Download - Análise Eia Rima Angra 3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
FAENG - FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E
URBANISMO E GEOGRAFIA
ANDRÉ ALMAGRO
CAROLINE ALVES GIL DA COSTA
ERIKA BASTOS DE REZENDE
PRISCILA GUENKA SCARCELLI
Análise do EIA/RIMA da Unidade 3 da Central Nuclear
Almirante Álvavo Alberto – Angra 3
CAMPO GRANDE - MS
2014
ANDRÉ ALMAGRO
CAROLINE ALVES GIL DA COSTA
ERIKA BASTOS DE REZENDE
PRISCILA GUENKA SCARCELLI
Análise do EIA/RIMA da Unidade 3 da Central Nuclear
Almirante Álvavo Alberto – Angra 3
Campo Grande - MS
2014
Trabalho desenvolvido durante a
disciplina de Avaliação de Impactos
Ambientais como parte da avaliação
referente ao nono semestre do Curso
de Graduação em Engenharia
Ambiental da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.
Professora:
Dra. Cláudia Gonçalves Vianna Bacchi
3
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... 6
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... 7
1. Identificação do empreendedor ........................................................................................ 8
2. Identificação do empreendimento .................................................................................... 9
2.1. Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto .................................................................. 9
2.2. Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – Angra 3 ........................... 10
2.2.1. Reatores PWR .................................................................................................. 11
3. Localização do empreendimento ..................................................................................... 13
4. Justificativa do empreendimento .................................................................................... 14
4.1. Justificativas técnicas ............................................................................................... 14
4.2. Justificativas econômicas ......................................................................................... 16
4.3. Justificativas socioambientais .................................................................................. 17
4.4. Justificativas locacionais .......................................................................................... 19
5.1. Área de influência indireta – AII ............................................................................... 21
5.2. Áreas de influência direta – AID ............................................................................... 23
6. Caracterização do local do empreendimento ................................................................... 24
6.1. Meio físico ............................................................................................................... 24
6.1.1. Clima ............................................................................................................... 24
6.1.2. Geologia .......................................................................................................... 25
6.1.3. Geomorfologia ................................................................................................. 25
6.1.4. Solos ................................................................................................................ 26
6.1.5. Recursos hídricos ............................................................................................. 27
6.1.6. Qualidade do ar ............................................................................................... 27
6.2. Meio biótico ............................................................................................................ 27
6.2.1. Flora ................................................................................................................ 27
6.2.1.1. Floresta Atlântica ..................................................................................... 28
6.2.1.2. Restingas .................................................................................................. 29
6.2.1.3. Manguezais .............................................................................................. 30
6.2.2. Fauna terrestre ................................................................................................ 31
6.2.2.1. Herpetofauna ........................................................................................... 31
6.2.2.2. Avifauna ................................................................................................... 31
6.2.2.3. Mastofauna .............................................................................................. 32
6.2.3. Fauna aquática................................................................................................. 33
4
6.2.3.1. Cetáceos .................................................................................................. 33
6.2.3.2. Quelônios ................................................................................................. 33
6.2.3.3. Peixes ....................................................................................................... 34
6.2.3.4. Unidades de conservação ......................................................................... 34
6.3. Meio socioeconômico .............................................................................................. 35
6.3.1. Patrimônio arqueológico, natural e cultural ..................................................... 35
6.3.2. Terras indígenas ............................................................................................... 37
6.3.3. Dinâmica populacional ..................................................................................... 37
6.3.4. Infraestrutura .................................................................................................. 38
6.3.4.1. Angra dos Reis .......................................................................................... 38
6.3.4.2. Paraty ...................................................................................................... 40
6.3.5. Turismo ........................................................................................................... 42
7. Legislação incidente ........................................................................................................ 43
7.1. Disposições gerais.................................................................................................... 43
7.2. Impacto ambiental................................................................................................... 49
7.3. Lançamento de efluentes em corpos de água receptores ......................................... 50
7.4. Monitoramento da fauna e flora marinha ................................................................ 51
7.5. Resíduos Industriais ................................................................................................. 51
8. Impactos ambientais ....................................................................................................... 51
8.1. Fase de Implantação ................................................................................................ 51
8.1.1. Meio Físico....................................................................................................... 51
8.1.2. Meio Biótico: ................................................................................................... 52
8.1.3. Meio Socioeconômico: ..................................................................................... 53
8.2. Fase de Operação .................................................................................................... 55
8.2.1. Meio Físico:...................................................................................................... 55
8.2.2. Meio Biótico: ................................................................................................... 56
8.2.3. Socioeconômico: .............................................................................................. 56
9. Avaliação de Impactos Ambientais .................................................................................. 57
10. Identificação e análise das medidas mitigadoras .......................................................... 60
10.1. Plano de Gestão Ambiental .................................................................................. 60
10.2. Planos e Programas Ambientais ........................................................................... 60
10.2.1. Programa ambiental de construção .................................................................. 61
10.2.2. Programa de controle de impactos geológicos e geomorfológicos .................... 61
10.2.3. Programa de Observação das Condições Climáticas ......................................... 61
5
10.2.4. Programa de Monitoração e Controle da Qualidade das Águas ........................ 62
10.2.5. Programa de Controle Ambiental da Área da Estação Ecológica de Tamoios..... 62
10.2.6. Programa de Saúde Pública .............................................................................. 63
10.2.7. Programa de Controle da Poluição ................................................................... 63
10.2.7.1. Programa de Gerenciamento de Resíduos Industriais (Não Radioativo) .... 63
10.2.7.2. Programa de Tratamento de Efluentes Líquidos Convencionais ................ 64
10.2.7.3. Manual de Controle Radiológico do Meio Ambiente ................................. 64
10.2.8. Programa de Comunicação Social ..................................................................... 64
10.2.9. Programa de Educação Ambiental .................................................................... 65
10.2.10. Programa de Monitoramento Ambiental ...................................................... 65
10.2.11. Programa de Descomissionamento .............................................................. 65
10.2.12. Programa de Monitoramento Sismológico Regional ..................................... 66
10.2.13. Programa de Medida de Temperatura no saco Piraquara de Fora e Enseada
de Itaorna 66
10.2.14. Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinhas.................................. 66
10.2.15. Programa de Medida de Cloro Residual no saco Piraquara de Fora ............... 67
10.2.16. Programa de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional .................... 67
11. Análise da forma de apresentação e conteúdo do RIMA .............................................. 67
12. Análise da equipe de profissionais ............................................................................... 69
13. Referências bibliográficas ............................................................................................ 70
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados do empreendedor. Fonte: Eletronuclear. ......................................................... 8
Tabela 2: Dados operacionais de Angra 3. Fonte: Eletronuclear. .............................................. 10
Tabela 3: Relação entre o combustível utilizado e a produção de energia. Fonte: Eletronuclear.
............................................................................................................................................... 16
Tabela 4: Relação entre o tipo de usina e a área demandada. ................................................. 19
Tabela 5: Cidades abrangidas nas áreas de influência. Fonte: O Autor. .................................... 22
Tabela 6: Classificação do impacto. Fonte: O Autor. ................................................................ 58
Tabela 7: Profissionais e suas competências no empreendimento. .......................................... 69
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Central NuclearAlmirante Álvaro Alberto - CNAAA. Fonte: Nuclebrás Engenharia S.A. . 9
Figura 2: Arranjo geral da Unidade 3 da CNAAA. Fonte: Eletronuclear. .................................... 11
Figura 3: Reator PWR. Fonte: HyperPhysics ............................................................................. 12
Figura 4: Corte do edifício do reator. Fonte: Eletronuclear. ..................................................... 12
Figura 5: Mapa de localização das unidades nucleares 1, 2 e 3 da CNAA. Fonte: O
Autor/Google/Eletronuclear. .................................................................................................. 13
Figura 6: Áreas de influência do empreendimento. Fonte: Eletronuclear. ................................ 21
Figura 7: Área de influência indireta do empreendimento. Fonte: Eletronuclear. .................... 22
Figura 8: Áreas de influência direta do empreendimento. Fonte: O Autor/Google. .................. 23
Figura 9: Serra da Bocaina e Serra da Mantiqueira. Fonte: Eletronuclear. ................................ 26
Figura 10: Floresta atlântica. Fonte: Catuí. .............................................................................. 28
Figura 11: Restinga. Fonte: J. F. Matulja .................................................................................. 29
Figura 12: Manguezais. Fonte: USP/ESALQ .............................................................................. 30
Figura 13: Não-pode-parar (Phylloscartes paulistus) e Pato-do-mato (Cairina moschata). Fonte:
SIB - Argentina ........................................................................................................................ 32
Figura 14: Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae). Fonte: Viva a Terra. ............................... 33
Figura 15: Vila histórica de Mambucaba e artefatos indígenas. Fonte: IPHAN. ......................... 37
Figura 16: Angra dos Reis. Fonte: Google ................................................................................ 39
Figura 17: Paraty. Fonte: Google ............................................................................................. 41
Figura 18: Atrações turística de Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis. Fonte: Angraonline ... 42
8
1. Identificação do empreendedor
Tabela 1: Dados do empreendedor. Fonte: Eletronuclear.
Razão Social Eletrobrás Termonuclear S.A. - Eletronuclear
Registro Legal (CNPJ) 42.540.211/0001-67
Endereço
Sede: Rua da Candelária, nº 65, Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP: 20.091-020 CNAAA: Rodovia Rio-Santos (BR-101) km 522 – Itaorna – Angra dos Reis –RJ CEP: 23.900-000
Telefone/Fax Sede: (21) 2588-7000 / 2588-7200 CNAAA: (24) 3362-9000
Representantes Legais
Paulo Roberto Almeida Figueiredo Diretor Presidente CPF: 378.777.477-72 E-mail: [email protected] Luiz Rondon Teixeira de Magalhães Filho Diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente CPF: 029.773.698-13 E-mail: [email protected] Pedro José Diniz de Figueiredo Diretor de Operação e Comercialização CPF: 020.040.627-20 E-mail: [email protected] Luiz Soares Diretor Técnico CPF: 546.971.157-91 E-mail: [email protected] José Marcos Castilho Diretor de Administração e Finanças CPF: 613.896.767-49 E-mail: [email protected]
Cadastro Técnico Federal - IBAMA 54222
9
2. Identificação do empreendimento
2.1. Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
O almirante e pesquisador Álvaro Alberto da Mota dá nome à Central
Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAA), um complexo nuclear formado pelo
conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e obras da usina nuclear
Angra 3. Localiza-se às margens da rodovia Rio-Santos, no município de Angra
dos Reis, Rio de Janeiro e é de propriedade da Eletronuclear, subsidiária das
Centrais Elétricas Brasileiras – Eletrobrás e gera cerca de 3.000 empregos
diretos e 10.000 indiretos.
A CNAAA tem uma área de aproximadamente 1.250 ha e além das usinas
Angra 1 e 2 e das obras da Usina Angra 3, a área da Central abriga, ainda,
duas subestações elétricas (138 e 500 kV) operadas por Furnas Centrais
Elétricas S.A., os depósitos de armazenamento de rejeitos de baixa e média
radioatividade e diversas instalações auxiliares (prédios de engenharia,
almoxarifados etc.).
A potência total das usinas é de 2007 MW, dos quais 657MW em Angra 1
e 1350MW em Angra 2. Adicionalmente, a usina nuclear Angra 3 terá
capacidade maior que a Angra 2 e entrada em operação prevista para 2018.
Nas cercanias da Central, existem, ainda, as vilas residenciais de Praia
Brava e Mambucaba, que abrigam os operadores das usinas, além de
laboratórios de monitoração ambiental, centros de treinamento e hospitais.
Figura 1: Central NuclearAlmirante Álvaro Alberto - CNAAA. Fonte: Nuclebrás Engenharia S.A.
10
2.2. Unidade 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – Angra 3
A Unidade 3 da CNAAA – Angra 3 será a terceira unidade nuclear
presente no CNAAA e é o segundo resultado do acordo nuclear Brasil-
Alemanha, seguindo os mesmos padrões tecnológicos e operacionais de Angra
2. Angra 3 utilizará um reator do tipo PWR, desenvolvido pela Siemens-KWU,
com capacidade de 1350 MW.
Tabela 2: Dados operacionais de Angra 3. Fonte: Eletronuclear.
Tipo de Reator PWR – Pressurized Water Reactor
Fabricante/fornecedor GHH – Gutehoffnunsghütte/KWU
Combustível Urânio enriquecido
Procedência Alemanha
Potência Térmica do Reator 3.765 MWt
Potência Elétrica da Usina 1.350 MWe
Eficiência da Usina Aproximadamente 34%
Vida Útil da Usina 40 anos
Angra 3 teve suas obras iniciadas em junho de 1984, mas em abril de
1986 suas obras foram paralisadas por questões ambientais e econômicas.
Nos dois primeiro anos de obras foram investidos aproximadamente US$750
milhões na aquisição dos equipamentos necessários a sua execução. Em
2010, Angra 3 retomou suas obras e estima-se que durante os 24 anos de
obras paralisadas, tenham sido gastos aproximadamente US$20 milhões ao
ano para a manutenção e armazenamento dos equipamentos adquiridos na
década de 1980. Hoje, Angra 3 tem previsão de fim de obras e pleno
funcionamento para o ano de 2018.
O projeto de Angra 3 prevê a construção de vários edifícios e estruturas
de apoio, distribuídos conforme mostrado na Planta - Arranjo Geral da Unidade
3 da CNAAA - Angra 3, apresentada na Figura 2.
11
Figura 2: Arranjo geral da Unidade 3 da CNAAA. Fonte: Eletronuclear.
2.2.1. Reatores PWR
Os PWR, Pressurized Water Reactor (em português, Reatores de Água
Pressurizada) são os reatores que utilizam o urânio enriquecido e moderado e
são arrefecidos utilizando água leve (H2O) pressurizada. A água que passa
pelo reator é aquecida a uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não
entre em ebulição aos 100 graus Celsius, ela é mantida sob forte pressão.
Em outro equipamento, denominado gerador de vapor, há uma troca de
calor entre o circuito primário e o circuito secundário, que são independentes
entre si: a água do circuito primário não entra em contato com a do circuito
secundário, pois circulam por tubulações diferentes. Com a troca de calor, a
água do circuito secundário é vaporizada, movimentando a seguir, por pressão,
as palhetas da turbina (a uma velocidade que pode atingir 1.800 rotações por
minuto), que por sua vez, aciona o gerador elétrico. Depois de passar pela
turbina, o vapor do circuito secundário vai para um condensador, onde é
refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro circuito. Também não há
qualquer contato direto entre a água do circuito secundário e a água do mar,
que vem pelo sistema de água de circulação - circuito terciário.
12
A montagem desses três circuitos é feita de maneira a impedir o contato
da água radioativa, que passa pelo reator, com as demais. O risco de
contaminação da água que é devolvida ao mar é minimizado, pois, para ser
contaminada, teria de haver um rompimento do circuito primário; em seguida o
do circuito secundário; e mais adiante o rompimento o circuito terciário para
que então as águas viessem a se misturar.
Figura 3: Reator PWR. Fonte: HyperPhysics
O Edifício do Reator, formado pela estrutura interna (UJA) e pela estrutura
externa (Reator-Annulus - UJB), será de concreto armado com 60,40 m de
diâmetro externo e 0,60 m de espessura, que envolve a esfera de contenção e
abriga o sistema de resfriamento de emergência do núcleo. A edificação está
projetada para constituir uma barreira biológica à radiação ionizante durante a
operação normal da usina e em casos de acidente, bem como para proteger a
esfera de contenção de ventanias, tempestades, ondas de pressão de
explosão e terremotos.
Figura 4: Corte do edifício do reator. Fonte: Eletronuclear.
60,40 m
13
3. Localização do empreendimento
Angra 3 será implantada na CNAAA, que situa-se às coordenadas
geográficas 23°0'32.77"S e 44°28'10.81"O, no distrito de Cunhambebe,
município de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, cerca de 133 km da
cidade do Rio de Janeiro, 216 km da cidade de São Paulo e 343 km de Belo
Horizonte. A Central Nuclear, com área aproximada de 1.250 ha, tem seus
lados norte, leste e oeste parcialmente protegidos por montanhas com
elevações que variam entre 200 e 700 metros. O lado sul está voltado para o
mar - Baía da Ilha Grande.
O principal acesso rodoviário ao local é a rodovia federal BR-101 (Rio-
Santos), que faz a ligação com a cidade do Rio de Janeiro. O acesso à cidade
de São Paulo é feito inicialmente pela BR-101, até Caraguatatuba, no Estado
de São Paulo, daí pela rodovia estadual SP-99, até São José dos Campos, e
em seguida pela rodovia federal BR-116, até a capital do Estado. Essas
ligações permitem o acesso rodoviário ao restante do país.
Figura 5: Mapa de localização das unidades nucleares 1, 2 e 3 da CNAA. Fonte: O Autor/Google/Eletronuclear.
Angra 3
Angra 1
Angra 2
14
4. Justificativa do empreendimento
A característica fundamental do Sistema Elétrico Brasileiro, que o
particulariza e o diferencia de outros países, é que quase 90% da capacidade
de geração instalada é de origem hidráulica, chegando a 95%, se for
considerada a produção efetiva média de energia elétrica no País. Essas
proporções devem permanecer em patamares elevados, nos horizontes de
curto e médio prazo, em razão da melhor competitividade econômica da
geração por hidroeletricidade frente a outros insumos energéticos.
Fato é que as fontes hídricas mais econômicas e mais próximas às
regiões de maior consumo - Sudeste e Sul - já vêm sendo utilizadas em sua
maior parte e tendem a se esgotar no médio prazo. As grandes reservas
disponíveis encontram-se localizadas na Região Amazônica, cujo
aproveitamento exigirá gastos consideráveis na implantação, e na construção
de linhas de transmissão, que, devido à distância aos grandes centros
consumidores, acarretarão significativas perdas de energia, contribuindo para
aumentos de custos. No tocante à evolução do consumo brasileiro de
eletricidade, pode-se inferir que a taxa de crescimento do consumo de energia
elétrica será superior àquela que representa o crescimento econômico.
Visando garantir suprimentos que correspondam a esse crescimento de
consumo projetado, o Governo busca formas de diversificar a matriz elétrica
nacional. Uma opção para a diversificação da matriz é a utilização de fontes
térmicas convencionais, representadas principalmente pelo carvão mineral,
pelos derivados do petróleo, pelo gás natural e pelo urânio.
4.1. Justificativas técnicas
Das usinas que utilizam fontes renováveis, as hidrelétricas são a única
opção viável técnica e economicamente para a geração de grandes blocos de
energia elétrica firme. As demais, em que pese a possibilidade de seu emprego
para o atendimento a pequenas demandas em regiões que possuam condições
naturais adequadas, não são uma opção garantida de produção contínua de
energia elétrica. A luz solar e os ventos são intermitentes, exigindo nas usinas
15
uma capacidade extra de acumulação de energia, para que o fornecimento seja
confiável. Por sua vez a biomassa requer uma área de extensão considerável
(400.000 ha para cada 1.000 MWe gerados) para o plantio de árvores. A
geração de energia a partir das marés ainda não dispõe de tecnologia
suficientemente aprimorada.
Das usinas que utilizam fontes não renováveis, as opções óbvias no caso
do Brasil são as usinas nucleares e a gás natural, tendo em vista as limitações
das reservas nacionais dos outros combustíveis fósseis e a existência de
reservas significativas, além de comprovadas, de gás natural e de urânio.
A fonte térmica para a geração de energia elétrica nas usinas nucleares é
o urânio, sendo que os reatores tanto podem utilizar nêutrons térmicos, de
baixa energia cinética, quanto nêutrons rápidos, de alta energia.
Os reatores nucleares térmicos (que funcionam com os nêutrons
térmicos) são os mais comuns, e são classificados segundo os materiais
utilizados como combustível, para a sua refrigeração e como moderador de
nêutrons.
As usinas PWR, especialmente as projetadas e construídas pela
Siemens/KWU, têm apresentado um ótimo desempenho operacional, tanto no
que diz respeito à quantidade de energia elétrica gerada, quanto em relação ao
fator de disponibilidade acumulado. As dez maiores usinas geradoras de
energia elétrica nuclear do mundo são do tipo PWR, sendo que as três
primeiras delas e outras cinco são usinas alemãs da Siemens/KWU.
A maior aceitação dos reatores do tipo PWR é atribuída à sua
confiabilidade, proporcionada pelo rigor dos princípios de segurança que são
aplicados ao projeto, à operação e à manutenção das usinas, e a
economicidade, proporcionada pela economia de escala decorrente da
construção de reatores de grande porte, pela padronização e a conseqüente
redução do tempo de construção, licenciamento e por sua estrutura
relativamente simples e compacta, graças à utilização de urânio enriquecido
como combustível e às propriedades térmicas e neutrônicas favoráveis da água
leve, usada simultaneamente como refrigerante e moderador.
16
Quanto à segurança na geração nuclear, cabe salientar que por todo o
exposto acima e tendo em vista a experiência de países tecnologicamente mais
adiantados, como Estados Unidos, França, Japão e Alemanha, a adoção pelo
Brasil de usinas dotadas de reatores do tipo PWR é a mais correta.
4.2. Justificativas econômicas
A justificativa econômica para a construção de Angra 3 pode ser
sumarizada nos seguintes aspectos:
• Orçamento para conclusão compatível e comparável àqueles oriundos
da implantação de usinas nucleares de mesmo porte no exterior.
• Recuperação econômica dos investimentos já realizados em Angra 3
(cerca de US$ 750 milhões).
• Interrupção do processo de gastos anuais sem retorno, da ordem de
US$ 20 milhões, para a estocagem e conservação de equipamentos e outras
despesas (seguros, estruturas, etc.).
• Custo de geração, de acordo com estudos realizados por consultores
externos (Fusp, Coppetec e Mercados de Energia) compatível com os de
usinas térmicas a gás natural e inferior aos de outras energias alternativas
(carvão, biomassa e eólica).
Tabela 3: Relação entre o combustível utilizado e a produção de energia. Fonte: Eletronuclear.
Combustível Produção em kWh
1 kg de madeira 2
1 kg de carvão 3
1 kg de óleo 4
1 m³ de gás natural 6
1 kg de urânio natural 60.000
• Minimização, comparativamente à geração térmica a gás natural, do
risco cambial e do impacto na balança de pagamento, devido a:
17
- uso de combustível de baixo custo e que apresenta somente uma
pequena parcela da sua composição em moeda estrangeira.
- maior parcela do investimento ainda a ser realizada em moeda
nacional.
- aumento da demanda na NUCLEP (fábrica de equipamentos pesados,
criada no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, localizada em Itaguaí,
RJ), impulsionando sua viabilidade econômica e reduzindo os gastos com
recursos orçamentários do Tesouro Nacional.
- aumento de encomendas em fabricantes e construtores nacionais, com
a conseqüente criação de empregos.
• Aumento da receita e garantia de escala econômica a Indústrias
Nucleares do Brasil S.A. - INB, fabricante do combustível nuclear.
• Desoneração do Tesouro Nacional do custeio às atividades operacionais
da INB.
• Utilização do urânio, matéria prima estratégica nacional, beneficiada no
país, cujas reservas são a sexta maior em nível mundial.
4.3. Justificativas socioambientais
As fontes com maior potencial de geração hídrica encontram-se na
Amazônia, que reúne cerca de 43% do potencial hidrelétrico nacional. Nessa
região, que abrange as regiões Norte e Centro-Oeste do país, os rios são
caudalosos e a superfície é bastante plana. Qualquer barragem inundaria
grandes áreas, exigiria a desapropriação de grandes extensões de terras e o
deslocamento das populações nelas instaladas. Além disso, a Amazônia
concentra uma enorme riqueza biológica e uma grande área de terras
indígenas. Assim, a formação de grandes reservatórios certamente traria
consequências negativas para o meio ambiente e comunidades que ali vivem.
As dificuldades para a implantação de usinas hidrelétricas na Amazônia
são de ordens técnica, econômica e ambiental, aí incluindo-se dificuldades de
18
licenciamento, morosidade na obtenção da emissão de posse das propriedades
a serem inundadas e impossibilidade de inundar terras indígenas sem a
aprovação do Congresso, o que desestimula a participação do setor privado
nesses empreendimentos. Assim, as fontes térmicas convencionais e
nucleares de energia constituem opções viáveis para complementar a
demanda, em especial nos períodos hidrologicamente desfavoráveis, ou para o
atendimento localizado em períodos de restrições à transmissão de energia
elétrica.
A utilização de combustíveis fósseis no mundo tem provocado impactos
ambientais negativos, entre os quais o efeito estufa - provocado pela emissão
de dióxido de carbono ou gás carbônico, metano e óxido nitroso - e a chuva
ácida, provocada pelas emissões de dióxido e trióxido de enxofre e de óxidos
de nitrogênio. O fato de as usinas nucleares não emitirem qualquer desses
gases é importante na comparação com outras fontes térmicas de energia.
Em relação às usinas termelétricas a carvão, a fonte de geração de
energia elétrica mais utilizada no mundo e responsável por cerca de 40% de
toda a energia elétrica gerada no planeta, as vantagens das usinas nucleares
em termos ambientais são significativas. Em comparação com uma usina
termelétrica moderna, que utiliza carvão pulverizado e técnicas avançadas de
redução de emissão de poluentes, uma usina nuclear do porte de Angra 3
evitará a emissão anual para a atmosfera de cerca de 2,3 mil toneladas de
material particulado, 14 mil toneladas de dióxido de enxofre, 7 mil toneladas de
óxidos de nitrogênio e 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Em
comparação com uma usina termelétrica a gás, as emissões anuais evitadas
por uma usina nuclear do porte de Angra 3 seriam de cerca de 30 toneladas de
dióxido de enxofre, 12,7 mil toneladas de óxidos de nitrogênio e 5 milhões de
toneladas de dióxido de carbono.
Outro aspecto a ser considerado é a área necessária para a implantação
de cada tipo de usina. Para efeito de comparação, a Tabela 3 apresenta as
áreas aproximadas requeridas para a implantação de usinas que utilizam
fontes de geração renováveis e não renováveis, com 1.000 MWe de
capacidade, verificando-se que as primeiras exigem áreas muito maiores que
as segundas, acarretando, conforme o caso, gastos com desapropriações e
19
com indenização de benfeitorias, deslocamento de população, alagamento de
áreas naturais ou produtivas e descaracterização da flora e da fauna, com
impactos sociais e biológicos significativos.
Tabela 4: Relação entre o tipo de usina e a área demandada.
Fonte de energia Tipo de usina Área necessária (ha)
Renováveis
Hidrelétrica 25.000
Solar 5.000
Eólica 10.000
Biomassa plantada 400.000
Não renováveis Óleo e carvão 100
Nuclear 50
No caso de Angra 3 em particular, há uma vantagem adicional, que é o
fato de a usina estar projetada para ser implantada em local onde já se
encontram em operação duas outras usinas nucleares, que dispõem de
pessoal e população com cultura consolidada em termos de proteção e
segurança, e com cerca de 30 anos de experiência técnica na área.
4.4. Justificativas locacionais
Desde o início da implantação de usinas nucleares no Brasil, a área
ocupada pela CNAAA foi dimensionada para comportar três unidades, duas
das quais - Angra 1 e Angra 2 - já se encontram em operação. A terceira será
Angra 3.
A escolha final do sítio de Angra 1, precedida de estudo de alternativas ao
longo do litoral, de dezoito meses de duração, obedeceu à "Norma para
Escolha de Locais para Instalação de Reatores de Potência", objeto da
Resolução CNEN - 09/69, de 25 de junho de 1969.
De acordo com a referida Norma, a seleção do local envolveu, entre
outros, estudos relacionados à topografia, uso da terra e da água, hidrografia,
oceanografia, meteorologia, geologia e sismologia, e contou com a assessoria
20
técnica das firmas norte-americanas Nuclear Utility Services Corp. (NUS)
e Weston Geophysical Research Inc. e do professor George Virsch, do
Departamento de Geociências da Universidade Cornell, dos Estados Unidos.
Itaorna, localizada no município de Angra dos Reis, Estado do Rio de
Janeiro, foi escolhida por estar situada em uma baía protegida, em área de
baixa densidade populacional, de condições geológicas favoráveis e próxima
dos centros de abastecimento e consumo.
A implantação das três unidades no mesmo local objetivou maximizar o
aproveitamento da infraestrutura necessária ao funcionamento das usinas,
incluindo os recursos logísticos, técnicos e de mão-de-obra especializada.
Além disso, a CNAAA se encontra a 190 km da Fábrica de Elementos
Combustíveis (FEC) do Complexo Industrial de Resende (CIR), pertencente às
Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e próxima dos principais centros
consumidores de energia elétrica do país (133 km da cidade do Rio de Janeiro,
216 km da cidade de São Paulo e 343 km da cidade de Belo Horizonte).
5. Áreas de influência do empreendimento
A área de influência de um empreendimento para um estudo ambiental
pode ser descrita como o espaço passível de alterações em seus meios físico,
biótico e/ou socioeconômico, decorrentes da sua implantação e/ou operação. A
delimitação das áreas de influência é determinante para todo o trabalho, uma
vez que somente após esta etapa, é possível orientar-se as diferentes análises
temáticas a serem efetuadas, bem como avaliar a intensidade dos impactos e a
sua natureza.
Na definição das áreas de estudo, foram levadas em conta, entre outras,
as seguintes variáveis:
Características e abrangência da Unidade 3 da CNAAA - Angra 3;
Bacias hidrográficas;
Planaltimetria da região;
21
Dados meteorológicos;
Rede de pontos do sistema de monitoração pré-operacional e
operacional da CNAAA;
Experiências de estudos ambientais anteriores Angra 2);
Plano de Ação de Emergência da CNAAA;
Possíveis interferências com as comunidades do entorno; e
Legislação ambiental pertinente.
Figura 6: Áreas de influência do empreendimento. Fonte: Eletronuclear.
5.1. Área de influência indireta – AII
A AII, para este estudo, foi definida como a área limitada por uma
circunferência de raio 50 quilômetros (AII – 50 km) e centro no local previsto
para a construção do reator da Unidade 3 da CNAAA.
22
Nos estudos do meio socioeconômico, a AII abrangeu parcialmente ou
totalmente a área de 14 municípios, pertencentes aos Estados do Rio de
Janeiro e de São Paulo: Ubatuba, Cunha, Lorena, Silveiras, Areias, São José
do Barreiro, Arapeí e Bananal, integrantes da mesorregião Vale do Paraíba
Paulista, e Parati, Angra dos Reis, Rio Claro, Barra Mansa e Resende,
pertencentes à mesorregião Sul Fluminense e Mangaratiba que pertence a
mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro.
Tabela 5: Cidades abrangidas nas áreas de influência. Fonte: O Autor.
Rio de Janeiro São Paulo
Angra dos Reis Arapeí
Barra Mansa Areias
Mangaratiba Bananal
Parati Cunha
Resende Lorena
Rio Claro São José do Barreiro
Silveiras
Ubatuba
Figura 7: Área de influência indireta do empreendimento. Fonte: Eletronuclear.
23
5.2. Áreas de influência direta – AID
Para este estudo, foram definidas duas áreas de influência direta. As
duas, limitadas por circunferências centradas no local previsto para a
instalação do reator da Unidade 3 da CNAAA, tem, porém raios distintos: 15
(AID–15 km) e 5 quilômetros (AID – 5 km).
A Área de Influência Direta com raio de 15 km (AID-15 km) abrangeu os
distritos de Angra dos Reis (distrito sede), Mambucaba, Cunhambebe ,
situados nos municípios de Angra dos Reis e Tarituba em Parati, no Estado do
Rio de Janeiro. Para a análise socioeconômica, da AID 15, o distrito sede de
Parati foi incluído.
A Área de Influência Direta com raio de 5 km (AID-5 km) abrange a
localidade do Frade, o Sertãozinho do Frade, o Condomínio do Frade e a área
em torno da CNAAA, no distrito de Cunhambebe; a vila residencial de Praia
Brava (vila dos funcionários da CNAAA), os condomínios Barlavento, Praia
Vermelha e Goiabas e a Vila Histórica de Mambucaba, no distrito de
Mambucaba.
Para os estudos do meio físico, a AID-15 km foi estendida até as bordas
das bacias hidrográficas cortadas pelo círculo imaginário do raio de 15 km. Os
estudos oceanográficos se restringiram às regiões do saco Piraquara de Fora,
local de lançamento dos efluentes líquidos da CNAAA, e a Enseada de Itaorna.
Figura 8: Áreas de influência direta do empreendimento. Fonte: O Autor/Google.
24
6. Caracterização do local do empreendimento
6.1. Meio físico
6.1.1. Clima
O padrão climático é subtropical, com mudanças da temperatura no
inverno e chuvas no verão devido à aproximação de frentes frias provenientes
do hemisfério sul. Sendo uma região costeira, está frequentemente sob a
influência do grande anticiclone (vento) subtropical do Atlântico Sul,
apresentando aumento substancial desses valores médios quando, após a
passagem de uma frente fria, predominam as massas frias com altas pressões
provenientes da região Antártica.
A temperatura média ao longo do ano varia entre 19°C e 26°C, e, nos
anos de 2002 e 2003, os valores permaneceram dentro desta variação. Quanto
aos valores de umidade relativa, o mês de julho é o período mais seco, devido
às entradas de fortes massas de ar frio e o maior afastamento do sol, e no mês
de outubro, período de mudança de inverno para verão, as chuvas passam a
ser mais significativas, o que levou ao máximo de umidade, com valores
próximos a 90%. O trimestre mais chuvoso é o formado pelos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto o trimestre menos chuvoso equivale
aos meses de junho, julho e agosto.
As chuvas causam, entre tantos outros benefícios, a remoção de
poluentes do ar, em maior ou menor grau, dependendo de suas intensidades.
Na região de Angra dos Reis e entorno estão associadas diversos
componentes atmosféricos, tais como: frentes frias (todo o ano), linhas de
instabilidade (primavera-verão) e formações convectivas regionais (primavera,
verão e outono), originadas de sistemas provenientes do setor norte- noroeste.
As entradas de frentes frias, normalmente, são de caráter mais intenso para
chuvas e, principalmente, ventos, após o sistema frontal passar por Parati e
adentrar a baía de Ilha Grande.
A direção e velocidade dos ventos estão associadas às muitas escalas de
circulação atmosférica. De um modo geral, predominam os regimes marítimos
de circulação próxima ao nível da superfície na área litorânea, desde Sepetiba
25
até o litoral de Parati, passando por Angra dos Reis. Trata-se de parâmetro de
extrema relevância nas avaliações da poluição do ar, pois representam o
sentido do deslocamento da pluma e sua forma de dispersão.
Para a área de interesse há regimes predominantes do setor sul,
proveniente da área oceânica, e que podem ser sentidos nos pontos mais
afastados das áreas onde se localizam prédios das Unidades 1 e 2 da Central
Nuclear.
6.1.2. Geologia
A região do empreendimento é formada por rochas cristalinas formadas
entre 540 milhões de ano e 2 bilhões de anos, aproximadamente, e sedimentos
recentes. Devido à idade e aos processos de transformações que as rochas
sofrem ao longo dos anos, pode-se afirmar que a geologia da região é bastante
complexa.
Através de estudos, demonstrou-se um baixo risco sísmico ao
empreendimento, devido a estabilidade da geologia local e baixa intensidade
de sismos na região.
6.1.3. Geomorfologia
Na Área de Influência Indireta foram identificados dois grandes domínios
morfoestruturais (grandes conjuntos estruturais, que geram arranjos regionais
de relevo, guardando relação ou causa entre si): o Planalto Atlântico e
Depressões Tectônicas Cenozóicas. O Planalto Atlântico caracteriza-se por se
estender de uma costa recortada até uma região serrana, que se apresenta na
forma de encostas abruptas e quase lineares. As Depressões Tectônicas
Cenozóica constituem uma superfície com suave inclinação, formada por
processos de erosão, menos irregular do que os planaltos e que se encontram
em áreas encaixadas entre os maciços antigos e as unidades sedimentares.
A Área de Influência Direta é caracterizada pelo contaste das escarpas
que demarcam a borda escarpada da Região do Planalto e escarpas da Serra
26
da Bocaina em contato direto com as feições morfológicas quaternárias de
planícies flúvio - marinhas, que caracterizam as enseadas da baía de Angra
dos Reis.
Figura 9: Serra da Bocaina e Serra da Mantiqueira. Fonte: Eletronuclear.
6.1.4. Solos
Na região onde está localizada a CNAAA, são encontrados solos
pertencentes a apenas cinco dessas ordens, a saber:
a) Cambissolo
b) Latossolo
c) Neossolo
d) Argissolo
e) Espodossolo
27
6.1.5. Recursos hídricos
As bacias hidrográficas situadas dentro da área de raios 15 e 30 km a
partir da CNAAA englobam dois conjuntos de sistemas de drenagem: aqueles
que drenam para as diversas enseadas do litoral da baía de Ilha Grande e um
outro conjunto de bacias fluviais que constituem os tributários de alguns dos
afluentes da margem sul do rio Paraíba do Sul.
É importante destacar que as características do relevo da região da baía
da Ilha Grande influenciam decisivamente no aumento da ocupação urbana ao
longo das principais rodovias, resultando em áreas de grande ocupação
populacional. Essa população utiliza- se dos recursos hídricos que sofrem os
impactos do desmatamento e da ocupação desordenada, o que leva à piora
das condições de qualidade e quantidade das águas dos rios.
Observa-se uma tendência à ocorrência de enchentes na região litorânea
de Angra dos Reis, em localidades próximas às margens dos rios, nos períodos
das chuvas mais intensas.
6.1.6. Qualidade do ar
Na região onde está inserida a CNAAA, as condições atmosféricas da
região não são favoráveis à dispersão de poluentes. O que se observa, no
entanto, é que, devido à baixa taxa de emissão dos poluentes convencionais,
proveniente da CNAAA, as quantidades verificadas nas regiões próximas
apresentam valores máximos inferiores aos valores que excederiam os
padrões nacionais de qualidade do ar.
6.2. Meio biótico
6.2.1. Flora
A região de Angra dos Reis possui um litoral bastante recortado e
diversos ecossistemas em sua extensão: florestas, manguezais, restingas e
costões rochosos. Esses ecossistemas têm sofrido fortes pressões antrópicas,
28
desde o tempo colonial, de modo que hoje se verifica a extinção de espécies e
o desaparecimento de comunidades e ecossistemas, que ocasionam profundas
modificações na paisagem.
6.2.1.1. Floresta Atlântica
A designação atual para o ambiente florestal do que é conhecido como a
Floresta Atlântica é Floresta Ombrófila Densa (Ellenberg e Mueller-Dombois
1965/6), sendo caracterizada por plantas lenhosas situadas acima de 0,25 m
do solo, alcançando até 50 m de altura, dominadas pelas formas de 30 a 50 m
de altura e de 20 a 30 m de altura, além de lianas lenhosas e epífitas. A
Floresta Ombrófila Densa (RADAMBRASIL, 1983) divide-se em subtipos
conforme a altitude, sendo reconhecidas para a região da Costa Verde a:
Floresta das Terras Baixas, Floresta Submontana, Floresta Montana e Floresta
Alto Montana.
Parte da cobertura vegetal é atualmente constituída por uma vegetação
secundária em estágios diversos de regeneração, ao passo que outras áreas
são recobertas por florestas alteradas em sua composição e estrutura originais,
tendo em vista a extração seletiva de madeiras, à qual foram submetidas ao
longo dos anos. Por outro lado, remanescentes florestais em melhor estado de
conservação podem ser observados em certos trechos, onde o acesso e a
agricultura são dificultados.
Figura 10: Floresta atlântica. Fonte: Catuí.
29
6.2.1.2. Restingas
A restinga (ou vegetação de praia) é constituída de espécies
principalmente herbáceas, comum a todo o litoral brasileiro, que formam um
emaranhado de rizomas e estolões sobre a areia. A restinga apresenta também
vegetação arbustivo-arbórea, com altura cada vez maior à medida que se
aproxima da mata de encosta.
Foram amostradas duas áreas: a restinga da Praia da Batanguera e de
Mambucaba. Foram identificadas várias espécies vegetais, dentre as quais se
destaca o feijão de porco (Ipomea pescrape), uma herbácea que se desenvolve
por crescimento vegetativo, estando bem adaptada a substratos instáveis.
Embora não tenha sido encontrada nenhuma espécie vegetal ameaçada
de extinção, ambas as áreas apresentam um grau de antropização, devido ao
fluxo de banhistas, principalmente durante o verão.
Figura 11: Restinga. Fonte: J. F. Matulja
30
6.2.1.3. Manguezais
Este ecossistema é típico de áreas estuarinas tropicais e subtropicais,
sendo regido por um sistema de variação de marés que o inunda duas vezes
ao dia, onde a mistura da água do mar com a água doce, proveniente do
continente, confere um caráter salobre a estas águas. Esta condição típica
exerce um fator de seleção importante, quando referente ao tipo vegetal que
colonizará este ambiente, ou seja, propicia que apenas algumas espécies
sejam capazes de habitar este ecossistema.
Os manguezais existentes nas áreas de estudo, de um modo geral,
encontram-se antropizados, estando, portanto, descaracterizados quanto ao
seu estado nativo. Estes começaram a sofrer as primeiras modificações a partir
da década de 70, pela construção da BR-101 e pela instalação de
empreendimentos turísticos.
Nos manguezais estudados foram evidenciados impactos como
desmatamento, aterros, construção de residências, construção de estradas,
alteração do padrão de circulação das águas e lançamento de lixo. A
ocorrência de um grande número de troncos observado em parcelas do
Manguezal do Ariró e da Pousada do Bosque são reflexos do corte de madeira
e da deposição de areia, respectivamente. Apesar de apresentarem boa
estrutura de bosque em todos os manguezais estudados, foi observado um
intenso corte de troncos de mangue.
Figura 12: Manguezais. Fonte: USP/ESALQ
31
6.2.2. Fauna terrestre
6.2.2.1. Herpetofauna
A região onde está localizada a CNAAA, representa uma área de
concentração e reprodução de muitas espécies de anfíbios e répteis.
Constatou-se a presença de uma mata recuperada em seu entorno, com boa
vegetação e diversos micro-ambientes propícios para a herpetofauna.
A presença de serpentes peçonhentas levanta sempre a questão de
riscos com acidentes ofídicos. Porém, nada foi apurado em relação a qualquer
caso de envenenamento, supostamente não usual para a região, pois as
espécies em questão são encontradas apenas dentro da mata, não chegando
habitualmente nas áreas de moradia humana. Constatou-se que a área do
entorno imediato à CNAAA está bem preservada, enquanto que a região de
Angra dos Reis sofre um acelerado processo de degradação ambiental por
desmatamento. Esta situação é devida, certamente, ao respeito da população
com relação à área da usina, e ao fato de que sobre esta se mantém uma
vigilância permanente.
6.2.2.2. Avifauna
Ao todo, foram registradas 331 espécies de aves nas baixadas e matas
sub-montanas. Dentre estas, 16 espécies são consideradas ameaçadas de
extinção globalmente e 26 espécies quase ameaçadas.
As atividades reprodutivas da avifauna local se concentraram de meados
de agosto a início de fevereiro. Esse período coincide com o padrão geral
observado para as aves do Hemisfério Sul (Skutch 1950, Pinto 1953, Snow
1976 e Sick 1997).
Fora do período reprodutivo (abril a junho), a região recebe migrantes
latitudinais, que deixam o sul do país fugindo do inverno austral. Chegam
também à região, visitantes procedentes do norte durante o inverno
setentrional (novembro a abril). A composição da avifauna local sofre ainda
alterações durante os meses frios, com a chegada de migrantes altitudinais.
32
Espécies com distribuição predominantemente serrana visitam as terras baixas
da Costa Verde nos meses de julho a agosto, fugindo das baixas temperaturas
das grandes altitudes.
Foram registradas 56 espécies de aves aquáticas para Angra dos Reis e
Parati; Aves aquáticas, de modo geral, são espécies indicadoras da qualidade
ambiental das águas e dos ecossistemas associados; dependem, para sua
sobrevivência, de recursos alimentares encontrados exclusivamente no meio
aquático.
Não há registros de aves aquáticas ameaçadas de extinção para a região.
Por outro lado, ocorrem três espécies consideradas provavelmente ameaçadas
no Estado do Rio de Janeiro (Alves et al., 2000) e outras três, cujas
informações atuais não permitem uma avaliação de seu status.
Figura 13: Não-pode-parar (Phylloscartes paulistus) e Pato-do-mato (Cairina moschata). Fonte: SIB - Argentina
6.2.2.3. Mastofauna
O inventário de dados existentes sobre a mastofauna da área de
influência de Angra 3 está fundamentado em trabalhos recentes e na
identificação de material depositado nas coleções do Museu Nacional e do
Museu de Zoologia da Unicamp.
Quando comparado ao número de espécies previamente levantadas na
literatura para a região, onde nove ordens e aproximadamente 46 espécies de
pequenos mamíferos silvestres foram registrados em um raio de 15 km da
Usina Angra 3.
33
Apesar desta limitação, cabe destacar a presença, nas matas situadas em
torno da área de implantação do projeto de espécies aparentemente exigentes
em termos da qualidade do habitat relativamente à estratificação arbórea, pelo
menos.
6.2.3. Fauna aquática
6.2.3.1. Cetáceos
Os cetáceos pertencem ao grupo dos mamíferos aquáticos representados
pelas baleias, golfinhos, botos, entre outros. A seguir, são apresentadas as
características das 14 espécies de cetáceos registradas na baía de Ilha
Grande, dentre elas: Baleia-franca-do-sul (Eubalaena australis), Baleia-jubarte
(Megaptera novaeangliae) e Orca (Orcinus orca).
Figura 14: Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae). Fonte: Viva a Terra.
6.2.3.2. Quelônios
Na região, os únicos representantes de répteis que utilizam o mar para se
reproduzir ou sobreviver são os quelônios – grupo representado pelas
tartarugas marinhas. No Brasil, ocorrem cinco das sete espécies de tartarugas
marinhas, todas consideradas ameaçadas (TAMAR, 1999).
Os dados sobre quelônios na baía da Ilha Grande são escassos.
Contudo, a região pode ser uma importante área de alimentação para as
tartarugas marinhas, como tem sido observado para o extremo norte do litoral
paulista. A baía da Ilha Grande reúne as características necessárias para sua
34
utilização como área de alimentação das cinco espécies de tartarugas
marinhas, principalmente a tartaruga- verde (Chelonya mydas). A presença da
tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) já foi confirmada por encalhes na
Ilha Grande.
6.2.3.3. Peixes
Foram registrados 57 espécies, com um total de 2.994 indivíduos
coletados através de rede de arrasto-com-portas nos setores de Itaorna,
Piraquara de Fora e Piraquara de Dentro.
Conforme os levantamentos demonstraram, existe uma evidência
qualitativa de várias espécies de ocorrência restrita a Itaorna. Neste local, os
peixes também se apresentam em maior diversidade de espécies. Foi
observada uma grande atividade, e diversidade particularmente sobre os
fundos de corais e entre as rochas, que formam grande quantidade de abrigos
para os peixes.
A área adjacente a do lançamento do efluente térmico apresenta uma
ictiofauna menos diversificada, constituída na maior parte por juvenis de
espécies de baixa seletividade ambiental, além de observar-se um menor
número de predadores.
6.2.3.4. Unidades de conservação
O litoral sudoeste do Estado do Rio de Janeiro abriga importantes
remanescentes de Mata Atlântica protegidos em quatro Unidades de
Conservação principais: a Área de Proteção Ambiental do Cairuçu, a Reserva
Ecológica da Juatinga e o Parque Nacional da Serra da Bocaina, sendo esse
último a maior Unidade de Conservação Federal, que inclui esse tipo de
ecossistema.
Destaca-se também a Estação Ecológica de Tamoios, unidade de
conservação de proteção integral criada para a pesquisa e monitoramento da
35
Mata Atlântica, especificamente do ecossistema insular marítimo e seu entorno
aquático marinho.
Atualmente, a região da bacia da baía de Ilha Grande é a segunda
microrregião em área de Unidades de Conservação do Estado do Rio de
Janeiro (Mendonça et al.1996) e tornou- se uma importante área de
preservação a partir da criação das seguintes Unidades de Conservação:
Parque Estadual da Ilha Grande (Decreto Estadual 16.067 de
04/06/1973), Reserva Biológica da Praia do Sul (Decreto Estadual 4.972 de
02/12/1981), APAs (Área de Proteção Ambiental) de Cairuçu (Decreto Federal
89.242 de 27/12/1983) e Tamoios (Decreto Estadual 9.452 de 05/12/1986),
Reserva Biológica da Ilha Grande (Decreto Estadual 9.728 de 06/03/1987) e
Parque Marinho de Aventureiro (Decreto Estadual 15.983 de 27/11/1990).
6.3. Meio socioeconômico
6.3.1. Patrimônio arqueológico, natural e cultural
Os diferentes momentos históricos pelos quais passou a região deixaram
uma grande herança artística e cultural. Em Parati e Angra dos Reis há praças,
capelas, igrejas e fortes tombados pela sua importância como marco histórico.
A Fazenda Morcego, na Ilha Grande, é tombada, e próximo a CNAAA, há o
conjunto arquitetônico da Vila Histórica de Mambucaba, com diversas
construções que espelham a organização dos sítios urbanos dos séculos XVIII
e XIX, sendo destacável a Igreja do Rosário. Esse conjunto foi reconhecido
como patrimônio histórico desde dezembro de 1969.
O patrimônio arqueológico da região está relacionado, principalmente, a
marcos de grande importância deixados por populações indígenas. Na área de
estudo haviam tribos Tupinambá ou Tamoios (Tupi) e os Guaianá (não-Tupi),
que disputavam aquele litoral.
Os Tupinambá faziam acampamentos no litoral em função das
expedições guerreiras que realizavam duas vezes por ano, além da prática da
pesca e da coleta de moluscos. Os marcos arqueológicos foram identificados
36
em vários acampamentos no Rio de Janeiro, em Guaratiba e na Baía da
Guanabara.
Os Guainá ocupavam as adjacências do território que corresponde à faixa
de Angra dos Reis até o Rio Cananéia do Sul (SP). Ali tinham contato com a
tribo Carijó (Guarani), indo para o interior da Serra da Mantiqueira e, ao norte o
vale do Jequitinhonha; ao Sul tomavam os Estado do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. Todo o território possuía inúmeros caminhos, que ligavam
pontos do interior ao litoral, que foram utilizados mais tarde pelos
colonizadores, por muitos séculos, dando origem a algumas das estradas
utilizadas atualmente.
O período de exploração do ouro também proporcionou a formação de
uma série de caminhos pelo Sul Fluminense, embora grande parte das trilhas
usadas para o contrabando do ouro ainda fossem aquelas feitas pelos índios
da região.
Estão registrados ainda vestígios de povos pré-colombianos em variados
sítios, revelados em sambaquis encontrados e estudados na região.
De acordo com levantamentos realizados pela Science para o Estudo
Ambiental de Angra 3, OLIVEIRA e AYROSA (1991) relatam a identificação de
um sambaqui e três amoladores na região do saco Piraquara de Fora (Figura
28), nas imediações da praia do Velho. Apontam, ainda, a existência de um
bloco rochoso de granito com marcas de uso para polimento na Ilha Sandri.
Do período colonial e do império do Brasil, relatam o encontro de ruínas,
fundações de uma construção (Figura 29), também no saco Piraquara de Fora,
que atribuem à residência do Padre Salvador Francisco da Nóbrega, sesmeeiro
da região de Angra dos Reis em 1797. Do século XIX apontam as ruínas de
uma construção à esquerda da anterior.
O sítio arqueológico está sendo objeto de estudos minuciosos por equipe
de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o
patrocínio da Eletronuclear.
37
Figura 15: Vila histórica de Mambucaba e artefatos indígenas. Fonte: IPHAN.
6.3.2. Terras indígenas
No entorno da CNAAA, num raio de 50 km de afastamento, há 3 áreas
indígenas e uma remanescente de quilombos. Estas áreas estão relacionadas
ao Parque Nacional da Serra da Bocaína, duas na área denominada Zona de
Amortecimento e outra dentro do Parque. As reservas da área de
amortecimento são: os grupos Parati-Mirim - Área de Proteção Ambiental
Cairuçu, no município de Parati e Guarani do Bracuí, localizada no vale do rio
Bracuí, no distrito de Cunhambebe, em Angra dos Reis. A Reserva Indígena
Guarani- Araponga está situada no Parque, que está inserido no município de
Parati.
Estes grupos vivem do extrativismo vegetal, da caça, da lavoura de
subsistência e da venda de artesanato. O número de habitantes não é preciso,
em função da intensa mobilidade espacial destes grupos.
6.3.3. Dinâmica populacional
A AII-50 engloba 14 municípios paulistas e fluminenses. A população total
de todo este território, segundo o IBGE (Censo Demográfico 2000), é de
658.615 habitantes, sendo que mais de 18% desta população está em Angra
dos Reis (119.247 habitantes) e 4,49% em Parati (29.544 habitantes),
municípios diretamente relacionados ao complexo da CNAAA.
38
Quase 90% da população dos municípios que fazem parte da AII-50
ocupam a área urbana. De 1991 a 2000, em média, houve um crescimento
populacional urbano de quase 20%. Em Angra dos Reis, este crescimento
ultrapassou os 45% e em Mangaratiba, aproximadamente 52%.
6.3.4. Infraestrutura
6.3.4.1. Angra dos Reis
Os distritos que formam o município de Angra dos Reis dispõem de
serviço de saneamento básico. O tratamento do esgoto sanitário é realizado
em cinco distritos, e o seu destino final é a baía da Ilha Grande. A limpeza
urbana e a coleta de lixo contemplam todos os distritos. No final, o lixo é
depositado em aterro controlado, usinas de reciclagem e usina de
compostagem, localizados dentro e fora do perímetro urbano.
Angra dos Reis dispõe, atualmente, de três hospitais credenciados pelo
Sistema Único de Saúde - SUS, sendo um deles do próprio município,
oferecendo 266 leitos em várias especialidades resultando numa taxa de 2,4
leitos por mil habitantes, maior que a taxa disponível na microrregião (2,2%).
No município existem 17 postos de saúde, quatro clínicas particulares
credenciadas pelo SUS, cinco postos do Programa de Saúde Familiar (PSF) e
um Programa de Saúde ao Índio (PSI), totalizando 652 funcionários, entre
médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e pessoal administrativo.
Em 2000 o município de Angra dos Reis contava com 80
estabelecimentos de ensino fundamental, que apresentava 27.467 matrículas.
Quanto ao ensino médio, o município contava com 18 estabelecimentos e
6.526 matrículas. O município de Angra dos Reis conta com uma unidade de
ensino superior da Universidade Federal Fluminense que oferece o curso de
pedagogia. Em função da pequena oferta de cursos superiores no município, a
grande maioria da população, em especial, dos professores que atuam na rede
pública de ensino de Angra dos Reis se dirigem para municípios vizinhos (Volta
Redonda, Barra Mansa e Rio de Janeiro) em busca de cursos
profissionalizantes para aprimorar a sua formação profissional.
39
O município de Angra dos Reis possui quatro agências dos Correios. Em
relação aos veículos de comunicação, o município possui três estações de
rádio (uma AM e duas FM), além de sete jornais, sendo seis de circulação
semanal. Entre as emissoras que apresentam programação diária no
município, encontram-se a Rede Globo, Rede Bandeirantes, Record e o
Sistema Brasileiro de Televisão - SBT.
O município conta com uma delegacia de polícia (civil e militar), uma
superintendência da Defesa Civil, um subgrupamento do Corpo de Bombeiros
e um Batalhão da Polícia Florestal Militar.
A região possui uma única rodovia federal, a BR-101, sentido de nordeste
a sudoeste da CNAAA. O serviço de transporte é realizado pelas linhas
interestaduais, intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis
e vans que circulam pelo município, devido à carência de veículos coletivos
para atender a população residente de Angra dos Reis. O serviço público de
transporte marítimo regular para a Ilha Grande, a partir do cais do porto, é
realizado em horários pré-determinados. Pequenas embarcações promovem
passeios marítimos, sobretudo no período de alta temporada. No município,
existe também um aeroporto de pequeno porte construído para receber
pequenas aeronaves.
Figura 16: Angra dos Reis. Fonte: Google
40
6.3.4.2. Paraty
Os três distritos que formam o município de Parati apresentam serviço de
saneamento básico insuficiente. A rede geral de distribuição de água é
realizada em apenas um distrito (sede). Nos distritos, não existe o tratamento
de esgoto sanitário. A alternativa encontrada foi à utilização de fossas sépticas
e sumidouros. A limpeza urbana e a coleta de lixo são realizadas em todos os
distritos, no entanto, o destino final do lixo é realizado em depósitos a céu
aberto, distante da cidade e próximos às áreas de proteção ambiental. Esses
depósitos, além do incômodo olfativo e visual, causam a poluição das águas
pelo chorume e a poluição do ar pela fumaça de sua combustão, além de
propiciar ambiente para a proliferação de insetos e doenças.
Parati dispõe de um hospital municipal credenciado pelo SUS, oferecendo
48 leitos, o que resulta num quadro de 1,6 leitos por mil habitantes. Além do
hospital, existem 12 postos de saúde localizados na zona rural, nos quais são
prestados serviços preventivos e curativos. Vale ressaltar que o atendimento
médico no município não contempla as reais necessidades da população,
levando parte da clientela a procurar os hospitais mais próximos, entre os quais
o Hospital da Praia Brava (pertencente a Eletronuclear) e as unidades
ambulatoriais localizadas no centro de Angra dos Reis.
Considerando-se a população residente no distrito sede de Parati com
sete anos ou mais de idade, o índice de analfabetismo indica 9,1%. Tem-se um
resultado maior no índice de analfabetismo para o segmento feminino, que
apresenta 9,8%, contra 8,3% para o masculino. Além disso, apenas 5,4% da
população residente no distrito sede de Parati, têm 12 anos ou mais de estudo
o que equivale ao nível de ensino superior, resultado este melhor que o distrito
sede de Angra dos Reis.
Dentre as emissoras que podem ser sintonizadas em Parati estão: Rede
Globo, TV Educativa, Rede Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão -
SBT (IBGE, 2000). Atualmente, o município possui uma estação de rádio FM e
um jornal de circulação semanal (Jornal Comunitário de Parati). Além deste,
existe um jornal de circulação diária apresentando as notícias, tanto da região
da baía da Ilha Grande, como do Vale do Paraíba Fluminense, intitulado A Voz
41
da Cidade, fundado em 1970. Parati possui somente uma agência dos
Correios.
Existe uma delegacia de polícia (civil e militar), uma superintendência da
Defesa Civil, uma companhia da Guarda Municipal e um subgrupamento do
Corpo de Bombeiros.
A Rodovia BR-101, que atravessa o município de Parati no sentido norte-
sul, dá acesso ao maior número de localidades situadas nas adjacências do
Parque Nacional da Serra da Bocaina, atravessando seus limites na região da
divisa estadual entre Parati (RJ) e Ubatuba (SP) e nas proximidades da Vila do
Frade e do Perequê, este no Distrito de Mambucaba, no município de Angra
dos Reis. Além das rodovias, encontram-se em Parati atracadouros e
aeródromos. O transporte rodoviário é realizado pelas linhas interestaduais
intermunicipais, municipais e circulares, além de frotas de táxis e vans.
Figura 17: Paraty. Fonte: Google
42
6.3.5. Turismo
No litoral do município de Angra dos Reis, a indústria hoteleira foi o
principal agente modificador do ambiente natural que surgiu na década de 70
do século passado, atingindo o seu clímax nos anos 80. Modificou não apenas
a paisagem costeira como se tornou o principal agente das transformações
espaciais. Algumas das áreas de manguezais foram aterradas surgindo na
paisagem hotéis, condomínios, marinas e loteamentos. Foi também
responsável por alterações significativas no corpo social, processo iniciado com
a valorização especulativa dos terrenos, como é característico dos
empreendimentos associados ao capital imobiliário. Nos dias atuais as
atividades terciárias predominam em Angra dos Reis, e o setor de comércio e
serviço é a segunda atividade econômica de maior expressão no município.
A população flutuante chega a se equiparar ou até superar a população
residente. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, 20,8% dos domicílios
de Angra dos Reis estavam destinados ao uso ocasional.
Figura 18: Atrações turística de Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis. Fonte: Angraonline
43
7. Legislação incidente
7.1. Disposições gerais
A Constituição Brasileira, no que se refere às atividades e materiais
nucleares, contém os seguintes preceitos:
“Art. 21. Compete à União:
...............................
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
.....................................”
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
.......................................
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
.......................................”
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
...........................................”
“Art. 177. Constituem monopólio da União:
..............................................
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.
..............................................
§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.
44
..............................................”
“Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
.....................................
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
.......................................”
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
............................................
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.”
Das disposições citadas, verifica-se que todas as atividades relacionadas
à área nuclear são de competência exclusiva da União. A única exceção é a
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas,
industriais e atividades análogas, que pode ser realizada por terceiros, por
meio de concessão ou permissão. Já o transporte de material radioativo deverá
ser regulamentado por lei, de acordo com o texto constitucional.
Uma vez estabelecido o monopólio da União para as atividades
nucleares, os dispositivos infraconstiucionais criaram as instituições e definiram
as atribuições necessárias para seu exercício. A legislação principal que definiu
o arranjo institucional do setor nuclear será abordada a seguir. Pelo estudo da
legislação, verifica-se que os principais órgãos responsáveis pelo exercício do
monopólio são a da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, as
Indústrias Nucleares do Brasil – INB, e a Eletronuclear.
A Lei 4.118/62 — alterada pelas leis nº 6.189/74, e nº 6.571/78 —
destaca-se pela criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN,
como autarquia federal, de acordo com seu artigo 3º.
Já a Lei nº 6.189/74 — modificada pela Lei nº 7.781/89 — estabelece, em
seu artigo 1º, que a União exercerá o monopólio sobre as atividades nucleares
45
por meio da CNEN, como órgão superior de orientação, planejamento,
supervisão, fiscalização e de pesquisa científica, e por meio da Empresas
Nucleares Brasileiras S/A. - Nuclebrás e de suas subsidiárias, como órgãos de
execução.
Em seu artigo 2º, a Lei nº 6.189/74 define as competências da CNEN, que
abrangem um amplo espectro relacionado à questão nuclear, como formulação
de política, regulação, guarda de rejeitos radioativos, prestação de serviços,
realização de pesquisas científicas e produção e comercialização de materiais
e equipamentos, conforme transcrição a seguir:
“Art. 2º - Compete à CNEN:
I - colaborar na formulação da Política Nacional de Energia Nuclear;
II - baixar diretrizes específicas para radio proteção e segurança nuclear, atividade científico-tecnológica, industriais e demais aplicações nucleares;
III - elaborar e propor ao Conselho Superior de Política Nuclear - CSPN, o Programa Nacional de Energia Nuclear;
IV - promover e incentivar:
a) a utilização da energia nuclear para fins pacíficos, nos diversos setores do desenvolvimento nacional;
b) a formação de cientistas, técnicos e especialistas nos setores relativos à energia nuclear;
c) a pesquisa científica e tecnológica no campo da energia nuclear;
d) a pesquisa e a lavra de minérios nucleares e seus associados;
e) o tratamento de minérios nucleares, seus associados e derivados;
f) a produção e o comércio de minérios nucleares, seus associados e derivados;
g) a produção e o comércio de materiais nucleares e outros equipamentos e materiais de interesse da energia nuclear;
h) a transferência de tecnologia nuclear a empresas industriais de capital nacional, mediante consórcio ou acordo comercial.
V - negociar nos mercados interno e externo, bens e serviços de interesse nuclear;
VI - receber e depositar rejeitos radioativos;
46
VII - prestar serviços no campo dos usos pacíficos da energia nuclear;
VIII - estabelecer normas e conceder licenças e autorizações para o comércio interno e externo:
a) de minerais, minérios, materiais, equipamentos, projetos e transferência de tecnologia de interesse para a energia nuclear;
b) de urânio cujo isótopo 235 ocorra em percentagem inferior ao encontrado na natureza;
IX - expedir normas, licenças e autorizações relativas a:
a) instalações nucleares;
b) posse, uso, armazenamento e transporte de material nuclear;
c) comercialização de material nuclear, minérios nucleares e concentrados que contenham elementos nucleares.
X - expedir regulamentos e normas de segurança e proteção relativas:
a) ao uso de instalações e de materiais nucleares;
b) ao transporte de materiais nucleares;
c) ao manuseio de materiais nucleares;
d) ao tratamento e à eliminação de rejeitos radioativos;
e) à construção e à operação de estabelecimentos destinados a produzir materiais nucleares e a utilizar energia nuclear.
XI - opinar sobre a concessão de patentes e licenças relacionadas com a utilização da energia nuclear;
XII - promover a organização e a instalação de laboratórios e instituições de pesquisa a elas subordinadas técnica e administrativamente, bem assim cooperar com instituições existentes no País com objetivos afins;
XIII - especificar:
a) os elementos que devam ser considerados nucleares, além do urânio, tório e plutônio;
b) os elementos que devam ser considerados material fértil e material físsil especial ou de interesse para a energia nuclear;
c) os minérios que devam ser considerados nucleares;
d) as instalações que devam ser consideradas nucleares.
XIV - fiscalizar:
a) o reconhecimento e o levantamento geológicos relacionados com minerais nucleares;
47
b) a pesquisa, a lavra e a industrialização de minérios nucleares;
c) a produção e o comércio de materiais nucleares;
d) a indústria de produção de materiais e equipamentos destinados ao desenvolvimento nuclear.
XV - pronunciar-se sobre projetos de tratados, acordos, convênios ou compromissos internacionais de qualquer espécie, relativos à energia nuclear;
XVI - produzir radioisótopos, substâncias radioativas e subprodutos nucleares, e exercer o respectivo comércio;
XVII - autorizar a utilização de radioisótopos para pesquisas e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
XVIII - autorizar e fiscalizar a construção e a operação de instalações radioativas no que se refere a ações de comércio de radioisótopos.”
A Lei nº 5.740/71 autorizou a criação da Companhia Brasileira de
Tecnologia Nuclear - C.B.T.N., estatal cujo objeto foi definido no artigo 3º,
transcrito a seguir:
“Art. 3º A C.B.T.N., observado o disposto na Lei nº 4.118, de 27 de agosto de 1962, e alterações posteriores terá por objeto:
I - Realizar a pesquisa e a lavra de jazidas de minérios nucleares e associados;
II - Promover o desenvolvimento da tecnologia nuclear mediante a realização de pesquisas, estudos e projetos referentes a:
a) tratamento de minérios nucleares e associados bem como produção de elementos combustíveis e outros materiais de interesse da energia nuclear;
b) instalações de enriquecimento de urânio e de reprocessamento de elementos combustíveis nucleares irradiados;
c) componentes de reatores e outras instalações nucleares.
III - Promover a gradual assimilação da tecnologia nuclear pela indústria privada nacional;
IV - Construir e operar:
a) instalações de tratamento de minérios nucleares e seus associados;
b) instalações destinadas ao enriquecimento de urânio, ao reprocessamento de elementos combustíveis irradiados, bem como à produção de elementos combustíveis e outros materiais de interesse da indústria nuclear.
48
V - Negociar, nos mercados interno e externo, equipamentos, materiais e serviços de interesse da indústria nuclear.
VI - Dar apoio técnico e administrativo à CNEN.”
Pelo artigo 3º citado, constata-se que a principal atribuição da C.B.T.N. é
desenvolver as atividades referentes ao ciclo do combustível nuclear, que
abrange a mineração do urânio, a produção do concentrado, a transformação
para o estado gasoso, o enriquecimento, a reconversão para o estado sólido e
a produção e o reprocessamento do combustível nuclear.
A Lei 6.189/74, por meio de seu artigo 18, determinou que a C.B.T.N.
passaria a denominar-se Empresas Nucleares Brasileiras S.A – Nuclebrás,
diretamente vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Essa mesma Lei estabeleceu também que a Nuclebrás poderá, mediante
autorização do Presidente da República, exportar, no mais alto grau de
beneficiamento possível, os excedentes de minérios nucleares, de seus
concentrados ou de compostos químicos de elementos nucleares, comprovada
a existência dos estoques para a execução do Programa Nacional de Energia
Nuclear.
Em relação à geração de eletricidade, o artigo 10 da Lei nº 6.189/74
estabelece que ―a autorização para a construção e operação de usinas
nucleoelétricas será dada, exclusivamente, à Centrais Elétricas Brasileiras S/A.
- Eletrobrás e a concessionárias de serviços de energia elétrica, mediante ato
do Poder Executivo, previamente ouvidos os órgãos competentes‖.
A empresa responsável pela geração de eletricidade a partir da energia
nuclear é a Eletrobrás Termonuclear S.A. – Eletronuclear, subsidiária da
Eletrobrás. A Eletronuclear é resultado da fusão — autorizada pelo Decreto
sem número de 23/05/1997 — da área nuclear de Furnas Centrais Elétricas
S.A., responsável pela operação das Usinas Angra I e II, com a Nuclen -
Engenharia e Serviços S.A., anteriormente uma empresa de projetos de
engenharia para a área nuclear, subsidiária da INB. A Eletronuclear, cuja
denominação foi estabelecida pelo Decreto sem número de 23/12/1997, tem
como principal objetivo a construção e operação de usinas nucleares e a
49
geração, transmissão e comercialização da energia elétrica por elas produzida,
conforme dispõe o Decreto nº 4.899, de 26 de novembro de 2003.
Outra legislação de destaque no cenário nuclear é a Lei nº 10.308/2001,
que dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o licenciamento, a
operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a responsabilidade civil e as
garantias referentes aos depósitos de rejeitos radioativos.
De acordo com o artigo 2º dessa Lei, a União, por meio da CNEN, é a
responsável pelo destino final dos rejeitos radioativos produzidos em território
nacional. Ainda em conformidade com a Lei nº 10.308/2001, artigos 9º e 13,
cabe à CNEN projetar, construir administrar e operar os depósitos finais e
intermediários, podendo delegar essas atribuições a terceiros. O artigo 15
dispõe que é também da Comissão a responsabilidade pela remoção de
rejeitos dos depósitos intermediários para os finais.
Já a construção e operação dos depósitos iniciais, bem como a remoção
de rejeitos desses depósitos para os intermediários e finais é de
responsabilidade dos produtores dos resíduos, conforme estipula os artigos 8º,
12 e 14 da mesma Lei nº 10.308/2001.
Ressalta-se que cabe também à CNEN definir as normas, licenciar e
fiscalizar todos os tipos de depósitos de rejeitos radioativos, de acordo com os
artigos 4º e 11. Cabe ainda destacar que o artigo 35 da referida Lei determina
que os órgãos responsáveis pela sua fiscalização enviarão anualmente ao
Congresso Nacional relatório sobre a situação dos depósitos de rejeitos
radioativos.
Observa-se que a previsão constitucional de que a lei disporá sobre o
transporte de material radioativo ainda não se concretizou. Sendo assim, essa
atividade é regulada por normas da CNEN, a saber:
NE - 5.01 Transporte de Materiais Radioativos;
NE - 5.02 Transporte, Recebimento, Armazenagem e Manuseio de
Elementos Combustíveis de Usinas Nucleoelétricas.
7.2. Impacto ambiental
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A construção de uma usina nuclear traz uma serie de impactos
ambientais, que podem alterar o meio biótico da fauna e flora, o
empreendimento, portanto deve estar dentro das normas estabelecidas pela
legislação.
A Resolução do Conama n° 001/86, através do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48º do
Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das
responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18º do mesmo decreto, e
Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente, RESOLVE:
“Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.”
7.3. Lançamento de efluentes em corpos de água receptores
O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das
competências que lhe são conferidas pelo inciso VII do art. 8° da Lei n° 6.938,
de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n° 99.274, de 6 de junho
de 1990 e suas alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento
Interno, Anexo à Portaria n° 168, de 13 de junho de 2005, esta Resolução
dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do
lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando
parcialmente e complementando a Resolução n° 357, de 17 de março de 2005,
do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
51
RESOLUÇÃO N° 430, DE 13 DE MAIO DE 2011 - Dispõe sobre as
condições e padrões de lançamento de efluentes complementam e alteram a
Resolução n° 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente-CONAMA.
7.4. Monitoramento da fauna e flora marinha
Atender a NT 319 da feema DZ 302 – diretrizes e padrões de qualidade
dos corpos d’agua segundo os usos benéficos
7.5. Resíduos Industriais
Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e
normas específicas. Pode-se citar a Constituição Brasileira em seu Artigo 225,
que dispõe sobre a proteção ao meio ambiente; a Lei 6.938/81, que estabelece
a Política Nacional de Meio Ambiente; a Lei 6.803/80, que dispõe sobre as
diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição;
as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 257/263 e
258, a questão é amplamente tratada nos Capítulos 19, 20 e 21 da Agenda 21
(Rio-92).
8. Impactos ambientais
8.1. Fase de Implantação
Serão apresentados os impactos ambientais gerados a partir das
atividades transformadoras ou a partir de outros impactos ambientais.
8.1.1. Meio Físico
- Potencialização da suscetibilidade a deslizamentos em áreas de
encosta, porque além do alto índice de chuvas existe áreas naturalmente
sujeitas a ocorrência de escorregamentos, que se potencializa caso ocorra
ocupação desordenada da área mais vulnerável.
52
- Alteração na qualidade de água pela contaminação das águas
superficiais ou subterrâneas com efluentes sanitários, águas servidas e até
possíveis vazamentos de óleos e graxas no solo ou em corpos d’água
receptores.
- Alteração ou redução da qualidade do ar pela emissão de gases,
material particulado, poeira e fumaça, podendo causar danos a saúde humana.
A poluição também afeta a biota.
- Início ou aceleração de processos erosivos de solos expostos e
transportados por águas pluviais e correntes para locais mais baixos, atingindo
o corpo receptor. Parte do material se depositará no fundo (materiais
grosseiros) enquanto o material mais fino será transportado a grandes
distâncias.
- Contaminação do solo por produtos químicos, combustíveis, óleos e
graxas no entorno do canteiro de obras por possíveis derrames ou
vazamentos.
8.1.2. Meio Biótico:
Durante a fase de implantação esses impactos restringem-se ao ambiente
terrestre decorrentes de atividades de terraplanagem, do ruído e da
movimentação de pessoas.
- Pressão para ocupação de áreas protegidas, devido aos trabalhadores
trazidos para a implantação do empreendimento, gerando uma ocupação
desordenada do solo e possível ocupação de áreas protegidas.
- Redução da cobertura vegetal removida para as novas ocupações
humanas, é um risco que pode ocorrer de forma difusa e descontrolada.
- Aumento do atropelamento da fauna devido ao intenso tráfego de
veículos para a construção e transporte de trabalhadores.
53
- Alteração da diversidade e abundância de animais terrestres pela
destruição ou modificação de seus habitats e interferência nos corredores pelos
quais os animais circulam a procura de água e alimento.
- Modificação da paisagem cênica natural ocasionada pela ocupação
humana de áreas naturais, ocorrendo desmatamento, caça, retirada de palmito
e plantas ornamentais, extração de terra, entre outros.
- Aumento do risco de extinção de populações ou espécies da fauna e
flora devido a: redução da cobertura vegetal, aumento do número de
atropelamentos da fauna e evasão da fauna. O risco de extinção não é de uma
espécie em particular, mas de populações inteiras que ocupem um local a ser
degradado. Outros fatores de impacto, iniciados com a ocupação desordenada,
potencializariam o risco de extinção: eliminação sistemática dos animais que
estejam causando prejuízos econômicos, caça furtiva, caça clandestina para o
comércio de peles e o comércio de animais silvestres. Como cada componente
da comunidade faz parte de uma rede de interações, a possível extinção local
de uma espécie, pode ocasionar outros prejuízos, onde a diminuição de uma
espécie pode afetar outra e assim sucessivamente.
- Evasão da fauna para habitats com menos intervenções do homem. Se
tratando do ecossistema marinho essa evasão pode ser localizada e
temporária.
8.1.3. Meio Socioeconômico:
O canteiro de obras do empreendimento, localizado em área interna da
CNAAA, é área livre de radiação, ou seja, os trabalhadores ou qualquer
indivíduo do público não estarão sujeitos à exposição radiológica proveniente
da operação das usinas.
- Aumento da demanda de serviços básicos de saúde, pelos
trabalhadores da obra e possíveis aumentos de incidência de doenças nos
moradores locais.
54
- Pressão sobre os serviços de infraestrutura básica de transportes
rodoviários, devido o aumento do tráfego de transporte de materiais para a
construção e trabalhadores, diminuindo a qualidade das estradas, aumentando
as chances de acidentes, necessitando de manutenção constantes nas
estradas.
- Pressão sobre os serviços de infraestrutura básica de educação, pela
chegada dos trabalhadores com suas famílias e filhos que necessitarão de
acesso a escolas, isso pode ocasionar em uma queda na qualidade de ensino
e serviços já prestados.
- Pressão sobre os serviços de infraestrutura básica de segurança
pública, pois com o número expressivo de trabalhadores e aumento
populacional pode aumentar os índices de violência e criminalidade se não for
planejada a ocupação da área e a analise das ofertas de emprego.
- Variação da arrecadação tributária, já que os novos trabalhadores
representaram um aumento na massa salarial que reflete em gastos com bens
e consumos locais.
- A variação da massa salarial promoverá um aquecimento da economia
local permitindo o crescimento comercial.
- Variação do dinamismo econômico, pelo aquecimento dos investimentos
e das atividades do diferentes setores da região, principalmente do setor
primário (horticultura, pecuária, pesca), mas o maior beneficiário será o setor
terciário (alimentação, vestuário, serviços).
- Desenvolvimento tecnológico, já que os trabalhadores contratados serão
submetidos a treinamentos, conhecimento de novas tecnologias e
equipamentos, cursos de aperfeiçoamento e experiências em outros países, o
que contribuirá para o aumento da competência dos mesmos.
- Ocupação desordenada do solo, devido aos empregos ofertados e os
interessados que se dirigirá para a região. Hoje, o processo de expansão
urbana em Mambucaba e Cunhambebe já ameaça os limites do Parque
Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) e invade por completo a faixa de
domínio da BR-101 (Rio-Santos).
55
- A incidência de acidentes de trabalho deverá ser considerada para as
obras de construção.
- Exposição de pessoas a ruídos e vibrações, especialmente aos
envolvidos na obra, também serão atingidos trabalhadores da CNAAA e
moradores situados ao longo da BR-101.
- Aumento de riscos de acidentes rodoviários pelo aumento do fluxo de
veículos de grande porte.
- Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos
(não radioativos) que irá requerer maior eficiência e recursos para uma
destinação adequada, além de espaço para sua disposição final. Falhas em
seu gerenciamento provocarão problemas de saneamento básico e possíveis
danos a saúde humana.
- Desmobilização da mão de obra, que ocorrerá de forma gradual ao final
do quinto ano de implantação, provocando impacto econômico e social
principalmente no município de Angra dos Reis.
8.2. Fase de Operação
8.2.1. Meio Físico:
- Emissões radioativas (líquidas e gasosas) em níveis inferiores ao
permitido por lei, portanto ainda não é contabilizado como impacto ambiental, já
que nas duas unidades em operação nunca houve impacto radiológico.
- Alteração na qualidade das águas, o impacto ocorrerá no corpo receptor
dos efluentes líquidos produzidos na usina: o mar, em Itaorna e no saco
Piraquara de Fora. Os efluentes líquidos provenientes do sistema de
resfriamento dos condensadores terão o saco Piraquara de Fora como destino
final
- Alteração na qualidade do ar, como emissões de poluentes atmosféricos
provenientes da combustão de óleo diesel utilizado na caldeira, provocando um
aumento de concentração de carbono e enxofre na atmosfera.
56
- Proximidade com grandes centros como a cidade de Rio de Janeiro, que
em casos de acidentes atingiria e afetaria uma grande área habitada.
8.2.2. Meio Biótico:
- Alteração do meio marinho, com a grande vazão e mudança de
temperatura no saco Piraquara de Fora, causando estresse térmico e
impedindo a fixação dos organismos sésseis.
- Variação da diversidade e abundância das comunidades aquáticas,
fixando-se apenas aquelas que suportarem o estresse térmico existente.
8.2.3. Socioeconômico:
- Confiabilidade do setor elétrico que proporcionará ampliação da oferta
de energia na região sudeste e centro-oeste reduzindo os riscos de déficit.
- Autossuficiência de energia elétrica no estado do Rio de Janeiro.
- Variação da arrecadação tributário no que diz respeito as 3 usinas (ISS,
ICMS E IPI) e na vila de moradores com arrecadação do IPTU para a
prefeitura.
- Variação da massa salarial, já que a usina necessitará por 40 anos de
mão-de-obra especializada e que terá maiores salários, melhorando o poder de
compra dos trabalhadores.
- Variação no dinamismo econômico, com a operação de Angra 3, a
região envolverá um significativo aumento da massa salarial, da arrecadação
tributária e da presença de um número expressivo de novas pessoas, que
resultará em surgimento de novos empregos.
- Pressão nos serviços de gerenciamento de rejeitos radioativos, que
necessitarão de gerenciamento inclusive após sua disposição final, o que
acarretará na necessidade de espaço físico, recursos humanos e financeiros.
57
- Desenvolvimento tecnológico, já que os trabalhadores contratados serão
submetidos a treinamentos, conhecimento de novas tecnologias e
equipamentos, cursos de aperfeiçoamento e experiências em outros países, o
que contribuirá para o aumento da competência dos mesmos.
- Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos
(não radioativos), já que a usina operando terá um incremento na geração de
resíduos e essa necessita de gerenciamento adequado e maior área para
disposição final.
9. Avaliação de Impactos Ambientais
Para a avaliação dos impactos ambientais foram feitas planilha de
identificação e matrizes de Leopold. A planilha permite a identificação dos
aspectos ambientais e associados a esses os impactos ambientais e avalia a
sua importância, em termos de severidade, freqüência e classificação.
Na planilha foram observados os seguintes itens:
Fonte/Tarefa: atividades responsáveis pelo impacto, neste caso,
referentes as fases de instalação e operação;
Meio: dividiram-se os aspectos de acordo com os meios, sendo eles os
meios físico, biótico e socioeconômico;
Descrição: descrição do impacto gerado em cada meio;
Severidade do impacto: classificação do impacto de acordo com a
gravidade das ações causadas ao meio ambiente. São classificadas em graus:
Severidade baixa (B): Impacto de abrangência local, magnitude
desprezível e totalmente reversível com ações mitigadoras e de controle;
Severidade média (M): Impacto de abrangência regional, magnitude
média capaz de alterar a qualidade ambiental e reversível mediante ações
mitigadoras e de controle;
58
Severidade alta (A): Impacto de abrangência global, potencial de grande
magnitude, e degradação ambiental com conseqüências financeiras e de
imagem irreversível mesmo com ações mitigadoras.
Frequência do impacto: freqüência com o qual o impacto ocorre. É
classificada em:
Frequência baixa: existência de procedimentos de controle e
gerenciamento adequados que diminuem ou extinguem a freqüência dos
impactos;
Frequência média: ocorre mais de uma vez por mês;
Frequência baixa: ocorre quase diariamente.
A classificação do impacto é feita através a relação entre freqüência e
severidade, como pode ser mostrado na tabela abaixo:
Tabela 6: Classificação do impacto. Fonte: O Autor.
Frequência/Severidade Alta Média Baixa
Alta Alta Significância Média Significância Média Significância
Média Média
Significância Média Significância Baixa Significância
Baixa Média
Significância Baixa Significância Baixa Significância
Foram feitas duas planilhas de identificação, sendo uma para a fase de
instalação e outra para a fase de operação (ANEXOS 1 e 2).
Para a montagem das matrizes foi utilizado o método de Leopold, que é
um método quantitativo de avaliação de impacto. De acordo com Tommasi
(1994), a matriz de Leopold permite uma rápida identificação, ainda que
preliminar, dos problemas ambientais envolvidos em determinado processo,
também permite identificar para cada atividade, os efeitos potenciais sobre as
variáveis ambientais.
Para a quantificação dos impactos foi utilizada a seguinte escala:
59
1 – Baixo impacto;
2 – Médio baixo impacto;
3 – Médio impacto;
4 – Alto médio impacto;
5 – Alto impacto.
Foram criadas duas matrizes, uma matriz que não considera as medidas
mitigadoras e de controle ambiental e outra matriz que considera essas
medidas nas fases de instalação e operação (ANEXOS 3, 4, 5 e 6).
Pode-se observar que ao implantar medidas mitigadoras e de controle na
fase de instalação haverá uma redução de, aproximadamente, 29% dos
impactos gerados e na fase de operação, aproximadamente, 25%.
Levando em consideração a classificação dos impactos, a quantificação
do mesmo e a presença e falta de algumas informações no RIMA do
empreendimento, pode-se avaliar a localização do empreendimento.
A localização geográfica das cidades que são afetadas pelo
empreendimento é favorável, pois as mesmas encontram-se em fundo de vale.
Mas, a proximidade com os grandes centros é um ponto negativo para a
localização, só a cidade de Angra dos Reis apresenta 170 mil habitantes. Outro
ponto negativo para a criação de Angra III é a falta de uma rota de fuga, pois se
a BR 101 for interditada devido a um deslizamento de encosta, como já
aconteceu, e ocorrer um acidente radioativo, a evacuação da população será
altamente prejudicada. No RIMA não consta a criação de tal rota de fuga.
Apesar dos pontos negativos, a localização de Angra III é viável na cidade
de Angra dos Reis devido a presença de outras duas usinas nucleares na
cidade, que ficam no mesmo complexo em que será construída a terceira
usina, além da possibilidade de fornecer energia para as grandes cidades que
se encontram no entorno, como Rio de Janeiro e São Paulo.
60
10. Identificação e análise das medidas mitigadoras
10.1. Plano de Gestão Ambiental
O Plano de Gestão Ambiental tem o objetivo de auxiliar as organizações
no atendimento e cumprimento de compromissos assumidos com o ambiente
natural, buscando o equilíbrio da proteção ambiental e da prevenção da
poluição com as necessidades econômicas.
O Plano de Gestão Ambiental é importante para que a instituição possa
prever e satisfazer expectativas de desempenho ambiental, assegurar
conformidade com regulamentações nacionais e internacionais, e garantir a
implementação de medidas em situações emergenciais.
Entretanto, esse Plano implica em mudanças políticas, estratégicas,
reavaliação de processos produtivos e principalmente no modo de agir,
principalmente em instalações que operam material nuclear ou radioativo.
10.2. Planos e Programas Ambientais
Os Programas Ambientais buscam minimizar os possíveis impactos com a
construção da Unidade 3 da Central Almirante Álvaro Alberto – CNAAA.
As ações propostas nos programas são de responsabilidade do
empreendedor, Eletronuclear (CNAAA).
Vários programas já estavam em ação antes da construção de Angra 3,
devido as outras duas unidades já estarem em funcionamento. É importante
que esses programas sejam implantados com a participação da sociedade para
garantir um melhor resultado.
Como Angra 3 será instalada dentro da área de propriedade da
Eletronuclear (CNAAA) não ocorrera desapropriações ou remanejamentos de
quaisquer parcelas da população residente na região, o que torna
desnecessário um programa de remanejamento, assim como não se tem um
programa específico para relocação da infraestrutura da região afetada pelo
empreendimento, pois Angra 3 será instalada dentro da área de propriedade da
61
Eletronuclear (CNAAA). Dessa maneira, não ocorrerão desapropriações ou
remanejamentos de quaisquer parcelas da população residente na região.
10.2.1. Programa ambiental de construção
Este programa tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento da
construção de Angra 3, controlando todas as atividades relacionadas às obras
em função das questões ambientais e legislação pertinente, procurando evitar
impactos significativos.
Tem como metas estabelecer critérios para atividades de obras, tais
como: localização dos canteiros e prédios de apoio à obra; tratamento e
deposição de entulhos e resíduos sólidos; tratamento adequado dos efluentes
líquidos; controle de possíveis processos erosivos; limpeza do terreno e
terraplanagem; recomposição vegetal; treinamento e qualificação dos
trabalhadores; segurança, saúde no trabalho e meio ambiente (SSTMA).
10.2.2. Programa de controle de impactos geológicos e
geomorfológicos
Para acompanhar a evolução das alterações geológicas e
geomorfológicas é necessário realizar o controle dos taludes marginais, do
lençol freático e das cavidades naturais.
Este programa tem como objetivo monitorar e conter as encostas de
Itaorna, típicas da região da Serra do Mar, que consistem de deslizamentos
provocados por chuvas intensas em solos residuais.
10.2.3. Programa de Observação das Condições Climáticas
Permitir a obtenção de informação e dados meteorológicos confiáveis que
permitam avaliar possíveis consequências radiológicas e ambientais em
condições de acidente e planejar medidas protetoras aos trabalhadores,
população e ao meio ambiente.
62
Objetivo de obter dados meteorológicos em tempo real e estabelecimento
de histórico climático para a região do empreendimento para a obtenção de
indicadores, os quais serão utilizados no programa. Os dados meteorológicos
coletados são o vento (direção e velocidade), a temperatura do ar a umidade
relativa e a precipitação.
10.2.4. Programa de Monitoração e Controle da Qualidade das
Águas
A execução deste programa visa manter a qualidade das águas utilizadas
na CNAAA e lançadas ao meio ambiente, em atendimento ás normas vigentes,
com seus respectivos limites, bem como as ações a serem executadas na
ocorrência de não conformidade.
O objetivo do programa, portanto, é monitorar a qualidade das águas
potáveis, servidas, salinas e industriais, nas áreas que possam ser afetadas
pela operação da CNAAA.
10.2.5. Programa de Controle Ambiental da Área da Estação
Ecológica de Tamoios
A Estação Ecológica de Tamoios localiza-se na baía da Ilha Grande, em
Angra dos Reis e na baía de Parati, no Estado do Rio de Janeiro, com objetivo
de proteger uma amostra representativa da Mata Atlântica, fauna terrestre e
marinha, numa região de grande beleza cênica e interesse ecológico.
Em 2000, a FAPUR – Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e
Tecnológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro celebrou
convênio com a Eletronuclear para a elaboração da Fase 1 do Plano de Manejo
da Estação Ecológica de Tamoios. O Plano de Manejo está em fase de análise
pelo Ibama e as ações previstas dependem de aprovação do órgão para que
sejam implementadas.
Dessa maneira, as ações requeridas no Termo de Referência estão
contempladas no Plano de Manejo já elaborado. Entretanto, como o prevê o
63
Art. 36 da supracitada Lei, as ações estão associadas à implantação e
manutenção da Unidade de Conservação. Assim, a Eletronuclear continuará a
auxiliar a ESEC Tamoios, na forma de ações de apoio e suporte à Unidade de
Conservação, por meio de seus programas ambientais, principalmente, o de
Educação Ambiental.
10.2.6. Programa de Saúde Pública
A região de Angra dos Reis e Parati está em processo de
desenvolvimento e a instalação de Angra 3 irá aumentar a população,
principalmente durante as obras de construção. Dessa maneira, as ações de
saúde pública se tornam importantes para toda a população residente e futura.
Tem como objetivo dar continuidade à melhoria do atendimento médico
hospitalar da região proporcionado pela empresa à população da microrregião
da baía da Ilha Grande, tanto diretamente em termos ambulatoriais e de
internações através da Fundação Eletronuclear de Assistência Médica – Feam
(Hospital de Praia Brava), quanto indiretamente, através de convênios com as
prefeituras de Angra dos Reis e Parati.
10.2.7. Programa de Controle da Poluição
10.2.7.1. Programa de Gerenciamento de Resíduos Industriais (Não
Radioativo)
Garantir o tratamento e disposição dos resíduos não radioativos gerados
na CNAAA atendendo os padrões estabelecidos pela legislação vigente.
Estabelecer a metodologia de destinação de resíduos sólidos,
semissólidos e líquidos não passíveis de Tratamento convencional,
minimizando a sua geração e priorizando a sua reciclagem.
64
10.2.7.2. Programa de Tratamento de Efluentes Líquidos
Convencionais
Necessidade do atendimento absoluto aos limites estipulados nas normas
e padrões vigentes para lançamento de efluentes líquidos convencionais
(rejeitos de processos) no meio ambiente. Aplicar os Tratamentos adequados
aos efluentes líquidos convencionais gerados no empreendimento.
10.2.7.3. Manual de Controle Radiológico do Meio Ambiente
São necessários Relatórios Semestrais de Rejeitos e de Liberação de
Efluentes Radioativos.
10.2.8. Programa de Comunicação Social
Atender as políticas e diretrizes de comunicação social de cada órgão
integrante do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo
Federal – Sicom, que define as ações, metas segmentos de público,
cronogramas de execução e meios de utilizar os recurso necessários. A
Eletronuclear tem como missão ―produzir energia elétrica com elevados
padrões de segurança e eficiência, a custos competitivos, preservando a
capacidade de projetar, construir e gerenciar os seus empreendimentos. Tal
segurança é prioritária e precede a produtividade e a economia, não devendo
nunca ser comprometida por qualquer razão, num profundo respeito ao
trabalhador, à sociedade e ao meio ambiente‖.
Dentro desse contexto, é objetivo fundamental do presente programa
definir e assegurar que sejam implementadas ações necessárias para que a
imagem institucional da Eletronuclear seja efetivamente de uma empresa
reconhecida pelo seu comprometimento com a melhoria da qualidade de vida
da população, a preservação do meio ambiente, e pela excelência de seu
desempenho na geração de uma energia limpa e segura.
65
10.2.9. Programa de Educação Ambiental
Despertar a consciência da população para os aspectos ambientais e o
que pode ser feito para preservar/conservar o meio ambiente é de crucial
importância para a diminuição das degradações ambientais nesta microrregião.
Contribuir para a consciência ecológica dos trabalhadores da empresa e
da população localizada na microrregião da baía da Ilha Grande (municípios de
Angra dos Reis e Parati), propiciando o equilíbrio entre o homem e o meio em
que vive e a compatibilização do desenvolvimento tecnológico com a
preservação e conservação ambiental.
10.2.10. Programa de Monitoramento Ambiental
Os programas realizados pela Eletronuclear para monitoramento
ambiental têm a finalidade de avaliar os efeitos ambientais nos períodos pré-
operacional e operacional de Angra 3, bem como das unidades já em
operação. Dessa maneira, são realizadas ações de monitoramento de
parâmetros radiológicos e não-radiológicos, bem como suas frequências de
amostragem, conforme é apresentado nos programas descritos neste capítulo.
O monitoramento da fase pré-operacional já é realizado pela Eletronuclear,
uma vez que as unidades 1 e 2 da CNAAA (Angra 1 e Angra 2) já se
encontram em operação e, para garantir a integridade do meio ambiente, são
realizados os programas de monitoramento ambiental da CNAAA.
Na fase operacional de Angra 3, os programas já em execução para as
outras unidades serão realizados também para monitoramento ambiental das
atividades decorrentes da operação da Unidade 3 da CNAAA (Angra 3).
10.2.11. Programa de Descomissionamento
Em diversos anos de estudos, seguiram-se trabalhos e reavaliações
periódicas com vistas ao Descomissionamento de usinas nucleares. Com a
entrada em operação de Angra 2, implementou-se um processo de
66
arrecadação de recursos para o Descomissionamento de Angra 2 à
semelhança do adotado para a primeira usina.
Garantir a proteção da população residente na microrregião da baía da
Ilha Grande e do seu meio ambiente, com relação à radioatividade residual,
bem como os recursos adequados para que o Descomissionamento ocorra de
forma a atender as necessidades ambientais e legais.
10.2.12. Programa de Monitoramento Sismológico Regional
Aprimorar o conhecimento sismotectônico da região através dos registros
de movimentos de baixa intensidade. O monitoramento sísmico da região visa
manter uma base completa e confiável de dados de sismos regionais.
Este programa tem por objetivo dar continuidade ao monitoramento
sísmico da região da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – CNAAA, onde
se localiza a área proposta para a instalação de Angra 3.
10.2.13. Programa de Medida de Temperatura no saco Piraquara de
Fora e Enseada de Itaorna
A execução deste programa visa manter a qualidade das águas salinas
onde ocorre o lançamento de efluentes da CNAAA no meio ambiente, em
atendimento às normas vigentes, com seus respectivos limites.
Objetivo deste programa é monitorar a temperatura das águas no saco
Piraquara de Fora e Itaorna, para o acompanhamento da dispersão térmica das
Unidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – CNAAA.
10.2.14. Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinhas
Atender a legislação ambiental quanto aos critérios de qualidade de água
para preservação de fauna e flora marinha (NT 319 da Feema, DZ 302 –
Padrões de Qualidade dos Corpos D’água segundo os Usos Benéficos).
67
Continuidade do Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinha
(PMFFM).
10.2.15. Programa de Medida de Cloro Residual no saco Piraquara
de Fora
A execução deste programa visa manter a qualidade das águas salinas
onde ocorre o lançamento de efluentes da CNAAA no meio ambiente, em
atendimento às normas vigentes, com seus respectivos limites.
O objetivo deste programa é monitorar a concentração de cloro residual
lançada no saco Piraquara de Fora pela água de circulação, de forma a
garantir que os limites estabelecidos pela Feema não sejam ultrapassados.
10.2.16. Programa de Monitoração Ambiental Radiológico
Operacional
Este programa ocorre em função da preocupação da empresa com o
meio ambiente e em atendimento à Legislação ambiental e radiológica
vigentes. Acompanhar os níveis de radiação ambiental em várias matrizes e
meios durante a operação da CNAAA, bem como a comparação com os
valores obtidos no período pré-operacional.
11. Análise da forma de apresentação e conteúdo do RIMA
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de Angra III apresenta
resumidamente as informações contidas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
da usina, todos os impactos e as respectivas medidas mitigadoras são
mostradas, assim como os métodos utilizados para a avaliação. Mas, não
foram citados os estudos pelos quais levaram a implantação da usina nuclear
na cidade de Angra dos Reis, apenas elencaram os motivos.
Por se tratar de um empreendimento de grande interesse público não é
apresentado, em nenhum momento, pesquisas de opinião sobre a implantação
68
da usina na região e nem informações de quem são as responsabilidades dos
programas ambientais a serem empregados e onde obter tais informações.
Quanto aos impactos, nem todos tiveram suas reais relevâncias
destacadas e alguns deixaram de ser considerados, como as emissões
atmosféricas na fase de operação.
Com relação ao plano emergencial, a área de evacuação imediata não é
apresentada no RIMA, por ser um documento disponível para a população
essa informação deveria ser citada.
O quadro da equipe técnica mostrou-se incompleto, pois a maioria dos
profissionais citados não possuem a sua área de atuação apresentados, alguns
são qualificados apenas como ―Engenheiro‖.
Quanto a estética, o RIMA não possui sumário, o que dificulta a
localização rápida das informações, e imagens com letras desfocadas, não
permitindo o entendimento das legendas dos mapas.
Sugere-se a inserção dessas informações no RIMA, bem como uma
revisão dos impactos gerados nas fases de instalação e operação. Como o
documento é de 2002, propõem-se uma atualização do EIA, e ressalta-se que
a usina nuclear ainda está na fase de instalação e que sofreu embargo das
obras várias vezes ao longo dos anos.
69
12. Análise da equipe de profissionais
Tabela 7: Profissionais e suas competências no empreendimento.
Profissional Atividade desenvolvida
Geólogo
Desenvolve estudos de estrutura e processos que formam o solo, planejamento e avaliação de escavações e construções, riscos de desmoronamentos e deslizamentos.
Biólogo Realiza estudo e levantamento
da fauna e flora.
Engenheiro Civil
Elaboração de projetos e cálculos estruturais para as construções.
Engenheiro Florestal Trabalha para manter as áreas
de unidades de conservação e fiscaliza o uso dessas áreas.
Arquiteto Responsável pelos projetos
arquitetônicos do empreendimento.
Sociólogo Realiza estudo da população
com relação as mudanças em função da implantação do empreendimento.
Técnico Cartográfico Produz mapas e cartas, e é
responsável pelo levantamento topográfico.
Engenheiro Aeronáutico
Estuda os impactos da obra no espaço aéreo da região e a possível relação com os vôos constantes naquela área.
Meteorologista Estuda os fenômenos
atmosféricos que acontecem na área, assim como seu clima.
Físico Nuclear Estuda e analisa as interações
dos núcleos atômicos e a geração da energia nuclear.
Geógrafo Realiza estudos e geração de
mapas, análises de deslizamentos, ocupação desordenada, entre outros.
Físico Realiza estudos do impacto da
radioatividade, seus riscos e probabilidade.
Químico Realiza estudo do impacto da
radioatividade, contaminações, causas e efeitos.
Economista
Estuda e analisa todo impacto que aquele empreendimento terá sobre a economia local direta e indiretamente, entre outros.
70
13. Referências bibliográficas
EIA – Estudo de Impacto Ambiental da Unidade 3 da Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto;
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental da Unidade 3 da Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto;
BRITO, C. F.; GODOI, E. I.; RAMOS, G. F.; IZIDORO, J. C.;
POLAKIEIWICZ, L.; SOLDÁ, N.; LA RUBBIA, W. M. Análise de sistemas
de gestão ambiental;
J. R.; ABREU, I. (Org.) Análise de Sistema de Gestão Ambiental. Rio de
Janeiro: Thex, 2008.
MME/EPE - Ministério de Minas e Energia/Empresa de Pesquisa
Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia 2011-2020. Rio de
Janeiro, 2011.
TRAVASSOS, R. C. A. ―Ciclo do combustível nuclear no Brasil:
salvaguardas para a operação de centrais nucleares‖. Apresentação no II
Workshop Internacional ENUMAS 2010: Oportunidades em Atividades
Nucleares no Brasil: Medicina, Agricultura e Indústria. Campinas:
Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP, agosto de 2010.
Lei 10.308 de 20/11/01. Dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o
licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a
responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos
radioativos, e dá outras providências.
Lei 9.765 de 17/12/98. Institui taxa de licenciamento, controle e
fiscalização de materiais nucleares e radioativos e suas instalações.
Lei 6.453 de 17/10/77. Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos
nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com
atividades nucleares e dá outras providências.
71
Decreto-Lei 1.982 de 28/12/82. Dispõe sobre o exercício das atividades
nucleares incluidas no monopolio da união, o controle do desenvolvimento
de pesquisas no campo da energia nuclear , e da outras providencias.
TOMMASI, L. R. 1994. Estudo de Impacto Ambiental. 1° ed., São Paulo,
CETESB, 355 p.
FINOTTI, A. R., TEIXEIRA, C. E., POTRICH, A. L. 2007. Avaliação de
impactos ambientais como ferramenta de gestão ambiental aplicada aos
resíduos sólidos do setor de pintura de uma indústria automotiva. Estudos
Tecnológicos em Engenharia. 3 (3): 162-175.
72
ANEXOS
A M B A M B A M B
Potencialização da suscetibilidade a deslizamentos em áreas de encosta
x x x
Alteração da qualidade das águas x x x
Alteração da qualidade do ar x x x
Ocorrência de processos erosivos x x x
Contaminação do solo por produtos químicos, combustíveis, óleos e graxas
x x x
Pressão para ocupação de áreas protegidas x x x
Redução da cobertura vegetal x x x
Aumento do número de atropelamento de fauna x x x
Alteração da diversidade e abundância das comunidades terrestres
x x x
Modificação da paisagem cênica natural x x x
Evasão da fauna x x x
Aumento no risco de extinção da fauna e flora x x x
Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de saúde
x x x
Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de transportes rodoviários
x x x
Aumento da pressão sobre os serviçoes de infra-estrutura básica de educação
x x x
Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de segurança pública
x x x
Variação da arrecadação tributária x x x
Variação da massa salarial x x x
Variação do dinamismo econômico x x x
Desenvolvimento tecnológico x x x
Aumento da pressão sobre os serviços de infra-estrutura básica de saneamento
x x x
Ocupação desordenada do solo x x x
Incidência de acidentes de trabalho x x x
Exposição de pessoas a ruídos e vibrações x x x
Acidentes rodoviários x x x
Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos não radioativos
x x x
Desmobilização da mão de obra x x x
ANEXO 1 - Planilha de identificação na fase de instalação
DescriçãoSeveridade Frequência Classificação
Impacto
So
cio
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on
ôm
ico
Instalação
Meio
Fís
ico
Bió
tic
o
Fonte/Tarefa
Aspecto
A M B A M B A M B
Alteração da qualidade do ar x x x
Alteração da qualidade da água x x x
Alteração do ecossitema marinho x x x
Variação da diversidade e abundância das comunidades aquáticas marinhas
x x x
Confiabilidade do setor elétrico x x x
Auto-suficiência de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro
x x x
Variação da arrecadação tributária x x x
Variação da massa salarial x x x
Variação do dinamismo econômico x x x
Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de rejeitos radioativos
x x x
Desenvolvimento tecnológico x x x
Aumento da pressão nos serviços de gerenciamento de resíduos sólidos não radioativos
x x x
ANEXO 2 - Planilha de identificação na fase de operação
Impacto
DescriçãoSeveridade Frequência Classificação
Fís
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Bió
tico
So
cio
eco
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Operação
Fonte/Tarefa Meio
Ações
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Ocupação desordenada do solo 4 2 0 2 0 2 4 0 5 5 3 0 2 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 35
Produção de efluentes sanitários e
águas de serviços0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Geração de poeiras, material
particulado, gases e fumaça0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7
Obras de construção e montagem
do empreendimento, principalmente
na fase de preparo do terreno e
instalação do canteiro de obras
0 0 2 4 0 4 4 2 2 3 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 2 0 2 34
Geração de efluentes contaminados 0 2 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Intensificação do tráfego de veículos 0 0 0 0 2 0 0 5 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4 0 0 18
Redução da cobertura vegetal 0 0 0 0 0 0 4 0 4 4 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20
Redução cênica natural 0 0 0 2 0 2 2 2 2 4 4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20
Variação da diversidade e
abundância das cominudades
terrestres
0 0 0 2 0 0 2 2 2 3 3 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18
Contratação de trabalhadores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 0 0 0 0 4 47
Geração de ruídos e vibrações 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4
Geração de resíduos sólidos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 4
216
ANEXO 3 - Matriz de Leopold sem medidas de controle na fase de instalação
TOTAL
To
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Físico Biótico Socioeconômico
ImpactoFase de Instalação
Ações
Po
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Ocupação desordenada do solo 3 1 0 1 0 1 3 0 5 5 2 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25
Produção de efluentes sanitários e
águas de serviços0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Geração de poeiras, material
particulado, gases e fumaça0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Obras de construção e montagem
do empreendimento, principalmente
na fase de preparo do terreno e
instalação do canteiro de obras
0 0 1 3 0 3 3 1 1 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 0 1 21
Geração de efluentes contaminados 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Intensificação do tráfego de veículos 0 0 0 0 1 0 0 5 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0 0 14
Redução da cobertura vegetal 0 0 0 0 0 0 3 0 3 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15
Redução cênica natural 0 0 0 1 0 1 1 1 1 3 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12
Variação da diversidade e
abundância das cominudades
terrestres
0 0 0 1 0 0 1 1 1 2 2 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11
Contratação de trabalhadores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 3 3 3 3 5 5 5 0 0 0 0 3 39
Geração de ruídos e vibrações 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 3
Geração de resíduos sólidos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 3
154
ANEXO 4 - Matriz de Leopold com medidas de controle na fase de instalação
Fase de InstalaçãoImpacto
To
tal P
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ial
Físico Biótico Socioeconômico
TOTAL
Ações
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Geração de efluentes líquidos 0 0 4 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 12
Geração de emissões atmosféricas 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Alteração da qualidade das águas 0 0 4 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 12
Alteração do ecossistema marinho 0 0 2 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 10
Funcionamento das caldeiras 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Geração de energia elétrica 0 4 0 0 0 4 4 2 2 0 4 0 4 24
Contratação de trabalhadores para a operação do empreendimento
0 0 0 0 0 0 0 4 4 4 0 0 0 12
Produção de rejeitos sólidos radioativos e não radioativos
0 5 3 2 2 0 0 0 0 0 5 0 4 21
99
ANEXO 5 - Matriz de Leopold sem medidas de controle na fase de operação
To
tal
Pa
rcia
l
Fase de operação
TOTAL
Impacto
Físico Biótico Socioeconômico
Ações
Alte
raçã
o d
a q
ua
lida
de
do
ar
Ge
raçã
o d
e r
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os
Alte
raçã
o d
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lida
de
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tor
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en
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ção
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ção
trib
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Va
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ção
da
ma
ssa
sa
laria
l
Va
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ção
do
din
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ism
o e
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ico
Au
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ssã
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os
serv
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s d
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nto
de
re
jeito
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ativo
s
De
sen
vo
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to t
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Au
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nto
da
pre
ssã
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os
serv
iço
s d
e
ge
ren
cia
me
nto
de
re
síd
uo
s só
lido
s n
ão
ra
dio
ativ
os
Geração de efluentes líquidos 0 0 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 9
Geração de emissões atmosféricas 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Alteração da qualidade das águas 0 0 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 9
Alteração do ecossistema marinho 0 0 1 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 7
Funcionamento das caldeiras 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Geração de energia elétrica 0 3 0 0 0 3 3 1 1 0 3 0 3 17
Contratação de trabalhadores para a operação do empreendimento
0 0 0 0 0 0 0 3 3 3 0 0 0 9
Produção de rejeitos sólidos radioativos e não radioativos
0 5 2 1 1 0 0 0 0 0 5 0 3 17
74
ANEXO 6 - Matriz de Leopold com medidas de controle na fase de operação
TOTAL
Fase de operaçãoImpacto
To
tal
Pa
rcia
l
Físico Biótico Socioeconômico