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ANO XXXI • Nº 266 • ABRIL/2017 Judiciário proíbe educador físico de praticar a acupuntura Pág. 4 Código de Ética Médica Revisão recebe 1.408 propostas Pág. 11 Resolução nº 2.147/16 Definidos os papéis de diretores-médicos Pág. 8 Saúde do médico Depressão: problema afeta a categoria Pág. 9 Governo Federal deixa de investir R$155 bilhões no SUS Pág. 5 Fórum de saúde indígena e congresso da CMLP colocam médicos brasileiros em contato com problemas que afetam povos da floresta e de outros continentes Págs. 6 e 7 Atividades institucionais CFM FAZ CONEXÃO COM DIFERENTES REALIDADES FECHAMENTO AUTORIZADO – PODE SER ABERTO PELA ECT

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Page 1: Atividades institucionais CFM FAZ CONEXÃO COM … · Código de Ética Médica Revisão recebe 1.408 propostas Pág. 11 Resolução nº 2.147/16 Defi nidos os papéis de diretores-médicos

ANO XXXI • Nº 266 • ABRIL/2017

Judiciário proíbe educador físico de praticar a acupuntura Pág. 4

Código de Ética Médica

Revisão recebe1.408 propostas

Pág. 11

Resolução nº 2.147/16

Defi nidos os papéisde diretores-médicos

Pág. 8

Saúde do médico

Depressão: problemaafeta a categoria

Pág. 9

Governo Federal deixa de investir R$155 bilhões no SUS Pág. 5

Fórum de saúde indígena e congresso da CMLP colocam médicos brasileiros emcontato com problemas que afetam povos da fl oresta e de outros continentes Págs. 6 e 7

Atividades institucionais

CFM FAZ CONEXÃO COM DIFERENTES REALIDADES

FECH

AMEN

TO A

UTOR

IZAD

O –

PODE

SER

ABE

RTO

PELA

ECT

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JORNAL MEDICINA – ABR/2017

INSTITUCIONAL

Mudanças de en de re ço de vem ser co mu ni cadas di re ta men te ao CFM

pelo e-mail [email protected]

Os artigos e os comentários assinados são de in tei ra res pon sa bi li da de dos au to res, não

re pre sen tan do, ne ces sa ria men te, a opi nião do CFM.

Ato Médico e SUS

Não se admite a

invasão do espaço

de atuação

pro� ssional dos

médicos por

outras categorias,

numa ação

irresponsável

que, inclusive,

expõe pacientes a

situações de risco.

Diretoria

Presidente:1º vice-presidente:2º vice-presidente:3º vice-presidente:

Secretário-geral:1º secretário:2º secretário:

Tesoureiro:2º tesoureiro:

Corregedor:Vice-corregedor:

Carlos Vital Tavares Corrêa LimaMauro Luiz de Britto RibeiroJecé Freitas BrandãoEmmanuel Fortes Silveira CavalcantiHenrique Batista e SilvaHermann A. V. von TiesenhausenSidnei Ferreira José Hiran da Silva GalloDalvélio de Paiva MadrugaJosé Fernando Maia VinagreCelso Murad

Diretor executivo:Editor:

Editora executiva:Redação:

Copidesque e revisão:Secretária:

Apoio:Fotos:

Impressão:

Projeto grá� coe diagramação:

Tiragem desta edição:Jornalista responsável:

Hermann A. V. von TiesenhausenPaulo Henrique de Souza Thaís DutraAna Isabel de Aquino CorrêaMilton de Souza JúniorNathália SiqueiraRejane Medeiros Vevila Junqueira

Tikinet Edição Ltda.Amanda FerreiraAmilton ItacarambyMárcio Arruda - MTb 530/04/58/DFEsdeva Indústria Grá� ca S.A.

Diagraf Comunicação, Marketing e Seviços Grá� cos Ltda

420.000 exemplaresPaulo Henrique de SouzaRP GO-0008609

Publicação ofi cial doConselho Federal de Medicina

SGAS 915, Lote 72, Brasília-DF, CEP 70 390-150Telefone: (61) 3445 5900 • Fax: (61) 3346 0231

www.portalmedico.org.br [email protected]

ANO XXXI • Nº 266 • ABRIL/2017

Judiciário proíbe educador físico de praticar a acupuntura Pág. 4

Código de Ética Médica

Revisão recebe1.408 propostas

Pág. 11

Resolução nº 2.147/16

Defi nidos os papéisde diretores-médicos

Pág. 8

Saúde do médico

Depressão: problemaafeta a categoria

Pág. 9

Governo Federal deixa de investir R$155 bilhões no SUS Pág. 5

Fórum de saúde indígena e congresso da CMLP colocam médicos brasileiros emcontato com problemas que afetam povos da fl oresta e de outros continentes Págs. 6 e 7

Atividades institucionais

CFM FAZ CONEXÃO COM DIFERENTES REALIDADES

FECH

AMEN

TO A

UTOR

IZAD

O –

PODE

SER

ABE

RTO

PELA

ECT

Conselheiros efetivos

Ademar Carlos Augusto (Amazonas), Adriana Scavuzzi Carneiro da Cunha (Pernambuco), Alberto Carvalho de Almeida (Mato Grosso), Alceu José Peixoto Pimentel (Alagoas), Alexandre de Magalhães Marques (Roraima), Alexandre de Menezes Rodrigues (Minas Gerais), Antônio Celso Koehler Ayub (Rio Grande do Sul), Dorimar dos Santos Barbosa (Amapá), José Albertino Souza (Ceará), Léa Rosana Viana de Araújo e Araújo (Pará), Lia Cruz Vaz da Costa Damásio (Piauí), Lisete Rosa e Silva Benzoni (Paraná), Lueiz Amorim Canedo (Goiás), Luís Eduardo Barbalho de Melo (Rio Grande do Norte), Luís Henrique Mascarenhas Moreira (Mato Grosso do Sul), Luiz Antônio de Azevedo Accioly (Rondônia), Márcia Rosa de Araújo (Rio de Janeiro), Nailton José Ferreira Lyra (Maranhão), Newton Monteiro de Barros (AMB), Norberto José da Silva Neto (Paraíba), Otávio Marambaia dos Santos (Bahia), Paulo Antônio de Mattos (Espírito Santo), Pedro Eduardo Nader (Tocantins), Renato Moreira Fonseca (Acre), Rosa Amélia Andrade Dantas (Sergipe), Ruy Yukimatsu Tanigawa (São Paulo), Sérgio Tamura (Distrito Federal), Wilmar de Athayde Gerent (Santa Catarina).

Conselheiros suplentes

Abdon José Murad Neto (Maranhão), Aldemir Humberto Soares (AMB), Anastácio Kotzias Neto (Santa Catarina), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima (Pernambuco), Celso Murad (Espírito Santo), Cláudio Balduíno Souto Franzen (Rio Grande do Sul), Dalvélio de Paiva Madruga (Paraíba), Dilza Teresinha Ambros Ribeiro (Acre), Donizetti Dimer Giamberardino Filho (Paraná), Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (Alagoas), Henrique Batista e Silva (Sergipe), Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen (Minas Gerais), Hideraldo Luís Souza Cabeça (Pará), Jeancarlo Fernandes Cavalcante (Rio Grande do Norte), Jecé Freitas Brandão (Bahia), Jorge Carlos Machado Curi (São Paulo), José Fernando Maia Vinagre (Mato Grosso), José Hiran da Silva Gallo (Rondônia), Júlio Ru� no Torres (Amazonas), Leonardo Sérvio Luz (Piauí), Lúcio Flávio Gonzaga Silva (Ceará), Maria das Graças Creão Salgado (Amapá), Mauro Luiz de Britto Ribeiro (Mato Grosso do Sul), Nemésio Tomasella de Oliveira (Tocantins), Rosylane Nascimento das Mercês Rocha (Distrito Federal), Salomão Rodrigues Filho (Goiás), Sidnei Ferreira (Rio de Janeiro), Wirlande Santos da Luz (Roraima).

A defesa do ato médi-co pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) tem, usualmente, recorrido ao Poder Judiciário para validar a exclusividade do diagnóstico e do trata-mento de doenças para os pro� ssionais da área. Esse caminho recorrente, que, na maioria das vezes, tem alcançado êxito em sen-tenças judiciais, é obriga-tório para proteger direito legal, previsto na Lei nº 12.842/2013.

Uma das decisões mais recentes sobre o tema veio do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a qual tem destaque nesta edição do jornal Medicina. Em res-posta a uma iniciativa irre-gular do Conselho Federal de Educação Física (Con-fef), os ministros determina-ram a proibição de que pro-� ssionais daquela categoria oferecessem e realizassem serviços de acupuntura.

O entendimento é claro: a autorização para prática de acupuntura, neste caso, só é possível por meio de lei em sentido estrito, ou seja, não é possível a autoriza-ção por meio de resolução de conselho de classe, como havia feito o Confef. A res-posta do STJ dialoga com inúmeras outras proferidas

em diferentes instâncias que cortam, pela raiz, abu-sos cometidos por represen-tantes de outras categorias da área da saúde.

Os equívocos de inter-pretação e o desrespeito à Lei do Ato Médico continu-arão a ser combatidos pelo CFM em todas as instân-cias. Não se admite a inva-são do espaço de atuação pro� ssional dos médicos por outras categorias, numa ação irresponsável que, in-clusive, expõe pacientes a situações de risco.

Ainda nesta edição, o leitor será apresentado a um novo levantamento do CFM, a partir de números o� ciais do Governo que mostram que a União, os estados e os municípios continuam a aplicar mal seus recursos no funciona-mento da rede pública.

Entre 2003 e 2016, o Ministério da Saúde (MS) deixou de aplicar cerca de R$ 155 bilhões no Sistema Único de Saúde (SUS), o que demonstra as falhas da gestão no setor. Outro termômetro do mau desem-penho no uso dos recursos disponíveis está nos investi-mentos. Os dados apurados mostram que, dos recursos autorizados no orçamento federal dos últimos 14 anos

(cerca de R$ 113 bilhões), apenas 41% foram efetiva-mente gastos.

A falta desse dinheiro aparece nos hospitais, nos ambulatórios, nos postos de saúde na forma de dé� -cit de leitos, na di� culdade de acesso a medicamentos e no desestímulo dos pro-� ssionais da saúde, insa-tisfeitos com as condições de trabalho e desanimados com a ausência de medi-das que os reconheçam e os valorizem.

Finalmente, dentre ou-tros vários temas de inte-resse, destacamos repor-tagem que apresenta um grupo de médicos brasilei-ros que têm demonstrado seu compromisso com o ético exercício da pro� ssão. Com criatividade, conhe-cimento técnico e muita emoção, eles têm ajudado a salvar vidas e trazer espe-rança para milhares de pes-soas. Nesta edição, alguns deles contam suas histórias e compartilham com os lei-tores como fazer a diferença com a ajuda da medicina.

Hermann A. V. von TiesenhausenDiretor executivo do jornal Medicina

Editorial

* Por motivo de espaço, as mensagens poderão ser editadas sem prejuízo de seu conteúdo.

Cartas* Comentários podem ser enviados para [email protected]

Abdon José Murad Neto, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, Celso Murad, Henrique Batista e Silva, Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen, Jorge Carlos Machado Curi, Lúcio Flávio Gonzaga Silva, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, Sidnei Ferreira, Wirlande Santos da Luz

Conselho editorial

Em reação às recentes decisões da justiça que reforçam a importância e a legitimidade do ato médico, expresso meu sentimento numa palavra: excelente! Que a medici-na volte a ser realizada por médicos, assim como a enfermagem por enfermeiros!

Ana Lívia MunizCRM-SP 15.3228

[email protected]

Sugiro à Anvisa que edite uma norma para que o Receituário Controle Especial seja, também, em uma só via, como são os de outros psicofármacos. Justi� co-me: está havendo um absurdo de desperdício de papel comum e de papel-carbono (mais caro que o papel comum) para uma coisa que não serve

para nada. Dessa forma, estaremos realmen-te fazendo uma importante economia para os municípios, estados e União.

José Siqueira Soares CRM-MG 12.205

[email protected]

Necessitamos de um completo bem-estar para que possamos cuidar da sociedade com segurança, dignidade e tradição, como foi dito em reportagem do jornal Medicina (ed. 265). A nossa correria não acaba diante da � nalização da graduação ou depois da resi-dência. A correria continua tão intensa como nos momentos mais exigentes da faculdade. Nessa perspectiva, a adoção e garantia de cui-dados integrais – alimentar, psicológico, social –

tendem a ser uma importante ferramenta para prevenção de agravos. Esgotamento pro� ssio-nal: precisamos encarar esse problema de frente.

Eduardo RibeiroCRM-RS 37.110

[email protected]

Parabéns pela atitude, Conselho Federal de Medicina (CFM), expressa em matéria no jornal Medicina (ed. 265)! No ano passado tive um episódio de burnout e ainda estou em tratamento. Conheço muitos colegas que já passaram pelo mesmo problema, além de episódios de depressão.

Camila de Melo CamposCRM-SP 129.483

[email protected]

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JORNAL MEDICINA – ABR/2017

CONHECENDO O CFMINSTITUCIONAL

Carlos Vital Tavares Corrêa Lima

PALAVRA DO PRESIDENTE

Ordem na judicialização da saúde

A decisão tomada pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em maio, deve ge-rar desdobramentos significativos na chamada judicialização da saúde. Por ser considerado tema de recurso repetitivo, o ministro Benedito Gonçalves determinou a suspensão de processos movidos por pacientes que pleiteiam medicamentos não contemplados em lista disponível no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O repetitivo é um dispositivo jurídico usado quando um grupo de recursos possui teses idênticas, ou seja, tem fundamento na mesma questão de direito. Quando um tema de recurso é classificado como repetitivo, seu processo fica suspenso no tribunal de origem até o pronunciamento definitivo do STJ sobre a matéria.

A orientação do STJ decorreu da análise de controvérsia envolvendo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que manteve sentença determinando ao Estado o fornecimento de três colírios a uma paciente com diagnóstico de glaucoma, que alegou não possuir condições financeiras para adquirir os medica-mentos prescritos (REsp nº 1657156/RJ).

Para o tribunal fluminense, o poder público deve fornecer assistência médica e farmacêutica aos que dela necessitarem, conforme estabelecem a Constituição Federal e a Lei nº 8.080/1990. Todavia, para o estado do Rio de Janeiro, o SUS deve fornecer apenas os medicamentos previstos em atos normativos do Ministério da Saúde.

Como impacto imediato, a decisão do STJ já gerou a suspensão do andamento de 678 processos (individuais ou coletivos) que tramitam atualmente no território nacional e tratam de fornecimento, pelo Estado, de medicamentos não contemplados na Portaria nº 2.982/2009, do Ministério da Saúde (Programa de Medicamentos Excepcionais).

Conforme previsto pelo Regimento Interno do STJ e pelo Código de Processo Civil, a definição da tese pela Primeira Seção orientará as instâncias ordinárias da Justiça, inclusive os juizados especiais, para a solução de casos que evoquem controvérsias semelhantes. O referido posicionamento refletirá também na admissibilidade de recursos para o Superior Tribunal de Justiça e em outras situações processuais.

Contudo, o STJ afirma que a suspensão nacional dos processos que discutem o fornecimento pelo Estado de medicamentos não incluídos em lista do SUS não impede os juízes de primeira ou segunda instância de apreciarem demandas consideradas urgentes, a exemplo dos pedidos de liminares. Nestes casos, os pacientes deverão comprovar a urgência da demanda e especificar a eficácia e a segurança do medicamento solicitado. Alerta ainda que não há impedimento para o cumprimento de medidas cautelares já deferidas.

O ministro Benedito Gonçalves esclareceu que “os recursos repetitivos não foram criados para tran-car o julgamento das ações, mas para uniformizar a interpretação de temas controvertidos nos tribunais de todo o País. Por isso, não deve haver a negativa da prestação jurisdicional”. Trata-se de um impor-tante passo que fortalece com racionalidade e integralidade os princípios constitucionais do SUS.

Levantamento recente, divulgado pelo Ministério da Saúde, aponta que os pedidos com decisão favorável na Justiça se multiplicam nas três esferas de Governo. A estimativa é de que os gastos de prefeituras, governos estaduais e da União com o fornecimento de remédios por ordem judicial somem R$ 7 bilhões por ano. Este valor corresponde a 6% do orçamento federal para a área da saúde em 2017.

O SUS tem matriz valorativa e jurídica na Constituição Federal de 1988 que, conforme os ditames do seu artigo 196, ressalta: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

Porém, apesar do expresso direito do paciente, essas sucessivas decisões podem causar desequilíbrio nas contas públicas e prejudicar a execução de políticas e programas. Em muitas situações, o Judiciário autoriza demandas sem considerar, em tese, a globalidade de políticas públicas, levando o Executivo a concretizar direitos que, na realidade, exigem esforços materiais e/ou financeiros desproporcionais, desrespeitando-se ainda a razoabilidade e o Princípio Constitucional da Reserva do Possível.

O Princípio Constitucional do Mínimo Existencial apenas deve preceder o Princípio da Reserva do Possível em parâmetros de proporcionalidade, razoabilidade, racionalidade, idoneidade e de riscos de danos irremediáveis à saúde, um bem indissociável da vida.

O tema já despertou a atenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tem buscado as solu-ções desejadas. Por sua vez, espera-se do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária (Anvisa) a atualização das listas de medicamentos e de procedimentos médicos disponibilizados pelo SUS, o que será de grande relevância para as decisões dos médicos.

Afinal, apenas um médico pode dizer se o paciente necessita de um determinado medicamento ou não, devendo orientar o juiz nesse sentido com base científica para sua decisão. Assim, contribuirá para diminuir a pressão dos lobbies farmacêuticos, que buscam aumentar a venda de um medicamento espe-cífico, evitando-se o questionamento desnecessário de diretrizes científicas previamente determinadas.

A saúde pública e a justiça brasileiras aguardam, com ansiedade, por esse ordenamento que se constitui como alicerce dos direitos de cidadania e das decisões judiciais criteriosas, em benefício do bem-estar individual e coletivo.

Apenas um

médico pode

dizer se o

paciente

necessita de um

determinado

medicamento

ou não,

devendo

orientar o juiz

nesse sentido

com base

cientí� ca para

sua decisão.

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4 POLÍTICA E SAÚDE

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

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O Conselho Federal de Medicina (CFM) é contra o serviço social obrigatório da pro� ssão por entender que ele não resolve o problema da assistência médica no Brasil e ainda atrasa a for-mação do pro� ssional, no-tadamente dos especialis-tas. Esta é a visão do CFM apresentada pelo conse-lheiro federal Lúcio Flávio Gonzaga em audiência pú-blica realizada na Comissão de Educação, Cultura e Es-porte (CE), do Senado Fe-deral, para tratar do Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 168/2012, de autoria do se-nador Cristovam Buarque.

A proposta pretende criar um serviço social obri-gatório de dois anos para quem se formar em medi-

cina por faculdades públi-cas ou com � nanciamento público. O conselheiro ar-gumentou que a solução para o vazio assistencial no interior e nas periferias das grandes cidades passa pela criação de uma carreira ex-clusiva de Estado no Siste-ma Único de Saúde (SUS) para os médicos e demais pro� ssionais de saúde. “Só uma carreira de Estado � -xaria o pro� ssional de saúde em locais hoje desassisti-dos”, argumentou.

Para o conselheiro, o PLS nº 168/2012 perdeu seu objeto a partir da criação do Programa de Valorização do Pro� ssional da Atenção Básica (Provab) e da apro-vação da Lei nº 12.871/2013 que instituiu o programa

Mais Médicos. O projeto também atrasaria a forma-ção de especialistas. “A lei do Mais Médicos criou um serviço social obrigatório disfarçado ao estabelecer que o estudante deve cur-sar a residência médica em medicina de família e co-munidade antes de fazer a maioria das demais residên-cias. Com isso, um estudan-te que queira fazer urologia deve cursar seis anos de fa-culdade, dois de medicina de família, dois de cirurgia geral e três de urologia, totalizan-do 13 anos de formação. Se o PLS em questão for apro-vado, seriam acrescentados mais 2 anos. Ou seja, seriam necessários 15 anos para se formar um urologista. “In-concebível”, argumentou.

No Senado, Conselho critica propostaServiço social obrigatório

Defesa do Ato Médico

“A autorização para prática de acupun-

tura só é possível por meio de lei em sentido estrito, ou seja, não é possível a autorização por meio de Resolução do Confef ”, a� rmou o Superior Tribu-nal de Justiça (STJ) em recente decisão proferi-da devido a ação movida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) contra o Conselho Federal de Edu-cação Física (Confef).

A ação ingressada pelo CFM visava a nuli-dade dos artigos 1º e 2º da Resolução Confef nº 69/2003, que permite a prática da acupuntura por pro� ssionais da educação física. No entendimento da coordenadoria jurídica do CFM, “somente é per-mitido à autarquia, no caso o Confef, realizar atos que estejam expressamente previstos em lei, o que no caso não acontece”.

Ainda no Tribunal Re-gional Federal da 1ª Região (TRF1), a 7ª Turma deter-minou a anulação da nor-ma a� rmando que “o Con-selho Federal de Educação Física não pode regula-mentar atos que não es-

tão previstos em lei como privativos dos pro� ssionais que � scaliza, elastecendo--os”, ressaltando ainda que “os educadores físicos não podem, fundados nes-sa resolução, praticar essa forma de tratamento”.

“Embora não exista no ordenamento jurídico lei especí� ca regulando a ati-vidade de acupuntor, não pode o pro� ssional de edu-cação física, que possui regulamentação própria, praticar atos que sua legis-lação pro� ssional não lhe permite”, a� rmou o TRF1.

Devido a recurso in-terposto pelo Confef, o STJ se pronunciou sobre o caso – rati� cando a tese do CFM ao a� rmar que “a jurisprudência desta Corte é no sentido de que o con-selho de classe não tem competência para atribuir o exercício da prática de acupuntura aos pro� ssio-nais dele pertencentes”.

O resultado da ação é um dos frutos do trabalho realizado pela Comissão Jurídica de Defesa ao Ato Médico, coordenada pelo CFM e com representan-tes de várias entidades da categoria.

Judiciário ratifi ca argumentos do CFMPara o STJ, profi ssional de educação física não pode realizar acupuntura, atividade exclusiva da medicina

Jurisprudência: para o STJ, conselhos de classe não têm competência para mudar escopo da pro� sssão

A Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP) do Conselho Federal de Medicina (CFM) trabalha, no Se-nado Federal, para mudar proposição que amplia para os � sioterapeutas e terapeutas ocupacionais a prescrição de próteses e órteses, prevista no Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 121/2015. De autoria do deputado Onyx Loren-zoni (DEM/RS), na sua versão original, previa que a pres-crição de órteses e próteses poderia ser feita por médicos, � sioterapeutas e terapeutas ocupacionais.

Em votação na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), no entanto, foi aprovada emenda do senador Ronaldo Caiado (DEM/GO) especi� cando que apenas médicos poderiam prescrever, avaliar, aprovar e supervisionar a con-fecção e utilização de próteses e órteses. “A prescrição de próteses e órteses deve � car a cargo de pro� ssionais quali-� cados para avaliar seu uso e impacto no organismo como um todo”, argumentou o senador ao defender sua emenda.

No Plenário, no entanto, o senador Humberto Costa (PT/PE) apresentou uma emenda restabelecendo o texto original. Inicialmente, o relator da matéria, senador Otto Alencar (PSD/BA), a� rmou que acataria a sugestão de Costa, o que implicaria na rejeição da emenda da CAS. A CAP, no entanto, tem trabalhado na proposta, e o senador baiano se mostrou favorável ao entendimento do CFM de que a prescrição de órteses e próteses é um ato médico.

CAP em defesa dos médicos

Preocupadas com a qualidade da assistência e a segurança do paciente, o Conselho Federal de Medi-cina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) ingressaram judicialmente contra o Conselho Fede-ral de Odontologia (CFO) devido à Resolução nº 176/2016. A norma do CFO libera o uso irrestri-to de toxina botulínica por odontólogos.

Em nota conjunta, as entidades médicas ressalta-ram que há completa inexis-tência de autorização legal para utilização indiscrimi-nada da toxina botulínica pelos dentistas, resultados nefastos de procedimentos estéticos decorrentes da atuação de dentistas além da região bucomaxilofacial, publicidade tendenciosa e sem controle disseminada em meios de comunicação e ausência de atuação es-pecí� ca de supervisão do CFO em relação a todos esses fatos. O texto diz ain-

da que, após tentativas de iniciativas administrativas de consenso e demonstra-ções técnicas, jurídicas e documentais da improprie-dade da edição da Reso-lução CFO nº 176/2016, optou-se por alertar para os abusos e adotar medidas judiciais cabíveis”.

A Ação Civil Pública nº 0012537-52.2017.4.01.3400 foi ingressada no Tribunal Regional Federal da 1ª Re-gião (TRF1) em desfavor do CFO, buscando suspensão dos efeitos e anulação da resolução daquele Conselho.

Entidades médicas processam CFO

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5POLÍTICA E SAÚDE

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

Financiamento da saúde

União deixa de aplicar R$155 bilhõesAnálise do Conselho

Federal de Medicina (CFM) mostra que, entre 2003 e 2016, o Ministério da Saúde (MS) deixou de aplicar cerca de R$ 155 bi-lhões no Sistema Único de Saúde (SUS). O montan-te, segundo avaliação da autarquia, revela a má qua-lidade da gestão � nanceira na saúde pública, que his-toricamente também sofre com o sub� nanciamento.

No período apurado, cerca de R$ 1,5 trilhão foi autorizado para o Ministé-rio da Saúde no Orçamen-to Geral da União (OGU), segundo os dados o� ciais do próprio Governo. Os desembolsos, no entanto, foram de R$ 1,3 trilhão (89% do previsto).

Somente em 2016, o valor efetivamente gasto (R$ 114,7 bilhões) repre-sentou 91% do que havia sido programado para o ano. Contudo, no perí-odo especí� co, o com-portamento das contas foi inferior aos gastos dos dois anos anteriores. Em valores corrigidos pelo Ín-dice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os recursos apli-cados em 2014 e 2015 su-peraram em R$ 2,8 bilhões e R$ 632 milhões, respec-tivamente, o montante aplicado no ano passado.

Investimentos – Outro termômetro do

mau desempenho no uso dos recursos disponíveis está nos investimentos. Os dados apurados pelo CFM junto ao Sistema Integrado de Adminis-tração Financeira (Siafi) mostram que, dos recur-sos autorizados no or-çamento do MS nos úl-timos 14 anos, cerca de R$ 113 bilhões deveriam ter sido destinados à rea-lização de obras e à aqui-sição de equipamentos de saúde. No entanto, apenas R$ 46,5 bilhões (41%) foram efetivamen-te gastos, e outros R$ 66,4 bilhões deixaram de ser investidos.

“A repercussão desses números na assistência se materializa nas denúncias de falta de leitos, de equipa-mentos, de radioterapia, de quimioterapia e de outros serviços”, pontua o pre-sidente do CFM, Carlos Vital. Com recursos es-cassos, a� rma ele, menos unidades de saúde serão dotadas de infraestrutura em quantidade e qualida-de su� cientes para prover assistência à população. “Se não houver um es-forço para priorizar a saú-de nas contas públicas, a população brasileira cer-tamente será ainda mais prejudicada”.

A burocracia e o despreparo de gover-nantes estaduais e mu-

nicipais também têm dificultado o funciona-mento do SUS. Dos R$ 64,3 bilhões repassados pelo MS aos estados e municípios durante 2016, cerca de R$ 6,7 bilhões ficaram parados nos fundos de saúde, es-pécie de conta-corrente para onde são transferi-dos os recursos federais que deveriam ser aplica-

dos em ações e serviços públicos de saúde.

Do montante “em-perrado”, R$ 4,9 bilhões (73%) estavam sob a res-ponsabilidade das prefei-turas e não chegaram a ser utilizados durante o ano. A maior parte dos recursos, segundo infor-mações do próprio MS, deveria ter sido aplica-da em ações da atenção

básica, que envolve pro-gramas como o Saúde da Família; Atenção de Mé-dia e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospita-lar (MAC), que abran-gem ações como exames, cirurgias e transplantes, por exemplo; e na reali-zação de obras e compra de equipamentos. Con� -ra o detalhamento no quadro acima.

Outros R$ 6,7 bilhões também fi caram “parados” nos fundos de saúde de estados e municípios brasileiros

Novo modelo de repasse de verba aumenta possibilidade de erros e desvios, afirmam especialistas

O Ministério da Saúde (MS) anunciou novas regras no repasse de recursos federais a estados e municípios. A intenção é liberar de forma mais ágil e simples os valores que já estão nos cofres dessas esferas. Apesar da justificativa do MS de que as mudanças possibilitarão aos gestores mais agilidade e eficiência na destinação dos recursos, se mal administrado, o novo modelo pode acarretar prejuízos ainda maiores à população. É como avalia o economista Januário Montone, com mais de 20 anos de experiência na administração pública, tendo sido secretário

municipal de saúde e de gestão de São Paulo (SP) e primeiro presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O novo formato prevê, por exemplo, que as transferências de verbas federais, antes reali-zadas em seis blocos (atenção básica, assistência farmacêutica, assistência de média e alta com-plexidade, vigilância em saúde, investimento e gestão), passem a ser feitos em apenas duas modali-dades: custeio e investimento.

A forma de financiamento de obras de construção, ampliação ou reforma na saúde também mudou. O repasse de recursos federais, nesses casos, será feito

em parcela única, substituindo atuais modelos com contrato de repasse, feito em três parcelas atreladas ao andamento da obra.

As regras também preveem que as transferências estarão atreladas a indicadores e metas previamente estabelecidas, cabendo ao MS acompanhar e avaliar o plano. A pasta garante que, se um gestor não cumprir o que foi combinado, o dinheiro voltará automaticamente para o Fundo Nacional de Saúde (FNS). Segundo Montone, as dificulda-des para garantir o cumprimento das metas fixadas em diversos programas federais podem ser ainda maiores, “porque a fisca-

lização vai indicar os problemas somente após o fato”.

Para o secretário-geral da organização não governamental (ONG) Contas Abertas, Gil Castello Branco Neto, unificar as verbas indica uma regressão no grau de transparência do orçamento públi-co. “O novo modelo impõe grande dificuldade para acompanhar de forma direta os recursos transfe-ridos aos estados e municípios. O objetivo foi simplificar a vida dos gestores, mas dificultaram a vida do cidadão, da sociedade civil e de entidades médicas como o Conselho Federal de Medicina (CFM), que acompanham o orçamento. Se antes era possível

saber, por exemplo, a finalidade e o valor destinado a cada um dos blocos, agora teremos em um único título – custeio –, as diversas ações federais na área da saúde”, criticou.

Ele lembra que a lógica de unificar as “nomenclaturas orçamentárias” tem sido uma prática comum do Governo Fede-ral, que nos últimos anos reduziu também o número de programas e ações que eram detalhadas no Orçamento Geral da União (OGU). “Ao tornar mais complexo o processo de identificação das diversas contas do orçamento, o Governo dificulta o controle social sobre a aplicação dos recursos, penalizando toda a sociedade”.

REPASSES FUNDO A FUNDO ACUMULADOS EM 2016 E SALDOEM CONTA CORRENTE EM 31/12/2016, POR BLOCO E ESFERA

Blocos de Financiamento / Esfera Repasse Líquido Saldo em Conta

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 1.969.488.648,52 565.520.853,94

Estadual 978.497.812,12 204.050.380,43

Municipal 990.990.836,40 361.470.473,51

ATENÇÃO BÁSICA 16.734.039.702,63 1.531.397.393,11

Estadual 140.602.006,00 136.140.203,31

Municipal 16.593.437.696,63 1.395.257.189,80

GESTÃO DO SUS 63.024.194,68 209.263.236,47

Estadual 29.038.956,74 120.851.211,47

Municipal 33.985.237,94 88.412.025,00

INVESTIMENTO 2.652.530.133,09 1.772.188.782,01

Estadual 340.994.615,17 312.896.471,55

Municipal 2.311.535.517,92 1.459.292.310,46

MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE 40.118.489.259,96 1.745.828.638,89

Estadual 14.752.894.831,24 745.511.561,89

Municipal 25.365.594.428,72 1.000.317.077,00

VIGILÂNCIA EM SAÚDE 2.704.687.764,23 904.446.670,59

Estadual 646.788.480,91 293.765.750,62

Municipal 2.057.899.283,32 610.680.919,97

TOTAL GERAL 64.242.259.703,11 6.728.645.575,01

Fonte: Ministério da Saúde

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PLENÁRIO E COMISSÕES 6

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

I Seminário sobre Saúde Indígena do CFM

A criação efetiva de estágios em con-

texto indígena para estu-dantes de medicina de universidades brasileiras, especialmente nas regi-ões com mais comunida-des indígenas, é a principal proposta do I Seminá-rio sobre Saúde Indígena, promovido pelo Conse-lho Federal de Medicina (CFM), em abril deste ano, em Rio Branco (AC).

De acordo com a coordenadora da Comis-são de Integração do Médico de Fronteira do CFM, Dilza Ambros Ribeiro, a intenção é estimular os responsá-veis pelos cursos a assi-milarem a proposta dentro da grade das dis-ciplinas não obrigató-rias, e os entendimentos serão mantidos individu-almente com as escolas.

No Acre vivem cerca de 20 mil indígenas, divi-didos em 16 etnias e 36 territórios, e, para Dilza Ribeiro – conselheira federal pelo estado –, essa mudança na grade curricular trará ganhos para os pacientes e os futuros pro� ssionais, que

passarão a ter um con-tato maior com a cultura desses povos, com reper-cussão no seu aperfei-çoamento técnico e no aspecto ético.

Marco – Na ava-liação do presidente do CFM, Carlos Vital, o I Seminário sobre Saúde Indígena representa um marco na atuação da autarquia nessa área. “Queremos compartilhar experiências e receber informações para ofere-cer aos povos indígenas propostas que agreguem soluções, sempre com respeito aos aspectos sociais e culturais”, disse.

A programação do encontro incluiu abor-dagens sobre proble-mas de saúde prevalen-tes entre as populações indígenas, como desnu-trição infantil, tubercu-lose e doenças infecto-contagiosas. Além disso, há ainda números pre-ocupantes relacionados ao alcoolismo e ao suicí-dio. Com respeito a esse tipo de agravo, enquanto a média nacional é de 5,3 casos para cada 100 mil habitantes, nos municí-

pios indígenas, ela sobe para 30, chegando a 50 em São Miguel da Cachoeira (AM).

Ciente da comple-xidade das questões de saúde dos povos indí-genas, o CFM pro-cura conhecer o pensa-mento de comunidades e de especialistas no tema. “Não podemos pensar em impor valores, mas sim em inaugurar diálogos paritários com recíproca con� ança”, ressaltou o presidente do Conselho.

Cursos médicos abordarão a temáticaNo encontro, foi proposta a inclusão de estágios em contexto indígena nas grades curriculares de medicina

Vital: “Queremos compartilhar experiências e receber informações”

A situação da saúde no Acre, com a apresentação de desa� os e conquistas, foi o tema de reunião na sede do governo do estado, em Rio Branco (AC). Uma comissão liderada pelo presidente do

Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, debateu o assunto com o governador Tião Viana. O grupo incluiu ainda diretores e conselheiros da autarquia, além do presi-dente do Conselho Regional

de Medicina do Acre (CRM/AC), Virgílio Batista do Prado.

Tião Viana, que é médi-co infectologista, apresentou ações do governo local no âm-bito da saúde pública. Entre as preocupações expressas, está a quali� cação da rede de atendimento, com a amplia-ção do acesso da população aos serviços de média e alta complexidade; a instalação de saneamento básico nos muni-cípios menores; e o trabalho com comunidades indígenas.

A elaboração de um novo plano de cargos, carreiras e re-muneração (PCCR) para os médicos e a importância de o governo do estado ajudar na solução dos problemas apon-tados pelas � scalizações feitas pelo CRM/AC em postos de

saúde e hospitais também foram pautas levadas pelos Conselhos de Medicina.

O presidente do CFM a� rmou que os relatos de avanço indicam preocupa-ção em inserir a saúde como parte de um projeto de de-

senvolvimento sustentável para a região. Carlos Vital disse ainda que o CFM e os Conselhos Regionais de Me-dicina (CRMs) estão pron-tos a contribuir com esse es-forço, por meio de suas ações e envio de subsídios.

Diretoria do CFM reúne-se com governador e debate situação no estado

Reunião: médicos apresentaram reivindicações a Tião Viana (centro)

Saúde no Acre

Demogra� a: dados apontam que cerca de 20 mil indígenas de 16 etnias vivem em 36 territórios no Acre

Fiscalização de unidades de saúde, revalidação de diplo-mas de medicina obtidos no exterior e fluxos processuais em ações judicantes envolvendo médicos. Esses foram alguns dos tópicos abordados em reunião entre a diretoria do Conselho Federal de Medicina (CFM) e os membros do Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM/AC). O presidente do CRM/AC disse que “foi uma excelente oportunidade para nossos conselheiros regionais conhecerem melhor o trabalho conduzido pelo CFM. Todos os pontos de pauta foram relevantes, e nos chamou a atenção o cuidado de cada diretor e do presidente Carlos Vital em repassar informações que nos ajudarão na atuação do CRM”.

Rio Branco recebe presidentes de CRMs

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PLENÁRIO E COMISSÕES 7

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

Comunidade Médica de Língua Portuguesa

Congresso discute desafi os globaisCFM sediou encontro que discutiu desafi os de países lusófonos para o exercício da medicina

Representantes de pa-íses de língua por-

tuguesa discutiram, em Brasília, DF, em maio, os impactos da economia, das políticas públicas, da educação e das relações sociais e bioéticas para a saúde dos países lusófonos. O encontro aconteceu no âmbito do VIII Congres-so da Comunidade Médi-ca de Língua Portuguesa (CMLP), tradicional even-to promovido por este gru-po, que, desta vez, contou com o apoio e a organiza-ção do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Esse conjunto de paí-ses lusófonos – Ango-la, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portu-gal, São Tomé e Prín-cipe, e Timor-Leste –, que reúne aproximada-mente 500 mil médicos, é marcado por extre-ma desigualdade, par-ticularmente no campo da assistência a saúde. A análise foi feita pelo presidente do CFM e da CMLP, Carlos Vital, na conferência de abertura.

Baseado nos dados mais recentes divulgados pela Organização Mundial

da Saúde (OMS), ele mos-trou discrepâncias no valor per capita dos gastos nessa área, que apresenta extre-mos de US$ 2.096 ao ano, em Portugal, e US$ 37,3 em Guiné-Bissau. O Bra-sil, classi� cado como uma das maiores economias do mundo, tem indicador limi-tado a U$ 947,7 por habi-tante ao ano.

No País, a participa-ção do Estado no gasto de saúde total é de ape-nas 46% – terceira pior posição entre os paí-ses lusófonos. “Trata-se de um baixo percentual, posto que, nos sistemas únicos de saúde, torna-se recomendável que este índice seja de pelo menos 70%”, defendeu Vital.

Também em outros setores, a situação do Bra-sil no cenário lusófono foi evidenciada. Um dos expositores que fez isso foi o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, que, para tanto, usou sua experiên-cia como professor, cirur-gião-geral e emergencis-ta para apontar que as demandas de violên-cia urbana e acidentes impactam gravemen-

te o Sistema Único de Saúde (SUS).

O conselheiro apontou que muitas falhas nos três níveis de atenção repercu-tem no sistema hospitalar. Mesmo na Rede de Aten-ção às Urgências, muitas lacunas sobrecarregam os hospitais, que “não têm estrutura física, pro-� ssionais, leitos e centros cirúrgicos para atender à demanda que explode em suas portas, e os pacien-tes acabam morrendo por causas evitáveis”.

Re� exões e propostas sobre formação médica e políticas de saúde também permearam o congres-so, com importantes con-tribuições de representan-tes do Conselho Nacional de Secretários de Saú-de (Conass), Opas/OMS Brasil, Universidade de Brasília (Unb), Confede-ração Médica Latino-Íbe-ro-Americana e do Cari-be (Confemel), entidades médicas dos países-mem-bros, entre outras.

Para o presidente da CMLP, o encontro repre-sentou um importante marco, que será desdo-brado em ações no países--membros.

A importância da bioé-tica para a prática médica e a necessidade de fortalecer as relações entre os médicos de língua portuguesa para a construção de uma ética médica que reflita a reali-dade dos países lusófonos marcaram a sessão solene de comemoração dos 10 anos do doutorado em bio-ética, oferecido pelo Con-selho Federal de Medicina (CFM) e pela Faculdade de Medicina da Universida-de do Porto (FMUP). Na sessão, foram entregues os certificados aos alunos da sexta turma do programa.

O representante da Or-ganização das Nações Uni-das para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Amnon

Carmi, que veio ao Brasil exclusivamente para parti-cipar da solenidade, elogiou o convênio entre o CFM e a FMUP e instou os estudio-sos a construírem uma ética a partir da realidade lusófona,

mas na perspectiva de contri-buir para a bioética mundial.

O coordenador do Pro-grama em Bioética e tesourei-ro do CFM, José Hiran da Silva Gallo, relatou os esforços realizados nesses 10 anos e

ressaltou o empenho dos ex--presidentes do CFM, Edson de Oliveira Andrade e Roberto Luiz d’Avila, e da atual direção. Enfatizou, ainda, a importân-cia dessa área de conhecimen-to para a atuação do médico.

“Os dilemas éticos estão cada vez mais complexos, cabendo à bioética ser o farol a iluminar os caminhos”, ressaltou.

Nesses 10 anos, 180 dou-torandos participaram do curso, e 14 teses foram defen-didas. Quem fez o curso mas não defendeu a tese recebeu o título de especialista em bioéti-ca. Representantes da FMUP/Universidade do Porto (Rui Nunes, Maria Amélia Ferreira e Maria de Fátima Marinho), Ordem dos Médicos de Por-tugal (OMP) (José Manuel Pavão) e Associação Médica Brasileira (AMB) (Florentino Cardoso) também ressaltaram o empenho do CFM e a impor-tância das re� exões sobre os dilemas bioéticos dos médicos em suas práticas e pesquisas.

Durante congresso, doutorado em bioética festeja 10 anos de êxitos

Desigualdade: problemas enfrentados pelos países foram debatidos

Parceria CFM/UPorto

Produtividade: curso conta com 180 doutorandos e defesa de 14 teses ao longo de 10 anos de existência

O próximo encontro dos países da Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP) será em setembro de 2018, na cidade de Maputo, em Moçambique. A decisão foi tomada durante uma assembleia reunindo representantes dos países-membros da CMLP, durante a oitava edição do tradicional congresso que reúne o grupo.

Também foi tema de debate na assembleia o desenvolvimen-to do Observatório Lusófono de Sistemas e Políticas de Saúde. O objetivo é contribuir para boas políticas e estratégias na área da saúde pública, otimizar a experiência dos países que compõem a CMLP e produzir documentos, materiais e outros informativos.

Os representantes ainda analisaram a proposta de criação de um website da CMLP e a consolidação do grupo Task Force Jovens Médicos, que reunirá as principais novas lideranças do movimento médico nos países-membros da Comunidade.

Durante a reunião, o presidente do CFM e da CMLP, Carlos Vital, enfatizou a importância de parcerias com entidades congê-neres que valorizem as ligações históricas, culturais e linguísticas que unem os países lusófonos. Ressaltou, ainda, a importância da colaboração no campo educacional entre os países.

Próximo encontro será em Moçambique

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PLENÁRIO E COMISSÕES 8

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

Resolução CFM nº 2.147/2016

CFM defi ne papéis de diretoresO Conselho Fede-

ral de Medicina (CFM) de� niu em reso-lução critérios para atua-ção de médicos que ocu-pam cargos de diretor técnico e clínico nos es-tabelecimentos de assis-tência médica em todo o Brasil, atribuindo-lhes a responsabilidade de atuar com objetividade na ma-nutenção da qualidade do atendimento e na garan-tia de condições técni-cas para o exercício ético da pro� ssão. A Resolu-ção CFM nº 2.147/2016, que está em vigor desde 24 de abril, vale para ins-tituições públicas e priva-das, inclusive planos de saúde, � xando parâme-tros que assegurem essa qualidade.

Segundo o relator da resolução e 3º vice-presi-dente do CFM, Emmanuel Fortes, a explicitação das funções era há muito re-clamada pelos pro� ssio-nais de medicina. “O esta-

belecimento de uma linha de comando para a atu-ação de chefes, coorde-nadores ou supervisores de serviços, possibilitan-do interações e comando, era necessário, visando o bom funcionamento dos estabelecimentos assis-tenciais médicos ou de in-termediação da prestação de serviços médicos”.

Com a nova resolução, a partir de agora caberá aos médicos que atuarem como gestores a observa-ção de tarefas que afetam diretamente o funciona-mento das unidades. Pela nova norma, o diretor téc-nico-médico responde ad-ministrativa e eticamente pela organização e manu-tenção do funcionamento para o atendimento, desde a chegada dos pacientes à recepção até a garantia da continuidade do abasteci-mento de energia ou gases medicinais nos diversos ambientes médicos do es-tabelecimento assistencial.

Ao diretor clínico se-rão atribuídas as tarefas relativas à qualidade da assistência, como diri-gir e coordenar o cor-po clínico da instituição, supervisionando a assis-tência aos doentes e ze-lando também pelo cum-primento do regimento interno e das demais normas balizadoras da boa prática médica.

Em ambas as funções, diante da constatação de

problemas que inter� ram na rotina e na seguran-ça do funcionamento das unidades, os diretores clí-nicos e técnicos devem to-mar todas as providências a seu alcance para resolver essas di� culdades. Quando não for possível fazê-lo, de-vem acionar seus superio-res ou, quando pertinente, comunicar-se por escrito ao Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua jurisdição.

A norma visa garantir atendimento e condições de funcionamento de serviços médicos em todo o País

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.147/2016RESPONSABILIDADES VIGENTES EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA OU PRIVADA

Diretores técnicos Diretores clínicos

Assegurar condições dignas de trabalho e os meios indis-pensáveis à prática médica, assim como organizar a escala de plantonistas

Supervisionar a execução das atividades de assistência mé-dica da instituição

Monitorar o abastecimento de produtos e insumos, inclusive alimentos e remédios, para garantir o suprimento do consu-mo do estabelecimento assistencial

Comunicar ao diretor técnico para que tome as providências ca-bíveis quanto às condições de funcionamento de aparelhagem e equipamentos e de abastecimento de medicamentos e insumos

Certifi car-se da regular habilitação dos médicos perante os Conselhos de Medicina, bem como de sua qualifi cação como especialistas

Acompanhar a efetiva realização do ato médico e a garantia de assistência disponível aos pacientes

Não contratar médicos formados no exterior sem registro nos Conselhos de Medicina

Recepcionar e assegurar aos estagiários (acadêmicos e médi-cos) e residentes médicos condições de exercer suas atividades

Para facilitar a divulga-ção dos principais pontos da Resolução CFM nº 2.147/2016, em vigor desde 24 de abril, a Coordenação Imprensa do CFM preparou uma apresentação com peças gráficas, mostrando as principais atribuições que afetam diretamente a rotina de diretores técnicos e clínicos das unidades de saúde. Informe-se e compartilhe essa norma, que assegura parâmetros de qua-lidade para a saúde. Para ter acesso ao material, basta aces-sar http://goo.gl/tdpaFW.

A Resolução CFM nº 2.147/2016 traz uma novidade sobre um tema que antes não contava com definição legal: a respon-sabilidade dos diretores técnicos-médicos de planos de saúde, seguros-saúde, cooperativas médicas e prestadoras de serviço em autogestão. Segundo definições da norma, cabe ao diretor técnico--médico zelar para que a operadora respeite as cláusulas pactu-adas nos contratos firmados com pessoas físicas ou jurídicas por eles credenciados, contratados ou referenciados.

Em relação a faturas de prestação de serviço, ficou definido que é do diretor técnico-médico a obrigação de zelar para que, na ocorrência de glosas, sejam descritas suas razões, ou seja, o por-quê da recusa das operadoras em pagar as faturas, exigindo dos auditores os fundamentos dessas negativas.

Do mesmo modo, as glosas devem ser remetidas por escrito.Os médicos (quando pessoas físicas) ou o diretor técnico-médico (quando pessoa jurídica) deverão oferecer esse retorno. Com a nova norma, caberá a estes a cobrança das condições do que ficou pactuado nos contratos com médicos ou estabelecimentos contra-tados, conveniados ou referenciados.

O diretor técnico passa a ser responsável, por exemplo, por zelar pelo cumprimento dos contratos de seus credenciados; assegurar ade-quadas condições físicas e ambientais oferecidas pelos seus contrata-dos aos pacientes; zelar pela qualidade dos serviços prestados quanto a materiais, insumos etc. garantir a apresentação de justificativa por itens glosados em faturas; assegurar a realização de auditorias de procedimentos médicos apenas por auditores médicos; e garantir rea-justes de honorários acordados entre médicos e operadoras de planos.

Norma alcança planos e seguros de saúde

Para ler a norma na íntegra, acesse https://goo.gl/eplVBE.

A importância da ati-vidade política como meio para a categoria médica ser ouvida, protegendo assim a medicina e a sociedade, foi o tema predominante de simpósio sobre ação nacio-nal em defesa da medicina e da saúde no Brasil. O debate teve a participação do presi-dente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, durante o IV Congresso Brasiliense de Medicina do Trabalho, no dia 28 de abril, em Brasília, DF.

Na abertura o� cial do Congresso, Carlos Vital, que é médico do trabalho, recebeu uma homenagem por sua atuação de elevado padrão ético e pela defesa

da medicina e da saúde dos trabalhadores. No encontro, também participou a conse-lheira federal pelo Distrito Federal, Rosylane Rocha. Ambos contribuíram com os

debates e apresentaram as visões do CFM sobre dife-rentes temas, em especial os relacionados à saúde do tra-balhador brasileiro e ao papel do médico em sua defesa.

Conselheiros acompanham congresso no DF

Homenagem: presidente do CFM foi reconhecido por seu trabalho

Medicina do trabalho

Saúde mental – O CFM e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) posicionaram-se também neste mês de abril sobre “o descaso do Ministério da Saúde (MS) com o descumprimento da Lei Federal nº 10.216/2001, que determina a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais”. Em nota, as entidades ressal-taram que “a lei não vem sendo cumprida pelo MS, que, por intermédio da Coordenação Nacional de Saúde Mental, tem distorcido a legislação, propositalmente, por meio de documentos ofi ciais, chamados de ‘portarias’, e de infor-mações inverídicas, como a defesa do fechamento dos hospitais psiquiátricos, que, na verdade, são fundamentais em alguns tipos de tratamento para o portador de transtorno mental, principalmente em períodos de surtos”.

CR

M-R

N

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9INTEGRAÇÃO

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

“Vamos conversar”. Este é o lema da

campanha lançada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, com o objetivo de alertar a sociedade para a depressão, problema do qual os médicos não estão imunes. A falta de condições de trabalho, sobrecarga, discrepância entre a remuneração e o esforço empregado, sen-timento de injustiça e in-terferência de terceiros na atuação médica são fatores que, para o diretor de � scalização do Con-selho Federal de Medicina (CFM), Emmanuel Fortes, contribuem para a depres-são entre médicos.

“No geral, o médi-co não gosta de pedir aju-da e tem uma tendência a automedicar-se, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. A adesão ao tratamento psiquiátri-co também é ruim. É pre-

ciso que a fragilidade seja reconhecida para que haja e� cácia”, ressalta o con-selheiro federal pelo Piauí, Leonardo Sérvio Luz, que orienta os médicos com sintomas a pedirem ajuda.

Segundo a OMS, o Brasil é o terceiro país do mundo com maior preva-lência da depressão (5,8% da população), sendo su-perado somente pela Austrália, Estônia (5,9% cada) e Ucrânia (6,3%). A doença atinge 322 mi-lhões de pessoas no mun-do, sendo a principal cau-sa dos 888 mil suicídios ocorridos anualmente.

Pesquisa publicada no jornal O Globo, no início deste ano, mostrou que o médico está na quin-ta posição entre seis gru-pos de pro� ssionais que mais sofrem com depres-são e transtornos mentais e comportamentais.

“O médico é pres-sionado o tempo todo, o que nos deixa mais sus-

cetíveis”, a� rma o conse-lheiro federal por Goiás e psiquiatra Salomão Ro-drigues Filho, chamando também a atenção para a síndrome de burnout. Segundo ele, dados de pesquisa publicada no Archives Internal Medici-ne apontam que 46% dos médicos já sofreram com esse problema em algum momento da carreira. “É uma doença do humor, com manifestações de-pressivas, produzidas pelo estresse crônico das con-dições de trabalho desgas-tante”, explica Rodrigues.

O psiquiatra elenca os estágios da doença, que começa com uma neces-sidade de a� rmação, de fa-zer tudo sozinho, seguida de negligência com os cui-dados pessoais, recusa de contatos pessoais e, por � m, depressão com riscos suicidas. Entre os sintomas, estão: tristeza, pessimismo, ansiedade, di� culdade de concentração, exaustão

e perda do sentimento de realização pessoal.

A criação de espaços para a discussão dos pro-blemas identi� cados pelos médicos, o aprimoramen-to pro� ssional, as melho-

rias na relação médico--paciente e o treinamento para a convivência com a morte são algumas das ações que podem aumen-tar a resiliência do médico, a� rma Emmanuel Fortes.

Saúde do médico

Depressão: problema que afeta a categoria

No mês em que se cele-bra o Dia Mundial da Saúde e o Dia Mundial em Me-mória das Vítimas de Aci-dentes de Trabalho, Conse-lhos Regionais de Medicina (CRMs) de todo o País re-alizaram ações para chamar a atenção da sociedade para a importância desses temas. Em 7 de abril, os CRMs promoveram atividades que destacaram a falta de estru-

tura no Sistema Único de Saúde (SUS), a desvaloriza-ção dos médicos, além da má gestão. E, ao longo do mês, os CRMs também integra-ram o movimento Abril Ver-de, de conscientização sobre a importância de prevenção dos acidentes de trabalho.

A Organização In-ternacional do Trabalho (OIT) instituiu o dia 28 de abril como o Dia Mundial

da Segurança e Saúde no Trabalho. Durante o mês, os CRMs foram os únicos conselhos de � scalização do exercício pro� ssional a atuar como parceiros na Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Comandada pelo Ministério do Trabalho, a iniciativa teve também o apoio de órgãos como o Ministério da Previdência e Assistência Social; Ministé-rio da Saúde; Ministério Pú-blico do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho.

Estados – Diversos CRMs iluminaram suas fachadas de verde e divul-garam o tema em sites, bo-letins, revistas e redes sociais como, por exemplo, em Goiás, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso e Pará.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Norte (Cremern), além de também destacar a ação no site e nas mídias so-ciais, promoveu o I Simpósio

de Conscientização de Pre-venção Contra Acidentes de Trabalho, no dia 25, no auditório do Conselho. O evento contou com palestras do médico perito e conselhei-ro regional Marcus Augusto Freire Fernandes, além de alguns juízes do trabalho de Natal (RN).

O presidente do Cremern, Marcos Lima de Freitas, chamou a atenção para a subnoti� cação dos acidentes de trabalho. Com a inicia-

tiva, o Conselho pretende contribuir para uma mudan-ça no cenário. “Os dados es-tatísticos demonstram uma epidemia silenciosa com danos à vida do trabalhador e ao equilíbrio � nanceiro pú-blico e privado. O Cremern encampou essa luta sendo partícipe na divulgação do tema e no auxílio aos médi-cos para uma melhor noti� -cação e cuidado na preven-ção e no tratamento dessa epidemia”, reforçou Freitas.

Nos estados, atividades destacaram prevenção de acidentes de trabalho

Vulnerabilidade: conjunto de fatores coloca médicos em situação de risco

CRM/RN: em debate, conselheiros discutiram aspectos do problema

Fre

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ages

Ainda no mês do Dia Mundial da Saúde, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reforçou a campanha “Essa é a saúde que você mere-ce?”, ressaltando a importância de lutar pelo direito constitucional de que todo cidadão tem de ter uma saúde digna. A questão permeou banners digitais, spots de rádio e filmes para TV e internet. O tema também foi des-taque em sites, redes sociais e boletins do Conselho Regional do Estado de Goiás (Cremego), Minas Gerais (CRM/MG), do Pará (CRM/PA), Rio Grande do Norte (Cremern), Rio Grande do Sul (Cremers) e São Paulo (Cremesp).

Conselhos denunciam crise da saúde

O conteúdo da ação pode ser acessado no link: https://goo.gl/b2Vaet.

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Marcos: instalações chamaram a atenção da população para o tema

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ÉTICA MÉDICA10

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

Relação médico-paciente

Médicos dão exemplo de humanização

“A prática médica é es-sencialmente estabe-

lecida na relação humana. É a partir do contato que se traça o diagnóstico e se constrói a relação médico--paciente, pilar fundamen-tal da medicina. A missão do médico contemporâneo é aliar os avanços tecno-lógicos, tão necessários e bem-vindos, a uma relação de con� ança e credibilida-de com seu paciente”, de-fende o presidente do Con-selho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital.

Com esse entendimen-to, compartilhado pelo seu plenário, o CFM destaca quão valioso e digni� cante é o investimento na rela-ção médico-paciente. Ex--conselheiro do CFM e autor do livro Uma intro-dução à medicina, Luiz Sal-vador de Miranda Sá Jú-nior ressalta que “o caráter necessariamente altruísta, abnegado e bene� cente da atividade pro� ssional mé-dica deve ser considerado como o componente mais essencial dela, ao qual se subordinam todas as con-dutas dos médicos. Esta é a mais antiga e respeitável tradição médica”.

Primeiro pediatra bra-sileiro a atender, em um

serviço público, um re-cém-nascido na sala de parto, Antônio Marcio Junqueira Lisboa é um dos destaques da medici-na no Brasil por seu olhar atento ao paciente, pelo cuidado com a integrali-dade do ser humano alia-do às melhores práticas.

Lisboa, hoje com 90 anos e em atividade, criou projetos pioneiros nas áreas de pediatria e neo-natologia, como o progra-ma Mãe Acompanhan-te, possibilitando que as mães acompanhem seus � lhos (crianças) interna-dos em tempo integral; e a divisão do atendimento aos recém-nascidos a par-tir do grau de risco, permi-tindo que bebês saudáveis � quem com a mãe. Na área de ensino, levou pio-neiramente alunos, inter-nos e residentes às comu-nidades para estagiarem em centros de saúde, zo-nas rurais e centros de re-abilitação e de desenvolvi-mento social. Isso tudo a partir da década de 1960.

À época, Antônio Lis-boa deixou seu consul-tório no Rio de Janeiro e mudou-se para a capital do país, Brasília, DF, para construir novos sonhos

na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Brasília (UnB), onde criou disciplinas como ne-onatologia.

“A abordagem holística da medicina surgiu como uma forma de reação ao modelo cartesiano. Aqui as pessoas deveriam ser vistas como unidades bio-lógicas, indivisíveis, que sentem, sofrem, têm ale-grias, medos, angústias, tristeza e depressão; que

pertencem a famílias, vi-vem em comunidades e têm seus hábitos, seus cos-tumes, seus tabus. A abor-dagem holística implica o atendimento da pessoa de forma integral e integrada, evitando a fragmentação do conhecimento”, defen-de Lisboa ao falar sobre o pediatra do futuro.

Assim como ele, Luiz Salvador, psiquiatra tam-bém dedicado às cau-sas político-associativas,

destaca ainda em seu li-vro que “o médico tem uma responsabilidade que transborda dos campos técnico, jurídico e adminis-trativo para o ético. A rela-ção benemerente, eixo do trabalho médico, exige que seus agentes sejam par-ticularmente dotados de qualidades que lhes permi-tam fazer esse trabalho – o encontro de ajuda baseado na ciência, no bom senso e na solidariedade”.

Em todo o Brasil, médicos brasileiros têm demonstrado seu compromisso com o ético exercício da profi ssão. Com criatividade, conhecimento técnico e muita emoção, têm ajudado a salvar vidas e trazer esperança para milhares de pessoas. Nesta edição, conheça alguns desses personagens que fazem a diferença

“No ato de cuidar e aco-lher, é preciso mergulhar na verdadeira tecnologia de pon-ta: a alma humana, e assim conseguiremos diminuir as angústias, os sofrimentos e as a� ições de nossos pacientes em

sua integralidade. É a medici-na baseada no olhar, num mo-mento da supervalorização da medicina baseada em evidên-cia ou em problemas”, a� rma o clínico e pneumologista Pau-lo Fernando Barreto de Melo,

idealizador e coordenador do programa A Arte na Medicina na Faculdade de Ciências Mé-dicas (FCM) da Universidade de Pernambuco (UPE).

Sob o lema: a arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola. O programa completa 21 anos em ativi-dade, tendo como sede um castelo construído na UPE, onde crianças e adolescentes em tratamento participam de diversas o� cinas.

Aulas de música com ins-trumentos de sopro, percussão e bateria para pacientes pneu-mopatas, com distúrbio de locomoção ou coordenação motora; dança nas salas de

quimioterapia, hemodiálise e cuidados paliativos; contação de estórias e produção de tex-tos no Castelinho são apenas algumas das atividades desen-volvidas pelo projeto, que pode ser mais bem conhecido no en-dereço www.artenamedicina.com.br. O projeto conseguiu ainda incluir o tema na grade curricular em Pernambuco, onde há sete anos a disciplina de arteterapia é lecionada na FCM.

“O universo do cuidar é mais abrangente que o uni-verso do curar. Podemos não curar sempre o câncer na criança, mas sempre pode-mos cuidar de uma criança com câncer e diminuir seu

sofrimento”, a� rmou a onco-pediatra Vera Morais no livro Histórias para acordar os ho-mens, que traz contos escritos na O� cina de Contos de Fadas por crianças em tratamento.

Para Barreto, “as institui-ções de saúde devem priori-zar investimentos contra a desumanização da medicina, como se refere o sociólogo Paulo Henrique Martins. Um dos caminhos é a utilização da arte, que nas últimas dé-cadas tem sido uma impor-tante ferramenta na área de saúde, na formação huma-nística dos seus pro� ssionais e estudantes, como proposta terapêutica na ambiência e na promoção da saúde”.

Em Pernambuco, projeto leva arte a crianças e pacientes internados

Salvador (ao fundo): médicos têm responsabilidade que deve ser focada na ética, no bom-senso e na solidariedade

Barreto (em pé): as instituições devem priorizar a humanização

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11ÉTICA MÉDICA

JORNAL MEDICINA – ABR/2017

Código de Ética Médica

CFM recebe 1.408 propostas de revisãoA revisão do Código de

Ética Médica (CEM)aproxima-se da etapa � -nal, com análise das pro-postas de alteração. Ao todo, a Comissão Nacio-nal do Conselho Federal de Medicina (CFM) re-cebeu 1.408 sugestões de inclusão, alteração ou ex-clusão de texto. A expec-tativa é que o novo Có-digo seja aprovado até o primeiro trimestre de 2018, entrando em vigor no � nal daquele ano.

Nesse trabalho, que já dura nove meses, conse-lheiros e especialistas fa-zem estudos, participam de eventos regionais e nacio-nais e analisam sugestões de médicos, Conselhos Regio-nais de Medicina (CRMs), entidades da sociedade ci-vil organizada, instituições cientí� cas e universitárias. Agora o grupo inicia nova etapa de checagem de su-gestões, que ainda devem ser submetidas a aprova-

ção na II Conferência Na-cional de Ética Médica (II Conem), prevista para no-vembro.

A Comissão Nacional considera que devem ser observados aspectos éti-cos e técnicos, além dos jurídicos e legais, a � m de garantir e� cácia e aplicabi-lidade ao novo Código. Al-guns dos temas debatidos relativos à ética médica são distanásia, manipula-ção de células germinati-vas, publicidade médica, terapia gênica, autonomia e consentimento livre e es-clarecido, responsabilidade civil do médico, relação médico-paciente, situa-ções clínicas irreversíveis e terminais, além de uma série de outros tópicos.

O presidente do CFM, Carlos Vital, coordena a Comissão e explica o pro-cesso para a atualização do documento: “Ao tra-tarmos do Código de Éti-ca Médica, é de extrema

importância discutirmos exaustivamente as altera-ções propostas e nas di-versas instâncias previstas. Além dos debates promo-vidos pelos estados e nos encontros regionais reali-zados pelo CFM em 2016, todas as propostas apro-vadas são analisadas pela Comissão e ainda serão submetidas às conferên-cias nacionais”, ressaltou.

Histórico – No Brasil, a evolução dos códigos de ética médica ocorreu a partir de 1867, data da publicação do primei-ro documento, inspirado no Código de Ética Médi-ca da Associação Médica Americana (AMA). Des-de então, os regulamentos mantêm o compromisso de sustentar, promover e pre-servar o prestígio pro� ssio-nal, proteger a união pro� s-sional, garantir à sociedade padrões de prática e esta-belecer valores, deveres e virtudes pro� ssionais.

O último trabalho de revisão do Código acon-teceu em 2007 sobre um documento que vigora-va há quase 20 anos. O Código de Ética Médica, revisto e atualizado em 2009, teve função tanto educativa quanto re� exi-va sobre o futuro da moral

médica brasileira. Atual-mente, o CEM é compos-to de um preâmbulo com seis incisos, além de 25 incisos de princípios fun-damentais, 10 de normas diceológicas (direitos), 118 artigos de normas deonto-lógicas (deveres) e 4 inci-sos de disposições gerais.

Participação: propostas foram enviados de julho de 2016 a março de 2017

O papel da imprensa na prevenção ao suicídio é o destaque da cartilha Comportamento suicida: conhecer para prevenir, lançada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Me-dicina (CFM). Entre as informações incorporadas na edição, estão dados estatísticos atualizados sobre a incidência de ca-sos de suicídio, incluindo o ranking mundial e grá� cos sobre a relação entre trans-tornos mentais e suicídios. Em 2012, por exemplo, o suicídio teve grande im-pacto na morte de jovens, sendo a segunda maior causa de óbito entre 15 e 29 anos de idade, em to-das as regiões do mundo.

No material, os pro-� ssionais da comunicação irão encontrar esclareci-mentos sobre termos es-pecí� cos, um panorama com dados e informações gerais, além de dicas so-bre como abordar o tema em matérias jornalísticas.

Além de informar, o do-cumento também busca a fundamental participação dos veículos de comunica-ção para a modi� cação do panorama atual, orientan-do-os a abordar o tema em reportagens e ressaltando a importância da mídia no trabalho em defesa da vida e na prevenção ao suicídio.

Emmanuel Fortes, 3º vice-presidente do CFM, destaca a importância da publicação. “Trata-se de uma iniciativa da maior relevância, pois o tema é delicado e não pode ser abordado de forma simpló-ria”, avalia o diretor. Uma primeira versão foi lançada em 2009, depois reeditada, e agora conta também com informações da cartilha Suicídio: informando para prevenir, lançada pela au-tarquia em 2014.

Manual orienta jornalistasPrevenção ao suicídio

A cartilha ABP/CFM está disponível no Portal da

Psiquiatria, página eletrônica da associação, acessível em

https://goo.gl/0U6DhO.

Elaboração de documento para estudantes de medicina avança

Recentes episódios envol-vendo estudantes de medicina reacenderam o debate sobre a ética na formação médica. Um documento sobre preceitos morais desde a academia vem sendo elaborado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em conjunto com a comunidade docente e discente: o Código de Ética do Estudante de Medicina (CEEM). A intenção é elencar valores fundamentais à etapa de formação acadêmica dos futuros médicos formados no Brasil. No dia 1º de agosto, em Brasília, DF, o CFM promoverá um fórum nacional para o deba-te final do documento.

O documento trará, de forma didática e clara, um conjunto de princípios organizados em diferentes eixos. A previsão é de que o material tenha capítulos temáticos sobre a relação do estudante com a instituição, vínculos interpessoais, com a sociedade e também multiprofis-sional, além de responsabilidade com os estudos e a formação.

No processo de construção desse marco para o sistema de ensino médico, o CFM e os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) atuam como intermedia-dores, tendo a preocupação e o objetivo de estimular a reflexão e o diálogo. “Nós promovemos

o diálogo, procurando ser facilitadores do processo, mas o poder decisório é do estudante. É ele que escolhe quais temas serão de relevância”, disse o presidente do CFM, Carlos Vital.

Para garantir uma partici-pação ampliada, 13 reuniões já foram promovidas com repre-sentantes de todos os estados. O CFM também lançou um portal exclusivo para que estudantes de medicina, professores (médi-cos e não médicos) e entidades da sociedade civil organizada apresentassem propostas para a elaboração do CEEM. Ao todo, foram recebidas cerca de 260 sugestões, analisadas pelos integrantes da Comissão Nacio-nal, que elabora o documento.

Segundo o coordenador adjunto da Comissão Nacional, Leonardo Sérvio Luz, os códigos para estudantes de medicina são realidade em países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. “Em meio a uma desenfreada abertura de escolas médicas, o Código de Ética do Estudante é uma demanda pri-mordial na formação dos futuros médicos brasileiros. Ele auxiliará na postura profissional desses jovens médicos”, ressaltou.Debate: no dia 1º de agosto, o CFM realizará o Fórum Nacional

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12 INTEGRAÇÃO

JORNAL MEDICINA – ABR/2017JORNAL MEDICINA – ABR/2017

12 CONHECENDO O CFM

CFM produz 165 diretrizes desde 2014Resoluções, pareceres e recomendações balizam o exercício ético-profi ssional da medicina no País

Atividade normativa

De janeiro de 2015 a abril de 2017, o Con-

selho Federal de Medi-cina (CFM) publicou 43 resoluções, 117 pareceres e 5 recomendações, tota-lizando 165 diretrizes. As resoluções editadas abor-daram diversas questões, como a responsabilidade em atos médicos com-plexos (como tratamen-to cirúrgico da obesidade mórbida, por exemplo), re-lação do médico com a mí-dia e as redes sociais e ad-missão e alta em unidade de terapia intensiva (UTI).

Também fazem parte do rol normativo desse pe-ríodo outros tópicos, como cesariana a pedido, repro-dução assistida, reconhe-cimento de especialidades médicas e atribuições, di-reitos e responsabilidades de diretores técnicos.

As resoluções são atos normativos com poder co-ercitivo emanados do ple-nário do CFM. Já as reco-mendações são indicações concebidas para orien-tar os médicos, sem po-der coercitivo – as edita-das neste período tratam de temas como vacinação

contra o vírus do papiloma humano (HPV), consenti-mento livre e esclarecido e solicitação de testes soro-lógicos para HIV, sí� lis e hepatites B e C.

Os pareceres, por sua vez, são os relatórios � nais sobre questionamentos enviados ao CFM e aos CRMs referentes a suas competências legais. Al-guns exemplos são aque-les que tratam de interna-ção de dependentes quí-micos em comunidades terapêuticas; micro� lma-gem de prontuários médi-cos; prescrição de medica-mentos para � nalidade te-rapêutica distinta daquelas que tiveram aprovação da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa); e da responsabilidade pelo preenchimento de formu-lários próprios de empre-sas de seguros privados – entre outros.

Em 2016, a autarquia recebeu ainda 926 con-sultas (questionamen-tos) de médicos, institui-ções e da própria socie-dade, número 7% maior que em 2015 (864 con-sultas) e 108% maior que

em 2012, por exemplo. Essa interação ajuda a es-clarecer pontos da práti-ca da assistência a saú-de e da atuação da clas-se médica, se cristalizan-do na forma de pareceres. Das 1.790 consultas dos últimos dois anos, 112 ori-ginaram os pareceres no

período, e as outras foram respondidas diretamente.

“Esses números ilus-tram o crescimento do contato com a sociedade e a con� ança que é depo-sitada na nossa autorida-de. A sociedade tem pres-sa nas suas solicitações, e o CFM está pronto pa-

ra atender a essa deman-da”, avalia Jecé Brandão, 2º vice-presidente e coor-denador do Departamen-to de Processo-Consulta.

Entre resoluções, parece-res e recomendações, o Con-selho Federal de Medicina (CFM) publicou, na atual gestão (2014-2019), mais de 160 diretrizes que bali-zam e orientam o exercício ético-pro� ssional em todo o Brasil. Essa atribuição nor-matizadora está prevista na Lei nº 3.268/1957, que cria os conselhos de medicina e os de� ne como “órgãos supervi-sores da ética pro� ssional em tôda a República e ao mesmo tempo, julgadores e discipli-nadores da classe médica”.

Dispositivos recentes, como a Lei nº 12.842/2013, conhecida como Lei do Ato Médico, reforçam a compe-tência do CFM para “editar normas para de� nir o caráter experimental de procedimen-tos em medicina, autorizan-

do ou vedando a sua prática pelos médicos” e, ainda, apli-car “sanções pertinentes em caso de inobservância das normas determinadas pelo Conselho Federal”.

Os comandos do CFM re-caem sobre médicos e pessoas jurídicas cuja atividade básica seja a medicina. Entre os mais importantes e balizadores para os médicos, estão o Código de Ética Médica (CEM), cuja versão mais recente, de 2010, passa por um processo de atua-lização, e o Código de Proces-so Ético-Pro� ssional (CPEP), recém-revisado. Esses códigos estão dispostos na forma das Resoluções nº 1.931/2009 e nº 2.145/2016, respectivamente. “No julgamento ético-discipli-nar, aplica-se o CEM aos fa-tos”, diz o presidente do CFM, Carlos Vital.

É esse código – explica o dirigente – que traz os mais elementares preceitos da ética médica no âmbito de direitos e responsabilidades, direitos humanos, relação com pa-cientes e familiares, doação e transplante de órgãos e te-cidos, relação entre médicos,

remuneração pro� ssional, sigilo, documentos médicos, auditoria e perícia, ensino e pesquisa, e publicidade.

Já a Resolução CFM nº 2.145/2016 (CPEP) traz as normas processuais que regu-lamentam as sindicâncias, os processos ético-pro� ssionais e

o rito dos julgamentos dos con-selhos. “Nosso papel é regula-mentar, impor limites, tendo como objetivo principal a pro-teção da sociedade, e o CPEP orquestra essa importante atividade-� m do Conselho”, explica José Fernando Maia Vinagre, corregedor do CFM.

Normas do CFM recaem sobre médicos e empresas que atuam na medicina

Produtividade: conselheiros se dedicam à produção de documentos que são referência para a categoria

DIRETRIZES DE DESTAQUE DO CFM

Documento Assunto

Parecer 9/15 Internação de dependentes químicos em comunidades terapêuticas

Parecer 6/15 Microfi lmagem de prontuários médicos em suporte de papel

Resolução 2.121/15Reprodução assistida. Entre as novidades, está a mudança em relação às mulheres com mais de 50 anos, que estão dispensadas do aval do sistema conselhal para se submeter às técnicas

Resolução 2.126/15 Propaganda em Medicina

Resolução 2.131/2015Critérios para realização de cirurgia bariátrica a partir de determinadas comorbidades e do Índice de Massa Corporal (IMC) dos pacientes

Resolução 2.132/15Emissão de atestados de óbito por médicos intervencionistas do Serviço Pré-Hospitalar Móvel de Urgência e Emergência (Samu).

Recomendação 5/15 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)Recomendação 2/16 Orientação médica sobre sorologia para hepatites B e C, sífi lis e HIV.Recomendação 9/15 Orientação médica sobre vacinação contra o HPV

Parecer CFM 2/16Prescrição médica de medicamentos para fi nalidade terapêutica distinta às aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Parecer 3/16Esclerose Lateral Amiotrófi ca (ELA), provável ou defi nida, como doença irreversível e incapa-citante. Documento subsidia médico perito ou assistente

Resolução 2.144/16. Realização de cesariana a pedido da paciente

Resolução CFM 2.147/16Responsabilidades de diretores técnicos, diretores clínicos e che¬fi as de serviço em ambien-tes médicos.

Resolução CFM 2.156/16Parâmetros para melhorar o fl uxo de acolhimento de pacientes em situação de instabilidade clínica.

Parecer CFM 42/16Preenchimento de formulários de empresas de seguros privados por médicos assistentes e estabelecimentos de saúde

Todas as normas podem ser acessadas no endereço www.portal.cfm.org.br.