aula 002 - obrigação propter rem ou ob rem, teoria geral da propriedade

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Aula 002 - 22.02.11 Obrigação propter rem ou ob rem – é aquela obrigação que é gerada por um direito real, ou seja, uma obrigação em razão da coisa. Exemplo: Tíssio tem direito real de propriedade sobre um apartamento e em razão desse direito real ele tem a obrigação pessoal de pagar a taxa de condomínio referente ao seu direito real de propriedade. Ônus reais: são os tributos a serem pagos, ou seja, obrigações tributárias decorrentes de um direito real de propriedade. Exemplo: pagamento do IPVA em decorrência do direito de propriedade sobre um veículo. Observação: há autores que fazem a distinção entre obrigação propter rem e ônus real de forma diversa. Consideram que obrigação propter rem diz respeito tão somente as obrigações de fazer e de não fazer por parte daquele que tem um direito real sobre a coisa. Exemplo: o proprietário de um apartamento tem a obrigação de não mudar a fachada do prédio em torno de sua janela (obrigação de não fazer). Já os ônus reais diriam respeito tão somente às obrigações de dar, portanto os ônus reais é que estariam as obrigações tanto de pagar a taxa condominial quanto a de pagar o imposto referente ao direito real de propriedade sobre um bem. Conclusões Verificamos que o direito real e o direito pessoal estão fortemente imbricados (ligados) apesar de que cada uma mantém a sua autonomia. Exemplo: o contrato de compra e venda de uma casa é um direito pessoal (obrigacional). Ao ser transferido o domínio sobre a casa ao comprador este passa a ter um direito real sobre a casa. Por sua vez em razão desse direito real um

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Aula 002 - 22.02.11 Obrigação propter rem ou ob rem ± é aquela obrigação que é gerada por um direito real, ou seja, uma obrigação em razão da coisa. Exemplo: T íssio tem direito real de propriedade sobre um apartamento e em razão desse direito real ele tem a obrigação pessoal de pagar a taxa de condomínio referente ao seu direito real de propriedade. Ônus reais: são os tributos a serem pagos, ou seja, obrigações tribu tárias decorrentes de um direito real de propriedade. Exemplo: pagamento do IP

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Aula 002 - 22.02.11

Obrigação propter rem ou ob rem – é aquela obrigação que é gerada por um direito

real, ou seja, uma obrigação em razão da coisa. Exemplo: Tíssio tem direito real de

propriedade sobre um apartamento e em razão desse direito real ele tem a obrigação

pessoal de pagar a taxa de condomínio referente ao seu direito real de propriedade.

Ônus reais: são os tributos a serem pagos, ou seja, obrigações tributárias decorrentes

de um direito real de propriedade. Exemplo: pagamento do IPVA em decorrência do

direito de propriedade sobre um veículo.

Observação: há autores que fazem a distinção entre obrigação propter rem e ônus real

de forma diversa. Consideram que obrigação propter rem diz respeito tão somente as

obrigações de fazer e de não fazer por parte daquele que tem um direito real sobre a

coisa. Exemplo: o proprietário de um apartamento tem a obrigação de não mudar a

fachada do prédio em torno de sua janela (obrigação de não fazer). Já os ônus reais

diriam respeito tão somente às obrigações de dar, portanto os ônus reais é que

estariam as obrigações tanto de pagar a taxa condominial quanto a de pagar o

imposto referente ao direito real de propriedade sobre um bem.

Conclusões

Verificamos que o direito real e o direito pessoal estão fortemente imbricados (ligados)

apesar de que cada uma mantém a sua autonomia. Exemplo: o contrato de compra e

venda de uma casa é um direito pessoal (obrigacional). Ao ser transferido o domínio

sobre a casa ao comprador este passa a ter um direito real sobre a casa. Por sua vez

em razão desse direito real um novo proprietário da casa estará obrigado (direito

pessoal) a pagar as obrigações decorrentes de seus direitos reais.

Teoria geral da propriedade

Conceito: a ordem jurídica pátria não conceitua o que vem a ser o direito de

propriedade. Esta técnica doutrinária e legal (dogmática) é uma herança do

direito romano que também não oferecia o conceito de direito de

propriedade. Ao invés disso tanto a doutrina quanto o código definem a

propriedade a partir dos poderes – direitos – exercidos pelo titular do direito

de propriedade sobre a coisa material ou imaterial. Esses poderes direitos

são:

a) Jus utendi (direito de uso)

b) jus fruendi (direito de gozo ou fruição)

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c) jus abutendi (direito de disposição)

d) jus vindicatio (direito de reivindicação)

Aquele que exerça todos os poderes direitos sobre uma coisa terá o direito

real de propriedade plena (poder pleno sobre a coisa - plena in rem

potestas). Caso o titular do direito real não exerça plenamente todos os

poderes direitos sobre uma determinada coisa corpórea ou incorpórea, mas

tão somente algum desses poderes diz-se que o mesmo exerce um direito

real sobre a coisa alheia (jus in re aliena - direito dobre a coisa alheia). São

direitos reais sobre a coisa alheia:

1. Direito real de uso e/ou fruição:

I. Enfiteuse;

II. Superfície;

III. Servidão;

IV. Usufruto;

V. Uso;

VI. Habitação;

2. Direito real de aquisição

I. Direito real do promitente comprador;

3. Direito real de garantia

I. Penhor;

II. Hipoteca;

III. Anticrese;

Características do direito de propriedade:

a) Absoluta:

O caráter absoluto no direito de propriedade significa que aquele

que exerce esse direito o exerce, com efeito, erga omnes, ou seja,

contra todos ou sobre todos. Devendo o seu direito ser

universalmente respeitado.

b) Exclusiva:

O caráter exclusivo da propriedade significa que apenas o seu titular

é que poderá exercê-lo. Mesmo nas situações nas quais se

configure um condomínio, esse caráter de exclusividade sobre a

fração do bem que lhe é de direito permanece.

c) Elástica:

O caráter elástico do direito real de propriedade significa que o

poder exercido sobre a coisa tanto pode ampliar-se quanto pode

restringir-se. Se o direito real é pleno tem-se a propriedade se o

Page 3: Aula 002 - Obrigação propter rem ou ob rem, Teoria geral da propriedade

direito real é limitado poderá ser a hipótese um direito real sobre a

coisa alheia. Exemplo: um pai tem o direito de propriedade plena

sobre um apartamento ele transfere esse direito real de propriedade

para o seu filho, ficando, não obstante com o direito real de usufruto

sobre o bem. Quando o filho se forma ele toma para si, de volta, a

propriedade ficando, novamente com o direito real de propriedade

plena.

d) Perpétua:

Caráter perpétuo no direito real de propriedade significa que o

mesmo não se exaure com seu exercício tal como ocorre no direito

obrigacional. O titular do direito real de propriedade apenas deixa de

sê-lo caso venha a alienar a coisa (vender ou doar), caso seja

desapropriado da coisa pelo poder público ou caso venha a falecer,

quando então todos os bens de sua propriedade serão transmitidos

automaticamente para os seus herdeiros (isto ocorre em razão do

principio da Saisine).