por videoconferência, as partes
serão intimadas com 10 (dez) dias de
antecedência. (Incluído pela Lei nº 11.900,
de 2009)
§4º Antes do interrogatório por
videoconferência, o preso poderá acompanhar,
pelo mesmo sistema tecnológico, a realização
de todos os atos da audiência única de instrução
e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e
531 deste Código. (Incluído pela
Lei nº 11.900, de 2009)
§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório,
o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista
prévia e reservada com o seu defensor; se
realizado por videoconferência, fica também
garantido o acesso a canais telefônicos
reservados para comunicação entre o defensor
que esteja no presídio e o advogado presente
na sala de audiência do Fórum, e entre este e o
preso. (Incluído pela Lei nº 11.900,
de 2009)
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§ 6º A sala reservada no estabelecimento
prisional para a realização de atos processuais
por sistema de videoconferência será fiscalizada
pelos corregedores e pelo juiz de cada causa,
como também pelo Ministério Público e pela
Ordem dos Advogados do Brasil.
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
§ 7º Será requisitada a apresentação do réu
preso em juízo nas hipóteses em que o
interrogatório não se realizar na forma prevista
nos §§ 1º (O interrogatório do réu preso será
realizado, em sala própria, no estabelecimento
em que estiver recolhido, desde que estejam
garantidas a segurança do juiz, do membro do
Ministério Público e dos auxiliares bem como a
presença do defensor e a publicidade do ato.
) e 2º deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 11.900, de 2009)
§ 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o
deste artigo, no que couber, à realização de
outros atos processuais que dependam da
participação de pessoa que esteja presa, como
acareação, reconhecimento de pessoas e coisas,
e inquirição de testemunha ou tomada de
declarações do ofendido. (Incluído
pela Lei nº 11.900, de 2009)
§ 9º Na hipótese do § 8o deste artigo, fica
garantido o acompanhamento do ato processual
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pelo acusado e seu defensor.
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
COMO SÃO FEITAS AS PERGUNTAS, NO CASO DO
INTERROGATÓRIO?
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas
partes diretamente à testemunha, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a
resposta, não tiverem relação com a causa ou
importarem na repetição de outra já
respondida.
4.1.5 Reconhecimento de pessoas e coisas
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-
se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á
pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento
será convidada a descrever a pessoa que deva
ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender,
será colocada, se possível, ao lado de outras
que com ela tiverem qualquer semelhança,
convidando-se quem tiver de fazer o
reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa
chamada para o reconhecimento, por efeito de
intimidação ou outra influência, não diga a
verdade em face da pessoa que deve ser
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reconhecida, a autoridade providenciará para
que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela
pessoa chamada para proceder ao
reconhecimento e por duas testemunhas
presenciais.
Parágrafo único. O disposto no no III deste
artigo não terá aplicação na fase da instrução
criminal ou em plenário de julgamento.
Art. 227. No reconhecimento de objeto,
proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no
artigo anterior, no que for aplicável.
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas
a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de
objeto, cada uma fará a prova em separado,
evitando-se qualquer comunicação entre elas.
Procedimento:
Em caso de receio de intimidação ou influência, a autoridade providenciará que a pessoa que fará o reconhecimento não seja vista pela pessoa a ser reconhecida (não se aplica a instrução, nem ao plenário do Júri)
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4.1.6 Acareação
Pode ocorrer tanto na fase do inquérito quanto na fase do
processo.
Art. 229. A acareação será admitida entre
acusados,
entre acusado e testemunha,
entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa
ofendida,
e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declarações, sobre fatos
ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão
reperguntados, para que expliquem os pontos
de divergências, reduzindo-se a termo o ato de
acareação.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas
declarações divirjam das de outra, que esteja
presente, a esta se darão a conhecer os pontos
da divergência, consignando-se no auto o que
explicar ou observar. Se subsistir a
discordância, expedir-se-á precatória à
autoridade do lugar onde resida a testemunha
ausente, transcrevendo-se as declarações desta
e as da testemunha presente, nos pontos em
que divergirem, bem como o texto do referido
auto, a fim de que se complete a diligência,
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ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma
forma estabelecida para a testemunha
presente. Esta diligência só se realizará quando
não importe demora prejudicial ao processo e o
juiz a entenda conveniente.
4.1.7 Prova documental
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as
partes poderão apresentar documentos em
qualquer fase do processo.
Art. 232. Consideram-se documentos
quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,
públicos ou particulares.
Parágrafo único. À fotografia do documento,
devidamente autenticada, se dará o mesmo
valor do original.
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas
ou obtidas por meios criminosos, não serão
admitidas em juízo.
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas
em juízo pelo respectivo destinatário, para a
defesa de seu direito, ainda que não haja
consentimento do signatário.
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de
documento relativo a ponto relevante da
acusação ou da defesa, providenciará,
independentemente de requerimento de
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qualquer das partes, para sua juntada aos
autos, se possível.
Art. 235. A letra e firma dos documentos
particulares serão submetidas a exame pericial,
quando contestada a sua autenticidade.
Art. 236. Os documentos em língua
estrangeira, sem prejuízo de sua juntada
imediata, serão, se necessário, traduzidos por
tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea
nomeada pela autoridade.
Art. 237. As públicas-formas só terão valor
quando conferidas com o original, em presença
da autoridade.
Art. 238. Os documentos originais, juntos a
processo findo, quando não exista motivo
relevante que justifique a sua conservação nos
autos, poderão, mediante requerimento, e
ouvido o Ministério Público, ser entregues à
parte que os produziu, ficando traslado nos
autos.
Existe restrição para apresentação de documentos na
segunda fase do Tribunal do Júri, nos termos do dispositivo
abaixo:
Art. 479. Durante o julgamento não será
permitida a leitura de documento ou a exibição
de objeto que não tiver sido juntado aos autos
com a antecedência mínima de 3 (três) dias
CADERNO SIFFERMANN DE PROCESSO PENAL
úteis, dando-se ciência à outra parte.
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Compreende-se na proibição
deste artigo a leitura de jornais ou qualquer
outro escrito, bem como a exibição de vídeos,
gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui
ou qualquer outro meio assemelhado, cujo
conteúdo versar sobre a matéria de fato
submetida à apreciação e julgamento dos
jurados.
4.1.8 Indícios e presunções
Art. 239. Considera-se indício a circunstância
conhecida e provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a
existência de outra ou outras circunstâncias.
ATENÇÃO: ESSE MATERIAL CONTARÁ COM COMPLEMENTAÇÃO....