análise eia rima angra 3

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FAENG - FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E URBANISMO E GEOGRAFIA ANDRÉ ALMAGRO CAROLINE ALVES GIL DA COSTA ERIKA BASTOS DE REZENDE PRISCILA GUENKA SCARCELLI Análise do EIA/RIMA da Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvavo Alberto Angra 3 CAMPO GRANDE - MS 2014

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Análise sobre o EIA/RIMA da Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto - Angra 3.

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Page 1: Análise Eia Rima Angra 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

FAENG - FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E

URBANISMO E GEOGRAFIA

ANDRÉ ALMAGRO

CAROLINE ALVES GIL DA COSTA

ERIKA BASTOS DE REZENDE

PRISCILA GUENKA SCARCELLI

Análise do EIA/RIMA da Unidade 3 da Central Nuclear

Almirante Álvavo Alberto – Angra 3

CAMPO GRANDE - MS

2014

Page 2: Análise Eia Rima Angra 3

ANDRÉ ALMAGRO

CAROLINE ALVES GIL DA COSTA

ERIKA BASTOS DE REZENDE

PRISCILA GUENKA SCARCELLI

Análise do EIA/RIMA da Unidade 3 da Central Nuclear

Almirante Álvavo Alberto – Angra 3

Campo Grande - MS

2014

Trabalho desenvolvido durante a

disciplina de Avaliação de Impactos

Ambientais como parte da avaliação

referente ao nono semestre do Curso

de Graduação em Engenharia

Ambiental da Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul.

Professora:

Dra. Cláudia Gonçalves Vianna Bacchi

Page 3: Análise Eia Rima Angra 3

3

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... 7

1. Identificação do empreendedor ........................................................................................ 8

2. Identificação do empreendimento .................................................................................... 9

2.1. Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto .................................................................. 9

2.2. Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – Angra 3 ........................... 10

2.2.1. Reatores PWR .................................................................................................. 11

3. Localização do empreendimento ..................................................................................... 13

4. Justificativa do empreendimento .................................................................................... 14

4.1. Justificativas técnicas ............................................................................................... 14

4.2. Justificativas econômicas ......................................................................................... 16

4.3. Justificativas socioambientais .................................................................................. 17

4.4. Justificativas locacionais .......................................................................................... 19

5.1. Área de influência indireta – AII ............................................................................... 21

5.2. Áreas de influência direta – AID ............................................................................... 23

6. Caracterização do local do empreendimento ................................................................... 24

6.1. Meio físico ............................................................................................................... 24

6.1.1. Clima ............................................................................................................... 24

6.1.2. Geologia .......................................................................................................... 25

6.1.3. Geomorfologia ................................................................................................. 25

6.1.4. Solos ................................................................................................................ 26

6.1.5. Recursos hídricos ............................................................................................. 27

6.1.6. Qualidade do ar ............................................................................................... 27

6.2. Meio biótico ............................................................................................................ 27

6.2.1. Flora ................................................................................................................ 27

6.2.1.1. Floresta Atlântica ..................................................................................... 28

6.2.1.2. Restingas .................................................................................................. 29

6.2.1.3. Manguezais .............................................................................................. 30

6.2.2. Fauna terrestre ................................................................................................ 31

6.2.2.1. Herpetofauna ........................................................................................... 31

6.2.2.2. Avifauna ................................................................................................... 31

6.2.2.3. Mastofauna .............................................................................................. 32

6.2.3. Fauna aquática................................................................................................. 33

Page 4: Análise Eia Rima Angra 3

4

6.2.3.1. Cetáceos .................................................................................................. 33

6.2.3.2. Quelônios ................................................................................................. 33

6.2.3.3. Peixes ....................................................................................................... 34

6.2.3.4. Unidades de conservação ......................................................................... 34

6.3. Meio socioeconômico .............................................................................................. 35

6.3.1. Patrimônio arqueológico, natural e cultural ..................................................... 35

6.3.2. Terras indígenas ............................................................................................... 37

6.3.3. Dinâmica populacional ..................................................................................... 37

6.3.4. Infraestrutura .................................................................................................. 38

6.3.4.1. Angra dos Reis .......................................................................................... 38

6.3.4.2. Paraty ...................................................................................................... 40

6.3.5. Turismo ........................................................................................................... 42

7. Legislação incidente ........................................................................................................ 43

7.1. Disposições gerais.................................................................................................... 43

7.2. Impacto ambiental................................................................................................... 49

7.3. Lançamento de efluentes em corpos de água receptores ......................................... 50

7.4. Monitoramento da fauna e flora marinha ................................................................ 51

7.5. Resíduos Industriais ................................................................................................. 51

8. Impactos ambientais ....................................................................................................... 51

8.1. Fase de Implantação ................................................................................................ 51

8.1.1. Meio Físico....................................................................................................... 51

8.1.2. Meio Biótico: ................................................................................................... 52

8.1.3. Meio Socioeconômico: ..................................................................................... 53

8.2. Fase de Operação .................................................................................................... 55

8.2.1. Meio Físico:...................................................................................................... 55

8.2.2. Meio Biótico: ................................................................................................... 56

8.2.3. Socioeconômico: .............................................................................................. 56

9. Avaliação de Impactos Ambientais .................................................................................. 57

10. Identificação e análise das medidas mitigadoras .......................................................... 60

10.1. Plano de Gestão Ambiental .................................................................................. 60

10.2. Planos e Programas Ambientais ........................................................................... 60

10.2.1. Programa ambiental de construção .................................................................. 61

10.2.2. Programa de controle de impactos geológicos e geomorfológicos .................... 61

10.2.3. Programa de Observação das Condições Climáticas ......................................... 61

Page 5: Análise Eia Rima Angra 3

5

10.2.4. Programa de Monitoração e Controle da Qualidade das Águas ........................ 62

10.2.5. Programa de Controle Ambiental da Área da Estação Ecológica de Tamoios..... 62

10.2.6. Programa de Saúde Pública .............................................................................. 63

10.2.7. Programa de Controle da Poluição ................................................................... 63

10.2.7.1. Programa de Gerenciamento de Resíduos Industriais (Não Radioativo) .... 63

10.2.7.2. Programa de Tratamento de Efluentes Líquidos Convencionais ................ 64

10.2.7.3. Manual de Controle Radiológico do Meio Ambiente ................................. 64

10.2.8. Programa de Comunicação Social ..................................................................... 64

10.2.9. Programa de Educação Ambiental .................................................................... 65

10.2.10. Programa de Monitoramento Ambiental ...................................................... 65

10.2.11. Programa de Descomissionamento .............................................................. 65

10.2.12. Programa de Monitoramento Sismológico Regional ..................................... 66

10.2.13. Programa de Medida de Temperatura no saco Piraquara de Fora e Enseada

de Itaorna 66

10.2.14. Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinhas.................................. 66

10.2.15. Programa de Medida de Cloro Residual no saco Piraquara de Fora ............... 67

10.2.16. Programa de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional .................... 67

11. Análise da forma de apresentação e conteúdo do RIMA .............................................. 67

12. Análise da equipe de profissionais ............................................................................... 69

13. Referências bibliográficas ............................................................................................ 70

Page 6: Análise Eia Rima Angra 3

6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados do empreendedor. Fonte: Eletronuclear. ......................................................... 8

Tabela 2: Dados operacionais de Angra 3. Fonte: Eletronuclear. .............................................. 10

Tabela 3: Relação entre o combustível utilizado e a produção de energia. Fonte: Eletronuclear.

............................................................................................................................................... 16

Tabela 4: Relação entre o tipo de usina e a área demandada. ................................................. 19

Tabela 5: Cidades abrangidas nas áreas de influência. Fonte: O Autor. .................................... 22

Tabela 6: Classificação do impacto. Fonte: O Autor. ................................................................ 58

Tabela 7: Profissionais e suas competências no empreendimento. .......................................... 69

Page 7: Análise Eia Rima Angra 3

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Central NuclearAlmirante Álvaro Alberto - CNAAA. Fonte: Nuclebrás Engenharia S.A. . 9

Figura 2: Arranjo geral da Unidade 3 da CNAAA. Fonte: Eletronuclear. .................................... 11

Figura 3: Reator PWR. Fonte: HyperPhysics ............................................................................. 12

Figura 4: Corte do edifício do reator. Fonte: Eletronuclear. ..................................................... 12

Figura 5: Mapa de localização das unidades nucleares 1, 2 e 3 da CNAA. Fonte: O

Autor/Google/Eletronuclear. .................................................................................................. 13

Figura 6: Áreas de influência do empreendimento. Fonte: Eletronuclear. ................................ 21

Figura 7: Área de influência indireta do empreendimento. Fonte: Eletronuclear. .................... 22

Figura 8: Áreas de influência direta do empreendimento. Fonte: O Autor/Google. .................. 23

Figura 9: Serra da Bocaina e Serra da Mantiqueira. Fonte: Eletronuclear. ................................ 26

Figura 10: Floresta atlântica. Fonte: Catuí. .............................................................................. 28

Figura 11: Restinga. Fonte: J. F. Matulja .................................................................................. 29

Figura 12: Manguezais. Fonte: USP/ESALQ .............................................................................. 30

Figura 13: Não-pode-parar (Phylloscartes paulistus) e Pato-do-mato (Cairina moschata). Fonte:

SIB - Argentina ........................................................................................................................ 32

Figura 14: Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae). Fonte: Viva a Terra. ............................... 33

Figura 15: Vila histórica de Mambucaba e artefatos indígenas. Fonte: IPHAN. ......................... 37

Figura 16: Angra dos Reis. Fonte: Google ................................................................................ 39

Figura 17: Paraty. Fonte: Google ............................................................................................. 41

Figura 18: Atrações turística de Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis. Fonte: Angraonline ... 42

Page 8: Análise Eia Rima Angra 3

8

1. Identificação do empreendedor

Tabela 1: Dados do empreendedor. Fonte: Eletronuclear.

Razão Social Eletrobrás Termonuclear S.A. - Eletronuclear

Registro Legal (CNPJ) 42.540.211/0001-67

Endereço

Sede: Rua da Candelária, nº 65, Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP: 20.091-020 CNAAA: Rodovia Rio-Santos (BR-101) km 522 – Itaorna – Angra dos Reis –RJ CEP: 23.900-000

Telefone/Fax Sede: (21) 2588-7000 / 2588-7200 CNAAA: (24) 3362-9000

Representantes Legais

Paulo Roberto Almeida Figueiredo Diretor Presidente CPF: 378.777.477-72 E-mail: [email protected] Luiz Rondon Teixeira de Magalhães Filho Diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente CPF: 029.773.698-13 E-mail: [email protected] Pedro José Diniz de Figueiredo Diretor de Operação e Comercialização CPF: 020.040.627-20 E-mail: [email protected] Luiz Soares Diretor Técnico CPF: 546.971.157-91 E-mail: [email protected] José Marcos Castilho Diretor de Administração e Finanças CPF: 613.896.767-49 E-mail: [email protected]

Cadastro Técnico Federal - IBAMA 54222

Page 9: Análise Eia Rima Angra 3

9

2. Identificação do empreendimento

2.1. Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto

O almirante e pesquisador Álvaro Alberto da Mota dá nome à Central

Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAA), um complexo nuclear formado pelo

conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e obras da usina nuclear

Angra 3. Localiza-se às margens da rodovia Rio-Santos, no município de Angra

dos Reis, Rio de Janeiro e é de propriedade da Eletronuclear, subsidiária das

Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobrás e gera cerca de 3.000 empregos

diretos e 10.000 indiretos.

A CNAAA tem uma área de aproximadamente 1.250 ha e além das usinas

Angra 1 e 2 e das obras da Usina Angra 3, a área da Central abriga, ainda,

duas subestações elétricas (138 e 500 kV) operadas por Furnas Centrais

Elétricas S.A., os depósitos de armazenamento de rejeitos de baixa e média

radioatividade e diversas instalações auxiliares (prédios de engenharia,

almoxarifados etc.).

A potência total das usinas é de 2007 MW, dos quais 657MW em Angra 1

e 1350MW em Angra 2. Adicionalmente, a usina nuclear Angra 3 terá

capacidade maior que a Angra 2 e entrada em operação prevista para 2018.

Nas cercanias da Central, existem, ainda, as vilas residenciais de Praia

Brava e Mambucaba, que abrigam os operadores das usinas, além de

laboratórios de monitoração ambiental, centros de treinamento e hospitais.

Figura 1: Central NuclearAlmirante Álvaro Alberto - CNAAA. Fonte: Nuclebrás Engenharia S.A.

Page 10: Análise Eia Rima Angra 3

10

2.2. Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – Angra 3

A Unidade 3 da CNAAA – Angra 3 será a terceira unidade nuclear

presente no CNAAA e é o segundo resultado do acordo nuclear Brasil-

Alemanha, seguindo os mesmos padrões tecnológicos e operacionais de Angra

2. Angra 3 utilizará um reator do tipo PWR, desenvolvido pela Siemens-KWU,

com capacidade de 1350 MW.

Tabela 2: Dados operacionais de Angra 3. Fonte: Eletronuclear.

Tipo de Reator PWR – Pressurized Water Reactor

Fabricante/fornecedor GHH – Gutehoffnunsghütte/KWU

Combustível Urânio enriquecido

Procedência Alemanha

Potência Térmica do Reator 3.765 MWt

Potência Elétrica da Usina 1.350 MWe

Eficiência da Usina Aproximadamente 34%

Vida Útil da Usina 40 anos

Angra 3 teve suas obras iniciadas em junho de 1984, mas em abril de

1986 suas obras foram paralisadas por questões ambientais e econômicas.

Nos dois primeiro anos de obras foram investidos aproximadamente US$750

milhões na aquisição dos equipamentos necessários a sua execução. Em

2010, Angra 3 retomou suas obras e estima-se que durante os 24 anos de

obras paralisadas, tenham sido gastos aproximadamente US$20 milhões ao

ano para a manutenção e armazenamento dos equipamentos adquiridos na

década de 1980. Hoje, Angra 3 tem previsão de fim de obras e pleno

funcionamento para o ano de 2018.

O projeto de Angra 3 prevê a construção de vários edifícios e estruturas

de apoio, distribuídos conforme mostrado na Planta - Arranjo Geral da Unidade

3 da CNAAA - Angra 3, apresentada na Figura 2.

Page 11: Análise Eia Rima Angra 3

11

Figura 2: Arranjo geral da Unidade 3 da CNAAA. Fonte: Eletronuclear.

2.2.1. Reatores PWR

Os PWR, Pressurized Water Reactor (em português, Reatores de Água

Pressurizada) são os reatores que utilizam o urânio enriquecido e moderado e

são arrefecidos utilizando água leve (H2O) pressurizada. A água que passa

pelo reator é aquecida a uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não

entre em ebulição aos 100 graus Celsius, ela é mantida sob forte pressão.

Em outro equipamento, denominado gerador de vapor, há uma troca de

calor entre o circuito primário e o circuito secundário, que são independentes

entre si: a água do circuito primário não entra em contato com a do circuito

secundário, pois circulam por tubulações diferentes. Com a troca de calor, a

água do circuito secundário é vaporizada, movimentando a seguir, por pressão,

as palhetas da turbina (a uma velocidade que pode atingir 1.800 rotações por

minuto), que por sua vez, aciona o gerador elétrico. Depois de passar pela

turbina, o vapor do circuito secundário vai para um condensador, onde é

refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro circuito. Também não há

qualquer contato direto entre a água do circuito secundário e a água do mar,

que vem pelo sistema de água de circulação - circuito terciário.

Page 12: Análise Eia Rima Angra 3

12

A montagem desses três circuitos é feita de maneira a impedir o contato

da água radioativa, que passa pelo reator, com as demais. O risco de

contaminação da água que é devolvida ao mar é minimizado, pois, para ser

contaminada, teria de haver um rompimento do circuito primário; em seguida o

do circuito secundário; e mais adiante o rompimento o circuito terciário para

que então as águas viessem a se misturar.

Figura 3: Reator PWR. Fonte: HyperPhysics

O Edifício do Reator, formado pela estrutura interna (UJA) e pela estrutura

externa (Reator-Annulus - UJB), será de concreto armado com 60,40 m de

diâmetro externo e 0,60 m de espessura, que envolve a esfera de contenção e

abriga o sistema de resfriamento de emergência do núcleo. A edificação está

projetada para constituir uma barreira biológica à radiação ionizante durante a

operação normal da usina e em casos de acidente, bem como para proteger a

esfera de contenção de ventanias, tempestades, ondas de pressão de

explosão e terremotos.

Figura 4: Corte do edifício do reator. Fonte: Eletronuclear.

60,40 m

Page 13: Análise Eia Rima Angra 3

13

3. Localização do empreendimento

Angra 3 será implantada na CNAAA, que situa-se às coordenadas

geográficas 23°0'32.77"S e 44°28'10.81"O, no distrito de Cunhambebe,

município de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, cerca de 133 km da

cidade do Rio de Janeiro, 216 km da cidade de São Paulo e 343 km de Belo

Horizonte. A Central Nuclear, com área aproximada de 1.250 ha, tem seus

lados norte, leste e oeste parcialmente protegidos por montanhas com

elevações que variam entre 200 e 700 metros. O lado sul está voltado para o

mar - Baía da Ilha Grande.

O principal acesso rodoviário ao local é a rodovia federal BR-101 (Rio-

Santos), que faz a ligação com a cidade do Rio de Janeiro. O acesso à cidade

de São Paulo é feito inicialmente pela BR-101, até Caraguatatuba, no Estado

de São Paulo, daí pela rodovia estadual SP-99, até São José dos Campos, e

em seguida pela rodovia federal BR-116, até a capital do Estado. Essas

ligações permitem o acesso rodoviário ao restante do país.

Figura 5: Mapa de localização das unidades nucleares 1, 2 e 3 da CNAA. Fonte: O Autor/Google/Eletronuclear.

Angra 3

Angra 1

Angra 2

Page 14: Análise Eia Rima Angra 3

14

4. Justificativa do empreendimento

A característica fundamental do Sistema Elétrico Brasileiro, que o

particulariza e o diferencia de outros países, é que quase 90% da capacidade

de geração instalada é de origem hidráulica, chegando a 95%, se for

considerada a produção efetiva média de energia elétrica no País. Essas

proporções devem permanecer em patamares elevados, nos horizontes de

curto e médio prazo, em razão da melhor competitividade econômica da

geração por hidroeletricidade frente a outros insumos energéticos.

Fato é que as fontes hídricas mais econômicas e mais próximas às

regiões de maior consumo - Sudeste e Sul - já vêm sendo utilizadas em sua

maior parte e tendem a se esgotar no médio prazo. As grandes reservas

disponíveis encontram-se localizadas na Região Amazônica, cujo

aproveitamento exigirá gastos consideráveis na implantação, e na construção

de linhas de transmissão, que, devido à distância aos grandes centros

consumidores, acarretarão significativas perdas de energia, contribuindo para

aumentos de custos. No tocante à evolução do consumo brasileiro de

eletricidade, pode-se inferir que a taxa de crescimento do consumo de energia

elétrica será superior àquela que representa o crescimento econômico.

Visando garantir suprimentos que correspondam a esse crescimento de

consumo projetado, o Governo busca formas de diversificar a matriz elétrica

nacional. Uma opção para a diversificação da matriz é a utilização de fontes

térmicas convencionais, representadas principalmente pelo carvão mineral,

pelos derivados do petróleo, pelo gás natural e pelo urânio.

4.1. Justificativas técnicas

Das usinas que utilizam fontes renováveis, as hidrelétricas são a única

opção viável técnica e economicamente para a geração de grandes blocos de

energia elétrica firme. As demais, em que pese a possibilidade de seu emprego

para o atendimento a pequenas demandas em regiões que possuam condições

naturais adequadas, não são uma opção garantida de produção contínua de

energia elétrica. A luz solar e os ventos são intermitentes, exigindo nas usinas

Page 15: Análise Eia Rima Angra 3

15

uma capacidade extra de acumulação de energia, para que o fornecimento seja

confiável. Por sua vez a biomassa requer uma área de extensão considerável

(400.000 ha para cada 1.000 MWe gerados) para o plantio de árvores. A

geração de energia a partir das marés ainda não dispõe de tecnologia

suficientemente aprimorada.

Das usinas que utilizam fontes não renováveis, as opções óbvias no caso

do Brasil são as usinas nucleares e a gás natural, tendo em vista as limitações

das reservas nacionais dos outros combustíveis fósseis e a existência de

reservas significativas, além de comprovadas, de gás natural e de urânio.

A fonte térmica para a geração de energia elétrica nas usinas nucleares é

o urânio, sendo que os reatores tanto podem utilizar nêutrons térmicos, de

baixa energia cinética, quanto nêutrons rápidos, de alta energia.

Os reatores nucleares térmicos (que funcionam com os nêutrons

térmicos) são os mais comuns, e são classificados segundo os materiais

utilizados como combustível, para a sua refrigeração e como moderador de

nêutrons.

As usinas PWR, especialmente as projetadas e construídas pela

Siemens/KWU, têm apresentado um ótimo desempenho operacional, tanto no

que diz respeito à quantidade de energia elétrica gerada, quanto em relação ao

fator de disponibilidade acumulado. As dez maiores usinas geradoras de

energia elétrica nuclear do mundo são do tipo PWR, sendo que as três

primeiras delas e outras cinco são usinas alemãs da Siemens/KWU.

A maior aceitação dos reatores do tipo PWR é atribuída à sua

confiabilidade, proporcionada pelo rigor dos princípios de segurança que são

aplicados ao projeto, à operação e à manutenção das usinas, e a

economicidade, proporcionada pela economia de escala decorrente da

construção de reatores de grande porte, pela padronização e a conseqüente

redução do tempo de construção, licenciamento e por sua estrutura

relativamente simples e compacta, graças à utilização de urânio enriquecido

como combustível e às propriedades térmicas e neutrônicas favoráveis da água

leve, usada simultaneamente como refrigerante e moderador.

Page 16: Análise Eia Rima Angra 3

16

Quanto à segurança na geração nuclear, cabe salientar que por todo o

exposto acima e tendo em vista a experiência de países tecnologicamente mais

adiantados, como Estados Unidos, França, Japão e Alemanha, a adoção pelo

Brasil de usinas dotadas de reatores do tipo PWR é a mais correta.

4.2. Justificativas econômicas

A justificativa econômica para a construção de Angra 3 pode ser

sumarizada nos seguintes aspectos:

• Orçamento para conclusão compatível e comparável àqueles oriundos

da implantação de usinas nucleares de mesmo porte no exterior.

• Recuperação econômica dos investimentos já realizados em Angra 3

(cerca de US$ 750 milhões).

• Interrupção do processo de gastos anuais sem retorno, da ordem de

US$ 20 milhões, para a estocagem e conservação de equipamentos e outras

despesas (seguros, estruturas, etc.).

• Custo de geração, de acordo com estudos realizados por consultores

externos (Fusp, Coppetec e Mercados de Energia) compatível com os de

usinas térmicas a gás natural e inferior aos de outras energias alternativas

(carvão, biomassa e eólica).

Tabela 3: Relação entre o combustível utilizado e a produção de energia. Fonte: Eletronuclear.

Combustível Produção em kWh

1 kg de madeira 2

1 kg de carvão 3

1 kg de óleo 4

1 m³ de gás natural 6

1 kg de urânio natural 60.000

• Minimização, comparativamente à geração térmica a gás natural, do

risco cambial e do impacto na balança de pagamento, devido a:

Page 17: Análise Eia Rima Angra 3

17

- uso de combustível de baixo custo e que apresenta somente uma

pequena parcela da sua composição em moeda estrangeira.

- maior parcela do investimento ainda a ser realizada em moeda

nacional.

- aumento da demanda na NUCLEP (fábrica de equipamentos pesados,

criada no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, localizada em Itaguaí,

RJ), impulsionando sua viabilidade econômica e reduzindo os gastos com

recursos orçamentários do Tesouro Nacional.

- aumento de encomendas em fabricantes e construtores nacionais, com

a conseqüente criação de empregos.

• Aumento da receita e garantia de escala econômica a Indústrias

Nucleares do Brasil S.A. - INB, fabricante do combustível nuclear.

• Desoneração do Tesouro Nacional do custeio às atividades operacionais

da INB.

• Utilização do urânio, matéria prima estratégica nacional, beneficiada no

país, cujas reservas são a sexta maior em nível mundial.

4.3. Justificativas socioambientais

As fontes com maior potencial de geração hídrica encontram-se na

Amazônia, que reúne cerca de 43% do potencial hidrelétrico nacional. Nessa

região, que abrange as regiões Norte e Centro-Oeste do país, os rios são

caudalosos e a superfície é bastante plana. Qualquer barragem inundaria

grandes áreas, exigiria a desapropriação de grandes extensões de terras e o

deslocamento das populações nelas instaladas. Além disso, a Amazônia

concentra uma enorme riqueza biológica e uma grande área de terras

indígenas. Assim, a formação de grandes reservatórios certamente traria

consequências negativas para o meio ambiente e comunidades que ali vivem.

As dificuldades para a implantação de usinas hidrelétricas na Amazônia

são de ordens técnica, econômica e ambiental, aí incluindo-se dificuldades de

Page 18: Análise Eia Rima Angra 3

18

licenciamento, morosidade na obtenção da emissão de posse das propriedades

a serem inundadas e impossibilidade de inundar terras indígenas sem a

aprovação do Congresso, o que desestimula a participação do setor privado

nesses empreendimentos. Assim, as fontes térmicas convencionais e

nucleares de energia constituem opções viáveis para complementar a

demanda, em especial nos períodos hidrologicamente desfavoráveis, ou para o

atendimento localizado em períodos de restrições à transmissão de energia

elétrica.

A utilização de combustíveis fósseis no mundo tem provocado impactos

ambientais negativos, entre os quais o efeito estufa - provocado pela emissão

de dióxido de carbono ou gás carbônico, metano e óxido nitroso - e a chuva

ácida, provocada pelas emissões de dióxido e trióxido de enxofre e de óxidos

de nitrogênio. O fato de as usinas nucleares não emitirem qualquer desses

gases é importante na comparação com outras fontes térmicas de energia.

Em relação às usinas termelétricas a carvão, a fonte de geração de

energia elétrica mais utilizada no mundo e responsável por cerca de 40% de

toda a energia elétrica gerada no planeta, as vantagens das usinas nucleares

em termos ambientais são significativas. Em comparação com uma usina

termelétrica moderna, que utiliza carvão pulverizado e técnicas avançadas de

redução de emissão de poluentes, uma usina nuclear do porte de Angra 3

evitará a emissão anual para a atmosfera de cerca de 2,3 mil toneladas de

material particulado, 14 mil toneladas de dióxido de enxofre, 7 mil toneladas de

óxidos de nitrogênio e 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Em

comparação com uma usina termelétrica a gás, as emissões anuais evitadas

por uma usina nuclear do porte de Angra 3 seriam de cerca de 30 toneladas de

dióxido de enxofre, 12,7 mil toneladas de óxidos de nitrogênio e 5 milhões de

toneladas de dióxido de carbono.

Outro aspecto a ser considerado é a área necessária para a implantação

de cada tipo de usina. Para efeito de comparação, a Tabela 3 apresenta as

áreas aproximadas requeridas para a implantação de usinas que utilizam

fontes de geração renováveis e não renováveis, com 1.000 MWe de

capacidade, verificando-se que as primeiras exigem áreas muito maiores que

as segundas, acarretando, conforme o caso, gastos com desapropriações e

Page 19: Análise Eia Rima Angra 3

19

com indenização de benfeitorias, deslocamento de população, alagamento de

áreas naturais ou produtivas e descaracterização da flora e da fauna, com

impactos sociais e biológicos significativos.

Tabela 4: Relação entre o tipo de usina e a área demandada.

Fonte de energia Tipo de usina Área necessária (ha)

Renováveis

Hidrelétrica 25.000

Solar 5.000

Eólica 10.000

Biomassa plantada 400.000

Não renováveis Óleo e carvão 100

Nuclear 50

No caso de Angra 3 em particular, há uma vantagem adicional, que é o

fato de a usina estar projetada para ser implantada em local onde já se

encontram em operação duas outras usinas nucleares, que dispõem de

pessoal e população com cultura consolidada em termos de proteção e

segurança, e com cerca de 30 anos de experiência técnica na área.

4.4. Justificativas locacionais

Desde o início da implantação de usinas nucleares no Brasil, a área

ocupada pela CNAAA foi dimensionada para comportar três unidades, duas

das quais - Angra 1 e Angra 2 - já se encontram em operação. A terceira será

Angra 3.

A escolha final do sítio de Angra 1, precedida de estudo de alternativas ao

longo do litoral, de dezoito meses de duração, obedeceu à "Norma para

Escolha de Locais para Instalação de Reatores de Potência", objeto da

Resolução CNEN - 09/69, de 25 de junho de 1969.

De acordo com a referida Norma, a seleção do local envolveu, entre

outros, estudos relacionados à topografia, uso da terra e da água, hidrografia,

oceanografia, meteorologia, geologia e sismologia, e contou com a assessoria

Page 20: Análise Eia Rima Angra 3

20

técnica das firmas norte-americanas Nuclear Utility Services Corp. (NUS)

e Weston Geophysical Research Inc. e do professor George Virsch, do

Departamento de Geociências da Universidade Cornell, dos Estados Unidos.

Itaorna, localizada no município de Angra dos Reis, Estado do Rio de

Janeiro, foi escolhida por estar situada em uma baía protegida, em área de

baixa densidade populacional, de condições geológicas favoráveis e próxima

dos centros de abastecimento e consumo.

A implantação das três unidades no mesmo local objetivou maximizar o

aproveitamento da infraestrutura necessária ao funcionamento das usinas,

incluindo os recursos logísticos, técnicos e de mão-de-obra especializada.

Além disso, a CNAAA se encontra a 190 km da Fábrica de Elementos

Combustíveis (FEC) do Complexo Industrial de Resende (CIR), pertencente às

Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e próxima dos principais centros

consumidores de energia elétrica do país (133 km da cidade do Rio de Janeiro,

216 km da cidade de São Paulo e 343 km da cidade de Belo Horizonte).

5. Áreas de influência do empreendimento

A área de influência de um empreendimento para um estudo ambiental

pode ser descrita como o espaço passível de alterações em seus meios físico,

biótico e/ou socioeconômico, decorrentes da sua implantação e/ou operação. A

delimitação das áreas de influência é determinante para todo o trabalho, uma

vez que somente após esta etapa, é possível orientar-se as diferentes análises

temáticas a serem efetuadas, bem como avaliar a intensidade dos impactos e a

sua natureza.

Na definição das áreas de estudo, foram levadas em conta, entre outras,

as seguintes variáveis:

Características e abrangência da Unidade 3 da CNAAA - Angra 3;

Bacias hidrográficas;

Planaltimetria da região;

Page 21: Análise Eia Rima Angra 3

21

Dados meteorológicos;

Rede de pontos do sistema de monitoração pré-operacional e

operacional da CNAAA;

Experiências de estudos ambientais anteriores Angra 2);

Plano de Ação de Emergência da CNAAA;

Possíveis interferências com as comunidades do entorno; e

Legislação ambiental pertinente.

Figura 6: Áreas de influência do empreendimento. Fonte: Eletronuclear.

5.1. Área de influência indireta – AII

A AII, para este estudo, foi definida como a área limitada por uma

circunferência de raio 50 quilômetros (AII – 50 km) e centro no local previsto

para a construção do reator da Unidade 3 da CNAAA.

Page 22: Análise Eia Rima Angra 3

22

Nos estudos do meio socioeconômico, a AII abrangeu parcialmente ou

totalmente a área de 14 municípios, pertencentes aos Estados do Rio de

Janeiro e de São Paulo: Ubatuba, Cunha, Lorena, Silveiras, Areias, São José

do Barreiro, Arapeí e Bananal, integrantes da mesorregião Vale do Paraíba

Paulista, e Parati, Angra dos Reis, Rio Claro, Barra Mansa e Resende,

pertencentes à mesorregião Sul Fluminense e Mangaratiba que pertence a

mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro.

Tabela 5: Cidades abrangidas nas áreas de influência. Fonte: O Autor.

Rio de Janeiro São Paulo

Angra dos Reis Arapeí

Barra Mansa Areias

Mangaratiba Bananal

Parati Cunha

Resende Lorena

Rio Claro São José do Barreiro

Silveiras

Ubatuba

Figura 7: Área de influência indireta do empreendimento. Fonte: Eletronuclear.

Page 23: Análise Eia Rima Angra 3

23

5.2. Áreas de influência direta – AID

Para este estudo, foram definidas duas áreas de influência direta. As

duas, limitadas por circunferências centradas no local previsto para a

instalação do reator da Unidade 3 da CNAAA, tem, porém raios distintos: 15

(AID–15 km) e 5 quilômetros (AID – 5 km).

A Área de Influência Direta com raio de 15 km (AID-15 km) abrangeu os

distritos de Angra dos Reis (distrito sede), Mambucaba, Cunhambebe ,

situados nos municípios de Angra dos Reis e Tarituba em Parati, no Estado do

Rio de Janeiro. Para a análise socioeconômica, da AID 15, o distrito sede de

Parati foi incluído.

A Área de Influência Direta com raio de 5 km (AID-5 km) abrange a

localidade do Frade, o Sertãozinho do Frade, o Condomínio do Frade e a área

em torno da CNAAA, no distrito de Cunhambebe; a vila residencial de Praia

Brava (vila dos funcionários da CNAAA), os condomínios Barlavento, Praia

Vermelha e Goiabas e a Vila Histórica de Mambucaba, no distrito de

Mambucaba.

Para os estudos do meio físico, a AID-15 km foi estendida até as bordas

das bacias hidrográficas cortadas pelo círculo imaginário do raio de 15 km. Os

estudos oceanográficos se restringiram às regiões do saco Piraquara de Fora,

local de lançamento dos efluentes líquidos da CNAAA, e a Enseada de Itaorna.

Figura 8: Áreas de influência direta do empreendimento. Fonte: O Autor/Google.

Page 24: Análise Eia Rima Angra 3

24

6. Caracterização do local do empreendimento

6.1. Meio físico

6.1.1. Clima

O padrão climático é subtropical, com mudanças da temperatura no

inverno e chuvas no verão devido à aproximação de frentes frias provenientes

do hemisfério sul. Sendo uma região costeira, está frequentemente sob a

influência do grande anticiclone (vento) subtropical do Atlântico Sul,

apresentando aumento substancial desses valores médios quando, após a

passagem de uma frente fria, predominam as massas frias com altas pressões

provenientes da região Antártica.

A temperatura média ao longo do ano varia entre 19°C e 26°C, e, nos

anos de 2002 e 2003, os valores permaneceram dentro desta variação. Quanto

aos valores de umidade relativa, o mês de julho é o período mais seco, devido

às entradas de fortes massas de ar frio e o maior afastamento do sol, e no mês

de outubro, período de mudança de inverno para verão, as chuvas passam a

ser mais significativas, o que levou ao máximo de umidade, com valores

próximos a 90%. O trimestre mais chuvoso é o formado pelos meses de

dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto o trimestre menos chuvoso equivale

aos meses de junho, julho e agosto.

As chuvas causam, entre tantos outros benefícios, a remoção de

poluentes do ar, em maior ou menor grau, dependendo de suas intensidades.

Na região de Angra dos Reis e entorno estão associadas diversos

componentes atmosféricos, tais como: frentes frias (todo o ano), linhas de

instabilidade (primavera-verão) e formações convectivas regionais (primavera,

verão e outono), originadas de sistemas provenientes do setor norte- noroeste.

As entradas de frentes frias, normalmente, são de caráter mais intenso para

chuvas e, principalmente, ventos, após o sistema frontal passar por Parati e

adentrar a baía de Ilha Grande.

A direção e velocidade dos ventos estão associadas às muitas escalas de

circulação atmosférica. De um modo geral, predominam os regimes marítimos

de circulação próxima ao nível da superfície na área litorânea, desde Sepetiba

Page 25: Análise Eia Rima Angra 3

25

até o litoral de Parati, passando por Angra dos Reis. Trata-se de parâmetro de

extrema relevância nas avaliações da poluição do ar, pois representam o

sentido do deslocamento da pluma e sua forma de dispersão.

Para a área de interesse há regimes predominantes do setor sul,

proveniente da área oceânica, e que podem ser sentidos nos pontos mais

afastados das áreas onde se localizam prédios das Unidades 1 e 2 da Central

Nuclear.

6.1.2. Geologia

A região do empreendimento é formada por rochas cristalinas formadas

entre 540 milhões de ano e 2 bilhões de anos, aproximadamente, e sedimentos

recentes. Devido à idade e aos processos de transformações que as rochas

sofrem ao longo dos anos, pode-se afirmar que a geologia da região é bastante

complexa.

Através de estudos, demonstrou-se um baixo risco sísmico ao

empreendimento, devido a estabilidade da geologia local e baixa intensidade

de sismos na região.

6.1.3. Geomorfologia

Na Área de Influência Indireta foram identificados dois grandes domínios

morfoestruturais (grandes conjuntos estruturais, que geram arranjos regionais

de relevo, guardando relação ou causa entre si): o Planalto Atlântico e

Depressões Tectônicas Cenozóicas. O Planalto Atlântico caracteriza-se por se

estender de uma costa recortada até uma região serrana, que se apresenta na

forma de encostas abruptas e quase lineares. As Depressões Tectônicas

Cenozóica constituem uma superfície com suave inclinação, formada por

processos de erosão, menos irregular do que os planaltos e que se encontram

em áreas encaixadas entre os maciços antigos e as unidades sedimentares.

A Área de Influência Direta é caracterizada pelo contaste das escarpas

que demarcam a borda escarpada da Região do Planalto e escarpas da Serra

Page 26: Análise Eia Rima Angra 3

26

da Bocaina em contato direto com as feições morfológicas quaternárias de

planícies flúvio - marinhas, que caracterizam as enseadas da baía de Angra

dos Reis.

Figura 9: Serra da Bocaina e Serra da Mantiqueira. Fonte: Eletronuclear.

6.1.4. Solos

Na região onde está localizada a CNAAA, são encontrados solos

pertencentes a apenas cinco dessas ordens, a saber:

a) Cambissolo

b) Latossolo

c) Neossolo

d) Argissolo

e) Espodossolo

Page 27: Análise Eia Rima Angra 3

27

6.1.5. Recursos hídricos

As bacias hidrográficas situadas dentro da área de raios 15 e 30 km a

partir da CNAAA englobam dois conjuntos de sistemas de drenagem: aqueles

que drenam para as diversas enseadas do litoral da baía de Ilha Grande e um

outro conjunto de bacias fluviais que constituem os tributários de alguns dos

afluentes da margem sul do rio Paraíba do Sul.

É importante destacar que as características do relevo da região da baía

da Ilha Grande influenciam decisivamente no aumento da ocupação urbana ao

longo das principais rodovias, resultando em áreas de grande ocupação

populacional. Essa população utiliza- se dos recursos hídricos que sofrem os

impactos do desmatamento e da ocupação desordenada, o que leva à piora

das condições de qualidade e quantidade das águas dos rios.

Observa-se uma tendência à ocorrência de enchentes na região litorânea

de Angra dos Reis, em localidades próximas às margens dos rios, nos períodos

das chuvas mais intensas.

6.1.6. Qualidade do ar

Na região onde está inserida a CNAAA, as condições atmosféricas da

região não são favoráveis à dispersão de poluentes. O que se observa, no

entanto, é que, devido à baixa taxa de emissão dos poluentes convencionais,

proveniente da CNAAA, as quantidades verificadas nas regiões próximas

apresentam valores máximos inferiores aos valores que excederiam os

padrões nacionais de qualidade do ar.

6.2. Meio biótico

6.2.1. Flora

A região de Angra dos Reis possui um litoral bastante recortado e

diversos ecossistemas em sua extensão: florestas, manguezais, restingas e

costões rochosos. Esses ecossistemas têm sofrido fortes pressões antrópicas,

Page 28: Análise Eia Rima Angra 3

28

desde o tempo colonial, de modo que hoje se verifica a extinção de espécies e

o desaparecimento de comunidades e ecossistemas, que ocasionam profundas

modificações na paisagem.

6.2.1.1. Floresta Atlântica

A designação atual para o ambiente florestal do que é conhecido como a

Floresta Atlântica é Floresta Ombrófila Densa (Ellenberg e Mueller-Dombois

1965/6), sendo caracterizada por plantas lenhosas situadas acima de 0,25 m

do solo, alcançando até 50 m de altura, dominadas pelas formas de 30 a 50 m

de altura e de 20 a 30 m de altura, além de lianas lenhosas e epífitas. A

Floresta Ombrófila Densa (RADAMBRASIL, 1983) divide-se em subtipos

conforme a altitude, sendo reconhecidas para a região da Costa Verde a:

Floresta das Terras Baixas, Floresta Submontana, Floresta Montana e Floresta

Alto Montana.

Parte da cobertura vegetal é atualmente constituída por uma vegetação

secundária em estágios diversos de regeneração, ao passo que outras áreas

são recobertas por florestas alteradas em sua composição e estrutura originais,

tendo em vista a extração seletiva de madeiras, à qual foram submetidas ao

longo dos anos. Por outro lado, remanescentes florestais em melhor estado de

conservação podem ser observados em certos trechos, onde o acesso e a

agricultura são dificultados.

Figura 10: Floresta atlântica. Fonte: Catuí.

Page 29: Análise Eia Rima Angra 3

29

6.2.1.2. Restingas

A restinga (ou vegetação de praia) é constituída de espécies

principalmente herbáceas, comum a todo o litoral brasileiro, que formam um

emaranhado de rizomas e estolões sobre a areia. A restinga apresenta também

vegetação arbustivo-arbórea, com altura cada vez maior à medida que se

aproxima da mata de encosta.

Foram amostradas duas áreas: a restinga da Praia da Batanguera e de

Mambucaba. Foram identificadas várias espécies vegetais, dentre as quais se

destaca o feijão de porco (Ipomea pescrape), uma herbácea que se desenvolve

por crescimento vegetativo, estando bem adaptada a substratos instáveis.

Embora não tenha sido encontrada nenhuma espécie vegetal ameaçada

de extinção, ambas as áreas apresentam um grau de antropização, devido ao

fluxo de banhistas, principalmente durante o verão.

Figura 11: Restinga. Fonte: J. F. Matulja

Page 30: Análise Eia Rima Angra 3

30

6.2.1.3. Manguezais

Este ecossistema é típico de áreas estuarinas tropicais e subtropicais,

sendo regido por um sistema de variação de marés que o inunda duas vezes

ao dia, onde a mistura da água do mar com a água doce, proveniente do

continente, confere um caráter salobre a estas águas. Esta condição típica

exerce um fator de seleção importante, quando referente ao tipo vegetal que

colonizará este ambiente, ou seja, propicia que apenas algumas espécies

sejam capazes de habitar este ecossistema.

Os manguezais existentes nas áreas de estudo, de um modo geral,

encontram-se antropizados, estando, portanto, descaracterizados quanto ao

seu estado nativo. Estes começaram a sofrer as primeiras modificações a partir

da década de 70, pela construção da BR-101 e pela instalação de

empreendimentos turísticos.

Nos manguezais estudados foram evidenciados impactos como

desmatamento, aterros, construção de residências, construção de estradas,

alteração do padrão de circulação das águas e lançamento de lixo. A

ocorrência de um grande número de troncos observado em parcelas do

Manguezal do Ariró e da Pousada do Bosque são reflexos do corte de madeira

e da deposição de areia, respectivamente. Apesar de apresentarem boa

estrutura de bosque em todos os manguezais estudados, foi observado um

intenso corte de troncos de mangue.

Figura 12: Manguezais. Fonte: USP/ESALQ

Page 31: Análise Eia Rima Angra 3

31

6.2.2. Fauna terrestre

6.2.2.1. Herpetofauna

A região onde está localizada a CNAAA, representa uma área de

concentração e reprodução de muitas espécies de anfíbios e répteis.

Constatou-se a presença de uma mata recuperada em seu entorno, com boa

vegetação e diversos micro-ambientes propícios para a herpetofauna.

A presença de serpentes peçonhentas levanta sempre a questão de

riscos com acidentes ofídicos. Porém, nada foi apurado em relação a qualquer

caso de envenenamento, supostamente não usual para a região, pois as

espécies em questão são encontradas apenas dentro da mata, não chegando

habitualmente nas áreas de moradia humana. Constatou-se que a área do

entorno imediato à CNAAA está bem preservada, enquanto que a região de

Angra dos Reis sofre um acelerado processo de degradação ambiental por

desmatamento. Esta situação é devida, certamente, ao respeito da população

com relação à área da usina, e ao fato de que sobre esta se mantém uma

vigilância permanente.

6.2.2.2. Avifauna

Ao todo, foram registradas 331 espécies de aves nas baixadas e matas

sub-montanas. Dentre estas, 16 espécies são consideradas ameaçadas de

extinção globalmente e 26 espécies quase ameaçadas.

As atividades reprodutivas da avifauna local se concentraram de meados

de agosto a início de fevereiro. Esse período coincide com o padrão geral

observado para as aves do Hemisfério Sul (Skutch 1950, Pinto 1953, Snow

1976 e Sick 1997).

Fora do período reprodutivo (abril a junho), a região recebe migrantes

latitudinais, que deixam o sul do país fugindo do inverno austral. Chegam

também à região, visitantes procedentes do norte durante o inverno

setentrional (novembro a abril). A composição da avifauna local sofre ainda

alterações durante os meses frios, com a chegada de migrantes altitudinais.

Page 32: Análise Eia Rima Angra 3

32

Espécies com distribuição predominantemente serrana visitam as terras baixas

da Costa Verde nos meses de julho a agosto, fugindo das baixas temperaturas

das grandes altitudes.

Foram registradas 56 espécies de aves aquáticas para Angra dos Reis e

Parati; Aves aquáticas, de modo geral, são espécies indicadoras da qualidade

ambiental das águas e dos ecossistemas associados; dependem, para sua

sobrevivência, de recursos alimentares encontrados exclusivamente no meio

aquático.

Não há registros de aves aquáticas ameaçadas de extinção para a região.

Por outro lado, ocorrem três espécies consideradas provavelmente ameaçadas

no Estado do Rio de Janeiro (Alves et al., 2000) e outras três, cujas

informações atuais não permitem uma avaliação de seu status.

Figura 13: Não-pode-parar (Phylloscartes paulistus) e Pato-do-mato (Cairina moschata). Fonte: SIB - Argentina

6.2.2.3. Mastofauna

O inventário de dados existentes sobre a mastofauna da área de

influência de Angra 3 está fundamentado em trabalhos recentes e na

identificação de material depositado nas coleções do Museu Nacional e do

Museu de Zoologia da Unicamp.

Quando comparado ao número de espécies previamente levantadas na

literatura para a região, onde nove ordens e aproximadamente 46 espécies de

pequenos mamíferos silvestres foram registrados em um raio de 15 km da

Usina Angra 3.

Page 33: Análise Eia Rima Angra 3

33

Apesar desta limitação, cabe destacar a presença, nas matas situadas em

torno da área de implantação do projeto de espécies aparentemente exigentes

em termos da qualidade do habitat relativamente à estratificação arbórea, pelo

menos.

6.2.3. Fauna aquática

6.2.3.1. Cetáceos

Os cetáceos pertencem ao grupo dos mamíferos aquáticos representados

pelas baleias, golfinhos, botos, entre outros. A seguir, são apresentadas as

características das 14 espécies de cetáceos registradas na baía de Ilha

Grande, dentre elas: Baleia-franca-do-sul (Eubalaena australis), Baleia-jubarte

(Megaptera novaeangliae) e Orca (Orcinus orca).

Figura 14: Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae). Fonte: Viva a Terra.

6.2.3.2. Quelônios

Na região, os únicos representantes de répteis que utilizam o mar para se

reproduzir ou sobreviver são os quelônios – grupo representado pelas

tartarugas marinhas. No Brasil, ocorrem cinco das sete espécies de tartarugas

marinhas, todas consideradas ameaçadas (TAMAR, 1999).

Os dados sobre quelônios na baía da Ilha Grande são escassos.

Contudo, a região pode ser uma importante área de alimentação para as

tartarugas marinhas, como tem sido observado para o extremo norte do litoral

paulista. A baía da Ilha Grande reúne as características necessárias para sua

Page 34: Análise Eia Rima Angra 3

34

utilização como área de alimentação das cinco espécies de tartarugas

marinhas, principalmente a tartaruga- verde (Chelonya mydas). A presença da

tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) já foi confirmada por encalhes na

Ilha Grande.

6.2.3.3. Peixes

Foram registrados 57 espécies, com um total de 2.994 indivíduos

coletados através de rede de arrasto-com-portas nos setores de Itaorna,

Piraquara de Fora e Piraquara de Dentro.

Conforme os levantamentos demonstraram, existe uma evidência

qualitativa de várias espécies de ocorrência restrita a Itaorna. Neste local, os

peixes também se apresentam em maior diversidade de espécies. Foi

observada uma grande atividade, e diversidade particularmente sobre os

fundos de corais e entre as rochas, que formam grande quantidade de abrigos

para os peixes.

A área adjacente a do lançamento do efluente térmico apresenta uma

ictiofauna menos diversificada, constituída na maior parte por juvenis de

espécies de baixa seletividade ambiental, além de observar-se um menor

número de predadores.

6.2.3.4. Unidades de conservação

O litoral sudoeste do Estado do Rio de Janeiro abriga importantes

remanescentes de Mata Atlântica protegidos em quatro Unidades de

Conservação principais: a Área de Proteção Ambiental do Cairuçu, a Reserva

Ecológica da Juatinga e o Parque Nacional da Serra da Bocaina, sendo esse

último a maior Unidade de Conservação Federal, que inclui esse tipo de

ecossistema.

Destaca-se também a Estação Ecológica de Tamoios, unidade de

conservação de proteção integral criada para a pesquisa e monitoramento da

Page 35: Análise Eia Rima Angra 3

35

Mata Atlântica, especificamente do ecossistema insular marítimo e seu entorno

aquático marinho.

Atualmente, a região da bacia da baía de Ilha Grande é a segunda

microrregião em área de Unidades de Conservação do Estado do Rio de

Janeiro (Mendonça et al.1996) e tornou- se uma importante área de

preservação a partir da criação das seguintes Unidades de Conservação:

Parque Estadual da Ilha Grande (Decreto Estadual 16.067 de

04/06/1973), Reserva Biológica da Praia do Sul (Decreto Estadual 4.972 de

02/12/1981), APAs (Área de Proteção Ambiental) de Cairuçu (Decreto Federal

89.242 de 27/12/1983) e Tamoios (Decreto Estadual 9.452 de 05/12/1986),

Reserva Biológica da Ilha Grande (Decreto Estadual 9.728 de 06/03/1987) e

Parque Marinho de Aventureiro (Decreto Estadual 15.983 de 27/11/1990).

6.3. Meio socioeconômico

6.3.1. Patrimônio arqueológico, natural e cultural

Os diferentes momentos históricos pelos quais passou a região deixaram

uma grande herança artística e cultural. Em Parati e Angra dos Reis há praças,

capelas, igrejas e fortes tombados pela sua importância como marco histórico.

A Fazenda Morcego, na Ilha Grande, é tombada, e próximo a CNAAA, há o

conjunto arquitetônico da Vila Histórica de Mambucaba, com diversas

construções que espelham a organização dos sítios urbanos dos séculos XVIII

e XIX, sendo destacável a Igreja do Rosário. Esse conjunto foi reconhecido

como patrimônio histórico desde dezembro de 1969.

O patrimônio arqueológico da região está relacionado, principalmente, a

marcos de grande importância deixados por populações indígenas. Na área de

estudo haviam tribos Tupinambá ou Tamoios (Tupi) e os Guaianá (não-Tupi),

que disputavam aquele litoral.

Os Tupinambá faziam acampamentos no litoral em função das

expedições guerreiras que realizavam duas vezes por ano, além da prática da

pesca e da coleta de moluscos. Os marcos arqueológicos foram identificados

Page 36: Análise Eia Rima Angra 3

36

em vários acampamentos no Rio de Janeiro, em Guaratiba e na Baía da

Guanabara.

Os Guainá ocupavam as adjacências do território que corresponde à faixa

de Angra dos Reis até o Rio Cananéia do Sul (SP). Ali tinham contato com a

tribo Carijó (Guarani), indo para o interior da Serra da Mantiqueira e, ao norte o

vale do Jequitinhonha; ao Sul tomavam os Estado do Paraná, Santa Catarina e

Rio Grande do Sul. Todo o território possuía inúmeros caminhos, que ligavam

pontos do interior ao litoral, que foram utilizados mais tarde pelos

colonizadores, por muitos séculos, dando origem a algumas das estradas

utilizadas atualmente.

O período de exploração do ouro também proporcionou a formação de

uma série de caminhos pelo Sul Fluminense, embora grande parte das trilhas

usadas para o contrabando do ouro ainda fossem aquelas feitas pelos índios

da região.

Estão registrados ainda vestígios de povos pré-colombianos em variados

sítios, revelados em sambaquis encontrados e estudados na região.

De acordo com levantamentos realizados pela Science para o Estudo

Ambiental de Angra 3, OLIVEIRA e AYROSA (1991) relatam a identificação de

um sambaqui e três amoladores na região do saco Piraquara de Fora (Figura

28), nas imediações da praia do Velho. Apontam, ainda, a existência de um

bloco rochoso de granito com marcas de uso para polimento na Ilha Sandri.

Do período colonial e do império do Brasil, relatam o encontro de ruínas,

fundações de uma construção (Figura 29), também no saco Piraquara de Fora,

que atribuem à residência do Padre Salvador Francisco da Nóbrega, sesmeeiro

da região de Angra dos Reis em 1797. Do século XIX apontam as ruínas de

uma construção à esquerda da anterior.

O sítio arqueológico está sendo objeto de estudos minuciosos por equipe

de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o

patrocínio da Eletronuclear.

Page 37: Análise Eia Rima Angra 3

37

Figura 15: Vila histórica de Mambucaba e artefatos indígenas. Fonte: IPHAN.

6.3.2. Terras indígenas

No entorno da CNAAA, num raio de 50 km de afastamento, há 3 áreas

indígenas e uma remanescente de quilombos. Estas áreas estão relacionadas

ao Parque Nacional da Serra da Bocaína, duas na área denominada Zona de

Amortecimento e outra dentro do Parque. As reservas da área de

amortecimento são: os grupos Parati-Mirim - Área de Proteção Ambiental

Cairuçu, no município de Parati e Guarani do Bracuí, localizada no vale do rio

Bracuí, no distrito de Cunhambebe, em Angra dos Reis. A Reserva Indígena

Guarani- Araponga está situada no Parque, que está inserido no município de

Parati.

Estes grupos vivem do extrativismo vegetal, da caça, da lavoura de

subsistência e da venda de artesanato. O número de habitantes não é preciso,

em função da intensa mobilidade espacial destes grupos.

6.3.3. Dinâmica populacional

A AII-50 engloba 14 municípios paulistas e fluminenses. A população total

de todo este território, segundo o IBGE (Censo Demográfico 2000), é de

658.615 habitantes, sendo que mais de 18% desta população está em Angra

dos Reis (119.247 habitantes) e 4,49% em Parati (29.544 habitantes),

municípios diretamente relacionados ao complexo da CNAAA.

Page 38: Análise Eia Rima Angra 3

38

Quase 90% da população dos municípios que fazem parte da AII-50

ocupam a área urbana. De 1991 a 2000, em média, houve um crescimento

populacional urbano de quase 20%. Em Angra dos Reis, este crescimento

ultrapassou os 45% e em Mangaratiba, aproximadamente 52%.

6.3.4. Infraestrutura

6.3.4.1. Angra dos Reis

Os distritos que formam o município de Angra dos Reis dispõem de

serviço de saneamento básico. O tratamento do esgoto sanitário é realizado

em cinco distritos, e o seu destino final é a baía da Ilha Grande. A limpeza

urbana e a coleta de lixo contemplam todos os distritos. No final, o lixo é

depositado em aterro controlado, usinas de reciclagem e usina de

compostagem, localizados dentro e fora do perímetro urbano.

Angra dos Reis dispõe, atualmente, de três hospitais credenciados pelo

Sistema Único de Saúde - SUS, sendo um deles do próprio município,

oferecendo 266 leitos em várias especialidades resultando numa taxa de 2,4

leitos por mil habitantes, maior que a taxa disponível na microrregião (2,2%).

No município existem 17 postos de saúde, quatro clínicas particulares

credenciadas pelo SUS, cinco postos do Programa de Saúde Familiar (PSF) e

um Programa de Saúde ao Índio (PSI), totalizando 652 funcionários, entre

médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e pessoal administrativo.

Em 2000 o município de Angra dos Reis contava com 80

estabelecimentos de ensino fundamental, que apresentava 27.467 matrículas.

Quanto ao ensino médio, o município contava com 18 estabelecimentos e

6.526 matrículas. O município de Angra dos Reis conta com uma unidade de

ensino superior da Universidade Federal Fluminense que oferece o curso de

pedagogia. Em função da pequena oferta de cursos superiores no município, a

grande maioria da população, em especial, dos professores que atuam na rede

pública de ensino de Angra dos Reis se dirigem para municípios vizinhos (Volta

Redonda, Barra Mansa e Rio de Janeiro) em busca de cursos

profissionalizantes para aprimorar a sua formação profissional.

Page 39: Análise Eia Rima Angra 3

39

O município de Angra dos Reis possui quatro agências dos Correios. Em

relação aos veículos de comunicação, o município possui três estações de

rádio (uma AM e duas FM), além de sete jornais, sendo seis de circulação

semanal. Entre as emissoras que apresentam programação diária no

município, encontram-se a Rede Globo, Rede Bandeirantes, Record e o

Sistema Brasileiro de Televisão - SBT.

O município conta com uma delegacia de polícia (civil e militar), uma

superintendência da Defesa Civil, um subgrupamento do Corpo de Bombeiros

e um Batalhão da Polícia Florestal Militar.

A região possui uma única rodovia federal, a BR-101, sentido de nordeste

a sudoeste da CNAAA. O serviço de transporte é realizado pelas linhas

interestaduais, intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis

e vans que circulam pelo município, devido à carência de veículos coletivos

para atender a população residente de Angra dos Reis. O serviço público de

transporte marítimo regular para a Ilha Grande, a partir do cais do porto, é

realizado em horários pré-determinados. Pequenas embarcações promovem

passeios marítimos, sobretudo no período de alta temporada. No município,

existe também um aeroporto de pequeno porte construído para receber

pequenas aeronaves.

Figura 16: Angra dos Reis. Fonte: Google

Page 40: Análise Eia Rima Angra 3

40

6.3.4.2. Paraty

Os três distritos que formam o município de Parati apresentam serviço de

saneamento básico insuficiente. A rede geral de distribuição de água é

realizada em apenas um distrito (sede). Nos distritos, não existe o tratamento

de esgoto sanitário. A alternativa encontrada foi à utilização de fossas sépticas

e sumidouros. A limpeza urbana e a coleta de lixo são realizadas em todos os

distritos, no entanto, o destino final do lixo é realizado em depósitos a céu

aberto, distante da cidade e próximos às áreas de proteção ambiental. Esses

depósitos, além do incômodo olfativo e visual, causam a poluição das águas

pelo chorume e a poluição do ar pela fumaça de sua combustão, além de

propiciar ambiente para a proliferação de insetos e doenças.

Parati dispõe de um hospital municipal credenciado pelo SUS, oferecendo

48 leitos, o que resulta num quadro de 1,6 leitos por mil habitantes. Além do

hospital, existem 12 postos de saúde localizados na zona rural, nos quais são

prestados serviços preventivos e curativos. Vale ressaltar que o atendimento

médico no município não contempla as reais necessidades da população,

levando parte da clientela a procurar os hospitais mais próximos, entre os quais

o Hospital da Praia Brava (pertencente a Eletronuclear) e as unidades

ambulatoriais localizadas no centro de Angra dos Reis.

Considerando-se a população residente no distrito sede de Parati com

sete anos ou mais de idade, o índice de analfabetismo indica 9,1%. Tem-se um

resultado maior no índice de analfabetismo para o segmento feminino, que

apresenta 9,8%, contra 8,3% para o masculino. Além disso, apenas 5,4% da

população residente no distrito sede de Parati, têm 12 anos ou mais de estudo

o que equivale ao nível de ensino superior, resultado este melhor que o distrito

sede de Angra dos Reis.

Dentre as emissoras que podem ser sintonizadas em Parati estão: Rede

Globo, TV Educativa, Rede Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão -

SBT (IBGE, 2000). Atualmente, o município possui uma estação de rádio FM e

um jornal de circulação semanal (Jornal Comunitário de Parati). Além deste,

existe um jornal de circulação diária apresentando as notícias, tanto da região

da baía da Ilha Grande, como do Vale do Paraíba Fluminense, intitulado A Voz

Page 41: Análise Eia Rima Angra 3

41

da Cidade, fundado em 1970. Parati possui somente uma agência dos

Correios.

Existe uma delegacia de polícia (civil e militar), uma superintendência da

Defesa Civil, uma companhia da Guarda Municipal e um subgrupamento do

Corpo de Bombeiros.

A Rodovia BR-101, que atravessa o município de Parati no sentido norte-

sul, dá acesso ao maior número de localidades situadas nas adjacências do

Parque Nacional da Serra da Bocaina, atravessando seus limites na região da

divisa estadual entre Parati (RJ) e Ubatuba (SP) e nas proximidades da Vila do

Frade e do Perequê, este no Distrito de Mambucaba, no município de Angra

dos Reis. Além das rodovias, encontram-se em Parati atracadouros e

aeródromos. O transporte rodoviário é realizado pelas linhas interestaduais

intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis e vans.

Figura 17: Paraty. Fonte: Google

Page 42: Análise Eia Rima Angra 3

42

6.3.5. Turismo

No litoral do município de Angra dos Reis, a indústria hoteleira foi o

principal agente modificador do ambiente natural que surgiu na década de 70

do século passado, atingindo o seu clímax nos anos 80. Modificou não apenas

a paisagem costeira como se tornou o principal agente das transformações

espaciais. Algumas das áreas de manguezais foram aterradas surgindo na

paisagem hotéis, condomínios, marinas e loteamentos. Foi também

responsável por alterações significativas no corpo social, processo iniciado com

a valorização especulativa dos terrenos, como é característico dos

empreendimentos associados ao capital imobiliário. Nos dias atuais as

atividades terciárias predominam em Angra dos Reis, e o setor de comércio e

serviço é a segunda atividade econômica de maior expressão no município.

A população flutuante chega a se equiparar ou até superar a população

residente. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, 20,8% dos domicílios

de Angra dos Reis estavam destinados ao uso ocasional.

Figura 18: Atrações turística de Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis. Fonte: Angraonline

Page 43: Análise Eia Rima Angra 3

43

7. Legislação incidente

7.1. Disposições gerais

A Constituição Brasileira, no que se refere às atividades e materiais

nucleares, contém os seguintes preceitos:

“Art. 21. Compete à União:

...............................

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;

b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;

c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

.....................................”

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

.......................................

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

.......................................”

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

...........................................”

“Art. 177. Constituem monopólio da União:

..............................................

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.

..............................................

§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.

Page 44: Análise Eia Rima Angra 3

44

..............................................”

“Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

.....................................

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

.......................................”

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

............................................

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.”

Das disposições citadas, verifica-se que todas as atividades relacionadas

à área nuclear são de competência exclusiva da União. A única exceção é a

utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas,

industriais e atividades análogas, que pode ser realizada por terceiros, por

meio de concessão ou permissão. Já o transporte de material radioativo deverá

ser regulamentado por lei, de acordo com o texto constitucional.

Uma vez estabelecido o monopólio da União para as atividades

nucleares, os dispositivos infraconstiucionais criaram as instituições e definiram

as atribuições necessárias para seu exercício. A legislação principal que definiu

o arranjo institucional do setor nuclear será abordada a seguir. Pelo estudo da

legislação, verifica-se que os principais órgãos responsáveis pelo exercício do

monopólio são a da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, as

Indústrias Nucleares do Brasil – INB, e a Eletronuclear.

A Lei 4.118/62 — alterada pelas leis nº 6.189/74, e nº 6.571/78 —

destaca-se pela criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN,

como autarquia federal, de acordo com seu artigo 3º.

Já a Lei nº 6.189/74 — modificada pela Lei nº 7.781/89 — estabelece, em

seu artigo 1º, que a União exercerá o monopólio sobre as atividades nucleares

Page 45: Análise Eia Rima Angra 3

45

por meio da CNEN, como órgão superior de orientação, planejamento,

supervisão, fiscalização e de pesquisa científica, e por meio da Empresas

Nucleares Brasileiras S/A. - Nuclebrás e de suas subsidiárias, como órgãos de

execução.

Em seu artigo 2º, a Lei nº 6.189/74 define as competências da CNEN, que

abrangem um amplo espectro relacionado à questão nuclear, como formulação

de política, regulação, guarda de rejeitos radioativos, prestação de serviços,

realização de pesquisas científicas e produção e comercialização de materiais

e equipamentos, conforme transcrição a seguir:

“Art. 2º - Compete à CNEN:

I - colaborar na formulação da Política Nacional de Energia Nuclear;

II - baixar diretrizes específicas para radio proteção e segurança nuclear, atividade científico-tecnológica, industriais e demais aplicações nucleares;

III - elaborar e propor ao Conselho Superior de Política Nuclear - CSPN, o Programa Nacional de Energia Nuclear;

IV - promover e incentivar:

a) a utilização da energia nuclear para fins pacíficos, nos diversos setores do desenvolvimento nacional;

b) a formação de cientistas, técnicos e especialistas nos setores relativos à energia nuclear;

c) a pesquisa científica e tecnológica no campo da energia nuclear;

d) a pesquisa e a lavra de minérios nucleares e seus associados;

e) o tratamento de minérios nucleares, seus associados e derivados;

f) a produção e o comércio de minérios nucleares, seus associados e derivados;

g) a produção e o comércio de materiais nucleares e outros equipamentos e materiais de interesse da energia nuclear;

h) a transferência de tecnologia nuclear a empresas industriais de capital nacional, mediante consórcio ou acordo comercial.

V - negociar nos mercados interno e externo, bens e serviços de interesse nuclear;

VI - receber e depositar rejeitos radioativos;

Page 46: Análise Eia Rima Angra 3

46

VII - prestar serviços no campo dos usos pacíficos da energia nuclear;

VIII - estabelecer normas e conceder licenças e autorizações para o comércio interno e externo:

a) de minerais, minérios, materiais, equipamentos, projetos e transferência de tecnologia de interesse para a energia nuclear;

b) de urânio cujo isótopo 235 ocorra em percentagem inferior ao encontrado na natureza;

IX - expedir normas, licenças e autorizações relativas a:

a) instalações nucleares;

b) posse, uso, armazenamento e transporte de material nuclear;

c) comercialização de material nuclear, minérios nucleares e concentrados que contenham elementos nucleares.

X - expedir regulamentos e normas de segurança e proteção relativas:

a) ao uso de instalações e de materiais nucleares;

b) ao transporte de materiais nucleares;

c) ao manuseio de materiais nucleares;

d) ao tratamento e à eliminação de rejeitos radioativos;

e) à construção e à operação de estabelecimentos destinados a produzir materiais nucleares e a utilizar energia nuclear.

XI - opinar sobre a concessão de patentes e licenças relacionadas com a utilização da energia nuclear;

XII - promover a organização e a instalação de laboratórios e instituições de pesquisa a elas subordinadas técnica e administrativamente, bem assim cooperar com instituições existentes no País com objetivos afins;

XIII - especificar:

a) os elementos que devam ser considerados nucleares, além do urânio, tório e plutônio;

b) os elementos que devam ser considerados material fértil e material físsil especial ou de interesse para a energia nuclear;

c) os minérios que devam ser considerados nucleares;

d) as instalações que devam ser consideradas nucleares.

XIV - fiscalizar:

a) o reconhecimento e o levantamento geológicos relacionados com minerais nucleares;

Page 47: Análise Eia Rima Angra 3

47

b) a pesquisa, a lavra e a industrialização de minérios nucleares;

c) a produção e o comércio de materiais nucleares;

d) a indústria de produção de materiais e equipamentos destinados ao desenvolvimento nuclear.

XV - pronunciar-se sobre projetos de tratados, acordos, convênios ou compromissos internacionais de qualquer espécie, relativos à energia nuclear;

XVI - produzir radioisótopos, substâncias radioativas e subprodutos nucleares, e exercer o respectivo comércio;

XVII - autorizar a utilização de radioisótopos para pesquisas e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;

XVIII - autorizar e fiscalizar a construção e a operação de instalações radioativas no que se refere a ações de comércio de radioisótopos.”

A Lei nº 5.740/71 autorizou a criação da Companhia Brasileira de

Tecnologia Nuclear - C.B.T.N., estatal cujo objeto foi definido no artigo 3º,

transcrito a seguir:

“Art. 3º A C.B.T.N., observado o disposto na Lei nº 4.118, de 27 de agosto de 1962, e alterações posteriores terá por objeto:

I - Realizar a pesquisa e a lavra de jazidas de minérios nucleares e associados;

II - Promover o desenvolvimento da tecnologia nuclear mediante a realização de pesquisas, estudos e projetos referentes a:

a) tratamento de minérios nucleares e associados bem como produção de elementos combustíveis e outros materiais de interesse da energia nuclear;

b) instalações de enriquecimento de urânio e de reprocessamento de elementos combustíveis nucleares irradiados;

c) componentes de reatores e outras instalações nucleares.

III - Promover a gradual assimilação da tecnologia nuclear pela indústria privada nacional;

IV - Construir e operar:

a) instalações de tratamento de minérios nucleares e seus associados;

b) instalações destinadas ao enriquecimento de urânio, ao reprocessamento de elementos combustíveis irradiados, bem como à produção de elementos combustíveis e outros materiais de interesse da indústria nuclear.

Page 48: Análise Eia Rima Angra 3

48

V - Negociar, nos mercados interno e externo, equipamentos, materiais e serviços de interesse da indústria nuclear.

VI - Dar apoio técnico e administrativo à CNEN.”

Pelo artigo 3º citado, constata-se que a principal atribuição da C.B.T.N. é

desenvolver as atividades referentes ao ciclo do combustível nuclear, que

abrange a mineração do urânio, a produção do concentrado, a transformação

para o estado gasoso, o enriquecimento, a reconversão para o estado sólido e

a produção e o reprocessamento do combustível nuclear.

A Lei 6.189/74, por meio de seu artigo 18, determinou que a C.B.T.N.

passaria a denominar-se Empresas Nucleares Brasileiras S.A – Nuclebrás,

diretamente vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Essa mesma Lei estabeleceu também que a Nuclebrás poderá, mediante

autorização do Presidente da República, exportar, no mais alto grau de

beneficiamento possível, os excedentes de minérios nucleares, de seus

concentrados ou de compostos químicos de elementos nucleares, comprovada

a existência dos estoques para a execução do Programa Nacional de Energia

Nuclear.

Em relação à geração de eletricidade, o artigo 10 da Lei nº 6.189/74

estabelece que ―a autorização para a construção e operação de usinas

nucleoelétricas será dada, exclusivamente, à Centrais Elétricas Brasileiras S/A.

- Eletrobrás e a concessionárias de serviços de energia elétrica, mediante ato

do Poder Executivo, previamente ouvidos os órgãos competentes‖.

A empresa responsável pela geração de eletricidade a partir da energia

nuclear é a Eletrobrás Termonuclear S.A. – Eletronuclear, subsidiária da

Eletrobrás. A Eletronuclear é resultado da fusão — autorizada pelo Decreto

sem número de 23/05/1997 — da área nuclear de Furnas Centrais Elétricas

S.A., responsável pela operação das Usinas Angra I e II, com a Nuclen -

Engenharia e Serviços S.A., anteriormente uma empresa de projetos de

engenharia para a área nuclear, subsidiária da INB. A Eletronuclear, cuja

denominação foi estabelecida pelo Decreto sem número de 23/12/1997, tem

como principal objetivo a construção e operação de usinas nucleares e a

Page 49: Análise Eia Rima Angra 3

49

geração, transmissão e comercialização da energia elétrica por elas produzida,

conforme dispõe o Decreto nº 4.899, de 26 de novembro de 2003.

Outra legislação de destaque no cenário nuclear é a Lei nº 10.308/2001,

que dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o licenciamento, a

operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a responsabilidade civil e as

garantias referentes aos depósitos de rejeitos radioativos.

De acordo com o artigo 2º dessa Lei, a União, por meio da CNEN, é a

responsável pelo destino final dos rejeitos radioativos produzidos em território

nacional. Ainda em conformidade com a Lei nº 10.308/2001, artigos 9º e 13,

cabe à CNEN projetar, construir administrar e operar os depósitos finais e

intermediários, podendo delegar essas atribuições a terceiros. O artigo 15

dispõe que é também da Comissão a responsabilidade pela remoção de

rejeitos dos depósitos intermediários para os finais.

Já a construção e operação dos depósitos iniciais, bem como a remoção

de rejeitos desses depósitos para os intermediários e finais é de

responsabilidade dos produtores dos resíduos, conforme estipula os artigos 8º,

12 e 14 da mesma Lei nº 10.308/2001.

Ressalta-se que cabe também à CNEN definir as normas, licenciar e

fiscalizar todos os tipos de depósitos de rejeitos radioativos, de acordo com os

artigos 4º e 11. Cabe ainda destacar que o artigo 35 da referida Lei determina

que os órgãos responsáveis pela sua fiscalização enviarão anualmente ao

Congresso Nacional relatório sobre a situação dos depósitos de rejeitos

radioativos.

Observa-se que a previsão constitucional de que a lei disporá sobre o

transporte de material radioativo ainda não se concretizou. Sendo assim, essa

atividade é regulada por normas da CNEN, a saber:

NE - 5.01 Transporte de Materiais Radioativos;

NE - 5.02 Transporte, Recebimento, Armazenagem e Manuseio de

Elementos Combustíveis de Usinas Nucleoelétricas.

7.2. Impacto ambiental

Page 50: Análise Eia Rima Angra 3

50

A construção de uma usina nuclear traz uma serie de impactos

ambientais, que podem alterar o meio biótico da fauna e flora, o

empreendimento, portanto deve estar dentro das normas estabelecidas pela

legislação.

A Resolução do Conama n° 001/86, através do Conselho Nacional do

Meio Ambiente - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48º do

Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das

responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18º do mesmo decreto, e

Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as

responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e

implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos

da Política Nacional do Meio Ambiente, RESOLVE:

“Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.”

7.3. Lançamento de efluentes em corpos de água receptores

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das

competências que lhe são conferidas pelo inciso VII do art. 8° da Lei n° 6.938,

de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n° 99.274, de 6 de junho

de 1990 e suas alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento

Interno, Anexo à Portaria n° 168, de 13 de junho de 2005, esta Resolução

dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do

lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando

parcialmente e complementando a Resolução n° 357, de 17 de março de 2005,

do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

Page 51: Análise Eia Rima Angra 3

51

RESOLUÇÃO N° 430, DE 13 DE MAIO DE 2011 - Dispõe sobre as

condições e padrões de lançamento de efluentes complementam e alteram a

Resolução n° 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio

Ambiente-CONAMA.

7.4. Monitoramento da fauna e flora marinha

Atender a NT 319 da feema DZ 302 – diretrizes e padrões de qualidade

dos corpos d’agua segundo os usos benéficos

7.5. Resíduos Industriais

Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e

normas específicas. Pode-se citar a Constituição Brasileira em seu Artigo 225,

que dispõe sobre a proteção ao meio ambiente; a Lei 6.938/81, que estabelece

a Política Nacional de Meio Ambiente; a Lei 6.803/80, que dispõe sobre as

diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição;

as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 257/263 e

258, a questão é amplamente tratada nos Capítulos 19, 20 e 21 da Agenda 21

(Rio-92).

8. Impactos ambientais

8.1. Fase de Implantação

Serão apresentados os impactos ambientais gerados a partir das

atividades transformadoras ou a partir de outros impactos ambientais.

8.1.1. Meio Físico

- Potencialização da suscetibilidade a deslizamentos em áreas de

encosta, porque além do alto índice de chuvas existe áreas naturalmente

sujeitas a ocorrência de escorregamentos, que se potencializa caso ocorra

ocupação desordenada da área mais vulnerável.

Page 52: Análise Eia Rima Angra 3

52

- Alteração na qualidade de água pela contaminação das águas

superficiais ou subterrâneas com efluentes sanitários, águas servidas e até

possíveis vazamentos de óleos e graxas no solo ou em corpos d’água

receptores.

- Alteração ou redução da qualidade do ar pela emissão de gases,

material particulado, poeira e fumaça, podendo causar danos a saúde humana.

A poluição também afeta a biota.

- Início ou aceleração de processos erosivos de solos expostos e

transportados por águas pluviais e correntes para locais mais baixos, atingindo

o corpo receptor. Parte do material se depositará no fundo (materiais

grosseiros) enquanto o material mais fino será transportado a grandes

distâncias.

- Contaminação do solo por produtos químicos, combustíveis, óleos e

graxas no entorno do canteiro de obras por possíveis derrames ou

vazamentos.

8.1.2. Meio Biótico:

Durante a fase de implantação esses impactos restringem-se ao ambiente

terrestre decorrentes de atividades de terraplanagem, do ruído e da

movimentação de pessoas.

- Pressão para ocupação de áreas protegidas, devido aos trabalhadores

trazidos para a implantação do empreendimento, gerando uma ocupação

desordenada do solo e possível ocupação de áreas protegidas.

- Redução da cobertura vegetal removida para as novas ocupações

humanas, é um risco que pode ocorrer de forma difusa e descontrolada.

- Aumento do atropelamento da fauna devido ao intenso tráfego de

veículos para a construção e transporte de trabalhadores.

Page 53: Análise Eia Rima Angra 3

53

- Alteração da diversidade e abundância de animais terrestres pela

destruição ou modificação de seus habitats e interferência nos corredores pelos

quais os animais circulam a procura de água e alimento.

- Modificação da paisagem cênica natural ocasionada pela ocupação

humana de áreas naturais, ocorrendo desmatamento, caça, retirada de palmito

e plantas ornamentais, extração de terra, entre outros.

- Aumento do risco de extinção de populações ou espécies da fauna e

flora devido a: redução da cobertura vegetal, aumento do número de

atropelamentos da fauna e evasão da fauna. O risco de extinção não é de uma

espécie em particular, mas de populações inteiras que ocupem um local a ser

degradado. Outros fatores de impacto, iniciados com a ocupação desordenada,

potencializariam o risco de extinção: eliminação sistemática dos animais que

estejam causando prejuízos econômicos, caça furtiva, caça clandestina para o

comércio de peles e o comércio de animais silvestres. Como cada componente

da comunidade faz parte de uma rede de interações, a possível extinção local

de uma espécie, pode ocasionar outros prejuízos, onde a diminuição de uma

espécie pode afetar outra e assim sucessivamente.

- Evasão da fauna para habitats com menos intervenções do homem. Se

tratando do ecossistema marinho essa evasão pode ser localizada e

temporária.

8.1.3. Meio Socioeconômico:

O canteiro de obras do empreendimento, localizado em área interna da

CNAAA, é área livre de radiação, ou seja, os trabalhadores ou qualquer

indivíduo do público não estarão sujeitos à exposição radiológica proveniente

da operação das usinas.

- Aumento da demanda de serviços básicos de saúde, pelos

trabalhadores da obra e possíveis aumentos de incidência de doenças nos

moradores locais.

Page 54: Análise Eia Rima Angra 3

54

- Pressão sobre os serviços de infraestrutura básica de transportes

rodoviários, devido o aumento do tráfego de transporte de materiais para a

construção e trabalhadores, diminuindo a qualidade das estradas, aumentando

as chances de acidentes, necessitando de manutenção constantes nas

estradas.

- Pressão sobre os serviços de infraestrutura básica de educação, pela

chegada dos trabalhadores com suas famílias e filhos que necessitarão de

acesso a escolas, isso pode ocasionar em uma queda na qualidade de ensino

e serviços já prestados.

- Pressão sobre os serviços de infraestrutura básica de segurança

pública, pois com o número expressivo de trabalhadores e aumento

populacional pode aumentar os índices de violência e criminalidade se não for

planejada a ocupação da área e a analise das ofertas de emprego.

- Variação da arrecadação tributária, já que os novos trabalhadores

representaram um aumento na massa salarial que reflete em gastos com bens

e consumos locais.

- A variação da massa salarial promoverá um aquecimento da economia

local permitindo o crescimento comercial.

- Variação do dinamismo econômico, pelo aquecimento dos investimentos

e das atividades do diferentes setores da região, principalmente do setor

primário (horticultura, pecuária, pesca), mas o maior beneficiário será o setor

terciário (alimentação, vestuário, serviços).

- Desenvolvimento tecnológico, já que os trabalhadores contratados serão

submetidos a treinamentos, conhecimento de novas tecnologias e

equipamentos, cursos de aperfeiçoamento e experiências em outros países, o

que contribuirá para o aumento da competência dos mesmos.

- Ocupação desordenada do solo, devido aos empregos ofertados e os

interessados que se dirigirá para a região. Hoje, o processo de expansão

urbana em Mambucaba e Cunhambebe já ameaça os limites do Parque

Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) e invade por completo a faixa de

domínio da BR-101 (Rio-Santos).

Page 55: Análise Eia Rima Angra 3

55

- A incidência de acidentes de trabalho deverá ser considerada para as

obras de construção.

- Exposição de pessoas a ruídos e vibrações, especialmente aos

envolvidos na obra, também serão atingidos trabalhadores da CNAAA e

moradores situados ao longo da BR-101.

- Aumento de riscos de acidentes rodoviários pelo aumento do fluxo de

veículos de grande porte.

- Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos

(não radioativos) que irá requerer maior eficiência e recursos para uma

destinação adequada, além de espaço para sua disposição final. Falhas em

seu gerenciamento provocarão problemas de saneamento básico e possíveis

danos a saúde humana.

- Desmobilização da mão de obra, que ocorrerá de forma gradual ao final

do quinto ano de implantação, provocando impacto econômico e social

principalmente no município de Angra dos Reis.

8.2. Fase de Operação

8.2.1. Meio Físico:

- Emissões radioativas (líquidas e gasosas) em níveis inferiores ao

permitido por lei, portanto ainda não é contabilizado como impacto ambiental, já

que nas duas unidades em operação nunca houve impacto radiológico.

- Alteração na qualidade das águas, o impacto ocorrerá no corpo receptor

dos efluentes líquidos produzidos na usina: o mar, em Itaorna e no saco

Piraquara de Fora. Os efluentes líquidos provenientes do sistema de

resfriamento dos condensadores terão o saco Piraquara de Fora como destino

final

- Alteração na qualidade do ar, como emissões de poluentes atmosféricos

provenientes da combustão de óleo diesel utilizado na caldeira, provocando um

aumento de concentração de carbono e enxofre na atmosfera.

Page 56: Análise Eia Rima Angra 3

56

- Proximidade com grandes centros como a cidade de Rio de Janeiro, que

em casos de acidentes atingiria e afetaria uma grande área habitada.

8.2.2. Meio Biótico:

- Alteração do meio marinho, com a grande vazão e mudança de

temperatura no saco Piraquara de Fora, causando estresse térmico e

impedindo a fixação dos organismos sésseis.

- Variação da diversidade e abundância das comunidades aquáticas,

fixando-se apenas aquelas que suportarem o estresse térmico existente.

8.2.3. Socioeconômico:

- Confiabilidade do setor elétrico que proporcionará ampliação da oferta

de energia na região sudeste e centro-oeste reduzindo os riscos de déficit.

- Autossuficiência de energia elétrica no estado do Rio de Janeiro.

- Variação da arrecadação tributário no que diz respeito as 3 usinas (ISS,

ICMS E IPI) e na vila de moradores com arrecadação do IPTU para a

prefeitura.

- Variação da massa salarial, já que a usina necessitará por 40 anos de

mão-de-obra especializada e que terá maiores salários, melhorando o poder de

compra dos trabalhadores.

- Variação no dinamismo econômico, com a operação de Angra 3, a

região envolverá um significativo aumento da massa salarial, da arrecadação

tributária e da presença de um número expressivo de novas pessoas, que

resultará em surgimento de novos empregos.

- Pressão nos serviços de gerenciamento de rejeitos radioativos, que

necessitarão de gerenciamento inclusive após sua disposição final, o que

acarretará na necessidade de espaço físico, recursos humanos e financeiros.

Page 57: Análise Eia Rima Angra 3

57

- Desenvolvimento tecnológico, já que os trabalhadores contratados serão

submetidos a treinamentos, conhecimento de novas tecnologias e

equipamentos, cursos de aperfeiçoamento e experiências em outros países, o

que contribuirá para o aumento da competência dos mesmos.

- Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos

(não radioativos), já que a usina operando terá um incremento na geração de

resíduos e essa necessita de gerenciamento adequado e maior área para

disposição final.

9. Avaliação de Impactos Ambientais

Para a avaliação dos impactos ambientais foram feitas planilha de

identificação e matrizes de Leopold. A planilha permite a identificação dos

aspectos ambientais e associados a esses os impactos ambientais e avalia a

sua importância, em termos de severidade, freqüência e classificação.

Na planilha foram observados os seguintes itens:

Fonte/Tarefa: atividades responsáveis pelo impacto, neste caso,

referentes as fases de instalação e operação;

Meio: dividiram-se os aspectos de acordo com os meios, sendo eles os

meios físico, biótico e socioeconômico;

Descrição: descrição do impacto gerado em cada meio;

Severidade do impacto: classificação do impacto de acordo com a

gravidade das ações causadas ao meio ambiente. São classificadas em graus:

Severidade baixa (B): Impacto de abrangência local, magnitude

desprezível e totalmente reversível com ações mitigadoras e de controle;

Severidade média (M): Impacto de abrangência regional, magnitude

média capaz de alterar a qualidade ambiental e reversível mediante ações

mitigadoras e de controle;

Page 58: Análise Eia Rima Angra 3

58

Severidade alta (A): Impacto de abrangência global, potencial de grande

magnitude, e degradação ambiental com conseqüências financeiras e de

imagem irreversível mesmo com ações mitigadoras.

Frequência do impacto: freqüência com o qual o impacto ocorre. É

classificada em:

Frequência baixa: existência de procedimentos de controle e

gerenciamento adequados que diminuem ou extinguem a freqüência dos

impactos;

Frequência média: ocorre mais de uma vez por mês;

Frequência baixa: ocorre quase diariamente.

A classificação do impacto é feita através a relação entre freqüência e

severidade, como pode ser mostrado na tabela abaixo:

Tabela 6: Classificação do impacto. Fonte: O Autor.

Frequência/Severidade Alta Média Baixa

Alta Alta Significância Média Significância Média Significância

Média Média

Significância Média Significância Baixa Significância

Baixa Média

Significância Baixa Significância Baixa Significância

Foram feitas duas planilhas de identificação, sendo uma para a fase de

instalação e outra para a fase de operação (ANEXOS 1 e 2).

Para a montagem das matrizes foi utilizado o método de Leopold, que é

um método quantitativo de avaliação de impacto. De acordo com Tommasi

(1994), a matriz de Leopold permite uma rápida identificação, ainda que

preliminar, dos problemas ambientais envolvidos em determinado processo,

também permite identificar para cada atividade, os efeitos potenciais sobre as

variáveis ambientais.

Para a quantificação dos impactos foi utilizada a seguinte escala:

Page 59: Análise Eia Rima Angra 3

59

1 – Baixo impacto;

2 – Médio baixo impacto;

3 – Médio impacto;

4 – Alto médio impacto;

5 – Alto impacto.

Foram criadas duas matrizes, uma matriz que não considera as medidas

mitigadoras e de controle ambiental e outra matriz que considera essas

medidas nas fases de instalação e operação (ANEXOS 3, 4, 5 e 6).

Pode-se observar que ao implantar medidas mitigadoras e de controle na

fase de instalação haverá uma redução de, aproximadamente, 29% dos

impactos gerados e na fase de operação, aproximadamente, 25%.

Levando em consideração a classificação dos impactos, a quantificação

do mesmo e a presença e falta de algumas informações no RIMA do

empreendimento, pode-se avaliar a localização do empreendimento.

A localização geográfica das cidades que são afetadas pelo

empreendimento é favorável, pois as mesmas encontram-se em fundo de vale.

Mas, a proximidade com os grandes centros é um ponto negativo para a

localização, só a cidade de Angra dos Reis apresenta 170 mil habitantes. Outro

ponto negativo para a criação de Angra III é a falta de uma rota de fuga, pois se

a BR 101 for interditada devido a um deslizamento de encosta, como já

aconteceu, e ocorrer um acidente radioativo, a evacuação da população será

altamente prejudicada. No RIMA não consta a criação de tal rota de fuga.

Apesar dos pontos negativos, a localização de Angra III é viável na cidade

de Angra dos Reis devido a presença de outras duas usinas nucleares na

cidade, que ficam no mesmo complexo em que será construída a terceira

usina, além da possibilidade de fornecer energia para as grandes cidades que

se encontram no entorno, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Page 60: Análise Eia Rima Angra 3

60

10. Identificação e análise das medidas mitigadoras

10.1. Plano de Gestão Ambiental

O Plano de Gestão Ambiental tem o objetivo de auxiliar as organizações

no atendimento e cumprimento de compromissos assumidos com o ambiente

natural, buscando o equilíbrio da proteção ambiental e da prevenção da

poluição com as necessidades econômicas.

O Plano de Gestão Ambiental é importante para que a instituição possa

prever e satisfazer expectativas de desempenho ambiental, assegurar

conformidade com regulamentações nacionais e internacionais, e garantir a

implementação de medidas em situações emergenciais.

Entretanto, esse Plano implica em mudanças políticas, estratégicas,

reavaliação de processos produtivos e principalmente no modo de agir,

principalmente em instalações que operam material nuclear ou radioativo.

10.2. Planos e Programas Ambientais

Os Programas Ambientais buscam minimizar os possíveis impactos com a

construção da Unidade 3 da Central Almirante Álvaro Alberto – CNAAA.

As ações propostas nos programas são de responsabilidade do

empreendedor, Eletronuclear (CNAAA).

Vários programas já estavam em ação antes da construção de Angra 3,

devido as outras duas unidades já estarem em funcionamento. É importante

que esses programas sejam implantados com a participação da sociedade para

garantir um melhor resultado.

Como Angra 3 será instalada dentro da área de propriedade da

Eletronuclear (CNAAA) não ocorrera desapropriações ou remanejamentos de

quaisquer parcelas da população residente na região, o que torna

desnecessário um programa de remanejamento, assim como não se tem um

programa específico para relocação da infraestrutura da região afetada pelo

empreendimento, pois Angra 3 será instalada dentro da área de propriedade da

Page 61: Análise Eia Rima Angra 3

61

Eletronuclear (CNAAA). Dessa maneira, não ocorrerão desapropriações ou

remanejamentos de quaisquer parcelas da população residente na região.

10.2.1. Programa ambiental de construção

Este programa tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento da

construção de Angra 3, controlando todas as atividades relacionadas às obras

em função das questões ambientais e legislação pertinente, procurando evitar

impactos significativos.

Tem como metas estabelecer critérios para atividades de obras, tais

como: localização dos canteiros e prédios de apoio à obra; tratamento e

deposição de entulhos e resíduos sólidos; tratamento adequado dos efluentes

líquidos; controle de possíveis processos erosivos; limpeza do terreno e

terraplanagem; recomposição vegetal; treinamento e qualificação dos

trabalhadores; segurança, saúde no trabalho e meio ambiente (SSTMA).

10.2.2. Programa de controle de impactos geológicos e

geomorfológicos

Para acompanhar a evolução das alterações geológicas e

geomorfológicas é necessário realizar o controle dos taludes marginais, do

lençol freático e das cavidades naturais.

Este programa tem como objetivo monitorar e conter as encostas de

Itaorna, típicas da região da Serra do Mar, que consistem de deslizamentos

provocados por chuvas intensas em solos residuais.

10.2.3. Programa de Observação das Condições Climáticas

Permitir a obtenção de informação e dados meteorológicos confiáveis que

permitam avaliar possíveis consequências radiológicas e ambientais em

condições de acidente e planejar medidas protetoras aos trabalhadores,

população e ao meio ambiente.

Page 62: Análise Eia Rima Angra 3

62

Objetivo de obter dados meteorológicos em tempo real e estabelecimento

de histórico climático para a região do empreendimento para a obtenção de

indicadores, os quais serão utilizados no programa. Os dados meteorológicos

coletados são o vento (direção e velocidade), a temperatura do ar a umidade

relativa e a precipitação.

10.2.4. Programa de Monitoração e Controle da Qualidade das

Águas

A execução deste programa visa manter a qualidade das águas utilizadas

na CNAAA e lançadas ao meio ambiente, em atendimento ás normas vigentes,

com seus respectivos limites, bem como as ações a serem executadas na

ocorrência de não conformidade.

O objetivo do programa, portanto, é monitorar a qualidade das águas

potáveis, servidas, salinas e industriais, nas áreas que possam ser afetadas

pela operação da CNAAA.

10.2.5. Programa de Controle Ambiental da Área da Estação

Ecológica de Tamoios

A Estação Ecológica de Tamoios localiza-se na baía da Ilha Grande, em

Angra dos Reis e na baía de Parati, no Estado do Rio de Janeiro, com objetivo

de proteger uma amostra representativa da Mata Atlântica, fauna terrestre e

marinha, numa região de grande beleza cênica e interesse ecológico.

Em 2000, a FAPUR – Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e

Tecnológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro celebrou

convênio com a Eletronuclear para a elaboração da Fase 1 do Plano de Manejo

da Estação Ecológica de Tamoios. O Plano de Manejo está em fase de análise

pelo Ibama e as ações previstas dependem de aprovação do órgão para que

sejam implementadas.

Dessa maneira, as ações requeridas no Termo de Referência estão

contempladas no Plano de Manejo já elaborado. Entretanto, como o prevê o

Page 63: Análise Eia Rima Angra 3

63

Art. 36 da supracitada Lei, as ações estão associadas à implantação e

manutenção da Unidade de Conservação. Assim, a Eletronuclear continuará a

auxiliar a ESEC Tamoios, na forma de ações de apoio e suporte à Unidade de

Conservação, por meio de seus programas ambientais, principalmente, o de

Educação Ambiental.

10.2.6. Programa de Saúde Pública

A região de Angra dos Reis e Parati está em processo de

desenvolvimento e a instalação de Angra 3 irá aumentar a população,

principalmente durante as obras de construção. Dessa maneira, as ações de

saúde pública se tornam importantes para toda a população residente e futura.

Tem como objetivo dar continuidade à melhoria do atendimento médico

hospitalar da região proporcionado pela empresa à população da microrregião

da baía da Ilha Grande, tanto diretamente em termos ambulatoriais e de

internações através da Fundação Eletronuclear de Assistência Médica – Feam

(Hospital de Praia Brava), quanto indiretamente, através de convênios com as

prefeituras de Angra dos Reis e Parati.

10.2.7. Programa de Controle da Poluição

10.2.7.1. Programa de Gerenciamento de Resíduos Industriais (Não

Radioativo)

Garantir o tratamento e disposição dos resíduos não radioativos gerados

na CNAAA atendendo os padrões estabelecidos pela legislação vigente.

Estabelecer a metodologia de destinação de resíduos sólidos,

semissólidos e líquidos não passíveis de Tratamento convencional,

minimizando a sua geração e priorizando a sua reciclagem.

Page 64: Análise Eia Rima Angra 3

64

10.2.7.2. Programa de Tratamento de Efluentes Líquidos

Convencionais

Necessidade do atendimento absoluto aos limites estipulados nas normas

e padrões vigentes para lançamento de efluentes líquidos convencionais

(rejeitos de processos) no meio ambiente. Aplicar os Tratamentos adequados

aos efluentes líquidos convencionais gerados no empreendimento.

10.2.7.3. Manual de Controle Radiológico do Meio Ambiente

São necessários Relatórios Semestrais de Rejeitos e de Liberação de

Efluentes Radioativos.

10.2.8. Programa de Comunicação Social

Atender as políticas e diretrizes de comunicação social de cada órgão

integrante do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo

Federal – Sicom, que define as ações, metas segmentos de público,

cronogramas de execução e meios de utilizar os recurso necessários. A

Eletronuclear tem como missão ―produzir energia elétrica com elevados

padrões de segurança e eficiência, a custos competitivos, preservando a

capacidade de projetar, construir e gerenciar os seus empreendimentos. Tal

segurança é prioritária e precede a produtividade e a economia, não devendo

nunca ser comprometida por qualquer razão, num profundo respeito ao

trabalhador, à sociedade e ao meio ambiente‖.

Dentro desse contexto, é objetivo fundamental do presente programa

definir e assegurar que sejam implementadas ações necessárias para que a

imagem institucional da Eletronuclear seja efetivamente de uma empresa

reconhecida pelo seu comprometimento com a melhoria da qualidade de vida

da população, a preservação do meio ambiente, e pela excelência de seu

desempenho na geração de uma energia limpa e segura.

Page 65: Análise Eia Rima Angra 3

65

10.2.9. Programa de Educação Ambiental

Despertar a consciência da população para os aspectos ambientais e o

que pode ser feito para preservar/conservar o meio ambiente é de crucial

importância para a diminuição das degradações ambientais nesta microrregião.

Contribuir para a consciência ecológica dos trabalhadores da empresa e

da população localizada na microrregião da baía da Ilha Grande (municípios de

Angra dos Reis e Parati), propiciando o equilíbrio entre o homem e o meio em

que vive e a compatibilização do desenvolvimento tecnológico com a

preservação e conservação ambiental.

10.2.10. Programa de Monitoramento Ambiental

Os programas realizados pela Eletronuclear para monitoramento

ambiental têm a finalidade de avaliar os efeitos ambientais nos períodos pré-

operacional e operacional de Angra 3, bem como das unidades já em

operação. Dessa maneira, são realizadas ações de monitoramento de

parâmetros radiológicos e não-radiológicos, bem como suas frequências de

amostragem, conforme é apresentado nos programas descritos neste capítulo.

O monitoramento da fase pré-operacional já é realizado pela Eletronuclear,

uma vez que as unidades 1 e 2 da CNAAA (Angra 1 e Angra 2) já se

encontram em operação e, para garantir a integridade do meio ambiente, são

realizados os programas de monitoramento ambiental da CNAAA.

Na fase operacional de Angra 3, os programas já em execução para as

outras unidades serão realizados também para monitoramento ambiental das

atividades decorrentes da operação da Unidade 3 da CNAAA (Angra 3).

10.2.11. Programa de Descomissionamento

Em diversos anos de estudos, seguiram-se trabalhos e reavaliações

periódicas com vistas ao Descomissionamento de usinas nucleares. Com a

entrada em operação de Angra 2, implementou-se um processo de

Page 66: Análise Eia Rima Angra 3

66

arrecadação de recursos para o Descomissionamento de Angra 2 à

semelhança do adotado para a primeira usina.

Garantir a proteção da população residente na microrregião da baía da

Ilha Grande e do seu meio ambiente, com relação à radioatividade residual,

bem como os recursos adequados para que o Descomissionamento ocorra de

forma a atender as necessidades ambientais e legais.

10.2.12. Programa de Monitoramento Sismológico Regional

Aprimorar o conhecimento sismotectônico da região através dos registros

de movimentos de baixa intensidade. O monitoramento sísmico da região visa

manter uma base completa e confiável de dados de sismos regionais.

Este programa tem por objetivo dar continuidade ao monitoramento

sísmico da região da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – CNAAA, onde

se localiza a área proposta para a instalação de Angra 3.

10.2.13. Programa de Medida de Temperatura no saco Piraquara de

Fora e Enseada de Itaorna

A execução deste programa visa manter a qualidade das águas salinas

onde ocorre o lançamento de efluentes da CNAAA no meio ambiente, em

atendimento às normas vigentes, com seus respectivos limites.

Objetivo deste programa é monitorar a temperatura das águas no saco

Piraquara de Fora e Itaorna, para o acompanhamento da dispersão térmica das

Unidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – CNAAA.

10.2.14. Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinhas

Atender a legislação ambiental quanto aos critérios de qualidade de água

para preservação de fauna e flora marinha (NT 319 da Feema, DZ 302 –

Padrões de Qualidade dos Corpos D’água segundo os Usos Benéficos).

Page 67: Análise Eia Rima Angra 3

67

Continuidade do Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinha

(PMFFM).

10.2.15. Programa de Medida de Cloro Residual no saco Piraquara

de Fora

A execução deste programa visa manter a qualidade das águas salinas

onde ocorre o lançamento de efluentes da CNAAA no meio ambiente, em

atendimento às normas vigentes, com seus respectivos limites.

O objetivo deste programa é monitorar a concentração de cloro residual

lançada no saco Piraquara de Fora pela água de circulação, de forma a

garantir que os limites estabelecidos pela Feema não sejam ultrapassados.

10.2.16. Programa de Monitoração Ambiental Radiológico

Operacional

Este programa ocorre em função da preocupação da empresa com o

meio ambiente e em atendimento à Legislação ambiental e radiológica

vigentes. Acompanhar os níveis de radiação ambiental em várias matrizes e

meios durante a operação da CNAAA, bem como a comparação com os

valores obtidos no período pré-operacional.

11. Análise da forma de apresentação e conteúdo do RIMA

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de Angra III apresenta

resumidamente as informações contidas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

da usina, todos os impactos e as respectivas medidas mitigadoras são

mostradas, assim como os métodos utilizados para a avaliação. Mas, não

foram citados os estudos pelos quais levaram a implantação da usina nuclear

na cidade de Angra dos Reis, apenas elencaram os motivos.

Por se tratar de um empreendimento de grande interesse público não é

apresentado, em nenhum momento, pesquisas de opinião sobre a implantação

Page 68: Análise Eia Rima Angra 3

68

da usina na região e nem informações de quem são as responsabilidades dos

programas ambientais a serem empregados e onde obter tais informações.

Quanto aos impactos, nem todos tiveram suas reais relevâncias

destacadas e alguns deixaram de ser considerados, como as emissões

atmosféricas na fase de operação.

Com relação ao plano emergencial, a área de evacuação imediata não é

apresentada no RIMA, por ser um documento disponível para a população

essa informação deveria ser citada.

O quadro da equipe técnica mostrou-se incompleto, pois a maioria dos

profissionais citados não possuem a sua área de atuação apresentados, alguns

são qualificados apenas como ―Engenheiro‖.

Quanto a estética, o RIMA não possui sumário, o que dificulta a

localização rápida das informações, e imagens com letras desfocadas, não

permitindo o entendimento das legendas dos mapas.

Sugere-se a inserção dessas informações no RIMA, bem como uma

revisão dos impactos gerados nas fases de instalação e operação. Como o

documento é de 2002, propõem-se uma atualização do EIA, e ressalta-se que

a usina nuclear ainda está na fase de instalação e que sofreu embargo das

obras várias vezes ao longo dos anos.

Page 69: Análise Eia Rima Angra 3

69

12. Análise da equipe de profissionais

Tabela 7: Profissionais e suas competências no empreendimento.

Profissional Atividade desenvolvida

Geólogo

Desenvolve estudos de estrutura e processos que formam o solo, planejamento e avaliação de escavações e construções, riscos de desmoronamentos e deslizamentos.

Biólogo Realiza estudo e levantamento

da fauna e flora.

Engenheiro Civil

Elaboração de projetos e cálculos estruturais para as construções.

Engenheiro Florestal Trabalha para manter as áreas

de unidades de conservação e fiscaliza o uso dessas áreas.

Arquiteto Responsável pelos projetos

arquitetônicos do empreendimento.

Sociólogo Realiza estudo da população

com relação as mudanças em função da implantação do empreendimento.

Técnico Cartográfico Produz mapas e cartas, e é

responsável pelo levantamento topográfico.

Engenheiro Aeronáutico

Estuda os impactos da obra no espaço aéreo da região e a possível relação com os vôos constantes naquela área.

Meteorologista Estuda os fenômenos

atmosféricos que acontecem na área, assim como seu clima.

Físico Nuclear Estuda e analisa as interações

dos núcleos atômicos e a geração da energia nuclear.

Geógrafo Realiza estudos e geração de

mapas, análises de deslizamentos, ocupação desordenada, entre outros.

Físico Realiza estudos do impacto da

radioatividade, seus riscos e probabilidade.

Químico Realiza estudo do impacto da

radioatividade, contaminações, causas e efeitos.

Economista

Estuda e analisa todo impacto que aquele empreendimento terá sobre a economia local direta e indiretamente, entre outros.

Page 70: Análise Eia Rima Angra 3

70

13. Referências bibliográficas

EIA – Estudo de Impacto Ambiental da Unidade 3 da Central Nuclear

Almirante Álvaro Alberto;

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental da Unidade 3 da Central Nuclear

Almirante Álvaro Alberto;

BRITO, C. F.; GODOI, E. I.; RAMOS, G. F.; IZIDORO, J. C.;

POLAKIEIWICZ, L.; SOLDÁ, N.; LA RUBBIA, W. M. Análise de sistemas

de gestão ambiental;

J. R.; ABREU, I. (Org.) Análise de Sistema de Gestão Ambiental. Rio de

Janeiro: Thex, 2008.

MME/EPE - Ministério de Minas e Energia/Empresa de Pesquisa

Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia 2011-2020. Rio de

Janeiro, 2011.

TRAVASSOS, R. C. A. ―Ciclo do combustível nuclear no Brasil:

salvaguardas para a operação de centrais nucleares‖. Apresentação no II

Workshop Internacional ENUMAS 2010: Oportunidades em Atividades

Nucleares no Brasil: Medicina, Agricultura e Indústria. Campinas:

Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP, agosto de 2010.

Lei 10.308 de 20/11/01. Dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o

licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a

responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos

radioativos, e dá outras providências.

Lei 9.765 de 17/12/98. Institui taxa de licenciamento, controle e

fiscalização de materiais nucleares e radioativos e suas instalações.

Lei 6.453 de 17/10/77. Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos

nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com

atividades nucleares e dá outras providências.

Page 71: Análise Eia Rima Angra 3

71

Decreto-Lei 1.982 de 28/12/82. Dispõe sobre o exercício das atividades

nucleares incluidas no monopolio da união, o controle do desenvolvimento

de pesquisas no campo da energia nuclear , e da outras providencias.

TOMMASI, L. R. 1994. Estudo de Impacto Ambiental. 1° ed., São Paulo,

CETESB, 355 p.

FINOTTI, A. R., TEIXEIRA, C. E., POTRICH, A. L. 2007. Avaliação de

impactos ambientais como ferramenta de gestão ambiental aplicada aos

resíduos sólidos do setor de pintura de uma indústria automotiva. Estudos

Tecnológicos em Engenharia. 3 (3): 162-175.

Page 72: Análise Eia Rima Angra 3

72

ANEXOS

Page 73: Análise Eia Rima Angra 3

A M B A M B A M B

Potencialização da suscetibilidade a deslizamentos em áreas de encosta

x x x

Alteração da qualidade das águas x x x

Alteração da qualidade do ar x x x

Ocorrência de processos erosivos x x x

Contaminação do solo por produtos químicos, combustíveis, óleos e graxas

x x x

Pressão para ocupação de áreas protegidas x x x

Redução da cobertura vegetal x x x

Aumento do número de atropelamento de fauna x x x

Alteração da diversidade e abundância das comunidades terrestres

x x x

Modificação da paisagem cênica natural x x x

Evasão da fauna x x x

Aumento no risco de extinção da fauna e flora x x x

Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de saúde

x x x

Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de transportes rodoviários

x x x

Aumento da pressão sobre os serviçoes de infra-estrutura básica de educação

x x x

Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de segurança pública

x x x

Variação da arrecadação tributária x x x

Variação da massa salarial x x x

Variação do dinamismo econômico x x x

Desenvolvimento tecnológico x x x

Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de saneamento

x x x

Ocupação desordenada do solo x x x

Incidência de acidentes de trabalho x x x

Exposição de pessoas a ruídos e vibrações x x x

Acidentes rodoviários x x x

Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos não radioativos

x x x

Desmobilização da mão de obra x x x

ANEXO 1 - Planilha de identificação na fase de instalação

DescriçãoSeveridade Frequência Classificação

Impacto

So

cio

ec

on

ôm

ico

Instalação

Meio

Fís

ico

Bió

tic

o

Fonte/Tarefa

Page 74: Análise Eia Rima Angra 3

Aspecto

A M B A M B A M B

Alteração da qualidade do ar x x x

Alteração da qualidade da água x x x

Alteração do ecossitema marinho x x x

Variação da diversidade e abundância das comunidades aquáticas marinhas

x x x

Confiabilidade do setor elétrico x x x

Auto-suficiência de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro

x x x

Variação da arrecadação tributária x x x

Variação da massa salarial x x x

Variação do dinamismo econômico x x x

Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de rejeitos radioativos

x x x

Desenvolvimento tecnológico x x x

Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos não radioativos

x x x

ANEXO 2 - Planilha de identificação na fase de operação

Impacto

DescriçãoSeveridade Frequência Classificação

Fís

ico

Bió

tico

So

cio

eco

mic

o

Operação

Fonte/Tarefa Meio

Page 75: Análise Eia Rima Angra 3

Ações

Po

ten

cia

liza

çã

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a s

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ilid

ad

e a

de

sliz

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Ocupação desordenada do solo 4 2 0 2 0 2 4 0 5 5 3 0 2 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 35

Produção de efluentes sanitários e

águas de serviços0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4

Geração de poeiras, material

particulado, gases e fumaça0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7

Obras de construção e montagem

do empreendimento, principalmente

na fase de preparo do terreno e

instalação do canteiro de obras

0 0 2 4 0 4 4 2 2 3 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 2 0 2 34

Geração de efluentes contaminados 0 2 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5

Intensificação do tráfego de veículos 0 0 0 0 2 0 0 5 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4 0 0 18

Redução da cobertura vegetal 0 0 0 0 0 0 4 0 4 4 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20

Redução cênica natural 0 0 0 2 0 2 2 2 2 4 4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20

Variação da diversidade e

abundância das cominudades

terrestres

0 0 0 2 0 0 2 2 2 3 3 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18

Contratação de trabalhadores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 0 0 0 0 4 47

Geração de ruídos e vibrações 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4

Geração de resíduos sólidos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 4

216

ANEXO 3 - Matriz de Leopold sem medidas de controle na fase de instalação

TOTAL

To

tal P

arc

ial

Físico Biótico Socioeconômico

ImpactoFase de Instalação

Page 76: Análise Eia Rima Angra 3

Ações

Po

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Produção de efluentes sanitários e

águas de serviços0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Geração de poeiras, material

particulado, gases e fumaça0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5

Obras de construção e montagem

do empreendimento, principalmente

na fase de preparo do terreno e

instalação do canteiro de obras

0 0 1 3 0 3 3 1 1 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 0 1 21

Geração de efluentes contaminados 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Intensificação do tráfego de veículos 0 0 0 0 1 0 0 5 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0 14

Redução da cobertura vegetal 0 0 0 0 0 0 3 0 3 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15

Redução cênica natural 0 0 0 1 0 1 1 1 1 3 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12

Variação da diversidade e

abundância das cominudades

terrestres

0 0 0 1 0 0 1 1 1 2 2 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11

Contratação de trabalhadores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 3 3 3 3 5 5 5 0 0 0 0 3 39

Geração de ruídos e vibrações 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 3

Geração de resíduos sólidos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 3

154

ANEXO 4 - Matriz de Leopold com medidas de controle na fase de instalação

Fase de InstalaçãoImpacto

To

tal P

arc

ial

Físico Biótico Socioeconômico

TOTAL

Page 77: Análise Eia Rima Angra 3

Ações

Alte

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Geração de efluentes líquidos 0 0 4 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 12

Geração de emissões atmosféricas 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4

Alteração da qualidade das águas 0 0 4 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 12

Alteração do ecossistema marinho 0 0 2 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 10

Funcionamento das caldeiras 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4

Geração de energia elétrica 0 4 0 0 0 4 4 2 2 0 4 0 4 24

Contratação de trabalhadores para a operação do empreendimento

0 0 0 0 0 0 0 4 4 4 0 0 0 12

Produção de rejeitos sólidos radioativos e não radioativos

0 5 3 2 2 0 0 0 0 0 5 0 4 21

99

ANEXO 5 - Matriz de Leopold sem medidas de controle na fase de operação

To

tal

Pa

rcia

l

Fase de operação

TOTAL

Impacto

Físico Biótico Socioeconômico

Page 78: Análise Eia Rima Angra 3

Ações

Alte

raçã

o d

a q

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de

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as

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s

Co

nfia

bili

da

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o

Au

to-s

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ên

cia

de

en

erg

ia e

létr

ica

do

Est

ad

o

do

Rio

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Va

ria

ção

da

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ção

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l

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Au

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ge

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de

re

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lido

s n

ão

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ativ

os

Geração de efluentes líquidos 0 0 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 9

Geração de emissões atmosféricas 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Alteração da qualidade das águas 0 0 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 9

Alteração do ecossistema marinho 0 0 1 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 7

Funcionamento das caldeiras 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Geração de energia elétrica 0 3 0 0 0 3 3 1 1 0 3 0 3 17

Contratação de trabalhadores para a operação do empreendimento

0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 0 0 0 9

Produção de rejeitos sólidos radioativos e não radioativos

0 5 2 1 1 0 0 0 0 0 5 0 3 17

74

ANEXO 6 - Matriz de Leopold com medidas de controle na fase de operação

TOTAL

Fase de operaçãoImpacto

To

tal

Pa

rcia

l

Físico Biótico Socioeconômico