aula 05 - dos atos ilícitos

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AULA 05 DOS ATOS ILÍCITOS Meus Amigos e Alunos. Tendo-se em vista a mudança ocorrida no Edital, adequando, agora, sim, ao novo Código Civil, precisamos fazer um acréscimo. Precisamos falar um pouco sobre o Ato Ilícito. Este tema geralmente está ligado a outro tema: responsabilidade civil. O edital fala apenas em Ato Ilícito. No entanto, algumas questões que tenho visto cair, mesmo o edital exigindo apenas o Ato Ilícito, cai, ao menos uma noção da Responsabilidade Civil, dada a sua ligação. Assim, conforme veremos, algumas questões ligam este dois temas. Coloquei também alguns dispositivos do Código sobre a responsabilidade civil. Outra coisa. Estou adiantando esta e também a próxima aula referente aos Contratos. Isto para dar mais tempo ao aluno de estudar a matéria e também de poder elucidar suas dúvidas em nosso “Fórum”. C Ó D I G O C I V I L Dos Atos Ilícitos Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

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Page 1: Aula 05 - Dos Atos Ilícitos

AULA 05

DOS ATOS ILÍCITOS

Meus Amigos e Alunos. Tendo-se em vista a mudança ocorrida no Edital, adequando, agora, sim, ao novo Código Civil, precisamos fazer um acréscimo. Precisamos falar um pouco sobre o Ato Ilícito. Este tema geralmente está ligado a outro tema: responsabilidade civil. O edital fala apenas em Ato Ilícito. No entanto, algumas questões que tenho visto cair, mesmo o edital exigindo apenas o Ato Ilícito, cai, ao menos uma noção da Responsabilidade Civil, dada a sua ligação. Assim, conforme veremos, algumas questões ligam este dois temas. Coloquei também alguns dispositivos do Código sobre a responsabilidade civil.

Outra coisa. Estou adiantando esta e também a próxima aula referente aos Contratos. Isto para dar mais tempo ao aluno de estudar a matéria e também de poder elucidar suas dúvidas em nosso “Fórum”.

C Ó D I G O C I V I L

Dos Atos Ilícitos

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

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Da Responsabilidade Civil

Da Obrigação de Indenizar

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

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V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

QQUUAADDRROO SSIINNÓÓTTIICCOO

AATTOO IILLÍÍCCIITTOO ((aarrttss.. 118866//118888 CCCC))

RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE CCIIVVIILL ((aarrttss.. 992277 sseeggttss.. CCCC))

I – Conceitos

Ato Ilícito (art. 186 CC) – é o praticado em desacordo com a norma jurídica, causando danos a terceiros e criando o dever de repará-los.

Abuso de Direito (art. 187 CC) – também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos costumes.

II – Responsabilidade Civil

a) Responsabilidade Contratual → surge pelo descumprimento de uma cláusula do contrato. Exemplo: o inquilino que não paga o aluguel.

b) Responsabilidade Aquiliana (ou extracontratual) → deriva de inobservância de qualquer outro preceito legal; de normas gerais de conduta, como o respeito às pessoas e aos bens alheios; deriva de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto pela lei. Exemplo: motorista em excesso de velocidade que provoca um atropelamento.

III – Teorias

A) Objetiva – deve-se provar: 1. Conduta → positiva (ação) ou negativa (omissão).

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2. Dano → patrimonial (dano emergente – o que efetivamente perdeu ou lucro cessante – aquilo que deixou de ganhar) e/ou moral (extrapatrimonial). 3. Nexo Causal (ou relação de causalidade) entre a conduta e o dano.

B) Subjetiva – deve-se provar:

1. Conduta

2. Dano

3. Nexo Casual

4. Elemento Subjetivo que é Culpa em Sentido Amplo → Dolo (ação voluntária – quis ou assumiu o risco do resultado da conduta) ou Culpa (em sentido estrito – imprudência, negligência ou imperícia).

IV – Teoria adotada pelo Código Civil

Regra → Subjetiva – art. 186 CC: aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Exceções: mesmo no Direito Civil pode haver a responsabilidade objetiva. Ex: art. 927, parágrafo único – Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem.

V – Obrigação de Indenizar – art. 927 CC: aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

VI – Responsabilidade por Atos de Terceiros – art. 932 CC – pais, tutores, empregador, donos de hotéis.

VII – Exclusão da Ilicitude – art. 188 CC – legítima defesa, exercício regular de um direito, estado de necessidade, remoção de perigo iminente, ausência de nexo de causalidade, culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.

VIII – Transmissibilidade do dever de indenizar – vindo a falecer o responsável pela indenização e como seus bens passam a seus herdeiros, estes, dentro das forças da herança, deverão reparar o dano ao ofendido (art. 943 CC).

TESTES

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01 – Ao atravessar determinado cruzamento, fora da faixa de pedestres, Antônio é atropelado e morto por Acácio, que dirigia o veículo de seu amigo José, veículo esse que apresentava visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura, além de estar em atraso com o pagamento do IPVA. No caso:

a) existe responsabilidade subjetiva do motorista (perante o dono do veículo, por via de regresso) e responsabilidade objetiva do proprietário do veículo (perante a vítima), por apresentar esse veículo visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura e, também, por estar em atraso com o pagamento do IPVA; responsabilidades essas atenuadas ante a ocorrência de culpa concorrente da vítima.

b) existe responsabilidade subjetiva do motorista, por trafegar com veículo que apresenta visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura, e que também se encontra em atraso com o pagamento do IPVA.

c) não existe responsabilidade do motorista, nem de seu amigo (proprietário do veículo), por ter sido o dano causado por culpa exclusiva do pedestre, o que constitui excludente total de responsabilidade civil.

d) existe responsabilidade objetiva do proprietário do veículo, por emprestar, ao seu amigo, veículo que apresenta visíveis sinais de deterioração na lataria e na pintura, e que também se encontra em atraso com o pagamento do IPVA; responsabilidade essa atenuada ante a ocorrência de culpa concorrente da vítima.

02 – Há obrigação de reparar:

a) quando o dano advém de atividade de natureza perigosa, normalmente desenvolvida pelo autor o dano, independentemente de culpa.

b) quando o dano advém de atividade perigosa, normalmente desenvolvida pelo autor do dano, somente depois de apurada a sua culpa e, conseqüentemente, sua responsabilidade.

c) somente quando a vítima não concorre para o evento danoso.

d) quando o dano é provocado por ataque de animal, ainda que fique provada a culpa exclusiva da vítima.

03 – “A”, proprietário de um veículo, empresta-o a “B”, em um domingo, para este transportar um objeto seu (de “A”) para

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Guarujá. Durante o trajeto, “B”, por realizar uma ultrapassagem em local proibido, abalroou e danificou o veículo de “C”.

a) “A” e “B” devem indenizar os prejuízos de “C”, porque houve culpa in eligendo e in vigilando de “A”, e negligência de “B”. Trata-se de responsabilidade subjetiva de “A” e de “B”.

b) “A” e “B” devem indenizar os danos de “C”, porque “A” é responsável objetivamente, por ser comitente, e “B” é responsável subjetivamente, por ter agido com culpa, sendo ambos solidários ao pagamento da indenização.

c) “A” e “B” devem indenizar, solidariamente, os prejuízos sofridos por “C”, porque são subjetivamente responsáveis.

d) Somente “B” deve indenizar os prejuízos de “C”, porque foi o único culpado. Trata-se de responsabilidade subjetiva, exclusivamente dele.

04 – Um cirurgião plástico foi locatário, por uma semana, de centro cirúrgico em hospital de renome. Neste período realizou diversas cirurgias, todas com sucesso. Mas em uma delas, apesar de ministrar todos os recursos médicos na intervenção cirúrgica, a paciente veio a falecer. Assinale a resposta correta, indicando a quem cabe a responsabilidade pelo evento.

a) ao médico, se provada sua culpa no evento.

b) ao médico e ao hospital, cumulativamente, pelo vínculo decorrente da locação celebrada.

c) ao médico, pela teoria da responsabilidade objetiva.

d) ao médico, pela teoria do risco profissional.

05 – "A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento". Essa afirmação:

a) é correta, pois o estacionamento é um atrativo para o cliente da empresa e o valor do seu uso considera-se embutido no preço da mercadoria ou do serviço vendido pela empresa.

b) é correta, mas apenas se a empresa deixar de avisar aos clientes, por meio de placa legível, colocada na entrada do estacionamento, que não se responsabiliza pelos bens deixados sob sua guarda.

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c) é incorreta, uma vez que só tem aplicação quando o estacionamento é administrado por empresa do ramo e a guarda do veículo é cobrada do cliente.

d) incorreta, uma vez que se trata de responsabilidade por ato ou fato de terceiro e, portanto, objetiva.

06 – No que se refere à responsabilidade civil fundada na Teoria Objetiva, é correto afirmar, de acordo com o Código Civil, que:

a) a teoria objetiva não foi acolhida em nosso Direito, não se vislumbrando situações para a sua aplicação.

b) não é necessário que a vítima prove o dano causado pela conduta do agente.

c) não é necessário que a vítima prove que a conduta do agente foi culposa ou dolosa.

d) não é necessário que a vítima prove a existência do nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano.

e) a vítima não precisa provar o dolo do autor do dano, mas precisa, no mínimo, provar a sua negligência.

07 – Acerca do Ato Ilícito, assinale a opção correta:

a) Havendo culpa do agente e da própria vítima (culpa concorrente), haverá causa de exclusão de ilicitude.

b) Dano emergente compreende aquilo que a vítima efetivamente perdeu e o que razoavelmente deixou de ganhar com a ocorrência do fato danoso.

c) O ato praticado com abuso de direito, mesmo se não houver causado dano à vitima ou ao seu patrimônio, resulta em dever de indenizar em virtude da violação a um dever de conduta.

d) O dano patrimonial atinge os bens jurídicos que integram o patrimônio da vítima. Por patrimônio deve-se entender o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro, bem como aqueles direitos integrantes da personalidade de uma pessoa.

e) Se houve o dano, mas a sua causa não está relacionada com a conduta do agente, não há relação de causalidade e nem obrigação de indenizar.

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08 – Quanto à matéria de responsabilidade civil, assinale a assertiva correta:

a) a pessoa jurídica não pode ser indenizada por dano moral.

b) o incapaz não responde civilmente por seus atos em hipótese alguma.

c) há responsabilidade objetiva, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

d) no Direito Civil brasileiro, a indenização devida pelo autor do dano à vítima não pode ser reduzida pelo Juiz de Direito.

09 – Existe responsabilidade civil subjetiva por ato:

a) lícito ou por fato jurídico, independentemente de culpa, somente nos casos especificados em lei.

b) lícito ou por fato jurídico, independentemente de culpa, somente nos quando de constatar risco ao direito de outrem.

c) ilícito, pouco importando o nexo causal.

d) ilícito, somente se apurado o dolo do agente.

e) ilícito, apurando-se a culpa do agente.

10 – Antônio emprestou para Benedito seu automóvel, por um dia. Benedito estava trafegando normalmente pela cidade quando foi assaltado em um semáforo. Nesse caso:

a) Benedito terá que restituir o valor do automóvel, mais perdas e danos.

b) Benedito terá que restituir o valor do automóvel, pura e simplesmente.

c) Benedito nada terá que restituir a Antônio.

d) Benedito terá que pagar, tão somente, as perdas e danos.

e) Trata-se de ato ilícito praticado por Benedito, perfeitamente indenizável.

11 – O titular de um direito que o exerce de modo abusivo, excedendo os limites da boa-fé ou de seu fim social, pratica ato:

a) ilícito e que pode ensejar reparação civil.

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b) lícito, mas que pode ensejar reparação civil.

c) lícito, apesar de seu abuso.

d) ilícito, mas sem possibilidade de reparação civil.

GABARITO COMENTADO

01 – Alternativa correta letra “c”. No caso a responsabilidade seria subjetiva da pessoa que atropelou. Mas, para que fique configurada esse tipo de responsabilidade subjetiva, é imprescindível a existência dos seguintes requisitos: conduta, dano, nexo de causalidade e elemento subjetivo (culpa em sentido amplo). No caso não houve culpa do motorista. Na verdade, a culpa foi exclusiva da vítima (a deterioração da pintura e o atraso do pagamento do IPVA, não influíram no resultado). Portanto, afasta-se o dever de indenizar, nos termos do art. 186, CC/02. As letras “a”, “b”, “d” estão erradas. Não há nexo de causalidade entre a lataria velha e o atraso na documentação e o atropelamento (a menos que a vítima tivesse morrido de tétano...). No caso concreto, não havendo responsabilidade da pessoa que atropelou, também não haverá do dono do carro.

02 – Alternativa correta – letra “a”. A regra no Direito Civil é que a responsabilidade é do tipo subjetiva, sendo necessário provar a culpa em sentido amplo do agente. Excepcionalmente nosso Código estabelece que a responsabilidade será do tipo objetiva. No caso em concreto, o art. 927, parágrafo único, do CC prevê a responsabilidade objetiva (independentemente de culpa) quando a atividade do autor do dano importar, por sua natureza, potencial risco para direitos de outrem. Por tal motivo a alternativa está correta. A letra “b” está errada, pois no caso a responsabilidade, que é objetiva, não depende de apuração culpa. A letra “c” também está errada, pois não é “somente” quando a vítima concorre para o evento que há obrigação de reparar o dano. Há casos até que mesmo a vítima concorrendo para a conduta (culpa concorrente), há a responsabilidade civil. Neste caso, tanto o autor do dano como a vítima agem de forma errada; o autor do dano responde pelo fato, ou seja, deve indenizar, porém sua responsabilidade (e conseqüente indenização) será reduzida proporcionalmente. A “d” também está errada. Notem: se houve culpa exclusiva da vítima (por exemplo, ficou provado que o animal estava preso, mas conseguiu se libertar da coleira porque a própria vítima provocou o animal, que, enfurecido, arrebentou a corrente), exclui a conduta do dono do animal.

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03 – Alternativa correta – letra “b”. A questão trata de hipótese de responsabilidade civil por ato de outrem, ou seja, no caso concreto do comitente. Cuidado com essa palavra. Não é raro cair, pois confunde. Quem é o comitente? É aquele que dá uma ordem. Já o preposto é quem cumpre a ordem. No caso da questão “A” é o comitente e “B” é o preposto. Este estava levando objetos de “A”, cumprindo uma ordem do mesmo. Nesta hipótese (e também nas demais arroladas no art. 932, CC/02), a lei estabelece a responsabilidade solidária entre os envolvidos (art. 942, parágrafo único). “B” responde porque teve culpa – responsabilidade subjetiva. “A” responde por que era o comitente – responsabilidade objetiva. E há entre eles (“A” e “B”) responsabilidade solidária. Isto é, “C” pode acionar judicialmente somente “A”, ou somente “B” ou os dois ao mesmo tempo (na prática prefere-se acionar os dois).

04 – Alternativa correta – letra “a”. Os profissionais liberais, como regra, têm uma obrigação de meio (diligência) e não de fim (resultado), logo, se foram ministrados todos os recursos médicos cabíveis, afasta-se a responsabilidade pelo dano causado. Não houve ato ilícito. Na questão verifica-se que o profissional ministrou todos os recursos disponíveis ao paciente. Portanto não responde pelo fato. A menos que se prove “culpa”. Mas no caso esta não ocorreu na questão.

05 – Alternativa correta – letra “a”. Não há previsão expressa na lei sobre este tema. Mas reiteradamente nossos Tribunais vêm entendendo que os estabelecimentos (supermercados, restaurantes, shopping center, etc.) que oferecem estacionamento aos seus clientes respondem por quaisquer danos causados aos veículos, ainda que o serviço seja gratuito. Tem-se entendido desta forma porque o preço do estacionamento estaria embutido no preço da mercadoria. Mesmo que o estabelecimento coloque uma placa isentando a sua responsabilidade (“não nos responsabilizamos.... ”), esta afirmação não tem valor algum, pois a regra é que estabelecimento responde por eventuais danos (responsabilidade objetiva). Aliás, é isso que determina também o Código de Defesa do Consumidor.

06 – Alternativa correta – letra “c”. O Direito Civil adotou a Teoria Subjetiva em relação à responsabilidade, pois o art. 186 CC se refere à uma conduta voluntária (dolo) ou a uma negligência ou imprudência (que são modalidades da culpa). Porém, nosso Código

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prevê diversas hipóteses relativas também à Teoria Objetiva. Ela existe em nosso Código e em diversas leis especiais. Portanto a letra “a” está errada, pois apesar de não ter acolhido a Teoria Objetiva, como regra, vislumbram-se diversas situações para a sua aplicação. E o que se deve provar baseado nesta Teoria? = Prova-se uma conduta positiva (ação) ou negativa (omissão); o dano (patrimonial ou moral) e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Portanto as letras “b” e “d” estão erradas, pois afirmam não ser necessária a prova do dano e do nexo. Também não é necessária a prova de que a conduta foi dolosa ou culposa (letra “e” errada, pois afirma ser necessária a prova, no mínimo, da negligência). A prova do dolo ou da culpa somente seria necessária no caso da Teoria da Subjetiva.

07 – Alternativa correta – letra “e”. Para haver indenização é preciso provar a conduta, o dano e a relação de causalidade (na responsabilidade subjetiva ainda se deve provar o elemento subjetivo – dolo ou culpa). Se houve um dano, mas este não foi provocado pela conduta do agente, não houve relação de causalidade, não havendo, portanto, a obrigação de indenização, pois faltou um elemento essencial para isso (o nexo causal). A letra “a” está errada, pois havendo culpa concorrente, continua a obrigação de indenizar. O art. 945 do CC prevê que se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano; assim o valor da indenização poderá ser reduzido proporcionalmente pelo Juiz; esta só não será mais cabível se houver culpa exclusiva da vítima. A letra “b” também está errada, pois ela generalizou. De fato, dano emergente compreende aquilo que a vítima efetivamente perdeu. Mas chamamos de lucro cessante aquilo que razoavelmente a pessoa deixou de ganhar com a ocorrência do fato danoso. A letra “c” está errada, pois somente haverá a obrigação de indenizar se houver o dano, que pode ser patrimonial ou moral. Observem que na questão houve a afirmação de que “não houve dano à pessoa (moral) nem a seu patrimônio (patrimonial)”. Finalmente a letra “d” também está errada, pois o dano patrimonial realmente atinge os bens jurídicos que integram o patrimônio da vítima. No entanto, devemos entender por patrimônio o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro. Já os direitos integrantes da personalidade de uma pessoa, são chamados de direitos personalíssimos.

08 – Alternativa correta – letra “c”. Como já vimos nas questões acima, a responsabilidade no Direito Civil, como regra, é

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subjetiva. Mas há muitas exceções. Uma delas é a hipótese prevista no parágrafo único do artigo 927 do CC: haverá obrigação de reparar o dano (independentemente de culpa) nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. A letra “a” está errada, pois tanto a pessoa natural, como a jurídica podem sofrer prejuízos quanto a imagem e por isso podem ser indenizadas por estes danos morais. Lembrem-se de que o art. 52 CC prevê que “aplicam-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. A letra “b” está errada, pois o art. 928 determina que o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes, portanto eles possuem a chamada responsabilidade subsidiária. A letra “d” também está errada, pois o art. 944, parágrafo único determina que se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.

09 – Alternativa correta – letra “e”. A questão é um tanto capciosa. Observem que quando o examinador se refere a “culpa”, na letra “e”, está fazendo de forma ampla, ou seja, abrangendo a culpa em sentido estrito e o dolo. Já a letra “d” está errada, pois somente faz referência ao dolo. As letras “a” e “b” estão erradas, pois se o agente praticou um ato lícito, no Direito Civil, não há a obrigação de indenizar. Por fim a letra “c” está errada, pois o nexo causal é elemento essencial para a caracterização do ato ilícito e sua responsabilidade.

10 – Alternativa correta – letra “c”. Na hipótese não houve ato ilícito por parte de Benedito. Por isso, não será preciso indenizar Antônio. Se Benedito estivesse trafegando por locais considerados perigosos, assumindo o risco de ser assaltado, poderia ser obrigado a uma indenização. A doutrina e a jurisprudência consideram o “assalto”, em que a vítima nada contribuiu para o fato, como hipótese de “força maior”. Desta forma não haverá indenização. O “empréstimo” mencionado na questão, tratou-se de um contrato de comodato, que perdeu o objeto em razão do “assalto”. O art. 393, caput do CC prevê que o devedor (no caso Benedito) não responde pelos prejuízos resultantes do caso fortuito ou força maior, salvo se expressamente por eles houver se responsabilizado. O art. 238 reforça esta tese, prevendo que se a obrigação for de restituir coisa certa (o veículo), e ela, sem culpa do devedor (Benedito), se perder antes da tradição (entrega), sofrerá o credor (Antônio) as conseqüências da perda da coisa, e a

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obrigação se resolverá (irá se extinguir). Portanto, na prática, quando se empresta algo a alguém, deve-se, por cautela, exigir do devedor que fique o mesmo responsável pela coisa, até mesmo em situações de caso fortuito ou força maior.

11 – Alternativa correta – letra “a”. Prevê o art. 187 do CC: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Já o art. 927 CC determina que “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Portanto houve a prática de ato ilícito e este pode ensejar ação visando reparação civil do dano, obrigando o seu autor a reparar o dano.