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ATELIER DE JORNALISMO Contabilidade: Entre a paixão e o desgaste Para Isabel Valério e Sofia Carreira siglas como SNC (Sistema de Normalização Contabilística) ou POC (Plano Oficial de Contas) não têm segredos. Com a vida familiar suspensa devido à entrega das declarações, dedicam-se à árdua tarefa de organizar a escrita do contribuinte. Às vezes sem férias e dias de descanso, o desgaste mental e as depressões são algumas das doenças que afectam os contabilistas. Pouco valorizada e muitas vezes esquecida, esta é uma profissão de risco O silêncio entrecortado pelo som do teclado do computador e dos papéis em movimento transmite um ambiente eficaz que carimba o gabinete de contabilidade «Balanceuro» Uma atmosfera essencial à profissão. Que o diga Isabel Valério, 58 anos, há mais de 30 na área da contabilidade. «Trabalhamos com prazos por isso fica complicado tirar dias e marcar férias». Uma situação que acaba por criar «uma tensão muito grande, ansiedade, por vezes, não visível mas que está lá». A lista de doenças é enorme. Isabel Valério avança com algumas: «doenças de ordem física como as tendinites, problemas graves de coluna por causa da postura, para além das depressões». E vai mais longe: «o pior de tudo, por vezes o que provoca isto, é a falta de compreensão por parte dos clientes, a má organização e falta de entrega dos papéis atempadamente». Um aspecto que é também salientado por Sofia Carreira, 32 anos, escriturária há sete. «É um trabalho de muita responsabilidade mas que se torna fácil quando se percebe e se gosta do que se faz». Mas nem sempre é assim e não esconde as agruras de uma profissão apaixonante: «as maiores dificuldades são os prazos a cumprir, por vezes temos que levar trabalho para casa para dar vencimento aos papéis porque chega aquele dia e tudo tem de estar feito». A Organização é fundamental Esta é uma profissão desgastante mas também compensadora onde a organização é a palavra de ordem. Actualmente sócia-gerente da «Balanceuro», Isabel Valério garante que «procuramos ter equipamento à altura e condições necessárias para que os nossos colaboradores se sintam bem no seu local de trabalho». A dirigir esta empresa desde 2002, tem bem presente o tempo passado numa outra firma onde «a grande dificuldade era o diminuto espaço físico, que não oferecia as mínimas condições de trabalho». Mas dá outros exemplos: «a falta de material, equipamento informático não adequado, a opção era o mais barato mas sem qualidade nem funcionalidade». A esta falta de condições juntou-se o salário incompatível com as funções exercidas. «Sentia-me injustamente remunerada em função da responsabilidade que tinha. Pedir aumento era sempre uma grande complicação, havia sempre conflito».

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ATELIER DE JORNALISMO

Contabilidade: Entre a paixão e o desgaste

Para Isabel Valério e Sofia Carreira siglas como SNC (Sistema de Normalização Contabilística) ou POC (Plano Oficial de Contas) não têm segredos. Com a vida familiar suspensa devido à entrega das declarações, dedicam-se à árdua tarefa de organizar a escrita do contribuinte. Às vezes sem férias e dias de descanso, o desgaste mental e as depressões são algumas das doenças que afectam os contabilistas. Pouco valorizada e muitas vezes esquecida, esta é uma profissão de risco

O silêncio entrecortado pelo som do teclado do computador e dos papéis em movimento transmite um ambiente eficaz que carimba o gabinete de contabilidade «Balanceuro» Uma atmosfera essencial à profissão. Que o diga Isabel Valério, 58 anos, há mais de 30 na área da contabilidade. «Trabalhamos com prazos por isso fica complicado tirar dias e marcar férias». Uma situação que acaba por criar «uma tensão muito grande, ansiedade, por vezes, não visível mas que está lá». A lista de doenças é enorme. Isabel Valério avança com algumas: «doenças de ordem física como as tendinites, problemas graves de coluna por causa da postura, para além das depressões». E vai mais longe: «o pior de tudo, por vezes o que provoca isto, é a falta de compreensão por parte dos clientes, a má organização e falta de entrega dos papéis atempadamente». Um aspecto que é também salientado por Sofia Carreira, 32 anos, escriturária há sete. «É um trabalho de muita responsabilidade mas que se torna fácil quando se percebe e se gosta do que se faz». Mas nem sempre é assim e não esconde as agruras de uma profissão apaixonante: «as maiores dificuldades são os prazos a cumprir, por vezes temos que levar trabalho para casa para dar vencimento aos papéis porque chega aquele dia e tudo tem de estar feito».

A Organização é fundamental

Esta é uma profissão desgastante mas também compensadora onde a organização é a palavra de ordem. Actualmente sócia-gerente da «Balanceuro», Isabel Valério garante que «procuramos ter equipamento à altura e condições necessárias para que os nossos colaboradores se sintam bem no seu local de trabalho». A dirigir esta empresa desde 2002, tem bem presente o tempo passado numa outra firma onde «a grande dificuldade era o diminuto espaço físico, que não oferecia as mínimas condições de trabalho». Mas dá outros exemplos: «a falta de material, equipamento informático não adequado, a opção era o mais barato mas sem qualidade nem funcionalidade».

A esta falta de condições juntou-se o salário incompatível com as funções exercidas. «Sentia-me injustamente remunerada em função da responsabilidade que tinha. Pedir aumento era sempre uma grande complicação, havia sempre conflito».

Page 2: Atelier de jornalismo_-_ultima_versao[1]

Presentemente tem particular atenção com as necessidades de quem trabalha na «Balanceuro» e faz tudo para satisfazer clientes e colaboradores. Quanto a salário é peremptória: «pagamos acima da média, todos os anos tentamos cumprir, pelo menos, com os aumentos previstos na lei». O convívio entre colaboradores e chefias é aprazível. O mesmo se vive na firma «Firiconta». Prova disso é o sorriso de Sofia Carreira que adora a área de contabilidade. Mudar só mesmo em último caso, afirmando com convicção «gosto muito do que faço».

Tecnologias ao serviço da contabilidade

Longe vão os tempos da contabilidade feita à mão. Na era informática os softwares dominam os vários gabinetes. «Primavera» e «Infologia» são apenas dois dos muitos programas existentes. Isabel Valério admite que «os conhecimentos a nível informático são mínimos. Contudo, os programas específicos com que trabalhamos, satisfazem perfeitamente as nossas necessidades». Salienta ainda que «existem pequenos ajustes que não impedem o normal funcionamento da nossa actividade».

Novos desafios

Com a introdução do SNC, verifica-se a maior mudança contabilística desde 1977, após os 30 anos de utilização do POC. O desafio é grande, esta transição está a ser difícil. Isabel Valério considera que «a adaptação vai demorar algum tempo. Em termos práticos o SNC tem novas normas e formatos, a informação ficará mais explícita e os resultados económicos e financeiros ficarão mais acessíveis». É sem dúvida, uma dificuldade acrescida que os gabinetes de contabilidades têm que superar por exemplo através de formações!

Links úteis:

http://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/home.action#

http://www1.seg-social.pt/

http://www.sncpt.com/Default.aspx?action=ArticleViewer&target=415

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Caixa

AS RESPONSABILIDADES DO CONTABILISTA

A responsabilidade repete-se todos os anos numa rotina onde eficácia e atenção fazem a diferença! Fique, pois, a saber quais as datas que um contabilista não pode falhar.

O primeiro desafio dá pelo nome de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado). Todos os meses, até ao dia 10, é preciso devolver as tributações ao Estado. A partir de 1 de Julho entrará em vigor uma nova tabela que será de 6% para os bens de primeira necessidade, 13% na área de restauração e 21% nos restantes produtos.

Ainda, com obrigatoriedade mensal, é responsabilidade do contabilista proceder, até dia 15, ao pagamento da Segurança Social. Cinco dias depois, ou seja, até dia 20, é preciso preencher e liquidar o IRS e, por fim, o processamento de salários até dia 30.

Mas, se estas tarefas são as mais visíveis para o cidadão comum, ainda há muito para cumprir num gabinete de contabilidade. As chamadas “obrigações contabilísticas”. Trata-se de várias funções que englobam a classificação e lançamento de documentos; emissão de balancetes; conciliação e encerramento de contas, mapas de provisões e amortizações, balanço demonstração dos resultados e respectivo anexo.

Também cabe ao contabilista dar todo o apoio fiscal na entrega da declaração de início de actividade; apuramento e envio da declaração de IVA; emissão, guias e declaração do modelo 22 do IRC; emissão de guias de IRS e preenchimento da IES – Informação Empresarial Simplificada.

Os prazos devem ser escrupulosamente cumpridos e as falhas não são admissíveis.

Docente: Profª. Teresa Maia e Carmo

Discente: Cláudia Anastácio

1º Ano Educação e Comunicação Multimédia

Nº 090236033