aula 04.04 - direito de família

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AULA 04/04 - DIREITO DE FAMÍLIA Professora Fernanda Tartuce www.fernandatartuce.com.br Fernanda Tartuce II (facebook) @fernandatartuce (twitter). Caráter transubstancial do processo Vocação para atender grande gama de situações controvertidas com diferentes perfis independentemente dos conteúdos substanciais por ele veiculados, tendendo, portanto, à generalidade; Questão: é possível sustentar um modo único de interpretação das regras processuais, seja qual for o conflito subjacente? As medidas cautelares do direito de família não são aplicáveis com as mesmas lógicas com as demandas cíveis. Obrigação Avoenga Art. 1.698 CC Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. Se o pai não tiver condições de suportar o encargo, os avós podem ser chamados para intervir. Chamada de obrigação avoenga. Só vai para os avos se o pai responsável não tiver condições.

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Direito de família

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Page 1: Aula 04.04 - Direito de Família

AULA 04/04 - DIREITO DE FAMÍLIA

Professora Fernanda Tartuce

www.fernandatartuce.com.br

Fernanda Tartuce II (facebook)

@fernandatartuce (twitter).

Caráter transubstancial do processo

Vocação para atender grande gama de situações controvertidas com diferentes perfis

independentemente dos conteúdos substanciais por ele veiculados, tendendo, portanto, à

generalidade;

Questão: é possível sustentar um modo único de interpretação das regras processuais,

seja qual for o conflito subjacente?

As medidas cautelares do direito de família não são aplicáveis com as mesmas lógicas

com as demandas cíveis.

Obrigação Avoenga

Art. 1.698 CC

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

Se o pai não tiver condições de suportar o encargo, os avós podem ser chamados para

intervir. Chamada de obrigação avoenga. Só vai para os avos se o pai responsável não tiver

condições.

Questões: Há solidariedade entre os devedores? Ou Subsidiariedade?

É subsidiariedade. Somente se o primeiro não tiver condições, vai para o próximo grau.

Intentada ação contra o pai, não tendo condições de arcar com o montante integral, é

possível valer-se de algum modo de intervenção para que os avós sejam chamados a colaborar

com os alimentos do neto?

O correto é:

1ª opção: Cabe litisconsórcio facultativo ulterior sui generis?

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Parte da doutrina entende que cabe, cuja formação decorre não da conduta do réu,

mas do autor. Há doutrina que entendem que não cabe litisconsórcio facultativo.

1.690 do Código civil, pedindo para integrarem no processo os avós paternos para que

possam responder.

Cabe chamamento ao processo? Cabe se o devedor chamar os co-responsáveis,

conforme entendimento do STJ.

Questão:

Demandados os avós paternos, eles podem chamar ao processo os avós maternos?

Há dois entendimentos. A primeira resposta diz q não pode, pois não é uma

solidariedade. (TJDF, Rec 2012.00.2.003991-2;)

Outra corrente entende que é cabível chamar os avós maternos e paternos, conforme

entendimento do STJ.

Critérios para fixação do valor devido

Os alimentos serão fixados na proporção das necessidades de quem pede e das

possibilidades da pessoa obrigada.

O valor dos alimentos deve compreender

a) Alimentação

b) Habitação

c) Saúde

d) Saúde

e) Vestuário

f) Lazer

Se o alimentante é pessoa distante e dificulta o conhecimento sobre suas

possibilidades, como a alimentanda pode se desincumbir de provar as possibilidades?

Neste caso, cabe o demandando provar a impossibilidade, (inversão do ônus da prova).

Cabe ao juiz, verificando qual parte tem melhores condições de produzir certa prova,

impor que uma das partes o faça a fim de facilitar o conhecimento de um fato necessário para

decidir.

Se é um caso peculiar de comprovar, passa o ônus para a outra parte. (APL 0008471-

30.2011.8.22.0002; 2012);

Neste sentido também: TJMG 1.0433.12.003241-5/001 2013

Page 3: Aula 04.04 - Direito de Família

INTERDIÇÃO

Tutela e Curatela

Art. 1.177 CPC : quem pode promover a interdição e Art. 1768 CC

Art. 1.177. A interdição pode ser promovida:I - pelo pai, mãe ou tutor;II - pelo cônjuge ou algum parente próximo;III - pelo órgão do Ministério Público.Art. 1.178. O órgão do Ministério Público só requererá a interdição:I - no caso de anomalia psíquica;II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas no artigo antecedente, ns. I

e II;III - se, existindo, forem menores ou incapazes.

Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:I - pelos pais ou tutores;II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;III - pelo Ministério Público.Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:I - em caso de doença mental grave;II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo

antecedente;III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente.

Procedimento:

Petição inicial, com os requisitos do 282

Completar com eventuais peculiaridades;

Causa de pedir:

CPC art. 1.180; Na petição inicial o interessado provará sua legitimidade, especificará

os fatos que revelam anomalia psíquica e assinalará os fatos que não pode a pessoa

administrar seus bens.

Tutela antecipada?

A despeito da falta de previsão legal especifica é possível pedir uma curatela provisória

com base no artigo 1109 do CPC.

Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna.

Deve provar a inequívoca incapacidade mental e verossímeis ao alegados riscos de

danos;

Page 4: Aula 04.04 - Direito de Família

Parte 02

À Luz da EC 66/2010, prevalece a separação judicial?

Movimenta no sentido de não há mais possibilidade de buscar o fim conjugal por meio

da separação. Esta é a corrente que prevalece.

Que procedimento adotará as ações de divórcio:

a) Procedimento especial?

b) Procedimento ordinário previsto no CPC?

Fim da União: Se o divórcio for consensual, vai ser feito o procedimento especial

prevista na Lei de divórcio e no CPC. Se for litigioso, rito ordinário, com todas as etapas.

O consenso sempre é melhor que o litigio.

Se for divórcio sem filhos incapazes, pode ser feito pela via extrajudicial, art. 1124-A

CPC.

Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).

Competência CPC, 100, I

Art. 100. É competente o foro:I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e

para a anulação de casamento; (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)

3 correntes para aplicação deste artigo.

1) Não foi recepcionado pela CF

2) Foi recepcionado pela CF

3) Recepção condicionada a circunstâncias específicas do caso.

Não prevalece TJMG, não aplicando o art. 100, I, devendo prevalecer a regra do artigo

94.

A majoritária informa que prevalece o artigo 100, I, conforme TJRS, TJSP.

Page 5: Aula 04.04 - Direito de Família

O STF pelo ministro Joaquim Barbosa, informa que foi recepcionada pelo CF, não se

contrapondo aos princípios de isonomia. Desta forma, continua valendo a regra da

prerrogativa da mulher.

AUDIÊNCIA

Art. 1.122

Art. 1.122. Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os requisitos exigidos nos dois artigos antecedentes; em seguida, ouvirá os cônjuges sobre os motivos da separação consensual, esclarecendo-lhes as conseqüências da manifestação de vontade.

§ 1o Convencendo-se o juiz de que ambos, livremente e sem hesitações, desejam a separação consensual, mandará reduzir a termo as declarações e, depois de ouvir o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o homologará; em caso contrário, marcar-lhes-á dia e hora, com 15 (quinze) a 30 (trinta) dias de intervalo, para que voltem a fim de ratificar o pedido de separação consensual.

§ 2o Se qualquer dos cônjuges não comparecer à audiência designada ou não ratificar o pedido, o juiz mandará autuar a petição e documentos e arquivar o processo.

Questão: Persiste a realização da audiência de ratificação, com comparecimento

pessoal das partes, no caso de divórcio consensual?

Duas correntes. Não prevalece a realização da audiência de ratificação, decisões de

vários tribunais SC, PR, RS.

Há jurisprudência que entende ser cabível, conforme TJMG.

Art. 1723 CC

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

Legitimidade ativa

Quem pode mover ação declaratória de reconhecimento e/ou dissolução de união

estável?

Page 6: Aula 04.04 - Direito de Família

Os próprios companheiros (durante a vida ou mesmo post mortem pelo companheiro

sobrevivente).

Para parte da jurisprudência entende de que o Credor pode entrar com ação

declaratória de união estável.

Para parte da jurisprudência, pode também ingressar o herdeiro do de cujus.

É uma ação do rito ordinário.

Ação de reconhecimento de paternidade

Afinal, quem é o pai? Quem registra? Quem cria? Quem dá o material biológico?

Já teve diversos entendimentos.

A prova deve convencer o juiz sobre qual verdade? Biologica ou socioafetiva?

A melhor resposta seria tentar prevalecer o vinculo que a criança estabeleceu. Em

principio o juiz deve permitir. Alguns tribunais tem um vinculo muito forte em relação a prova

biológica.

Questionamento de fazer ou não o exame? O que acontece se o pai é réu e não vai

fazer o exame? O código civil artigo 231 e 232:

Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.

Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.

A lei a clara, não foi fazer, quem deve treme. Sumula 301 STJ:

STJ Súmula nº 301 - 18/10/2004 - DJ 22.11.2004. Ação Investigatória - Recusa do Suposto Pai - Exame de DNA - Presunção Juris Tantum de Paternidade. Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.

E se a criança não vai fazer o exame?

É polemico na jurisprudência. TJRS diz que inexiste paternidade biológica. TJSP no

mesmo sentido.

TJRJ entende que não presume e não se aplica o art. 232 do CC nem a Sumula 301 do

STJ.