atitude e comportamento: a cultura política entre povos ... · na primeira década do século xxi...

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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015 Atitude e comportamento: a cultura política entre povos indígenas e o Estado Brasileiro Raimundo Nonato Pereira da Silva 1 Resumo A Constituição brasileira de 1988 demarcou uma nova relação entre os povos indígenas e o Estado brasileiro. Os preceitos constitucionais e as convenções e diretrizes políticas legais internacionais favoreceram a ampliação do protagonismo indígena no cenário político, o que fez surgir diversas organizações indígenas. As federações, conselhos e associações indígenas, com apoio de organizações indigenistas, levaram o Estado a redefinir a sua pauta política em relação aos indígenas. As estruturas formalmente criadas tanto pelos indígenas como pelo Estado passa a ser a principal via de interlocução entre esses dois segmentos, promovendo um novo tipo de comportamento do Estado em relação aos indígenas, e a mudança de atitude dos indígenas frente ao Estado. Essa estrutura, por sua vez, fomentou o surgimento no cenário nacional das lideranças indígenas de base e ao mesmo tempo ampliou os interlocutores estatais indigenistas. Centrando-nos em teorias da cultura política, o presente trabalho se propõe a problematizar as atitudes e comportamento que marcam a relação política entre os indígenas e o Estado brasileiro. Palavras-chave: Indígenas. Estado. Indigenismo. Relação. 1 Os povos indígenas e os Estados nacionais na fronteira Panamazônia Nas últimas décadas dos anos de 1980, inicia-se o processo de redemocratização em vários países da América do Sul. Também nesse período, mais precisamente em 1989, a partir de então vários países do continente americano passaram a serem consignatários da Convenção 169 da OIT. Os processos constituintes dos Estados-Nação que deram origem às novas constituições além de redefinir os parâmetros constitucionais da relação entre o Estado e o cidadão, promoveram diretrizes jurídicas que passaram a pautar a relação entre os povos indígenas e o Estado. Essa relação, no entanto, situa-se de forma controversa e ambígua quando a confrontamos com os fatos envolvendo a questão indígena. (RAMOS, 2012; PÉREZ, 2013). As constituições e normas jurídicas correlatas oriundas da implantação dos Estados republicanos na América do Sul anteriores ao processo de redemocratização partiam do princípio que a questão indígenaera transitória, tanto assim que as políticas públicas visavam justamente consolidar essa transitoriedade. Com as novas configurações institucionais dos Estados, são 1 Doutor em Ciência Política/UFRGS, Professor Adjunto da Universidade Federal do Amazonas – UFAM/Instituto de Ciências Humanas e Letras-ICHL/Depto. de Antropologia-DAN, pesquisador vinculado ao Laboratório Panamazônico- LEPAPIS.

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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015

Atitude e comportamento: a cultura política entre povos indígenas

e o Estado Brasileiro

Raimundo Nonato Pereira da Silva1

Resumo

A Constituição brasileira de 1988 demarcou uma nova relação entre os povos indígenas e o Estado brasileiro. Os

preceitos constitucionais e as convenções e diretrizes políticas legais internacionais favoreceram a ampliação do

protagonismo indígena no cenário político, o que fez surgir diversas organizações indígenas. As federações, conselhos e

associações indígenas, com apoio de organizações indigenistas, levaram o Estado a redefinir a sua pauta política em

relação aos indígenas. As estruturas formalmente criadas tanto pelos indígenas como pelo Estado passa a ser a principal

via de interlocução entre esses dois segmentos, promovendo um novo tipo de comportamento do Estado em relação aos

indígenas, e a mudança de atitude dos indígenas frente ao Estado. Essa estrutura, por sua vez, fomentou o surgimento no

cenário nacional das lideranças indígenas de base e ao mesmo tempo ampliou os interlocutores estatais indigenistas.

Centrando-nos em teorias da cultura política, o presente trabalho se propõe a problematizar as atitudes e comportamento

que marcam a relação política entre os indígenas e o Estado brasileiro.

Palavras-chave: Indígenas. Estado. Indigenismo. Relação.

1 Os povos indígenas e os Estados nacionais na fronteira Panamazônia

Nas últimas décadas dos anos de 1980, inicia-se o processo de redemocratização em vários

países da América do Sul. Também nesse período, mais precisamente em 1989, a partir de então

vários países do continente americano passaram a serem consignatários da Convenção 169 da OIT.

Os processos constituintes dos Estados-Nação que deram origem às novas constituições além de

redefinir os parâmetros constitucionais da relação entre o Estado e o cidadão, promoveram

diretrizes jurídicas que passaram a pautar a relação entre os povos indígenas e o Estado. Essa

relação, no entanto, situa-se de forma controversa e ambígua quando a confrontamos com os fatos

envolvendo a questão indígena. (RAMOS, 2012; PÉREZ, 2013).

As constituições e normas jurídicas correlatas oriundas da implantação dos Estados

republicanos na América do Sul anteriores ao processo de redemocratização partiam do princípio

que a questão indígenaera transitória, tanto assim que as políticas públicas visavam justamente

consolidar essa transitoriedade. Com as novas configurações institucionais dos Estados, são

1 Doutor em Ciência Política/UFRGS, Professor Adjunto da Universidade Federal do Amazonas – UFAM/Instituto de Ciências Humanas e Letras-ICHL/Depto. de Antropologia-DAN, pesquisador vinculado ao Laboratório Panamazônico-LEPAPIS.

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descartados os parâmetros político-assimilacionistas e de integração dos indígenas à comunhão

nacional. Explicitamente admitia-se, com exceção do Uruguai (RODRIGUEZ, 2003), que os Estado

nacionais são plurais.

Ao romper com o paradigma integracionista, os Estados nacionais assumem para si

comportamentos pluralistas e multiétnicos, reconhecendo-se, assim, as especificidades culturais e

étnicas dos povos indígenas e de outras minorias etnicamente identificadas, a exemplo, os

quilombolas, os afrodescendentes, os ciganos. Ao assumir esse postulado, os Estados se vêem

diante do desafio de criar novos parâmetros institucionais e políticos para lidar com a pluralidade e

a diversidade de povos, e os povos indígenas nesse contexto passam a ser sujeitos coletivos ativos

na defesa dos seus direitos e exigem maior participação na formulação e desenvolvimento dos

projetos e programas públicos. (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1988).

Para superar os desafios, os Estados nacionais redefiniram suas políticas indigenistas,

redirecionando suas atitudes e comportamentos, e para tanto, diversas instituições estatais passaram

a serem interlocutoras, principalmente aquelas voltadas para o campo da educação e o campo da

saúde, fomentando a análise política promovendo e centrando enfoque nas atitudes e significados

para compreendermos a cultura política envolta nessa relação. (SCHNEIDER E AVENBURG,

2015). Os campos da educação e saúde ganharam destaques em decorrência dos indicadores sociais

sobre as populações indígenas dos países sul-americanos serem inferiores ao da população nacional

quando colocados em comparação2. Todavia, o campo de maior embate entre as instituições

públicas e os indígenas centrava-se na questão da demarcação e reconhecimento de Territórios

Indígenas – TI’s. (ALBERT, 2007). Visando equacionar esses problemas, comunidades e

organizações indígenas formalmente constituídas e reconhecidas pelos Estados nacionais são

mobilizadas formando o campo político na qual estão articuladas a macroestrutura estatal e

macroestrutura indígena. (SILVA, 2014).

A partir das décadas dos anos 1960, os movimentos indígenas e indigenistas sul-americanos

intensificaram e construíam os processos de articulação interétnica centrando esforços na

mobilização das comunidades indígenas. Com o processo de redemocratização e o novo cenário que

se desenha no campo político, o fim dos regimes ditatoriais constituiu-se em momento oportuno que

dinamizou as iniciativas voltadas à mobilização das comunidades indígenas. Essa mobilização a

2Disponivel em: <www.cepal.org/cgi-bin/, 2015>.

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princípio era vista com certo ceticismo e indiferença por alguns setores da sociedade nacional

(RAMOS, 2012; BIDASECA, 2011).

No Brasil, a ameaça à soberania nacional que se desenha com a reivindicação dos indígenas

que vivem em região de fronteira em exigir a demarcação de seus territórios, mexeu com a corte

militar e ascendeu a ideologia da intervenção estrangeira na Amazônia (BUCHILLET, 1991, p,

107-115). Os indígenas procuravam, amparados nos preceitos da Constituição Federal de 1988

(BRASIL, 1988), garantir o direito à demarcação de seus territórios, independentemente da questão

das fronteiras nacionais. No caso colombiano, os conflitos entre o governo e as guerrilhas, ao longo

das últimas seis décadas do século XX, gerava instabilidade institucional e insegurança jurídica,

fato que persistiu e se intensificou no momento em que entraram no cenário político as ações de

organizações informais comandadas por narcotraficantes. Independente dos conflitos entre as

organizações guerrilheiras, os narcotraficantes e os Estado, os indígenas lutavam pelos seus direitos

(PCS, 2012). A Constituição colombiana de 1991 explicita o reconhecimento por parte do Estado

dos direitos dos povos indígenas, e nesse contexto admitia-se que o Estado era plural. (BODNAR,

2005).

As Constituições de 1979 (PERU, 1979) e, posteriormente de 1993 (PERU, 1993), no caso do

Estado nacional peruano, reconheceram a existência legal e jurídica das comunidades nativas. Tanto

uma com a outra declararam que os indígenas são autônomos em sua organização, trabalho coletivo

e têm direito ao uso da terra. Todavia, a Constituição peruana de 1993 (PERU, 1993), enfatiza a

garantia da autonomia e do autogoverno. Essa autonomia, no entanto, é limitada à lei do Estado.

Apesar das garantias constitucionais o Estado peruano tem imensa dificuldade em tratar a questão

indígena conforme orientam os aportes legais, as autonomias são relativas, as políticas públicas não

conseguem inverter o quadro de exclusão a qual são submetidas diversas comunidades indígenas,

principalmente aquelas localizadas na região Amazônica.

O Estado venezuelano prevê a garantia dos direitos indígenas na Constituição bolivariana, a

qual podemos considerar umas das mais avançadas da Panamazônia no tocante à questão indígena.

Todavia, diretamente o Estado através das instituições estatais impõe o selo da revolução e um

alinhamento strictosenso às comunidades indígenas em relação à política traçada pelo poder central,

conforme podemos observar nas palavras de Doris Calderón:

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Enlaactualidad, las comunidades indígenas enlos lugares más remotos se han incorporado a

los distintos programas sociales, adaptados ala cultura ancestral de cada Pueblo, y gracias a

laRevolución ‘hay pátria para losindios’, disse la ministra. (CALDERÓN, 2013, p. 217).

Na primeira década do Século XXI o Estado boliviano, dentre os Estado nacionais sul-

americanos, foi aquele em que a participação indígena ganhou maior destaque em decorrência da

chegada à presidência do país de um líder indígena. A Bolívia em seu contexto político encarna de

forma pragmática, isso dentro de um pragmatismo de cunho o estatal, a multiculturalidade e a

pluralidade étnica. Ao contrário de outros países do continente sul-americano, o controle das ações

estatais passou, necessariamente, pelo que podemos classificar de “controle estrutural

multicultural”. Isso significa que os avanços políticos centrados na questão étnica foram construídos

em bases locais, principalmente, na região andina cuja presença de vários povos indígenas é

superior a não indígena, e jogando de forma coletiva o jogo da democracia-liberal, os indígenas

bolivianos articularam-se via movimento organizado e movimento indígena e passaram a controlar

as ações do Estado e inverteram a estrutura, que passou de “estrutura multiculturalista”, em que as

ações públicas marcadas por um forte indigenismo estatal controlado pelos não índios, na medida

em que os indígenas invertem a lógica e montam uma “estrutura multicultural” e passam a pautar a

política indigenista estatal, procurando assegurar a participação e a construção efetiva da autonomia

indígena, fomentando assim os pilares para a construção de um Estado multicultural e plural

(MAYORAL, 2013).

Em suma, avaliamos que os avanços constitucionais em relação à questão indígenaem

diversos países sul-americanos assentaram-se em agendas políticas que eram montadas em

decorrência da reestruturação dos marcos estruturais dos Estados nacionais, a saber: a) a construção

pelos indígenas de instâncias formais de interlocução com o Estado e com as instituições não-

governamentais, b) a releitura política das diretrizes definidas na Convenção 107 (OIT, 1953), c) a

aprovação da Convenção 169 da OIT, cuja participação dos movimentos e organizações indígenas

na sua formulação serviu de marco que orientou novas dinâmicas institucionais entre os Estados

nacionais e os povos indígenas, e por fim, d) os processos de redemocratização de vários países nas

últimas décadas do século XX, o que levou à construção de novas constituições, possibilitando a

inserção de novos marcos estruturais legais que passaram a regular a relação entre os indígenas e os

Estado.

Apesar dos avanços institucionais em diversos países sul-americanos, mesmo naqueles cuja

participação das organizações e do movimento indígena em intervir na recondução e na proposição

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de políticas públicas substanciais não há como não considerar a existência de conflitos de natureza

étnica conforme destaca AddaChuecas, “Todavia se percibe que laparticipación y visibilización de

los discursos y práticas políticas de lospueblos indígenas siguensiendo consideradas como

evidencias de un conflito, el ‘conflito étnico [...]”. (CHUECAS, 2006, p. 149).

E, em consonância com essa perspectiva, Alcida Rita Ramos acentua que,

As conquistas políticas advindas dessas constituições ou emendas constitucionais não

resultaram da boa vontade nem do sentido de justiça por parte dos Estados-Nações. Ao

contrário e apesar deles, são fruto do movimento pan-indígena que se espalhou por todo o

continente, especialmente nos anos 1970, e ganhou foto internacional quando organismos

como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados

Americanos) passaram a colher as demandas indígenas por justiça étnica contra os

demandos dos Estados-Nações a que estão adstritos. (RAMOS, 2012, p. 09).

Enfim, a redefinição política de diversos países sul-americanos imputa a necessidade de

alocar a questão indígena e novos parâmetros políticos. O desafio consiste justamente em como

pensar a inserção do diferente etnicamente identificado e reconhecido em um projeto de Estado-

nação que foi criado no bojo de um programa unicista, centralista e civilizador.

2 Os avanços e os retrocessos na garantia dos direitos indígenas

Em 1985, o governo José Sarney através da emenda no. 26 de 27/11/85 (BRASIL, 1985)

convocou a Assembleia Nacional Constituinte - ANC, com o objetivo de elaborar o anteprojeto da

7ª. Constituição Brasileira. Visando compor a ANC, indígenas de 07 unidades da federação

lançaram-se candidatos constituintes por diversos partidos: David Yanomami – PT-RR, Gilberto

Pedroso Lima Macuxi – PT-RR, Álvaro Tukano – PT-AM, Biraci Brasil Yauanuá- PT-AC, Nicolau

Tsererowe Xavante – PDT-MT, IdahuríKarajá – PMDB-GO, Marcos Terena – PDT-DF e Mário

Juruna Xavante – PDT-RJ. (RICARDO, 1991).

As candidaturas indígenas podem ser analisadas em dois aspectos. Primeiramente, a

tentativa dos indígenas em desconstruir o imaginário nacional que os indígenas são somente um

elemento da paisagem natural, a visão construída sobre os indígenas os remetiam a um cenário

restrito à selva. Outro ponto a ser destacado refere-se à visibilização da ação política indígena

centrada na figura das lideranças que despontaram em nível nacional e por extensão incrementa o

acesso de indígenas aos direitos políticos em âmbito nacional.

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No âmbito da constituinte, as organizações indigenistas de apoio à causa indígena em

conjunto com a União das Nações Indígenas – UNI enviaram para a Comissão Afonso Arinos a

proposta de texto sobre a questão dos direitos indígenas. Durante a Constituinte, indigenistas e

indígenas criaram a Coordenação Nacional composta pela UNI, Inesc e CEDI com o propósito de

canalizar as demandas indígenas a partir da apresentação de “um Programa Mínimo dos direitos

indígenas na Constituinte”, para tanto foram elencados cinco itens, a saber; a) reconhecimento dos

direitos territoriais indígenas, b) demarcação e garantia das terras indígenas, c) uso fruto exclusivo,

pelos povos indígenas, das riquezas naturais existentes no solo e subsolo dos seus territórios, d)

reassentamento, em condições dignas e justas, dos posseiros pobres que se encontram em terras

indígenas e, e) reconhecimento e respeito às organizações sociais e culturais dos povos indígenas

(RICARDO, 1991).

A Associação Brasileira de Antropologia – ABA juntamente como a UNI, Comissão Pró-

Índio de São Paulo – CPI-SP, Conage, Anaí-RS, SBS, ANPOCS e SBPC, em meados de 1986,

criticam fortemente a proposta apresentada pelo Comitê em relação à questão do “subsolo das terras

indígenas”. Essa questão ia diretamente ao encontro do interesse do Sindicato Nacional da Indústria

da Extração de Estanho a época presidido por Samuel AssayagHannan, amazonense, que foi vice-

governador do estado do Amazonas, no governo de Amazonino Mendes 1999/2002, político

altamente identificado com os interesses dos grandes empresas mineradoras, entre elas a

Paranapanema.3

Instalada em 1987, pelo então presidente do Congresso Nacional deputado federal Ulisses

Guimarães, a ANC passou a ter 08 comissões constitucionais, 24 Subcomissões e a de

sistematização. A Questão Indígena foi alocada na Subcomissão de Negros, Deficientes e Minorias,

que estava vinculada à Comissão da Ordem Social. O deputado José Carlos Sabóia (PMDB-MA)

encaminha a esta Subcomissão a proposta de texto com cinco artigos relacionados aos direitos

indígenas. Dentre as propostas havia aquela que impedia qualquer exploração de recursos naturais

não renováveis por terceiros em terras indígenas e conferia ao Congresso e ao Ministério Público –

MP a faculdade de ingressar em juízo em defesa dos interesses indígenas, encaminhamentos que

foram aprovados pela Subcomissão.

Sob o signo da conspiração internacional, setores contrários à garantia dos direitos indígenas

na nova Constituição que se desenhava, iniciaram campanha visando restringir esses direitos.

3 Informações disponíveis em: <http://www.smapar.com.br/bio_samuel.html>.

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Todavia, o ponto central relacionava-se diretamente com a questão da mineração em terras

indígenas. Inclusive gerando a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI para

apura “denúncias de conspiração internacional”. (RICARDO, 1991, grifo nosso).

A nova Constituição estabelece os parâmetros legais que definem a relação entre os

indígenas e os Estado brasileiro. Isso, no entanto, não significou mudança estrutural. O Estado

valeu-se de artifícios jurídicos e políticos, como por exemplo, manter em pauta artigos da Lei

6001/73 – O Estatuto do Índio (BRASIL, 1973), a promoção da descentralização das ações da

Fundação Nacional do índio – FUNAI, as pendengas e os imbróglios ufanistas de cunho

nacionalista das forças armadas em relação à demarcação das terras indígenas em região de

fronteiras, não colocar em pauta de discussão em quase duas décadas a regulamentação do Estatuto

do Índio, e por fim, a não redefinição política indigenista do Estado. Essa política gerou dois

fenômenos opostos, todavia, conexos, ou seja, a ampliação de organizações indígenas, que visavam

criar pautas e demandas políticas junto ao Estado com bases nos dispositivos constitucionais e a

des-invisibilização dos índios ditos como desaparecido, civilizado, aculturado, que passaram via

organização e movimento indígena a entrar no cenário político.

Por seu turno, a CF-1988 (BRASIL, 1988) possibilitou a inserção de novas iniciativas no

campo da educação e da saúde, e posteriormente em outras áreas. A nova Lei de Diretrizes de Base

– LDB para a Educação no Brasil de 1996 (BRASIL, 1996) contempla a questão da educação

escolar indígena, e reconheceu e primou em orientar a política indigenista de educação pela vertente

pluralista e diferenciada. Ao colocar em primeiro plano de orientação a questão da diferença, a LDB

abre espaço para os indígenas, suas organizações e para o indigenismo estatal desencadearem uma

série de iniciativas direcionadas para dois aspectos, os quais consideramos cruciais: a) o

fortalecimento dos valores indígenas via organização formal educacional indígena, b) relação entre

conhecimento indígena e não indígena.

Em relação ao primeiro item houve incremento na formação de professores indígenas, e para

tanto, ocorreram várias intervenções no sentido de equacionar a questão da escolarização em

diversas regiões do país tendo em vista a baixa demanda de professores indígenas para atuar nas

escolas existentes e as reivindicadas pelas comunidades. Apoiando-se no que estabelece a LDB, as

secretarias municipais de educação em conjunto com as secretarias estaduais de educação, seguindo

os ditames do Ministério da Educação – MEC desenvolveram iniciativas voltadas exclusivamente

para a formação de professores. Dados relativos aos números de professores indígenas que foram

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formados e os números das escolas indígenas no Brasil nas últimas décadas são expressivos e

significativos. (GRUPIONI, 2015).

Os dados sobre a formação de professores e a implantação de escolas indígenas são

significativos, mas se atentarmos para as observações de Gastón Bacherland, que “o quantitativo

pode se constituir em obstáculo ao conhecimento”, portanto, o processo de formatação do sistema

escolar indígena, em muitos casos, não conseguiu se desprender da ação política indigenista, em

razão da pauta de formação não estar sob o controle indígena, isso ao longo do tempo, fomentou e

intensificou uma formação desconectada dos valores indígenas na medida em que os projetos

políticos pedagógicos primavam prioritariamente em fomentar valores culturais não indígenas.

No caso específico da educação escolar indígena, nota-se que a Constituição e as leis

correlatas asseguram aos indígenas o fortalecimento do sistema educacional formal a ser criado

pelos próprios indígenas, de seus valores, possibilitando a criação de uma política educacional

pautada em valores étnicos e culturais. Em contrapartida, percebemos que atitudes indigenistas

manifestadas por alguns indígenas que assumem a condição de porta-vozes na relação com o poder

público, vincula de forma ampla os valores e referências indigenistas, apoiando-se nas premissas

indigenistas de muitos profissionais que atuam o campo educacional. Esse tipo de comportamento

frente a uma educação indígena torna-se evidente, ao analisarmos, detidamente, as manifestações de

muitos indígenas em assembleias, encontros e seminários cujo tema centra-se na questão da

educação indígenas, e diversos relatos dando conta do não reconhecimento por parte da SEDUC-

AM do Projeto Político Pedagógico Indígena – PPPI. (SILVA, 2014).

A ação do Estado em relação à questão da saúde indígena em seu processo de intervenção

tem alcançado índices os quais podemos considerar como avanços, dentre esses avanços podemos

destacar a cobertura de vacinação e a estrutura sanitária formatada a partir da criação dos Distritos

Sanitários Especiais Indígenas – DSEI’s. A modalidade DSEI se caracteriza pela presença de forma

pragmática do Estado, o que gera tipos de atitudes pragmáticas entre os indígenas que se vinculam a

política de intervenção no campo da saúde. (SILVA, 2014).

No campo da assistência social, nos últimos dez anos, houve o incremento em incluir

indígenas nos programas de transferência de renda, principalmente, o Programa Bolsa Família –

PBF. Os empreendimentos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS,

em regiões cuja população indígena não é contemplada de forma extensiva em decorrência das

comunidades se localizarem distantes das sedes dos municípios principalmente em estados da

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região Norte, levam muitas prefeituras, principalmente na Amazônia, a criarem um campo de

indiferença institucional para o cidadão indígena, ao não criarem estruturas que possibilitem o

acesso aos programas de transferência de renda. O acesso aos programas pela população indígena,

mais especificamente, os indígenas que se encontram em Territórios Indígenas – TI, gera

controvérsia em relação aos reais benefícios que os programas trazem para as comunidades em

decorrência da sua monetarização e pelo fato do acesso ao beneficio ser de forma individual, e por

fim, ao proporcionar deslocamentos de indígenas com maior intensidade às sedes dos municípios.

Os avanços na redefinição da política indigenista e indígena pós-constituição de 1988 foram

significativos. Tais avanços estão diretamente vinculados às articulações e mobilizações

promovidas pelos indígenas e sua inserção no campo político em âmbito nacional e pela

reconfiguração da política indigenista integracionista do Estado. Esses dois fatores podem ser vistos

como a busca em se construir parâmetros de diálogo pautados em uma simetria que visa garantir e

fortalecer os valores e a cultura indígena.

3 Os principais entraves da política indigenista e da política indígena

A CF-1988 (BRASIL, 1988) redefiniu novos parâmetros para a relação entre o Estado e os

povos indígenas e o principal canal de interlocução entre os poderes públicos se formou em torno

das organizações indígenas. Essas, todavia, podem ser vistas em duas perspectivas, uma como canal

de interlocução entre o Estado e os indígenas e outra entre os indígenas com suas comunidades. A

estrutura de comunicação construída promoveu de forma intensiva nas primeiras décadas pós-

constituição a ampliação e a inserção de indígenas nas discussões em torno das políticas públicas.

Dentre essas políticas a que mais se destacou em um primeiro momento, foi a demarcação dos

territórios indígenas, e posteriormente a essa se seguiram de forma pontual e discreta questões

envolvendo a educação e saúde.

Podemos considerar que ao longo de quase um quarto de século, tanto o Estado como os

indígenas avançaram em termos de diálogo, com o fito de equacionar a assimetria política existente.

Essa assimetria é fruto de um longo processo tutelar que invocava o Estado para neutralizar e por

em questão a autonomia dos povos indígenas. A autonomia indígena antes e durante o advento da

CF-1988 (BRASIL, 1988) é vista por muitos setores da sociedade nacional como uma afronta à

soberania nacional.

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Dois elementos se destacam em relação à questão da “ameaça à soberania nacional”.

Primeiramente isso tem relação com a negação e a inclusão do outro, atitude típica de pensamento

autoritário, a saber, pois, primeiramente existe a presunção de determinar o lugar do outro na esfera

social e política, negando-lhe um direito elementar: o direito à diferença. Essa diferença é negada

em relação ao outro e é admitida em relação a si mesmo; em outros termos, o outro não pode em

hipótese alguma acessar o direito à diferença, muito embora a estrutura social contrária à diferença

crie mecanismos de distinção para manter a sua diferença. (BOURDIEU, 2011).

E ao postular o “discurso da ameaça à soberania nacional”, fato que sempre vinha à tona

mais intensamente nas últimas duas décadas do século XX, em decorrência das reivindicações de

demarcação de territórios indígenas em área de fronteira, em destaque na região Amazônica, pelos

indígenas, demostrou ser inócua, pois diversos territórios indígenas foram demarcados em área de

fronteiras. O que o referido discurso obscurece não é a possibilidade dos indígenas terem autonomia

sobre seus territórios, mas sim, destravar o acesso incondicional aos recursos naturais que são

estratégicos para o Estado, a ser explorado pela iniciativa privada nacional que mantém forte

vínculo com empreendimentos privados internacionais e controla muitos setores do Estado.

Autonomia territorial indígena não pode ser confundida com ameaça à soberania nacional.

Autonomia só se configura com segurança e garantia. Os indígenas buscam no diálogo com o

Estado obter o consenso de que este lhes trará segurança para que os mesmos possam manter e

desenvolver seus valores culturais, e assim garantir a sua condição étnica. Portanto, destacamos

que o processo de autonomia dos territórios indígenas não se configura como afronta à “soberania

nacional”, mas sim, como a possibilidade de ampliação da própria soberania nacional, onde se

estabelece em uma “comunidade imaginada”, que os etnicamente identificados passam a se ver e a

se imaginar nessa comunidade, e isso só é possível quando o diferente é aceito com suas diferenças,

e seus valores venham a ser efetivamente incorporados ao mosaico dessa soberania. Assim, a

política indigenista que obstrui a reivindicação indígena por autonomia promove a política da

intolerância e da negação à diferença.

A educação indigenista pode se constituir em um poderoso instrumento para intensificar a

cultura da intolerância, e assim se tornar um dos entraves para a construção da política indígena.

Via organização, as instituições estatais impulsionadas pelas novas regras constitucionais

promoveram diversos fóruns com o intuito de colocar no campo da negociação política as medidas

públicas de interesse tanto dos indígenas como do Estado no tocante à educação formal. As

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iniciativas indigenistas nesse campo, conforme observamos em diversos projetos políticos

pedagógicos dos cursos de formação de professores, centram maior parte dos esforços em

conteúdos direcionados para os valores e referências não indígenas. Esse tipo de atitude revela a

natureza ideológica centrada no culturalismo salvacionista, na qual se propõe a subsidiar os

indígenas com o fito de instrumentalizá-los para lidar com o mundo não indígena. Essa ingenuidade

libertadora em seu pragmatismo escolástico dá sequência ao projeto civilizatório de “domesticação

dos vencidos”.

Em outros termos, a ingenuidade libertadora fortalece a estrutura estruturante ao recriar e

retroalimentar as bases para a “disposição” em termo de resposta às demandas civilizadoras. Trata-

se, a nosso ver, de uma ação fortemente marca pelo “espírito de Estado” com o fito de reproduzir

atitudes e comportamentos indigenistas a serem acionados pelos indígenas, criando assim uma

espécie de visão e divisão (BOURDIEU, 1998) entre os indígenas, de tal modo que os projetos de

cunho indígenas pautados em seus valores são postos em cheque favorecendo projetos indigenistas.

Esses projetos, a nosso ver, são centrados na tutela subjetiva, entendida como o processo de

aceitação, incorporação e de resposta às demandas exógenas que visam condicionar e estabelecer

procedimentos coadunados com os interesses alheios a suas expectativas culturais endógenas,

exercendo assim o controle indireto intensivo e extensivo, e presente.

A tendência que segue o campo da saúde mantém características que lhe são particulares, em

decorrência de terem criado um campo particular. Essa particularidade baseia-se em um caráter

centralizador e vertical (SILVA, 2014). A forma como se organiza o sistema indica essa postura.

Agindo de forma pontual e intervindo diretamente na questão da saúde, a instituição indigenista

ligada à saúde promove um distanciamento entre os saberes de forma voluntaria e/ou

involuntariamente. Neste caso, os valores e os conhecimentos indígenas sobre as causas e os efeitos

de determinado tipos de doenças e seus processos de intervenção são visto como “ilógicos” cuja

natureza é muito mais percebida como um dos receituários culturais. A ideia de diferença,

atendimento diferenciado, gera postura diferente que mais se aproxima pela lógica da indiferença

cultural. Não há um esforço no tocante ao empreendimento vinculado ao atendimento à saúde, no

sentido de colocar em diálogo profundo os conhecimentos indígenas e não indígenas para se possa

conhecer e perceber as condições e situações nos processos de intervenção relacionada à saúde. Isso

colabora para a criação de duas instâncias diametralmente opostas de intervenção, o que se constitui

em entrave para a efetiva promoção da saúde, visto que observamos a tentativa em deslocar a

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política social de intervenção da saúde indígena a favor de uma política social indigenista de

atenção à saúde indígena.

4 Considerações finais

Podemos considerar que a política entre os povos indígenas e o Estado brasileiro pós-CF-

1988 entrou em processo de refração se olharmos os avanços e os retrocessos. Os empenhos de

lideranças indígenas ao se lançarem no campo político dos movimentos sociais e étnicos

promoveram e incrementaram a expansão de organizações indígenas. Não se pode negar que elas

deram uma nova dinâmica ao movimento indígena na sua relação com o Estado.

As instituições criadas pelos indígenas se consolidaram no cenário nacional, principalmente

no diálogo com as instituições estatais, no entanto, se tornaram canais de ligação muito mais para

disseminar, em sua maioria, a política indigenista estatal. Para o campo indigenista, essa tendência

reforça a sua ação política em ter o controle sobre as ações políticas dos indígenas, concluímos que

essa tendência pode ser caracterizada como multiculturalismo, tendência em que o poder público

pauta e define as ações políticas em detrimento da política indígena.

Nesse contexto, não há como negar os retrocessos na garantia dos direitos indígenas. E isso

se explica em virtude do atrelamento de muitas organizações indígenas à política estatal com a

quebra da autonomia política do movimento indígena organizado e falta de objetividade de uma

política indígena. Esses elementos, por sua vez, estabelecem o fortalecimento da política indigenista

anacrônica que prima pelo diálogo assimétrico ao promover a quebra do ponto focal da ação

política indígena: o processo de articulação e de mobilização.

Por fim, os avanços pós-constituição foram significativos durante a luta e os processos

políticos que demandaram a demarcação de territórios indígenas, principalmente na Amazônia,

todavia, foram rarefeitas na questão da retomada de territórios indígenas na região Sul, Nordeste, e

Sudeste do Brasil, por exemplo. Apesar das ações do Estado no tocante à questão da educação e

saúde serem intensas e extensivas, isso não significa que houve avanços, pelo contrário, a forma

como foram e são conduzidas essas políticas, cujos impactos precisam ser avaliados criticamente,

reforçam a nossa concepção que nos últimos tempos temos assistido a consolidação do diálogo

assimétrico entre os povos indígenas e o Estado.

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