aula 3 - taxas e precos publicos (prof. clarice de araújo)

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Profa. Dra. Clarice von Oertzen de Araujo e-mail: [email protected] TAXAS E PREÇOS PÚBLICOS

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Page 1: AULA 3 - Taxas e Precos Publicos (Prof. Clarice de Araújo)

Profa. Dra. Clarice von Oertzen de Araujo

e-mail: [email protected]

TAXAS E PREÇOS PÚBLICOS

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Contribuição de MelhoriaHá uma polêmica entre o Decreto-lei 195/67 e

os arts. 81 e 82 do CTN. O decreto regulouinteiramente a matéria das contribuições demelhoria. Dispõe sobre normas gerais e temeficácia de lei complementar. Não pode serrevogado ou alterado por lei ordinária, sobpena de violação do art. 146, III da CF. Não háunanimidade sobre a revogação dos arts. DoCTN pelo decreto.

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Contribuição de MelhoriaO critério material da hipótese da norma refere-se a um fato

dúplice: obra pública + valorização imobiliária. Somenteum destes dois elementos não autoriza a instituição dotributo.

A lei que institui a contribuição deve preceder a obra e acobrança deve aguardar o seu término.

Cabe ao Poder Público apresentar os cálculos que irãoembasar a cobrança da CM. O contribuinte deve ter prazopara impugnar administrativamente o critério. Oprocedimento administrativo não impede a revisão peloJudiciário (STJ REsp 671.560/RS maio/07).

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Contribuição de MelhoriaO art. 2º do DL 195/67 enumera as obras públicas

que ensejam a instituição da contribuição demelhoria.

O tributo somente poderá ser exigido nos limitesterritoriais do ente federativo que o instituiu,ainda que a zona de influência na qual se estendea valorização imobiliária seja mais ampla.

A base de cálculo é a valorização imobiliária e não ocusto da obra.

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Serviços PúblicosClassificação STF RE 209.365-3/SP

a) Propriamente estatais: relacionados ao exercício dasoberania – são indelegáveis cuja prestação reflete atuaçãoexclusiva do Estado no exercício da soberania – remuneradosexclusivamente por taxas. Ex: serviços judiciários e emissãode passaportes

b) Essenciais ao interesse público: prestados no interesse dacomunidade – taxas incidentes sobre a utilização efetiva oupotencial. Ex: distribuição de água e coleta de lixo.

c) Não essenciais: passíveis de prestação por particulares viaconcessão/permissão – remuneráveis por tarifas . A sua nãoutilização não traz prejuízos à comunidade. Ex: serviçospostais, telefônicos, energia elétrica, gás.

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As taxasSinalagma: reciprocidade de obrigações em uma

relação bilateral. A vinculação ao serviçopúblico e ao usuário é perfeita (M.A. Greco).

O exercício do Poder de Polícia (art. 78 CTN) e aprestação de serviços públicos são atividadesespecíficas e divisíveis que atendem aointeresse público e devem ser custeadas poraqueles que as provocam ou que dela sebeneficiam, e não por toda a sociedade.

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Taxas de serviço São taxas cobradas pela prestação de serviços públicos.

O serviço público precisa apresentar especificidade e divisibilidade.

Especificidade: referência direta aoparticular,individualização no oferecimento da utilidade ;

Divisibilidade: possibilidade de mensurar o serviçoefetivamente prestado ou posto à disposição docontribuinte, permitindo o cálculo individual do consumo.

É possível a cobrança de utilização potencial de serviçoposto à disposição do contribuinte.

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Taxas de polícia São as taxas exigidas em razão do exercício do poder de

polícia.

O Poder de Polícia consiste na possibilidade do Estadolimitar as liberdades e o direito de propriedade dosadministrados em razão do interesse coletivo.

O Estado exerce o seu poder de vigilância quanto aofuncionamento de atividades que requeremautorização, controle e fiscalização administrativa,

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As taxas: sinalagma Sujeito

Ativo

Sujeito

Passivo

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RMIT das taxas Critério material: atividade do estado diretamente relacionada

ao contribuinte

A base de cálculo deve ser diversa de imposto e deve se referir a uma grandeza relativa á atividade estatal, e não ao patrimônio do contribuinte – art. 145 § 2º CF.

“É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra” – SÚMULA VINCULANTE 29

A vedação impede a criação de impostos disfarçados.

A base de cálculo das taxas deve mensurar o custo da atividade estatal que constitui o aspecto material de sua hipótese de incidência.

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A compulsoriedade Súmula 545 STF: preços de serviços públicos e taxas não se

confundem, porque estas, diferentemente daqueles, sãocompulsórias e têm sua cobrança condicionada à préviaautorização orçamentária em relação à lei que as instituiu.

A vigente ordem constitucional não mais veicula oprincípio da anualidade que subordinava a cobrança dotributo à prévia autorização orçamentária, limitando-se aexigir o princípio da anterioridade.

A importância do uso compulsório diz respeito à finalidadea ser alcançada pela prestação do serviço.

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Serviços Públicos/STF A classificação do STF adota como critério a

importância do uso compulsório de determinadosserviços pelos cidadãos em função da finalidade a seratingida: se o cidadão optar por não usar o serviços(não essenciais), não haverá danos para a sociedade.

Nos serviços essenciais é cobrada a utilização potencialem função do interesse da comunidade e daprevalência do interesse público.

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A tarifaA tarifa é a forma de remuneração do serviço

público cuja execução foi delegada aosparticulares mediante contrato de concessãoou permissão (privatização das empresasestatais/contratos precedidos de licitação).

Os serviços públicos concedidos ou permitidosserão fiscalizados pelo poder concedente(agências reguladoras) e pelos usuários.

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A tarifa O art. 175 da CF estabelece que a lei disporá

sobre o regime jurídico das empresasconcessionárias de serviços públicos;

O art. 22, XXVII da CF atribui competênciaprivativa para a União estabelecer normasgerais de licitação e contratação.

Assim, a remuneração do serviço concedidomediante o pagamento de tarifa tem perfeitorespaldo constitucional.

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Taxa x TarifaArt. 145, II da CF

Art. 146, III da CF

(normas gerais)

Lei 5.172/66 – CTN

tributo

regime tributário

Legalidade

anterioridade

Art. 175 da CF

Art. 22, XXVII da CF

(normas gerais)

Lei 8.987/95

preço

regime administrativo

Eficiência

Equilíbrio econ./financ.

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Reajuste das tarifas O contrato celebrado com o concessionário prevê as bases

e as formas de reajuste da tarifa – são atos administrativos.

Em regra, o ajuste é anual. O governo faz pressão para que os reajustes sejam menores que a previsão contratual.

O usuário, como consumidor, pode socorrer-se doJudiciário contra os reajustes abusivos – art. 5º, XXXII;

Importa saber se o aumento foi autorizado pela agênciareguladora e a extensão dessa autorização.

Se o poder concedente recusar o aumento a empresaconcessionária pode entrar no Judiciário alegandodesequilíbrio econômico/financeiro do contrato.

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Serviço Público e CDC O art. 7º da Lei 8.987 assegura a incidência cumulativa

das normas do Código de Defesa do Consumidor (lei8.078/90) e do Direito Administrativo.

Se a inadequação do serviço provocar dano concreto aousuário, assiste-lhe a faculdade de pleitear indenização,conforme art. 37 § 6º da CF.

A ausência de serviço adequado enseja oportunidade decontrole não apenas pela aplicação do CDC mas tambémpela via da ação popular e da ação civil pública (MarçalJusten Filho, Teoria Geral das Concessões de ServiçoPúblico. Ed. Dialética).

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Serviços Públicos/STF A classificação do STF adota como critério a

importância do uso compulsório de determinadosserviços pelos cidadãos em função da finalidade a seratingida: se o cidadão optar por não usar o serviços(não essenciais), não haverá danos para a sociedade.

Nos serviços essenciais é cobrada a utilização potencialem função do interesse da comunidade e daprevalência do interesse público.

Page 19: AULA 3 - Taxas e Precos Publicos (Prof. Clarice de Araújo)

ANEXO I : efetiva realização de fiscalização

Precedentes no STJ no sentido de ser desnecessária a efetiva fiscalização: Resp 261.571/SP; REsp 969.015/SP; REsp 810.335/RO.

É prescindível a comprovação efetiva doexercício de fiscalização, sendosuficiente a sua potencial existência.

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Serviços Públicos e CDC EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TELEFONIA.

COBRANÇA DE ASSINATURA BÁSICA. DECISÃO RECORRIDA QUE SE LIMITOU AEXAMINAR O CONTRATO ENTRE A CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO EO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE INTERESSE DA ANATEL. CAUSA DECIDIDA,TÃO-SOMENTE, COM BASE NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONALPERTINENTE. PRECEDENTE DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.1. Caso em que não se está a discutir o contrato de concessão entre a agênciareguladora e a concessionária de serviço público. A controvérsia não vinculasenão o consumidor e a concessionária de serviço de telefonia. De mais a mais, aagência reguladora a Anatel não manifestou, expressamente, interesse nasolução da controvérsia. Pelo que não há falar de interesse, jurídico oueconômico, da Anatel. 2. A questão alusiva à cobrança da assinatura básica éunicamente de direito e não apresenta complexidade apta a afastar o seuprocessamento pelo Juizado Especial. 3. Entendimento diverso do adotado pelainstância judicante de origem demandaria o reexame da legislaçãoinfraconstitucional, notadamente o Código de Defesa do Consumidor. 4. Agravoregimental desprovido (AI 611358 AgR / RJ, 23/11/2010).

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Serviços Públicos e CDC EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE HEMODIÁLISE.APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.Inexistência da apontada ofensa ao art. 93, IX, da Constituição federal,porquanto o acórdão recorrido está devidamente fundamentado, aindaque com sua fundamentação não concorde a ora agravante. Alegação deviolação direta e frontal do art. 5º, LV, da Constituição federal.Necessidade de exame prévio de norma infraconstitucional para averificação de contrariedade à Constituição federal. Caracterizadaofensa reflexa ou indireta. Agravo regimental a que se nega provimento -AI 544661 AgR / PE, 23/03/2010.

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Serviços Públicos e CDC EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE

INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO STF.OFENSA INDIRETA. DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇAFEDERAL: IMPOSSIBILIDADE. MULTA. AGRAVO IMPROVIDO. I - Inadmissível orecurso extraordinário se a questão constitucional suscitada não tiver sidoapreciada no acórdão recorrido. Súmula 282 do STF. A tardia alegação de ofensaao texto constitucional, apenas deduzida em embargos de declaração, não supre oprequestionamento. II - Acórdão recorrido que decidiu a questão com base noCódigo de Defesa do Consumidor. Eventual ofensa à Constituição, se ocorrente,seria indireta. III - A jurisprudência da Corte é no sentido de que a alegadaviolação ao art. 5º, LIV e LV, da Constituição, pode configurar, quando muito,situação de ofensa reflexa ao texto constitucional, por demandar a análise delegislação processual ordinária. IV - Ambas as Turmas deste Tribunal firmaramentendimento de que, não havendo interesse da União no feito, compete à JustiçaEstadual julgar demanda entre empresa concessionária de serviço público eparticular. V - Aplicação de multa. VI - Agravo regimental improvido AI 671465AgR / BA, 20/11/2007

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SERVIÇOS. FORNECIMENTO. ÁGUA E ESGOTO. ANEXO II

ÁGUA E ESGOTO. PREÇO PÚBLICO. A matériafoi novamente afetada pelo Plenário no RE518.256, conforme o Informativo STF n. 500,abr/08. Por enquanto, os precedentes do STFsão no sentido de que se trata de preçopúblico.

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Bibliografia: ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. São

Paulo, Malheiros, 6ª edição, 9ª tiragem, 2008;

BATISTA, Joana Paula. Remuneração dos serviços públicos.São Paulo, Malheiros, 2005.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário.17ª edição. São Paulo, Saraiva, 2005;

CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, linguageme método. São Paulo, Noeses, 2008.

DALLARI, Adilson Abreu. Tarifa remuneratória de serviçosconcedidos. In Serviços públicos e direito tributário.Coord. Torres, H. T. São Paulom Quartier Latin, 2005.