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Módulo 4: Abordagem e tratamento dos pacientes críticos Aula 1: Choque: fisiopatogenia, diagnóstico, classificação e tratamento

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  • Módulo 4: Abordagem e tratamento dos pacientes críticos

    Aula 1: Choque: fisiopatogenia, diagnóstico,

    classificação e tratamento

  • “ Um desarranjo grosseiro da maquinaria da vida”

    Samuel Gross, 1872

    “ Uma pausa momentânea no ato da morte”

    John Collins

    Ausência de PERFUSÃO tecidual a nível celular, levando ao metabolismo anaeróbico e à perda da produção de energia

    necessária à vida.

    CHOQUE = HIPOPERFUSÃO SISTÊMICA

    Definição:

  • Falência de Múltiplos Órgãos

  • Relação entre oferta (DO2)e consumo de oxigênio (VO2) nos estados de choque

    Estratégia rápida: aumentar a Fi02

  • P.A.S = D.C x R.V.S

    D.C = V.S x FC

    V.S = PRÉ, PÓS, CONTRATILIDADE

    “FÓRMULAS DA VIDA”

  • Alteração de estado mental

    Oligúria/anúria.

    Taquicardia ou bradicardia.

    Hipotermia.

    Pupilas dilatadas

    TPC aumentado.

    Alterações respiratórias.

    Hipotensão.

    A tríade dos estados avançados de choque: alteração

    no estado mental, hipotensão e acidose metabólica.

    Os principais sinais clínicos de choque

  • Alteração de estado mental

    Escala AVDN

  • Oligúria/anúria.

    Cães e gatos

    Débito urinário fisiológico: 1-2 ml/kg/hora.Débito urinário fisiológico sob fluidoterapia: 2-4 ml/kg/hora.

    Anúria: valores iguais ou inferiores a 0,27 - 0,5 ml/kg/hora.

  • Cães: Taquicardia

    Gatos: Bradicardia relativa ou absoluta

    Causas não esclarecidas:

    Hipotermia: despolarização espontânea diminuída marcapasso

    Estimulação dos barorreceptores: vagal e fibras simpáticas.

    Gatos sépticos: redução da contratilidade ventricular.

    Taquicardia ou bradicardia.

    Cães: resposta ao choque é compensada (hiperdinâmica).

    Gato: resposta ao choque é descompensada (hipodinâmica).

  • Gatos (choque é descompensado)

    Hipotermia:

    1. Falha parcial - 34ºC

    2. Falha TOTAL - 32ºC

    SOBRECARGA de fluidoterapia.

    Contração esplênica menos eficiente.

    Volume sanguíneo: 50 ml/kg

    Mantem do DC pela FC

    Hipotensão

    Hipotermia

    Bradicardia

  • Hipotensão

    PAM: < 65 mmHg.

    PAS: < 90 mmHg para cães.

    < 100-110 para gatos.

    QUEDA de 40 mmHg do valor basal

    O diagnóstico do choque deve ser dado antes do quadro de hipotensão!

  • Acidose metabólica

    Distúrbio do EAB: excesso relativo ou absoluto de ácidos fixos.

    Queda da concentração de bicarbonato.

    Excesso de ácidos.

    Redução secundária da PaCO2.

    Fique atento: A taquipneia pode iniciar dentro de MINUTOS após a instalação da

    acidose metabólica.

    Cães: PCO2 reduz 0, 7 mmHg por 1 mmol/L de queda HCO3mmol/L

  • Acidose metabólica

    Avaliar além do frequência o RITMO RESPIRATÓRIO.

    Ritmo de Kussmaul: principalmente por acidose metabólica grave

  • Hemograma.

    Hemogasometria venosa e arterial.

    Perfil hepático e renal.

    Coagulograma.

    Exames de imagem.

    Mensuração lactato sérico.

    Exames auxiliares na identificação de hipoperfusão

  • Hipovolêmico

    Cardiogênico

    Distributivo

    Obstrutivo

    Classificação

    AnafiláticoNeurogênicoFarmacológico Séptico

  • Choque hipovolêmicoDefinição: Volume intravascular é inadequado.

    Absoluto ou Relativo

    Absoluto: perda hídrica para o terceiro espaço

    Relativo: vasodilatação

    Hemorrágico x não hemorrágico

    Hemorrágico: perda sanguínea interna e externa (+ comum)

    Não-hemorrágico: plasma, fluidos e eletrólitos, aumento diurese

    V.S = PRÉ, PÓS, CONTRATILIDADE

  • Choque hipovolêmico hemorrágico

  • Choque hipovolêmico não hemorrágico

  • Choque hipovolêmico

    Tratamento do choque hipovolêmico hemorrágico:

    Controle cirúrgico do sítio hemorrágico.

    Correção dos distúrbios de coagulação.

    Transfusão de sangue total.

  • Choque hipovolêmicoQuando o paciente se beneficia de transfusão de sangue total?

    Baixa concentração celular sanguínea associada a sinais clínicos.

    Parâmetros de hemoglobina e de hematócrito

    Cão: HEMOGLOBINA < 5g/100ml e HEMATÓCRITO

  • Classificação de Baskett (1990)

    Classe I: hipovolemia.

    Classe II: Choque hipovolêmico sem hipotensão.

    Classe III: Choque hipovolêmico com hipotensão e repercussões no nível de consciência.

    Classe IV: Choque hipovolêmico com hipotensão e repercussões no nível de consciência e renais.

    Classificação pode nortear o tratamento: Cristalóide e/ou

    transfusão

    Como fazer inferências sobre a necessidade de transfusão?

  • AFAST positivo

    AFS: Abdominal Fluid Score - Quantificação de líquido livre

    em decúbito lateral.

    AFS 1: positivo em qualquer local; mais comum na região HD

    AFS 2: positivo em pelo menos dois locais; mais comum na

    região HD e CC.

    AFS 3: positivo em três locais e de maior gravidade

    prognóstica

    AFS 4: positivo em todas as quatro regiões

    Como fazer inferências sobre a necessidade de transfusão?

  • Valoriza derrames mais leves, facilita o rastreamento da

    resolução ou aumento dos líquidos pleurais.

    AFS1 ou AFS2: pequenas perdas de sangue – isolado não

    justifica a anemia e transfusões sanguíneas e < chance de

    intervenções cirúrgicas/transfusionais.

    AFS3 ou AFS4: grandes perdas de sangue – isolado justifica a

    anemia e transfusões sanguíneas.

    Não é indicado LAPAROTOMIA/TRANSFUSÃO

    de forma generalizada!

    Como fazer inferências sobre a necessidade de transfusão?

  • Quando manter uma hipotensão permissiva?PAS: 80-90 mmHgPAM: 50-60 mmHg por 60-90 minutos

  • Choque hipovolêmico não hemorrágicoTratamento

    Cristalóides, Colóides ou ambos.

    Taxa de choque (1 a 2 horas)

    Cão: 90 ml/kg/hora

    Gatos: 40-60 ml/kg/hora

    Provas de carga20 ml/kg em 15 minutos - cão10 ml/kg em 15 minutos - gato

    ATÉ 3 PROVAS – considerar cardiopatas e idosos.

    COLÓIDES

    5 ml/kg cão - 20 ml/kg/dia.2-5 ml/kg gato - 10 ml/kg/dia.

  • Choque hipovolêmico não hemorrágico

    Tratamento

    Solução salina hipertônica 7%; 7,5% e 23%.

    Restituição rápida.

    Curta duração (30-60 minutos).

    Dose: 4-5 ml/kg cão.

    2-4 ml/kg gato.

    Respeitar a velocidade 1 ml/kg/min

    Associar ao uso de cristaloides.

  • Choque cardiogênico Deficiência do coração como bomba.

    Intrínseca ou extrínseca.

    Choque descompensado.

    Volume intravascular normal ou aumentado.

    Paciente frequentemente vêm a óbito por edema pulmonar!

    Obstrução da via de saída ventricular.

    Distúrbios de ritmo.

    Disfunções valvares e/ou ventriculares.

  • Choque cardiogênicoTratamento:Controle de arritmias.

    Remoção de fluídos tamponantes.

    Diminuição da pós-carga.

    Redução da hipervolemia.

    Arritmia grave mais frequente na UTI é a TAQUICARDIA VENTRICULAR SUSTENTADA

  • Choque cardiogênico

    Controle imediato

    Mais comum em cães

    Três ou mais CVP em sequência

    Foco ventricular ectópico

    Lidocaína

    Bolus (até 8 vezes de 2 mg/kg, IV).

    Infusão contínua (20-50 µg/kg/min, IV).

  • Choque cardiogênico

    DESARRANJO METABÓLICO ou DOENÇA MIOCÁRDICA

    Cardiomiopatia dilatada. Cardiomiopatia hipertrófica. Miocardite traumática. Neoplasias.

    Hipóxia, uremia, fármaco. Desequilíbrios eletrolíticos. SIRS e Sepse. Dilatação torção vólvulo gástrica.

  • Choque cardiogênico

    Choque

  • Choque obstrutivo

    Impedimento ou restrição ao RETORNO VENOSO

    Pneumotórax, efusão pleural.

    Hérnia diafragmática.

    Tamponamento cardíaco.

    Hiperinsulflação pulmonar.

    Compressão das cavas.

    Síndrome dilatação vólvulo-gástrica.

    Síndrome compartimental abdominal.

  • Choque obstrutivo

  • Choque distributivo

    Aumento agudo da capacitância vascular (redução da RVP)

    Volume intravascular normal

    ANAFILÁTICO: reação inflamatória desencadeada por complexoantígeno-anticorpo.

    NEUROGÊNICO: abolição ou redução acentuado do tônusvasomotor por disfunção central (trauma agudo coluna, TCE,anestesia epidural).

    FARMACOLÓGICO: ação de agentes químicos exógenos.

    SÉPTICO: desencadeado por processo infeccioso grave..

  • Choque distributivoANAFILÁTICO: reação inflamatória desencadeada porcomplexo antígeno-anticorpo.

  • Choque distributivo

    Peculiaridades do choque anafilático

    Cão:

    Cardiocirculatório e no TGI.

    EDEMA INTERSTICIAL, TRANSLOCAÇÃO de FLUIDOS eDIARRÉIA HEMORRAGICA AGUDA.

    Gato:

    Pulmão e Fígado

    Alta incidência de broncoespasmos.

  • Choque distributivo

    Tratamento do choque anafilático

    1 • Adrenalina

    α1 adrenérgico: reverte a vasodilatação periférica.

    β1: inotrópico, cronotrópico e perfusão coronariana.

    β2: reduz a liberação de mediadores inflamatórios e

    geram broncodilatação.

    Não há contra indicação absoluta para o uso de adrenalina

  • Adrenalina

    Bolus: 0,01 – 0,1 mg/kg - Choque circulatório grave (IV).

    Após 5-15 ou 2-3 min ou ( ½ ).

    Infusão contínua: 0,05 mcg/kg/min ou 4 mcg/kg/hora

    “ A administração de bolus IV seriados tem sido associado à

    óbito, por hipóxia miocárdica e arritmias.”

    4 mg de adrenalina em 1 litro de fluido.

    Taxa: 1 ml/ kg / hora

    Manejo imediato (Abordagem primária)

  • 2 • Solução cristaloide isotônica

    Manejo imediato (Abordagem primária)

    Associar:

    Tratamento para broncoespasmo

    Aminofilina: 5 mg/kg (IV), se não responder em 10 minutos.

    Terbutalina 0,01 mg/kg (SC).

    Outros fármacos:

    Dobutamina: 5-20 mcg/kg/min.

    Norepinefrina: 0,1- 2,0 mcg/kg/min

    Bradicardia:

    Atropina: 0,04 mcg/kg (IV)

  • Anti-histamínico:

    Podem ter MAIS RISCOS QUE BENEFÍCIOS na fase aguda,

    INCLUINDO HIPOTENSÃO, caso a administração seja rápida por via

    (IV).

    Esteroides de ação rápida:

    Atuam inibindo a transcrição de genes que codificam proteínas pró-

    inflamatórias.

    NÃO HÁ COMPROVAÇÃO que a abordagem SECUNDÁRIA melhore o

    desfecho dos pacientes.

    Abordagem secundária

  • Após estabilização cardiocirculatória

    Anti-histaminico:

    Difenidramida: 0,5 - 2,0 mg/kg (IM)

    Ranitidina: 1,0-2,0 mg/kg 12/12h (SC)

    Prometazina: 0,2-0,4 mg/kg (IV ou IM)

    Esteroides de ação rápida:

    Dexametasona: 0,5 a 4,0 mg/kg (IV)

    Metilprednisolona: 2- 20 mg/kg (IV)

    Prevenir uma reação bifásica

    ?

    Abordagem secundária

  • Choque distributivoNEUROGÊNICO: abolição ou redução acentuado do tônus vasomotor por disfunção central.

    Principal causa: traumas de alta energia em coluna

    Tratamento:

    Imobilização. Restituição volêmica rápida. Restauração da pós-carga. Controle da bradicardia, quando presente. Uso de corticoides.

  • Choque distributivo

    1. Falta de consenso .

    2. Uso cada vez mais reduzido em medicina humana e veterinária

    3. Caso utilizar até 2 horas após injúria:

    Bolus: 30 mg/kg de MPSS de bolus inicial

    CRI: 4-5 mg/kg/h por 24 horas, bolus adicionais em 2-6 horas

    Uso de corticoides.

  • Metas no tratamento do choque

    Restauração dos sinais vitais.

    Restaurar o peso.

    Recuperação do estado mental.

    Mucosas normais (coloração e umidade) , turgor cutâneo e TPC

    PAS maior que 90-100 mmHg.

    Concentração sérica de lactato menor que 2,5 mmol/L.

    VG maior que 25%.

    Débito urinário maior que 1 mL/kg/h.

    Oxímetro de pulso maior que 93% FiO2 de 21%.

  • Finalizando

    Reconhecimento e classificação precoces.

    Adotar medidas baseadas na fisiopatogenia.

    Terapia baseada em metas.

    Desfecho desfavorável.