atividades complementos verbais

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ATIVIDADES COMPLEMENTOS VERBAIS A seguir há três textos para leitura. Leia-os e, em seguida, responda às questões propostas. TEXTO I Três Coisas Por Paulo Mendes Campos Não consigo entender O tempo A morte Teu olhar O tempo é muito comprido A morte não tem sentido Teu olhar me põe perdido Não consigo medir O tempo A morte Teu olhar O tempo, quando é que cessa? A morte, quando começa? Teu olhar, quando se expressa? Muito medo tenho Do tempo Da morte De teu olhar O tempo levanta o muro. A morte será o escuro? Em teu olhar me procuro. Fonte: http://fotolog.terra.com.br/talisandrade:310 , acesso em 12/09/2009.

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Page 1: ATIVIDADES COMPLEMENTOS VERBAIS

ATIVIDADES COMPLEMENTOS VERBAIS

A seguir há três textos para leitura. Leia-os e, em seguida, responda às questões propostas.

TEXTO I

Três Coisas                 Por Paulo Mendes Campos

Não consigo entender O tempo A morte Teu olhar

O tempo é muito comprido A morte não tem sentido Teu olhar me põe perdido

Não consigo medir O tempo A morte Teu olhar

O tempo, quando é que cessa? A morte, quando começa? Teu olhar, quando se expressa?

Muito medo tenho

Do tempo Da morte De teu olhar

O tempo levanta o muro.

A morte será o escuro?

Em teu olhar me procuro.

Fonte:  http://fotolog.terra.com.br/talisandrade:310,  acesso em 12/09/2009.

1. Quais são as três coisas a que o título do poema faz referência?

2. A primeira e a segunda estrofe contêm um verbo no primeiro verso. Cada verbo se relaciona às três coisas descritas nos três versos que o seguem. Interpretado isoladamente, esse verbo faria sentido? Justifique.

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3. O eu-lírico diz que não consegue entender “o tempo”, “a morte” e “teu olhar”. Se você fosse o poeta, com que palavras ou expressões você completaria a frase “Não consigo entender...”?

4. O eu-lírico também afirma que não consegue medir “o tempo”, “a morte” e “teu olhar”. Se você fosse o poeta, com que palavras ou expressões você completaria a frase “Não consigo medir”...?

TEXTO II

Desalento                 Por Vinícius de Moraes

Sim, vai e diz Diz assim Que eu chorei Que eu morri De arrependimento Que o meu desalento Já não tem mais fim Vai e diz Diz assim Como sou Infeliz No meu descaminho Diz que estou sozinho E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco Diz a ela que estou louco Pra perdoar Que seja lá como for Por amor Por favor É pra ela voltar

Sim, vai e diz Diz assim Que eu rodei Que eu bebi Que eu caí Que eu não sei Que eu só sei Que cansei, enfim Dos meus desencontros Corre e diz a ela Que eu entrego os pontos.

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Fonte: http://desassossego.wordpress.com/2007/02/21/desalento-vinicius-de-moraes/, acesso em 12/09/2009.

5. Nesse poema, há a simulação de um diálogo. Observe o tema do poema, as palavras empregadas, os versos e responda: qual o tema desse diálogo?

6. O diálogo entre os interlocutores se refere, na verdade, a uma terceira pessoa. Que pessoa é essa?

7. Há um verbo que se repete ao longo desse texto, evidenciando a necessidade de comunicação. Que verbo é esse?

8. Esse verbo isolado, como na expressão “Sim,vai e diz”, tem sentido completo?

9. Observe a seguinte construção:

“Sim, vai e diz Diz assim Que eu rodei Que eu bebi Que eu caí Que eu não sei Que eu só sei(...).”

Cada frase iniciada pelo conectivo “que” completa o sentido do verbo dizer. Portanto, quem diz, diz algo. Se você fosse o poeta e estivesse se reportando à pessoa amada, com que expressões você completaria a frase “Sim, vai e diz...”?

TEXTO III

O Amor acabaO amor acaba. Numa esquina , por exemplo, num dom ingo de lua nova, de pois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias,

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mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21, organização e apresentação de Flávio Pinheiro.

10. Observe o título do texto. Ele tem sentido completo, ou seja, consegue transmitir uma mensagem?

11. Compare as seguintes sentenças: “O a mor acaba” e “O menino tem”. Ambas são formadas por um sujeito e por um verbo. O verbo da segunda sentença, diferentemente do da primeira, pede que a frase seja completada. Dê exemplos de palavras e expressões que completem esse verbo

12. O texto de Paulo Mendes Campos é construído em torno da idéia simples, direta e completa de que “o amor aca ba”. Ao l ongo do texto, são apre sentadas expressões que conferem um detalhamento sobre esse acontecimento, enriquecendo-o e especificando-o. Por exemplo, algumas expressões sugerem idéia de tempo, outras dão de idéia de lugar, outras explicitam o modo. Trata-se de diferentes circunstâncias. Circunstâncias são as características do acontecimento, é tudo aquilo que o circunscreve o envolve. Com relação às circunstâncias presentes no texto, dê exemplos daquelas que indicam:

Tempo:

Lugar:

Modo:

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13. Veja como é o início do texto:

“O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova”

Modifique o início do texto, indicando outras circunstâncias no espaço dado.

O amor acaba. ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

14. Observe as seguintes frases:

a) O Papa João Paulo II morreu.b) Joãozinho ganhou uma bola.c) Mamãe engasgou.d) O porco do fazendeiro engordou.e) O prefeito tem um carro de luxo.

Quais delas têm verbos com sentido completo e quais delas têm verbos que são completados?

15. Todas essas sentenças transmitem uma mensagem de maneira concisa. Todas elas possuem sujeito e verbo. O que as diferencia é apenas o fato de que algumas delas possuem verbos com sentido completo e outras não. Complete-as utilizando palavras e expressos que denotem circunstâncias. Veja um exemplo para a sentença da letra “a”.

                               De parada cardíaca, o Papa João Paulo II morreu, em 2005, na cidade de Roma.

Procure modificar a ordem das palavras e expressões circunstanciais e observe as possíveis mudanças de sentido. Veja exemplos:

• O Papa João Paulo II morreu na cidade de Roma, de parada cardíaca, em 2005.• Em 2005, o Papa João Paulo II morreu, em Roma, de parada cardíaca.• Em 2005, na cidade de Roma, o Papa João Paulo II morreu de parada cardíaca.

16. Compare, agora, os verbos “ter” e “adubar”.

a) Trata-se de verbos que possuem sentido completo ou que precisam ser completados? Por quê?

b) Pensando em exemplos de frases com esses verbos, qual deles pode ser completado por um maior número de palavras e expressões? Por quê?

Para finalizar esta aula, vamos apresentar alguns conceitos.

Você pôde observar, ao longo dos exercícios, que existem verbos que se ligam a certos termos para que estes completem seu sentido. Esses termos são chamados de complementos verbais.

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Além dos complementos verbais, existem termos que servem para especificar e detalhar o acontecimento denotado pelo verbo. Recebem o nome de adjuntos adverbiais. Esses termos explicitam circunstâncias diversas, por exemplo: tempo, lugar, modo, companhia, dúvida, etc, e, dentre outras funções, servem para enriquecer os textos.

O professor deverá mostrar aos alunos que certos verbos possuem complementos preposicioandos, como os dos exemplos a seguir:

As crianças obedecem aos pais.Ele m ora em São Paulo.Maria reside em Santa Catarina.Vou ao dentista.Cheguei a Belo Horizonte.O funcionário Informou a todos o ocorrido.A piada não agradou à platéia.Ele contribuiu com dinheiro para as vítimas das enchentes.Ele gostou do almoço q ue lhe servimos.

Avaliação

Como avaliação, o professor deverá elaborar exercícios que tratem da identificação, em textos variados, de complementos verbais e de adjuntos adverbiais, bem como da função comunicativa desses termos da oração. Além disso, deverá trabalhar com os alunos exercícios de escrita em que esses termos apareçam, enfatizando a sua ordem na frase, sua função semântica, sua presença ou ausência. A seguir, apresentamos um breve exemplo de atividade com uma notícia.

TEXTO

Médico bebe, mata e é preso

Depois de atingir agentes da PM e atropelar mulher, Fellipe Valle fugiu e foi indiciado por crime doloso.O médico ortopedista Fellipe Ferreira Valle, 29 anos, que possui 11 autuações por infrações de trânsito e 42 pontos no prontuário, foi preso e autuado em flagrante por homicídio doloso e duas tentativas de homicídio na manhã de ontem. Ele atropelou uma mulher no Bairro Prado, que morreu na hora, e feriu cinco pessoas. (...)Fonte: http://www.portalhd.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/medico-bebe-mata-e-e-preso-1.13892, acesso em 18/09/09.

O professor pode trabalhar com os alunos os efeitos de sentido, presentes no texto, relacionados à ausência de complementos verbais no título da notícia. O complemento do verbo “beber” é interpretado como “bebida alcoólica”, e o complemento do verbo matar é interpretado de modo genérico, enfatizando o conteúdo desse verbo e, portanto, dando destaque também à culpa do médico pelo ato.