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Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Fundação Estadual do Meio Ambiente Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Industriais Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais Atualização Belo Horizonte 2010

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Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Fundação Estadual do Meio Ambiente

Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Industriais

Diagnóstico Ambiental das

Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais

Atualização

Belo Horizonte 2010

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Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Fundação Estadual do Meio Ambiente

Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Industriais

Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais - Atualização

Belo Horizonte Maio 2010

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© 2010 Fundação Estadual do Meio Ambiente

Governo do Estado de Minas Gerais

Antonio Augusto Junho Anastasia

Governador

Sistema Estadual do Meio Ambiente – Sisema

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Semad

José Carlos Carvalho

Secretário

Fundação Estadual do Meio Ambiente - Feam

José Cláudio Junqueira

Presidente

Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento

Paulo Eduardo Fernandes de Almeida

Diretor

Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Industriais

Liliana Adriana Nappi Mateus

Gerente

Equipe Técnica Original

Daniela Faria Scherer

Consuelo Ribeiro de Oliveira - Coordenação

Equipe Técnica Revisão

Ivana Carla Coelho – Analista Ambiental

Maxwell Ramos Silva – Estagiário em Engenharia Ambiental

Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Documentação Ambiental

Fundação Estadual do Meio Ambiente. F981d Diagnóstico ambiental das indústrias de abate do Estado de Minas Gerais - atualização / Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Industriais.--- Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. 122p. 1. Abatedouro. 2. Diagnóstico ambiental. II. Título CDU: 637.513.12

Prédio Minas, 1º andar – Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/nº - Bairro Serra Verde - CEP: 31.630-900 – Belo Horizonte/MG

(031) 3915-1465 – home page: www.meioambiente.mg.gov.br

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APRESENTAÇÃO O presente trabalho teve o intuito de atualizar os dados do Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate do Estado de Minas Gerais realizado pela extinta Divisão de Indústria Alimentícia (DIALE), gerência pertencente à Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM). O Diagnóstico, finalizado em setembro de 2003, foi elaborado pela analista ambiental Daniela Faria Scherer sob coordenação da gerente da DIALE Consuelo Ribeiro de Oliveira. O objetivo do Diagnóstico realizado em 2003 era apresentar não apenas revisões bibliográficas referentes ao setor de abate, mas também mostrar a situação ambiental desses empreendimentos no Estado. O levantamento de dados considerou os abatedouros cadastrados na FEAM até 28-11-2002, selecionando 25 empresas que remetiam, regularmente, programa de automonitoramento à FEAM, para detalhar sua situação. Além disso, foram enviados questionários aos órgãos ambientais cadastrados na Agência Nacional das Águas (ANA) para comparar a situação de Minas Gerais com os demais Estados. No entanto, durante a realização do trabalho, verificou-se que não se tratava apenas de atualização das informações das empresas, mas também do sistema de meio ambiental. Após o ano de 2003, ocorreram mudanças significativas na legislação pertinente, desde o enquadramento e classificação dos empreendimentos, com a publicação da Deliberação Normativa (DN) COPAM 74/2004, até resoluções federais e deliberações estaduais modificando o padrão de lançamento de emissões atmosféricas e efluentes líquidos. Além disso, houve uma reestruturação no Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA) a partir de 2007, alterando as atribuições da FEAM e repassando o licenciamento ambiental às Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAMs). Foram muitas as dificuldades na realização do trabalho: prazo inicial curto, levando a não aprofundar tanto nos assuntos tratados quanto se gostaria; obtenção de dados sobre os empreendimentos no SIAM e acesso às pastas dos processos; definição de quais empreendimentos – dos que enviam os programas de automonitoramento – teriam a situação detalhada; impossibilidade de realizar vistorias nas empresas sem informações, etc. Desse modo, esta atualização não pretende sanar todas as dúvidas sobre a situação dos abatedouros do Estado ou apresentar um quadro completo sobre eles. Ao contrário, espera-se que, a partir dessa iniciativa em resgatar um trabalho de qualidade realizado pela DIALE em 2003, novos questionamentos sejam feitos e propostas de melhorias realizadas.

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RESUMO O Estado de Minas Gerais continua ocupando uma posição de destaque em nível nacional quanto à criação de rebanhos e à atividade de abate. Tem o segundo e o quarto maior rebanho de bovinos e suínos, e apresenta-se na quarta à sexta posição, respectivamente, quanto ao número de suínos, aves e bovinos abatidos.

A indústria de abate é uma atividade efetiva e potencialmente poluidora passível de licenciamento. Ela é capaz de causar severos impactos ambientais se ações preventivas e/ou medidas compensatórias adequadas não forem adotadas. Em geral, as tecnologias adotadas no exterior para tratamentos de efluentes da indústria de abate também estão disponíveis no Brasil não havendo muitas inovações. Grande parte dos resíduos gerados durante a atividade da indústria de abate é orgânica, podendo ser processados ou reciclados se medidas adequadas forem adotadas.

No ano de 2003 foi elaborado o Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate do Estado de Minas Gerais, com o objetivo de levantar informações, apresentar a situação ambiental e propor diretrizes a serem adotadas para a melhoria da situação ambiental do setor relativa as empresas cadastradas no Sistema de Meio Ambiente de Minas Gerais. Segundo constatada por meio da atualização em 2008 desse diagnóstico e das novas diretrizes para a regularização ambiental, observou-se que a situação ambiental das indústrias de abate no Estado continua a merecer ações de comando e controle por parte dos órgãos de controle ambiental competentes, pois grande parte dos frigoríficos e indústrias de carnes e derivados ainda está em desacordo com a Legislação Ambiental.

Existe a necessidade de criar políticas públicas com intuito de incentivar o uso racional de recursos naturais, neste caso principalmente água, e da adoção de boas práticas no processo produtivo com a finalidade primeira de reduzir a geração de resíduos sólidos efluentes líquidos e emissões atmosféricas.

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 2.1: Fluxograma básico do processo de abate de bovinos ................................. 11

Figura 2.2: Fluxograma básico do processo de abate de suínos ................................... 12

Figura 2.3: Fluxograma básico do processo de abate de aves ...................................... 14

Figura 4.1: Curvas típicas da eficiência de remoção para vários equipamentos utilizados

no controle da emissão de material particulado ............................................................ 40

Figura 4.2: Principais etapas da reciclagem mecânica .................................................. 49

Figura 4.3: Processos de reciclagem química ............................................................... 49

Figura 4.4: Diagrama de blocos do processo de gaseificação ....................................... 50

Figura 4.5: Diagrama de blocos do processo de hidrogenação ..................................... 51

Figura 5.1: Distribuição total de abatedouros de animais de pequeno, médio e grande

porte no Estado de Minas Gerais por município ............................................................ 67

Figura 5.2: Distribuição de abatedouros particulares de animais de pequeno porte no

Estado de Minas Gerais por município .......................................................................... 68

Figura 5.3: Distribuição de abatedouros particulares de animais de médio e grande porte

no Estado de Minas Gerais por município ..................................................................... 69

Figura 5.4: Distribuição de abatedouros municipais de animais de médio e grande porte

no Estado de Minas Gerais por município ..................................................................... 70

Figura 5.5: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros de

animais de pequeno, médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por SUPRAM . 72

Figura 5.6: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros de

animais de pequeno,médio e grande porte no Estado .................................................. 74

Figura 5.7: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros de

animais de pequeno porte no Estado de Minas Gerais ................................................. 78

Figura 5.8:: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros

particulares de animais de médio e grande porte no Estado ......................................... 80

Figura 5.9: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros

municipais de animais de grande porte no Estado de Minas Gerais ............................. 83

Figura 5.10: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros de

animais de pequeno, médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por SUPRAM . 88

Figura 5.11: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros de

animais de pequeno, médio e grande porte em atividade no Estado de Minas Gerais .. 89

Figura 5.12: Distribuição da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros de animais

de pequeno porte no Estado de Minas Gerais .............................................................. 93

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Figura 5.13:: Distribuição da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros

particulares de animais de médio e grande porte no Estado ......................................... 94

Figura 5.14: Distribuição da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros municipais

de animais de grande porte no Estado .......................................................................... 95

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LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 5.1: Situação dos abatedouros municipais cadastrados na FEAM no ano de

2002 e 2008 .................................................................................................................. 57

Gráfico 5.2: Situação dos abatedouros municipais cadastrados na FEAM até março de

2008 .............................................................................................................................. 57

Gráfico 5.3: Classe dos abatedouros municipais cadastrados na FEAM até março de

2008, segundo a DN Nº 74/2004 ................................................................................... 58

Gráfico 5.4: Regularização ambiental dos abatedouros particulares cadastrados na

FEAM no ano de 2002 e 2008 ...................................................................................... 59

Gráfico 5.5: Situação dos abatedouros de animais de pequeno porte cadastrados na

FEAM até março de 2008 ............................................................................................. 60

Gráfico 5.6: Classe dos abatedouros de animas de pequeno porte cadastrados na

FEAM até março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004 .................................................. 60

Gráfico 5.7: Regularização ambiental dos abatedouros de animais de grande porte

cadastrados na FEAM até março de 2008 .................................................................... 61

Gráfico 5.8: Classe dos abatedouros de animas grande porte cadastrados na FEAM até

março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004 ................................................................... 61

Gráfico 5.9: Regularização ambiental dos empreendimentos de industrialização da carne

cadastrados na FEAM até março de 2008 .................................................................... 62

Gráfico 5.10: Classe dos empreendimentos de industrialização da carne cadastrados na

FEAM até março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004 .................................................. 63

Gráfico 5.11: Regularização ambiental das graxarias cadastradas na FEAM até março

de 2008 ......................................................................................................................... 64

Gráfico 5.12: Classe das graxarias cadastradas na FEAM até março de 2008, segundo a

DN Nº 74/2004 .............................................................................................................. 64

Gráfico 5.13: Distribuição dos abatedouros por região no Estado de Minas Gerais ...... 65

Gráfico 5.14:Início de operação dos abatedouros ......................................................... 97

Gráfico 5.15: Localização dos abatedouros .................................................................. 97

Gráfico 5.16: Porte dos abatedouros de acordo com a DN COPAM N° 74/2004 ........... 98

Gráfico 5.17: Número de empregados por porte dos abatedouros de aves ................... 98

Gráfico 5.18 : Número de empregados por porte dos abatedouros de bovinos e suínos98

Gráfico 5.19: Concepção do sistema de tratamento de efluentes dos abatedouros ...... 99

Gráfico 5.20: Demanda Bioquímica de Oxigênio – Efluente Tratado ............................. 99

Gráfico 5.21: Eficiência de remoção de DBO – Efluente Tratado ................................ 100

Gráfico 5.22: Demanda Química de Oxigênio – Efluente Tratado ............................... 100

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Gráfico 5.23: Eficiência de remoção de DQO – Efluente Tratado ................................ 101

Gráfico 5.24: Óleos e Graxas – Efluente Tratado ........................................................ 101

Gráfico 5.25: Sólidos Suspensos – Efluente Tratado................................................... 101

Gráfico 5.26: Sólidos Sedimentáveis – Efluente Tratado ............................................. 102

Gráfico 5.27: Detergentes – Efluente Tratado ............................................................. 102

Gráfico 5.28: pH – Efluente Tratado ............................................................................ 102

Gráfico 5.29: Temperatura – Efluente Tratado ............................................................ 103

Gráfico 5.30 : Lançamento dos efluentes líquidos tratados ......................................... 104

Gráfico 5.31: Bacias hidrográficas ............................................................................... 104

Gráfico 5.32 : Disposição do sangue ........................................................................... 105

Gráfico 5.33 : Equipamentos de controle das graxarias .............................................. 105

Gráfico 5.34 : Combustível utilizado nas caldeiras ...................................................... 106

Gráfico 5.35 : Sistema de controle das caldeiras ......................................................... 106

Gráfico 5.36 : Resíduos sólidos mais citados nos programas de monitoramento por

número de empreendimento ....................................................................................... 107

Gráfico 5.37: Resíduos sólidos menos citados nos programas de monitoramento por

número de empreendimento ....................................................................................... 107

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LISTAS DE TABELAS

Tabela 1.1: Efetivo dos rebanhos em Minas Gerais (número de cabeças) ...................... 2

Tabela 1.2: Número de animais abatidos em Minas Gerais ............................................ 2

Tabela 1.3: Classificação de abatedouros (códigos D-01-02-3 e D-01-03-1), segundo a

DN 74/2004 ..................................................................................................................... 6

Tabela 1.4: Classificação dos códigos D-01-04-1 e D-01-05-8, segundo DN 74/2004 .... 6

Tabela 1.5: Classificação do porte das indústrias de abate segundo Gieseke ................ 6

Tabela 3.1: Parâmetros do efluente bruto da atividade de abate e industrialização da

carne ............................................................................................................................. 22

Tabela 3.2: Parâmetros do efluente bruto da atividade de graxaria ............................... 22

Tabela 3.3: Caracterização do esgoto bruto doméstico ................................................. 22

Tabela 3.4: Limite de percepção de odor ...................................................................... 23

Tabela 3.5: Resultado das análises referentes ao teor de umidade, teor de sólidos e teor

de cloretos para lodo biológico, conteúdo ruminal e fuligem ......................................... 25

Tabela 3.6: Resultados da análise de lixiviação, solubilização e teor de cloretos de

fuligem de óleo combustível tipo 1 A ............................................................................. 25

Tabela 3.7: Características de fuligem proveniente da queima de óleo combustível tipo

BPF ............................................................................................................................... 26

Tabela 4.1: Padrões de lançamento adotados para efluentes líquidos provenientes da

indústria de abate no Brasil e na Alemanha .................................................................. 34

Tabela 4.2: Padrões de lançamento adotados para efluentes líquidos provenientes de

frigoríficos e indústrias de carne e derivados nos Estados Unidos ................................ 35

Tabela 4.3: Padrões de lançamento adotados para efluentes líquidos provenientes de

graxarias nos Estados Unidos ....................................................................................... 35

Tabela 4.4: Comparação entre os padrões de lançamento - Brasil, Alemanha e Estados

Unidos .......................................................................................................................... 35

Tabela 4.5: Padrões de lançamento adotados para efluentes atmosféricos de caldeiras

em Minas Gerais ........................................................................................................... 41

Tabela 4.6: Padrões de lançamento adotados para efluentes atmosféricos de caldeiras

em Minas Gerais ........................................................................................................... 41

Tabela 4.7: Padrões de lançamento para caldeiras que utilizam lenha ou resíduos de

madeira na Alemanha ................................................................................................... 42

Tabela 4.8: Padrões de lançamento para caldeiras que utilizam óleo na Alemanha ..... 43

Tabela 5.1: Empreendimentos municipais e privados cadastrados na FEAM em 2002 e

2008 .............................................................................................................................. 56

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Tabela 5.2: Classe e situação ambiental dos abatedouros municipais até março de 2008

...................................................................................................................................... 58

Tabela 5.3: Classe e situação ambiental dos abatedouros de animas de pequeno porte

até março de 2008 ........................................................................................................ 60

Tabela 5.4: Classe e situação ambiental dos abatedouros de animais de grande porte

até março de 2008 ........................................................................................................ 62

Tabela 5.5: Classe e situação ambiental dos empreendimentos de industrialização da

carne até março de 2008 .............................................................................................. 63

Tabela 5.6: Classe e situação ambiental das graxarias até março de 2008 .................. 64

Tabela 5.7: Distribuição de carga orgânica gerada pelos abatedouros de abate de

animais de pequeno e grande porte por SUPRAM ........................................................ 71

Tabela 5.8: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros por

município ....................................................................................................................... 75

Tabela 5.9:: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros de

animais de pequeno porte por município ....................................................................... 79

Tabela 5.10: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros

particulares de animais de grande porte por município ................................................. 81

Tabela 5.11: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros

municipais de animais de grande porte por município ................................................... 84

Tabela 5.12: Distribuição de carga orgânica gerada pelos abatedouros de abate de

animais de pequeno e grande porte com monitoramento no Estado de Minas Gerais .. 86

Tabela 5.13: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros por

município e SUPRAM .................................................................................................... 90

Tabela 5.14: Situação dos empreendimentos com automonitoramento de efluentes

líquidos regularmente no período de 2006 até julho de 2008 ........................................ 96

Tabela 5.15: Distribuição de Autos de Infração por empreendimento ......................... 108

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LISTAS DE ABREVIAÇÕES AAF: Autorização Ambiental de Funcionamento

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ABS: Detergentes à base de sulfonatos de alquilbenzila.

AFRIG: Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal.

AI: Auto de Infração.

AVIMIG: Associação dos Avicultores de Minas Gerais.

BSE: Bovine Spongiform Encephalopathy vulgo "doença da vaca louca".

CERH: Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo.

CNTP: Condições Normais de Temperatura e Pressão.

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente.

COPAM: Conselho Estadual de Política Ambiental.

DB (A): Amplitude sonora em decibel, medida na curva de ponderação 'A'.

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio.

DN: Deliberação Normativa.

DQO: Demanda Química de Oxigênio.

ETE: Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos.

EU: European Union.

EU IPPC: European Integrated Pollution Prevention Control Bureau.

FEAM: Fundação Estadual do Meio Ambiente.

FIEMG: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.

FOB: Formulário de Orientação Básica sobre o Licenciamento Ambiental.

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IEF: Instituto Estadual de Florestas.

IGAM: Instituto Mineiro de Gestão das Águas.

IMA: Instituto Mineiro de Agropecuária.

LI: Licença de Instalação.

LO: Licença de Operação.

LP: Licença Prévia.

NH4-N: Nitrogênio amoniacal.

N-total: Nitrogênio total.

OCEMG: Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais.

OG: Óleos e Graxas.

PCI: Poder Calorífico Inferior.

P-total: Fósforo total.

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SEMAD: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

SIF: Serviço de Inspeção Federal do DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento).

SINDUSCARNE: Sindicato das Indústrias de Carne.

SIPA: Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal em cada Estado da Federação, subordinado tecnicamente ao DIPOA.

SISEMA - Sistema Estadual de Meio Ambiente

SISNAMA: Sistema Nacional do Meio Ambiente.

SUPRAM - Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

US EPA: United States Environmental Protection Agency.

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AGRADECIMENTOS

“Gostaria de agradecer às pessoas que ajudaram e contribuíram durante o desenvolvimento deste trabalho e sem as quais sua realização não teria sido possível. Aos técnicos e consultores da Divisão de Indústria Química e Alimentícia da FEAM; Consuelo Ribeiro de Oliveira pelo interesse, empenho e coordenação durante toda a realização deste trabalho; Zuleika S. Chiacchio Torquetti e Liliana Adriana Nappi Mateus pelas sugestões; Vanessa de Carvalho, Caroline Meireles de Oliveira, Waniamara de Jesus Santos, Sebastião Joaquim Bahia, Helder Antônio de Aquino Gariglio, Guilherme Augusto de Oliveira e Adriano Martins Soares pelas informações valiosas; Aos órgãos e instituições que nos apoiaram mediante o fornecimento dos dados solicitados; E a toda a equipe da FEAM pelo apoio”.

Daniela Faria Scherer

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DE ABATE ......................................................... 1

1.2 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................. 2

1.2.1 Legislação ambiental ............................................................................................... 3

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 6

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 7

2 PROCESSOS INDUSTRIAIS ......................................................................... 9

2.1 ABATE DE BOVINOS ........................................................................................... 9

2.2 ABATE DE SUÍNOS ........................................................................................... 12

2.3 ABATE DE AVES .............................................................................................. 13

2.4 INDUSTRIALIZAÇÃO DA CARNE .......................................................................... 15

2.5 GRAXARIAS .................................................................................................... 15

2.5.1 Farinha de carne e osso ........................................................................................ 16

2.5.2 Farinha de sangue ................................................................................................. 17

2.5.3 Farinha de penas ................................................................................................... 17

2.5.4 Óleo animal ........................................................................................................... 17

3 EFLUENTES, RESÍDUOS E RUÍDOS ......................................................... 19

3.1 EFLUENTES LÍQUIDOS ..................................................................................... 19

3.1.1 Efluentes líquidos gerados durante o abate de bovinos e suínos ........................... 19

3.1.2 Efluentes líquidos gerados durante o abate de aves .............................................. 20

3.1.3 Efluentes líquidos gerados durante a industrialização da carne ............................. 21

3.1.4 Efluentes líquidos gerados nas graxarias .............................................................. 21

3.1.5 Caracterização dos efluentes líquidos ................................................................... 21

3.2 EFLUENTES ATMOSFÉRICOS ............................................................................ 22

3.3 RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................................ 24

3.3.1 Resíduos gerados durante a atividade produtiva ................................................... 24

3.3.2 Resíduos gerados no tratamento de efluentes ....................................................... 24

3.3.3 Caracterização de resíduos ................................................................................... 25

3.4 RUÍDOS .......................................................................................................... 26

4 TRATAMENTO DE EFLUENTES E RESÍDUOS ......................................... 28

4.1 TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS ............................................................ 28

4.1.1 Tratamento primário .............................................................................................. 28

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4.1.2 Tratamento secundário .......................................................................................... 30

4.1.3 Tratamento Terciário.............................................................................................. 32

4.1.4 Desinfecção ........................................................................................................... 33

4.1.5 Padrões de lançamento ......................................................................................... 33

4.1.6 O estado da arte do tratamento de efluentes líquidos na indústria de abate .......... 36

4.1.7 Disposição final ...................................................................................................... 37

4.2 TRATAMENTO DE EFLUENTES ATMOSFÉRICOS .................................................. 37

4.2.1 Controle de odor .................................................................................................... 37

4.2.2 Controle das emissões das caldeiras ..................................................................... 40

4.2.3 Padrões de emissão .............................................................................................. 40

4.2.4 O estado da arte do tratamento de efluentes atmosférico na indústria de abate .... 43

4.3 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................... 44

4.3.1 Resíduos predominantemente orgânicos ............................................................... 44

4.3.2 Outros resíduos ..................................................................................................... 45

4.3.3 Leis que regulamentam a disposição dos resíduos sólidos .................................... 46

4.3.4 O estado da arte do tratamento e disposição de resíduos na indústria de abate ... 47

4.4 REAPROVEITAMENTO ENERGÉTICO .................................................................. 52

5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ..................................................................... 56

5.1 SITUAÇÃO ATUAL ........................................................................................... 56

5.1.1 Empreendimentos municipais ................................................................................ 56

5.1.2 Empreendimentos particulares .............................................................................. 59

5.2 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................ 65

5.2.1 Distribuição dos abatedouros no Estado de Minas Gerais ..................................... 65

5.2.2 Distribuição de carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros no Estado de

Minas Gerais ........................................................................................................................ 71

5.2.3 Distribuição de carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros no Estado de

Minas Gerais ........................................................................................................................ 86

5.2.4 Empreendimentos com automonitoramento regular ............................................... 96

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................... 110

7 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 117

8 GLOSSÁRIO ............................................................................................. 122

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INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

A indústria de abate inclui os estabelecimentos que realizam o abate de bovinos, suínos, equinos, aves, entre outros, e/ou industrializam a carne sob a forma de produtos para posterior processamento ou venda aos consumidores.

1.1 Caracterização da indústria de abate

Algumas empresas desenvolvem atividades de abate, industrialização da carne e processamento de subprodutos de forma combinada, enquanto outras realizam apenas o abate, ou o abate e o processamento de subprodutos, ou o abate e a industrialização da carne. A indústria de abate é frequentemente caracterizada em três categorias, segundo o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA): - frigoríficos: estabelecimentos dotados de instalação adequada para a matança de

quaisquer das espécies animais vendidas em açougue, com instalações apropriadas de frio, com ou sem dependência para a industrialização, visando ao fornecimento de carne1 resfriada para o comércio intermunicipal. Se necessário, disporá de instalações e equipamentos para o aproveitamento de subproduto não comestível.

- indústria de carne e derivados: estabelecimentos que industrializam carne das

diversas espécies vendidas em açougue, com ou sem sala de matança anexa, dotados, se necessário, de instalações de frio industrial e equipamento adequado para o preparo de subproduto não comestível.

- indústria de produtos não comestíveis ou graxarias: estabelecimentos que

manipulam subprodutos e resíduos de origem animal, de várias procedências, para o preparo exclusivo de produtos não utilizados na alimentação humana.

As graxarias podem estar integradas aos frigoríficos e às indústrias de carne e derivados, mas também existem graxarias não integradas, isto é, que processam os subprodutos e resíduos exclusivamente provenientes de frigoríficos, indústrias de carne e derivados, e açougues de terceiros. Minas Gerais ocupa uma posição de destaque nacional quanto à criação de rebanhos e à atividade de abate de animais. A atividade de criação de rebanhos não será considerada, em detalhes, neste trabalho. No entanto, é importante identificar a posição nacional ocupada pelo Estado de Minas Gerais no que diz respeito ao fornecimento de matérias-primas para a indústria de abate. Minas Gerais é, atualmente, o Estado que possui o segundo rebanho de bovinos, o quarto rebanho de suínos, o maior rebanho de equinos, além de ser o quinto produtor de aves do Brasil, conforme verificado nos dados da Tabela 1.1

1 Por "carne de açougue" entende-se a massa muscular e demais tecidos que acompanham incluindo ou

não a base óssea do animal abatido sob inspeção veterinária oficial.

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Tabela 1.1: Efetivo dos rebanhos em Minas Gerais (número de cabeças)

Rebanho

(em milhões) 2003 2004 2005 2006 2007

Posição no ranking nacional (em 2007)

Bovinos 20,9 21,6 21,4 22,2 22,6 2º

Suínos 3,4 3,5 3,8 3,9 4,2 4º

Aves 86,9 87,2 89,2 89,4 93,6 5º

Eqüinos 0,9 0,9 0,9 0,9 0,8 1º

Fonte: IBGE

Segundo o número de animais abatidos, Minas Gerais continua ocupando a quarta posição no ranking nacional em relação aos suínos e a quinta posição em relação às aves. No entanto, ocupa apenas a sexta posição no ranking nacional quando a atividade corresponde ao abate de bovinos; Tabela 1.2. Não há dados recentes disponíveis para abate de eqüinos.

Tabela 1.2: Número de animais abatidos em Minas Gerais

Tipo de animal

abatido (em milhões)

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bovinos 1,6 1,8 2,0 2,4 2,6 2,9 Suínos 2,2 2,2 2,3 2,6 2,8 3,1 Aves 232,5 246,5 279,3 286,7 300,7 352,8

Fonte: IBGE

1.2 Regularização ambiental

A regularização ambiental tornou-se obrigatória em Minas Gerais com a publicação da Lei Nº 7.772, em 8-9-1980, e em todo território nacional com a publicação da Lei Federal Nº 6.938, em 31-8-1981. Foi a Lei Nº 6.938/1981 que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente. Entende-se como regularização ambiental o procedimento pelo qual o poder público, nesse caso representado pelos órgãos seccionais de apoio do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAMs) – que compõem o Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA) autoriza e acompanha a implantação e operação das atividades que utilizam recursos naturais que possam ser consideradas efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente. O processo de regularização ambiental consiste na concessão de Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) ou das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação pelo órgão de controle ambiental, mas se efetiva com a implantação de medidas de controle e mitigação pelos empreendimentos. Com a obrigatoriedade do licenciamento ambiental, esses empreendimentos estão sujeitos a sanções previstas em lei, tais como suspensão ou embargo de atividades, aplicação de multas, além das punições relacionadas à Lei Federal 9.605/1998 de Crimes Ambientais.

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1.2.1 Legislação ambiental

A Lei Estadual Nº 7.772/1980, modificada parcialmente pela Lei Estadual Nº 15.972, de 12-1-2006, definiu que a:

“localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais considerados efetivos ou potencialmente poluidores, bem como dos que possam causar degradação ambiental, observado o disposto em regulamento, dependerão de prévio licenciamento ou autorização ambiental de funcionamento do Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM”. (Minas Gerais, 2006)

Essa Lei foi regulamentada com a publicação do Decreto Nº 21.228/1981, revogado pelo Decreto Nº 44.309/2006. O Decreto 44.309/2006, publicado em 5-6-2006, estabeleceu normas para o licenciamento ambiental, o que inclui a autorização ambiental de funcionamento, fiscalização e aplicação de penalidades. Também são complementares ao Decreto: Deliberações Normativas (DN) e as resoluções do COPAM que normatizam as condições para o sistema de licenciamento ambiental, classificam os empreendimentos e atividades segundo o porte e potencial poluidor e estabelecem limites para o lançamento de substâncias poluidoras no ar, na água e no solo, de forma a garantir a qualidade do meio ambiente, além de definir os procedimentos a serem adotados pelo empreendedor para a obtenção das licenças ambientais. O descumprimento da legislação ambiental implica em penalidades, simples advertência, multa, suspensão parcial ou total de atividades, embargo ou demolição de obras e restritiva de direitos. . O licenciamento ambiental compreende três fases: na primeira, Licença Prévia (LP), discute-se a viabilidade locacional do empreendimento; na segunda, Licença de Instalação (LI) são analisados os projetos básicos de sistemas de controle ambiental e avaliada a sua eficiência, conforme tenha sido prevista na fase anterior; e a terceira é a Licença de Operação (LO), comparável ao "Habite-se" (FEAM, 2001). Todos os empreendimentos potencialmente degradadores do meio ambiente em atividade no Estado de Minas Gerais, a partir de março de 1981 estão obrigados a dispor da Licença de Operação ou, mais recentemente, da Autorização Ambiental de Funcionamento. A falta desses certificados torna o empreendimento passível de autuação e embargo de seu funcionamento; os anteriores a essa data tem a prerrogativa de aguardar a convocação pelo órgão ambiental (FEAM, 2001). Para os empreendimentos já instalados e em operação, o licenciamento é realizado em caráter corretivo, sendo os estudos e projetos analisados e a vistoria de campo realizada em uma única fase, denominada Licença de Operação Corretiva (FEAM, 2001). Os empreendimentos de abate, industrialização da carne e graxaria exercem atividade efetiva ou potencialmente poluidora passível de licenciamento ambiental. Caso as medidas mitigadoras adequadas não forem tomadas, essas atividades podem causar sérios impactos negativos ao ambiente. Uma vez que o Diagnóstico Ambiental foi concluído em 2003, ocorreram mudanças importantes relativas ao licenciamento ambiental, destacando-se as três seguintes:

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1.2.1.1 Criação das SUPRAMs

A competência pelo licenciamento ambiental das atividades industriais em Minas Gerais era da Fundação Estadual de Meio Ambiente, mas, por força da Resolução da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) № 644/2007 e da publicação do Decreto Estadual Nº 44.770/2008, a partir de janeiro de 2008 a responsabilidade de fiscalização e controle das atividades poluidoras e/ou degradadoras do meio ambiente de todos os empreendimentos, independentemente da sua classe, passou a ser das respectivas SUPRAMs. Existem nove Superintendências Regionais de Meio Ambiente, denominadas de Alto São Francisco, Central Metropolitana, Jequitinhonha, Leste Mineiro, Noroeste de Minas, Norte de Minas, Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e Zona da Mata, cujas áreas sob sua jurisdição são mostradas no mapa 1.

Fonte: www.meioambiente.mg.gov.br/suprams-regionais

1.2.1.2 Criação da Autorização Ambiental de Funcionamento

A Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) era inexistente à época do Diagnóstico Ambiental de 2003. A regularização ambiental por meio da concessão da AAF, cujo pré-requisito básico é o pequeno potencial poluidor/degradador da atividade, é um processo simplificado de licenciamento no qual o empreendedor implanta as medidas de controle de impactos ambientais sem qualquer manifestação prévia do órgão de controle ambiental, solicitando, em seguida, a autorização de funcionamento.

Posteriormente, é realizada a fiscalização ao empreendimento para verificar a implantação dos sistemas de controle ambiental, a qual é garantida explicitamente pelo empreendedor e pelo responsável técnico do empreendimento no Termo de Responsabilidade que ambos devem assinar. Qualquer desconformidade na implantação poderá implicar cancelamento da AAF e embargo da atividade, podendo ainda esses empreendimentos ser convocados ao licenciamento convencional a qualquer momento. Ressalta-se que não há condicionantes nesse tipo de autorização, embora o empreendedor tenha de garantir a eficiência dos sistemas de controle ambiental implantados.

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Os empreendimentos enquadrados nas classes 1 e 2, segundo a Deliberação Normativa Nº 74/2004, fazem jus a AAF. Nesse caso apenas aqueles destinados à industrialização de produtos de carne e graxaria, são passíveis de obtenção de Autorização Ambiental de Funcionamento. Ressalta-se que a atividade de abate não é passível de obtenção dessa autorização, uma vez que a menor classe de enquadramento é 3, a partir da qual é exigida a obtenção das Licenças Prévia, de Instalação e Operação.

1.2.1.3 Revisão da DN Nº 01/1990

Uma vez que o Diagnóstico Ambiental foi concluído em 2003, portanto antes da revisão da Deliberação Normativa (DN) COPAM Nº 01/1990, é necessário breve esclarecimento sobre a DN COPAM Nº 74/2004 que, similar à anterior, dispõe sobre o enquadramento dos empreendimentos, inclusive do setor de abate de animais, utilizado nesta atualização. A DN Nº 74/2004, publicada em 2-10-2004, revogou a DN Nº 01/1990, enquadrando os empreendimentos em 6 classes de acordo com o porte e potencial poluidor (pequeno, médio e grande). Entre várias atividades de mineração, industriais, de infra-estrutura, serviços e agrossilvipastoris do Anexo Único, na listagem referente à indústria alimentícia, há os seguintes códigos e classificação para as atividades que serão utilizadas nessa atualização:

D-01-02-3: Abate de animais de pequeno porte (aves, coelhos, rãs, etc);

D-01-03-1: Abate de animais de médio e grande porte (suínos, ovinos, caprinos, bovinos, equinos, bubalinos, muares, etc.);

D-01-04-1: Industrialização da carne, inclusive desossa, charqueada e preparação de conservas;

D-01-05-8 Processamento de subprodutos de origem animal para produção de sebo, óleos e farinha.

Os empreendimentos classificados com os códigos D-01-02-3, D-01-03-1 e D-01-04-1 nos termos da DN COPAM 74/2004 eram classificados anteriormente segundo o código 26.20.00 – “Abate de animais em matadouros, frigoríficos e charqueadas, preparação de conservas de carnes, e produção de banha de porco e de outras gorduras domésticas de origem animal” da DN COPAM Nº 01/1990, revogada desde 2004. Os empreendimentos de código D-01-05-8 da DN COPAM Nº 74/2004 referem-se aos de código 26.97.00-9 “Fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais inclusive farinhas de carne, sangue, osso, peixe e pena” da DN COPAM Nº 01/1990. A partir da DN COPAM Nº 74/2004, os empreendimentos de códigos D-01-02-3 e D-01-03-1 puderam ser enquadrados segundo sua capacidade instalada de abate (CI) de acordo com a Tabela 1.3.

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Tabela 1.3: Classificação de abatedouros (códigos D-01-02-3 e D-01-03-1), segundo a

DN 74/2004

Código da DN COPAM Nº 74/2004

Porte (cabeças/dia)

Pequeno

Classe 3

Médio

Classe 5

Grande

Classe 6

D-01-02-3 300 <CI < 20.000 20.000 ≤ CI ≤ 100.000 > 100.000

D-01-03-1 2 < CI < 60 60 < CI ≤ 500 > 500

Fonte: Orientação Técnica DIALE Nº 001/2006

Os empreendimentos de códigos D-01-04-1 e o D-01-05-8 são enquadrados, segundo a DN Nº 74/2004, conforme apresentado na Tabela 1.4:

Tabela 1.4: Classificação dos códigos D-01-04-1 e D-01-05-8, segundo DN 74/2004

Código da DN COPAM Nº 74/2004

Porte (t/dia)

Pequeno

Classe 1

Médio

Classe 3

Grande

Classe 5

D-01-04-1 1 <CI < 10 10 ≤ CI ≤ 40 > 40

D-01-05-8 0,5 < CI < 10 10 < CI ≤ 80 > 80

Fonte: Deliberação Normativa Nº 74/2004.

Observa-se que para os 4 códigos, a DN Nº 74/2004 estabelece uma linha de corte – capacidade mínima acima da qual a responsabilidade do licenciamento é do Estado. Abaixo da linha de corte, apesar do empreendimento estar dispensado do licenciamento no âmbito estadual, as exigências pela adoção de controle ambiental dos impactos inerentes às atividades industriais permanecem. Ressalta-se que, no Diagnóstico Ambiental, realizado em 2003, utilizou-se a classificação dos empreendimentos, quanto ao porte, sugerida por Gieseke em 1995, baseada no critério proposto pelo Serviço de Inspeção Federal – SIF, do Ministério da Agricultura, para designar a inspeção sanitária nos estabelecimentos de abate. A DN COPAM Nº 01/1990 utilizava critérios diferentes dessa classificação, baseando-se na área útil e número de empregados. A Tabela 1.5 apresenta a classificação proposta por Gieseke.

Tabela 1.5: Classificação do porte das indústrias de abate segundo Gieseke

Porte Espécie animal (unidades/dia)

Bovinos Suínos Aves

Pequeno < 200 < 167 < 7.500

Médio 200 - 400 167 - 334 7.500 – 15.000

Grande > 400 > 334 > 15.000

Fonte: Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais, 2003

1.3 Objetivos

Os objetivos desse diagnóstico consistem em:

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- Reapresentar os dados existentes e informações técnicas e bibliográficas nacionais e internacionais referentes a tecnologias limpas, padrões de lançamento/emissão de efluentes líquidos e atmosféricos, e métodos de disposição de resíduos sólidos das atividades industriais dos frigoríficos, indústrias de carne e derivados e graxarias constantes do Diagnóstico de 2003;

- efetuar levantamentos de informações de empresas do setor de abate cadastradas

no Sistema de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais, quanto a capacidade instalada e regularização ambiental;

- para os 35 empreendimentos que enviaram regularmente os programas de

automonitoramento; realizar a caracterização dos mesmos quanto ao processo industrial, capacidade instalada, localização, geração de despejos, fase do licenciamento. Além disso, compilar, consistir e armazenar em banco de dados os resultados de análises laboratoriais de efluentes líquidos de empresas do setor de abate, bem como dados de qualidade ambiental;

- apresentar a atual situação ambiental das indústrias de abate no Estado de Minas

Gerais, além de propor diretrizes a serem adotadas para a melhoria da situação ambiental do setor.

1.4 Estrutura do trabalho

Este diagnóstico consiste em sete capítulos; quatro deles constituem a base para as conclusões e recomendações feitas neste trabalho. No terceiro capítulo é feita uma breve descrição dos processos da indústria de abate bem como a identificação dos seus principais produtos. No quarto capítulo são indicados os principais pontos de geração de efluentes e resíduos na indústria de abate bem como a sua caracterização. No quinto capítulo descrevem-se os métodos de tratamento e disposição comumente adotados para os efluentes e resíduos gerados na indústria de abate. Também são indicados padrões de lançamento adotados no Brasil e no exterior, e é analisado o estado da arte das tecnologias para o tratamento de efluentes e resíduos da indústria de abate. O sexto capítulo consiste na revisão do diagnóstico ambiental de 2003 das indústrias de abate no Estado de Minas Gerais propriamente dito, em que são apresentados os resultados atuais do setor.

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PROCESSOS INDUSTRIAIS

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2 PROCESSOS INDUSTRIAIS

A atividade da indústria de abate geralmente é efetuada durante algumas horas por dia e possui caráter sazonal, havendo, assim, uma variação significativa do número de animais abatidos ao longo do ano. Os processos industriais têm como ponto de partida o abate de animais e resultam em uma infinidade de produtos. Além de produtos finais usados na alimentação humana e animal são produzidas também matérias-primas, utilizadas em outros tipos de processos, como a produção de adubos e sabão, e por outros tipos de indústrias, como curtumes e indústrias farmacêuticas, entre outros exemplos.

2.1 Abate de bovinos

Os animais, após a recepção, são selecionados e separados os que serão mantidos em currais sanitários para posterior cremação ou remetidos para graxaria. Os demais permanecem em currais por um período de 24 a 48 horas sob dieta líquida (GIESEKE, 1996). Quando esse intervalo de tempo é maior que 24 horas, e não há previsão de abate eles devem ser alimentados (DESA, 2002). Após a lavagem dos animais, são atordoados individualmente, pendurados pela pata traseira em transportador aéreo, sendo submetidos a forte lavagem por aspersão e encaminhados ao setor de sangria. O sangue é coletado e pode ser utilizado na fabricação de farinha (CAMPOS, 1993). A quantidade de sangue por animal é cerca de 7% do peso vivo (IMHOFF, 1986), sendo coletado em média 15 ou 16 L/t (Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - DESA, 2002); o restante escoa ao longo da linha de abate ou fica retido nos tecidos e vasos do animal. Simultaneamente à sangria, são serrados os chifres, quando existentes (GIESEKE, 1996). A farinha produzida a partir do sangue coletado é normalmente utilizada para a alimentação de gado. O sangue pode também ser coagulado (por aquecimento ou adição de produto químico) separando-se a albumina e fibrina do plasma em centrífugas ou peneiras vibratórias. A albumina e fibrina podem ser vendidas para laboratórios farmacêuticos e o plasma, após evaporação, pode também ser empregado na alimentação de animais (GIESEKE, 1996). Em seguida, os animais são submetidos a uma sequência de operações, entre as quais se destacam: remoção do couro, decapitação e remoção das vísceras vermelhas (coração, fígado, pulmões, rins) e brancas (bucho e tripas) (CAMPOS, 1993). A pele geralmente é encaminhada à outra seção, onde se promove a sua "salga" (realizada geralmente por via seca, a pele é colocada em grandes pilhas entremeadas por sal; existindo também a alternativa por via úmida com imersão da pele em salmoura), sendo posteriormente vendidos à indústria de curtimento (curtumes) (CAMPOS, 1993). As cabeças também são trabalhadas, removendo-se a língua, a carne disponível e o miolo, constituindo matéria-prima para o setor de salsicharia ou para a fabricação de farinha, sendo os ossos encaminhados para a produção de farinha (CAMPOS, 1993). As vísceras aprovadas na inspeção sanitária são enviadas às respectivas seções de processamento. As rejeitadas, bem como as aparas retiradas das carcaças, podem ser aproveitadas na produção de farinhas para ração animal (GIESEKE, 1996).

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As tripas podem ser diretamente enviadas para recuperação por terceiros ou podem ser previamente raspadas e lavadas no próprio estabelecimento, antes da sua comercialização, que as utilizam, por exemplo, na fabricação de fios cirúrgicos (GIESEKE, 1996). Os intestinos são conduzidos para o local onde se faz o seu esvaziamento, lavagem e limpeza das peças. O estômago (bucho) é geralmente escaldado e branqueado, caso se destine à comercialização direta (GIESEKE, 1996). Os chifres, cascos, cabelos de orelhas e caudas podem ser submetidos à secagem e comercializados, que utilizam, por exemplo, cabelos na fabricação de pincéis e vassouras (GIESEKE, 1996). As patas sem os cascos ou extremidades (mocotós) podem ser depilados e clarificados com peróxido de hidrogênio e a biles pode ser conservada em formol para posterior comercialização (GIESEKE, 1996). Após essas operações, as carcaças são divididas em dianteiro e traseiro, inspecionadas e encaminhadas às câmaras frigoríficas ou à desossa ou, ainda, diretamente à comercialização (GIESEKE, 1996). Na área de desossa, as carcaças são divididas em seções menores e cortes individuais para comercialização ou para posterior processamento em produtos derivados. As aparas de material que resultam dessa operação são normalmente utilizadas na produção de gorduras comestíveis. Ossos e outras partes não comestíveis são destinados às graxarias (GIESEKE, 1996). Na Figura 2.1 é descrita de maneira sucinta o processo de abate de bovinos, identificando os produtos e subprodutos e a sua destinação.

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Figura 2.1: Fluxograma básico do processo de abate de bovinos

Fonte: (CAMPOS, 1993)

Pele

Carcaças,

Ossos e patas

Expedição

Resfriamento

Quarteamento

Lavagem

Evisceração Graxaria

Fabricação de farinha Desossa

Abate e sangria

Lavagem

Decapitação e

remoção das patas

Remoção da pele

couro

Graxaria

Graxaria

Salga

Graxaria

Estocagem Lavagem

Expedição

Bovinos

Gorduras

Carcaças e

Vísceras

Gorduras

Miolos

Sangue

Ossos

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2.2 Abate de suínos

Os animais, após recepção, inspeção e seleção, são mantidos nas pocilgas por período da ordem de 12 a 24 horas, durante o qual permanecem sob dieta líquida (CAMPOS, 1993). Na Figura 2.2 é descrita de forma sucinta o processo de abate de suínos, os principais produtos e subprodutos, bem como as usuais destinações finais.

Figura 2.2: Fluxograma básico do processo de abate de suínos Fonte: (CAMPOS, 1993)

Tripas, Miúdos

Cabeça, Carcaça

Pré-lavagem

Suínos

Atordoamento

Abate e sangria Sangue

Graxaria

Depelagem Pelos

Aproveitamento e/ou disposição

Toilete e pedicure

Evisceração

Gorduras Graxaria

Seleção Graxaria

Refrigeração

Carne verde picada

Expedição

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Após a lavagem dos animais, procede-se ao atordoamento, realizado, geralmente, por meio da aplicação de choque elétrico na região da cabeça; são dependurados pelas patas traseiras a um transportador aéreo que os encaminha à sangria (GIESEKE, 1996). Terminada a sangria, os animais presos ao transportador aéreo são levados para o tanque de escaldagem, onde são imersos em água quente (a cerca de 60 °C). Posteriormente os animais são conduzidos à depiladeira automática para remoção dos pelos e, em seguida, colocados sobre uma mesa metálica para remoção dos cascos e pelos remanescentes, sendo então lavados (CAMPOS, 1993). As operações subsequentes, de evisceração e preparação das carcaças, são efetuadas à semelhança do que ocorre no abate de bovinos.

2.3 Abate de aves

As aves são recebidas em engradados e permanecem de uma a duas horas em descanso, precedendo ao início do abate (CAMPOS, 1993). As aves doentes ou mortas são afastadas e enviadas geralmente à graxaria, juntamente com os outros subprodutos não comestíveis (GIESEKE, 1996). Após a retirada dos engradados, as aves são dependuradas pelos pés em uma esteira móvel (nória) que as movimenta durante o processamento industrial (CAMPOS, 1993). O início das operações ocorre com choque elétrico da ordem de 70V, durante alguns segundos, para atordoamento inicial, seguido pela sangria por meio do seccionamento da veia jugular. . O sangue drenado (durante cerca de 3 minutos) é geralmente coletado e encaminhado à graxaria, para produção de farinha, utilizada geralmente na alimentação de animais (CAMPOS, 1993). Após a sangria a ave é imersa em um tanque com água entre 55 e 60ºC para escaldagem durante 90 a 120 segundos, precedendo a atividade de depenagem em máquinas especiais. Em alguns casos, segue-se operação de retoque para melhor limpeza das aves. Em sequência, prendem-se as aves pelo pescoço para permitir a escaldagem dos pés (80°C) e posterior limpeza (CAMPOS, 1993). Depois dessas etapas é efetuada uma série de operações, geralmente acompanhada de lavagens, cujo conjunto é denominado de evisceração: extração da cloaca, abertura do abdome, exposição das vísceras, inspeção, corte e limpeza da moela e fígado, retirada das vísceras, extração a vácuo dos pulmões e separação dos miúdos (CAMPOS, 1993). Os pulmões são destinados a tanque fechado, onde são armazenados sob pressão e conduzidos, ao final do abate, à graxaria (GIESEKE, 1996). O Fluxograma típico simplificado do processo de abate de aves está representado na Figura 2.3.

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Figura 2.3: Fluxograma básico do processo de abate de aves

Fonte: (CAMPOS, 1993)

Sangue

Atordoamento

Aves

Sangria Graxaria

Escaldagem

Depenagem Graxaria

Graxaria

Escaldagem e limpeza dos pés

Evisceração Vísceras

Limpeza final

Pré-resfriamento

Embalagem

Resfriamento

Retirada dos pés e cabeça

Penas

Frigorificação

Expedição

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Após a retirada do pescoço e dos pés, efetua-se o pré-resfriamento das carcaças com a finalidade de evitar a sua decomposição bacteriológica . Nessa operação, as aves são também hidratadas (GIESEKE, 1996). Em geral, o pré-resfriamento é realizado em duas unidades denominadas de "pré-chiller" e "chiller", que são tanques providos de uma rosca interna tipo parafuso sem fim, os quais contêm água resfriada pela adição de gelo. O tempo de permanência nesses tanques é de aproximadamente 30 minutos e a temperatura final atingida pelas carcaças se encontra na faixa de 0º a 5º C (GIESEKE, 1996). Após o pré-resfriamento as aves são novamente dependuradas para o gotejamento, visando à remoção do excesso de água. E, finalmente, as carcaças, as vísceras comestíveis e os pés, pré--resfriados anteriormente, são embalados em sacos plásticos e destinados a estocagem e comercialização. Quando as vísceras e as penas não são vendidas a terceiros, esses materiais são geralmente encaminhados à graxaria localizada no próprio frigorífico ou indústria de carne e derivados (GIESEKE, 1996).

2.4 Industrialização da carne

As atividades de industrialização da carne em produtos comestíveis são realizadas tanto em empreendimentos integrados, indústrias de carne e derivados, isto é, empreendimentos que realizam o abate e a industrialização da carne, quanto em empreendimentos não-integrados que realizam apenas a industrialização da carne e partem da carne adquirida em outras indústrias. Apenas os empreendimentos integrados são do interesse deste diagnóstico. A industrialização da carne pode ser destinada à produção de charque, mortadela, linguiças, apresuntado, salsichas, bacon, etc. Na fabricação de charque, a carne é submetida à desossa e à remoção de sebo. Geralmente os ossos são encaminhados à fabricação de farinha, e o sebo é destinado à graxaria para a fabricação de sebo industrial. A seguir a carne é salgada (durante cerca de 40 a 60 minutos), em tanques contendo salmoura mantida sob agitação. Em seguida é removido o excesso de água e a carne é colocada em montes, envolvida em sal grosso – situação que é mantida por cerca de uma semana. Depois de nova imersão em água, a carne é secada ao sol durante um dia; por fim, é enfardada e estocada (CAMPOS, 1993). Na fabricação de embutidos, o processo geral envolve a trituração dos componentes, adição de condimentos, corantes, cura, cozimento (a vapor ou em água), defumação, resfriamento e a introdução em tripas (animal ou artificial). Em certos casos, promove-se o cozimento e choque térmico; em outros, efetua-se a defumação, em função das características do produto final desejado (CAMPOS, 1993). A operação de cura envolve a injeção de solução de sal e açúcar (dextrose) na carne, usualmente por meio de agulhas (GIESEKE, 1996). Alguns produtos são armazenados à temperatura ambiente e outros em câmaras frias.

2.5 Graxarias

As graxarias são unidades de processamento industrial com a finalidade de fabricar ração animal e adubo organo-mineral, e obter óleos e sebo, a partir de matérias-primas

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não comestíveis provenientes de frigoríficos, indústrias de carne e derivados e açougues. São mais popularmente conhecidas como estabelecimentos que produzem farinha de osso (GIESEKE, 1996). A importância econômica da atividade decorre do fato de que aproximadamente 10% do peso bruto de um animal abatido constituir-se de resíduos aproveitáveis (CETESB, 1983). Em termos de rendimento, o processamento das matérias-primas gera cerca de 50% de farinha e 20% de sebo/óleo (GIESEKE, 1996). Essas unidades, conforme as características das matérias-primas e do processamento, emitem diversos poluentes atmosféricos e hídricos, sendo os odores fétidos emitidos já de conhecimento popular, uma vez que tais unidades geralmente não possuem equipamentos de controle ambiental e os cuidados operacionais necessários em vista das matérias-primas serem facilmente putrescíveis (GIESEKE, 1996). O processamento de resíduos animais pode ser realizado por meio do cozimento, o qual pode ser feito por via úmida (injeção direta de vapor sobre o material carregado no digestor, propiciando uma separação de fases entre sólidos, sebo e água), a seco (aquecimento por injeção de vapor na camisa do equipamento) ou por secagem (que é utilizado principalmente para processar sangue, constituindo basicamente na evaporação de sua umidade até 65% e na posterior secagem em atomizadores). O processamento geralmente utilizado é o cozimento a seco por batelada (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, 1983). As matérias-primas são ossos em geral, cascos, canelas, ligamentos, mucosas, fetos, placentas, orelhas, pontas de calda, órgãos, partes ou animais inteiros rejeitados pela inspeção sanitária, medula, sangue, penas, vísceras, etc., as quais podem apresentar diferentes estados de conservação (GIESEKE, 1996).

2.5.1 Farinha de carne e osso

As matérias-primas provenientes dos frigoríficos, das indústrias de carne e derivados ou de terceiros são manualmente colocadas no triturador de ossos. Após a moagem, a massa obtida é transportada por meio de rosca sem fim para o digestor, o qual opera a temperaturas em torno de 150°C, pressões ao redor de 3 atm, com tempo de cozimento variando de 1 a 4 horas (GIESEKE, 1996). Terminada a digestão, abre-se a boca de descarga do sebo e dos sólidos. Por gravidade, esses materiais atingem o tanque percolador aquecido a vapor, onde os sólidos se separam do sebo por peneiramento, sendo este centrifugado e filtrado. O material sólido pode também ser prensado para retirada do sebo remanescente (GIESEKE, 1996). Logo a seguir, a torta obtida é transportada para o moinho de martelo, onde após a moagem é peneirado e ensacado, obtendo-se farinha de carne/osso. O sebo é bombeado para o decantador, sendo armazenado em reservatórios até a retirada em caminhões tipo tanque (GIESEKE, 1996). O sebo proveniente dos digestores e da prensa pode ser antes da estocagem previamente purificado por meio de seu bombeamento até clarificadores, para retirada da umidade, e posteriormente a filtros-prensa para retirada das impurezas (a farinheta ou borra obtida pode ser misturada à farinha) (GIESEKE, 1996).

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2.5.2 Farinha de sangue

O sangue coletado na sala de abate é transportado por gravidade, por meio de tubulações, até um tanque, sendo este equipado com bomba de recirculação a fim de se evitar a coagulação. Essa mesma bomba é utilizada para alimentar o secador e também para remover a água de limpeza que será conduzida para o tratamento de efluentes (GIESEKE, 1996). O processo de secagem é executado com o registro de saída dos gases aberto durante aproximadamente 3 horas e o sangue atinge a forma de pó. Após a secagem, inverte-se a rotação do secador para proceder à descarga. Em seguida, o produto é peneirado e ensacado para comercialização (GIESEKE, 1996).

2.5.3 Farinha de penas

A farinha de penas é produzida a partir das seguintes operações: as penas são separadas da fase líquida por meio de peneiras estáticas ou rotativas, são alimentadas nos digestores por correias ou rosca sem fim ou manualmente, são hidrolisadas por 30 minutos com pressão interna ao redor de 3 atm e pressão na camisa de vapor de 9,5 atm, sofrem secagem por 8 horas, com vácuo reduzido internamente. Após o cozimento, a farinha é secada, moída e embalada para comercialização (GIESEKE, 1996). Opcionalmente, podemos ter as seguintes variações: produção de farinha mista de pena e sangue, pela adição do sangue líquido às penas, após a fase de hidrólise; produção de farinha mista de penas e vísceras pela adição de vísceras cozidas e sem óleo, às penas, após a fase de hidrólise; produção de sangue coagulado em secadores a 65°C (GIESEKE, 1996).

2.5.4 Óleo animal

A produção de óleo obedece às seguintes operações: as vísceras das aves após separação da fase líquida por meio de peneira estática ou rotativa, são alimentadas nas autoclaves por correias ou rosca sem fim ou manualmente, para cozimento durante 1 hora a pressão de 3 atm, seguido de uma despressurização, ocorrendo a separação do óleo que sobrenada o banho com água. O óleo é geralmente separado por decantação (GIESEKE, 1996). Uma outra alternativa, menos poluente, é o processamento das vísceras por fritura em digestor em vez do uso de autoclave. Após extração do óleo, as vísceras, conforme já mencionado, podem ser encaminhadas aos digestores, juntamente com as penas e o sangue, para fabricação de farinha (GIESEKE, 1996).

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EFLUENTES, RESÍDUOS E

RUÍDOS

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3 EFLUENTES, RESÍDUOS E RUÍDOS

Serão indicados, a seguir, os principais pontos de geração de efluentes e resíduos na indústria de abate, bem como a sua caracterização, visando a evidenciar que não atendem aos padrões de lançamento da legislação em vigor no Estado de Minas Gerais, DN conjunta COPAM/Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) Nº 1/2008, DN COPAM Nº 11/1986 e DN COPAM Nº 07/1981 e federal, Resolução CONAMA Nº 382/2006.

3.1 Efluentes Líquidos

As emissões mais significativas associadas às atividades dos frigoríficos e indústrias de carne e derivados são os efluentes líquidos com altas cargas orgânicas. Em geral, esses efluentes podem ser divididos em três principais linhas de fluxo: - linha verde, composta por águas de lavagem dos currais, pocilgas e áreas de

recepção de animais em geral, rampas de descarga, área de circulação de animais, áreas de limpeza e processamento de tripas e buchos e graxarias;

- linha vermelha, composta por águas de lavagem da área destinada ao abate,

incluindo as áreas anexas onde o sangue é o principal contaminante; - linha de efluentes sanitários, composta por efluentes sanitários da planta

provenientes de banheiros, refeitórios, etc. Os efluentes líquidos gerados durante as atividades de abate e processamento da carne e de subprodutos em diversas operações podem variar de acordo com o tipo de processo adotado e de animal abatido.

3.1.1 Efluentes líquidos gerados durante o abate de bovinos e suínos

Os efluentes líquidos são gerados durante o abate de bovinos e suínos nas seguintes operações (GIESEKE, 1996): - limpeza de currais e pocilgas (após a retirada dos animais). No caso de currais

descobertos, as águas pluviais se misturam com os efluentes líquidos, porque conduzem certa quantidade de detritos, e são encaminhadas da mesma forma;

- limpeza de caminhões utilizados no transporte dos animais;

- lavagem por aspersão que os animais sofrem mesmo na rampa de acesso à área de sangria;

- águas de lavagens, utilizadas nas operações de evisceração, desossa, limpeza de

tripas, depilação de suínos e processamento de vísceras. A lavagem inicial do conteúdo do rúmen e tripas se destaca por conter uma grande quantidade de sólidos (em média 23 kg por bovino, com 75% de umidade). O processamento do bucho com cozimento alcalino a quente dá origem a despejos com grande quantidade de gorduras;

- transbordamento de tanque de escaldagem de suínos;

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- limpeza e higienização de instalações e equipamentos. Essas operações arrastam restos de carne, gorduras, sangue e partículas de ossos.

O sangue das operações de sangria dos animais deve ser coletado separadamente (e reaproveitado), impedindo, assim, o seu lançamento juntamente com os efluentes líquidos. A remoção do sangue poderá reduzir a carga orgânica do setor de sangria em até 70% (GIESEKE, 1996). No caso de abate de bovinos é comum procurar separar os efluentes que contêm conteúdo de buchos, decorrentes da operação de esvaziamento desses órgãos. É vantajoso que se lance esse tipo de efluente numa mesma linha que recebe os efluentes da limpeza do piso dos canais, pois ambos apresentam as mesmas características fundamentais. Da mesma forma, tanto os efluentes das operações de limpeza das tripas dos suínos e os despejos da lavagem das pocilgas que recebem os animais também devem ser lançados em uma mesma linha (GIESEKE, 1996). Destaca-se o fato de que os conteúdos das linhas de fezes dos bovinos (linha "verde") e de suínos não devem ser misturados, pois exigem tratamentos preliminares diferentes (GIESEKE, 1996). Os efluentes do setor em que se faz a depelagem dos porcos devem ser coletados separadamente para viabilizar a remoção racional de pelos arrastados pela água (GIESEKE, 1996).

3.1.2 Efluentes líquidos gerados durante o abate de aves

Os efluentes líquidos são gerados durante o abate de aves nas seguintes operações (GIESEKE, 1996): - limpeza da área de recepção das aves e dos caminhões e engradados;

- águas residuárias da chamada "área suja" (sangria, escaldagem, depenagem e remoção de cutículas). Essas águas contêm penas, sangue e sólidos que são provenientes de: extravazamento do tanque de escaldagem e drenagem no fim do período de processamento, chuveiro da depenagem e da remoção de cutículas, transporte hídrico de penas;

- águas residuárias da chamada "área limpa" (evisceração, resfriamento e

gotejamento) que são provenientes de: extravazamento dos tanques de pré-resfriamento e drenagem desses no fim do período de processamento, gotejamento do excesso de água das aves, transporte hídrico de vísceras;

- limpeza e higienização de equipamentos e instalações, em que se empregam, às

vezes, soluções de hipoclorito ou de outros desinfetantes. O sangue das operações de sangria das aves deve ser coletado separadamente (e reaproveitado), impedindo-se, assim, o seu lançamento juntamente com os efluentes líquidos (GIESEKE, 1996). Cabe ressaltar que o sangue drenado das aves tem uma demanda bioquímica de oxigênio (DBO) elevada, e a sua recuperação reduz a carga do esgoto bruto de 50 a 70%, de acordo com a CETESB (GIESEKE, 1996).

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3.1.3 Efluentes líquidos gerados durante a industrialização da carne

Os efluentes líquidos gerados são provenientes basicamente das operações de limpeza de instalações e equipamentos, de derrames ou descargas de equipamentos de cozimento e derrames de soluções usadas na cura e defumação (GIESEKE, 1996). Quando na industrialização da carne se empregam operações de salga, esses despejos devem ser segregados por conterem elevado teor de cloretos, de forma que possam ser lançados lentamente no sistema global de tratamento (GIESEKE, 1996).

3.1.4 Efluentes líquidos gerados nas graxarias

Os efluentes líquidos são gerados durante o processamento de subprodutos nas seguintes operações (GIESEKE, 1996): - águas residuárias das autoclaves e digestores. Esses efluentes são ricos em matéria

orgânica e, além de causar problemas de poluição das águas, quando não são tratados adequadamente, podem gerar odores, constituindo-se também em fontes de poluição do ar;

- águas residuárias da lavagem de instalações e equipamentos; - águas residuárias de condensadores e solução aquosa de lavadores, equipamentos

estes geralmente utilizados no controle ambiental das emissões atmosféricas. Quando se utiliza condensador de contato direto como equipamento de controle, o efluente líquido irá contribuir com cerca de 30% da carga de DBO total gerada na graxaria, segundo a CETESB.

Quando o sangue é processado em secadores com aquecimento indireto a vapor não resulta daí nenhum resíduo líquido; entretanto, quando se procede à técnica de esgotamento do plasma, resulta um resíduo líquido altamente concentrado (soro), que deve ser destinado à estação de tratamento de efluentes líquidos (GIESEKE, 1996).

3.1.5 Caracterização dos efluentes líquidos

Os efluentes líquidos gerados pela indústria de abate, em geral, apresentam elevadas concentrações de DBO, demanda química de oxigênio (DQO), sólidos em suspensão, óleos e graxas (OG) e nitrogênio orgânico. Mesmo que o sangue seja segregado dos efluentes líquidos, prática necessária para um tratamento satisfatório, estes, ainda assim, apresentarão um residual de sangue que contribui para os altos valores de DBO e DQO. O sangue líquido apresenta uma DQO com valor em torno de 400g/L e uma DBO com valor em torno de 200g/L (European Integrated Pollution Prevention and Control - EU IPPC, 2002). Os efluentes líquidos são altamente putrescíveis por apresentarem-se com temperatura elevada, residual de sangue, pedaços de carne, gordura e vísceras; podendo ainda apresentar micro-organismos patogênicos se os animais abatidos não estiverem em perfeitas condições de saúde (GIESEKE, 1996). Uma avaliação das concentrações dos efluentes brutos gerados na indústria de abate elaborada por Campos (CAMPOS, 1993) está indicada na Tabela 3.1.

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Tabela 3.1: Parâmetros do efluente bruto da atividade de abate e industrialização da carne

Parâmetros

Abate de suínos Abate de bovinos Industrialização da carne

Pocilgas Matança Abate Esvaziamento

de buchos Salmoura/ charque

Limpeza geral

pH DQO (g/L) DBO (g/L) OG (g/L) Sol. Sed (mg/L) Cloretos (g/L) N¹ total (mg/L) P² total (mg/L)

6,7 - 7,5 1,5 – 3,5 1 – 3,5 1 – 3

20 – 60 - - -

6,5 - 8 1,5 – 3

1,1 – 2,8 0,7 – 2,9 5 – 15

- - -

6,7 - 9 2 – 8

1,1 - 5 0,6 - 7 6 – 80

- - -

- 9 – 13 2,5 - 5 0,5 - 6

130 – 300 - - -

5 – 6 40 – 70 20 – 40

- 0,5 – 2 30 – 40

- -

5,8 – 6 1,2 – 8

0,7 – 4,8 0,4 – 4 2 –15

- 15 - 40 8 - 30

Fonte: Campos (1993) ¹ N – nitrogênio; ² P – fósforo.

CETESB (2006) cita parâmetros para os efluentes de graxaria, conforme os apresentados na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Parâmetros do efluente bruto da atividade de graxaria

Parâmetros Carga

(kg/ t matéria-prima) Concentração

(mg/L)

DQO (mg/L) DBO (mg/L) OG (mg/L) Sólidos em suspensão (mg/L) Cloretos (mg/L) N total (mg/L) P total (mg/L)

1,1 0,73 0,14 0,018 0,056 0,17

0,0021

2.207 1.723 109 61 196 493 6,3

Fonte: CETESB (2006)

Os efluentes líquidos gerados pela indústria de abate podem apresentar valores para os parâmetros indicados na Tabela 3.2 muito superiores aos do efluente bruto doméstico, conforme Tabela 3.3.

Tabela 3.3: Caracterização do esgoto bruto doméstico

Parâmetros Efluente Doméstico bruto

pH -

DBO (mg/L) 110 a 400

DQO (mg/L) 250 a 1.000

OG (mg/L) 50 a 150

Sólidos Dissolvidos (mg/L) 5 a 20

Sólidos Suspensos (mg/L) -

N total (mg/L) 20 a 85

P total 4 a 15

Fonte: Mendonça (1990)

3.2 Efluentes Atmosféricos

As principais fontes de efluentes atmosféricos na indústria de abate são provenientes das graxarias e das caldeiras, a óleo ou a lenha. No entanto, o empreendimento ou empresa como um todo causa emanações odoríferas dispersas, associadas ao tipo de atividade e cuja intensidade varia de acordo com a higienização do local, o intervalo

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entre a dieta hídrica e o abate dos animais a serem processados e as condições e tempo de estocagem dos subprodutos antes do processamento. (GIESEKE, 1996). As emanações odoríferas são agravadas quando os subprodutos não são processados em seguida ao abate ou se são provenientes de terceiros, por se constituírem em materiais facilmente putrescíveis. No caso dos subprodutos serem provenientes de terceiros, o transporte constitui ainda uma fonte móvel de poluição atmosférica, uma vez que os caminhões utilizados em geral não são frigoríficos (GIESEKE, 1996). Os compostos orgânicos voláteis (VOCs) são os principais poluentes emitidos pelas graxarias em atividade. Além dos VOCs, material particulado também pode ser emitido durante operações para a redução do tamanho dos subprodutos ou em operações para a fabricação de farinha de sangue, de carne e ossos ou de penas (United States Environmental Protection Agency - EPA, 1995). Os principais constituintes das emissões geradas pelas graxarias que foram qualitativamente identificados incluem: material particulado, amônia, sulfito de hidrogênio, sulfitos orgânicos, disulfitos, aldeídos, trimetilamina, aminas, quinolina, dimetilpirazina e outras pirazinas, ácidos orgânicos e em menor extensão alcoóis, cetonas, hidrocarbonetos alifáticos e compostos aromáticos (EPA, 1995). A detecção do odor causado por vários dos VOCs mencionados é muito baixa, em alguns casos na concentração de 1 ppb, Tabela 3.4. Essas substâncias odoríferas costumam causar grande incômodo em áreas residenciais localizadas próximas às graxarias.

Tabela 3.4: Limite de percepção de odor

Substâncias odoríferas Fórmula Peso

Molecular Limite de percepção de odor

(PPB)

Dimetilamina CH3NHCH3 45,08 4,70

Metilamina CH3NH2 31,06 21,00

Trimetilamina (CH3) 3N 59,11 0,21

Amônia NH3 17,03 46 - 800

Etilmercaptana C2H5SH 62,13 1,00

Gás sulfídrico H2S 34,08 4,70

Metilmercaptana CH3SH 48,10 2,10

Sulfeto de dimetila CH3SCH3 62,13 2,50

Escatol C9H8NH 131,18 220

Acroleína CH2=CH-COH 56,06 210

Ácido butírico C3H7COOH 88,10 1,00

Fonte: CETESB, 1983

Processos anaeróbios de tratamento de efluentes também podem causar odores desagradáveis. Nesse caso, a manutenção de uma camada sobrenadante ou a utilização de cobertura pode minimizar o incômodo. A utilização de cobertura nas lagoas anaeróbias também pode possibilitar a captura do biogás gerado, que pode ser queimado em flare para reduzir as emissões. No caso do volume de biogás capturado ser suficiente, este pode ser aproveitado para gerar calor, eletricidade ou ambos (EU IPPC, 2002). Caldeiras são fontes potenciais de emissões de material particulado, dióxido de enxofre, dióxido de carbono, vapor, entre outros. A composição específica das emissões

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depende, no entanto, do tipo de combustível utilizado e do modo de operação. Caldeiras devidamente reguladas e controladas durante a operação têm suas emissões minimizadas, mas o controle por si só, muitas vezes, não oferece garantias de que os padrões de lançamento são respeitados.

3.3 Resíduos Sólidos

Vários tipos de resíduos sólidos são gerados durante as atividades de abate e processamento da carne, no horário de expediente do empreendimento e durante o tratamento de efluentes, sendo que a maioria é constituída na verdade de subprodutos aproveitáveis.

3.3.1 Resíduos gerados durante a atividade produtiva

Durante as atividades da indústria de abate são normalmente gerados os seguintes resíduos listados abaixo: - ossos, vísceras e carne rejeitada, bem como as aparas retiradas das carcaças

durante a atividade de abate e industrialização da carne; - esterco recolhido durante a limpeza dos currais e excrementos recolhidos durante a

limpeza das pocilgas; - unhas e pelos de suínos, penas, crina e cascos; - tecidos de uniformes e botas que constituem parte dos equipamentos de segurança,

substituídos quando em condições inadequadas para continuarem a ser usados pelos empregados;

- sucata resultante de reformas e da manutenção ou troca de equipamentos; - plásticos, incluindo aparas retiradas de embalagens plásticas, embalagens

defeituosas, embalagens sujas e inutilizadas, geradas durante a atividade de embalar os produtos da industrialização da carne;

- embalagem de produtos químicos utilizados na planta; - vidros; - papel e papelão. Durante o período de funcionamento do empreendimento são ainda gerados resíduos do tipo lixo doméstico em áreas da planta como escritórios, almoxarifado e refeitórios.

3.3.2 Resíduos gerados no tratamento de efluentes

Os sistemas de tratamento dos efluentes líquidos industriais e sanitários do empreendimento constituem também uma fonte de geração de resíduos, geralmente representada por resíduos orgânicos, principalmente lodo biológico, mas também sólidos grosseiros retidos no pré-tratamento da ETE. Em relação ao tratamento dos efluentes atmosféricos, são resíduos o material particulado, fuligem e cinzas, coletados a partir dos gases de exaustão das caldeiras por meio dos equipamentos de controle empregados. Materiais encontrados em lavadores de gases como o carvão ativado

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quando exaurido, o material usado do biofiltro, etc., substituídos esporadicamente, também são considerados resíduos e deve ser dado destino adequado a eles.

3.3.3 Caracterização de resíduos

Os resíduos gerados pela indústria de abate, em geral, apresentam elevadas concentrações de componentes orgânicos. No entanto, são gerados também resíduos inorgânicos decorrentes do emprego de insumos necessários ao processo. Vale enfatizar que a composição dos resíduos pode variar dependendo das características das matérias-primas e insumos utilizados. O Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) da Universidade Federal de Minas Gerais realizou, em 2002, a análise de alguns resíduos provenientes da indústria de abate cujos resultados estão indicados nas Tabelas 3.5 e 3.6. Tabela 3.5: Resultado das análises referentes ao teor de umidade, teor de sólidos e teor de

cloretos para lodo biológico, conteúdo ruminal e fuligem

Resíduos Teor de

umidade (%) Teor de sólidos, massa seca (%)

Teor de sólidos voláteis (%)

Teor de sólidos não voláteis,

cinzas (%)

Cloretos

(mg/L)

Lodo biológico da ETE 52,51 47,49 69,64 30,36 3,26

Lodo primário (conteúdo ruminal)*

2,67 97,30 86,29 13,71 93,39

Fuligem (óleo combustível tipo 1A)

2,25 97,75 98,69 1,31 5,66

Fonte: DESA, 2002.

*As análises foram feitas após secagem na estufa durante dois dias à temperatura igual a 103°C, dois dias à temperatura ambiente e um dia à 50°C. O teor de umidade calculado anteriormente ao início das análises foi 85,69%. Observação: As análises de teor de umidade, teor de sólidos, teor de sólidos voláteis e teor de cinzas foram realizadas segundo a norma DIN 38 414 partes 2 e 3.

Tabela 3.6: Resultados da análise de lixiviação, solubilização e teor de cloretos de fuligem

de óleo combustível tipo 1 A

Fuligem de óleo tipo 1A

Hg Total (mg/L)

Cd Total (mg/L)

Pb Total (mg/L)

Se Total (mg/L)

As Total (mg/L)

Cr Total (mg/L)

BA Total (mg/L)

Teor de Cloretos (mg/L)

Branco da lixiviação

0,0004 - - < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,017 -

Lixiviação 0,0003 - - < 0,01 < 0,01 0,06 0,065 9,78

Branco da solubilização 0,0031 < 0,001 < 0,02 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,024 -

Solubilização (Amostra 1) 0,0008 0,019 0,06 < 0,01 < 0,01 0,40 0,058 43,25

Solubilização (Amostra 2) 0,0002 0,017 0,06 < 0,01 < 0,01 0,30 0,083 44,28

Fonte: DESA, 2002. Observações: As amostras para as análises de lixiviação e solubilização foram preparadas segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 10.005 e NBR 10.006 respectivamente. As análises de lixiviação e solubilização foram realizadas pelo Laboratório Químico e Mineral Lakefield Geosol LTDA (Belo Horizonte/MG). Os valores em negrito excedem os limites permitidos pela a NBR 10.004.

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Segundo dados experimentais da CETESB, as características da fuligem coletada em equipamentos de controle do tipo seco, provenientes da queima de óleo combustível tipo BPF, estão apresentadas na Tabela 3.7. Esse tipo de resíduo normalmente é classificado como sendo classe I ou classe II dependendo da sua composição. Tabela 3.7: Características de fuligem proveniente da queima de óleo combustível tipo BPF

Parâmetros Teores no Resíduo Teores no Lixiviado

Cádmio < 0,12 mg/Kg seco nd*

Níquel 273 mg/Kg seco 11,0 mg/L

Vanádio 1,66 x 103 mg/Kg seco 37,4 mg/L

Chumbo < 2,44 mg/Kg seco nd*

Arsênio < 0,415 mg/Kg seco nd*

Enxofre -Total 6,6 % seco 0,5 mg/L

Densidade 0,32 g/cm3 -

Resíduo fixo 98,9 % seco -

Fonte: CETESB, 1984. * não detectável

3.4 Ruídos

As principais fontes de ruídos e vibrações na indústria de abate são: os animais, o movimento de veículos, equipamentos em geral, compressores, equipamentos de ar condicionado e ventilação e equipamentos utilizados para o corte das carcaças. Algumas dessas fontes estão presentes 24 horas enquanto outras são intermitentes (EU IPPC, 2002). Segundo a legislação em vigor no Estado de Minas Gerais, Lei Estadual 10.100, de 17 de janeiro de 1990, são considerados prejudiciais à saúde ruídos que, independentemente dos ruídos de fundo, atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível superior a 70 dB (A) durante o dia e 60 dB (A) durante a noite, se outro padrão não estiver estabelecido na legislação municipal pertinente. As principais medidas para o controle de ruídos e vibrações consistem na escolha adequada para a localização do empreendimento e das unidades em que são realizadas operações geradoras de ruídos em suas dependências, layout adequado (GIESEKE, 1996).

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TRATAMENTO DE EFLUENTES E

RESÍDUOS

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4 TRATAMENTO DE EFLUENTES E RESÍDUOS

A indústria de abate produz grandes quantidades de resíduos orgânicos e efluentes com elevada carga orgânica. Esses são ricos em nutrientes que podem, por exemplo, ser aproveitados na agricultura. No entanto, sem tratamento adequado, os efluentes e resíduos provenientes da atividade de abate causam riscos à saúde, odores desagradáveis e degradação ambiental (SALMINEN et al., 2001). O tratamento dos efluentes e resíduos permite a melhora de suas propriedades físico-químicas, reduzindo os impactos ambientais decorrentes da sua disposição final.

4.1 Tratamento de Efluentes Líquidos

O tratamento dos efluentes líquidos provenientes da indústria de abate classifica-se em três categorias: o tratamento primário para a remoção de sólidos suspensos e sedimentáveis, o tratamento secundário para a remoção da maioria da carga orgânica e, não sendo ainda uma exigência da Legislação Ambiental mineira, o tratamento terciário para a remoção de nitrogênio, fósforo, sólidos suspensos, micro-organismos patogênicos ou uma combinação deles. Processos que visam à recuperação e ao descarte mínimo de sangue, gorduras, vísceras e outros subprodutos que apresentam possibilidade de aproveitamento, podem reduzir consideravelmente as cargas poluidoras.

4.1.1 Tratamento primário

O tratamento primário tem por objetivo, principalmente, a redução dos sólidos suspensos e sedimentáveis, a redução da carga orgânica refletida em termos da DBO para processos subsequentes e a recuperação de subprodutos que possam ser processados nas graxarias. Os equipamentos geralmente utilizados para este tipo de tratamento são: peneiras, flotadores, tanques de equalização e caixas de gordura. Agentes químicos como floculantes ou polímeros podem ser adicionados para aumentar a eficiência de remoção da carga orgânica.

4.1.1.1 Peneiras

As peneiras são geralmente os primeiros equipamentos a serem utilizados no tratamento primário. Elas removem os sólidos grosseiros dos efluentes líquidos que podem causar problemas em equipamentos como bombas e entupimento das tubulações. Existem vários tipos de peneiras usadas no tratamento de efluentes líquidos: peneiras estáticas, rotativas e vibratórias. As mais usadas no tratamento primário são as peneiras estáticas e rotativas. Elas são confeccionadas em aço inoxidável e removem sólidos com diâmetros entre 0,01 e 0,06 polegadas (EPA, 2002). A utilização de uma segunda peneira tem se tornado comum pela vantagem de aumentar a eficiência de recuperação de subprodutos que podem ser aproveitados sem adulterá-los, por exemplo, por coagulantes ou pelo processo de putrefação, além de reduzir o volume de sólidos a serem recolhidos em etapas subsequentes (EPA, 2002).

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4.1.1.2 Caixa de gordura

A caixa de gordura separa, além da gordura, os sólidos suspensos finos dos efluentes líquidos por meio da gravidade. Esse equipamento requer um mínimo de turbulência provocado pelo escoamento dos efluentes dentro do tanque, de forma a garantir que os sólidos com densidade superior à da água se depositem no fundo e a gordura e os sólidos finos fiquem suspensos na superfície do efluente. As caixas de gordura são, algumas vezes, equipadas com pás (skimmer e scraper) para a retirada do sobrenadante e do lodo depositado no fundo da caixa. No caso da não existência de equipamento para a remoção do sobrenadante e do lodo, essa tarefa também pode ser feita manualmente. Os fatores críticos que afetam a eficiência das caixas de gordura são: tempo de retenção e taxa de remoção do lodo. E dependendo da concentração, taxas de recuperação em torno de 60 a 70 % podem ser obtidas a partir de um tempo de retenção em torno de 20 a 40 minutos (EPA, 2002). Em geral, as caixas de gordura são retangulares e possuem em torno de 1,8 metros de profundidade. O fluxo é o critério mais importante para o dimensionamento; uma avaliação recomendável para determinar as dimensões seria avaliar o fluxo durante uma hora, em horário de pico, considerando o tempo de retenção entre 30 e 40 minutos. A utilização de um tanque de equalização antes da caixa de gordura pode reduzir significativamente o tamanho requerido (EPA, 2002).

4.1.1.3 Flotação

A flotação é bastante usada no tratamento primário dos efluentes da indústria de abate para a remoção dos sólidos suspensos. A sua principal vantagem em relação à sedimentação é a sua maior eficiência de remoção de partículas muito leves e/ou pequenas, inclusive gordura. O método de operação escolhido pode fazer os custos de operação variarem ligeiramente, mas os desempenhos do processo são essencialmente iguais entre os três modos de operação existentes (todo o efluente, apenas parte dele ou parte do efluente reciclado é saturado com ar a pressão entre 40 e 50 psi) (EPA, 2002 e METCALF & EDDY, 1991). Sob pressão atmosférica, o ar é dessorvido no interior do tanque formando inúmeras bolhas, de tamanho bem pequeno, que transportam os sólidos suspensos até a superfície do efluente. Os sólidos sobrenadantes, assim como os sólidos sedimentados, são removidos. O formato do tanque não é importante, mas uma distribuição uniforme das bolhas permite a construção de tanques de flotação mais rasos. Agentes químicos podem ser adicionados para aumentar a eficiência da flotação. A eficiência de remoção de sólidos suspensos varia entre 40 e 65 %, sem a adição de agentes químicos, e entre 80 e 93 %, com a adição de agentes químicos. No caso dos óleos e graxas, a eficiência de remoção varia entre 60 a 80 % sem a adição de agentes químicos e entre 85 a 99 % com a adição de agentes químicos (EPA, 2002) podendo ainda além de remover entre cerca de 75 a 80 % da DBO5 remover grandes quantidades de nitrogênio e fósforo (JOHNS, 1995). Vários estudos foram feitos no sentido de investigar maneiras de melhorar a eficiência de remoção dos sistemas de flotação a ar, utilizados no tratamento de efluentes líquidos

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gerados na indústria de abate. A remoção ótima de óleos e graxas dos efluentes é obtida com o pH entre 4,0 e 4,5 sem a adição de agentes químicos e uma remoção significativa de óleos e graxas e sólidos suspensos pode ser obtida por meio da adição de agentes químicos, obtendo-se grande quantidade de lodo instável.. A adição de peróxido de hidrogênio nos sistemas de flotação também pode aumentar significativamente a remoção dos óleos e graxas por meio da nucleação de bolhas muito finas de oxigênio (JOHNS, 1995). As vantagens da utilização de flotação são: baixo custo de instalação, design compacto, habilidade de lidar com cargas variáveis e fácil manutenção (EPA, 2002). Existem alternativas à utilização da flotação incluindo eletro-flotação, osmose reversa e troca iônica; no entanto, esses processos são mais dispendiosos e sofisticados, não sendo, dessa forma, utilizados no tratamento de efluentes da indústria de abate.

4.1.1.4 Tanque de equalização

Os tanques de equalização são equipados com bombas e com a função de reduzir as flutuações de fluxo dos efluentes. Eles recebem um fluxo variável de efluentes, graças às variações de fluxo que ocorrem durante o abate, processamento e higienização, mas a sua descarga é constante. As principais vantagens que a utilização de tanques de equalização oferecem são: a necessidade de unidades de tratamento subsequentes menores e a melhor operação de sistemas de tratamento de efluentes quando não são submetidos à alimentação e a cargas variáveis (EPA, 2002). A aeração e a mistura dos efluentes dos tanques de equalização são alternativas para prevenir a sedimentação de sólidos e controlar os odores METCALF & EDDY, 1991).

4.1.1.5 6 Adição de agentes químicos

Agentes químicos, coagulantes, floculantes como sais de alumínio ou ferro e polímeros orgânicos sintéticos são comumente adicionados a efluentes para a remoção de poluentes antes de processos de clarificação ou flotação, para agregar partículas coloidais por meio de coagulação e floculação, aumentando a eficiência do processo (EPA, 2002). Todos os químicos adicionados são removidos juntamente com os sólidos separados. No entanto, é preferível a utilização de polímeros a sais metálicos se os sólidos são processados na graxaria, de forma a evitar altas concentrações de metais nos produtos da graxaria. No caso da utilização de polímeros, os sólidos, se processados em graxaria, devem ser tratados a temperaturas mais altas, cerca de 127 °C, e tempos de retenção mais longos (EPA, 2002). Devido à eficácia dos sais de alumínio e ferro e dos polímeros ser dependente do pH, ajustes de pH normalmente precedem à adição desses químicos para minimizar a quantidade gasta (EPA, 2002).

4.1.2 Tratamento secundário

O tratamento secundário tem como objetivo a redução da DBO por meio da remoção de material orgânico, principalmente sob a forma de compostos orgânicos solúveis, que ainda permanecem após o tratamento primário.

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Apesar do tratamento secundário poder ser realizado usando uma combinação de processos físicos e químicos, os processos biológicos têm sido utilizados, preferencialmente, na maioria dos casos. Eficiência de remoção de poluentes maiores que 90 % podem ser obtidas através do tratamento biológico dos efluentes líquidos da indústria de abate (EPA, 2002). Sistemas de tratamento biológico de efluentes líquidos comumente utilizados são: lagoas, lodos ativados, processos anaeróbios ou uma seqüência de processos anaeróbios e aeróbios.

4.1.2.1 Tratamento anaeróbio

O tratamento anaeróbio reduz a quantidade de matéria orgânica e a DBO por meio da redução de compostos orgânicos, o biogás, feita por uma grande variedade de micro-organismos presentes nos efluentes. O biogás produzido pela atividade dos micro-organismos é constituído principalmente por metano (60 a 70%) e dióxido de carbono (30 a 40 %) além de sulfeto de hidrogênio e outros gases em quantidades bem baixas (METCALF & EDDY, 1991). Tanto o metano quanto o dióxido de carbono são rapidamente dessorvidos devido ao fato de serem essencialmente insolúveis em água. O biogás gerado é normalmente lançado na atmosfera, mas também pode ser queimado por meio de queimadores ou coletado para uso como combustível. A remoção de DBO por meio de processos anaeróbios pode ser bastante elevada. No entanto, processos de tratamento anaeróbio são mais sensíveis a temperatura e a variações da carga orgânica que processos de tratamento aeróbio. Devido ao tratamento anaeróbio requerer uma quantidade desprezível de energia, ele é uma alternativa atrativa para o tratamento de efluentes com alta carga de poluição, como os efluentes da indústria de abate (EPA, 2002). O tratamento anaeróbio não é capaz de atender aos padrões de lançamento, quando utilizado isoladamente, mas reduz significativamente a demanda energética de processos aeróbios, empregados subsequentemente para atender aos padrões de lançamento (METCALF & EDDY, 1991). As lagoas anaeróbias constituem o sistema de tratamento mais comumente utilizado. Entretanto, processos anaeróbios de alto fluxo como reatores anaeróbios de fluxo ascendente e processos envolvendo filtros anaeróbios são alternativas quando não há área disponível para a implantação de lagoas.

4.1.2.2 Tratamento Aeróbio

Processos de tratamento aeróbio têm como objetivo principal realizar a remoção de matéria orgânica e DBO a partir da transformação de compostos orgânicos coloidais e solúveis em biomassa, com a subsequente remoção da biomassa formada por meio de sedimentação ou separação mecânica (METCALF & EDDY, 1991). Em geral o tratamento aeróbio segue diretamente o tratamento primário, ou mais comumente, segue alguma forma de tratamento anaeróbio a fim de promover a redução da DBO e da concentração de sólidos suspensos para atender aos padrões de lançamento. A redução da amônia é também uma das tarefas típicas de processos de tratamento aeróbios. Os micro-organismos envolvidos no processo de tratamento aeróbio necessitam de oxigênio dissolvido para transformar os compostos orgânicos coloidais e solúveis em biomassa. A oxidação de carbono orgânico a dióxido de carbono ocorre em alguma

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extensão de forma a promover o crescimento das células. O grau de oxidação depende do tempo de retenção, tempo médio de residência das células, determinante da idade da população de micro-organismos. Processos com longo tempo de retenção geram menor quantidade de sólidos sedimentáveis por unidade de DBO removida (METCALF & EDDY, 1991). A oxidação do nitrogênio na forma amoniacal (N-NH4) em nitrato (N-NO3), nitrificação, também ocorre se tempos de retenção suficientemente longos são adotados para garantir a manutenção da população ativa de bactérias nitrificantes. As taxas de crescimento de bactérias autotróficas responsáveis pela nitrificação, Nitrosomas e Nitrobacter, são mais lentas que a taxa de crescimento dos micro-organismos responsáveis pela redução da DBO. A extensão da nitrificação durante o tratamento depende, dessa forma, do tipo de sistema de tratamento e das condições de operação estabelecidas (METCALF & EDDY, 1991). As vantagens da utilização de processos aeróbios são: baixa produção de odores, alta taxa de crescimento biológico, não necessitar de temperaturas elevadas e apresentar um rápido ajuste a variações de temperatura e de carga orgânica. As desvantagens são os custos, em geral mais altos, necessidade de equipamentos de aeração artificial e maior gasto energético resultante da utilização de aeração artificial. Os processos de tratamento aeróbios podem amplamente ser divididos, quanto à forma de crescimento de micro-organismos: em suspensão e fixos a um substrato. As lagoas aeróbias e as várias formas do processo de lodo ativado como aeração prolongada, tanques aerados, e sequência de reatores em batelada são exemplos de processos de crescimento de micro-organismos em suspensão; os biodiscos e filtros percolados são exemplos de processos de crescimento de micro-organismos fixos a um substrato (METCALF & EDDY, 1991).

4.1.3 Tratamento Terciário

O tratamento terciário ou avançado é mais comumente utilizado na indústria de abate para alcançar maiores taxas de redução de sólidos suspensos e nutrientes como fósforo e nitrogênio.

4.1.3.1 Remoção de nutrientes

A redução da concentração de nitrogênio e fósforo ocorre durante o tratamento primário e secundário dos efluentes líquidos, seja por meio da separação de material particulado ou da síntese celular. No entanto, essa redução algumas vezes é limitada, tornando necessário um tratamento adicional para a retirada de fósforo e nitrogênio antes da disposição (EPA, 2002). Ambos os processos biológicos e físico-químicos podem ser utilizados para promover a redução de nutrientes; os processos biológicos em geral são menos onerosos que os físico-químicos (EPA, 2002).

4.1.3.2 Remoção de sólidos suspensos residuais

A filtração é geralmente usada para que haja uma maior redução na concentração de sólidos suspensos e, consequentemente, da DBO. A filtração é um processo de separação sólido-líquido em que o líquido passa através de um meio filtrante que

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possua uma grande área superficial (carvão ativado, polímeros, areia, etc), resultando na remoção de sólidos suspensos ainda presentes nos efluentes. Vários mecanismos são responsáveis pela remoção de sólidos suspensos por esse tipo de filtro como filtração, sedimentação, impacto e interceptação. Adsorção química, adsorção física, floculação e crescimento biológico também podem contribuir na remoção de sólidos suspensos (METCALF & EDDY, 1991). Problemas que podem vir a ocorrer durante a utilização de filtros, cujo meio filtrante é constituído por carvão ativado, polímeros, areia, etc, incluem a emulsificação de gordura, perda de meio filtrante, aglomeração de flocos biológicos, sujeira e meio filtrante formando aglomerados de lodo que reduzem a efetividade da filtração e da regeneração (limpeza) e a formação de rachaduras no leito do filtro (METCALF & EDDY, 1991).

4.1.4 Desinfecção

A desinfecção é capaz de destruir os micro-organismos patogênicos remanescentes. A adição de cloro, mesmo havendo controvérsias quanto à possível formação de substância cancerígena, é o método mais comumente usado, apesar das alternativas de utilização de ozônio e luz ultravioleta (UV). Apesar da desinfecção, em alguns casos ser recomendável, ela não é uma exigência da FEAM no que diz respeito ao tratamento de efluentes das indústrias de abate do Estado de Minas Gerais.

4.1.5 Padrões de lançamento

No caso do Brasil, a legislação exige que os empreendimentos tratem, antes da sua disposição final, os efluentes líquidos que produzem.. O tratamento é inteiramente de responsabilidade da empresa, assim como o automonitoramento dos efluentes líquidos. No caso do Estado de Minas Gerais, para essa tipologia industrial, os resultados devem ser encaminhados mensalmente ao órgão ambiental competente. No Brasil ou no nível federal, a atual legislação entrou em vigor no ano de 2005, com a Resolução CONAMA N° 357/2005 e, em 2008, em Minas Gerais, com a DN conjunta COPAM/CERH N° 1/2008. Como é possível verificar nas Tabelas 4.1 a 4.3, os padrões de lançamento para efluentes líquidos variam no caso dos três países considerados.

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Tabela 4.1: Padrões de lançamento adotados para efluentes líquidos provenientes da

indústria de abate no Brasil e na Alemanha

Parâmetros Resolução Federal

CONAMA Nº 357/2005

DN COPAM/CERH Nº 1/2008

Alemanha

DBO (mg/L) - 60 25

DQO (mg/L) - 180 110

OG (mg/L) 50 50 -

Sólidos Susp. (mg/L) 0 100 -

Sólidos Sed. (mg/L) < 1 mg/L - -

ABS (mg/L) - - -

pH 5 – 9 6 – 9 -

Temperatura (ºC) < 40 < 40 -

Eficiência de remoção – DBO (%) - > 75% e média

anual ≥ 85%

-

Eficiência de remoção – DQO (%) - > 70% e média

anual ≥ 75%

-

NH4-N (mg/L) 20 20 10

N total - - 18

P total - - 2

Na Alemanha, geralmente, os efluentes industriais sofrem um pré-tratamento ainda no empreendimento e são posteriormente encaminhados às estações de tratamento de efluentes municipais. O monitoramento dos efluentes líquidos é realizado pelos empreendimentos e também pelo órgão ambiental, periodicamente, por meio de serviços terceirizados. Os padrões de lançamento em vigor são discutidos de cinco em cinco anos visando a verificar qual é o melhor resultado que pode ser obtido a partir de tecnologias disponíveis e se as exigências em vigor continuam satisfatórias. Os frigoríficos e indústrias de carne e derivados alemães não possuem graxaria, uma vez que o processamento de subprodutos deve ser realizado em outro local segundo a legislação alemã (JOHNS, 1995). Nos Estados Unidos, os empreendimentos que direcionam seus efluentes para as estações de tratamento de efluentes (ETE) municipais devem se certificar se o pré-tratamento satisfaz as exigências do 40 CFR 403 (CODE OF FEDERAL REGULATIONS/ Protection of Environment - General Pretreatment Regulations for Existing and New Sources of Pollution). Caso contrário, os empreendimentos serão responsáveis pelo tratamento dos efluentes líquidos que geram, devendo o efluente tratado estar de acordo com os padrões de lançamento estabelecidos, Tabelas 4.2 e 4.3. A maioria dos empreendimentos de pequeno porte nos Estados Unidos direciona os seus efluentes líquidos para as estações de tratamento de efluentes municipais.

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Tabela 4.2: Padrões de lançamento adotados para efluentes líquidos provenientes de frigoríficos e indústrias de carne e derivados nos Estados Unidos

Parâmetros

US EPA 40 CFR 432¹

Quantidade máxima

diária

Quantidade máxima

mensal (média)

DBO (g/Kg de peso vivo abatido) 0,0442 0,0442

OG (g/Kg de peso vivo abatido) 0,0835 0,0835

Sólidos Susp. (g/Kg de peso vivo abatido) 0,0178 0,0178

pH 6 – 9 6 – 9

NH4-N (g/Kg de peso vivo abatido) 0,0655 0,0655

N total (g/Kg de peso vivo abatido) 0,0561 0,0561

P total (g/Kg de peso vivo abatido) 0,0497 0,0497

Coliformes fecais (número máx./100 mL) 400 400

¹ 40 CFR 432 - Code of Federal Regulations / Protection of Environment - Meat Products Point Source

Category.

Tabela 4.3: Padrões de lançamento adotados para efluentes líquidos provenientes de graxarias nos Estados Unidos

Parâmetros

US EPA 40 CFR 432

Quantidade máxima

diária

Quantidade máxima

mensal (média)

DBO (g/Kg de matéria-prima) 0,0436 0,0209

OG (g/Kg de matéria-prima) 0,2350 0,0594

Sólidos Susp. (g/Kg de matéria-prima) 0,1780 0,0887

pH 6 – 9 6 – 9

NH4-N (g/Kg de matéria-prima) 0,0194 0,0103

Coliformes fecais (número máx./100 mL) 400 400

Algumas considerações foram feitas de forma a tornar possível a comparação entre os padrões dos três países considerados. Por meio da Tabela 4.4 é possível observar os padrões de emissão para o parâmetro DBO expressos na mesma unidade.

Tabela 4.4: Comparação entre os padrões de lançamento - Brasil, Alemanha e Estados

Unidos

Parâmetros Brasil Alemanha Estados Unidos

DBO (mg/L) 60 25 -

Volume de água gasto por cabeça (L) 1.5001 700

2 -

DBO (g/Kg de peso vivo abatido) 0,2 0,0389 0,0442

Observação: O peso vivo médio de bovinos abatidos segundo o IMA é 450 quilos. 1 Fonte: DESA, 2002. Segundo outra fonte (CAMPOS, 1993), o volume de água gasto por cabeça encontra-

se entre 1.500 a 3.000 litros. 2 Fonte: EU IPPC, 2002

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4.1.6 O estado da arte do tratamento de efluentes líquidos na indústria de abate

Peneiras, flotadores e tanques de precipitação são largamente utilizados para a remoção de sólidos suspensos, óleos e graxas. Estudos envolvendo processos como eletroflotação ou troca iônica de forma a substituir os sistemas de flotação a ar não progrediram devido às dificuldades técnicas ou desvantagens econômicas (JOHNS, 1995). Tratamentos subsequentes ao tratamento primário variam de acordo com o país, dependendo do rigor da legislação local e do destino que são dados aos efluentes. Na Europa, a maioria dos frigoríficos, das indústrias de carne e derivados e das graxarias direcionam os seus efluentes para as estações municipais de tratamento de efluentes. Onde isso não é possível é também realizado o tratamento secundário e, em alguns casos, o tratamento terciário. De maneira geral, no tratamento secundário dos efluentes da indústria de abate predominam os processos biológicos em relação aos processos físico-químicos. Os sistemas anaeróbios podem atingir uma alta remoção de DBO com custos significantemente baixos, quando comparados com sistemas aeróbios, e geram uma quantidade menor de lodo altamente estabilizado. Na maioria dos países, as lagoas anaeróbias têm sido usadas para obter uma alta remoção de DBO, óleos, graxas e sólidos suspensos após os efluentes terem sido submetidos ao tratamento primário e antes de receberem tratamento aeróbio. Em relação a esse tratamento, as lagoas aeradas também têm sido usadas na maioria dos países para a remoção da DQO, apesar de haver uma grande variedade de outros sistemas como, por exemplo, filtros percolados e sistemas de lodos ativados (JOHNS, 1995). Na Austrália, a maioria dos frigoríficos e indústrias de carne e derivados utiliza o sistema de lagoas, lagoa anaeróbia seguida de lagoa aeróbia, sendo que poucos utilizam um tratamento aeróbio direto como lodo ativado, por exemplo, (JOHNS, 1995). Segundo Johns (JOHNS, 1995) um progresso significante foi obtido no que diz respeito ao tratamento anaeróbio envolvendo altos fluxos. Os sistemas dessa categoria mais comuns são os de contato anaeróbio, os reatores anaeróbios de manta de lodo e os filtros anaeróbios. De maneira geral, para que sejam utilizados com sucesso, esses sistemas requerem um efetivo pré-tratamento para remover os óleos e graxas e os sólidos suspensos, que sejam evitadas flutuações significativas de fluxo, carga de DQO relativamente baixa (2 a 11 kg/m dia) e temperatura entre 30 e 37 °C (JOHNS, 1995). Caixeta e colaboradores (CAIXETA et al., 2001) verificaram a eficiência de um reator anaeróbio de manta de lodo em uma configuração não convencional: o sistema envolvendo três fases de separação em escala de laboratório. O efluente líquido proveniente da indústria de abate foi previamente caracterizado e, posteriormente, foi estudada a redução de três parâmetros: DQO, DBO e sólidos suspensos e a produção de biogás a partir do tratamento do efluente no sistema anteriormente mencionado. A média diária de produção de biogás obtida foi 11 L/dia (CNTP) e a remoção de DQO, DBO e sólidos suspensos na faixa de 77 a 91%, 95% e 81 a 86% respectivamente. Em escala de laboratório, a nova configuração de reator anaeróbio de manta de lodo provou ser eficiente, o que sugere que o mesmo possa ser utilizado no tratamento de efluentes industriais. Na Europa, mais do que esforços no sentido de aperfeiçoar tecnologias, tem sido observada a tendência de prevenir a formação de efluentes que necessitam de tratamento. A utilização de água pressurizada para a lavagem das carcaças pode

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contribuir para a redução no consumo de água. Se a pressão é mantida abaixo de 1 MPa, isso evita o desprendimento de gordura e o consequente aumento da concentração das gorduras nos efluentes. Uma mistura de ar comprimido e água evita a utilização de excesso de água (EU IPPC, 2003).

4.1.7 Disposição final

As opções de disposição dos efluentes líquidos tratados são o lançamento em águas superficiais, a infiltração no solo e irrigação de culturas. A opção geralmente utilizada é o lançamento em águas superficiais. Nesse caso os efluentes tratados a serem lançados em águas superficiais devem estar de acordo com os padrões de lançamento em vigor. A infiltração no solo ou a irrigação de culturas podem ser viáveis em alguns casos se requisitos como disponibilidade do tipo de solo adequado e a análise da composição do efluente tratado para verificar se as suas características atendem as necessidades das culturas e do solo onde será aplicado e se cuidados para evitar a fácil exposição a micro-organismos patogênicos foram observados. A prática de infiltração no solo pode causar uma série de prejuízos se a análise da sua viabilidade não for cuidadosa. Uma carga orgânica excessiva pode causar a redução da permeabilidade do solo e odores desagradáveis devido ao desenvolvimento de condições anaeróbias. A aplicação excessiva de nitrogênio pode contaminar lençóis freáticos através de infiltração. E a aplicação excessiva de fósforo pode causar a contaminação de águas superficiais e/ou lençóis freáticos se o solo, onde o efluente tratado estiver sendo infiltrado, tornar-se saturado em relação ao fósforo (METCALF & EDDY, 1991). A possibilidade de exposição a micro-organismos patogênicos também deve ser considerada no caso da aplicação de efluentes tratados para a irrigação de culturas (EPA, 2002).

4.2 Tratamento de Efluentes Atmosféricos

O controle mais intenso de emissões atmosféricas na indústria de abate é baseado na minimização de odores desagradáveis. O controle de odores é dividido em duas categorias: controle de emissões das graxarias e das plantas como um todo. Além do controle de odores desagradáveis, as emissões resultantes da queima de combustíveis ou lenha em caldeiras também devem ser minimizadas.

4.2.1 Controle de odor

O controle de emissões odoríferas das graxarias envolve sete técnicas: condensação, absorção e oxidação química, adsorção, incineração, metabolismo microbiológico, diluição e disfarce de odores.

4.2.1.1 Condensadores

Os condensadores são utilizados para reduzir o alto teor de água presente nos vapores emanados dos digestores e para reduzir o volume de gases contaminados. Os principais tipos são os condensadores a ar, condensadores de superfície e condensadores de contato, sendo que cada tipo apresenta vantagens e desvantagens (CETESB, 1983).

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Os condensadores a ar não são comumente utilizados devido ao seu baixo coeficiente de transferência de calor que torna proibitivo o custo da instalação. Os condensadores de contato apresentam custo de instalação menor e simples manutenção/operação se comparados com os condensadores de superfície. No entanto, os seus custos de operação são maiores, face ao maior volume de efluentes líquidos gerados que necessitam de tratamento. Os condensadores de contato podem abater os odores do fluxo gasoso em mais de 90%, enquanto os condensadores de superfície não ultrapassam uma remoção de 50% (CETESB, 1983). Os condensadores, isoladamente, não são suficientes para solucionar os problemas de emissões localizadas de odores durante o processamento de resíduos animais.

4.2.1.2 Absorção e oxidação química

A absorção consiste em uma técnica na qual os componentes que apresentam um odor desagradável são primeiramente dissolvidos em uma solução líquida, sendo, posteriormente, oxidados, e, assim, removidos da corrente gasosa. As soluções líquidas, em geral, são formadas por água e algum composto químico que reage com o gás absorvido a fim de reduzir a sua pressão de vapor na solução. Na oxidação química

típica são usados agentes oxidantes, contendo oxigênio, ou não, para oxidar as substâncias odoríferas presentes na corrente gasosa. Nos casos em que a conversão das substâncias odoríferas dos gases em óxidos é o objetivo principal, agentes oxidantes contendo oxigênio são usados como reagentes. Se o objetivo é converter as substâncias odoríferas da corrente gasosa a um estado mais alto de oxidação sem a adição de oxigênio, agentes oxidantes que, frequentemente, não contêm oxigênio são utilizados. Em alguns sistemas os reagentes químicos agem como iniciadores, e o oxigênio atmosférico ou o oxigênio dissolvido na solução utilizada para a lavagem dos gases reage com as substâncias odoríferas presentes da corrente gasosa convertendo-as em óxidos (ANDERSEN, 1993). Soluções ácidas, alcalinas e oxidantes químicos fortes constituem as soluções mais comumente utilizadas, sendo os oxidantes químicos fortes, como hipoclorito de sódio e permanganato de potássio os reagentes mais efetivos (CETESB, 1983). A lavagem de gases pode ser vantajosa, do ponto de vista econômico, se comparada com as técnicas de incineração quando trata grandes vazões de gás saturado com umidade e concentrações relativamente baixas de substâncias que apresentam odores desagradáveis (CETESB, 1983). Os lavadores de gases devem ser projetados de forma a propiciar um contato perfeito entre as substâncias odoríferas e o líquido de lavagem no sentido de propiciar a difusão e a reação química adequada entre eles. Os lavadores mais utilizados são: as colunas de pratos com borbulhadores, as torres de enchimento, as câmaras de spray e os lavadores venturi (CETESB, 1983).

4.2.1.3 Adsorção

A adsorção é uma técnica por meio da qual as substâncias odoríferas da corrente gasosa são adsorvidas por meio da adsorção física em uma superfície sólida de material particulado, mais comumente em leitos de carvão ativado. Essa técnica envolve duas etapas: a adsorção e a dessorção ou regeneração do material adsorvente.

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Leitos de carvão ativado são relativamente eficientes para gás sulfídrico, ácido úrico, escatol e putrescina, entretanto apresentam pequena capacidade para compostos com aminas de baixo peso molecular e amônia. Os leitos de carvão ativado também requerem que a corrente gasosa esteja fria, temperatura inferior a 49°C, e seca, umidade inferior a 11,5% (CETESB, 1983).

4.2.1.4 Incineração

A incineração ocorre quando a temperatura da corrente gasosa é elevada o suficiente de forma a causar a queima completa das substâncias odoríferas na presença de oxigênio. Incineradores são normalmente instalados para oxidar gases incondensáveis, após a sua passagem por condensadores. A temperatura e o tempo de residência requeridos são da ordem de 650°C e 0,3 s respectivamente. Sistemas que associam condensadores e incineradores são os equipamentos mais indicados para o controle de emissões odoríferas (CETESB, 1983).

4.2.1.5 Metabolismo microbiológico

Os biofiltros são equipamentos formados por um meio filtrante com uma grande área superficial composto por material orgânico que serve de suporte para o crescimento microbiológico e por um sistema de distribuição da corrente gasosa. O seu princípio de funcionamento consiste na passagem da corrente gasosa através do meio filtrante no qual as substâncias odoríferas são captadas pelos micro-organismos aí aderidos, que, ao se alimentarem dessas substâncias, as removem da corrente gasosa. Os micro-organismos também necessitam de água e, por isso, é importante que a corrente gasosa seja mantida úmida. O suprimento de oxigênio, pH e temperatura são parâmetros igualmente importantes (EU IPPC, 2002). A água percolada através do biofiltro deve ser direcionada à estação de tratamento de efluentes. Em geral, os biofiltros apresentam uma eficiência média entre 95,6 e 99,9% na redução de odores provenientes dos efluentes atmosféricos das graxarias (EU IPPC, 2002).

4.2.1.6 Diluição

A técnica da diluição consiste na simples mistura do efluente gasoso, contendo substâncias odoríferas com suficiente quantidade de ar fresco, de forma a reduzir a concentração das substâncias odoríferas para uma concentração abaixo do limite de detecção. Essa técnica pode, algumas vezes, ser usada para o controle de odores no caso das emissões geradas no interior da planta por meio da utilização de equipamentos de ventilação adequados (ANDERSEN, 1993).

4.2.1.7 Disfarce de odores

O disfarce de odores é uma técnica por meio da qual outra substância odorífera, que apresente odor agradável, é adicionada à corrente gasosa contendo substâncias com odores desagradáveis de forma a mascará-los (ANDERSEN, 1993).

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4.2.2 Controle das emissões das caldeiras

Atualmente o controle das emissões das caldeiras, no Estado de Minas Gerais, leva em consideração os parâmetros material particulado (MP) e dióxido de enxofre (SO2), no caso de caldeiras a óleo, e apenas material particulado no caso de caldeiras a lenha. As cinzas de caldeiras a lenha e a fuligem de caldeiras a óleo apresentam diâmetros que se encontram, em geral, na faixa de 0,05 a 130 µm. A fumaça escura, algumas vezes gerada durante a queima de óleo, pode apresentar partículas com diâmetros bastante reduzidos, da ordem de 0,05 a 1 µm. Equipamentos como ciclones e lavadores de gases, quando bem dimensionados, são eficientes para a remoção de material particulado com diâmetros nas faixas de 0,7 a 1000 µm e 0,001 a 100 µm respectivamente (WARK et al., 1998). Uma melhor eficiência de remoção é obtida quando os dois equipamentos – ciclones e lavadores de gases – são usados em conjunto. A Figura 4.1 mostra curvas típicas da eficiência de remoção de material particulado para diversos tipos de equipamentos de controle. O SO2 gerado durante a queima de óleo em caldeiras pode ser reduzido por meio da utilização de óleos com baixo teor de enxofre. Os lavadores de gases também são equipamentos utilizados a fim de atender ao padrão de emissão de SO2. A cal, hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), o carbonato de cálcio (CaCO3), o hidróxido de magnésio (Mg(OH)2), e o sulfito de sódio (NaSO3) são reagentes geralmente utilizados em lavadores de gases.

A - Ciclone B - Ciclone de alta eficiência C - Precipitador eletrostático

D - Lavador Venturi E - Filtro de Manga

Figura 4.1: Curvas típicas da eficiência de remoção para vários equipamentos utilizados

no controle da emissão de material particulado Fonte: Wark et al., 1998

4.2.3 Padrões de emissão

A DN COPAM Nº 011/1986, que estabelece normas e padrões para emissões de poluentes na atmosfera no Estado de Minas Gerais, determina que as substâncias

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odoríferas resultantes de atividades de processamento dos subprodutos do abate deverão ser incineradas em pós-queimadores, operando a uma temperatura mínima de 750°C, em um tempo de residência mínimo de 0,5s ou por outro sistema de controle com eficiência igual ou superior. Em relação às emissões provenientes de caldeiras a óleo ou a lenha, os padrões de emissão em vigor no Estado de Minas Gerais estão indicados na Tabela 4.5. A exigência no Estado de Minas Gerais é que a medição em chaminé da caldeira seja realizada uma vez ao ano quando são feitas três medições no período de uma hora cada uma; o resultado final é a média aritmética dos resultados das três medições.

Tabela 4.5: Padrões de lançamento adotados para efluentes atmosféricos de caldeiras em

Minas Gerais

Parâmetros Combustível Potência Classe DN COPAM Nº 011/1986

Material particulado

Óleo

< 70 I

100 mg/Nm3

Il e III

> 70 I

II e III

Lenha - - 200 mg/Nm3

SO2 (g/106Kcal) Óleo

< 70 I

5.000 II e III

> 70 I 2.000 (instalações novas)

II e III 2.750 (instalações existentes)

No Brasil, está em vigor a Resolução CONAMA Nº 382/2006 cujos padrões para material particulado (MP), dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2) estão apresentados na Tabela 4.6 para os combustíveis mais freqüentes na indústria de abate. Tabela 4.6: Padrões de lançamento adotados para efluentes atmosféricos de caldeiras em

Minas Gerais

Combustível Potência térmica nominal (MW)

Parâmetros Resolução CONAMA Nº 382/2006

MP

(mg/Nm³)

NO2

(mg/Nm³)

SO2

(mg/Nm³)

Óleo

combustível

Menor que 10 300 1.600 2.700

Entre 10 e 70 250 1.000 2.700

Maior que 70 100 1.000 1.800

Derivados de madeira

Menor que 10 730 n.a -

Entre 10 e 30 520 650 -

Entre 30 e 70 260 650 -

Maior que 70 130 650 -

Gás natural Menor que 10 - 320 -

Maior ou igual a 70 - 200 -

Na Alemanha é proibida a instalação de frigoríficos, indústrias de carne e derivados ou graxarias a uma distância inferior a 350 m de áreas residenciais existentes ou ainda em

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planejamento. Os padrões de lançamento para efluentes atmosféricos dependem da potência das caldeiras e do tipo de combustível utilizado. Para caldeiras que utilizam lenha ou resíduos de madeira há padrões de emissão para material particulado, monóxido de carbono, carbono orgânico total, óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre, Tabela 4.7 para caldeiras que utilizam óleo há padrões de emissão para material particulado, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre, Tabela 4.8 (Technische Anleitung zur Reinhaltung der Luft – TA LUFT, 1986).

Tabela 4.7: Padrões de lançamento para caldeiras que utilizam lenha ou resíduos de madeira na Alemanha

Parâmetros Potência TA Luft Observações

Material particulado

> 5 e < 50 MW 50 mg/m3 -

< 5 MW 0,15 g/m3 -

CO < 50 MW 0,25 g/m3

Para equipamentos

individuais com

capacidade térmica

menor que 2,5 MW, o

padrão de emissão se

aplica apenas a

capacidade nominal de

operação

TOC < 50 MW 50 mg/m3 -

NOX > 20 e < 50 MW 0,30 g/m

3

Equipamentos com leito

fluidizado

< 50 MW 0,50 g/m3 Outros equipamentos

SO2 < 50 MW 0,40 g/m

3

Equipamentos com leito

fluidizado

Taxa de emissão de 0,25% Outros equipamentos

Monitoramento

contínuo

> 5 e < 25 MW Opacidade -

> 25 e < 50 MW Concentração mássica de

material particulado -

> 25 e < 50 MW Concentração mássica de

CO -

> 10 e < 50 MW Concentração mássica de

SO2 -

Nota: Valores de emissão para uma concentração de 11% em volume de O2 nos gases de exaustão.

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Tabela 4.8: Padrões de lançamento para caldeiras que utilizam óleo na Alemanha

Parâmetros Potência TA Luft Observações

Material

particulado

> 5 e < 50 MW 80 mg/m3 -

< 50 MW 50 mg/m3

Utilização de óleo combustível

com concentração mássica de

enxofre maior que 1%

CO < 50 MW 0,17 g/m3 -

NOX < 50 MW 0,25 g/m

3

Utilização de óleo combustível

de acordo com a DIN¹ 51 603

Parte 1 (edição de dezembro de

1981)

0,45 g/m3 Outros óleos combustíveis

SO2 < 50 MW 1,7 g/m3

Equipamentos com potência

< 5 MW devem utilizar óleo

combustível com concentração

mássica de enxofre de acordo

com a DIN 51 603 Parte 1

(edição de dezembro de 1981)

Monitoramento

contínuo

> 5 e < 50 MW Opacidade

Utilização de óleo combustível de

acordo com a DIN 51 603 Parte 1

(edição de dezembro de 1981)

> 25 e < 50 MW

Concentração

mássica de

material

particulado

-

> 25 e < 50 MW Concentração

mássica de CO -

Nota: Valores de emissão para uma concentração de 3% em volume de O2 nos gases de exaustão. ¹ DIN - Deutsches Institut für Normung e. V.

Nos Estados Unidos os padrões de emissão que constam no 40 CFR 60 - Standard of Performance for New Stationary Sources (NSPS) para caldeiras foram determinados com base na potência e no ano em que foram implantadas ou modificadas. Há padrões de emissão para material particulado, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio para caldeiras que utilizam combustíveis fósseis e resíduos de madeira.

4.2.4 O estado da arte do tratamento de efluentes atmosférico na indústria de abate

Nos Estados Unidos, o controle da emissão de odores desagradáveis provenientes da indústria de abate é geralmente dividido em duas categorias: o controle de odores

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intensos emitidos durante o processamento de subprodutos nas graxarias e o controle de emissões por meio dos sistemas de ventilação da planta (EPA, 1995). Incineradores e lavadores de gases de múltiplos estágios são comumente utilizados para tratar efluentes com odores intensos. Os lavadores de gases de múltiplos estágios típicos consistem em um lavador venturi seguido por uma ou duas torres de enchimento. As emissões fugitivas através dos sistemas de ventilação da planta também são direcionadas a lavadores de gases em um único estágio, geralmente utilizando hipoclorito de sódio. Algumas plantas utilizam biofiltros para o controle de emissões (EPA, 1995). Na Europa, equipamentos geralmente utilizados para a redução dos odores na indústria de abate são os biofiltros, lavadores de gases e carvão ativado. Mais do que tratar os efluentes atmosféricos provenientes dos frigoríficos, das indústrias de carne e derivados e das graxarias, a recomendação na Europa é prevenir a emissão de odores mediante o armazenamento de subprodutos por períodos curtos e a baixa temperatura, transporte dos subprodutos em veículos fechados, higienização frequente das áreas de produção, etc (EU IPPC, 2002). A substituição de combustíveis fósseis e de lenha por gás natural é vantajosa do ponto de vista ambiental, dispensando, inclusive, equipamentos de controle para material particulado e SO2, já que o gás natural é essencialmente livre de enxofre. O biogás é outra possibilidade considerada uma fonte de energia renovável e "limpa". A utilização energética do biogás torna-se viável se promovida a purificação do metano (CH4), aumentando-se, assim, o seu poder calorífico e o seu valor agregado. Algumas tecnologias disponíveis que possibilitam o upgrade do biogás são os processos de separação gasosa por meio de membranas e os processos convencionais de adsorção e destilação (HASELDEN, 1989). No entanto, processos de separação gasosa, por meio de membranas em geral, contam com a necessidade de investimentos muitas vezes menores, custos energéticos mais baixos e equipamentos mais compactos e fáceis de operar do que os processos convencionais. O aproveitamento energético do biogás produzido em digestores anaeróbios a partir dos resíduos orgânicos ou do tratamento de efluentes da própria indústria de abate, sem dúvida nenhuma, poderá trazer inúmeros benefícios do ponto de vista ambiental e econômico, desde que as atuais barreiras tecnológicas e econômicas dos processos de separação gasosa sejam transpostas (ROBESON, 1999).

4.3 Tratamento e disposição de resíduos sólidos

O problema dos resíduos industriais vem se agravando no decorrer dos anos, em grande parte graças à disposição inadequada dos mesmos no solo. A disposição de resíduos no solo, em aterros e principalmente em lixões, que representam um risco em potencial para a população e o meio ambiente, ainda representa a forma de disposição final mais utilizada no país apesar de existirem outras alternativas para o tratamento e a disposição dos resíduos comumente gerados pela indústria de abate.

4.3.1 Resíduos predominantemente orgânicos

Resíduos como sangue, ossos, vísceras e carne rejeitada, bem como as aparas retiradas das carcaças, que são gerados durante a atividade de abate e industrialização da carne, vêm sendo aproveitados, no Brasil, desde que recolhidos e encaminhados à graxaria em razoável estado de conservação, na produção de farinhas usadas na fabricação de rações animais, fertilizantes, e o sebo na fabricação de sabão. Essa

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atividade contribui de forma a minimizar os impactos que tais resíduos podem causar ao meio ambiente, além de ser favorável do ponto de vista econômico. Quando tais subprodutos não são encaminhados às graxarias em geral são dispostos em aterros sanitários e em lixões. O lodo da ETE, após a retirada do excesso de água, tem sido bastante empregado na agricultura como fertilizante. O mesmo destino é dado ao material usado dos biofiltros. Os sólidos grosseiros retidos durante o tratamento preliminar dos efluentes líquidos podem ser destinados para a produção de biogás, para compostagem ou mesmo para a graxaria, desde que não estejam misturados a agentes químicos e apresentem bom estado de conservação.

4.3.2 Outros resíduos

As cinzas coletadas por meio dos equipamentos de controle de caldeiras a lenha em geral são dispostas no solo por não oferecerem maiores riscos. No caso da fuligem de caldeiras a óleo, o destino é mais complicado. A fuligem coletada por meio dos equipamentos de controle é classificada segundo a norma NBR 10.004 como resíduo perigoso (classe I) ou resíduo não-inerte (classe II), dependendo da sua composição. O co-processamento na indústria de cimento, sob certas condições, levando em consideração questões operacionais e ambientais, constitui uma alternativa frente à disposição em aterros sanitários. Os metais pesados presentes na fuligem podem ser imobilizados quando agregados ao clínquer2.

4.3.2.1 Reciclagem

A reciclagem/reutilização de materiais plásticos é uma condição essencial para o gerenciamento do lixo doméstico e também dos resíduos industriais. A redução do volume de lixo coletado, que é removido para os aterros sanitários, ajuda a prevenir casos de contaminação e contribui para melhorias sensíveis no processo de decomposição da matéria orgânica nesses aterros. Os plásticos da indústria de abate contendo resíduos como sangue e gorduras dificilmente são reciclados. Além dos plásticos, também podem ser reciclados a sucata, vidros, papel e papelão provenientes de coleta seletiva. Ambos papel e papelão são normalmente vendidos ou doados a intermediários antes que cheguem ao seu destino final. Processos de reciclagem de papel e papelão, bem como de sucata, encontram-se mais difundidos.

4.3.2.2 Disposição em aterros sanitários

Os resíduos que não são reutilizados/reciclados e armazenados devem ser destinados a aterros sanitários devidamente controlados, mas, na maioria das vezes, acabam sendo abandonados em lixões, constituindo um risco em potencial para a população e o meio ambiente.

2 O clínquer é o principal constituinte do cimento Portland. Ele tem como matérias-primas o calcário e a

argila que são britados e moídos, em proporções adequadas, e queimados em forno rotativo.

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4.3.2.3 Incineração

A incineração é um processo de oxidação a altas temperaturas, por meio da qual materiais são convertidos em produtos gasosos e resíduos sólidos, havendo uma grande redução do volume inicial. Esse tipo de tecnologia é capaz de destruir a matéria orgânica, e inclusive agentes infecciosos, sendo empregada no caso da existência de animais doentes (EU IPPC, 2002). A incineração de carcaças de animais pode apresentar riscos no que diz respeito à emissão de compostos orgânicos – que não são destruídos durante o processo – para o ar, a água e o solo. O cloro presente nas carcaças, na forma de sal, representa um potencial para a formação de dioxinas e também ácido clorídrico, dependendo do tipo de técnicas utilizadas para operar os incineradores (EU IPPC, 2002). Emissões atmosféricas potenciais associadas à incineração de carcaças e subprodutos animais incluem odores desagradáveis, material particulado, ácido clorídrico, óxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e óxidos de carbono; nas emissões potenciais para o solo estão incluídas dioxinas, compostos orgânicos, metais alcalinos e os seus óxidos e metais alcalinos terrosos e seus óxidos (EU IPPC, 2002).

4.3.3 Leis que regulamentam a disposição dos resíduos sólidos

A DN COPAM Nº 07/1981 estabelece os critérios a serem seguidos de forma a garantir que a disposição final de qualquer tipo de resíduo não ofereça riscos à saúde pública e ao meio ambiente no Estado de Minas Gerais. O transporte, a disposição e, se necessário, o tratamento, deverão ser feitos pelo responsável pela fonte de poluição quando não forem de responsabilidade do Poder Público ou de concessionário de serviço público. Em âmbito nacional, a Resolução CONAMA Nº 06/1988 estabelece que, no processo de licenciamento ambiental, os resíduos gerados ou existentes deverão ser objeto de controle específico. Devido à ausência de informações precisas sobre a quantidade, os tipos e os destinos dos resíduos sólidos gerados no parque industrial do país e, tendo em vista que esses resíduos podem apresentar características prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, quando dispostos sem o devido tratamento e gerenciamento, fez-se necessária a elaboração de diretrizes nacionais visando ao maior e melhor controle dos resíduos industriais. Entrou em vigor a Resolução CONAMA Nº 313/2002, considerando a necessidade da elaboração de Programas Estaduais e do Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais. A estratégia da Alemanha, e atualmente também da União Européia, com o objetivo de garantir uma gestão de resíduos que reduza ao mínimo os seus efeitos prejudiciais ao meio ambiente e a saúde pública, obedece a uma hierarquia de princípios: redução da produção e da nocividade dos resíduos, reutilização, reciclagem, destruição e disposição em aterro respectivamente. Em relação aos resíduos há uma forte tendência na Alemanha e na Europa para a adoção do tratamento térmico (co-processamento e incineração), uma vez que a diretriz européia impede progressivamente a disposição de resíduos em aterro sem pré- tratamento. Nos Estados Unidos existem diretrizes para o desenvolvimento de planos estaduais de gestão de resíduos sólidos (US EPA 40 CFR 256). Os planos estaduais de resíduos sólidos devem garantir a gestão dos resíduos sólidos que possam apresentar efeitos adversos para a saúde pública e o meio ambiente, garantindo o tratamento e a disposição de resíduos de forma a não apresentarem riscos, e sempre que possível

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promover a conservação e a recuperação de recursos. O Estado é responsável por estabelecer e justificar as prioridades e o tempo necessário para as ações requeridas.

4.3.4 O estado da arte do tratamento e disposição de resíduos na indústria de abate

A proibição da atividade de recolocar produtos de origem animal de volta à cadeia alimentar na Europa em decorrência de disseminação da doença Bovine Spongiform Encephalopathy (BSE), vulgo "doença da vaca louca", causou problemas relacionados à questão ambiental e econômica. O destino dado aos subprodutos animais na Europa foi alterado radicalmente nos últimos anos. Alternativas propostas aos países membros da União Européia de forma a sanar as questões ambientais são: - Incineração: uma vez que os subprodutos animais não tratados podem ser

armazenados apenas por um tempo limitado sem que apareçam incômodos como odores; um pré-tratamento como a fabricação de farinha para a remoção de água e gordura é necessário de forma a possibilitar o armazenamento para posterior incineração ou queima quando o tratamento imediato não for possível (EU, 2000).

- Co-processamento: é realizado em usinas termelétricas e fornos destinados à

produção de cimento, e representa uma alternativa para a recuperação energética. Os subprodutos animais contêm gorduras, carne e ossos apresentando um considerável poder calorífico inferior (PCI) - subprodutos animais possuem cerca de 9 MJ/kg (60% água, 25% carne e ossos e 15 % de gordura), carne e ossos entre 17 a 20 MJkg e considerando o óleo animal isoladamente esse valor aumenta para cerca de 39 MJ/ kg. A água pode causar distúrbios durante o processo de combustão. Na maioria das vezes é necessária a retirada do excesso de água sendo que a única tecnologia disponível atualmente capaz de contornar esse tipo de problema são os incineradores com leito fluidizado. Durante esse processo os gases de exaustão devem, rigorosamente, ser tratados. Na Europa onde são comuns as usinas termelétricas, os subprodutos do abate podem ser misturados ao carvão e utilizados como combustível. Nesse caso serão geradas cinzas. Durante a produção de cimento os subprodutos animais, após sofrerem um pré-tratamento, podem ser misturados às matérias-primas ou usados como substitutos parciais dos combustíveis tradicionais utilizados no forno rotativo. Essa alternativa tem a vantagem de que as cinzas são incorporadas ao cimento durante a sua fabricação. A quantidade máxima de subprodutos animais que podem ser usados na produção de cimento é limitada pela quantidade de fósforo e cloro presente. As limitações também variam de acordo com o sistema de produção e as matérias primas utilizadas. Quando do processamento de subprodutos animais durante a produção de cimento medidas para a redução das emissões de óxidos de nitrogênio podem ser necessárias devido a alta concentração de nitrogênio nos subprodutos animais (EU, 2000).

- Utilização de óleo animal como combustível: pode ser queimado em caldeiras e

possuem um poder calorífico da ordem de aproximadamente 90% do poder calorífico de óleos combustíveis. A quantidade de enxofre presente na gordura animal é baixa e isso torna o óleo animal atrativo como combustível (EU, 2000).

- Disposição em aterro ou enterrados no solo: tem sido fortemente desencorajada em

todos os países da União Européia. A disposição em aterro sanitário só é permitida sob determinadas condições que devem ser estritamente seguidas sendo preferível a disposição de subprodutos processados em graxaria do que in-natura (EU, 2000).

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- Produção de biogás: a partir de substâncias que contenham carboidratos, gorduras e proteínas. Recentes avanços na tecnologia de digestão anaeróbia tornaram possível a utilização de vários tipos de resíduos. Em relação à indústria de abate, os efluentes líquidos, assim como o esterco, o sangue, a gordura, o conteúdo ruminal e as vísceras podem ser utilizados em processos de digestão anaeróbia. No entanto, o biogás não pode ser produzido a partir de resíduos orgânicos animais puros devido à concentração de nitrogênio ser muito alta. Os resíduos animais devem ser misturados a outros materiais orgânicos de forma a reduzir a concentração de nitrogênio. Cerca de 90% dos valores teóricos para a produção de biogás são, normalmente, obtidos. O lodo resultante do processo pode ser utilizado como fertilizante (EU, 2000).

- Compostagem: é um processo biológico aeróbio e termofílico no qual a matéria

orgânica é metabolizada. Normalmente é um processo utilizado para a produção de fertilizantes. Quando não realizada em ambientes fechados, sujeitos a um estrito controle, é um processo lento e requer uma grande área e acompanhamento extensivo, além de poder causar problemas como lixiviação, liberação descontrolada de gases e odores e problemas com pestes. Assim as técnicas baseadas em reatores são preferíveis uma vez que, além de garantirem um processo mais rápido, ainda permitem o controle de parâmetros de operação e de emissões. Atualmente esse processo é mais utilizado em áreas rurais para o tratamento de pequenas quantidades de resíduos orgânicos (EU, 2000).

Na Europa, as graxarias têm operado muito mais no sentido de garantir o pré-tratamento dos subprodutos para posterior incineração, do que para fornecer matéria-prima para outros processos. Em relação às formas de tratamento de subprodutos animais tem sido encorajada a adoção de alternativas como a produção de biogás e a compostagem sempre que possível, preferivelmente a incineração ou disposição em aterros tendo em vistas o alto custo. Plantas para a produção de biogás já existem em vários países membros da União Européia, principalmente no Norte da Europa (EU IPPC, 2002). Na França e na Suíça tem sido realizado o co-processamento de subprodutos animais na indústria de cimento. Na França, a quantidade máxima de subprodutos animais que podem ser co-processados em fornos rotativos foi estimada em cerca de 10% da produção de cimento (EU, 2000). Os processos de reciclagem de plásticos são geralmente divididos em três categorias: - Reciclagem mecânica: é exclusivamente aplicada aos termoplásticos e consiste na

fusão dos materiais descartados, depois de uma preparação preliminar, de forma que sejam transformados em novos produtos. Esse processo é limitado pela presença de contaminantes, existência de plásticos que possuam aditivos na sua formulação e pela presença de vários tipos de plástico onde seja difícil a separação uma vez que estes apresentam miscibilidades diferentes. As principais etapas estão indicadas na Figura 4.2 (JUNGBAUER, 1994).

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Figura 4.2: Principais etapas da reciclagem mecânica

- Reciclagem química: pode ser aplicada tanto aos termoplásticos quanto aos

plásticos termorrígidos e apresenta seis tipos diferentes de processos, Figura 4.3 consistindo na re-obtenção dos monômeros ou macromoléculas via reação química (JUNGBAUER, 1994).

Figura 4.3: Processos de reciclagem química

Fonte: Jungbauer, 1994 A hidrólise é empregada no caso de polímeros resultantes de reações de adição e condensação: poliamida, poliéster, poliuretano e politereftalato de etileno. Os tipos de plásticos mencionados anteriormente podem ter suas cadeias quebradas em moléculas

Reciclagem Química

Hidrólise Alcólise Hidrogenação Gaseificação Pirólise

Separação preliminar

Redução de tamanho

Lavagem

Separação fina

Secagem

Aglomeração

Extrusão

Matrizes capilares Granulado

Processamento Fieiras

Matrizes planas

Matrizes anulares

Termoplásticos

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menores a altas temperaturas em meio aquoso, eventualmente após a adição de ácidos e bases (JUNGBAUER, 1994). A alcólise é também empregada no caso de polímeros resultantes de reações de adição e condensação: politereftalato de etileno e poliuretano. Em vez da utilização de meio aquoso, alcoóis podem ser utilizados para quebrar as macromoléculas de poliuretano e politereftalato de etileno em moléculas menores (JUNGBAUER, 1994). A gaseificação consiste na reação endotérmica de resíduos plásticos com vapor superaquecido formando o gás de síntese, constituído por uma mistura de monóxido de carbono e hidrogênio na proporção de 1:2 respectivamente. O processo de gaseificação segue as etapas descritas na Figura 4.4.

Figura 4.4: Diagrama de blocos do processo de gaseificação

A pirólise é um processo que implica quebra de macromoléculas de termoplásticos, elastômeros e plásticos termorrígidos em moléculas menores, por meio de uma reação endotérmica em ambiente pobre ou ausente de oxigênio. Os produtos da pirólise são: gás, óleo e fuligem (JUNGBAUER, 1994). O processo de hidrogenação de resíduos plásticos segue as etapas descritas na Figura 4.5.

Preparação

Redução de tamanho

(< 20 mm) + óleo cru (20%)

Extrusão

Extrusora de duas roscas

Mistura do produto da extrusão

com vapor superaquecido

H+ / vapor

Reator

T = 1450 ºC

Gás de síntese + resíduos

Plásticos

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Figura 4.5: Diagrama de blocos do processo de hidrogenação

- Reciclagem energética: consiste na queima controlada de resíduos contendo

plásticos, cujo objetivo principal é a recuperação energética. A reciclagem energética, além de promover o aproveitamento energético, ainda contribui para a redução do volume de plásticos a serem destinados para aterros sanitários (JUNGBAUER, 1994).

No caso do PVC, a reciclagem mecânica pode ser empregada, desde que medidas de proteção, como sistemas de exaustão equipados com filtros, sejam adotadas. Em operações de redução de tamanho, material particulado contendo metais pesados, constituintes de vários tipos de aditivos, representam um risco aos trabalhadores e ao meio ambiente (JUNGBAUER, 1994). A reciclagem química do PVC é difícil de ser conduzida e apresenta mais desvantagens que vantagens. A hidrólise do PVC não é possível devido a sua alta estabilidade. A hidrogenação do PVC origina menor quantidade de óleo do que normalmente é obtido por meio da hidrogenação de outros tipos de plástico. Por meio da pirólise do PVC há formação de ácido clorídrico e possibilidade de formação de compostos orgânicos

Preparação

Plásticos

Redução de tamanho + óleo usado →

aquecimento e mistura → mosto

Hidrogenação dos resíduos plásticos

T = 400 ºC e P = 200 a 400 bar em reator cerca de 30 minutos

Separação dos produtos

Parte volátil: hidrocarbonetos Parte condensada → destilação a vácuo

→ resíduos → fornos de coque

Recirculação do hidrogênio não reagido

Óleo cru sintético

Refinação dos produtos

Resíduos: H2S, NH3, H2O, HCl

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clorados. E, por meio da gaseificação, é formado ácido clorídrico em grande quantidade (JUNGBAUER, 1994). A queima do PVC não é recomendada devido ao perigo de formação de dioxinas e furanos, e de emissão de metais pesados e ácido clorídrico. Dessa forma, a reciclagem energética do PVC deve ser evitada (JUNGBAUER, 1994). Na Alemanha, a reciclagem mecânica e a reciclagem química de plásticos apenas são realizadas quando apresentam viabilidade econômica; caso contrário, existem alternativas como a reciclagem energética e a incineração antes da disposição final em aterros. No Brasil, a reciclagem mecânica é o processo mais difundido, mas não é realizado com intensidade. A criação de incentivos (educacionais, fiscais, estruturais etc.) para motivar e conscientizar os cidadãos e as empresas a participarem ativamente do processo de reciclagem no Brasil, bem como incentivar a utilização de produtos reciclados é fundamental. A fuligem de caldeiras a óleo vem sendo armazenada temporariamente nos empreendimentos da indústria de abate no Estado de Minas Gerais. No Estado de Minas Gerais ainda há uma carência de infraestrutura adequada para a disposição de resíduos, tanto industriais quanto domésticos. É reduzido o número de aterros sanitários e industriais, incineradores e usinas de compostagem sob responsabilidade de empreendimentos prestadores de serviço públicos ou privados. A utilização do lodo das ETEs, como fertilizante e adubo, ainda ocorre em muitos lugares, inclusive no Brasil. Questionamentos acerca de tal destino estão sendo levantados em grande parte devido à presença de hormônios no lodo. Estipula-se que tais hormônios podem vir a causar prejuízos à saúde humana e animal a longo prazo.

4.4 Reaproveitamento energético

Uma preocupação crescente nos últimos anos, não abordada no Diagnóstico realizado em 2003, se refere ao aquecimento global e as mudanças climáticas . Tais alterações são decorrentes da emissão e concentração, principalmente, do dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera conhecidos como gases de efeito estufa. A emissão desses gases, além de modificar o clima do planeta, compromete o desenvolvimento econômico, uma vez que o efeito estufa, fenômeno natural, torna-se nocivo a partir de ações antrôpicas. Algumas ações que intensificam a produção desses gases são: queima de combustíveis fósseis, manuseio de gases sintéticos, decomposição anaeróbia de resíduos etc. Tal é a preocupação com os gases de efeito estufa (GEE) que em 2008 foi elaborado e publicado o 1º Inventário de Emissão de Gases de Efeito Estufa do Estado de Minas Gerais, tendo como ano base 2005. Minas Gerais foi responsável, em 2005, pela emissão de 122.949,40 Gg5 de dióxido de carbono equivalente (CO2eq), dos quais,42,86 Gg correspondem ao óxido nitroso (N2O), 1.640,15 Gg ao metano (CH4), 74.544,61 Gg ao dióxido de carbono (CO2) como os principais GEE, além do tetrafluoreto de carbono (CF4), contribuindo com 96,48 toneladas e o hexafluoreteno (C2F6) com 5,33 toneladas. (FEAM, 2008). Da emissão total de GEE no Estado, o setor de Agricultura, Florestas e Outros Usos de Solo é o setor responsável pela maior emissão, cerca de 51,42%. O principal gás responsável deste setor é o metano, proveniente da fermentação entérica e manejo de dejetos (57,1%).

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Considerando tamanho dos rebanhos mineiros e a posição dos mesmos no ranking nacional, verifica-se que a contribuição de emissão de Minas Gerais no país para este setor é bastante significativa. Como mecanismo para redução desses gases e buscando a auto-suficiência energética, intensificam-se pesquisas e o incentivo de mecanismos de produção mais limpa, voltados na grande maioria a substituição dos combustíveis de origem fóssil por aqueles provenientes de fontes renováveis de energia, tais como aqueles obtidos da biomassa. Possíveis fontes de biomassa são os vegetais não-lenhosos, vegetais lenhosos (i.e: madeira e seus resíduos), resíduos orgânicos – agrícolas, urbanos e industriais - além dos provenientes dos biofluidos (i.e: óleos vegetais de mamona, soja, etc). O uso dessas fontes de biomassa é restrito, no entanto, pela disponibilidade do recurso, tecnologias existentes, qualidade do biocombustível obtido e fatores econômicos, sociais e políticos. (UNICAMP, 2008) Conforme descrito nos itens 5.2.4 e 5.3.4, a atividade de abate poderia ser uma fonte de energia renovável com o aproveitamento do metano como energia térmica ou elétrica. O metano é produzido nos digestores anaeróbios a partir de resíduos animais - como gordura, esterco, sangue, vísceras etc. – ou próprio tratamento do efluente líquido da indústria. Alguns estudos sugerem ainda o uso da gordura animal também para produção de biodiesel. Outra fonte indireta para produção de biogás ligada à indústria de abate seria a da captação do metano originado na fermentação entérica e manejo de dejetos dos rebanhos mineiros de gado de corte e suinocultura. Apesar dos benefícios ambientais, econômicos e sociais que poderiam advir da produção de biogás e biodiesel a partir do metano da atividade de abate e dos rebanhos para corte mineiros, há várias barreiras que precisam ser transpostas para o uso energético viável desses combustíveis, tais como:

Reduzido número de pesquisas no sentido de desenvolver tecnologias economicamente viáveis e que produzam um biocombustível de características energéticas confiáveis;

Ausência de parâmetros em relação à matéria-prima de origem animal utilizada (i.e. sebo, subprodutos não comestíveis, excrementos etc.) de modo a padronizar o biocombustível produzido sem comprometer sua qualidade, o que poderia colocar em dúvida seu uso energético;

Ausência de dados do setor, uma vez que a quantidade de animais abatidos em Minas Gerais, de acordo com as informações do SIAM, tanto para abatedouros licenciados quanto para os em situação irregular, é muito inferior ao número de cabeças abatidas informadas ao IBGE em 2007;

Como na fermentação entérica a emissão de metano ocorre durante a digestão do animal, não há tecnologias viáveis para a captação e reaproveitamento do gás;

O manejo de dejetos do gado de corte é dificultado pela pecuária extensiva do rebanho mineiro o que leva a disposição dos excrementos diretamente sobre o solo. Desse modo, o tratamento dos efluentes líquidos por processo anaeróbio seria a parcela responsável pela produção de biocombustível desse rebanho – caso houvesse captação e reaproveitamento do metano. Nesse sentido são poucos os estudos para adaptação dos sistemas de tratamento existentes, bem como não há padrões mínimos para a obtenção do gás de qualidade e em

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quantidade economicamente viável. Também não há um controle rigoroso na construção, operação e manutenção das lagoas de estabilização em abatedouros, que pela experiência técnica da FEAM tornam-se mais um problema que solução;

O custo e os benefícios energéticos da biomassa explorada não é concorrente com os demais combustíveis, além de não haver garantias de fornecimento continuo dessa matéria-prima, em detrimento de outros usos econômicos mais vantajosos.

Em resumo, os principais obstáculos ao uso de resíduos de origem animal estão relacionados a restrições tecnológicas e econômicas. No Estado de Minas Gerais, por meio das informações cadastradas no SIAM, não é possível sequer estimar a quantidade de metano produzido pelos abatedouros de animais de pequeno a grande porte. Apesar da exigência para apresentação dos relatórios de controle mensal e envio semestral ao órgão ambiental explicitando todos os resíduos sólidos gerados no empreendimento e respectiva quantidade, nem todos cumprem essas determinações. Outra exigência do órgão ambiental se refere aos receptores de resíduos possuírem a licença ambiental ou autorização ambiental de funcionamento, ficando obrigados a informara destinação final dada por eles aos resíduos. Assim, dada a inobservância do preenchimento correto das planilhas de automonitoramento os relatórios podem trazer apenas informação da geração de parte de seus resíduos ou sem explicitar a destinação final (i.e: preenchendo o campo apenas com compostagem, reciclagem, aterro, graxaria etc) o que impossibilita confrontar os dados apresentados.

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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

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5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Esse capítulo trata de uma atualização do “Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais”, realizado no ano de 2003. O referido Diagnóstico tomou como base o período de 1995 até 28-11-2002. Para essa atualização, foi considerado o período até 31-3-2008, no que se refere à Legislação ambiental. Entretanto, para os empreendimentos que enviam os relatórios de automonitoramento, os respectivos dados levantados se estenderam ao período de janeiro de 2006 a julho de 2008.

5.1 Situação Atual

A Tabela 5.1 apresenta os empreendimentos cadastrados no Sistema Integrado de Informação Ambiental (SIAM) até 28-11-2002 sob o código 26.20.00 DN COPAM Nº 01/1990 e também sob os códigos D-01-03-1, D-01-02-3 e D-01-04-1 da DN COPAM Nº 74/2004 até março de 2008.

Tabela 5.1: Empreendimentos municipais e privados cadastrados na FEAM em 2002 e 2008

Empreendimentos 28-11-2002* 31-3-2008**

Municipais 50 96

Privados 156 302

Total 206 398

Fonte:(*) Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais, 2003; (**) Sistema Integrado de Informação Ambiental, 2008

Ressalta-se que na Tabela 5.1 não constam as graxarias cadastradas sob o código D-01-05-7 da DN COPAM Nº 74/2004 que totalizam no âmbito do SISEMA 25 empreendimentos.

5.1.1 Empreendimentos municipais

Segundo consta no Diagnóstico realizado em 2003, no ano de 1995 havia seis empreendimentos municipais cadastrados na FEAM, aumentando para cinquenta até 28-11-2002. Até março de 2008, não foram localizados registros no SIAM de abatedouros de animas de pequeno porte (D-01-02-3) ou exclusivamente de industrialização da carne (D-01-04-1), sendo os 96 empreendimentos cadastrados até então constituído de abatedouros de animais de médio e grande porte (D-01-03-1). O Gráfico 5.1 apresenta a situação do licenciamento ambiental desses abatedouros para o período de referência, 2002 e 2008.

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Gráfico 5.1: Situação dos abatedouros municipais cadastrados na FEAM no ano de 2002 e 2008

Foram enquadrados como “situação irregular” aqueles empreendimentos cuja licença estava vencida, indeferida, aguardando formalização do respectivo processo ou sem licença ambiental. Também foram enquadrados nessa categoria, os empreendimentos desativados ou dispensados do licenciamento no nível estadual. O Gráfico 5.2 discrimina a situação detalhada em relação ao licenciamento ambiental dos abatedouros municipais até março de 2008.

Gráfico 5.2: Situação dos abatedouros municipais cadastrados na FEAM até março de 2008

Dos 96 abatedouros municipais, apenas 12 estão com licença ambiental vigente, das quais quatro obtiveram a licença prévia e/ou de instalação. Além disso, ainda desses 96, dois estão desativados e seis dispensados de licenciamento no nível estadual. Ressalta-se que a quantidade de empreendimentos desativados foi baseada em informações obtidas no SIAM ou conforme verificado em vistoria.

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Apenas sete abatedouros deram início ao processo de regularização ambiental, tendo recebido o Formulário de Orientação Básica (FOB) sobre o Licenciamento Ambiental, mas a formalização dos processos só seria efetivada com o protocolo da documentação solicitada no FOB. Ressalta-se ainda que até 2002, dos cinquenta empreendimentos, oito encontravam-se desativados e um paralisado. Os empreendimentos municipais cadastrados até março/2008 foram classificados segundo a DN COPAM Nº 74/2004 e são apresentados no Gráfico 5.3.

Gráfico 5.3: Classe dos abatedouros municipais cadastrados na FEAM até março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004

São seis os empreendimentos dispensados de licenciamento a nível estadual, uma vez que a capacidade instalada é inferior àquela estabelecida pela DN COPAM Nº 74/2004, ou seja, abatem um ou dois animais por dia. Entre os 28 empreendimentos para os quais não foi possível obter a capacidade instalada de abate ou produção por meio de consulta ao SIAM ou as respectivas pastas do processo, dois estão desativados e quinze já foram autuados pela FEAM por operarem sem licença. Nesse sentido, ressalta-se que todos esses empreendimentos estão com a situação ambiental irregular. A distribuição desses 96 empreendimentos por classe e sua situação quanto à regularização ambiental está apresentada na Tabela 5.2.

Tabela 5.2: Classe e situação ambiental dos abatedouros municipais até março de 2008

Situação ambiental Dispensado 3 5 6 Sem

informação Total

Licença vigente 0 8 2 1 0 11

Vencida 0 5 1 0 2 8

Irregular 6 40 5 0 26 77

Fonte: Sistema Integrado de Informação Ambiental, 2008

De acordo com a classificação feita em 2003, utilizando-se na ocasião a proposta de Gieseke, 48 empreendimentos eram enquadrados como de pequeno porte. Em 2008, para os empreendimentos com a capacidade instalada conhecida, 53 são de pequeno porte e seis estão abaixo da linha de corte. Ressalta-se que os empreendimentos enquadrados, neste caso, segundo a DN Nº 74/2004, na classe 3, são os de pequeno porte; classe 5 de médio porte e classe 6 de grande porte.

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5.1.2 Empreendimentos particulares

Até 28-11-2002, havia 156 empreendimentos particulares cadastrados na FEAM referentes a abatedouros de pequeno e grande porte, além das empresas de industrialização da carne. Esse número, até março de 2008, elevou-se para 302. O Gráfico 5.4 apresenta a situação do licenciamento ambiental desses empreendimentos para os períodos de referência de 2002 e 2008.

Gráfico 5.4: Regularização ambiental dos abatedouros particulares cadastrados na FEAM no ano de 2002 e 2008

O critério para classificar os empreendimentos com situação irregular na FEAM foi o mesmo utilizado para os abatedouros municipais. O número de empreendimentos privados cadastrados na FEAM praticamente dobrou de 2002 para 2008, passando de 156 para 302, com aumento significativo daqueles com situação irregular.

5.1.2.1 Abatedouros de animais de pequeno porte (D-01-02-3)

Dos 302 abatedouros e empreendimentos de industrialização da carne cadastrados na FEAM, 73 são abatedouros de animais de pequeno porte. Desses 73, 20 se encontram em funcionamento e com licença ambiental vigente, todas exclusivamente Licença de Operação. Dos 53 empreendimentos restantes, doze estão em análise de obtenção das licenças, três estão com as licenças vencidas e não procederam à revalidação da licença ou deram entrada em novo processo de licenciamento em caráter corretivo e compõe os cinco classificados como “irregular” dois autuados e três processos de licença indeferidos. A situação dos abatedouros de animais de pequeno porte até março de 2008 é apresentada no Gráfico 5.5.

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Gráfico 5.5: Situação dos abatedouros de animais de pequeno porte cadastrados na FEAM até março de 2008

Os 73 empreendimentos foram classificados de acordo com a DN COPAM Nº 74/2004, conforme Gráfico 5.6.

Gráfico 5.6: Classe dos abatedouros de animas de pequeno porte cadastrados na FEAM até março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004

Ressalta-se que foi atribuída a legenda “Sem informação” aos empreendimentos cuja classe não foi possível averiguar por meio do SIAM. A distribuição desses 73 empreendimentos por classe e em relação a sua regularização ambiental está apresentada na Tabela 5.3.

Tabela 5.3: Classe e situação ambiental dos abatedouros de animas de pequeno porte até março de 2008

Situação ambiental Dispensado 3 5 6 Sem

informação Total

Licença vigente - 9 7 4 - 20

Em análise - 9 3 - - 12

Vencida - 3 - - - 3

Irregular - 33 - 1 4 38

Desativado - - - - 4 4 Fonte: Sistema Integrado de Informação Ambiental, 2008

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Observa-se, de acordo com a Tabela 5.3 que 52% dos abatedouros de animas de pequeno porte estão em situação irregular perante o órgão de controle ambiental, sendo a capacidade instalada de abate diária inferior a 20.000 unidades.

5.1.2.2 Abatedouros de animais de grande porte (D-01-03-1)

Dos 302 abatedouros e empreendimentos de industrialização da carne cadastrados na FEAM, 188 são abatedouros de animais de grande porte. Desses 188, apenas 56 tem licença ambiental vigente, das quais 47 correspondem à Licença de Operação. Dos 132 restantes, 49 estão com os processos de licenciamento em análise, oito estão com as licenças vencidas, 10 são dispensados do licenciamento no nível estadual, quatro estão desativados (dos quais dois estão sem licença e dois estavam com a licença em análise) e 61 estão em situação irregular – excluindo-se os dois desativados citados anteriormente. O Gráfico 5.7 apresenta a situação em relação à regularização ambiental dos empreendimentos de abate de animas de grande porte até março de 2008. Gráfico 5.7: Regularização ambiental dos abatedouros de animais de grande porte cadastrados

na FEAM até março de 2008

A classe dos 188 empreendimentos, de acordo com a DN COPAM Nº 74/2004, é apresentada no Gráfico 5.8 abaixo. Gráfico 5.8: Classe dos abatedouros de animas grande porte cadastrados na FEAM até março

de 2008, segundo a DN Nº 74/2004

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A classe desses 188 empreendedores em relação à regularização ambiental dos mesmos está apresentada na Tabela 5.4.

Tabela 5.4: Classe e situação ambiental dos abatedouros de animais de grande porte até março de 2008

Situação ambiental Dispensado 3 5 6 Sem

informação Total

Licença vigente - 22 24 7 3 56

Em análise - 18 24 7 2 51

Vencida - 1 5 2 - 8

Irregular 10 43 14 1 5 73 Fonte: Sistema Integrado de Informação Ambiental, 2008

Desconsiderando os empreendimentos dispensados de licenciamento a nível estadual e os desativados, observa-se que 45% dos empreendimentos são de pequeno porte, ou seja, com capacidade instalada de abate menor que 60 animais/dia. Essa porcentagem aumenta para 95% se forem observados apenas os empreendimentos em situação irregular perante o órgão de controle ambiental.

5.1.2.3 Industrialização da carne (D-01-04-1)

Os 41 empreendimentos restantes, dentre o universo de 398 cadastrados na FEAM, são destinados à industrialização da carne. Desses, 15 se encontram com licença ambiental vigente, sendo que os 13 em operação possuem Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF). Das demais 26 empresas, uma está com processo de licenciamento em análise, seis são dispensadas de licenciamento estadual e as 19 restantes estão em situação irregular. O Gráfico 5.9 apresenta a situação em relação à regularização ambiental dos empreendimentos de industrialização da carne até março de 2008.

Gráfico 5.9: Regularização ambiental dos empreendimentos de industrialização da carne cadastrados na FEAM até março de 2008

O enquadramento dos empreendimentos de industrialização da carne cadastrado na FEAM até março de 2008 por classe, segundo a DN COPAM Nº 74/2004, é apresentado no Gráfico 5.10.

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Gráfico 5.10: Classe dos empreendimentos de industrialização da carne cadastrados na FEAM até março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004

A distribuição por classe desses 41 empreendimentos em relação à respectiva regularização ambiental está apresentada na Tabela 5.5. Tabela 5.5: Classe e situação ambiental dos empreendimentos de industrialização da carne até

março de 2008

Situação ambiental Dispensado 1 3 5 Sem

informação Total

Licença vigente - 10 - 2 3 15 Em análise - - - 1 - 1

Irregular 7 15 1 1 1 25

Fonte: Sistema Integrado de Informação Ambiental, 2008

Observa-se que dos 34 empreendimentos que são passíveis de regularização ambiental estadual, 74% são de pequeno porte, aumentando para 83% se considerados apenas os com situação irregular.

5.1.2.4 Graxarias (D-01-05-8)

Estão cadastradas no SIAM 25 graxarias, dentre as quais duas possuem Licença de Operação e sete possuem AAF. As 16 restantes se encontram em situação irregular perante o órgão ambiental. O Gráfico 5.11 apresenta a situação desses empreendimentos em relação a regularização ambiental até março de 2008.

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Gráfico 5.11: Regularização ambiental das graxarias cadastradas na FEAM até março de 2008

A distribuição das graxarias cadastradas na FEAM até março de 2008 por classe, segundo a DN COPAM Nº 74/2004, é apresentada no Gráfico 5.12.

Gráfico 5.12: Classe das graxarias cadastradas na FEAM até março de 2008, segundo a DN Nº 74/2004

A classe das 25 graxarias em relação à regularização ambiental desses empreendimentos está apresentada na Tabela 5.6.

Tabela 5.6: Classe e situação ambiental das graxarias até março de 2008

Situação ambiental 1 3 5 Sem

informação Total

Licença vigente 7 2 - - 9 Em análise - 2 4 - 6

Irregular 7 1 1 1 10

Fonte: Sistema Integrado de Informação Ambiental, 2008

Observa-se que das 25 graxarias, 56% são de pequeno porte, aumentando esse percentual para 70% se consideradas apenas os empreendimentos com situação irregular.

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5.2 Análise de Dados

Mapas a partir da distribuição das indústrias de abate em atividade em Minas Gerais e das respectivas cargas orgânicas potencial e efetiva por município, de forma a verificar o comportamento do setor no Estado foram elaborados. Dos 398 cadastrados no SIAM, chegou-se a um universo de 299 empreendimentos ao considerar apenas aqueles em operação e retirar do estudo os empreendimentos que realizam exclusivamente industrialização da carne ou enquadradas como graxarias. Então, foram selecionados 22 empreendimentos destinados ao abate de animais de grande porte e 13 empreendimentos de abate de animais de pequeno porte, que enviam regularmente os programas de automonitoramento de efluentes líquidos estabelecido pela FEAM, para avaliação da eficiência dos sistemas de controle ambiental adotados.

5.2.1 Distribuição dos abatedouros no Estado de Minas Gerais

Por meio da análise da distribuição dos abatedouros no Estado de Minas Gerais, Gráfico 5.13, observou-se maior concentração desses empreendimentos nas regiões do Sul de Minas e Alto São Francisco. As regiões com menor concentração são o Jequitinhonha, Norte e Noroeste de Minas. Há 299 abatedouros particulares e municipais cadastrados no SIAM, distribuídos em 241 municípios. As Figuras 5.1 a 5.4 apresentam a distribuição dos abatedouros pro município.

Gráfico 5.13: Distribuição dos abatedouros por região no Estado de Minas Gerais

Para o cálculo da carga orgânica potencial e efetiva dos abatedouros particulares e municipais de animais de pequeno e grande porte, foram considerados:

cenários mais desfavoráveis nos cálculos, aplicando-se o princípio da precaução;

a carga orgânica em termos de demanda bioquímica de oxigênio - DBO foi calculada a partir do produto da vazão diária de cada empreendimento pela concentração de DBO gerada pela atividade;

para o cálculo da vazão, quando não mencionada ou ausente no programa de automonitoramento, foi adotada a relação consumo de água pela capacidade instalada do empreendimento, ou seja, a quantidade máxima de animais abatidos

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informada pelo empreendedor. Quando a capacidade instalada não estava disponível, utilizou-se a produção média do empreendimento;

devido à variação encontrada entre os autores consultados para a concentração de DBO da atividade de abate, adotaram-se os parâmetros mais recentes e condizentes com os processos acompanhados pela FEAM para o abate de bovinos e suínos. Para o abate de aves foi utilizado o consumo de água e concentração média dos 13 empreendimentos que enviam os programas de automonitoramento regularmente. Para o abate de ovinos, equinos foram utilizados os dados dos processos desses empreendimentos;

os dados de capacidade produtiva, produção média e de concentração de DBO foram obtidos por meio de consulta ao SIAM e as pastas de processos dos empreendimentos. Para 30 abatedouros não foi possível nem a capacidade instalada nem o abate médio;

a carga orgânica gerada por habitante de 54 g de DBO5 ( SPERLING, 2006).

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Figura 5.1: Distribuição total de abatedouros de animais de pequeno, médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por município

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Figura 5.2: Distribuição de abatedouros particulares de animais de pequeno porte no Estado de Minas Gerais por município

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Figura 5.3: Distribuição de abatedouros particulares de animais de médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por município

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Figura 5.4: Distribuição de abatedouros municipais de animais de médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por município

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5.2.2 Distribuição de carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros no Estado de Minas Gerais

A partir dessas considerações, calculou-se a carga orgânica dos 299 abatedouros particulares e municipais em funcionamento cadastrados no SIAM. Para os abatedouros cuja capacidade instalada ou produção média não foi obtida a carga orgânica foi deixada nula. A carga orgânica potencial correspondeu a 131.809,77 kg DBO5/dia, o equivalente à carga orgânica gerada por 2.440.992 habitantes. Em termos comparativos desse equivalente populacional, segundo estimativa do IBGE para o ano de 2008, a população de Belo Horizonte foi de 2.255.949 habitantes. Desse modo, a carga orgânica potencial dos abatedouros foi 8% maior que carga gerada pela população de Belo Horizonte em 2008. A Tabela 5.7 e a Figura 5.5 apresentam a distribuição da carga orgânica potencial nas nove regiões sob a jurisdição das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Convém lembrar que o percentual de empreendimentos cadastrados no SIAM em relação ao número de empreendimentos efetivamente instalados e operando no Estado de Minas Gerais não é conhecido. Dessa forma, pode-se inferir que a carga orgânica potencial está subdimensionada, o que demonstra a necessidade de um plano de ação conjunto com outros órgãos de Estado para a adequação desse setor.

Tabela 5.7: Distribuição de carga orgânica gerada pelos abatedouros de abate de animais de pequeno e grande porte por SUPRAM

SUPRAM Carga orgânica potencial

total (kg DBO/dia)

Alto São Francisco 16.121,99

Central 16.762,04

Jequitinhonha 175,24

Leste de Minas 14.243,95

Noroeste de Minas 3.938,00

Norte de Minas 1.053,15

Sul de Minas 18.464,02

Triângulo Mineiro 48.399,48

Zona da Mata 12.651,90

Total 131.809,77

A partir dos dados da Tabela 5.7, observa-se na Superintendência Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba carga orgânica potencial é superior às demais, seguida pelas SUPRAMs Sul de Minas e Central.

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Figura 5.5: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros de animais de pequeno, médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por SUPRAM

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Na Figura 5.6 e Tabela 5.8 estão listados os 241 municípios nos quais estão distribuídos todos os 299 abatedouros particulares e municipais cadastrados e em operação no SIAM, assim como o número de empreendimentos e a carga orgânica potencial por município. Por meio dessa tabela, verifica-se que o município de Pará de Minas é o maior em número de empreendimentos destinado ao abate de animais, com um total de 9 abatedouros, seguido por Uberlândia e Divinópolis com sete cada um. Os empreendimentos destinados ao abate de animais de pequeno porte estão distribuídos em 48 municípios, conforme a Figura 5.7 e Tabela 5.9. Pará de Minas é o município com maior número de abatedouros, com cinco no total. A carga orgânica potencial gerada por esses abatedouros é de 38.968,83 kg DBO5/dia, cerca de 30% da carga potencial total. A população equivalente é de 721.645 habitantes. Não foi possível obter a capacidade instalada de apenas um abatedouro. Os empreendimentos particulares de abate de animais de médio e grande porte estão distribuídos em 111 municípios, conforme Figura 5.8 e Tabela 5.10. Uberlândia é o município com maior quantidade desses abatedouros, com seis no total, seguido por Campo Belo, Montes Claros e Pará de Minas com quatro cada um. A carga orgânica potencial gerada por esses abatedouros é de 87.090,29 kg DBO5/dia, cerca de 66% da carga potencial total. A população equivalente é de 1.612.783 habitantes. Em relação aos empreendimentos municipais de abate de animais de grande porte, verificou-se que estão distribuídos em 82 municípios, conforme Figura 5.9 e Tabela 5.11, havendo um abatedouro por município. A ausência de informações relativa à situação desses abatedouros prejudicou de forma significativa a avaliação da carga orgânica potencial, pela impossibilidade de obtenção da capacidade instalada ou a produção média de 24 empreendimentos. No entanto, 51 dos empreendimentos municipais, cuja capacidade instalada é conhecida, são enquadrados como classe 3, segundo a DN Nº 74/2004, ou seja, com abate de até 60 animais/dia. A carga orgânica potencial gerada por esses abatedouros é de 5.570,66 kg DBO5/dia, cerca de 5% da carga potencial total. A população equivalente é de 106.464 habitantes.

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Figura 5.6: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros de animais de pequeno,médio e grande porte no Estado

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Tabela 5.8: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros por município

Município Carga orgânica potencial

total (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial total (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Abaeté 1512,13 2 Campo Belo 2.229,95 5

Aimorés 50,44 1 Capetinga 8,00 1

Alfenas 131,18 2 Caratinga 1.778,50 1

Alfredo Vasconcelos 45,95 1 Carlos Chagas 140,00 2

Alpercata 329,75 1 Carmo da Cachoeira 40,00 1

Alterosa 25 1 Carmo do Cajuru 39 1

Alto Rio Doce 4,00 1 Carmo do Paranaíba 0,00 1

Alvinópolis 20,22 3 Carmo do Rio Claro 46,00 1

Andradas 183,44 3 Cataguases 105,95 1

Araçuaí 24,00 2 Chapada do Norte 10,00 1

Araguari 10.887,71 6 Cláudio 49,46 1

Araújos 0,00 1 Conceição das Alagoas 40,00 1

Araxá 353,94 1 Conceição do Mato Dentro 23,24 1

Arcos 200,00 1 Conceição do Pará 0,00 1

Areado 155,26 3 Congonhas 380,00 1

Bambuí 70,02 2 Conquista 8,00 1

Bandeira do Sul 16,22 1 Conselheiro Lafaiete 52,98 1

Barbacena 1.769,96 4 Conselheiro Pena 118,00 1

Belo Oriente 90,00 1 Contagem 597,31 1

Betim 1.979,53 2 Cordisburgo 0,00 1

Boa Esperança 350,57 4 Corinto 120,00 1

Bom Despacho 128,09 3 Coromandel 100,00 1

Borda da Mata 55,79 1 Coronel Fabriciano 8,00 1

Botelhos 0,00 1 Córrego Danta 48,00 2

Botumirim 10,00 1 Córrego do Bom Jesus 2,00 1

Bueno Brandão 30,00 1 Cristais 0,00 1

Cachoeira de Minas 110,00 1 Curvelo 200,00 1

Cachoeira de Pajeú 20,00 1 Delta 1.124,10 1

Caeté 238,93 2 Divino 4,00 1

Cambuquira 3.086 1 Divinópolis 4.072 7

Campanha 80,00 1 Dom Cavati 57,80 1

Campina Verde 1400,00 1 Dores do Indaiá 80,00 1

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Tabela 5.8: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros por município (continuação)

Município Carga orgânica potencial

total (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial total (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Elói Mendes 66,22 2 Lambari 20,00 1

Estrela do Sul 60,00 1 Lavras 363,06 3

Formiga 159,19 2 Luz 281,33 3

Francisco Sá 60,00 1 Machado 20,00 1

Governador Valadares 2.205,34 4 Manhuaçu 54,00 1

Guapé 96 2 Mantena 0,00 1

Guaxupé 0,00 1 Maravilhas 206 1

Ibirité 822,92 1 Maria da Fé 376,00 1

Igarapé 1.574,21 1 Mariana 32,49 2

Igaratinga 401,17 1 Marmelópolis 2,00 1

Inhapim 10,00 3 Martinho Campos 60,00 1

Ipatinga 268,71 2 Mateus Leme 2,00 1

Itabira 298,31 2 Matozinhos 118,00 1

Itabirito 180,00 1 Medeiros 4,00 1

Itaguara 291,36 2 Medina 24,00 1

Itajubá 2.000,00 1 Monte Santos de Minas 120,00 1

Itaobim 90,00 1 Montes Claros 813,15 5

Itapecerica 544,05 2 Munhoz 320,00 1

Itatiaiçu 0,00 1 Muriaé 400,00 1

Itaúna 89,56 2 Mutum 200,00 1

Ituiutaba 919,41 2 Nanuque 2.135,15 3

Iturama 2.520,00 2 Natalândia 20,00 1

Jacutinga 14,00 1 Nepomuceno 10,00 1

Jaguaraçu 317,85 1 Nova Serrana 462,19 1

Janaúba 1.920,00 3 Oliveira 60,00 2

Joaíma 4,00 1 Ouro Branco 20,00 1

João Monlevade 360,00 1 Pará de Minas 4.940,62 9

João Pinheiro 118,00 2 Paracatu 110,00 1

Jordânia 0,00 1 Paraguaçu 4,11 1

Juatuba 4.115 1 Paraopeba 174,55 1

Juiz de Fora 1.070,96 2 Passa Quatro 0,00 1

Lagoa da Prata 260,88 2 Passos 4.063,02 3

Lagoa Dourada 341,17 2 Patos de Minas 816,46 3

Lagoa Santa 823,00 1 Patrocínio 2.442,45 3

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Tabela 5.8: Distribuição da carga orgânica potencial total gerada pelos abatedouros por município (continuação)

Município Carga orgânica potencial

total (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial total (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Peçanha 2,00 1 São Geraldo 309,00 1

Pedro Leopoldo 144,29 1 São Gonçalo do Sapucaí 400,00 1

Perdigão 102,06 2 São Gotardo 200,00 1

Perdizes 12,00 1 São João Batista do Glória 60,00 1

Perdões 100,00 1 São João da Mata 2,00 1

Piraúba 4,00 1 São João Del Rei 73,46 1

Pitangui 66,22 2 São João Nepomuceno 60,00 1

Poço Fundo 63,95 1 São José da Lapa 30,00 1

Poços de Caldas 1.959,63 2 São José do Alegre 12,00 1

Ponte Nova 1.708,20 1 São Lourenço 30,00 1

Porteirinha 110,00 1 São Pedro dos Ferros 226,00 1

Poté 60,00 1 São Pedro dos Ferrosos 0,00 1

Prados 391 1 São Sebastião do Oeste 2.055,00 2

Prata 0,00 1 São Sebastião do Paraíso 318,00 2

Presidente Olegário 20,00 1 São Tomás de Aquino 0,00 1

Raul Soares 22,00 1 Sete Lagoas 2.731,59 5

Resende Costa 132,00 2 Simonésia 10,00 1

Ressaquinha 129,75 1 Teixeiras 40,00 1

Sabará 630,71 1 Teófilo Otoni 5.876,95 2

Sabinópolis 60,00 1 Tocantins 6,00 1

Salinas 60,00 1 Três Corações 300,00 1

Santa Bárbara 2,00 1 Três Pontas 200,00 2

Santa Luzia 1.234,00 1 Ubá 484,34 2

Santa Vitória 800,00 1 Uberaba 1.860,97 1

Santana do Jacaré 370 1 Uberlândia 26.865,44 7

Santana do Paraíso 95,14 2 Unaí 1.710,00 2

Santo Antônio do Amparo 0,00 1 Varginha 100,00 1 Santo Antônio do Aventureiro 5,00 1 Veríssimo 411,00 1

Santo Antônio do Monte 0,00 1 Viçosa 103,00 1

São Brás do Suaçuí 0,00 1 Virginópolis 100,00 1

São Francisco 40,00 1 Visconde do Rio Branco 3.395,00 1

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Figura 5.7: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros de animais de pequeno porte no Estado de Minas Gerais

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Tabela 5.9:: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros de animais de pequeno porte por município

Município Carga orgânica

potencial (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica

potencial (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Alfenas 61,72 1 Lavras 329,17 2

Alterosa 24,69 1 Luz 16,46 1

Andradas 123,44 1 Maravilhas 205,73 1

Araguari 123,44 2 Montes Claros 102,86 1

Areado 45,26 2 Pará de Minas 2.730,02 5

Bambuí 10,29 1 Paraguaçu 4,11 1

Barbacena 1.724,01 3 Passos 2.263,02 1

Betim 822,92 1 Patos de Minas 16,46 1

Boa Esperança 20,57 1 Patrocínio 20,57 1

Bom Despacho 108,62 2 Perdigão 2,06 1

Cambuquira 3.085,94 1 Prados 390,89 1

Divinópolis 212,76 3 Santa Luzia 1.234,37 1

Governador Valadares 160,47 1 Santana do Jacaré 370,31 1

Ibirité 822,92 1 Santo Antônio do Aventureiro 5,35 1

Igaratinga 401,17 1 São Geraldo 308,59 1

Ipatinga 30,86 1 São José do Alegre 12,34 1

Itabira 298,31 2 São Pedro dos Ferros 226,30 1

Itapecerica 514,32 1 São Sebastião do Oeste 2.055,23 2

Itaúna 24,69 1 Sete Lagoas 2.036,72 2

Juatuba 4.114,58 1 Uberlândia 8.434,89 1

Juiz de Fora 411,46 1 Veríssimo 411,46 1

Lagoa Dourada 329,17 1 Viçosa 102,86 1

Lagoa Santa 822,92 1 Visconde do Rio Branco 3.394,53 1

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Figura 5.8:: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros particulares de animais de médio e grande porte no Estado

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Tabela 5.10: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros particulares de animais de grande porte por município

Município Carga orgânica

potencial (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial (kg

DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Abaeté 1.512,13 2 Corinto 120,00 1

Aimorés 50,44 1 Coronel Fabriciano 8,00 1

Alfredo Vasconcelos 45,95 1 Córrego Danta 32,00 1

Alpercata 329,75 1 Córrego do Bom Jesus 2,00 1

Alvinópolis 20,22 3 Delta 1.124,10 1

Andradas 0,00 1 Divinópolis 3.859,01 3

Araçuaí 24,00 1 Dom Cavati 57,80 1

Araguari 10.762,27 3 Elói Mendes 66,22 1

Araxá 353,94 1 Formiga 159,19 2

Arcos 200,00 1 Governador Valadares 2.044,88 3

Areado 110,00 1 Guapé 90,00 1

Bambuí 59,73 1 Igarapé 1.574,21 1

Bandeira do Sul 16,22 1 Inhapim 10,00 3

Barbacena 45,95 1 Ipatinga 237,85 1

Belo Oriente 90,00 1 Itaguara 291,36 2

Betim 1.156,61 1 Itajubá 2.000,00 1

Boa Esperança 330,00 3 Itaobim 90,00 1

Bom Despacho 19,46 1 Itapecerica 29,73 1

Borda da Mata 55,79 1 Itaúna 64,88 1

Cachoeira de Minas 110,00 1 Ituiutaba 919,41 2

Caeté 238,93 2 Iturama 2.400,00 1

Campina Verde 1.400,00 1 Jaguaraçu 317,85 1

Campo Belo 2.229,95 4 Janaúba 1.920,00 3

Caratinga 1.778,50 1 João Monlevade 360,00 1

Carlos Chagas 116,00 1 João Pinheiro 118,00 1

Carmo do Cajuru 38,93 1 Juiz de Fora 659,50 1

Cataguases 105,95 1 Lagoa da Prata 144,88 1

Conselheiro Lafaiete 52,98 1 Lavras 33,89 1

Contagem 597,31 1 Luz 264,88 1

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Tabela 5.10: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros particulares de animais de grande porte por município (Continuação)

Município Carga orgânica

potencial (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial (kg

DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Machado 20,00 1 Poté 60,00 1

Manhuaçu 54,00 1 Prata 0,00 1

Mantena 0,00 1 Resende Costa 20,00 1

Mariana 20,00 1 Ressaquinha 129,75 1

Martinho Campos 60,00 1 Sabará 630,71 1

Mateus Leme 2,00 1 Salinas 60,00 1

Matozinhos 118,00 1 Santa Bárbara 2,00 1

Montes Claros 710,29 4 Santana do Paraíso 95,14 2

Muriaé 400,00 1 São Francisco 40,00 1

Mutum 200,00 1 São Gonçalo do Sapucaí 400,00 1

Nanuque 2.035,15 2 São Gotardo 200,00 1

Nova Serrana 462,19 1 São João Del Rei 73,46 1

Oliveira 60,00 2 São José da Lapa 30,00 1

Ouro Branco 20,00 1 São Lourenço 30,00 1

Pará de Minas 2.210,60 4 São Sebastião do Paraíso 318,00 1

Paracatu 110,00 1 Sete Lagoas 694,88 3

Paraopeba 174,55 1 Simonésia 10,00 1

Passos 600,00 1 Teixeiras 40,00 1

Patos de Minas 800,00 1 Teófilo Otoni 5876,95 2

Patrocínio 2.421,88 2 Tocantins 6,00 1

Peçanha 2,00 1 Três Corações 300,00 1

Pedro Leopoldo 144,29 1 Três Pontas 100,00 1

Piraúba 4,00 1 Ubá 484,34 2

Pitangui 66,22 1 Uberaba 1860,97 1

Poço Fundo 63,95 1 Uberlândia 18430,55 6

Poços de Caldas 1.959,63 2 Unaí 1710,00 2

Ponte Nova 1708,20 1 Virginópolis 100,00 1

Porteirinha 110,00 1

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Figura 5.9: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros municipais de animais de grande porte no Estado de Minas Gerais

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Tabela 5.11: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros municipais de animais de grande porte por município

Município Carga orgânica

potencial (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Alfenas 69,46 1 Conceição do Pará 0,00 1

Alto Rio Doce 4,00 1 Congonhas 380,00 1

Andradas 60,00 1 Conquista 8,00 1

Araçuaí 0,00 1 Conselheiro Pena 118,00 1

Araguari 2,00 1 Cordisburgo 0,00 1

Araújos 0,00 1 Coromandel 100,00 1

Botelhos 0,00 1 Córrego Danta 16,00 1

Botumirim 10,00 1 Cristais 0,00 1

Bueno Brandão 30,00 1 Curvelo 200,00 1

Cachoeira de Pajeú 20,00 1 Divino 4,00 1

Campanha 80,00 1 Divinópolis 0,00 1

Campo Belo 0,00 1 Dores do Indaiá 80,00 1

Capetinga 8,00 1

Eloi Mendes 0,00 1

Carlos Chagas 24,00 1 Estrela do Sul 60,00 1

Carmo da Cachoeira 40,00 1 Francisco Sá 60,00 1

Carmo do Paranaíba 0,00 1 Guapé 6,00 1

Carmo do Rio Claro 46,00 1 Guaxupé 0,00 1

Chapada do Norte 10,00 1 Itabirito 180,00 1

Cláudio 49,46 1

Itatiaiçu 0,00 1

Conceição das Alagoas 40,00 1 Iturama 120,00 1

Conceição do Mato Dentro 23,24 1 Jacutinga 14,00 1

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Tabela 5.11: Distribuição da carga orgânica potencial gerada pelos abatedouros municipais de animais de grande porte por município (Continuação)

Município Carga orgânica

potencial (kg DBO/dia) Nº de

empreendimentos Município

Carga orgânica potencial (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Joaíma 4,00 1 Perdigão 100,00 1

João Pinheiro 0,00 1 Perdizes 12,00 1

Jordânia 0,00 1 Perdões 100,00 1

Lagoa da Prata 116,00 1 Pitangui 0,00 1

Lagoa Dourada 12,00 1 Presidente Olegário 20,00 1

Lambari 20,00 1 Raul Soares 22,00 1

Luz 0,00 1 Resende Costa 112,00 1

Maria da Fé 376,00 1 Sabinópolis 60,00 1

Mariana 12,49 1 Santa Vitória 800,00 1

Marmelópolis 2,00 1 Santo Antônio do Amparo 0,00 1

Medeiros 4,00 1 Santo Antônio do Monte 0,00 1

Medina 24,00 1

São Brás do Suaçuí 0,00 1

Monte Santos de Minas 120,00 1 São João Batista do Glória 60,00 1

Munhoz 320,00 1 São João da Mata 2,00 1

Nanuque 100,00 1 São João Nepomuceno 60,00 1

Natalândia 20,00 1 São Pedro dos Ferrosos 0,00 1

Nepomuceno 10,00 1 São Sebastião do Paraíso 0,00 1 Passa Quatro

0,00 1 São Tomás de Aquino 0,00 1

Passos 1.200,00 1 Três Pontas 100,00 1

Patos de Minas 0,00 1 Varginha 100,00 1

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5.2.3 Distribuição de carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros no Estado de Minas Gerais

O Programa de Automonitoramento estabelecido quando da concessão da Licença de Operação está sendo realizado por 35 dos 299 empreendimentos cadastrados no SIAM. Convém mencionar que empreendimentos que possuem AAF não estão obrigados a enviar resultados de análises físico-químicas dos efluentes líquidos bruto e tratado, a despeito de estarem obrigados ao controle ambiental de seus despejos. Assim, a partir dos relatórios de 35 empreendimentos que cumprem o programa de automonitoramento de efluentes líquidos, foram realizados os cálculos para obtenção da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros de animais de pequeno e grande porte do Estado de Minas Gerais. A Tabela 5.12 apresenta a carga orgânica efetivamente gerada por esses 35 abatedouros particulares de animais de pequeno e grande porte, que estão distribuídos por município. Tabela 5.12: Distribuição de carga orgânica gerada pelos abatedouros de abate de animais de

pequeno e grande porte com monitoramento no Estado de Minas Gerais

Município Nº de

empreendimentos Carga orgânica efetiva

(kg DBO5/dia) - Afluente

Carga orgânica efetiva (kg DBO5/dia)

- Efluente

Abaeté 1 1.510,13 22,05

Araguari 2 10.221,96 1.088,57

Barbacena 1 1.224,82 40,33

Betim 2 1.822,45 67,45

Cambuquira 1 218,49 9,21

Campo Belo 1 978,32 142,48

Delta 1 1.124,10 208,42

Divinópolis 2 666,01 32,07

Dom Cavalcanti 1 57,80 4,87

Ibirité 1 966,40 23,04

Igarapé 1 1.574,21 79,83

Ituiutaba 1 319,41 21,76

Lagoa Santa 1 836,86 19,66

Lavras 1 509,10 23,46

Nanuque 1 2.015,15 42,92

Pará de Minas 2 2.815,86 132,74

Passos 1 131,41 6,38

Pedro Leopoldo 1 144,29 0,44

Poços de Caldas 2 1.959,63 27,81

Ponte Nova 1 1.708,20 309,68

Sabará 1 630,71 36,72

Santa Luzia 1 407,51 33,08

Santana do Jacaré 1 48,90 3,16

São Sebastião do Oeste 1 2.186,58 96,00

Uberaba 1 1.860,97 1.452,98

Uberlândia 4 32.440,07 615,79

Visconde do Rio Branco 1 3.609,35 147,31

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A carga orgânica bruta gerada por esses 35 empreendimentos corresponde a 71.998,67 kg DBO5/dia, o equivalente à carga orgânica diária gerada por uma cidade com 1.333.309 habitantes, cerca de 55% (2.412.937) da carga orgânica gerada pela população estimada para 2007 de Belo Horizonte. Considerando as capacidades instaladas obtidas, todos os abatedouros de animais de médio e grande porte abateriam 45.925 cabeças/dia e os de animais de pequeno porte por 1.900.132 animais/dia. Para os 35 empreendimentos estudados, os 22 abatedouros de animais de grande porte são responsáveis por 39% do total de animais abatidos no Estado e os 13 de animais de pequeno porte por 67%. Desse modo, com a implantação dos sistemas de tratamento de efluentes, foi verificada uma redução média de carga orgânica total do Estado de 29%, o que equivale ao tratamento dos despejos de uma população de 650.050 habitantes, considerando uma eficiência de 100% do sistema de controle. A carga orgânica efetiva total correspondeu a 60.822,16 kg DBO5/dia, o equivalente à carga orgânica gerada por 1.126.336 habitantes, com as regiões das SUPRAMs Leste de Minas e Triângulo Mineiro apresentando maior concentração de carga orgânica em relação às demais. A Figura 5.10 apresenta a distribuição da carga orgânica efetiva nas nove regiões sob a jurisdição das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Ressalta-se que os empreendimentos municipais não enviam relatórios de automonitoramento ao órgão ambiental. Desse modo, a carga orgânica efetiva desses empreendimentos corresponde à carga orgânica potencial, neste caso 4.468,22 kg DBO5/dia. A Tabela 5.13 apresenta a carga orgânica efetiva dos 241 municípios com abatedouros de animais de pequeno e grande porte cadastrados no SIAM e a Figura 5.11 a distribuição desses empreendimentos por município. As Figuras 5.12, 5.13, 5.14 apresentam, respectivamente, a distribuição da carga orgânica efetiva dos abatedouros de animais pequeno porte, dos abatedouros dos animais de médio e grande porte particulares e dos municipais.

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Figura 5.10: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros de animais de pequeno, médio e grande porte no Estado de Minas Gerais por SUPRAM

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Figura 5.11: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros de animais de pequeno, médio e grande porte em atividade no Estado de Minas Gerais

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Tabela 5.13: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros por município e SUPRAM

Município SUPRAM

Carga orgânica

efetiva total (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Município SUPRAM

Carga orgânica

efetiva total (kg DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Abaeté Alto São Francisco 24,05 2 Campo Belo Sul de Minas 1.394,10 5

Aimorés Leste de Minas 50,44 1 Capetinga Sul de Minas 8,00 1

Alfenas Sul de Minas 131,18 2 Caratinga Leste de Minas 1.778,50 1

Alfredo Vasconcelos Zona da Mata 45,95 1 Carlos Chagas Leste de Minas 140,00 2

Alpercata Leste de Minas 329,75 1 Carmo da Cachoeira Sul de Minas 40,00 1

Alterosa Sul de Minas 24,69 1 Carmo do Cajuru Alto São Francisco 38,93 1

Alto Rio Doce Zona da Mata 4,00 1 Carmo do Paranaíba Triângulo Mineiro 0,00 1

Alvinópolis Zona da Mata 20,22 3 Carmo do Rio Claro Sul de Minas 46,00 1

Andradas Sul de Minas 183,44 3 Cataguases Zona da Mata 105,95 1

Araçuaí Jequitinhonha 24,00 2 Chapada do Norte Jequitinhonha 10,00 1

Araguari Triângulo Mineiro 1.754,32 6 Cláudio Alto São Francisco 49,46 1

Araújos Alto São Francisco 0,00 1 Conceição das Alagoas Triângulo Mineiro 40,00 1

Araxá Triângulo Mineiro 353,94 1 Conceição do Mato Dentro Jequitinhonha 23,24 1

Arcos Alto São Francisco 200,00 1 Conceição do Pará Alto São Francisco 0,00 1

Areado Sul de Minas 155,26 3 Congonhas Central 380,00 1

Bambuí Alto São Francisco 70,02 2 Conquista Triângulo Mineiro 8,00 1

Bandeira do Sul Sul de Minas 16,22 1 Conselheiro Lafaiete Central 52,98 1

Barbacena Zona da Mata 164,46 4 Conselheiro Pena Central 118,00 1

Belo Oriente Leste de Minas 90,00 1 Contagem Central 597,31 1

Betim Central 67,45 2 Cordisburgo Central 0,00 1

Boa Esperança Sul de Minas 350,57 4 Corinto Central 120,00 1

Bom Despacho Alto São Francisco 128,09 3 Coromandel Triângulo Mineiro 100,00 1

Borda da Mata Sul de Minas 55,79 1 Coronel Fabriciano Leste de Minas 8,00 1

Botelhos Sul de Minas 0,00 1 Córrego Danta Alto São Francisco 48,00 2

Botumirim Norte de Minas 10,00 1 Córrego do Bom Jesus Sul de Minas 2,00 1

Bueno Brandão Sul de Minas 30,00 1 Cristais Sul de Minas 0,00 1

Cachoeira de Minas Sul de Minas 110,00 1 Curvelo Central 200,00 1

Cachoeira de Pajeú Norte de Minas 20,00 1 Delta Triângulo Mineiro 208,42 1

Caeté Central 238,93 2 Divino Zona da Mata 4,00 1

Cambuquira Sul de Minas 9,21 1 Divinópolis Alto São Francisco 268,19 7

Campanha Sul de Minas 80,00 1 Dom Cavati Leste de Minas 1,67 1

Campina Verde Triângulo Mineiro 1.400,00 1 Dores do Indaiá Alto São Francisco 80,00 1

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Tabela 5.13: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros por município e SUPRAM (continuação)

Município SUPRAM Carga orgânica efetiva total (kg

DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Município SUPRAM Carga orgânica efetiva total (kg

DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Elói Mendes Sul de Minas 66,22 2 Lagoa Santa Central 19,66 1

Estrela do Sul Triângulo Mineiro 60,00 1 Lambari Sul de Minas 20,00 1

Formiga Alto São Francisco 159,19 2 Lavras Sul de Minas 221,94 3

Francisco Sá Noroeste de Minas 60,00 1 Luz Alto São Francisco 281,33 3

Governador Valadares Leste de Minas 2.205,34 4 Machado Sul de Minas 20,00 1

Guapé Sul de Minas 96,00 2 Manhuaçu Zona da Mata 54,00 1

Guaxupé Sul de Minas 0,00 1 Mantena Leste de Minas 0,00 1

Ibirité Central 23,04 1 Maravilhas Alto São Francisco 205,73 1

Igarapé Central 79,83 1 Maria da Fé Sul de Minas 376,00 1

Igaratinga Alto São Francisco 401,17 1 Mariana Zona da Mata 32,49 2

Inhapim Leste de Minas 10,00 3 Marmelópolis Sul de Minas 2,00 1

Ipatinga Leste de Minas 268,71 2 Martinho Campos Alto São Francisco 60,00 1

Itabira Leste de Minas 298,31 2 Mateus Leme Central 2,00 1

Itabirito Central 180,00 1 Matozinhos Central 118,00 1

Itaguara Alto São Francisco 291,36 2 Medeiros Alto São Francisco 4,00 1

Itajubá Sul de Minas 2.000,00 1 Medina Jequitinhonha 24,00 1

Itaobim Jequitinhonha 90,00 1 Monte Santos de Minas Sul de Minas 120,00 1

Itapecerica Alto São Francisco 544,05 2 Montes Claros Norte de Minas 813,15 5

Itatiaiçu Central 0,00 1 Munhoz Sul de Minas 320,00 1

Itaúna Alto São Francisco 89,56 2 Muriaé Zona da Mata 400,00 1

Ituiutaba Triângulo Mineiro 621,76 2 Mutum Zona da Mata 200,00 1

Iturama Triângulo Mineiro 2.520,00 2 Nanuque Leste de Minas 162,92 3

Jacutinga Sul de Minas 14,00 1 Natalândia Noroeste de Minas 20,00 1

Jaguaraçu Leste de Minas 317,85 1 Nepomuceno Sul de Minas 10,00 1

Janaúba Noroeste de Minas 1.920,00 3 Nova Serrana Alto São Francisco 462,19 1

Joaíma Jequitinhonha 4,00 1 Oliveira Sul de Minas 60,00 2

João Monlevade Leste de Minas 360,00 1 Ouro Branco Central 20,00 1

João Pinheiro Noroeste de Minas 118,00 2 Pará de Minas Alto São Francisco 1.441,85 9

Jordânia Jequitinhonha 0,00 1 Paracatu Noroeste de Minas 110,00 1

Juatuba Central 4.114,58 1 Paraguaçu Sul de Minas 4,11 1

Juiz de Fora Zona da Mata 1.070,96 2 Paraopeba Central 174,55 1

Lagoa da Prata Alto São Francisco 260,88 2 Passa Quatro Sul de Minas 0,00 1

Lagoa Dourada Central 341,17 2 Passos Sul de Minas 1.806,38 3

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Tabela 5.13: Distribuição da carga orgânica efetiva total gerada pelos abatedouros por município e SUPRAM (continuação)

Município SUPRAM Carga orgânica efetiva total (kg

DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Município SUPRAM Carga orgânica efetiva total (kg

DBO/dia)

Nº de empreendimentos

Patos de Minas Triângulo Mineiro 816,46 3 São Francisco Norte de Minas 40,00 1

Patrocínio Zona da Mata 2.442,45 3 São Geraldo Zona da Mata 308,59 1

Peçanha Leste de Minas 2,00 1 São G. do Sapucaí Sul de Minas 400,00 1

Pedro Leopoldo Central 0,44 1 São Gotardo Triângulo Mineiro 200,00 1

Perdigão Alto São Francisco 102,06 2 São João B. do Glória Sul de Minas 60,00 1

Perdizes Triângulo Mineiro 12,00 1 São João da Mata Sul de Minas 2,00 1

Perdões Sul de Minas 100,00 1 São João Del Rei Sul de Minas 73,46 1

Piraúba Zona da Mata 4,00 1 São João Nepomuceno Zona da Mata 60,00 1

Pitangui Alto São Francisco 66,22 2 São José da Lapa Central 30,00 1

Poço Fundo Sul de Minas 63,95 1 São José do Alegre Sul de Minas 12,34 1

Poços de Caldas Sul de Minas 27,81 2 São Lourenço Sul de Minas 30,00 1

Ponte Nova Zona da Mata 309,68 1 São Pedro dos Ferros Zona da Mata 226,30 1

Porteirinha Norte de Minas 110,00 1 São Pedro dos Ferrosos Zona da Mata 0,00 1

Poté Leste de Minas 60,00 1 São Sebastião do Oeste Alto São Francisco 505,40 2

Prados Sul de Minas 390,89 1 São Sebastião do Paraíso Sul de Minas 318,00 2

Prata Triângulo Mineiro 0,00 1 São Tomás de Aquino Sul de Minas 0,00 1

Presidente Olegário Triângulo Mineiro 20,00 1 Sete Lagoas Central 2.731,59 5

Raul Soares Zona da Mata 22,00 1 Simonésia Zona da Mata 10,00 1

Resende Costa Central 132,00 2 Teixeiras Zona da Mata 40,00 1

Ressaquinha Zona da Mata 129,75 1 Teófilo Otoni Leste de Minas 5.876,95 2

Sabará Central 36,72 1 Tocantins Zona da Mata 6,00 1

Sabinópolis Leste de Minas 60,00 1 Três Corações Sul de Minas 300,00 1

Salinas Norte de Minas 60,00 1 Três Pontas Sul de Minas 200,00 2

Santa Bárbara Central 2,00 1 Ubá Zona da Mata 484,34 2

Santa Luzia Central 33,08 1 Uberaba Triângulo Mineiro 1.452,98 1

Santa Vitória Triângulo Mineiro 800,00 1 Uberlândia Triângulo Mineiro 810,41 7

Santana do Jacaré Sul de Minas 3,16 1 Unaí Noroeste de Minas 1.710,00 2

Santana do Paraíso Leste de Minas 95,14 2 Varginha Sul de Minas 100,00 1

Santo Antônio do Amparo Sul de Minas 0,00 1 Veríssimo Triângulo Mineiro 411,46 1

Santo A. do Aventureiro Zona da Mata 5,35 1 Viçosa Zona da Mata 102,86 1

Santo Antônio do Monte Alto São Francisco 0,00 1 Virginópolis Leste de Minas 100,00 1

São Brás do Suaçuí Central 0,00 1 Visconde do Rio Branco Zona da Mata 147,31 1

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Figura 5.12: Distribuição da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros de animais de pequeno porte no Estado de Minas Gerais

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Figura 5.13:: Distribuição da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros particulares de animais de médio e grande porte no Estado

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Figura 5.14: Distribuição da carga orgânica efetiva gerada pelos abatedouros municipais de animais de grande porte no Estado

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5.2.4 Empreendimentos com automonitoramento regular

Apenas 35 abatedouros de animas de pequeno e grande porte com licença vigente enviam regularmente os relatórios de automonitoramento estabelecidos nas condicionantes das licenças concedidas. A Tabela 5.14 apresenta um resumo da situação desses 35 empreendimentos.

Tabela 5.14: Situação dos empreendimentos com automonitoramento de efluentes líquidos regularmente no período de 2006 até julho de 2008

Município SUPRAM Zona Ano de início

das atividades

Tipo de animal abatido

Abaeté Alto São Francisco Urbana 1983 Bovinos e Suínos

Araguari Triângulo Mineiro Urbana 1949 Bovinos

Araguari Triângulo Mineiro Urbana 1976 Equínos

Barbacena Zona da Mata Urbana 1991 Aves

Betim Central Urbana 1978 Aves

Betim Central Urbana 1984 Bovinos e Suínos

Cambuquira Sul de Minas Urbana 1989 Aves

Campo Belo Sul de Minas Rural 2002 Bovinos e Suínos

Delta Triângulo Mineiro Rural 1999 Bovinos e Suínos

Divinópolis Alto São Francisco Urbana 1994 Bovinos e Suínos

Divinópolis Alto São Francisco Urbana 2004 Bovinos e Suínos

Dom Cavalcanti Leste Mineiro Rural 2000 Bovinos e Suínos

Ibirité Central Urbana - Aves

Igarapé Central Distrito

Industrial 1960 Bovinos e Suínos

Ituiutaba Triângulo Mineiro Rural 1993 Bovinos

Lagoa Santa Central Urbana 1981 Aves

Lavras Sul de Minas Rural 1990 Aves

Nanuque Leste Mineiro Urbana 1972 Bovinos

Pará de Minas Alto São Francisco Urbana 1974 Aves

Pará de Minas Alto São Francisco Urbana 1977 Bovinos e Suínos

Passos Sul de Minas Rural 1989 Aves

Pedro Leopoldo Central Rural 1997 Bovinos e Suínos

Poços de Caldas Sul de Minas Rural 1948 Bovinos e Suínos

Poços de Caldas Sul de Minas Rural 1972 Bovinos e Suínos

Ponte Nova Zona da Mata Rural 1995 Suínos

Sabará Central Urbana 1986 Bovinos e Suínos

Santa Luzia Central Distrito

Industrial 1985 Aves

Santana do Jacaré Sul de Minas Urbana 1994 Aves

São Sebastião do Oeste Alto São Francisco Rural 1987 Aves

Uberaba Triângulo Mineiro Urbana 1950 Bovinos e Suínos

Uberlândia Triângulo Mineiro Urbana 1979 Aves

Uberlândia Triângulo Mineiro Rural 1986 Bovinos e Suínos

Uberlândia Triângulo Mineiro Rural 1994 Bovinos e Suínos

Uberlândia Triângulo Mineiro Urbana 1979 Suínos

Visconde do Rio Branco Zona da Mata Urbana 1998 Aves

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Apesar de 74 empreendimentos estarem com a Licença de Operação vigente, foram selecionados apenas os 35 que enviaram regularmente o programa de efluentes líquidos no período de janeiro de 2006 a julho de 2008. Devido a essa disponibilidade de dados, esses 35 empreendimentos foram analisados detalhadamente quanto à situação ambiental De acordo com o Gráfico 5.14, verifica-se que 12 desses empreendimentos iniciou as atividades antes da publicação do Decreto Nº 21.228, de 10 de março de 1981, que regulamenta a Lei Nº 7.772, de 8 de setembro de 1980, que exige o licenciamento ambiental para localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação dos empreendimentos. Convém mencionar que, apesar deste Decreto ter sido revogado pelo Decreto Nº 44.309/2006, publicado em 5-6-2006, não houve alteração das datas fixadas para obtenção ou revalidação das licenças de operação desses empreendimentos.

Gráfico 5.14:Início de operação dos abatedouros

Em relação à localização, 20 desses abatedouros estão localizados em área urbana, conforme Gráfico 5.15. A localização em área urbana pressupõe a necessidade de sistemas de controles mais eficientes para reduzir a incidência de incômodos e reclamações da população de entorno, principalmente em relação a odores.

Gráfico 5.15: Localização dos abatedouros

O porte desses empreendimentos, de acordo com DN COPAM Nº 74/2004, é apresentado no Gráfico 5.16. Entre os 35 abatedouros analisados, observa-se que 57% são enquadrados como de médio porte, abatem entre 60 e 500 animais por dia (bovinos e suínos ou equinos), e entre 20.000 e 100.000 aves por dia para o de frango.

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Gráfico 5.16: Porte dos abatedouros de acordo com a DN COPAM N° 74/2004

Os Gráficos 5.17 e 5.18 apresentam o número de empregados em relação ao porte do empreendimento. Para os abatedouros de aves, 69% da mão-de-obra está alocada nos quatro abatedouros de grande porte. Para os abatedouros de bovinos e suínos, 79% da mão-de-obra está nos oito abatedouros de grande porte.

Gráfico 5.17: Número de empregados por porte dos abatedouros de aves

Gráfico 5.18 : Número de empregados por porte dos abatedouros de bovinos e suínos

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5.2.4.1 Sistemas de controle ambiental adotados

Em relação aos efluentes líquidos, o Gráfico 5.19 apresenta a concepção das estações de tratamentos de efluentes líquidos (ETE) adotadas pelos 35 abatedouros. Neste gráfico observa-se que 21 desses abatedouros adotaram o sistema de lagoas de estabilização para tratamento de seus efluentes, o que corresponde a 64 % do total. O segundo sistema de controle mais utilizado é o de lodos ativados, correspondendo a 18% do total. Apenas duas estações de tratamento não contam com tratamento preliminar, nesse caso composto por peneiras e/ou gradeamento para reter os sólidos grosseiros.

Gráfico 5.19: Concepção do sistema de tratamento de efluentes dos abatedouros

Como parte das condicionantes das Licenças de Operação concedidas no âmbito do SISEMA, consta o automonitoramento de efluentes líquidos bruto e tratado referentes aos seguintes parâmetros: vazão, pH, temperatura, sólidos suspensos, sólidos sedimentáveis, DBO, DQO, detergentes, óleos e graxas. Via de regra, o envio dos relatórios é de freqüência mensal, com análises quinzenais. Os gráficos 5.20 a 5.29 apresentam os valores médios dos anos de 2006 até julho de 2008 desses parâmetros para os 35 empreendimentos que constam da Tabela 5.14. Ressalta-se que os padrões de lançamento consideram os a Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH N.º 1/2008.

Gráfico 5.20: Demanda Bioquímica de Oxigênio – Efluente Tratado

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Tanto a revogada DN COPAM Nº 010/1986 quanto a sua sucessora, a DN conjunta COPAM/CERH Nº 1/2008, estabelecem o valor máximo de 60 mg/L de DBO para o lançamento de efluentes líquidos em curso d’água. Conforme Gráfico 5.20 acima, de acordo com os relatórios do programa de automonitoramento enviados pelos empreendimentos, o efluente tratado de apenas 14 dos 35 empreendimentos atinge esse padrão de lançamento. No entanto, ao se considerar a eficiência do sistema de tratamento em termos de remoção de DBO, apenas dois empreendimentos não conseguem atender a média anual de 85% estabelecida pela Deliberação Normativa, conforme o Gráfico 5.21 abaixo.

Gráfico 5.21: Eficiência de remoção de DBO – Efluente Tratado

Em relação à Demanda Química de Oxigênio, a DN conjunta COPAM/CERH Nº 1/2008 elevou o limite máximo da DN COPAM 10/1986 de 90 para 180 mg/ L, reduzindo a eficiência de remoção em termos de DQO do sistema de tratamento de 90% para a média anual de 75%. De acordo com os Gráficos 5.22 e 5.23, observa-se que o efluente tratado de 14 empreendimentos não atendem ao padrão de concentração da nova Deliberação para DQO, reduzindo para duas empresas quando se observa apenas o parâmetro eficiência de remoção. Ressalta-se que apenas três empreendimentos atenderam ao extinto padrão de 90 mg/L da DN COPAM Nº 10/1986.

Gráfico 5.22: Demanda Química de Oxigênio – Efluente Tratado

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Gráfico 5.23: Eficiência de remoção de DQO – Efluente Tratado

Os resultados do automonitoramento dos abatedouros quanto aos demais parâmetros analisados nos respectivos programas estão apresentados nos Gráficos 5.24 a 5.29.

Gráfico 5.24: Óleos e Graxas – Efluente Tratado

Gráfico 5.25: Sólidos Suspensos – Efluente Tratado

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Gráfico 5.26: Sólidos Sedimentáveis – Efluente Tratado

Gráfico 5.27: Detergentes – Efluente Tratado

Gráfico 5.28: pH – Efluente Tratado

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Gráfico 5.29: Temperatura – Efluente Tratado

Da análise comparativa de todos os gráficos, observa-se que os parâmetros de automonitoramento mais críticos em termos de não atendimento à legislação vigente são DBO, DQO, sólidos suspensos e sólidos sedimentáveis. Observa-se, ainda, que, apesar da padronização pela FEAM do programa de automonitoramento dos parâmetros que devem constar nos respectivos relatórios, quando ainda possuía a atribuição de fiscalização e controle das atividades industriais, inclusive dessa tipologia, os empreendimentos não têm enviado resultados na regularidade estabelecida, bem como não procedem à análise de todos os parâmetros definidos, principalmente em relação à vazão e temperatura. Dos 35 empreendimentos, apenas cinco deles os efluentes tratados atendem a todos os padrões de lançamento da DN Conjunta COPAM/CERH Nº 1/2008 quanto aos parâmetros analisados, cujos sistemas de tratamento de efluentes adotados são divididos em lagoas de estabilização, utilizadas por quatro empresas, e lodos ativados; onze empreendimentos não atendem ao limite de pelo menos um dos parâmetros de monitoramento; um empreendimento não atende aos padrões de concentração dos parâmetros DBO e DQO, mas atende aos respectivos limites de eficiência de remoção. Apenas os efluentes tratados de dois empreendimentos atendem apenas aos padrões de temperatura e pH, não atendendo aos limites dos demais parâmetros. Nesse caso, ambos os sistemas de tratamento adotados são lagoas de estabilização. A forma de destinação final dos efluentes tratados dos 35 abatedouros corresponde ao lançamento em curso d’água em 88% dos casos, conforme apresentado no Gráfico 5.30.

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Gráfico 5.30 : Lançamento dos efluentes líquidos tratados

Observa-se no Gráfico 5.31 que 13, dos 30 empreendimentos que lançam os efluentes tratados em curso d’água ou rede pública, deságuam na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Gráfico 5.31: Bacias hidrográficas

Em todos os 35 empreendimentos, há segregação do sangue dos demais efluentes líquidos com o objetivo de reduzir a carga orgânica afluente a ETE. Duas dispõem o sangue no solo o que é uma prática não recomendável do ponto de vista ambiental. Porém, a forma de disposição mais comum é o encaminhamento à graxaria para produção de farinha de sangue – cerca de 42% dos abatedouros realizam essa prática. No entanto, uma parcela expressiva, cerca de 24% realiza compostagem do sangue. O Gráfico 5.32 apresenta as destinações dados pelos abatedouros ao sangue.

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Gráfico 5.32 : Disposição do sangue

Cerca de 60% desses 35 empreendimentos possui graxaria própria. O efluente líquido lá gerado é proveniente da limpeza de instalações e equipamentos; entretanto, o principal impacto ambiental dessa atividade é a geração de odores. Nas graxarias, são processados os subprodutos de origem animal não comestíveis, tais como ossos, sangue, vísceras, entre outros, para produção de sebo e farinhas de sangue e ossos. Dos 21 em 35 abatedouros que possuem graxaria, todos possuem sistema de controle das emissões atmosféricas. O Gráfico 5.33 apresenta os sistemas de controle adotados nas graxarias localizadas na mesma área da unidade de abate.

Gráfico 5.33 : Equipamentos de controle das graxarias

Outro aspecto ambiental relevante da atividade de abate são as emissões atmosféricas provenientes das caldeiras. Todos os 35 empreendimentos utilizam caldeiras para geração de vapor, sendo que 19 deles utilizam lenha como combustível. O Gráfico 5.34 apresenta os combustíveis utilizados.

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Gráfico 5.34 : Combustível utilizado nas caldeiras

Cerca de 42% dos empreendimentos utiliza lavador de gases em conjunto ou não com multicilones para controle das emissões atmosféricas, conforme Gráfico 5.35. Ressalta-se que a utilização dos lavadores acarreta a geração de efluentes líquidos que também devem ser tratados.

Gráfico 5.35 : Sistema de controle das caldeiras

Dos 35 empreendimentos, apenas 13 vêm realizando a campanha anual de amostragem em chaminé das caldeiras, conforme frequência estabelecida no programa de automonitoramento dessa tipologia, e vêm atendendo ao padrão de emissão da DN COPAM Nº 011/1986 quanto ao parâmetro material particulado. Dentre o restante dos empreendimentos, dois não têm essa exigência nas condicionantes devido ao porte e localização das caldeiras, enquanto que os demais não executam o automonitoramento das emissões atmosféricas de suas caldeiras.

Em relação ao programa de automonitoramento de resíduos sólidos, definido nas condicionantes de licença, o controle deve ser realizado mensalmente quanto à geração e destino dos resíduos com envio das respectivas planilhas na frequência semestral ao órgão de controle ambiental competente. Dos 35 abatedouros, trinta enviam seus relatórios. Ressalta-se que a padronização do automonitoramento dos resíduos pela FEAM foi

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subsidiada pelo Diagnóstico Ambiental desse setor de 2003. Outra exigência quando da concessão ou acompanhamento das licenças é a regularidade ambiental dos receptores dos resíduos sólidos, ou seja, que também sejam licenciados ou oficialmente dispensados do licenciamento no nível estadual. Os Gráficos 5.36 e 5.37 apresentam os resíduos sólidos que constam dos relatórios de automonitoramento enviado a órgão ambiental. No primeiro, constam aqueles resíduos citados pela maioria dos empreendimentos; no outro, os menos citados, embora em ambos os casos tais resíduos sejam gerados por todos os empreendimentos. Na distribuição de resíduos por tipo, 25 abatedouros mencionaram plástico em seus relatórios, seguido por resíduos do abate (vísceras, carne rejeitada, ossos, penas, unhas e pelos de suíno e casco bovino etc.) com 22 empreendimentos e sucatas e cinzas ou fuligem da caldeira com 20. Gráfico 5.36 : Resíduos sólidos mais citados nos programas de monitoramento por número de

empreendimento

Gráfico 5.37: Resíduos sólidos menos citados nos programas de monitoramento por número

de empreendimento

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Os 35 abatedouros totalizam 120 autuações, dos quais 91 estão concluídos - processo arquivado. Quatro abatedouros têm o maior número de autuações, nove cada um. A Tabela 5.15 apresenta a distribuição de autos por empreendimento.

Tabela 5.15: Distribuição de Autos de Infração por empreendimento

Quantidade de auto de

infrações Nº de

empreendimentos

1 4

2 8

3 6

4 9

5 1

6 2

7 3

8 1

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CONCLUSÕES E

RECOMENDAÇÕES

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Em setembro de 2003, a FEAM, por meio da extinta Divisão de Indústria Alimentícia, atualmente incorporada à Gerência de Apoio e Desenvolvimento Técnico às Atividades Industriais (GEDIN), concluiu o Diagnóstico Ambiental das Indústrias de Abate no Estado de Minas Gerais de setembro/2003. Na ocasião, verificou-se que tais indústrias continuavam exigindo ações de comando e controle do órgão ambiental. Com o objetivo de atualizar as informações sobre o setor e propor planos e ações ainda necessárias, foi elaborado este trabalho, contemplando o período até 31-3-2008 no que se refere à Legislação Ambiental, e para os dados dos empreendimentos que enviam os relatórios de automonitoramento o período de janeiro de 2008 a julho de 2008. Essa linha de corte em relação ao automonitoramento foi necessária pela dificuldade em formar um universo de abatedouros que fosse representativo ao setor e tivesse enviado os relatórios de modo contínuo de 2002 até 2008. Em comparação aos dados cadastrados no SIAM à época do Diagnóstico 2003 e esta atualização, tem-se:

o número de abatedouros municipais cadastrados no Sistema Integrado de Informação Ambiental aumentou de 50 para 96;

o número de abatedouros privados cadastrados no Sistema Integrado de Informação Ambiental – incluindo-se aqui os de abate de animais de pequeno e grande portes e empreendimentos de industrialização da carne – aumentou de 156 para 302;

dos empreendimentos em atividade até o fim de 2002, havia apenas um abatedouro municipal dos 28 municipais com LO e, dos 108 privados em atividade, apenas 44 possuíam LO. Em 2008, dos 90 empreendimentos em funcionamento, apenas 8 abatedouros municipais estavam com licença de operação vigente. Para os empreendimentos privados, têm-se em funcionamento e com licença vigente: 20 abatedouros de animais de pequeno porte (no universo de 73 empresas); 47 de abate de animais de grande porte (de 188) e 15 destinados à industrialização da carne (em 41);

em 2008, havia ainda 25 graxarias das quais apenas duas possuem LO vigente e sete possuem AAF;

em 2002, os 136 empreendimentos em funcionamento (privados e municipais) eram responsáveis por gerar uma carga orgânica potencial de 185.147 kg DBO 5/dia e a carga orgânica efetiva era de 113.154 kg DBO5/dia, considerada a partir da redução causada pelos 25 empreendimentos que enviavam o programa de automonitoramento e considerados no Diagnóstico;

em 2008, os 299 empreendimentos particulares e municipais em funcionamento eram responsáveis por gerar uma carga orgânica potencial de 131.809,77 kg DBO5/dia e carga orgânica efetiva de 60.822,16 kg DBO5/dia, calculada pela redução de carga dos 35 empreendimentos que enviam relatórios de automonitoramento. Ressalta-se, no entanto, que o número real de abatedouros e empreendimentos de industrialização da carne existentes e em funcionamento do Estado não foi possível conhecer, devido a ausência informações nos entidades oficiais consultadas, além da impossibilidade de obter informações de uma parcela significativa dos abatedouros cadastrados no próprio SIAM – cerca de 32 – tornando esses valores de cargas potencial e efetiva estimados e, possivelmente, subdimensionados.

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Ainda assim, os valores de cargas são bastante preocupantes, pois em termos comparativos, a carga orgânica potencial gerada por esses empreendimentos é superior a da população de Belo Horizonte no ano de 2008 segundo dados do IBGE, e a carga orgânica efetiva, corresponde a cerca de 55%.

Em relação aos 35 empreendimentos que enviaram regularmente o programa de efluentes líquidos no período de janeiro de 2006 a julho de 2008, dos quais 12 abatem animais de pequeno porte (aves, no caso) e 23 de grande porte (bovinos, suínos e equinos), tem-se que:

22 iniciaram as atividades antes de 1981;

20 estão localizados em área urbana;

57% são enquadrados, segundo a DN Nº 74/2004, como de médio porte, abatem entre 60 e 500 animais por dia (bovinos e suínos ou equinos), e entre 20.000 e 100.000 aves por dia.

69% da mão-de-obra empregada nos abatedouros de aves está alocada em apenas 4 empreendimentos e 79% dos empregados de abatedouros de bovinos e suínos, em 8 empreendimentos.

21 dos 35 abatedouros adotaram o sistema de lagoas de estabilização para tratamento dos seus efluentes;

de acordo com os relatórios de automonitoramento enviados, os parâmetros mais críticos em termos de não atendimento à legislação ambiental vigente são DBO, DQO, sólidos suspensos e sólidos sedimentáveis. Dos 35 empreendimentos, em apenas cinco deles os efluentes tratados atendem todos os padrões de lançamento da DN Conjunta COPAM/CERH Nº 1/2008;

85% dos abatedouros lançam o efluente tratado em cursos d’água;

30 empreendimentos que lançam os efluentes tratados em curso d’água ou rede pública deságuam na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco;

21 desses abatedouros possuem graxaria própria e todas possuem sistema de controle de emissões atmosféricas, sendo o controle mais utilizado – em 10 deles – é o sistema de lavador de gases;

todos utilizam caldeiras para geração de vapor, sendo que 19 deles utilizam lenha como combustível. Dos 35, 42% utilizam lavador de gases em conjunto ou não com multicilones para controle das emissões atmosféricas, e apenas 13 enviam o relatório da campanha anual de amostragem das caldeiras;

os 35 abatedouros totalizam 120 autuações, das quais 91 estão com os processos transitados em julgados;

apenas trinta desses abatedouros enviam os relatórios de automonitoramento de resíduos sólidos. Os mais citados são o plástico e resíduos de abate, por 25 e 22 abatedouros respectivamente.

A partir das informações obtidas com essa atualização, têm-se as seguintes recomendações:

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1. Empreendimentos com licenças vigentes e acompanhados pelas SUPRAMs:

vistorias regulares para acompanhamento das condicionantes propostas na licença e da evolução da respectiva situação ambiental;

criação de um banco de dados sobre cada empreendimento, com informações relevantes, , tais como: capacidade instalada, abate médio mensal e anual, número de empregados, concepção dos sistemas de controle (ETE e emissões atmosféricas), cumprimento de condicionantes, com atualização sistemática, de modo a facilitar consultas e análises, principalmente relativas ao nível de evolução do setor

2. Empreendimentos sem licença ambiental ou AAF:

limitar a quantidade de FCEs emitidos sem formalização do processo ou imputar pena àqueles que se utilizam de protocolo dos FCEs e consequente prazo legal para apresentação dos documentos requeridos no FOBI, na tentativade postergar sua regularização;

campanha sistemática de vistorias ;

notificar o Ministério Público a situação desses empreendimentos para providências legais;

sistematizar informações acerca desses empreendimentos para o acompanhamento da evolução da sua regularização.

3. Empreendimentos com licenças em análise:

estabelecer critério para aceite dos RCA/PCA, , caso os estudos apresentados não atendam às exigências dos termos de referência. Pela experiência da FEAM em relação ao licenciamento, a apresentação de estudos incompletos ou de qualidade técnica duvidosa é um artifício algumas vezes utilizado para os empreendimentos protelem sua regularização, além de usar a análise técnica do órgão de controle ambiental como consultoria;

aplicar sanções contra os empreendimentos que não cumprem os prazos definidos ou apresentam documentos que não atendem aos termos de referências levando ao atraso na análise , além de obrigar a realização de mais de uma vistoria, dependendo do tempo decorrido, onerando o Estado na análise daquele processo;

criar um banco de dados com os responsáveis técnicos dos estudos apresentados, no qual constarão informações sobre a qualidade de seu trabalho No caso de estudos técnicos de má qualidade, a partir das deficiências recorrentes daquele profissional, informar ao conselho de classe no qual ele está registrado, para providências;

4. Empreendimentos com Autorização Ambiental de Funcionamento:

campanha de vistorias regulares para verificação da adequação dos sistemas de controles implantados, conforme declarado no Termo de Compromisso, assinado pelo responsável técnico e o empreendimento, e que uma exigência para obtenção da AAF;

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exigir ia que os empreendimentos executem programa e automonitoramento e mantenham os respectivos relatórios disponíveis para verificação dos sistemas implantados durante as vistorias;

em caso de cancelamento da AAF pela ausência de sistemas de controles ambiental necessários, estabelecer como sanção a formalização pelo empreendimento de processo de licenciamento com apresentação de RCA/PCA, obtendo direito a AAF apenas quando comprovar a implantação e funcionamento adequado dos sistemas de controle;

criar um banco de informações relevantes, no mínimo, dados produtivos do empreendimento, responsável técnico e sistemas de controle ambiental informados para acompanhamento da evolução do setor.

5. Empreendimentos não cadastrados no SIAM:

criar uma rede de informação com as demais entidades públicas e privadas do Estado para unificar informações sobre empreendimentos desse setor;

confrontar as informações oficiais quanto ao rebanho de corte existente, número de cabeças abatidas, quantidade de carne exportada com os dados dos empreendimentos cadastrados no SIAM a fim de, se possível, descobrir o universo de abatedouros desconhecidos pela FEAM;

Realizar estudos no IEF, responsável pelo licenciamento da atividade agrosilvipastoril, para relacionar rebanhos bovinos, suinoculturas e granjas de aves licenciadas com a respectiva atividade de abate no Estado.

6. Programa de Automonitoramento:

a) Efluentes líquidos

Os parâmetros utilizados para avaliação dos sistemas de tratamento de efluentes líquidos estão de acordo com a legislação ambiental vigente e a frequência de envio ao órgão ambiental fica estabelecida quando da concessão da licença. No entanto, observando-se os dados obtidos a partir dos relatórios enviados, verifica-se que há certos pontos críticos em relação ao programa de automonitoramento: 1) dificuldade dos abatedouros em atender aos padrões de lançamento;

2) nem sempre todos os parâmetros solicitados no automonitoramento são analisados, sendo os exemplos mais comuns a vazão de entrada e saída da ETE, temperatura e pH;

3) a coleta da amostra executada pelo próprio empreendimento, que via de regra não

dispõe de pessoal capacitado para isso, comprometendo a qualidade da amostra. Desse modo, propõem-se:

estudos mais detalhadas sobre a contribuição dos empreendimentos por SUPRAM, bacia hidrográfica e capacidade de autodepuração dos cursos d’água onde ocorrem esses lançamentos. Assim, baseados na carga orgânica gerada e depurada, poderia ser avaliada a possibilidade da adoção de critérios específicos para determinada região.

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Ressalta-se, no entanto, que, para tal decisão, deve ser considerada a existência de empreendimentos de tipologias diversas que lançamr seus efluentes no mesmo curso d’água;

verificar, no controle dos relatórios de automonitoramento, não apenas o cumprimento dos padrões estabelecidos na legislação, mas também se os relatórios são enviados na frequência correta e contemplam todos os parâmetros exigidos na condicionante da licença concedida;

realizar estudos com os sistemas de tratamento implantados e em funcionamento no Estado para verificar a sua real eficiência;

constar nos bancos de dados de automonitoramento setoriais os resultados das amostragens possibilitando avaliar a série histórica por empreendimento ou do setor;

estabelecer critérios para determinar os pontos de coleta das amostras realizadas em curso d’água;

realizar, por intermédio de laboratórios oficiais, campanhas de amostragem dos efluentes líquidos e do corpo receptor para checagem do automonitoramento executado pelos empreendimentos.

b) Resíduos sólidos

compilar os dados referentes à quantidade de resíduos geradas no empreendimento, receptores licenciados e formas de tratamento e/ou disposição final de cada resíduo, enviados pelos empreendimentos licenciados, visando proposição de medidas para redução ou reaproveitamento dos resíduos gerados;

fiscalizar e acompanhar, sistematicamente as áreas onde é a realizada a compostagem do sangue, bem como dos locais de disposição do composto gerado;

realizar estudos relativos ao reaproveitamento dos resíduos gerados na ETE e dos subprodutos não comestíveis no abate.

c) Emissões atmosféricas

compilar os relatórios de amostragem da chaminé das caldeiras enviados pelos empreendimentos, de forma a verificar se os padrões definidos pela legislação específica não está restritivo ou abrangente demais para o setor. Obrigatoriedade do envio da informação referente ao consumo médio de combustível (nem sempre disponível) de modo a possibilitar o enquadramento da caldeira à Resolução CONAMA 382/2006;

avaliar os sistemas de controle de emissões atmosféricas implantados e o impacto do lançamento dessas emissões;

determinar, por meio de estudos se os parâmetros da Resolução CONAMA 382/2006 ou a DN COPAM 11/86 estão adequados para o impacto das emissões do setor de determinada na região, inclusive nos casos de dispensa da adoção de sistemas de controle e automonitoramento para caldeiras de pequeno porte, e localizadas em áreas rurais.

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propor incentivos para substituição dos combustíveis ambientalmente mais impactantes, ou adoção de alternativas de reaproveitamento energético para minimizar o consumo desses combustíveis.

7. Com essa atualização, ficou evidente a necessidade de um levantamento especifico

para as graxarias do Estado, uma vez que ainda é o principal local para destinação dos restos de abate e a gordura animal para produção de farinha de ossos e sebo. No entanto, atualmente, não é possível relacionar a quantidade gerada e informada pelo abatedouro com a matéria-prima utilizada nas graxarias. Além disso, considerando os problemas referentes às emissões atmosféricas e odores emanados, é necessário verificar os sistemas de controle implantados e respectivas eficiências. A partir desse levantamento, também deverão ser avaliados os parâmetros de enquadramento dessa atividade segundo a DN COPAM Nº 74/2004, já grande parte das graxarias cadastrada no SIAM possui apenas AAF, tornando necessárias também, fiscalizações sistemáticas a esses empreendimentos.

8. Avaliar a efetividade do licenciamento dos empreendimentos sob responsabilidades

das SUPRAMs Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Central, tendo em vista tratar-se de regiões com maior geração de carga orgânica do Estado.

9. Elaborar um plano de ação para os abatedouros municipais, uma vez que apenas

12 em 85 empreendimentos possuírem licença ambiental vigente é um dado alarmante. A princípio, a maior dificuldade em relação à regularização desse tipo de empreendimento é a concessão da atividade de abate a terceiros, que via de regra ou iniciam o processo de licenciamento ou não cumprem as condicionantes da licença.

Assim, fica clara a necessidade de novos estudos para propor um plano de ação efetivo para adequação do setor.

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REFERÊNCIAS

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GLOSSÁRIO

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8 GLOSSÁRIO

Coliformes Fecais: grupo de bactérias indicadores de organismos originários do trato

intestinal humano e de outros animais. O teste para coliformes fecais é feito a uma

temperatura elevada, na qual o crescimento de bactérias de origem não fecal é suprimido.

Condições Normais de Temperatura e Pressão: Condições estabelecidas para a

temperatura igual a 0 °C e a pressão igual a 1 atm.

Demanda Bioquímica de Oxigênio: Está associada à fração biodegradável dos

componentes orgânicos carbonáceos. Por convenção, utiliza-se a DBO 5 que é a medida do

oxigênio dissolvido consumido após cinco dias pelos micro-organismos na estabilização

bioquímica da matéria orgânica a 20 °C.

Demanda Química de Oxigênio: Representa a quantidade de oxigênio requerida para

estabilizar quimicamente a matéria orgânica carbonácea. Utiliza fortes agentes oxidantes em

condições ácidas.

Fósforo Total: existe na forma orgânica (combinado à matéria orgânica) e inorgânica

(ortofosfato e polifosfatos). É um nutriente indispensável no tratamento biológico.

Amônia: produzida no primeiro estágio da decomposição do nitrogênio orgânico.

Nitrogênio Total: inclui o nitrogênio orgânico (proteínas, aminoácidos e uréia), a amônia

(produzida no primeiro estágio da decomposição do nitrogênio orgânico), os nitritos (estágio

intermediário da oxidação da amônia) e os nitratos (produto final da oxidação da amônia). É

um nutriente indispensável para o desenvolvimento dos microorganismos no tratamento

biológico. O nitrogênio orgânico e a amônia compreendem o denominado Nitrogênio Total

Kjeldahl (NTK).

Óleos e Graxas: Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos efluentes líquidos

provenientes de frigoríficos, indústrias de carne e derivados e graxarias as fontes são as

gorduras animais.

pH: Indicador das características ácidas ou básicas de efluentes líquidos. Uma solução é

neutra em pH7, ácida em pH<7 e alcalina em pH>7. Processos de oxidação biológica

normalmente tendem a reduzir o pH.

Sólidos Sedimentáveis: Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimenta em

uma hora no cone Imhoff.

Sólidos Suspensos: Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis. Podem ser fixos (componentes minerais, não incineráveis, inertes dos sólidos em suspensão) e voláteis (componentes orgânicos dos sólidos em suspensão).