atualizaÇÃo do plano ambiental de conservaÇÃo e …...em março de 2007 foram apresentadas...
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ATUALIZAÇÃO DO PLANO AMBIENTAL DE
CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DE
RESERVATÓRIO ARTIFICIAL
Elaborado para:
PIEDADE GERADORA DE ENERGIA S/A
Elaborado por:
EKOS PLANEJAMENTO AMBIENTAL LTDA.
UBERLÂNDIA – MG
AGOSTO / 2018
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LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1. Localização e acesso à PCH Piedade ............................................................... 13
Figura 3.2. Layout geral do empreendimento PCH Piedade ................................................ 15
Figura 3.3. Registros fotográficos das estruturas da PCH Piedade. A) Reservatório; B) Canal de adução; C) Casa de força (área externa); D) Casa de força (área interna); E) Barragem e início do TVR; F) Subestação .............................................................................................. 15
Figura 4.1. Área total de abrangência do Plano ................................................................... 18
Figura 5.1. Mapa hipsométrico da área de abrangência do Plano ....................................... 28
Figura 5.2. Classes de relevo na área de abrangência do Plano ......................................... 30
Figura 5.3. Pedologia da área de abrangência do Plano ...................................................... 32
Figura 5.4. Uso do solo na área de abrangência do Plano ................................................... 34
Figura 5.5. Uso do solo nas Áreas de Preservação Permanente - APPs ............................. 36
Figura 5.6. Benfeitorias mapeadas na área de abrangência do Plano ................................. 38
Figura 5.7. Usos da água mapeados na área de abrangência do Plano .............................. 40
Figura 5.8. Zoneamento Socioambiental do reservatório da PCH Piedade .......................... 45
Figura 5.9. Cachoeiras localizadas no reservatório: A) Cachoeira do Remanso (submersa); B) Cachoeira do Kehdi ......................................................................................................... 54
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LISTA DE QUADROS
Quadro 4.1. Descritivo dos mapas de apoio elaborados no presente Plano ........................ 20
Quadro 4.2. Classes de declividade ..................................................................................... 21
Quadro 4.3. Zoneamento socioambiental realizado para a Área diretamente afetada e Área de abrangência do Plano ..................................................................................................... 22
Quadro 5.1. Relação dos Programas Ambientais desenvolvidos pela PCH Piedade, diretamente relacionados com o reservatório do empreendimento ...................................... 52
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LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1. Comparativo de áreas do Zoneamento ambiental do PACUERA elaborado em 2010 e a atualização ............................................................................................................ 23
Tabela 5.1. Áreas das classes de uso do solo na Área de Abrangência do Plano ............... 33
Tabela 5.2. Áreas das classes de uso do solo nas APPs ..................................................... 35
Tabela 5.3. Detalhamento dos quantitativos associados às Zonas Ambientais delimitadas . 44
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 6
1.1 Identificação do empreendimento ............................................................................ 7
1.2. Consultoria ambiental .................................................................................................. 8
1.3. Equipe técnica ............................................................................................................. 8
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 9
2.1 Justificativas ............................................................................................................ 9
2.2 Objetivos ............................................................................................................... 10
2.3 Público-alvo ........................................................................................................... 11
CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ............................................................ 12
3.1 Localização e acesso ............................................................................................ 12
3.2 Breve descritivo acerca das estruturas da PCH Piedade ....................................... 14
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................... 17
4.1 Diagnóstico socioambiental ................................................................................... 17
4.2 Zoneamento socioambiental .................................................................................. 20
RESULTADOS ATINGIDOS ......................................................................................... 25
5.1 Diagnóstico socioambiental ................................................................................... 25
5.2 Zoneamento socioambiental .................................................................................. 41
PROGRAMA DE GERENCIAMENTO PARTICIPATIVO DO ENTORNO DO
RESERVATÓRIO ................................................................................................................ 55
6.1 Objetivos ............................................................................................................... 55
6.2 Público alvo ........................................................................................................... 56
6.3 Instrumentos normativos e legais .......................................................................... 56
6.4 Metodologia ........................................................................................................... 56
6.5 Cronograma........................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 58
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APRESENTAÇÃO
A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Piedade está localizada na bacia do rio Piedade,
cerca de 52,4km de sua foz, no município de Monte Alegre de Minas-MG, sendo constituída
por um reservatório de 1,5km2, formado pelo barramento do rio Piedade, cujo eixo encontra-
se às coordenadas geográficas Latitude 18°41’20”S e Longitude 49°0’32”O.
O empreendimento obteve Licença Prévia – LP (Certificado n° 018/2004) com validade até
30 de janeiro de 2006, mediante apresentação de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Em 06 de maio de 2004, foi concedida
Licença de Instalação Certificado n° 124/2004. Em março de 2007 foram apresentadas
complementações ao EIA/RIMA, com previsão de alterações no projeto básico. Após análise
da equipe técnica da FEAM, a nova Licença Prévia foi concedida pelo COPAM em 25 de
maio de 2007 e a Licença de Instalação aprovada em 26 de março de 2008 pela URC
COPAM TMAP. Este mesmo Conselho Regional aprovou as Licenças de Operação n°
249/2009, válida até 04/12/2013, e de Operação Corretiva n° 054/2010, válida até
09/04/2014.
Em atendimento às legislações pertinentes à época da concessão da Licença de Operação,
no ano de 2010, a empresa Terra Ambiental elaborou a primeira versão do Plano Ambiental
de Conservação e Uso do Reservatório e seu Entorno para o empreendimento PCH
Piedade. Contudo, com a promulgação da Instrução de Serviço SISEMA nº 01/2017, foram
oficializados os procedimentos para formalização e análise do PACUERA no âmbito do
Licenciamento Ambiental.
A Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre os parâmetros,
definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o
regime de uso do entorno, traz em seu Artigo 2º, inciso III, a definição do Plano Ambiental de
Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial como sendo “conjunto de diretrizes
e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, recuperação, o uso e ocupação
do entorno do reservatório artificial, respeitados os parâmetros estabelecidos nesta
Resolução e em outras normas aplicáveis”.
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Ademais, a Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012 e a Lei Estadual nº 20.922, de 16
de outubro 2013, tratam da instituição do Plano Ambiental de Conservação e Uso do
Reservatório e seu Entorno – PACUERA no âmbito dos processos de licenciamento
ambiental, nos mesmos moldes da supracitada resolução.
Em consonância à legislação vigente, a Instrução de Serviço SISEMA nº 01/2017 reforça,
inclusive, a estrutura mínima exigida para o Plano, segundo expresso na Lei Estadual nº
20.922/2013, em seu Art. 23, §1º, como sendo: “I - diagnóstico socioambiental; II -
zoneamento socioambiental; III - programa de gerenciamento participativo do entorno do
reservatório.”.
Desta forma, o presente documento, elaborado para atendimento às Informações
Complementares originadas no âmbito do processo de renovação da Licença de Operação
da PCH Piedade, refere-se à atualização da versão originalmente produzida pela empresa
Terra Ambiental, contendo basicamente a atualização dos mapas e de informações da área
alvo deste estudo, de acordo com as conformidades encontradas na presente data para
atendimento integral à IS SISEMA nº 01/2017.
Na sequência são exibidos os dados de identificação do empreendedor, da empresa de
consultoria ambiental e da equipe técnica responsável pelo relatório de atendimento de
informações complementares apresentado neste documento.
1.1 Identificação do empreendimento
Razão social PIEDADE USINA GERADORA DE ENERGIA S.A.
CNPJ 05.345.447/0001-16
Endereço Zona rural do município de Monte Alegre de Minas
Telefone (11) 3789-0500
Responsável técnico Monica Cristina Deganello
E-mail [email protected]
Processos COPAM n° 01403/2002/003/2009
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1.2. Consultoria ambiental
Razão social EKOS PLANEJAMENTO AMBIENTAL LTDA.
CNPJ 14.357.805/0001-00
Endereço Av. Nicomedes Alves dos Santos 1735 – Jardim Karaíba – Uberlândia-MG
Telefone (34) 3214-7936
CRBIO 0334/04
Responsável técnico Amara Borges Amaral
E-mail [email protected]
CREA-MG 51.949
Responsável técnico Álisson Martins de Oliveira
E-mail [email protected]
1.3. Equipe técnica
Nome Formação / Especialidade Conselho de
Classe Atribuição
Amara Borges Amaral Bióloga
Msc. Geografia (UFU) CRBio n°
57.655/04-D Coordenação geral
Álisson Martins de Oliveira Geógrafo / Eng. Ambiental
Esp. Gestão Ambiental CREA MG n°
114.622 Revisão final
Luciene Oliveira de Paula Química
Msc. Engenharia Civil (UFU)
CRQ-MG 02102085
Gestão do relatório
Emanuelle Zordan de Melo Engenheira Ambiental
Esp. Geoprocessamento CREA-MG n.
193.660 Atualização do
PACUERA
Marcos Vinícius dos Santos Ruiz Engenheiro Ambiental CREA-MG n.
217.062 Atualização do
PACUERA
Rogério Victor Soares Gonçalves Estagiário – Engenharia
Ambiental --- Apoio técnico
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INTRODUÇÃO
Para otimizar o uso dos recursos disponibilizados pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas –
PCH’s, e reverter os mesmos em benefícios diretos ou indiretos à população, torna-se
necessário integrar os componentes sociais, ambientais e econômicos. Tal integração pode
se concretizar mediante a elaboração de documentos que orientem e regulem legalmente as
formas de utilização e relacionamento do homem com o ambiente, na tentativa de se
estabelecer uma forma de uso sustentável dos recursos naturais disponíveis.
A formação do reservatório da Pequena Central Hidrelétrica – PCH Piedade, além da sua
função principal de suprir água para geração de energia elétrica, propiciou novas
oportunidades de desenvolvimento socioeconômico e de melhoria da qualidade de vida da
população, através dos usos múltiplos de seu reservatório. Dessa forma, para a elaboração
do PACUERA buscaram-se respaldos nas normas e legislações ambientais vigentes, para
integração dos meios social e natural, em prol da reconciliação do homem com o meio
ambiente.
O PACUERA é aqui entendido como um instrumento que consolida todos os resultados e
compromissos definidos ao longo de vários anos, por meio dos estudos e programas
ambientais desenvolvidos pela Piedade Usina Geradora de Energia S/A.
Para o desenvolvimento do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Reservatório e seu
Entorno da PCH Piedade foi estabelecido um zoneamento ambiental que obedece aos
dispositivos legais vigentes, e que, ao mesmo tempo, respeita a capacidade suporte da área
e seus valores paisagísticos. O estudo conduzido sob essa ótica deve ser trabalhado dentro
de um contexto que permita a participação ativa e consciente da sociedade na tomada de
decisões, buscando adequá-lo e/ou aprová-lo.
2.1 Justificativas
O PACUERA, ora apresentado, estabelece as diretrizes e regulamentações dos múltiplos
usos do reservatório formado pela PCH Piedade, bem como as ações que buscam
disciplinar a conservação, a recuperação, o uso e ocupação do reservatório e seu entorno.
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Além disso, alguns projetos componentes do Plano de Controle Ambiental – PCA da PCH
Piedade interagem diretamente em suas ações com este Plano, quais sejam: Programa de
Educação Ambiental, Programa de Registro do Patrimônio Natural, Projeto de
Reconstituição da Flora, Projeto de Monitoramento e Controle de Processos Erosivos no
Entorno do Reservatório, Projeto de Recuperação, Reabilitação e Revegetação de
Nascentes e Cursos d’água, Projeto de Monitoramento Limnológico e da Qualidade da
Água, dentre outros.
Importa mencionar que, entre as contribuições de grande relevância do PACUERA está a
proteção das margens do reservatório, especialmente na faixa de domínio do
empreendedor, contribuindo sobremaneira para a conservação e consequente
reestruturação dos ecossistemas ali existentes, bem como para a melhoria da qualidade de
vida da população usuária, além de, indiretamente, auxiliar na qualidade da paisagem de
entorno.
2.2 Objetivos
O objetivo principal do presente Plano consiste em estabelecer o zoneamento do
reservatório da PCH Piedade e seu entorno, inclusive instituindo a faixa de preservação
permanente, possibilitando a integração do público usuário com o novo cenário, além de,
quando pertinente, definir restrições ao uso em determinadas áreas. Ressalta-se que essas
delimitações foram realizadas baseando-se nas características locais e principalmente na
área do reservatório (cerca de 1,50 km2).
Além disso, busca-se organizar um aparato de diretrizes e proposições que possibilitem de
forma gradual o disciplinamento da conservação, recuperação, uso e ocupação do entorno
do reservatório.
Desta forma, objetiva-se em caráter específico:
Reforçar a existência da Área de Preservação Permanente – APP do reservatório,
bem como estimular sua proteção e recuperação nos locais necessários;
Promover, orientar e disciplinar os usos múltiplos do reservatório e de seu entorno;
Fomentar a compatibilização entre o desenvolvimento de atividades
socioeconômicas e a preservação do patrimônio natural;
Possibilitar a implantação dos projetos integrantes ao Plano de Controle Ambiental
da PCH Piedade em interface com o PACUERA;
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Maximizar a vida útil do reservatório por meio de ações de cunho preservacionista e
conservacionista em suas margens e entorno.
2.3 Público-alvo
Entende-se como beneficiários do Plano os seguinte públicos-alvo:
População do município de Monte Alegre de Minas, em especial a comunidade do
entorno do reservatório;
A Prefeitura Municipal de Monte Alegre de Minas;
A empresa Piedade Usina Geradora de Energia S/A.
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CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
3.1 Localização e acesso
O empreendimento Piedade Usina Geradora de Energia S.A. está localizado no município
de Monte Alegre de Minas, na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. A
Pequena Central Hidrelétrica encontra-se instalada no curso d’água principal da bacia
hidrográfica rio Piedade que possui uma área de 1.861 km², com seus limites na margem
esquerda do médio curso do rio Paranaíba.
O acesso à PCH Piedade é realizado a partir da cidade de Monte Alegre de Minas através
da Estrada Municipal 090 percorrendo 30 km até o acesso da Estrada Municipal 422.
Através da Estrada Municipal 422 percorrendo mais 7,0 km a partir do entroncamento com a
Estrada Municipal 090 chega-se à barragem.
A figura a seguir localiza o empreendimento, apresentando principalmente o reservatório
artificial e o canal de adução, além do acesso às dependências do mesmo:
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Figura 3.1. Localização e acesso à PCH Piedade
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3.2 Breve descritivo acerca das estruturas da PCH Piedade
A PCH Piedade é constituída por um reservatório de 1,5 km², formado pelo barramento do
rio Piedade; cujo eixo encontra-se às coordenadas geográficas centrais 18°41’20”S e
49°0’32”O. A área total de propriedade da Piedade Usina Geradora de Energia S.A. é de
411,7444 ha. A barragem é de terra/enrocamento com muros de abraço em concreto
convencional.
A partir do reservatório, pela margem direita, parte o Canal de Adução de seção trapezoidal
com cerca de 6,5km até a Câmara de Carga. Na Câmara de Carga tem início o Circuito de
Geração sob pressão que é constituído pela Tomada de Água, um shaft (poço vertical) de
88m de profundidade escavado em rocha (basalto), seguido pelo Túnel de Adução, com
412m de comprimento em seção arco-retângulo com 5m de diâmetro, que segue até a Casa
de Força.
Paralelamente ao Canal de Adução há o trecho de vazão reduzida (TVR), sendo que a bacia
de contribuição direta do reservatório e TVR compreende uma área de 1.219,00 ha dentro
da bacia do rio Piedade, abrangendo os córregos da Onça ou do Retiro, do Valinho, Boa
Vista do Pântano, da Cachoeirinha, e alguns córregos sem nome.
Na extremidade do Túnel de Adução tem-se o Conduto Forçado com seção circular de
2,60m, conduzindo o fluxo através de três ramais de condutos forçados que alimentarão as
três unidades geradoras do tipo Francis, duas de 8,0MW e uma de 5,7MW de potência. O
Canal de Fuga possui cerca de 160m de comprimento em seção trapezoidal. Junto à Casa
de Força está implantada a Subestação Elevadora de 69kV de onde parte uma Linha de
Transmissão de 69kV com cerca de 13km de extensão até a Subestação Avatinguara, de
propriedade da CEMIG.
O layout geral da PCH Piedade pode ser visualizado a seguir:
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Figura 3.2. Layout geral do empreendimento PCH Piedade
Figura 3.3. Registros fotográficos das estruturas da PCH Piedade. A) Reservatório; B) Canal de adução; C) Casa de força (área externa); D) Casa de força (área interna); E) Barragem e início do TVR; F) Subestação
A
B
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C
D
E
F
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A seguir encontram-se detalhados os procedimentos metodológicos utilizados no presente
Plano, que subsidiaram a elaboração do Diagnóstico Socioambiental e Zoneamento
Socioambiental para a PCH Piedade, contemplando ainda o descritivo das ações propostas
e as fontes de obtenção dos dados.
4.1 Diagnóstico socioambiental
Área de abrangência do PACUERA
A Instrução de Serviço Sisema nº 01/2017 estabelece como área de entorno do reservatório
artificial, e, por conseguinte, a área objeto do PACUERA para obtenção dos dados
qualitativos e quantitativos, a faixa correspondente à APP do reservatório. Contudo, esta
mesma instrução expressa que fora dos limites da APP o alcance do diagnóstico deve ser
respaldado em dados qualitativos, utilizando-se de informações que subsidiarão o posterior
zoneamento do reservatório do empreendimento.
Buscou-se inicialmente definir e delimitar a área de abrangência do presente Plano, sendo
levados em consideração aspectos importantes para a conservação ambiental não só da
área diretamente afetada pelo empreendimento, mas também de suas áreas adjacentes.
Nesse contexto, a área de entorno delimitada neste estudo compreende além da área
diretamente afetada pelo empreendimento, a bacia de contribuição direta do reservatório e
do Trecho de Vazão Reduzida, conforme ilustrado na Figura 4.1.
Insta constar que, devido a inexistência da área de abrangência do PACUERA em formato
digital no documento elaborado pela empresa Terra Ambiental em 2010, houve a
necessidade de redesenhar essa área, buscando-se ao máximo manter sua originalidade.
No entanto, houve uma pequena alteração no quantitativo da área total da mesma, embora
seu arranjo tenha sido inalterado. A diferença da área foi de 12.237,11 ha para 12.175,04
ha.
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Figura 4.1. Área total de abrangência do Plano
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Importa mencionar que, embora o PACUERA contemple uma área mais abrangente para a
execução do diagnóstico socioambiental, o zoneamento ambiental do entorno do
reservatório compreende a região da APP do mesmo, conforme disposto nos ditames legais.
Neste ínterim, para a região da bacia de contribuição serão apresentadas apenas sugestões
de zoneamento, sendo estas destinadas tanto à preservação e conservação da APP e
vegetação existente na área, como a manutenção dos usos agrícolas e pastagens, que
correspondem a atividades já desenvolvidas nas propriedades do entorno da PCH Piedade.
Levantamento de informações
As informações relacionadas ao quadro socioambiental utilizadas no presente Plano foram
extraídas do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Plano de Assistência Social (PAS),
elaborados na etapa de obtenção da Licença Ambiental Prévia – LAP e Licença Ambiental
de Instalação – LAI, aprovadas pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM e pelo
Conselho Estadual de Assistência Social de Minas Gerais. Estas informações se mostraram
pertinentes para o balizamento dos planos de ação, de forma a subsidiar a proposta de
zoneamento do entorno do reservatório do empreendimento.
As referidas informações foram sistematizadas, definindo-se e caracterizando os meios,
contemplando ainda aspectos naturais e antrópicos que permitiram fundamentar o
zoneamento socioambiental da PCH Piedade. Ademais, a análise dos dados constatados no
diagnóstico propiciou a identificação de conflitos, fragilidades e potencialidades da área,
constituindo uma exigência para a correta elaboração do presente Plano.
Elaboração de mapas temáticos
Como subsídio à tomada de decisões e proposta de zoneamento socioambiental do entorno
do reservatório do empreendimento, foram elaborados mapas temáticos de apoio,
contemplando toda a área de abrangência do Plano (área diretamente afetada e bacia de
contribuição).
Inicialmente, foram identificados quais mapeamentos seriam pertinentes e aplicáveis à área
de estudo, chegando-se ao número de 07 (sete) mapas, conforme descritivo apresentado no
Quadro 4.1. Segundo o arquivo original do Plano, os mapas foram elaborados na escala
1:60.000, porém as bases de dados online utilizadas para refazer os mapas não permitiram
que os mapas fossem reproduzidos nessa escala.
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Destaca-se que todo o levantamento foi respaldado em dados geográficos e geoespaciais
oficiais, disponibilizados por fontes governamentais e não-governamentais.
Quadro 4.1. Descritivo dos mapas de apoio elaborados no presente Plano
MAPAS DESCRITIVOS
Hipsometria Elaborado a partir do MDE (modelo digital de elevação) da EMBRAPA, possibilita identificar as menores e maiores altitudes encontradas no local.
Classes de relevo
Elaborado a partir da classificação do relevo proposta pela EMBRAPA (1999) com efeito de sombreamento de relevo, permite identificar as classes de relevo existentes (plano, suave ondulado, ondulado e forte ondulado), possibilitando correlacionar cada área com sua respectiva aptidão.
Pedologia
Em relação ao mapa de pedologia, houve alteração nas classes de solos, uma vez que, para a elaboração do atual mapa foi utilizado a base de dados da EPAMIG 1980, com a reclassificação de 2013 da EMBRAPA, sendo que, a classificação utilizada no PACUERA em 2010, se encontra desatualizada em relação à EMBRAPA. Nessa reclassificação, algumas classes de solo do documento original foram alteradas.
Uso do solo
Quanto ao Uso do Solo na área de abrangência, as áreas tiveram alterações, uma vez que, o atual mapa retrata a realidade de julho de 2016. Além disso, a classe “veredas e solo hidromórfico” foi retirada, visto que essa informação não pôde ser extraída do mapa original, e essa análise é um tanto complexa de ser realizada mediante imagens de satélite.
Uso do solo em Área de Preservação Permanente
Idem item anterior.
Benfeitorias Elaborado a partir de imagens de satélite e vistorias em campo, ilustra as construções, edificações e equipamentos de infraestrutura urbana existentes na área de entorno.
Pontos de captação de água Elaborado a partir de identificação em campo, ilustra os pontos de captação existentes na área de entorno.
Fonte: Adaptado de Terra Ambiental (2010)
4.2 Zoneamento socioambiental
Estabelecimento do Zoneamento Socioambiental
O Zoneamento Socioambiental foi definido a partir do preestabelecimento de unidades
ambientais, resultantes das análises in loco, da interpretação dos materiais existentes e
daqueles elaborados para a área alvo deste estudo.
Na definição das categorias e zonas foram eleitos e utilizados vários critérios de avaliação,
respaldando-se primordialmente na legislação vigente, e em fatores como: proximidade com
o reservatório e equipamentos da obra, beleza cênica, existência de infraestrutura, além de
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critérios físico-ambientais como declividade, risco de erosão, degradação do solo e
qualidade da água.
Dentre os principais aspectos que embasaram a definição do zoneamento socioambiental,
destaca-se o estabelecimento das classes de declividade do terreno, que possibilitaram
identificar áreas aptas para distintos aproveitamentos, como a prática da agricultura, o
reflorestamento, as pastagens e as Áreas de Preservação Permanente (Quadro 4.2).
Quadro 4.2. Classes de declividade
CLASSE DECLIVIDADE (%) CLASSE CARACTERÍSTICAS
1 < 3 Plano Adequado para uso agrícola
2 3-8 Suave Ondulado Adequado para uso agrícola
3 8-20 Ondulado Adequado para uso agrícola
4 20-45 Forte ondulado Recomendado para implantação de
reflorestamentos e pastagens; restrito para uso agrícola
5 >45 Montanhoso e Forte
Montanhoso Área de Preservação Permanente (APP)
Fonte: Terra Ambiental (2010)
A política adotada para a definição do zoneamento consiste em otimizar os recursos e
adequar o planejamento e a implementação de ações que visem o desenvolvimento
sustentável na região, inclusive, com a criação de áreas de lazer, caso pertinentes.
Importante esclarecer que, o estabelecimento de algumas zonas como turismo, lazer e
acesso ao gado, está diretamente relacionado à demanda tanto da comunidade em geral,
quanto daquela residente no entorno do reservatório.
Mapa de zoneamento da área diretamente afetada e área de abrangência do plano
Com o intuito de apresentar à comunidade o zoneamento da área diretamente afetada pelo
empreendimento e uma sugestão de zoneamento para a área de abrangência do Plano,
foram definidas diferentes zonas de uso no documento elaborado pela empresa Terra
Ambiental no ano de 2010, baseando-se nos dados cartográficos supramencionados,
somados aos aspectos legais, além das restrições e informações obtidas na implantação da
PCH Piedade, conforme descrito no quadro a seguir:
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Quadro 4.3. Zoneamento socioambiental realizado para a Área diretamente afetada e Área de abrangência do Plano
ZONAS DESCRITIVOS
Zona de Segurança de Operação (ZSO)
Os locais junto às estruturas da barragem, vertedouro e a faixa de 50 metros ao redor do canal de adução adquirida pelo empreendedor.
Zona de Uso Geral (ZUG)
Área do reservatório destinada ao uso comum, tanto para os serviços de monitoramento e fiscalização do reservatório e seu entorno pelo empreendedor, como pelo público em geral, como navegação, pesca, banho e práticas esportivas.
Zoneamento de Proteção da Ictiofauna (ZPI)
Áreas a serem utilizadas para proteção da ictiofauna e execução dos serviços de monitoramento da fauna aquática no reservatório.
Zona de Uso Especial (ZUE) Área reservada à conservação ecológica, a preservação do patrimônio natural e a prática de educação ambiental.
Zona de Preservação Permanente (ZPP)
Estão demarcadas como Zona de Preservação Permanente a faixa de 50 metros a partir de cada margem do Rio Piedade e 30 metros no entorno dos demais cursos de água e do futuro reservatório.
Zona de Áreas de Lazer (ZAL)
Área destinada ao lazer e recreação. Área a ser definida junto à população e entidades governamentais do município de Monte Alegre de Minas.
Zona de Acessos ao Gado (ZAG)
Faixas de 20 m de largura distribuídas ao longo da faixa de APP do futuro Reservatório e Trecho de Vazão Reduzida, destinadas a dessedentação dos rebanhos existentes nas propriedades adjacentes. Estas áreas serão realmente definidas após a realização da Audiência Pública.
Zona de Fomento à Recuperação/Preservação
das APPs e outras áreas
A delimitação desta zona compreende áreas sugestivas para que se promova a conservação e recuperação da vegetação local, compreendendo os locais que apresentam fragmentos florestais em sua extensão, como Mata Ciliar, Mata/Cerrado e Solo Hidromórfico/Vereda; além de faixas com declividades (>45%), inadequadas ao uso agrícola.
Zona de Agricultura e Pecuária (ZAP)
Delimitação de áreas destinadas ao desenvolvimento de atividades agrossilvipastoris, podendo ser implantadas instalações e benfeitorias de apoio.
Fonte: Terra Ambiental (2010)
Para a presente atualização, houve alteração em algumas zonas definidas anteriormente no
Zoneamento Socioambiental de 2010, tanto em termos de localização quanto de área. Na
Tabela 4.1 foi realizado o comparativo de áreas entre o zoneamento anterior e o atual. A
seguir são dispostas as alterações nas zonas ambientais no entorno do reservatório e as
respectivas justificativas para tal:
A Zona de Uso Geral (ZUG) manteve seu arranjo e localização, considerando a
área do reservatório, com exceção das áreas correspondentes às zonas ZPI, ZSO e
ZUE. Porém, a diferença quantitativa de área apresentada deve-se ao polígono do
reservatório utilizado e à exclusão da Zona de Lazer;
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A Zona de Segurança e Ocupação (ZSO) teve redução de área, embora tenha-se
seguido a descrição contida no PACUERA (locais junto às estruturas da barragem,
uma faixa de ~430 metros do reservatório a partir da barragem, vertedouro e a faixa
de 50 metros ao redor do canal de adução adquirida pelo empreendedor), além de
acrescida a área da usina, não contabilizada anteriormente;
Quanto à Zona de Proteção da Ictiofauna (ZPI), houve aumento da área, pois,
além das fozes dos cursos d’água afluentes ao reservatório, também foi considerado
o TVR para esta zona;
A Zona de Preservação Ambiental Permanente (ZPP), apresentou área superior,
embora tenha sido utilizado o mesmo critério (faixa de 50 metros a partir de cada
margem do rio Piedade e 30 metros no entorno dos demais cursos d’água e do
futuro reservatório). Esse aumento pode ser devido a base hidrográfica utilizada
atualmente possuir maiores detalhes do que a anterior. Vale ressaltar que a faixa de
30 m de APP no entorno do reservatório foi definida na fase de Licença Prévia do
Licenciamento Ambiental da PCH Piedade, conforme o Parecer Técnico da FEAM nº
010/2004. Além disso, de acordo com a condicionante solicitada pela FEAM, as
faixas destinadas a APP do reservatório foram adquiridas integralmente pela
Piedade Usina Geradora de Energia S/A;
A Zona de acesso ao gado (ZAG) foi redelimitada seguindo o observado na área e
por meio de imagens de satélite;
A Zona de Áreas de Lazer (ZAL) não foi delimitada, visto que, mesmo após nove
anos da implantação do empreendimento não há procura por áreas de lazer no
reservatório da PCH Piedade;
A Zona de Fomento a Recuperação/Preservação da Áreas de APP e outras
áreas teve sua área reduzida, pois no atual zoneamento foi contabilizado apenas as
áreas passiveis de recuperação/preservação dentro das APP.
Tabela 4.1. Comparativo de áreas do Zoneamento ambiental do PACUERA elaborado em 2010 e a atualização
ZONAS AMBIENTAIS ÁREAS
DELIMITADAS ANTERIORMENTE
ÁREAS DELIMITADAS ATUALMENTE
PERCENTUAL DA ÁREA TOTAL
ANTERIORMENTE
PERCENTUAL DA ÁREA
TOTAL ATUALMENTE
Zona de Uso Geral (ZUG) 107,90 ha 113,19 ha 0,88% 0,93%
Zonas de Uso Especial (ZUE) 2,05 ha 2,05 ha 0,02% 0,017%
Zona de Segurança da Operação (ZSO)
89,67 ha 38,05 ha 0,73% 0,31%
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Zona de Proteção da Ictiofauna (ZPI)
4,56 ha 11,6 ha 0,04% 0,095%
Zona de Preservação Ambiental Permanente (ZPP)
518,56 ha 524,67 ha 4,24% 4,31%
Zona de Áreas de Lazer (ZAL) A definir - - -
Zona de Acessos ao Gado (ZAG)
A definir 0,52 ha - 0,0043%
Zona de Agricultura e Pecuária (ZAP)
9.771,52 ha 9.448,44 ha 79,85% 77,61%
Área de Fomento a Recuperação/Preservação das Áreas de APP e outras Áreas
1.742,85 ha 90,2 ha 14,24% 0,74%
Outras áreas (vegetação fora da ZPP, benfeitorias, barramentos e lagoas, etc)*
- 1.946,32 ha - 15,99%
ÁREA TOTAL 12.237,11 ha 12.175,04 ha 100% 100%
* Na contabilização atual, foi acrescida a área referente às demais extensões antes não contabilizadas, tais como vegetação fora de APP, benfeitorias, represas, dentre outras.
Compatibilidade com os demais planos, programas e projetos
No âmbito do Plano de Controle Ambiental - PCA da PCH Piedade foram propostos
programas ambientais mitigadores dos impactos inerentes ao desenvolvimento das obras e
atividades do empreendimento, relacionados aos meios físico, biótico e socioeconômico.
Neste contexto, foi realizado um levantamento das principais ações propostas em cada
programa, bem como um breve descritivo dos mesmos, contemplados no item 5.2 deste
estudo, visto que esses devem contribuir para o correto cumprimento e execução do
PACUERA, atuando ainda como indicadores da efetividade do Plano proposto.
PACUERA Página 25
RESULTADOS ATINGIDOS
5.1 Diagnóstico socioambiental
Levantamento socioeconômico municipal
Monte Alegre era o nome do arraial conhecido oficialmente por São Francisco das Chagas
do Monte Alegre. A capela de São Francisco das Chagas do Monte Alegre foi elevada à
paróquia, desmembrada da paróquia de Morrinhos, pela Lei nº 247, de 20 de julho de 1843.
O município de Monte Alegre foi criado com a elevação da paróquia a vila, com a Lei nº
1.664, de 16 de setembro de 1870, sendo desmembrado do município de Prata. A Lei nº
2.566, de 03 de janeiro de 1880, elevou Monte Alegre à categoria de cidade. Emancipou-se
em 1880 e seu nome foi mudado, posteriormente, para Toribatê. A atual denominação foi
dada em 1948.
O município de Monte Alegre de Minas localiza-se no Triângulo Mineiro, estando a cerca de
70km de Uberlândia e a 650km de Belo Horizonte. Administrativamente é formado apenas
pelo distrito da sede, ocupando uma superfície de 2.615,1 km2.
Tendo como referência a sede municipal, observa-se que em Monte Alegre de Minas
predominam habitações unifamiliares horizontais, geralmente implantadas lado a lado nas
vias que compõem o núcleo urbano. De modo geral, as habitações apresentam bom padrão
construtivo, embora haja domicílios carentes, normalmente pertencentes à população de
baixa renda. Segundo a prefeitura municipal, não existem áreas invadidas e/ou favelizadas
no município e este dispõe de espaços para expansão urbana.
Todos os serviços de saneamento básico estão sob responsabilidade da Superintendência
Municipal de Água e Esgoto, atualmente ainda vinculada à Secretaria Municipal de Obras. A
água é captada em poços artesianos e no sistema de abastecimento de água superficial
(sistema Babilônia), sendo posteriormente distribuída, perpassando pela Estação de
Tratamento de Água - ETA existente na cidade. Segundo informações da prefeitura, o
sistema de abastecimento atende cerca de 99% da demanda local.
PACUERA Página 26
Quanto ao serviço de esgotamento sanitário, este também é de responsabilidade da
Prefeitura. O município contava em 2015 com uma Estação de Tratamento de Efluentes –
ETE em sua fase inicial de construção e paralisada. A prefeitura não soube estimar o índice
atual de atendimento da rede coletora. A Lei municipal nº 1.830, de 13 de dezembro de 1996
criou a Autarquia Municipal de Água e Esgoto de Monte Alegre de Minas – AMAE-MAM,
municipalizando esses serviços.
Também sob a responsabilidade do poder público municipal são realizados os serviços de
coleta de lixo e de varrição de ruas na sede municipal. De periodicidade diária, a coleta de
lixo abrange toda a área urbana, sendo realizada por meio um de caminhão de lixo. Um
caminhão caçamba é utilizado para a coleta de entulhos. Em concordância aos dados do
ano de 2015, os resíduos domiciliares e comerciais têm disposição no Aterro Controlado do
município todas as segundas-feiras, as quartas-feiras e as sextas-feiras.
Segundo o último Censo Educacional do Ministério da Educação (2015), a rede de ensino
do município de Monte Alegre de Minas é atualmente composta por 09 escolas de ensino
pré-escolar, das quais 08 são públicas municipais e 01 pertence à rede privada; 12 de
ensino fundamental, sendo 06 públicas municipais, 04 públicas estaduais e 02 privadas; e
02 de ensino médio, abrangendo tanto a rede pública municipal quanto estadual.
De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (IDH-M) 1991-2000, “no
período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Monte
Alegre de Minas cresceu 4,90% passando de 0,710 em 1991 para 0,759 em 2000”.
A pecuária de corte e o plantio de abacaxi, mandioca e milho constituem os principais
produtos explorados nas propriedades, daí o caráter agropecuário destas.
A pecuária bovina de corte constitui uma das principais modalidades exploradas nos
estabelecimentos, sendo praticada de forma extensiva. Segundo o IBGE, em 2016 haviam
191.969 cabeças de bovinos em Monte Alegre de Minas, cerca de 2.010.000 galináceos e
102.784 suínos. Os demais efetivos da pecuária (bubalinos, caprinos, equinos e ovinos) não
representam criações significativas de cunho comercial, sendo utilizados como
complemento à pauta alimentar das famílias de proprietários e empregados residentes.
Nos estabelecimentos agropecuários afetados pelo reservatório e TVR, as benfeitorias
existentes guardam estreita relação com o tipo de exploração realizada, sendo
PACUERA Página 27
representadas por currais, depósitos/barracões e casas de tirar leite, entre outras, além de
casas sede e dos trabalhadores permanentes.
Mapas de apoio
Os mapas que serviram de apoio para a elaboração do Plano de Zoneamento do
Reservatório da PCH Piedade, como ilustrado anteriormente, desempenharam importante
papel na definição das zonas de uso, sendo identificados os seguintes aspectos para cada
mapa:
Hipsometria
A altitude na área limite do plano varia de 540 metros a 790 metros, estando a porção com
maiores elevações situada ao sul do Rio Piedade.
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Figura 5.1. Mapa hipsométrico da área de abrangência do Plano
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Classes de relevo
A análise deste mapa revelou um amplo predomínio das classes de relevo Plano e Suave
Ondulado, com algumas áreas de declividade Ondulada e uma pequena porção próxima ao
rio Piedade classificada como Forte Ondulado. Em nenhum setor a declividade foi superior a
45%, não havendo assim áreas de preservação permanente relacionadas a inclinação do
relevo. As áreas com declividade até 20% são adequadas para uso agrícola, por sua vez a
faixa entre 20% e 45% deve ser restrita ao uso agrícola, é recomendado neste caso a
implantação de reflorestamentos ou pastagens.
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Figura 5.2. Classes de relevo na área de abrangência do Plano
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Pedologia
A análise pedológica da região demonstra uma ampla área de Latossolo Vermelho distrófico
ao longo da área de abrangência do Plano. Em ambas as margens do rio Piedade há a
presença de Cambissolo Háplico Tb eutrófico com Neossolo Litólico eutrófico e Nitossolo
Vermelho eutrófico, sendo que junto ao limite norte da área há Latossolo Vermelho
distroférrico. Os solos vermelhos são, geralmente de grande profundidade, homogêneos, de
boa drenagem e quase sempre com baixa fertilidade natural, necessitando correções
químicas para o aproveitamento agrícola. Os Cambissolos apresentam grande variação no
tocante a profundidade, ocorrendo desde rasos a profundos, além de apresentarem grande
variabilidade também em relação às demais características. Os Neossolos são constituídos
por material mineral orgânico pouco espesso.
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Figura 5.3. Pedologia da área de abrangência do Plano
PACUERA Página 33
Uso do solo
O solo na área de estudo é recoberto principalmente por culturas e pastagens, em menor
quantidade existem partes recobertas por mata/cerrado, próximo aos rios e córregos há o
recobrimento do solo por mata ciliar (vegetação), conforme detalhado quantitativamente na
Tabela 5.1 e mapeado na Figura 5.4.
Tabela 5.1. Áreas das classes de uso do solo na Área de Abrangência do Plano
CLASSE ÁREA (ha)
Pastagem 7090,1
Agricultura 2434,8
Vegetação 2459,8
Água 182,3
Silvicultura 8,04
TOTAL 12175,04
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Figura 5.4. Uso do solo na área de abrangência do Plano
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Uso do solo em APPs
As classes de uso do solo nas Áreas de Preservação Permanente – APPs são as mesmas
apresentadas na Figura 5.5, porém nestas faixas a cobertura vegetal preponderante
compreende a classe vegetação (mata ciliar), seguida por pastagem em menor proporção,
conforme quantitativos expostos na Tabela 5.2:
Tabela 5.2. Áreas das classes de uso do solo nas APPs
CLASSE ÁREA (ha)
Pastagem 88,383
Agricultura 1,637
Vegetação 424,31
Água 10,34
TOTAL 524,67
PACUERA Página 36
Figura 5.5. Uso do solo nas Áreas de Preservação Permanente - APPs
PACUERA Página 37
Benfeitorias
Consideram-se benfeitorias as construções, edificações e equipamentos de infraestrutura
urbana existentes na área.
O número de benfeitorias na área de abrangência do plano foi alterado em relação ao
documento original elaborado no ano de 2010. Inicialmente, haviam 86 benfeitorias,
enquanto que para 2016 foram contabilizadas cerca de 400 benfeitorias, segundo análise
por imagens de satélite, concentrando-se principalmente ao longo dos cursos d’água.
PACUERA Página 38
Figura 5.6. Benfeitorias mapeadas na área de abrangência do Plano
PACUERA Página 39
Pontos de captação de água
Este levantamento foi feito com o intuito de identificar eventuais conflitos no uso da água,
foram observados pontos de captação próximos a nascentes de cursos d’água, os quais
serão atendidos pelas novas ações do Projeto de Recuperação, Reabilitação e Revegetação
de Nascentes, caso os proprietários façam a adesão. O levantamento realizado no ano de
2017 apontou que existem ao todo 59 pontos de uso de água na área de abrangência do
zoneamento, cujos pontos foram contabilizados segundo dados georreferenciados de
outorga apresentados pelo SIAM, e vários barramentos visualizados em imagens de
satélites atualizadas.
PACUERA Página 40
Figura 5.7. Usos da água mapeados na área de abrangência do Plano
PACUERA Página 41
5.2 Zoneamento socioambiental
O Zoneamento Socioambiental objetiva espacializar as ações de preservação e uso
antrópico, definindo zonas com gradientes variáveis de intervenção, resultando desde áreas
em que não são permitidos nenhum uso antrópico, somente atividades de revegetação e
recuperação ambiental, passando gradativamente para aquelas que permitem atividades
humanas de lazer e trabalho. Desta forma, a política adotada para a definição do
Zoneamento Socioambiental buscou otimizar recursos e adequar o planejamento e a
implementação de suas ações, visando a integração dos componentes social, ambiental e
econômico, orientados ao desenvolvimento sustentável na região.
O Zoneamento Socioambiental visa definir e classificar as áreas do reservatório e seu
entorno e abrange:
A faixa de proteção ciliar, de 30 (trinta) metros, acima da cota 650,00m, adquirida
pela Piedade Usina Geradora de Energia S/A;
A área de inundação do reservatório, na cota 650m;
A Área de Contribuição Direta do Reservatório (exceto rio Piedade), apenas como
sugestão aos proprietários das áreas abrangidas.
Procurou-se desenvolver o Plano de Ação em conformidade com os programas relatados no
PCA, compreendendo, prioritariamente, o estabelecimento de um zoneamento ambiental
que buscasse definir o uso e ocupação do solo no entorno do reservatório, visando a
compatibilização e a coexistência dos seres que o habitam com as atividades praticadas.
Estabelecimento das Zonas Ambientais de Usos Múltiplos
As zonas ambientais de usos múltiplos do reservatório da PCH Piedade estão apresentadas
na sequência, destacando-se as respectivas finalidades de seu estabelecimento:
Zona de Uso Geral (ZUG)
Área destinada ao uso comum do reservatório, tanto para os serviços de monitoramento e
fiscalização por parte do empreendedor, como pela utilização do público em geral. A
navegação, pesca, banho e práticas esportivas são permitidas, desde que em consonância
com as legislações aplicáveis e com as normas de segurança de cada atividade.
PACUERA Página 42
Nesse contexto, a ZUG contempla toda a extensão do reservatório, excetuando-se as áreas
de acesso restrito de segurança, englobando essencialmente as atividades de recreação no
reservatório, não justificando a criação de uma zona específica para lazer, haja vista que
não foram identificadas utilizações turísticas no lago da PCH Piedade, apenas eventuais
atividades recreativas de pesca e banho pelos proprietários lindeiros ao reservatório.
Zona de Uso Especial (ZUE)
Área destinada à conservação ecológica e preservação do patrimônio natural. Frente à
beleza paisagística formada e pelo reservatório iniciar na base de uma cachoeira essa área
será destinada à visitação e educação ambiental, não sendo permitidas as atividades de
navegação, pesca e acampamentos.
Zona de Segurança da Operação (ZSO)
Área localizada junto às estruturas de barragem, vertedouro e tomada d’água. No entorno
desses locais, inclusive em uma parte do lago, não serão permitidas quaisquer atividades
que não as de geração de energia. Sendo de uso exclusivo do empreendedor a região que
compreende o barramento e as boias de sinalização, com o intuito de evitar a entrada de
pessoas não autorizadas e precaver a ocorrência de acidentes. Logo, é proibido o acesso
do público em geral.
Zona de Proteção da Ictiofauna (ZPI)
Área destinada ao fomento da ictiofauna, composta por locais de proteção à reprodução das
espécies. Área de uso exclusivo do empreendedor para os serviços de monitoramento da
fauna aquática no reservatório, estando proibido, consequentemente, o acesso do público
em geral.
Zona de Preservação Permanente (ZPP)
Área destinada à recuperação e preservação ambiental, sendo permitido o acesso exclusivo
do empreendedor, no intuito de executar serviços de manutenção e fiscalização. Destaca-se
que a unidade ambiental de fomento à Recuperação/Preservação das APPs está
diretamente relacionada a essa zona ambiental, por meio do plantio e manutenção de
espécies nativas. Nesse caso, o acesso do público é proibido na largura de 30 (trinta)
PACUERA Página 43
metros de faixa ciliar, adquirida pelo empreendedor ao longo de toda a extensão do
reservatório e caracterizada como Área de Preservação Permanente (APP).
Além desta, consideram-se como de preservação permanente as nascentes, ainda que
intermitentes, e os chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica,
num raio mínimo de 50m de largura; as encostas ou partes dessas, com declividade
superior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na linha de maior declive; os topos de
morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois
terços da altura mínima da elevação em relação a base (Resolução CONAMA nº 303/02).
Zona de Acesso ao Gado (ZAG)
Área destinada ao acesso de bovinos, cuja atividade seja desenvolvida em áreas vizinhas à
faixa ciliar do empreendedor, com a finalidade de dessedentação.
Zona de Agricultura de Pecuária (ZAP)
Áreas alocadas na faixa de abrangência do Plano, sugeridas à destinação de cultivos
agrícolas e pecuária, podendo ser construídas instalações e benfeitorias. Nestas áreas os
proprietários poderão continuar a desenvolver as atividades já consolidadas ou ampliá-las,
caso haja interesse.
Zona de Fomento à Recuperação/Preservação das Áreas de APP e outras áreas
(ZFR)
Zoneamento sugerido, internamente à área de abrangência do Plano, para fomento à
recuperação e preservação de APPs e Reserva Legal, proporcionando condições para que
as áreas degradadas pelo uso intensivo do solo no entorno do reservatório readquiram
características semelhantes a da floresta original, propiciando a estabilidade de suas
margens e ao mesmo tempo gerando condições tróficas adequadas.
Nessas áreas sugere-se o desenvolvimento de ações que visem a recomposição e o
estabelecimento da faixa ciliar e/ou regeneração natural das áreas legalmente protegidas,
ficando a cargo do proprietário de cada área em executar as ações internamente em suas
propriedades. No que tange ao empreendimento, alguns programas ambientais diretamente
relacionados a essas ações estão em desenvolvimento, como os Projetos Técnicos de
PACUERA Página 44
Reconstituição da Flora e o Projeto de Recuperação, Reabilitação e Revegetação de
Nascentes e Cursos d’água.
A seguir, encontram-se detalhados os quantitativos associados à cada Zona Ambiental
delimitada para o reservatório do empreendimento PCH Piedade:
Tabela 5.3. Detalhamento dos quantitativos associados às Zonas Ambientais delimitadas
ZONAS AMBIENTAIS ÁREAS DELIMITADAS PERCENTUAL DA
ÁREA TOTAL
Zona de Uso Geral (ZUG) 113,19 ha 0,93%
Zonas de Uso Especial (ZUE) 2,05 ha 0,017%
Zona de Segurança da Operação (ZSO) 38,05 ha 0,31%
Zona de Proteção da Ictiofauna (ZPI) 11,6 ha 0,095%
Zona de Preservação Ambiental Permanentes (ZPP) 524,67 ha 4,31%
Zona de Acessos ao Gado (ZAG) 0,52 ha 0,0043%
Zona de Agricultura e Pecuária (ZAP) 9.448,44 ha 77,61%
Área de Fomento a Recuperação/Preservação das Áreas de APP e outras Áreas
90,2 ha 0,74%
Outras áreas (vegetação fora da ZPP, benfeitorias, barramentos e lagoas, etc)
1.946,32 ha 15,99%
ÁREA TOTAL 12.175,04 ha 100%
Na Figura 5.8 estão dispostas de forma gráfica as zonas ambientais de usos múltiplos do
reservatório da PCH Piedade, contendo ainda uma legenda com menções sucintas,
englobando as unidades ambientais mencionadas:
PACUERA Página 45
Figura 5.8. Zoneamento Socioambiental do reservatório da PCH Piedade
PACUERA Página 46
Normas de uso
Foram estabelecidas normas de uso e ocupação do reservatório e de seu entorno,
objetivando, principalmente, a manutenção das condições necessárias à geração de energia
e a conservação dos recursos naturais, bem como a promoção do retorno social do conjunto
através dos usos múltiplos, tais como irrigação, navegação, manutenção da ictiofauna, e
outros.
As normas aqui estabelecidas decorrem da necessidade de disciplinar o uso e a ocupação
do conjunto do reservatório e entorno, buscando a maximização da vida útil do reservatório,
aliada à preservação da fauna terrestre e aquática, e ao desenvolvimento social e
econômico.
Normais gerais
Estas normas gerais ficam restritas apenas às áreas de posse da Piedade Usina Geradora
de Energia S/A, não sendo válidas para as propriedades adjacentes ao empreendimento:
Das Permissões
N.G.01 – Será permitida a recomposição florestal da área de APP do reservatório, através
da plantação de espécies nativas, desde que de acordo com o que estabelece o Plano de
Controle Ambiental da PCH Piedade.
N.G.02 – A Piedade Usina Geradora de Energia S/A, mediante técnicos especializados,
pode acessar livremente todas as áreas de usos múltiplos do reservatório e TVR, no sentido
de fiscalizar, monitorar e garantir a qualidade ambiental, assim como a segurança e
integração harmônica entre o meio ambiente local e as pessoas que vierem a usufruir do
reservatório.
Das Proibições
Em todas as Zonas (com exceção das zonas sugeridas para as áreas adjacentes ao
empreendimento) fica expressamente proibido o que segue:
N.G.03 – Suprimir qualquer espécie arbórea, salvo quando necessário à operação do
reservatório e à implantação de atividades aprovadas após análise detalhada das
PACUERA Página 47
características de cada área para a qual foi solicitado o uso e o licenciamento de supressão
de vegetação expedido pelo IEF;
N.G.04 – Lançar esgotos e demais efluentes não tratados;
N.G. 05 – Depositar lixo;
N.G.06 – Degradar o solo e/ou a água (erosão, alteração da qualidade de água);
N.G.07 – Realizar queimadas seja de vegetação ou resíduos sólidos;
N.G.08 – Implantar qualquer tipo de edificação e incrementar qualquer tipo de atividade que
não esteja autorizada pela Piedade Usina Geradora de Energia S/A, na faixa de APP do
reservatório;
N.G.09 – Repovoar o reservatório com espécies exóticas de ictiofauna;
N.G.10 – Realizar caça, maltrato, domesticação e/ou manter em cativeiro qualquer espécie
da fauna silvestre;
N.G.11 – Atividades de extração mineral, exceto mediante autorização prévia de órgãos
competentes, no caso o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e FEAM;
N.G.12 – Não é permitido a utilização da água do reservatório para irrigação, pois este é um
uso incompatível com as características do reservatório, uma vez que gera demandas
bastante significativas de volumes de água. Contudo, os interessados deverão fazer
solicitação de outorga no IGAM.
Da Autorização
N.G.13 – Nos cursos d’água da bacia de contribuição direta e nos corpos dos reservatórios
e TVR, as captações de vazões relevantes para abastecimento deverão ser outorgados pelo
IGAM;
As autorizações referentes à utilização e implantação de equipamentos de serviços na Zona
de Uso Especial (ZUE) e nas Zonas de Acesso ao Gado (ZAG) estão condicionadas ao que
segue:
PACUERA Página 48
N.G.14 – Deverá ser precedida de solicitação formal a Piedade Usina Geradora de Energia,
acompanhada do projeto com as respectivas dimensões e especificação dos materiais;
N.G.15 – Todos os empreendimentos deverão ter seu sistema de esgoto tratado. O projeto
de saneamento de área deverá seguir a ABNT-NBR 7229/93, NBR/13969/97, NBR/7229/93
e NBR 13969/97 bem como as Diretrizes de Apresentação de Projetos dos Órgãos
Ambientais, exceto para as Zonas de Acesso ao Gado;
N.G.16 – O solicitante não poderá apresentar nenhum tipo de irregularidade ou litígio com a
Piedade Usina Geradora de Energia;
N.G.17 – Deverá ser concedida por escrito, em papel timbrado e assinado pelo gerente da
área responsável;
N.G.18 – Será concedida a título precário e intransferível, podendo a Piedade Usina
Geradora de Energia, a qualquer momento, cancelá-la, independentemente de justificação,
sem qualquer direito a indenizações ou reivindicações por parte do autorizado, exceto para
as Zonas de Acesso ao Gado;
N.G.19 – Qualquer ampliação que se fizer e/ou equipamento adicional que se implantar no
imóvel deverá também ser aprovado previamente pela Piedade Usina Geradora de Energia;
Da Utilização
Toda e qualquer utilização permissível, nas áreas de propriedade da Piedade Usina
Geradora de Energia, estará sempre subordinada ao que segue:
N.G.20 – Deverá sempre ser precedida de análise e de autorização expressa pela Piedade
Usina Geradora de Energia, onde estará especificado e caracterizado o uso;
N.G.21 – As dimensões de faixa de proteção ciliar não poderão ser alteradas;
N.G.22 – As autorizações, bem como as obras e elas relacionadas, não poderão, em
qualquer tempo e por qualquer forma, afetar as instalações da Piedade Usina Geradora de
Energia ou constituir em empecilho à finalidade primeira do empreendimento. Caso se
verifique interferência, dano ou prejuízo, deverá o autorizado, imediatamente e a suas
expensas, fazer cessar as causas, respondendo por todos os prejuízos e danos;
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N.G.23 – Os referenciais e elementos físicos delimitadores das áreas de propriedade da
Piedade Usina Geradora de Energia ou das áreas de segurança, deverão ser preservados e
sob nenhuma hipótese demolidos ou removidos sem prévia autorização, sob pena de os
responsáveis por tais atos responderem civil e criminalmente pela ação;
N.G.24 – A utilização do imóvel não constituirá servidão ativa a favor do autorizado, ou de
terceiros, qualquer que seja o tempo decorrido;
N.G.25 – Se necessário, a Piedade Usina Geradora de Energia poderá interditar parte ou a
totalidade da área, pelo tempo que julgar necessário, quando houver previsão ou alteração
na operação do reservatório que ofereça risco aos usuários ou quando for constatado nível
insatisfatório da qualidade da água para balneabilidade, sem que isso implique em qualquer
tipo de indenização por parte da Piedade Usina Geradora de Energia;
N.G.26 – A área da Zona de Acesso ao Gado pode ser de no máximo 10% da área do
entorno do reservatório.
Normas Específicas
Zona de Uso Geral (ZUG)
N.E.01 – À navegação recreativa, assim como para fins de pesca, são permitidas somente
embarcações de pequeno porte, sendo motorizadas ou não. Caso essas sejam motorizadas,
os motores devem ser de pequeno porte, contendo no máximo 60HP de potência, com
motor de 04 tempos. A entrada e saída das embarcações devem ser feitas nos acessos
destinados a essa finalidade;
N.E.02 – A navegação deverá respeitar as restrições das demais Zonas Ambientais;
N.E.03 – A pesca deve ser feita de forma amadora, mediante autorização prévia do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA e/ou do Instituto Estadual
de Florestas – IEF, conforme regulamentações da Instrução Normativa Interministerial nº
09/2012 e da Portaria IEF nº 156/2011.
Zona de Uso Especial (ZUE)
N.E.04 – Não é permitido a navegação, pesca e áreas de camping.
PACUERA Página 50
Zona de Segurança da Operação (ZSO)
N.E.05 – É de uso restrito do empreendedor, compreende a região entre o barramento e as
boias de sinalização;
Zona de Proteção da Ictiofauna (ZPI)
N.E.07 – Não é permitido acesso público.
Zona de Preservação Ambiental Permanente (ZPP)
N.E.08 – Não é permitido à supressão vegetal na faixa de Preservação Permanente
adquirida pelo empreendedor, que compreende 30 metros ao redor do reservatório;
N.E.09 – O acesso à APP do reservatório é restrito ao empreendedor para serviços de
manutenção e fiscalização, sendo estritamente proibidas construções e edificações por
proprietários lindeiros, assim como a ocupação de gado nessas áreas;
N.E.10 – As APPs dos cursos d’água de contribuição direta ao reservatório e a APP do
mesmo deverão possuir faixa conforme estabelecido por lei e os proprietários das terras são
responsáveis por sua preservação;
N.E. 11 – São consideradas APPs as nascentes, ainda que intermitentes, e os chamados
“olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m de
largura (Resolução CONAMA nº 303/02);
N.E.12 – São consideradas APPs as áreas situadas em encostas ou parte dela, com
declividade superior a cem por cento (100%) ou quarenta e cinco graus (45º) na linha de
maior declive (Resolução CONAMA nº 303/02);
Zona de Acessos ao Gado (ZAG)
N.E.17 – O acesso ao reservatório pelos bovinos e outros animais será permitido desde que
o corredor seja protegido dentro da faixa de preservação permanente com cerca em ambos
os lados.
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Programas desenvolvidos pela PCH Piedade
Insta constar que a PCH Piedade encontra-se atualmente em fase de operação. Desta
forma, no âmbito do licenciamento ambiental do empreendimento foram estabelecidos no
Plano de Controle Ambiental (LIMIAR, 2004), os Planos, Programas e Projetos Ambientais,
integrados aos meios físico, biótico e socioeconômico, para minimizar impactos específicos,
ou mesmo, quando possível, evitar o surgimento desses.
Nesse contexto, apresenta-se a seguir um breve descritivo acerca dos programa ambientais
diretamente relacionados com o reservatório do empreendimento, que possuem
consequente integração com o PACUERA apresentado, incluindo a proposta de um
Programa de Gerenciamento Participativo do Entorno do Reservatório, conforme
preconizado pela IS SISEMA 01/2017.
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Quadro 5.1. Relação dos Programas Ambientais desenvolvidos pela PCH Piedade, diretamente relacionados com o reservatório do empreendimento
PROGRAMA AMBIENTAL OBJETIVO GERAL STATUS OBSERVAÇÕES
Projeto de Monitoramento e Controle de Processos Erosivos no Entorno do Reservatório
Estabelecer uma metodologia de caracterização e acompanhamento de focos erosivos e/ou de movimentos de massa na área diretamente afetada e de entorno direto ao empreendimento; Apresentar uma metodologia que permita determinar objetivamente a ordem de prioridade de intervenção nas feições.
Em andamento
Foi realizada uma nova campanha de campo, em julho de 2018, para verificar o atual status dos processos erosivos monitorados no entorno do reservatório e nos taludes do canal de adução, bem como identificar novos pontos para inserção no Programa de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD.
Projeto de Recuperação, Reabilitação e Revegetação de Nascentes e Cursos d’água
Proposta de recuperação e reabilitação de algumas nascentes e cursos d’água no entorno direto e nas drenagens diretas ao futuro reservatório da PCH Piedade.
Em andamento
Foi realizada uma nova campanha de campo, em julho de 2018, para identificar o atual interesse dos proprietários de entorno em adesão ao Projeto, sendo incluídos dois novos participantes (ND1 e NE2), resultando em uma atualização do mesmo.
Projeto de Reconstituição da Flora
Impulsionar a regeneração natural da vegetação ciliar na Área de Preservação Permanente (APP) do futuro lago formado pela instalação do empreendimento hidrelétrico da PCH Piedade, bem como padronizar os procedimentos necessários para se alcançar o objetivo proposto em outras áreas que não somente do entorno do reservatório, por exemplo, áreas degradadas pela obra que necessitam de plantios de espécies arbóreas.
Em andamento
Foi realizada uma nova campanha de campo, em julho de 2018, com o intuito de averiguar a regeneração natural na faixa de vegetação do entorno do reservatório e nas áreas de compensação, bem como levantar a necessidade de implementação de técnicas complementares descritas no Projeto Técnico de Reconstituição da Flora - PTRF.
Programa de Educação Ambiental Criar posturas de conservação e preservação ambiental no público-alvo; Formar multiplicadores da educação ambiental no município.
Em andamento
Foi realizada uma nova campanha de campo, em julho de 2018, para execução do Diagnóstico Sócio Participativo – DSP, bem como uma nova proposta de Programa de Educação Ambiental, em atendimento à Deliberação Normativa COPAM nº 214/2017.
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Projeto de Monitoramento Limnológico e da Qualidade da Água
Gerar dados necessários para ser um instrumento capaz de dar suporte à manutenção do nível desejável da qualidade das águas, considerando-se os sistemas de minimização dos possíveis efeitos decorrentes da implantação e operação do empreendimento.
Em andamento
As campanhas são executadas periodicamente sendo os resultados apresentados em relatórios semestrais, com o intuito de avaliar os aspectos hidrobiológicos na área de influência da PCH Piedade, contendo análises de dados físico-químicos, fitoplâncton, zooplâncton, zoobentos e Malacofauna, em seis pontos distintos. O último relatório foi protocolado em junho de 2018.
Projeto de Monitoramento e Controle de Macrófitas
Identificar e verificar em campanhas amostrais, as principais espécies de macrófitas presentes em cada ponto para adoção de um método de controle eficaz; Avaliar as informações obtidas para que possam ser utilizadas no controle da eutrofização; e Proporcionar um equilíbrio entre as outras comunidades aquáticas, como fitoplâncton, zooplâncton e comunidades bentônicas.
Em andamento
Os resultados das campanhas são apresentados semestralmente, sendo o último relatório protocolado em junho de 2018, objetivando avaliar a presença de macrófitas no reservatório da PCH Piedade.
Programa de Registro do Patrimônio Natural
Registrar as características atuais das cachoeiras localizadas na ADA, incluindo as condições de morfologia do terreno; Registrar na ADA os locais utilizados pela comunidade para atividades de lazer, descrevendo os locais do ponto de vista morfológico, o público, o tipo e a frequência de uso; Estabelecer um plano de aproveitamento do patrimônio natural da ADA, considerando a manutenção dos níveis de atendimento aos usuários e suas modalidades de lazer e a capacidade de suporte dos patrimônios naturais, a ser executado durante a operação do empreendimento.
Encerrado
Para atendimento ao Programa foi elaborado e protocolado um livro, com o propósito de registrar as características naturais da região, levando em conta o rio Piedade, suas corredeiras e suas cachoeiras, a fauna e a flora local, assim como registrar o modo de vida da população local. Nas cachoeiras do reservatório não foram identificados usos turísticos, apenas atividades de lazer como pesca no lago, devidamente contemplada no zoneamento proposto.
Projeto de Monitoramento do Assoreamento do Reservatório
Determinar a descarga média sólida afluente ao reservatório; Aprofundar o conhecimento sobre o comportamento hidrossedimentológico do rio Piedade no estirão do empreendimento; Subsidiar a determinação das curvas cota x área x volume; Permitir a verificação das previsões realizadas no estudo de viabilidade ambiental relativas ao assoreamento do reservatório; Subsidiar, caso ocorram situações imprevistas, a proposição de medidas corretivas.
Em andamento
Os resultados das campanhas são apresentados semestralmente, sendo o último relatório protocolado em junho de 2018; cuja finalidade é obter uma série de dados que permita analisar a evolução do processo de transporte de sedimentos carreado pelo rio Piedade e seus afluentes no reservatório da PCH Piedade.
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Importa mencionar que no âmbito do Programa de Registro do Patrimônio Natural foram
identificadas 2 cachoeiras no reservatório da PCH Piedade (Cachoeira do Remanso e
Cachoeira do Kehdi), apresentadas na Figura 5.9, além de 2 cachoeiras no TVR do
empreendimento (Cachoeira do Eixo e Cachoeira do Roosevelt). As cachoeiras localizadas
no TVR não são alvo do PACUERA uma vez que este contempla apenas os usos múltiplos
do reservatório. Em relação às cachoeiras localizadas no reservatório cumpre informar que,
com a implantação do empreendimento a Cachoeira do Remanso foi permanentemente
submersa e a Cachoeira do Kehdi foi parcialmente alagada, contudo, pelo fato de estar
localizada na Zona de Segurança da Operação (ZSO) não são permitidas quaisquer
atividades que não as de geração de energia, com o intuito de evitar a entrada de pessoas
não autorizadas e precaver a ocorrência de acidentes, logo, é proibido o acesso do público
em geral.
Figura 5.9. Cachoeiras localizadas no reservatório: A) Cachoeira do Remanso (submersa); B) Cachoeira do Kehdi
A B
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PROGRAMA DE GERENCIAMENTO PARTICIPATIVO DO
ENTORNO DO RESERVATÓRIO
A proposta de Programa de Gerenciamento Participativo do Entorno do Reservatório foi
edificada a partir das diretrizes para a elaboração e a execução do Plano Ambiental de
Conservação e Uso do Entorno do Reservatório Artificial – PACUERA, dispostas na IS
SEMAD 01/2017.
A utilização das áreas adjacentes do reservatório deve ser acompanhada de constante
fiscalização, onde o PACUERA mostra-se como importante ferramenta de gestão ambiental,
pois visa a conservação e uso harmônico do reservatório e seu entorno. De forma
complementar, as políticas de uso da água estabelecidas pela Unidade de Planejamento e
Gestão de Recursos Hídricos do Baixo Rio Paranaíba – PN 3 constituem de importante
auxilio para estabelecer um gerenciamento integrado e compatível com as necessidades
dos públicos-alvo deste programa.
6.1 Objetivos
O objetivo principal do presente programa é viabilizar meios que assegurem a participação
da sociedade no processo de fiscalização do presente PACUERA, através de um canal de
comunicação que possibilite que o público externo realize todo tipo de contato, para sanar
dúvidas, informar emergências, realizar denúncias, etc.
Dentre os objetivos específicos, destacam-se:
Promover divulgação das diretrizes do PACUERA com a população da AII e AID;
Sensibilizar o público alvo da importância do constante monitoramento ambiental na
região;
Criar um canal de comunicação (telefone, e-mail, WhatsApp) que seja de fácil
acesso a todos os públicos;
Distribuir material informativo com os contatos de comunicação da PCH Piedade,
nas propriedades do entorno e no município de Monte Alegre/MG.
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6.2 Público alvo
O público alvo do presente programa é composto por diferentes atores sociais, a considerar:
Proprietários, moradores e trabalhadores das fazendas adjacentes ao
empreendimento;
Prefeitura Municipal de Monte Alegre/MG;
Sindicato de Produtores e Trabalhadores Rurais;
Escolas públicas do município de Monte Alegre e Escola Municipal Jose Cabral
Vieira, no povoado dos Garcias;
Instituto Mineiro de Agropecuária;
6.3 Instrumentos normativos e legais
O presente programa está em conformidade com as seguintes legislações específicas ao
PACUERA:
Instrução Normativa SEMAD nº 01/2017
Lei Estadual nº 20.922/2013
Lei Federal nº 12.651/2012
Resolução nº CONAMA 302/2002
6.4 Metodologia
A metodologia de execução do Programa de Gerenciamento Participativo do Entorno do
Reservatório está pautada em 6 (seis) etapas sequenciais necessárias ao pleno
desenvolvimento dos objetivos propostos, sendo:
I. Planejamento inicial;
II. Produção dos materiais informativos;
III. Implementação dos canais de comunicação;
IV. Distribuição dos materiais;
V. Monitoramento e avaliação do desenvolvimento do programa;
VI. Elaboração do relatório anual;
No intuito de estimular a sensibilização do público alvo, a entrega dos materiais deve ser
acompanhada de breve diálogo sobre o programa, visando o engajamento e participação
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efetiva dos envolvidos. Cumpre destacar que este programa possui interface com o
Programa de Educação Ambiental (PEA) e as ações serão realizadas concomitantemente.
6.5 Cronograma
A execução do Programa de Gerenciamento Participativo do Entorno do Reservatório
permanecerá durante todo o período de funcionamento da PCH Piedade, sendo que as
ações serão comprovadas através de relatórios anuais de monitoramento e avaliação, no
âmbito do PEA.
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REFERÊNCIAS
CASA CIVIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 12 de maio de 2017. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução nº 302, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. Publicada no DOU nº 90, de 13 de maio de 2002, Seção 1, páginas 67-68. 2002. MINAS GERAIS. Lei nº 20.922, de 16 de outubro de 2013. Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado. Disponível em: <http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=30375>. Acesso: 12 de maio de 2017. TERRA Consultoria em Engenharia e Meio Ambiente. Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório da PCH Piedade. Monte Alegre de Minas: Terra Ambiental, 2010.