ata de julgamento de recurso concorrÊncia aa nº 01

38
1 ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01/2015 Em 10 de julho de 2015, reuniram-se a Comissão Especial de Licitação para análise das razões de recurso apresentadas, no âmbito da Concorrência supramencionada, em 22/06/2015, pela Licitante CDA DESIGN LTDA, em face de decisão proferida pela referida Comissão no âmbito do Julgamento das Propostas Técnicas que apresentou a pontuação e as notas técnicas das Licitantes CDA DESIGN LTDA, FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA, conforme Ata de Julgamento das Propostas Técnicas, publicada em 15/06/2015. I. HISTÓRICO Por intermédio da IP GP/DEDIV nº 01/2015, aprovada em 06/01/2015 pela Diretoria do BNDES, foi autorizada a realização de procedimento licitatório para a contratação de empresa para prestação de serviço de criação e conceituação gráfica, diagramação, editoração, fechamento de arquivo, gravação de mídia digital, impressão e acompanhamento gráfico, conforme especificações detalhadas no Projeto Básico. Realizada pesquisa de mercado pela Unidade Demandante, apurou-se o valor global estimado de até R$ 9.286.649,96 (nove milhões, duzentos e oitenta e seis mil, seiscentos e quarenta e nove reais e noventa e seis centavos). Após a definição da modalidade Concorrência, o respectivo Edital foi aprovado e o certame foi divulgado através dos meios de comunicação de praxe (Jornal O Globo, pág. 27, site do BNDES e DOU, seção 03, pág. 125, todos no dia 04/02/2015), tendo sido agendada a Sessão Pública Inaugural para o dia 23/03/2015, às 14:30h, no portal Comprasnet. Não houve impugnação ao Edital, apenas pedidos de esclarecimentos. Na data designada, compareceram 4 (quatro) Licitantes, tendo sido todos credenciados. Em seguida, procedeu-se ao recebimento de todos os envelopes de todos os Licitantes, devidamente lacrados. Os Envelopes 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (VIA NÃO IDENTIFICADA), 3 (Proposta Técnica - Capacidade Técnico–Criativa (VIA IDENTIFICADA), nº 4 (Proposta Técnica: Experiência do Licitante) e nº 5 (Proposta de Preços) dos Licitantes, foram lacrados e rubricados pela Comissão Especial de Licitação e pelos representantes dos Licitantes.

Upload: vuhanh

Post on 08-Jan-2017

228 views

Category:

Documents


7 download

TRANSCRIPT

Page 1: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

1

ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO

CONCORRÊNCIA AA Nº 01/2015

Em 10 de julho de 2015, reuniram-se a Comissão Especial de Licitação para análise das

razões de recurso apresentadas, no âmbito da Concorrência supramencionada, em

22/06/2015, pela Licitante CDA DESIGN LTDA , em face de decisão proferida pela referida

Comissão no âmbito do Julgamento das Propostas Técnicas que apresentou a pontuação e

as notas técnicas das Licitantes CDA DESIGN LTDA , FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA, conforme Ata de

Julgamento das Propostas Técnicas, publicada em 15/06/2015.

I. HISTÓRICO

Por intermédio da IP GP/DEDIV nº 01/2015, aprovada em 06/01/2015 pela Diretoria do BNDES, foi autorizada a realização de procedimento licitatório para a contratação de empresa para prestação de serviço de criação e conceituação gráfica, diagramação, editoração, fechamento de arquivo, gravação de mídia digital, impressão e acompanhamento gráfico, conforme especificações detalhadas no Projeto Básico.

Realizada pesquisa de mercado pela Unidade Demandante, apurou-se o valor global

estimado de até R$ 9.286.649,96 (nove milhões, duzentos e oitenta e seis mil, seiscentos e

quarenta e nove reais e noventa e seis centavos).

Após a definição da modalidade Concorrência, o respectivo Edital foi aprovado e o certame

foi divulgado através dos meios de comunicação de praxe (Jornal O Globo, pág. 27, site do

BNDES e DOU, seção 03, pág. 125, todos no dia 04/02/2015), tendo sido agendada a

Sessão Pública Inaugural para o dia 23/03/2015, às 14:30h, no portal Comprasnet.

Não houve impugnação ao Edital, apenas pedidos de esclarecimentos.

Na data designada, compareceram 4 (quatro) Licitantes, tendo sido todos credenciados.

Em seguida, procedeu-se ao recebimento de todos os envelopes de todos os Licitantes,

devidamente lacrados.

Os Envelopes nº 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (VIA NÃO

IDENTIFICADA), nº 3 (Proposta Técnica - Capacidade Técnico–Criativa (VIA

IDENTIFICADA), nº 4 (Proposta Técnica: Experiência do Licitante) e nº 5 (Proposta de

Preços) dos Licitantes, foram lacrados e rubricados pela Comissão Especial de Licitação e

pelos representantes dos Licitantes.

Page 2: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

2

Posteriormente, às 15h15min, foi realizada a abertura do Envelope nº 1, contendo os

documentos de Habilitação, os quais foram numerados e rubricados pela Comissão Especial

de Licitação e pelos Licitantes.

Foi informado aos presentes que os documentos de habilitação seriam analisados

posteriormente, em reunião interna, pelos membros da Comissão Especial de Licitação,

sendo seu resultado divulgado através de publicação no Diário Oficial da União e na página

do BNDES (www.bndes.gov.br).

Deste modo, a Ata de Julgamento de Habilitação foi publicada no dia 01/04/2015,

comprovada a adequação aos requisitos exigidos no Edital, as Licitantes CDA DESIGN LTDA, FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA foram consideradas habilitadas.

Em relação à empresa I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI, ao consultar o Portal da

Transparência (http://www.portaldatransparencia.gov.br/ceis), foi constatada a sanção

administrativa de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração

Pública, prevista no artigo 87, inciso IV, da Lei nº 8666/93.

Foi verificado que tal sanção foi aplicada pelo Ministério da Educação, publicada no Diário

Oficial da União, Seção 1, página 17, no dia 12/02/2015 e que a data de vigência é até

11/08/2015.

Como o subitem 2.3, inciso II, do Edital da Concorrência nº 01/2015, determina que está

impedido de participar da Concorrência o Licitante que esteja cumprindo esta penalidade, a

Comissão Especial de Licitação entendeu que a empresa I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI estava impedida de participar da Concorrência nº 01/2015, com base no referido

subitem.

Aberto o prazo para a manifestação de intenção de recurso, a Licitante I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI, apresentou, tempestivamente, o seu recurso, o qual teve seu

provimento negado pela Comissão Especial de Licitação, que manteve a sua decisão no

sentido de não classifica-la, com base no inciso II do subitem 2.3, inciso II, do Edital, tendo

em vista a sanção de inidoneidade aplicada pelo Ministério da Educação (artigo 87, inciso

IV, Lei nº 8666/93), que estava em vigor e também vigorava na data da abertura da licitação

em 23/03/2015 e na data do julgamento da habilitação, em 24/03/2015. Posteriormente, o procedimento licitatório foi submetido à Autoridade Superior que, em 20

de abril de 2015, negou provimento ao recurso interposto, por força da declaração de

inidoneidade expedida pelo Ministério da Educação. Em 28 de abril de 2015, foi publicado no DOU aviso informando o julgamento do recurso

interposto e intimando os licitantes para a sessão pública de abertura das propostas

técnicas no dia 05/05/2015, às 15h, no escritório do BNDES no Rio de Janeiro.

Page 3: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

3

Em 30/04/2015 a Impetrante I - COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI enviou um e-mail

para o e-mail licitaçõ[email protected], informando que havia obtido liminar no STJ para

suspender registro do seu nome no cadastro CEIS efetuado pelo Ministério da Educação

até o julgamento do mérito do Mandado de Segurança nº 21694, e solicitando o seu retorno

ao certame, entretanto, os membros da Comissão Especial de Licitação, assessorados

pelos advogados do Departamento de Licitações do BNDES, negaram provimento ao

pedido de reconsideração apresentado pela Licitante I COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI, mantendo a decisão de não classifica-la, com base no inciso II do subitem 2.3 do

Edital.

Em 05/05/2015 foi realizada a sessão de abertura dos Envelopes n° 2 (Proposta Técnica

Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada) e nº 4 (Proposta Técnica: Experiência

do Licitante), para que fosse realizado o julgamento das propostas técnicas. Nesta sessão

foram abertos os envelopes n° 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada) dos 4 (quatro) licitantes, inclusive da Impetrante, que já estava

desclassificada. O seu envelope também foi aberto pois os Envelopes nº 2 não eram

identificados, já que o julgamento dessa etapa (capacidade técnico-criativa) foi realizado sob

anonimato, com base nos itens 6 e 8.8 do Edital da Concorrência nº 01/2015.

Em 20/05/2015, foi publicado no Diário Oficial da União, o Aviso de Abertura de Diligência,

no qual, a Comissão Especial de Licitação, em atenção ao princípio da competitividade, e

com esteio no art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do Edital, deliberou pela

instauração de diligência a fim de esclarecer as informações constantes nos documentos de

Proposta Técnica apresentados pelos Licitantes CDA DESIGN LTDA., FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA., e TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN L TDA.

No dia 15/06/2015 foi publicado no Diário Oficial da União, Seção 3, pág. 106, aviso

comunicando o julgamento das propostas técnicas, bem como a intimação dos licitantes

para em, 17/06/2015, comparecerem à Sessão Pública de identificação dos licitantes,

conforme prevê o subitem 8.13 do Edital.

Na Ata de Julgamento das Propostas Técnicas, devidamente publicada no DOU e

disponibilizada no site do BNDES, a Comissão Especial de Licitação fixou as notas técnicas

referentes à Experiência dos Licitantes, constantes do Envelope nº 4 (Proposta Técnica:

Experiência do Licitante) e as notas das Propostas Técnicas Capacidade Técnico-Criativa,

constantes do Envelope n° 2 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada) .

No julgamento das Propostas Técnicas, a Comissão Especial de Licitação desclassificou um

licitante com base no subitem 18.1.2.6, “a” e “b” do Anexo I ao Edital - Projeto Básico, que

estabelecia que seria desclassificada a licitante que: (a) não alcançasse no total a nota

mínima de 70 (setenta) pontos na proposta técnica geral e (b) obtivesse mais de uma nota 1

(não satisfatório) em qualquer critério da capacidade técnico-criativa. No momento do

julgamento, conforme consta na Ata, esse licitante desclassificado não pôde ser identificado,

uma vez que sua desclassificação foi com base na baixa pontuação da capacidade técnico-

Page 4: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

4

criativa (apócrifa), e pela impossibilidade de alcançar a pontuação técnica geral mínima na

soma com a o critério experiência do licitante.

Considerando que o julgamento das propostas técnicas de capacidade técnico-criativa foi

realizado sob anonimato, com base em propostas apócrifas, conforme previsto nos subitens

8.8 a 8.12 do Edital, fez-se necessária a realização de sessão pública a fim de abrir os

Envelopes n° 3 (Proposta Técnica Capacidade Técnico–Criativa (Via Identificada), para

verificar a quais licitantes cabiam as notas concedidas para as propostas técnicas de

capacidade técnico-criativa, e, inclusive, para identificar qual licitante havia sido

desclassificado (subitem 8.8 e seguintes do edital).

Assim sendo, conforme previsto no subitem 8.14 do Edital, na data de 17/06/2015, foi

realizada a sessão pública de abertura dos Envelopes n° 3 (Proposta Técnica Capacidade

Técnico–Criativa (Via Identificada) para que, após cotejamento com as Propostas Técnicas

Capacidade Técnico–Criativa (Via Não Identificada), fossem identificados os licitantes. Nesta sessão pública foi identificado que o Licitante B, que havia sido desclassificado por

insuficiência de nota técnica, nos termos do subitem 18.1.2.6 do Anexo I - Projeto Básico, foi

o Licitante I COMUNICAÇÃO INTEGRADA EIRELI , que já havia sido desclassificado por

estar impedido de participar da presente Licitação.

As Notas Técnicas atribuídas aos Licitantes foram as seguintes:

LICITANTE Nota

Experiência das Licitantes Item 18.1.1 Projeto Básico

Nota Capacidade Técnico criativa Item 18.1.2 do Projeto Básico

NOTA TÉCNICA FINAL

ÍNDICE TÉCNICO

FSB ESTRATEGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA.

27 53,11 80,11 1,00

CDA DESIGN LTDA.

17 62,50 79,50 0,99

TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA.

25 54,43 79,43 0,99

Como na sessão pública realizada no dia 17/06/2015 o representante da Licitante CDA DESIGN LTDA manifestou a intenção de interpor recurso, a Comissão Especial de Licitação

suspendeu os trabalhos para a apresentação das razões de recurso no prazo de até 5

(cinco) dias úteis a contar daquela data.

Os Licitantes CDA DESIGN LTDA e TOMSIC E WIEDEMAN DESIGN LTDA interpuseram,

tempestivamente, recurso contra o julgamento das propostas técnicas.

II. RAZÕES RECURSAIS

Em suas razões recursais, a CDA DESIGN LTDA , apresentou a seguinte alegação:

Page 5: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

5

À COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO DO BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDES (designa da pela ADE nº 07/2015, de 09/02/2015) Referente: Edital de Concorrência AA nº 01/2015 – BNDES

Objeto: Contratação de serviços de criação e conceituação gráfica, diagramação,

editoração, fechamento de arquivo, gravação de mídia digital, impressão e

acompanhamento gráfico, conforme especificações do Edital e de seus Anexos.

CDA DESIGN LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº

01.008.486/0001-77, com sede na Rua João Berutti, 108, Bairro Chácara das Pedras- Porto

Alegre - RS, por seu representante legal infra-assinado, vem perante Vossa Senhoria,

conforme artigo 109, I, da Lei 8666, e os itens 19.1 e 19.2 do edital, interpor RECURSO ADMINISTRATIVO da fase de proposta técnica, de acordo com os fundamentos de fato e

de direito que seguem. I - TEMPESTIVIDADE DO RECURSO A recorrente propõe o presente recurso administrativo em licitação na data de hoje, via

Sedex com entrega de 24 horas, portanto dentro dos exatos 5 dias uteis estabelecido no

caput do artigo 109 da Lei nº 8666 e do Edital.

Também na data de hoje será enviado o presente recurso à Comissão Especial de

Licitação, por e-mail, via eletrônica solicitada pela recorrente e aprovada pela presidente da

CEL, na sessão de abertura dos envelopes da proposta técnica, no dia 17 de junho de 2015,

com o testemunho de todos os presentes.

De qualquer forma, sustenta que o meio eletrônico (através de e-mail) para apresentação do

presente recurso é idôneo, mesmo se a via impressa não fosse enviada em tempo. De

acordo com o item 26.10 do edital e aplicação analógica do artigo 154 do CPC, do artigo 1o.

lei nº 9.800, de 26 de maio de 1999, bem como dos artigos 2º e 10 da Lei nº 11.280, de 16

de fevereiro de 2006, os recursos administrativos devem ser aceitos na forma eletrônica, por

e-mail com assinatura digital, uma vez que atendem a finalidade a que se referem.

Por outro lado, na forma do estatuído no artigo 22 da Lei nº 9.784, de 1999, que trata dos

processos licitatórios, os atos do processo administrativo não dependem de forma

determinada senão quando a lei expressamente a exigir.

II – FATOS Trata-se a ora recorrente, CDA Design Ltda., de uma empresa com muita experiência,

reconhecida nacionalmente por atender clientes de grande porte e com diversas premiações

no setor, com vasta experiência inclusive na área objeto do edital e que, como tal, engajou-

Page 6: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

6

se no processo licitatório em epígrafe com uma proposta que se encontra totalmente de

acordo com o edital de Concorrência Pública AA nº 01/2015 – BNDES.

De fato, durante o período de preparação da documentação de habilitação, para a proposta

técnica e proposta de preço, a CDA preocupou-se em atender às exigências da Lei de

Licitações e do Edital em questão, com todo o rigor, eficiência e profissionalismo.

Iniciada a concorrência pública para nessa ocasião efetivar a entrega de todos os envelopes

e a abertura de envelopes de habilitação, evento ocorrido no dia 23 de março de 2015, às

14h30min, na local definido no edital, no Rio de Janeiro, esta primeira sessão do processo

de licitação contou com a participação de quatro empresas, quais sejam: i Comunicação

Integrada EIRELI, CDA Design Ltda., FSB Estratégia em Comunicação Ltda., e Tomsic e

Wiedemann Design Ltda. Foi informado aos presentes que os documentos de habilitação

seriam analisados posteriormente, em reunião interna, pelos membros da CEL e seu

resultado seria divulgado através de publicação no Diário Oficial da União e na página do

BNDES, e que a documentação de habilitação dos licitantes seria disponibilizada

digitalmente. Nessa ocasião, os demais envelopes foram lacrados e rubricados pelos

membros da CEL e representantes legais de todas as empresas presentes.

De acordo com ata de 24 de março de 2015, a CEL decidiu-se pela habilitação das

empresas CDA Design Ltda., FSB Estratégia em Comunicação Ltda., e Tomsic e

Wiedemann Design Ltda., e pela inabilitação da i Comunicação Integrada EIRELI Ltda. A

empresa inabilitada interpôs recurso o qual não foi provido pela CEL, decidindo-se pela

manutenção da inabilitação da empresa recorrente. As demais empresas, inclusive a ora

recorrente, não interpuseram recursos.

Cumpridos todos os atos da fase de habilitação, agendou-se para o dia 5 de maio de 2015 a

sessão na qual ocorreu a abertura dos envelopes de n° 2 (proposta técnica capacidade

técnico–criativa, via não identificada) e nº 4 (proposta técnica: experiência do licitante, via

identificada), cujos documentos foram numerados e rubricados pela Comissão Especial.

De acordo com ata do dia 18 maio de 2015 a CEL, com fundamento no princípio da

competitividade, no art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do EDITAL, instaurou

diligência a fim de esclarecer as informações constantes nos documentos de Proposta

Técnica apresentados pelas três licitantes habilitadas. Cumprindo tais diligências, a ora

recorrente CDA enviou todos os documentos comprobatórios dos itens solicitados.

No dia 17 de junho de 2015 ocorreu a sessão para divulgação do julgamento das propostas

técnicas, com a divulgação do resultado das notas das propostas técnicas relativas a

capacidade técnico–criativa e das propostas técnicas relativas à experiência das licitantes.

Conforme divulgou-se nesse ato, portanto, a seguinte classificação relativa a esta fase:

Page 7: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

7

O representante legal da CDA Design Ltda., empresa ora recorrente, tendo infelizmente

constatado que parte das notas atribuídas às empresas não consideraram os critérios

estabelecidos no edital (e as respectivas notas de esclarecimento), na lei e na CF, propõe o

presente recurso administrativo em licitação, com base no art. 109, inciso I, alínea b, da Lei

de Licitações, para efeito de impugnar avaliação e outros atos administrativos em fase de

propostas técnicas.

A CDA ora recorrente não concorda com parte das notas atribuídas na proposta técnica

relativa à experiência da licitante conforme passará a dispor.

II - DO DIREITO À REVISÃO DA AVALIAÇÃO DE PARTE DOS CRITÉRIOS DA PROPOSTA TÉCNICA DA CDA DESIGN LTDA: EXPERIÊNCIA DA LICITANTE PARA MAIOR

De acordo com o item 18.1.1.1, a proposta técnica: experiência do licitante, a experiência

profissional da empresa será avaliada por meio de apresentação de peças cuja criação seja

comprovada por meio de atestado(s), expedido(s) por pessoa(s) jurídica(s) de direito público

ou privado ou por meio de crédito nominal. Cada peça só será pontuada uma única vez. De

tal modo, refere-se a experiência operacional da licitante de todo o planejamento efetuado

para, atendendo o edital, demonstrar ser a empresa que melhor atenderá ao abjeto da

licitação. Sendo assim, a licitante, envolveu-se de modo a identificar entre suas criações

passadas e aquelas de seus colaboradores inseridos e envolvidos no cumprimento do

contrato futuro, apresentando assim as peças representativas desta experiência.

Não há no edital qualquer especificação relativa à época de elaboração da peça em relação

ao vínculo da expertise daquele que se insere à empresa ou já inserido na mesma em

relação à peça criada. Por outro lado, no que tange a elementos da peça em si, aos critérios

relativos a livros (critério 4 e 5) a comissão julgadora não considerou os elementos especiais

dos livros especiais apresentados pela CDA. Sendo assim, a ora recorrente passa a

demonstrar as razões de seu desacordo com a avaliação de parte dos pontos pelas as

peças na Proposta Técnica: Experiência do Licitante.

1) Critério 3: Livro (qualquer especificação gráfic a) Conforme pode ser verificado na documentação disponível no processo licitatório em

questão, a CDA Design, ora recorrente, listou cinco livros dentro do critério “livro de qualquer

Page 8: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

8

especificação gráfica”, todos acompanhados de atestado da editora, com indicação do

número da página no qual se encontra o respectivo atestado, da quantidade de livros

comprovados e a pontuação pretendida na sua respectiva Proposta Técnica.

Em diligência da CEL, solicitou-se como segue: “É necessário que a licitante apresente

atestado que comprove que a peça é de sua criação. O atestado apresentado menciona que

foram realizados serviços de editoração e diagramação, não mencionando que foi realizada

a criação gráfica da peça, além de não vincular a peça à licitante, mas à profissional Mônica

Luce Bohrer.” Ciosa de cumprir com a solicitação, a ora recorrente forneceu um novo

atestado agora incluindo explicitamente que a Sra. Mônica Luce Bohrer realizou a criação

gráfica de cada uma das peças e cópia Contrato de Prestação de Serviços da mesma com a

CDA.

Ocorre que, de acordo com o que constou na tabela de notas divulgada em relação ao

quesito “Experiência do licitante”, no critério 3 “Livro - qualquer especificação gráfica”, item

18.1.1.2, do Anexo I – Projeto básico, verificou-se que a CEL não concedeu os 5 pontos

válidos do quesito (restando o mesmo ZERADO), sob a alegação de que “....não há

comprovação de vínculo da profissional com a licitante, na época da confecção da peça, de

modo que não é possível atribuir a experiência à CDA” e esta decisão não coaduna-se com

o edital, com a Lei de licitações e seus princípios, nem com a CF, conforme passamos a

argumentar:

Conforme pode ser verificado por acurada análise do edital, não há qualquer previsão da

qual possa depreender-se que, como experiência da licitante, seriam consideradas apenas

as peças produzidas por profissional que estivesse vinculada à empresa na época da

confecção de determinada peça. A experiência de uma pessoa jurídica é resultado do seu

acervo humano. Experiência da empresa, específica para o cumprimento determinado

contrato objeto de um processo licitatório, portanto, está e deve estar ligada àquela do

componente humano que estará comprometido à execução do objeto da licitação.

De acordo com o estabelecido no edital relativo à interpretação das regras do mesmo edital,

item 13.11, “As normas disciplinadoras desta licitação serão interpretadas visando à

ampliação da disputa entre os Licitantes e à obtenção da proposta mais vantajosa, desde

que não comprometam os interesses do BNDES, bem como a finalidade e a segurança da

contratação.” Deste modo, o próprio edital estabelece como critério interpretativo aqueles

que levem a ampliação da disputa e ao atendimento do interesse da obtenção da proposta

mais vantajosa para o BNDES.

De fato, ao verificarem-se as notas técnicas da CDA relativas à capacidade técnico-criativa,

observa-se que a ora recorrente é aquela que possui nota criativa quase 10 (dez) pontos

acima das demais concorrentes e, não fosse a interpretação restritiva ao interesse da

administração, e não estabelecida no edital dada às regras relativas às notas da experiência

do licitante, a mesma estaria em primeiro lugar. O BNDES e a CEL ao interpretar as regras

previstas no edital e eventualmente suprir as lacunas em razão da ausência de precisão,

Page 9: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

9

portanto, estão vinculados ao mandamento do disposto no item 13.11, sob pena de

descumprir o princípio da vinculação ao edital.

Por certo que em uma licitação de técnica e preço, a capacidade técnico-criativa, decidida

na análise de propostas apócrifas, sem identificação das empresas licitantes, é aquela que

melhor atente aos interesses da administração e aos princípios de transparência, lisura,

interesse público e garantia da isonomia. Portanto, diante de tal realidade, a CEL não pode

reduzir o caráter competitivo e o atendimento da proposta mais vantajosa ao conferir uma

interpretação restritiva à avaliação de critérios da proposta técnica de experiência da

licitante, muito menos, impondo disposição a uma das empresas concorrentes sobre tema

que o edital foi silente, entendimento este que resultou em franco prejuízo à garantia de uma

franca competição da ora recorrente com as demais empresas no certame.

Neste sentido a decisão do TCU, Processo TC nº 001.997/2015-7. Acórdão nº 382/2015 –

Plenário. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. Diário Oficial da União [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 mar. 2015. Seção 1, p. 90: “[…] nos itens […] do edital,

há exigência de qualificação técnica com expressões vagas, considerando que não se

definiu o que seria “quantidade compatível”, e ficou obscura a referência ao “item

pertinente”, afrontando os princípios do julgamento objetivo, da transparência e da isonomia,

previstos no art. 5º do Decreto 5.450/2005 e no art. 3º da Lei nº 8.666/93, e a jurisprudência

do TCU (Acórdãos 970/2014-TCU-Plenário, 1.443/2014- TCU-Plenário e 6.679/2014-TCU-1ª

Câmara). (grifos nossos).

Por outro lado, de acordo com o previsto no Edital, “DÚVIDAS SOBRE O EDITAL: As

dúvidas acerca do presente Edital deverão ser encaminhadas à Gerência de Licitações 4 do

BNDES, em até 2 (dois) dias úteis anteriores à data da sessão pública inaugural, através do

e-mail [email protected], devendo ser informados, no campo ‘assunto’, a modalidade

e o número da licitação (Concorrência AA no 01/2015 – BNDES). As respostas serão

divulgadas no endereço eletrônico www.bndes.gov.br.” Seguindo o disposto, portando, no

edital, várias perguntas de esclarecimentos foram encaminhadas à Gerência de licitações,

as quais, como é o entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência, passam a fazer

parte do Edital, obrigando as empresas participantes e a Administração Pública, no caso o

BNDES.

Pois bem, conforme o questionamento de nº 13, em e-mail enviado pela Gerência de

licitações 4 no dia 09 de março de 2015, 16h36min, por [email protected], em nome de

[email protected], justamente sobre a experiência da licitante, tendo em vista a

equipe que comporia com a licitante para o cumprimento do contrato, a Comissão

esclareceu que a comprovação é relativa à experiência técnica do profissional, de modo que

não havia a necessidade de que as peças tivessem sido produzidas por profissionais

enquanto funcionários da licitante. Bastaria, portanto, que se comprovasse a autoria da

criação das peças.

Apesar de não ser necessário fazer prova neste momento do vínculo jurídico da equipe (que

seria até 15 dias da assinatura do contrato, na forma do item 5.1 do Anexo I do edital), a

Page 10: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

10

CDA, ciosa de preparar-se da melhor forma possível para a futura eventual execução do

contrato objeto do Edital, buscou formar a equipe com expertise necessária desde logo e

formulou Contrato de Prestação de Serviços com a Sra. Mônica, assegurando-se de que a

mesma estaria comprometida com a CDA, atendendo o art. 30, inciso I, da Lei de Licitações.

Como verificou-se, a exigência de prova na época da proposta era tão somente da autoria,

por parte do profissional indicado, em relação às peças a serem pontuadas. A recorrente

ofereceu as peças desta excelente profissional como experiência profissional, atendendo o

que foi esclarecido com a resposta de esclarecimento supra indicada, combinada com Lei

de Licitações, uma vez que o Edital era silente sobre a temporariedade da execução das

peças.

Importante frisar que a ora recorrente, caso os elementos de avaliação estivessem claros,

poderia ter oferecido outros livros, teria feito outras opções, de modo que não pode ser

prejudicada por regra criada posteriormente, quando da efetiva avaliação.

Como já está consolidado no Superior Tribunal de Justiça, os esclarecimentos prestados

pela Comissão de Licitação em complemento ao edital possuem caráter vinculante, tanto

para as empresas licitantes, como para a Administração Pública. De tal sorte que a decisão

da CEL, ao zerar a pontuação da CDA no critério 3, relativo aos livros de qualquer

especificação gráfica, está em absoluto desacordo com o esclarecimento por ela mesma

prestada em consulta tempestiva realizada. Neste sentido segue ementa do MS 13.005-DF,

caso pragmático e representativo do entendimento do STJ sobre o tema, onde foi relatora a

Ministra Denise Arruda, em 10 de outubro de 2007:

MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. OBRAS PARA A

TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ATO

EMANADO DO SR. MINISTRO DE ESTADO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. DECADÊNCIA

DO DIREITO DE IMPUGNAR O EDITAL. LITISPENDÊNCIA. PRELIMINARES

AFASTADAS. RECURSO ADMINISTRATIVO PROVIDO PARA INABILITAR O

CONSÓRCIO FORMADO PELAS IMPETRANTES. INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS DE

REGÊNCIA DA LICITAÇÃO EM COMENTO. ESCLARECIMENTOS PRESTADOS PELA

COMISSÃO DE LICITAÇÃO EM COMPLEMENTO AO EDITAL 2/2007. CARÁTER

VINCULANTE. ALTERAÇÃO DAS REGRAS NO MOMENTO DA APRECIAÇÃO DO

RECURSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA. (...) 4.

Consoante dispõe o art. 41 da Lei 8.666/93, a Administração encontra-se estritamente

vinculada ao edital de licitação, não podendo descumprir as normas e condições dele

constantes. É o instrumento convocatório que dá validade aos atos administrativos

praticados no curso da licitação, de modo que o descumprimento às suas regras deverá ser

reprimido. Não pode a Administração ignorar tais regras sob o argumento de que seriam

viciadas ou inadequadas. Caso assim entenda, deverá refazer o edital, com o reinício do

procedimento licitatório, jamais ignorá-las. (...). 10. Quanto ao caráter vinculante dos

esclarecimentos prestados, ressalta o doutrinador Marçal Justen Filho que "é prática usual,

fomentada pelo próprio art. 40, inc. VIII, que a Administração forneça esclarecimentos sobre

as regras editalícias. A resposta formulada administrativamente apresenta cunho vinculante

Page 11: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

11

para todos os envolvidos, sendo impossível invocar o princípio da vinculação ao edital para

negar eficácia à resposta apresentada pela própria Administração". Acrescenta, ainda, que

"a força vinculante da resposta ao pedido de esclarecimento envolve as hipóteses de

interpretação do edital. Ou seja, aplica-se quando há diversas interpretações possíveis em

face do ato convocatório. Se a Administração escolhe uma ou algumas dessas

interpretações possíveis e exclui outras (ou todas as outras), haverá vinculação"

("Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos". 11ª ed., São Paulo:

Dialética, 2005, pp. 402/403). 11. Sobre o assunto, já se manifestou o Superior Tribunal de

Justiça, no sentido de que "a resposta de consulta a respeito de cláusula de edital de

concorrência pública é vinculante; desde que a regra assim explicitada tenha sido

comunicada a todos os interessados, ela adere ao edital" (REsp 198.665/RJ, 2ª Turma, Rel.

Min. Ari Pargendler, DJ de 3.5.1999). (...) 13. Verifica-se, portanto, ser ilegal o ato

impugnado no presente mandado de segurança - que inabilitou o consórcio formado pelas

impetrantes -, visto que não observou os esclarecimentos exaustivamente prestados pela

Comissão de Licitação, que vincularam tanto os licitantes como a própria Administração. É

inviável que as regras para demonstração de qualificação técnica sejam alteradas no

momento da apreciação do recurso administrativo interposto. Conforme já destacado, não

há previsão específica no Edital 2/2007 sobre a utilização de atestados decorrentes de

obras realizadas em consórcio, de modo que devem ser obedecidos os critérios indicados

nas informações prestadas pela Comissão de Licitação, que, repita-se, consignaram que os

atestados relativos a obras desenvolvidas anteriormente em consórcio serão considerados

em sua totalidade para cada uma das empresas consorciadas, independentemente do

percentual de sua participação no consórcio, desde que não haja discriminação expressa da

responsabilidade de cada uma pela execução de partes distintas da obra. 14. Ressalte-se

que não se está afirmando que essa seria a melhor forma de verificar a qualificação técnica

dos licitantes, nem caberia tal providência ao Poder Judiciário. O que está sendo examinado

é, tão-somente, a conformação entre o ato emanado do Sr. Ministro de Estado da

Integração Nacional e os esclarecimentos prestados pela autoridade competente que devem

ser observados pelas partes envolvidas. 15. Caso a Administração, posteriormente,

concluísse pela inadequação do critério adotado para a demonstração da qualificação

técnica dos participantes do certame, não haveria óbice a que procedesse à alteração das

condições estabelecidas, desde que desse publicidade a tal ato, abrindo novo prazo para

possibilitar aos licitantes a adaptação das propostas a serem apresentadas. O que não é

possível é ignorar as regras por ela mesma impostas e que orientaram os licitantes na

elaboração de suas propostas. 16. Segurança concedida para anular o Despacho do Sr.

Ministro de Estado da Integração Nacional que homologou o Parecer CONJUR 1.255/2007 e

o Parecer da Comissão Especial de Licitação que deu provimento ao recurso administrativo

interposto pela Construtora Norberto Odebrecht S/A., reconhecendo-se o direito líquido e

certo das demandantes, em consórcio, de participarem da próxima fase do certame.

Cabe ainda salientar que o comando constitucional, os princípios do processo licitatório, o

entendimento do TCU e o da doutrina convergem no sentido de não haver necessidade de

qualquer relação, anterior à licitação, dos profissionais que atendem às exigências de

capacidade técnica da empresa licitante. De mais a mais o edital nada mencionou sob este

aspecto.

Page 12: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

12

Sendo assim, não pode ser considerada esta exigência de que o profissional estivesse

vinculado à empresa licitante na época da elaboração da peça em se tratando de

experiência da licitante, sob pena de estar ferindo o princípio da vinculação ao instrumento

convocatório, segundo o qual a Administração e o licitante, ao observarem as normas e

condições estabelecidas no ato convocatório, “nada poderá ser criado ou feito sem que haja

previsão no instrumento de convocação”, e o princípio do julgamento objetivo, segundo o

qual o administrador deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório para

julgamento da documentação e das propostas, e que afasta a possibilidade de o julgador

utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios não previstos no instrumento de convocação,

ainda que em benefício da própria Administração.

Ainda que no Edital estivesse prevista a necessidade de vínculo do profissional que realizou

a peça apresentada com a licitante na época da confecção da peça, esta contraria o

mandamento de cumprimento absoluto da Lei de Licitação, na forma das normas contidas

no caput, inciso II e do § 5º do artigo 30, as quais vedam expressamente tal exigência.

De acordo com a Lei de Licitações, a documentação técnica relativa à qualificação técnica

quanto à experiência (aptidão para desempenho da atividade licitada) limitar-se-á (art. 30,

caput) à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível,

em características, quantidades e prazos, com o objeto da licitação, bem como da

qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos

trabalhos (art. 30, inciso II). Está vedada a exigência de comprovação de atividade ou de

aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer

outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação (§5ª). Neste sentido, a

limitação do reconhecimento da experiência de profissional da ora recorrente através de

peça de autoria elaborada em época em que esteja comprovadamente vinculado à empresa

ora recorrente desatenta cabalmente ao estabelecido na Lei de Licitações.

Por outro lado, a resposta de esclarecimento da CEL de licitação do BNDES anteriormente

indicada, com base na qual a empresa ora recorrente decidiu as peças a serem

apresentadas como experiência da licitante, coaduna-se com o entendimento maior do TCU,

Acórdão do Plenário nº 1110/2007 Plenário, como segue: “(...) ACORDAM os Ministros do

Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo

Relator, em: (...) 9.2. determinar à (...) que: (...) 9.2.4.5. a abstenha-se de exigir que o

profissional indicado na comprovação de capacitação técnico-profissional pertença ao

quadro da licitante previamente à data da licitação (art. 30, § 1º, inciso I);9.2.4.6.preveja, no

instrumento convocatório, a possibilidade de o profissional indicado na comprovação de

capacitação técnico-profissional ser vinculado à licitante por meio de contrato de prestação

de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum (Acórdãos 2.297/2005-TCU-

Plenário, 361/2006-TCU-Plenário, 291/2007-TCU-Plenário e 597/2007-TCU-Plenário);(...)”

(grifos nossos)

O voto prolatado pelo Exmo. Sr. Ministro Benjamin Zymler, condutor do Acordão no

2.297/2005-Plenário, atinge o cerne da questão: “(...) 14. As exigências de qualificação

técnica, sejam elas de caráter técnico profissional ou técnico operacional, portanto, não

devem ser desarrazoadas a ponto de comprometer a natureza de competição que deve

Page 13: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

13

permear os processos licitatórios realizados pela Administração Pública. Devem constituir

tão somente garantia mínima suficiente para que o futuro contratado demonstre,

previamente, capacidade para cumprir as obrigações contratuais. (...)”

A norma contida no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal brasileira faz voz

inquestionável, pois no processo licitatório não pode ser exigido, no que se refere à

capacidade técnica, exigências outras que não sejam aquelas indispensáveis à garantia do

cumprimento das obrigações resultantes em caso de adjudicação da empresa, uma vez

vencedora em um processo licitatório. In verbis o dispositivo constitucional prescreve que

“somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à

garantia do cumprimento das obrigações”. A limitação temporal de que a peça seja

produzida enquanto sócio, empregado ou prestador de serviço da empresa desconsidera o

fim a que serve a prova de tal experiência e justifica a pontuação das empresas

participantes, já que a experiência técnica da licitante serve à garantia do cumprimento das

obrigações que pretende assumir com a Administração Pública.

De tal modo, a não pontuação de todas as peças apresentadas pela ora recorrente sob

alegação de que inexiste “....comprovação de vínculo da profissional com a licitante, na

época da confecção da peça” afronta o direito da recorrente de tal forma que a CDA Design

deverá receber na íntegra todos os cinco pontos a que faz jus por ter atendimento

integralmente ao critério 4: Livro (qualquer especificação gráfica) da Proposta Técnica:

experiência do licitante.

2) Critério 4 – Livro especial A ora recorrente, no quesito Critério 4 – Livro especial, listou cinco livros especiais, todos

acompanhados de atestado da editora, com indicação do número da página de sua

Proposta Técnica em que se encontra o respectivo atestado, da quantidade de livros

comprovados e a pontuação pretendida. Existe prova de vínculo da profissional com a ora

recorrente (tema exaustivamente tratado no item III.1 supra) e não houve qualquer pedido

de diligência relativamente a estes livros.

Ocorre que, de acordo com o que constou na tabela de notas divulgada em relação ao

quesito “Experiência do licitante”, no critério 4: Livro especial, item 18.1.1.2, do Anexo I –

Projeto básico, verificou-se que a CEL não concedeu os 5 pontos válidos do quesito

(restando o mesmo ZERADO), sob a alegação de que “Não pontuou pois não apresenta 4

ou mais elementos especiais descritos no edital.”, decisão esta que não coaduna com as

características das peças que a empresa ora recorrente apresentou, com o entendimento do

Edital e com as demais regras relativas ao processo licitatório.

De acordo com o que está previsto no Anexo I, do Projeto Básico, item 18.1.1.2, página 59,

a CEL especifica como item de pontuação a existência de livro especial com ao menos

quatro dos itens especiais elencados, a saber:

- Impressão 4 x 4 cores;

- Capa dura ou flexível;

- Papel especial;

Page 14: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

14

- Sobrecapa;

- Acabamentos especiais – douração, verniz, faca.

Antes de mais nada, é indispensável colocar em pauta a definição técnica de itens

especiais. Existe dubiedade no entendimento do que seja impressão 4 x 4 cores (se as

mesmas referem-se à capa, ao miolo, ou ambos). Por outro lado, a referência a papéis

especiais, objeto de questionamento, também não restou clara no Edital. Por fim, no que

refere-se aos acabamentos (no item de preenchimento lista três tipos, mas no corpo do

Edital vale-se da referencia à etecetera), trata-se de lista exemplificativa justamente porque

modernamente são utilizadas novas técnicas e novos materiais além dos ali citados e que,

para aferimento de experiência técnica da licitante, somente pode ser considerada como

uma lista exemplificativa e não exaustiva, sob pena de que os elementos avaliativos

restritivos da avaliação da proposta, ao invés de atenderem o interesse público da licitante

BNDES, para efeito de poder selecionar a empresa que melhor possa atender a demanda

licitada, descumprir com os princípios do julgamento objetivo, entre outros, da competição,

da finalidade, da motivação e do interesse público.

Sendo assim, sobre papel especial, é mister destacar que em resposta ao Questionamento

18, de 21 de maio de 2015, publicado no Portal do BNDES, sobre definição de papel

especial, a resposta do BNDES foi a seguinte: “Nos livros essencialmente textuais editados

pelo BNDES, costuma-se empregar os papéis do tipo Offset ou Pólen, não sendo esses

considerados papéis especiais. Já nos livros especiais, geralmente são empregados papéis

de diferente qualidade e com custo mais elevado, sendo o exemplo citado (Couché Matte)

considerado um papel especial. ”

Portanto, depreende-se que não são considerados papéis especiais Offset e Pólen. E que

seriam papeis especiais aqueles de diferente qualidade e com custo mais elevado, a

exemplo do Couché Matte. Portanto, preço elevado e qualidade diferenciada é um critério

reconhecido pela licitante em sua resposta para determinar ser especial um item de livro. Os

livros apresentados pela licitante foram confeccionados em papel Couché, com gramatura

de 115g a 150g, o que os qualificam como realizados em papéis especiais, caracterizando o

cumprimento da exigência editalícia por parte da licitante.

Por outro lado, no que se refere a acabamentos especiais, de acordo com os termos do

próprio edital, em seu Anexo I, no Projeto básico, item 2.5.4.1, página 32, quando especifica

o que sejam os livros impressos entre as publicações impressas objeto da contratação, a

que se refere o Edital e, novamente, após a planilha de precificação das publicações

impressas (página 50), descreve textualmente: “Entende-se por livro especial aquelas que

tiverem 4 ou mais elementos especiais. Elementos especiais: impressão 4x4; capa dura ou

flexível; papel especial; sobrecapa; acabamentos especiais como douração, verniz, faca etc.

Os demais livros podem ter até 3 elementos especiais.” Mais além, na pág. 98, novamente

descreve acabamentos especiais listando douração, verniz e faca como exemplo: “2.5.2.1.

Entende-se por livro luxo aquelas que tiverem 4 ou mais elementos especiais. Elementos

especiais: impressão 4/4; capa dura ou flexível; papel especial; sobrecapa; acabamentos

especiais como douração, verniz, faca etc. Os demais livros podem ter até 3 elementos

especiais.”

Page 15: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

15

Além da palavra etecetera usada no edital indicar que douração, verniz e faca são

exemplos, deixa claro que o BNDES considera outros modernos acabamentos como

especiais.

De acordo com o §1º, inciso I do artigo 46 da Lei de Licitações, a avaliação e classificação

das propostas técnicas será de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto

licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório, de modo que os

critérios utilizados que não considerem o que de fato está sendo licitado contraria o

comando da Lei de Licitações.

É importante destacar, na defesa dos interesses estéticos e econômicos, que atualmente

existem diversos outros acabamentos especiais em substituição ao verniz, como o Prolan,

amplamente utilizado por sua versatilidade e alta resistência. Além disso, alguns dos

acabamentos citados no Anexo IV, como a douração, datada do século XII, estão

praticamente em desuso, tanto pela questão de modernidade gráfica e impacto ambiental

quanto por custos de produção. O Prolan (plastificação fosca) é considerado pelas

empresas que comercializam livros impressos como acabamento especial. Não há como

interpretar a lista constante no item 18.1.1.2 do critério 4 de forma isolada de todo do Edital,

uma vez que justamente a experiência que se pede é para cumprir o objeto da contratação.

De mais a mais, em atenção ao esclarecimento referente ao questionamento 18 supra

indicado e que, como já sustentado no item II.1, vincula à Administração, a interpretação do

elemento Acabamentos Especiais deve ser compreendida como o acabamento de preço

elevado ou qualidade diferenciada, como por exemplo douração, verniz, faca, etc.

Plastificação especial fosca, como o Prolan, é sim um acabamento especial.

Restringir o entendimento do que sejam livros especiais ou considerar especiais apenas

determinados tipos de papel ou acabamento em detrimento de outros é frustrar o princípio

da competição, segundo o qual, nos certames de licitação, o gestor deverá sempre buscar

maior número de competidores interessados no objeto licitado. Por outro lado, e atentando a

este princípio, a Lei de Licitações veda estabelecer, nos atos convocatórios, exigências que

possam, de alguma forma, admitir, prever ou tolerar, condições que comprometam,

restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação. Ainda que as notas da experiência

do licitante sejam classificatórias, as mesmas poderiam perfeitamente gerar a

desclassificação efetiva de empresas licitantes porque exigiu-se uma nota mínima. De

qualquer maneira, considerar determinados elementos de impressão gráfica melhores que

outros ofende o respeito ao interesse público da licitante, frustra a efetiva competição entre

as empresas concorrentes e fere o princípio da isonomia.

Especificamente, portanto, à avaliação dos livros especiais apresentados, a partir do

comentado supra, cumpre discorrer caso a caso. Em primeiro lugar, no que se refere ao

conjunto de 03 livros da escritora Martha Medeiros, “Paixão crônica, Liberdade crônica e

Felicidade crônica”, a licitante apresentou os seguintes itens: sobrecapa dura; faca especial

para a caixa de sobrecapa; impressão 4 x 4 cores na capa; capa flexível com verniz nos

Page 16: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

16

livros; e acabamento em Prolan, com reserva em verniz U.V. Portanto, foi cumprida a

exigência em no mínimo 4 itens elementos de pontuação, o que leva inevitavelmente à

pontuação para este livro.

Com relação aos livros “Os miseráveis”, As mil e uma noites”, e “Dom Quixote”, a licitante

apresentou os seguintes itens: impressão 4 x 4 cores na capa e miolo; acabamento da capa

em Prolan; capa dura; e papel especial Couché liso 150g. Portanto, foi cumprida a exigência

em no mínimo 4 itens, o que leva inevitavelmente aos três pontos solicitados para estes

livros.

Com relação ao livro “É tudo família! Sobre a filha da nova namorada, sobre o irmão da ex-

mulher do papai e outros parentes”, a licitante apresentou os seguintes itens: capa dura;

impressão 4 x 4 cores na capa e miolo; acabamento da capa em Prolan; e papel especial

Couché liso 115g. Portanto, foi cumprida a exigência em no mínimo 4 itens, o que leva

inevitavelmente ao 01 ponto solicitado para este livro.

Um detalhe importante na classificação da licitante FSB, no item livros especiais, na qual foi

agraciada com 3 pontos, foi a apresentação de três peças com capa em acabamento Prolan

(Livro comemorativo dos 60 anos Nova América e Livro comemorativo de 70 anos do

Sindicato das Seguradoras de São Paulo), e também o Relatório Anual 2012 (Grupo

Andrade Gutierrez) com capas em plastificação fosca (Prolan). A CDA requer, portanto, em

nome da isonomia de tratamento prevista pela lei 8.666, os pontos integrais obtidos em

nossos livros especiais.

De tal modo, a não pontuação de todas as peças apresentadas pela ora recorrente sob o

argumento de que “....não pontuou pois não apresenta 4 ou mais elementos especiais

descritos no edital” afronta o direito da recorrente. A nota CDA no critério 4, Livro especial

(com no mínimo quatro dos itens especiais elencados) da Proposta Técnica - experiência do

licitante, deverá ser revista pela respeitável CEL e, assim, para que lhe sejam atribuídos

todos os cinco pontos a que faz jus.

3) Critério 8: criação gráfica para exposição Conforme pode ser verificado na documentação disponível no processo licitatório em

questão, a CDA Design, ora recorrente, listou duas peças dentro do critério 8: criação

gráfica para exposição, todos acompanhados de atestado, com indicação do número da

página no qual se encontra o respectivo atestado, da quantidade de criações gráficas e a

pontuação pretendida na sua respectiva Proposta Técnica.

Em diligência da CEL, solicitou-se como segue: “A licitante apresentou como peça um

convite produzido para a exposição, mas o item "criação gráfica para exposição" se refere

ao conjunto criativo de uma exposição (painéis, ambientação) e não a uma peça de

divulgação isoladamente, como um convite. O convite e o atestado apresentados não

comprovam que a licitante criou o conjunto expositivo. Caso tenha criado, como não é

possível enviar um conjunto expositivo fisicamente, a licitante pode apresentar a peça por

meio de fotografias que retratem a exposição, sua ambientação e elementos criados. Vale

ressaltar que não basta apresentar arte aplicada, pois não comprova que foi efetivamente

Page 17: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

17

realizada. Além disso, o atestado apresentado não vincula a peça à licitante, mas ao

profissional Roger Monteiro. É necessário que a licitante apresente atestado que comprove

que a peça é de sua criação.” Atendendo a solicitação da diligência, a ora recorrente

forneceu as fotografias que retratam a exposição e documentos que comprovam, através da

ligação da CDA com o autor, a autoria da mesma. Porém, apesar da pontuação máxima de

2 pontos possível neste quesito, a licitante obteve nota zero nos itens Exposição 2013/Gato

mia, cachorro late, ego mata, e também no item Exposição 2013 Um novo horizonte, sob a

alegação de que “não pontuou pois por meio dos documentos apresentados não é possível

atribuir a criação do conjunto expositivo à CDA. ”

Ora, a criação de todo o conjunto expositivo dos dois eventos foi realizada pelo profissional

criativo Roger Monteiro, que na época das exposições inclusive tinha vínculo profissional

com a CDA através da empresa Linha Gráfica Ltda., cujo contrato foi apresentado durante a

diligência. Os contratos de trabalho do Sr. Roger Monteiro à empresa LINHA GRÁFICA

EIRELI - ME, de Prestação desta referida empresa à CDA e de uma declaração, sob as

penas da lei, de que o Sr. Roger faz parte da equipe que executa suas atividades para a

CDA. Os documentos entregues tempestivamente atendendo as diligências da CEL

serviram para demonstrar que a expertise do Sr. Roger, parte da equipe que compõe a CDA

e que faz parte da equipe planejada para executar o objeto da licitação em sendo

adjudicada, colocam a CDA em condições de atender o interesse público e do BNDES da

melhor forma possível.

Como sustentado anteriormente, para efeito de considerar a capacidade técnica da licitante

em razão de sua expertise acumulada, a prova do vínculo do autor, mesmo se não fosse da

época da autoria da peça, é suficiente para tanto.

Não há, como já mencionado, qualquer indicação no Edital de que a expertise a ser

pontuada não pudesse ser considerada através do vínculo do autor à empresa licitante, ora

recorrente. Por outro lado, a resposta ao questionamento de nº 13, em e-mail enviado pela

Gerência de licitações 4 no dia 09 de março de 2015, 16h36min, e que vincula o BNDES,

comprovação é relativa à experiência técnica do profissional, de modo que não havia a

necessidade de que as peças tivessem sido produzidas por profissionais enquanto

funcionários da licitante. Bastaria, portanto, que se comprovasse a autoria da criação das

peças.

Como já anteriormente citado, a segundo o artigo 30 da Lei de Licitações, a documentação

relativa à experiência (aptidão para desempenho da atividade licitada) limitar-se- àquela

necessária para comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e

compatível, em características, quantidades e prazos, com o objeto da licitação. E,

demonstrando a experiência da licitante através de sua equipe, a CDA Design, ora

recorrente, demostrou que o seu conjunto humano disponível para atender o objeto da

licitação é suficiente para resguardar as garantias necessárias e são vedadas quaisquer

limitações relativas à exigência de comprovação de atividade, ainda que não previstas na

Lei, que inibam a participação na licitação (§5ª, do artigo 30 da Lei de licitações).

Page 18: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

18

Neste sentido, a limitação do reconhecimento da experiência de profissional da ora

recorrente através de peça de autoria elaborada por profissional cuja ligação com a CDA

está plenamente demonstrada, sob o fundamento de que não é possível atribuir a criação do

conjunto expositivo à CDA, desatende cabalmente ao estabelecido na Lei de Licitações,

seus princípios e na própria CF, art. 37. Além do que, o fundamento apresentado para não

atribuir pontos deste critério não se coaduna com aquele usado para não atribuir no critério

3, prova da falta de clareza e objetividade indispensáveis no julgamento das propostas

técnicas (46, §1º, I da Lei de Licitações).

Requer, portanto, a pontuação máxima pelas duas peças apresentadas no Critério 8:

criação gráfica para exposição de 2 pontos, por cumprir integralmente todos os requisitos de

experiência do item 18.1.1.2 do Anexo I, comprovados antes e durante a diligência através

de atestados e fotos (anexo tal).

III – PEDIDOS Na forma do artigo 109, I, b, da Lei nª 8666,

REQUER que sejam revistas as notas técnicas da CDA Design Ltda., ora recorrente,

referentes aos critérios 3, 4 e 8 da Proposta técnica: Experiência do licitante, passando a

receber o total dos pontos validos em cada um dos quesitos.

REQUER que, na forma do § 2o do artigo 109 da Lei nª 8666, seja conferido o efeito

suspensivo ao recurso interposto.

REQUER, ainda, que as decisões a serem proferidas sejam adequadamente

fundamentadas, indicando-se os pressupostos de fato e de direito que as subsidiarem,

consoante o artigo 50, inciso V da Lei no 9.784/99, para a remota hipótese de necessidade

de controle posterior do ato.

Não sendo acolhidos os pedidos, em todo ou em parte, REQUER que se faça este recurso

administrativo subir à autoridade superior, em consonância com o previsto no § 4°, do art.

109, da Lei n° 8666/93, comunicando-se aos demais licitantes para as devidas

impugnações, se assim o desejarem, conforme previsto no § 3°, do mesmo artigo do

Estatuto.

Nestes Termos,

Pedimos Deferimento.

Porto Alegre, 22 de junho de 2015

Miguel Angelo Casagrande

CPF 251.448.630-00

Representante Legal da CDA Design Ltda.

Page 19: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

19

III. CONTRARRAZÕES RECURSAIS Em 03 de julho de 2015, a Licitante FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA .,

apresentou, tempestivamente, suas contrarrazões recursais com o seguinte teor: ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÕES DO

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIA L - BNDES

Ref.: Contrarrazões de Recurso Administrativo Concorrência AA nº 01/2015

FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA. (“FSB”), inscri ta no CNPJ/MF sob o nº

10.770.313/0001-82, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua São José, nº 70, 8º

andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, através do seu procurador abaixo assinado, vem,

respeitosa e tempestivamente, à presença de V.S., interpor CONTRARRAZÕES em razão

do resultado da fase de propostas técnicas, pelas razões a seguir expostas:

DA TEMPESTIVIDADE

A FSB tomou ciência dos Recursos interpostos na Concorrência em epígrafe em 26 de junho

de 2015, através da publicação no Diário Oficial da União. Dessa forma, tempestiva a

presente resposta.

Demonstrada a tempestividade, passamos a discorrer sobre os pontos abordados

equivocadamente nos Recursos das licitantes TOMSIC E WIEDEMANN DESIGN LTDA.

(“REFINARIA DESIGN”) e CDA DESIGN LTDA. (“CDA”) , conforme descrito a seguir.

DOS FATOS

1) DAS IRREGULARIDADES APONTADAS PELA REFINARIA DES IGN

1.1. Livros Especiais e seus elementos

O recurso da licitante em questão é baseado unicamente no fato do Edital tratar de forma

objetiva os elementos contidos nos livros especiais em sua Proposta Técnica (item 2.5.4.1,

Pg. 32 c/c item 18.1.1.2, Pg. 59, todos do Edital). Porém, a Recorrente incorre em erro ao

apresentar sua tese, conforme veremos a seguir:

Page 20: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

20

Na fase inicial de seu recurso alega que não pontuou o quesito 18.1.1.2 ao comprovar sua

experiência através de livro especial, comparando, equivocadamente, com o item 2.5.4.1.

O item 18.1.1.2 elenca objetivamente os elementos mínimos que devem estar presentes

nos livros especiais a serem pontuados nesta licitação. Portanto, para qualquer empresa

pontuar, deveria apresentar cada livro especial contendo, no mínimo, 4 (quatro) dos

elementos a seguir:

• Impressão 4/4;

• Capa dura ou flexível;

• Papel especial;

• Sobrecapa;

• Acabamentos especiais: douração, verniz, faca.

Vale ressaltar que este item trata da comprovação de experiência das empresas licitantes. É

justamente ao comparar com o ponto 2.5.4.1 que a recorrente incorre em erro. Este último,

conforme divisão do Edital, trata da caracterização de livros especiais em razã o dos

custos a serem informados por cada licitante para a s publicações impressas .

Nesse caso, a caracterização de livros especiais é divergente do item em que o Edital solicita

a comprovação de experiência do licitante (18.1.1.2). O Edital é claro ao separar a descrição

de ambos os itens, alterando inclusive a competência de cada um. Destaca-se a

apresentação, a seguir, dos livros especiais apresentados pela REFINARIA DESIGN, não

contendo em nenhum deles o mínimo de 4 (quatro) dos elementos especiais:

- “Um olhar especial Sul”; “Um olhar especial Amazônia”; “Um olhar especial Nordeste”;

e “Um olhar especial Centro Oeste”:

Contém apenas dois dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa dura ou flexível;

- “60 anos BNDES”:

Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa dura ou flexível / Acabamentos Especiais verniz.

A licitante ainda compara ao exigido neste Certame o material apresentado em outro

momento, atestado pelo BNDES como livro especial. Ora, é legítimo cada certame

estabelecer regras próprias em cada processo. Neste Edital, para comprovar a experiência

com livros especiais, cada licitante deveria seguir o exigido neste Edital, conforme suas

Page 21: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

21

regras. E, portanto, está clara e objetiva a exigência deste Certame ao pontuar os elementos

especiais a serem julgados.

Nesse ínterim, o Edital também traz o critério de julgamento das propostas técnicas pela

Comissão Especial, considerando a experiência das empresas licitantes na execução de

serviços similares ao licitado e a Capacidade técnico-criativa. Portanto, o atestado assinado

pelo BNDES e os respectivos livros apresentados pela recorrente nesta licitação, apenas

seriam passíveis de pontuação caso possuíssem os requisitos elencados neste Edital, já que

o Certame não aceitava qualquer livro especial e sim aqueles que adotassem 4 (quatro) dos

elementos definidos.

Resta-se claro que a FSB foi a única licitante que atendeu ao critério estabelecido no item

18.1.1.2, já que utilizou 4 (quatro) dos elementos elencados neste item.

Conclui-se, portanto, que a Comissão atendeu perfeitamente ao critério de jul gamento

elencado pelo Edital, seguindo o Princípio da Vincu lação ao Certame , aceitando

somente o exigido por ele, valendo-se, inclusive do Princípio da Livre Concorrência ,

desprezando a disputa desleal entre as licitantes.

2) DAS IRREGULARIDADES APONTADAS PELA CDA

2.1. Atestado comprovando experiência em nome de pe ssoa física (1)

Mais uma vez verifica-se que as recorrentes não compreenderam o item do Edital que exige

a comprovação de experiência das empresas licitantes. Verifica-se neste item que cada

licitante deve comprovar a experiência da empresa que participar da concorrência. Ou seja,

nesse quesito não cabe a comprovação de prestação de serviços através de um profissional,

pessoa física, e sim a comprovação de prestação de serviços pela Pessoa Jurídica

participante da presente concorrência.

A CDA realiza uma verdadeira confusão ao apresentar o Atestado emitido pela empresa

L&PM Publibook Livros e Papéis Ltda. declarando a prestação dos serviços pela profissional

Monica Luce Bohrer, ressalta-se pessoa física. Em nenhum momento o Atestado menciona a

prestação de serviços pela empresa CDA, Pessoa Jurídica participante da licitação.

Tanto é que o próprio atestado destaca serviços de criação, editoração e diagramação

realizados anteriormente à assinatura do Contrato de Prestação de Serviços com a Sra.

Monica Luce Bohrer, evidenciando a não participação da CDA nesses serviços. Vale

ressaltar que o Contrato firmado com a Sra. Monica pode ser encerrado a qualquer

Page 22: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

22

momento, deixando a CDA de ter a única profissional com experiência para prestar os

serviços elencados, requisito este fundamental à garantia do cumprimento das obrigações

que pretende assumir com o BNDES.

Tal raciocínio da CDA viola, inclusive, o princípio da livre concorrência, já que bastaria

qualquer licitante firmar contrato de prestação de serviços com pessoas físicas ou jurídicas

que efetivamente tenham prestado os serviços exigidos em Edital, e não a própria licitante.

Aqui se demonstra que a experiência técnica não seria, por óbvio, da empresa licitante e sim

de um parceiro.

Adiante, a CDA comete novo equívoco ao mencionar o “Questionamento 13” realizado pelo

BNDES. O Questionamento 13 é claro ao se referir ao item 6.1 do Edital - “Equipe da

Contratada”, diferente do que solicita a recorrente: pontuação do item 18.1.1.2 (experiência

da empresa ). Novamente há verdadeira confusão da CDA ao apontar um item do Edital

como resposta de outro item, comprovando a incompreensão do Certame e a consequente

não apresentação dos documentos nos termos do Edital.

Para a licitante comprovar os requisitos de perfil profissional (item 6.1, pg. 39 Edital), não há

necessidade das peças terem sido produzidas enquanto funcionário da licitante. No entanto,

para pontuar o quesito do item 18.1.1.2 a licitante deveria comprovar a sua experiência, ou

seja, da sociedade CDA . Em nenhum momento, com esses Atestados apresentados, a

empresa comprova sua experiência.

Ao contrário do que argumenta, o julgamento realizado pela Comissão foi absolutamente em

conformidade com o solicitado pelo Edital, prezando pela concorrência leal, julgamento

objetivo e pela vinculação ao Certame.

2.2. Livro especial com elementos especiais

Em seu recurso na página 12, a CDA alega que mesmo listando e apresentando cinco livros

especiais, a Comissão não concedeu a pontuação já que não apresenta 4 ou mais elementos

especiais descritos no Edital.

Novamente a CDA não compreende o Edital. Neste item comete o mesmo erro da recorrente

REFINARIA DESIGN já exposto no Capítulo 1 da presente resposta, ao realizar a leitura do

item 2.5.4.1 e supor que condiz com o disposto no item 18.1.1.2 do Edital.

Page 23: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

23

O Edital é completamente objetivo ao tratar dos elementos especiais que devem ser

adotados pelas licitantes ao apresentar sua comprovação de experiência, não se valendo de

“etc” neste item, conforme alega a recorrente, vejamos (18.1.1.2):

• Impressão 4/4;

• Capa dura ou flexível;

• Papel especial;

• Sobrecapa;

• Acabamentos especiais: douração, verniz, faca.

Os livros apresentados pela Recorrente CDA limitaram-se aos seguintes elementos

especiais:

- Coleção “Paixão Crônica”, “Liberdade Crônica” e “Felicidade Crônica”:

Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / Acabamento Especial verniz;

- “Dom Quixote”:

Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial;

- “Os Miseráveis”:

Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial;

- “As mil e uma noites”:

Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial; e

- “É tudo família”:

Contém apenas três dos elementos especiais expressamente relacionados no Edital em

seu item 18.1.1.2: Capa/ “4/4” / Papel Especial.

Além disso, os livros especiais apontados acima não poderiam ser pontuados de nenhuma

forma, já que foram feitos pela profissional Monica Luce Bohrer, não integrante da CDA.

Resta claro que a I. Comissão executou seu julgamento com precisão ao não pontuar os

Livros Especiais destacados acima apresentados pela CDA, já que o contrário, como pedem

as Recorrentes, seria validar uma concorrência desleal.

Page 24: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

24

2.3. Atestado comprovando experiência em nome de pe ssoa física (2)

Mais uma vez a recorrente CDA solicita a pontuação do item de comprovação da experiência

através de atestado apresentado em face de pessoa física e não da empresa licitante,

conforme transcorrido no item 2.1 relatado acima.

O Atestado apresentado para pontuar a experiência da licitante é dirigido ao profissional

“Roger Monteiro”, não havendo qualquer citação à empresa CDA. Nesse caso, assim como o

do item 2.1 acima, o Atestado deveria ser emitido contra a empresa CDA, já que a

experiência deve ser relacionada à empresa conforme disposto no item 18.1.1.2 do Edital.

O Contrato de Prestação de serviços realizado incorre no mesmo fato do assinado com a

Sra. Monica. Dessa forma, a I. Comissão novamente incorre em perfeito julgamento ao não

pontuar o documento, já que em nenhum momento o Atestado menciona a CDA.

2.4. DA DEFESA DA FSB

Por fim, a CDA ainda destaca como “um detalhe importante” que a FSB “foi agraciada com 3

pontos” no item livros especiais. Verifica-se aqui o único momento em que a CDA se

manifesta corretamente em seu recurso, pois vejamos:

- Livro Comemorativo dos 60 anos Nova América:

Contém, dentre outros, quatro dos elementos especiais expressamente relacionados no

Edital em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial;

- Livro Comemorativo 70 anos do Sindicato das Seguradoras de São Paulo:

Contém, dentre outros, quatro dos elementos especiais expressamente relacionados no

Edital em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial;

- Relatório Anual 2012 Grupo Andrade Gutierrez:

Contém, dentre outros, os cinco elementos especiais expressamente relacionados no Edital

em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial / Acabame ntos

Especiais - douração e verniz localizado ; e

- Relatório Fundo Vale:

Contém, dentre outros, os cinco elementos especiais expressamente relacionados no Edital

em seu item 18.1.1.2: Sobrecapa / Capa / “4/4” / Papel Especial / Faca.

Page 25: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

25

Como seria diferente se a FSB foi a única licitante capaz de compreender o Certame,

apresentando exatamente os livros especiais contendo, no mínimo, 4 (quatro) dos elementos

solicitados no Edital? A recorrente tenta confundir a Comissão ao conectar pontos

divergentes do Edital e relacionar os esclarecimentos formulados a itens completamente

diferentes dos contemplados nesses esclarecimentos.

As licitantes poderiam, inclusive, realizar questionamentos específicos no que tange a este

item, no entanto, lançaram mão deste direito. As licitantes REFINARIA e CDA simplesmente

adotaram a mesma interpretação em dois pontos do Edital que abordam quesitos

completamente distintos para a apresentação de documentos e sua consequente pontuação.

Portanto, a FSB solicita a esta D. Comissão que refute o discurso da Recorrente CDA,

mantendo a nota atribuída à FSB.

DO PEDIDO

Em razão de todo o exposto nesta peça, visando garantir o atendimento aos princípios

norteadores dos procedimentos licitatórios, às disposições legais e à correta compreensão do

Certame, com o devido respeito, a FSB solicita a V.S. desta Comissão de Licitação que:

a) Seja dado provimento ao presente Recurso e, principalmente, à defesa apontada no item

2.4 acima, mantendo a nota da FSB;

b) Sejam improvidos os Recursos das licitantes REFINARIA DESIGN e CDA por não

atenderem ao disposto no Edital, pelas razões expostas neste instrumento;

c) Seja dada continuidade ao presente certame, com a convocação para a abertura das

Propostas de Preço das Licitantes.

Termos em que,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 02 de julho de 2015.

LOUISE LIMA

OAB/RJ 166.781 MICHELLE MONTEIRO

111800033 - IFP/RJ FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA.

Page 26: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

26

IV. ANÁLISE DAS RAZÕES E DAS CONTRARRAZÕES RECURSAI S 1) Livro (qualquer especificação gráfica) - Experiê ncia da Licitante:

Primeiramente, é importante destacar como ocorreu a análise pela Comissão Especial de

Licitação referente aos 5 (cinco) livros mencionados pela Recorrente CDA, a fim de avaliar a

sua experiência técnica operacional, quais sejam: Morte no Nilo - Agatha Christie, O mistério

dos sete relógios - Agatha Christie, Por que não pediram a Evans? - Agatha Christie,

Maigret e o informante - Georges Simenon e Meu amigo Maigret - Georges Simenon.

Considerando que a documentação apresentada pela Recorrente CDA, no seu envelope de

proposta técnica, referente a estes 5 (cinco) livros não apresentava todas as informações

necessárias para receber os pontos previstos no subitem 18.1.1.2, a Comissão Especial de

Licitação, em atenção ao princípio da competitividade, e com esteio no art. 43, § 3º, da Lei

n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do Edital, deliberou pela instauração de diligência a fim de

esclarecer as informações constantes nos documentos apresentados.

Em sua Ata de Deliberação por Diligência, datada de 18 de maio de 2015, a Comissão

Especial de Licitação estabeleceu o quanto segue com relação aos 5 (cinco) livros

apresentados pela Licitante:

“É necessário que a licitante apresente atestado qu e comprove que a peça é de sua criação . O atestado apresentado menciona que foram realizados serviços

de editoração e diagramação, não mencionando que foi realizada a criação gráfica

da peça, além de não vincular a peça à licitante, mas à prof issional Mônica Luce Bohrer.”

Diante da determinação da Comissão, a Recorrente CDA apresentou novo atestado de

capacidade técnica, o qual estabelece que a Sra. Monica Bohrer realizou a criação gráfica

de cada uma das peças, bem como a cópia de um Contrato de Prestação de Serviços

Condicionado a Evento Futuro, celebrado entre ela e a Sra. Monica Luce Bohrer, o qual

estipula que a prestação de serviços está condicionada a uma eventual contratação da

Recorrente pelo BNDES, caso vença o certame em questão.

Assim sendo, com base na documentação apresentada inicialmente e na documentação

apresentada em sede de diligência, a Comissão Especial de Licitação realizou o seu

julgamento consignando na Ata de Julgamento de Propostas Técnicas o quanto segue:

“Não pontuou pois não há comprovação de vínculo da profissional com a licitante

na época da confecção da peça, de modo que não é possível atribuir a experiência

à CDA.”

Page 27: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

27

É importante destacar que, de acordo com as disposições do Edital, os atestados de

capacidade técnica a fim de comprovar a experiência técnico operacional da Recorrente

deveriam estar em seu nome (Empresa Licitante), o que não ocorreu. Ademais, a Comissão

Especial de Licitação em seu julgamento acima citado indicou que até aceitaria um atestado

em nome da profissional Monica Bohrer, caso restasse comprovado que o serviço por ela

executado tivesse sido realizado na qualidade de contratada da Recorrente, o que também

não ocorreu.

Diante de todo o exposto, não foram conferidos os pontos aos 5 (cinco) livros apresentados

pela Recorrente CDA, já que, com base na documentação apresentada no envelope de

proposta técnica e em sede de diligência, não restou comprovada a realização pela Licitante

do serviço atestado, como requisita o Edital.

A Recorrente alega, equivocadamente, em seu recurso que a decisão da Comissão Especial

de Licitação de não conferir os 5 (cinco) pontos aos 5 (cinco) livros que apresentou, não se

coaduna com o Edital, com a Lei nº 8.666/93 e com a Constituição Federal, já que deveria

ter aceitado como qualificação técnica operacional os atestados de capacidade técnica

apresentados em nome da Sra. Monica Bohrer, que celebrou com a Recorrente CDA

contrato de prestação de serviços condicionado a evento futuro, qual seja, a eventual

contratação da Recorrente pelo BNDES, caso vença a licitação em questão.

Vale ressaltar que esse contrato foi assinado em 23/02/2015, ou seja, após a publicação do

aviso de licitação desta concorrência, que ocorreu em 04/02/2015.

A Recorrente alega, também equivocadamente, que não há qualquer previsão no Edital de

que como experiência do licitante seriam consideradas apenas as peças produzidas por

profissional que estivesse vinculada à empresa na época da confecção de determinada

peça. Para embasar o seu argumento, a Recorrente alega que enviou um questionamento

(Questionamento nº 13) sobre experiência do licitante e a Comissão Especial de Licitação

esclareceu que a comprovação é relativa à experiência técnica do profissional , de modo

que não havia necessidade de que as peças tivessem sido produzidas por profissionais

enquanto funcionários da licitante e que bastaria que comprovasse a autoria das peças.

É importante destacar que a Recorrente fez uma grande confusão com os conceitos de

qualificação técnica profissional e qualificação técnica operacional, como também

interpretou mal o Edital e a resposta ao questionamento formulado, conforme pode ser

verificado a seguir.

O jurista Marçal Justen Filho:1esclarece as diferenças existentes entre a capacidade técnico

operacional e a capacidade técnico profissional:

1 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”. 14ª ed. São Paulo: Dialética, 2010. p. 436

Page 28: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

28

“O desempenho profissional e permanente da atividade empresarial conduz ao

desenvolvimento de atributos próprios da empresa. Um deles seria sua capacidade

de executar satisfatoriamente encargos complexos e difíceis.

Utiliza-se a expressão 'capacitação técnica operaci onal' para indicar essa modalidade de experiência, relacionada com a ideia de empresa. Não se trata de haver executado individualmente uma certa ativid ade, produzida pela atuação pessoal de um único sujeito.

Indica-se a execução de um objeto que pressupôs a conjugação de diferentes

fatores econômicos e de uma pluralidade (maior ou menor) de pessoas físicas (e,

mesmo, jurídicas). O objeto executado revestia-se de complexidade de ordem a

impedir que sua execução se fizesse através da atuação de um sujeito isolado.

Portanto, não se tratou de experiência pessoal, ind ividual, profissional. Exigiu-se do sujeito a habilidade de agrupar pessoa s, bens e recursos, imprimindo a esse conjunto a organização necessária ao desempenho satisfatório. Assim, a experiência seria das pessoa s físicas – mas não dessas pessoas individualmente . Esse conjunto de pessoas físicas enfrentou desafios e

problemas e os resolveu através da conjugação de seus esforços comuns. Cada

uma das pessoas físicas, isoladamente, contribuiu com uma parcela para o êxito

conjunto. Portanto, a perspectiva de enfrentar problemas no futuro e continuar a

superá-los pressupõe a manutenção dessa organização.

A qualificação técnica operacional consiste em qual idade pertinente às empresas que participam da licitação. Envolve a com provação de que a empresa, como unidade jurídica e econômica, partici para anteriormente de contrato cujo objeto era similar ao previsto para a contratação almejada pela Administração Pública. (...) Em síntese, a qualificação técnica operacional é um requisito referente à

empresa que pretende executar a obra ou serviços licitados. Já a qualificação técnica profissional é requisito referente às pessoas físicas que prestam serviços

à empresa licitante (ou contratada pela Administração Pública).”

Sobre o tema, vale destacar trecho exarado do julgamento da Apelação nº 0021853-

52.2013.8.26.0053, do Tribunal de Justiça de São Paulo – SP, que ao analisar caso

semelhante entendeu que a Licitante não poderia se aproveitar de experiência alheia para

comprovar que possuía os conhecimentos técnicos necessários para a Licitação:

APELAÇÃO nº 0021853-52.2013.8.26.0053

APELANTE: IDEAL TERRAPLENAGEM LTDA.

APELADO: PRESIDENTE DA COMPANHIA DOCAS DE SÃO SEBASTIÃO

INTERESSADO: CONSTRUTORA BRASÍLIA GUAÍBA LTDA.

COMARCA: SÃO PAULO

VOTO Nº 1340

Page 29: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

29

LICITAÇÃO. Inabilitação do licitante por ausência de comprovação de capacidade

técnica. Decisão administrativa lastreada nas disposições do edital. Inteligência do

artigo 30 da Lei Federal nº 8.666/93. Capacidade técnica operacional do licitante que não se confunde com a qualificação técnica do p rofissional por ele indicado . Recurso de apelação desprovido.

(...)

“Evidente que por cuidar a capacitação técnica operacional de exigência relativa à

anterior experiência da licitante, como requisito de segurança para a contratação

administrativa, não é admissível que se pretenda que um atestado como o de fls.

97, emitido em nome de terceiro COMEC CONSTRUÇÕES MECÂNICAS LTDA.

possa servir para comprovar os conhecimentos práticos da apelante para executar

a obra.

Em verdade, ao utilizar a palavra atestado, na alínea b.1, do item 6.1.2, o edital quis

se referir à certidão de acervo técnico, como deixam a entrever as alíneas i, ii, iii, iv

e v (fls. 34).

Aliás, de todo ilógico se pretender que a capacitaç ão operacional possa ser transferível de uma empresa a outra, pela simples c ontratação do responsável técnico por obra ou serviço executado por uma delas , porque tal capacitação se dá por um conjunto de fatores organizacionais de determinada empresa e não pela atuação isolada de um técnico.”

Neste mesmo sentido foi a resposta da Comissão Especial de Licitação ao questionamento

nº 13 citado pela Recorrente, cujo teor é o seguinte:

“Questionamento nº 13 (...) Pergunta 2 : Como forma de comprovação de perfil do Coordenador perguntamos

se os livros editorados por este precisam ter sido todos realizados enquanto

funcionário ou prestador de serviço da licitante ou se a comprovação do perfil é

pessoal e o histórico do profissional é que deve ser considerado?

Resposta do BNDES : No item 6.1. a comprovação é relativa ao profissional, de

modo que não há necessidade de que as peças tenham sido produzidas enquanto

funcionário da licitante. Basta que se comprove a autoria da criação das peças.”

Como pode ser verificado, diferentemente do que alega a Recorrente, o Questionamento nº

13 não se refere à Experiência do Licitante (qualificação técnico operacional), prevista no

subitem 18.1.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, e sim à qualificação técnica

profissional prevista no subitem 6.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, que define os

requisitos de perfil profissional da equipe contratada.

Como não poderia ser diferente, a Comissão Especial de Licitação, em consonância com o

entendimento da jurisprudência, esclareceu que para a comprovação da capacidade

Page 30: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

30

técnico profissional do Coordenador não há necessidade de que as peças tenham sido

produzidas enquanto funcionário da licitante, bastando que fique comprovada a autoria das

peças.

O item 6.1, citado expressamente no Questionamento nº 13, é claro ao se referir à Equipe

Profissional a ser disponibilizada para a execução contratual.

Vale ressaltar que nesta licitação não foi prevista pontuação para a capacidade técnica

profissional, mas sim somente para a capacidade técnica operacional, relacionada,

obviamente, à EMPRESA LICITANTE.

Com base nesta simples distinção de conceitos, todos os argumentos da Recorrente caem

por terra. Em nenhum momento a Comissão Especial de Licitação exigiu temporariedade da

execução das peças para atribuir pontuação na experiência da Licitante ou exigiu que um

profissional indicado para comprovação técnico profissional pertencesse ao quadro da

empresa previamente à data da licitação.

Conforme acima esclarecido, os atestados de capacidade técnica apresentados a fim de

pontuar a experiência do Licitante devem ser apresentados em seu nome, já que como bem

destaca o doutrinador Marçal Justen Filho, envolve a comprovação de que a empresa, como

unidade jurídica e econômica, participara anteriormente de contrato cujo objeto era similar

ao previsto para a contratação almejada pela Administração Pública.

Nenhum dos atestados de capacidade técnica apresentados para os itens em comento,

citavam a Recorrente CDA, mas sim uma profissional, que após a realização de diligência

pela Comissão Especial de Licitação, foi verificado que sequer era contratada da Recorrente

quando elaborou a peça.

A Comissão Especial de Licitação só poderia pontuar atestados de capacidade técnica

expedidos em nome da Recorrente a fim de comprovar a sua experiência técnico

operacional. Como esses atestados foram apresentados no envelope de proposta técnica

em nome de uma terceira pessoa, a Comissão considerou a possibilidade desta terceira

pessoa ter elaborado as peças na qualidade de contratada da Recorrente CDA, por isso

deliberou pela realização de diligência, visando ampliar a competitividade do certame.

Como a Recorrente também não comprovou esta possibilidade na diligência, não restou à

Comissão outra opção senão a de não conferir pontos a ela, já que como foi salientado no

julgado acima citado, a capacitação técnico operacional é intransferível, pois tal capacitação

se dá por um conjunto de fatores organizacionais de determinada empresa e não pela

atuação isolada de um técnico, que no caso em tela sequer era seu contratado.

Ora, seria impensável atribuir pontos pela capacidade técnica operacional de uma empresa

com base em algo que ela não realizou.

Page 31: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

31

Por outro lado, o Edital do presente certame também exigiu a qualificação técnico profissional , ao fixar no subitem 6.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, a comprovação

de requisitos de perfil profissional, na Reunião Preliminar, que ocorrerá mediante convocação do BNDES, em até 15 (quinze) dias corrid os após a assinatura do contrato com o licitante vencedor da licitação.

É para esta qualificação técnica profissional que a Comissão Especial de Licitação

determinou no Questionamento nº 13 que não há necessidade de que as peças tenham sido

produzidas enquanto funcionário da licitante, bastando que fosse comprovada a autoria da

criação das peças. Isto se deve ao fato de que aqui o objetivo não é auferir a experiência da

empresa, e sim do profissional que deverá integrar a equipe da contratada para a execução

do objeto do contrato com o BNDES, conforme consignado na resposta ao Questionamento

13, que mencionou expressamente o item 6.1 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico.

Cumpre destacar que o julgamento das propostas técnicas se referiu tão somente à

capacidade técnica operacional do Licitante, já a qualificação técnica dos profissionais

contratados pela vencedora do certame só será auferida durante a execução contratual.

Diante do exposto, resta claro e evidente que para comprovar que atende ao quesito

“Experiência da Licitante”, a Recorrente não poderia se valer da qualificação técnica de

outra pessoa física ou jurídica respaldada no simples fato de contrato futuro de prestação de

serviços com estas.

2) Livro Especial - Experiência da Licitante :

A fim de comprovar sua experiência no critério livro especial, a Recorrente CDA listou 5

(cinco) livros acompanhados de atestado, quais sejam: As mil e uma noites - Daniel Bardet,

Livro Os miseráveis/Victor Hugo - Daniel Bardet, Conjunto Martha Medeiros (Paixão crônica,

Liberdade crônica e Felicidade crônica), Livro É tudo família! Sobre a filha da nova

namorada, sobre o irmão da ex-mulher do papai e outros parentes - Alexandra Maxeiner e

Livro Dom Quixote/Miguel de Cervantes - Jean-Blaise Mitildjian

A Comissão, ao analisar a documentação apresentada, conferiu nota zero a todos os livros,

sob o seguinte argumento: “ Não pontuou pois não apresenta 4 ou mais elementos especias

descritos no edital.”

Ademais, vale destacar que os atestados de capacidade técnica apresentados para estes

livros não estão em nome da Recorrente, como deveriam, e sim em nome da profissional

Monica Bohrer, apresentando, portanto, o mesmo problema acima citado, no que tange aos

livros de qualquer especificação gráfica, já que não podem ser considerados como

experiência técnico operacional da Recorrente, pois não foram por ela realizados.

Page 32: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

32

Todavia, estes livros sequer foram objeto de diligência, já que não atendiam às

especificações técnicas exigidas no subitem 18.1.1.2 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico,

o qual estabelece o quanto segue:

“18.1.1.2. A experiência a ser comprovada deve ser relativa aos seguintes serviços: (...)

Livro especial (com no mínimo quatro dos itens espe ciais elencados: impressão 4/4; capa dura ou flexível; pa pel especial; sobrecapa; acabamentos especiais – douraç ão, verniz, faca)

Pontos

Cada livro 1

A Recorrente alegou em seu recurso que a decisão da Comissão Especial de Licitação de

não pontuar os livros apresentados não se coaduna com as características das peças que

apresentou, com o previsto no Edital e com as demais regras relativas ao processo

licitatório.

Foi ressaltado pela Recorrente que o Edital utiliza a expressão etecetera ao se referir a

acabamentos de livros especiais no subitem 2.5.4.1, que trata do objeto, tornando tal lista

exemplificativa e que, portanto, não há como interpretar a lista constante no subitem

18.1.1.2 de forma isolada de todo o Edital.

Primeiramente, é importante frisar que se este é o entendimento da Recorrente, deveria ter

sido objeto de Impugnação ao Edital, nos termos do subitem 13.1 do Edital e do § 1º do art.

41 da Lei nº 8.666/93, o que não foi feito pela Recorrente e por nenhum outro Licitante,

tendo ocorrido, portanto a preclusão.

Não pode a Recorrente pretender atender a um item do Edital, que no caso é a Experiência

Técnica da Licitante, como base no disposto em outros itens do Edital, que tratam de

assunto completamente distinto, que é a execução contratual, o qual em momento algum

cita o acabamento tido como especial pela Recorrente.

Como demonstrado acima, o Edital, em seu item 18.1.1.2, apresenta lista exaustiva ao

especificar os itens especiais que seriam considerados como experiência, quais sejam:

impressão 4/4; capa dura ou flexível; papel especial; sobrecapa; acabamentos especiais –

douração, verniz, faca.

A Comissão julgou que os livros apresentados pela Recorrente só continham três

elementos, a saber:

Conjunto Martha Medeiros (Paixão crônica, Liberdade crônica e Felicidade crônica):

sobrecapa, faca e verniz.

Page 33: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

33

As mil e uma noites - Daniel Bardet, Os miseráveis/ Victor Hugo - Daniel Bardet, É tudo família! Sobre a filha da nova namorada, sobre o ir mão da ex-mulher do papai e outros parentes - Alexandra Maxeiner e Dom Quixote/Miguel de Cervantes - Jean-Blaise Mitildjian : capa dura, impressão 4/4 e papel especial.

Em relação às alegações da empresa Recorrente, cabem os seguintes esclarecimentos:

A) Impressão 4/4 : na análise dos livros apresentados pelos Licitantes só foram

considerados como 4/4 livros com impressão integral em quatro cores.

A Recorrente alega que o Edital não está claro se a impressão 4/4 se refere à capa, ao

miolo ou a ambos.

Cumpre destacar que se o Edital não fez qualquer restrição, conclui-se que todo o livro deve

apresentar a impressão 4/4.

Mas se ainda assim a Recorrente tivesse dúvidas ou discordasse desta previsão do Edital,

deveria ter enviado questionamento à Comissão Especial de Licitação ou mesmo

impugnado o Edital, o que não fez, tendo ocorrido, portanto, preclusão.

B) Capa flexível : com base no entendimento do mercado gráfico, considera-se capa flexível

uma versão intermediária entre a capa dura e a brochura, que apresenta recursos da capa

dura, como debruns e folhas de guarda, mas sem a base de papelão, sendo, portanto,

menos rígida que esta. Os livros da coleção da autora “Martha Medeiros” não apresentam

esse tipo de capa, mas sim o modelo brochura.

C) Laminação fosca (Prolan): o acabamento “laminação fosca” não foi considerado por

não constar na lista do subitem 18.1.1.2 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico, que trata da

Experiência do Licitante. Isso se deve ao fato de a produção do BNDES não considerar tal

acabamento “especial” já que se costuma utilizar laminação fosca nos livros editados,

inclusive nos periódicos que não demandam criação no bojo do contrato de design e têm

sua impressão realizada por gráfica contratada.

A Recorrente alega também que como no Questionamento nº 18 o BNDES informou que

papéis do tipo Offset ou Pólen não são considerados papéis especiais, e que nos livros

especiais são empregados papéis de diferente qualidade, com custo mais elevado, a

Comissão entende que o preço elevado é considerado como um elemento dos acabamentos

especiais, e que, portanto, a laminação fosca (Prolan) deveria ser considerada como

especial.

Mais uma vez destacamos que o edital é claro ao estabelecer que para fins de aferição da experiência do Licitante só seriam considerados acabamentos especiais a douração, o verniz e a faca (subitem 18.1.1.2 do An exo I ao Edital – Projeto Básico) .

Page 34: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

34

Não há etecetera no referido subitem, que é exaustivo e objetivo como deve ser a previsão

de critérios de julgamento.

Deste modo, com base no princípio de vinculação ao Edital, a Comissão só poderia pontuar

as peças que apresentassem os acabamentos especiais elencados no Edital.

Com base no art. 41 da Lei nº 8.666/93 “a Administração não pode descumprir as normas e

condições do edital ao qual se acha estritamente vinculada.” Assim sendo, não restava outra

opção à Comissão Especial de Licitação senão a de considerar como especiais somente os

itens expressamente elencados no subitem 18.1.1.2 do Anexo I ao Edital – Projeto Básico,

que trata da Experiência do Licitante.

Sobre o tema vale destacar os ensinamentos de Marçal Justen Filho2:

“O Edital é o fundamento de validade dos atos praticados no curso da licitação, na

acepção de que a desconformidade entre o edital e os atos administrativos

praticados no curso da licitação se resolve pela invalidade destes últimos. Ao

descumprir normas constantes do Edital, a Administração frustra a própria razão de

ser da licitação. Viola os princípios norteadores da atividade administrativa, tais

como a legalidade, a moralidade e a isonomia.”

Neste mesmo sentido é o entendimento jurisprudencial:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICITAÇÃO. EDITAL. EFEITO

SUSPENSIVO. DEFERIMENTO.

1. A autora não atendeu às exigência do edital, de modo que admitir que

permaneça no certame implicaria fragilização e ofensa ao princípio da vinculação

ao instrumento convocatório, além de privilégio indevido a um dos concorrentes

(com o afastamento de critério estabelecido objetivamente no edital e aplicado a

todos), o que fere o princípio da igualdade.

2. A jurisprudência do eg. Superior Tribunal de Justiç a é firme no sentido de que o princípio da vinculação restringe o próprio a to administrativo às regras editalícias, impondo a desclassificação do licitant e que descumprir as exigências previamente estabelecidas . (Decisão nº AG 50270697920144040000,

Quarta Turma, Relatora Vivian Josete Pantaleão Caminha, D.E. 16/04/2015 –

Tribunal Regional Federal 4ª Região)

CONTRATAÇÃO PÚBLICA – EDITAL – VINCULAÇÃO – OBSERVÂNCIA

“A Administração deve ater-se às condições fixadas no edital, ao qual se acha estritamente vinculada, sob pena de afrontar o basi lar princípio da isonomia ,

2 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 10ª ed., Ed. Dialética, pág.395.

Page 35: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

35

insculpido no art. 3º desta lei . (Decisão nº 456/1998, Tribunal de Contas da União

- Plenário, Rel. Min. Humberto Guimarães Souto, DOU de 07.08.1998)

A Recorrente também alega que a Licitante FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA. recebeu 3 (três) pontos por apresentar três peças com capa em acabamento Prolan,

quais sejam: Livro comemorativo dos 60 anos Nova América, Livro comemorativo de 70

anos do Sindicato das Seguradoras de São Paulo e Relatório Anual 2012 (Grupo Andrade

Gutierrez), e que, portanto, ela também deveria ter recebido tais pontos.

Cumpre esclarecer que a Comissão Especial de Licitação não conferiu pontuação pelo uso

de laminação fosca pela FSB ou por qualquer outro licitante, tendo sido atribuída pontuação

pelos seguintes itens, a saber:

- Livro Comemorativo 60 anos Nova América: sobrecapa, faca, capa dura, impressão 4/4 e

papel especial;

- Livro Comemorativo 70 anos do Sindicato das Seguradoras do estado São Paulo:

sobrecapa, faca, capa dura, impressão 4/4 e papel especial;

- Relatório Anual 2012 Grupo Andrade Gutierrez: sobrecapa, faca, impressão 4/4, papel

especial e verniz.

Assim, verifica-se que a Comissão Especial de Licitação cumpriu rigorosamente o Edital,

que previu de forma exaustiva e objetiva os requisitos de pontuação, que não foram

adequadamente cumpridos pela Recorrida e foram cumpridos pela licitante FSB nos

documentos em questão.

3) Criação Gráfica para Exposição – Experiência da Licitante: Para o cumprimento deste item do Edital a Recorrente CDA, no envelope de proposta

técnica, apresentou intenção de pontuar pelas seguintes peças: Exposição - 2013 e Um

Novo Horizonte e Exposição - Gato Mia Cachorro Late Ego Mata.

Considerando que a documentação apresentada pela Recorrente referente a estas peças

não apresentava todas as informações para receber os pontos previstos no subitem

18.1.1.2, a Comissão Especial de Licitação, em atenção ao princípio da competitividade, e

com esteio no art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666/93 e no subitem 6.7 do Edital, deliberou pela

instauração de diligência a fim de esclarecer as informações constantes nos documentos

apresentados pela Recorrente.

Em sua Ata de Deliberação por Diligência, datada de 18 de maio de 2015, a Comissão

Especial de Licitação estabeleceu o quanto segue:

Page 36: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

36

“A licitante apresentou como peça um convite produzido para a exposição, mas o

item "criação gráfica para exposição" se refere ao conjunto criativo de uma

exposição (painéis, ambientação) e não a uma peça de divulgação isoladamente,

como um convite. O convite e o atestado apresentados não comprovam que a

licitante criou o conjunto expositivo. Caso tenha criado, como não é possível enviar

um conjunto expositivo fisicamente, a licitante pode apresentar a peça por meio de

fotografias que retratem a exposição, sua ambientação e elementos criados. Vale

ressaltar que não basta apresentar arte aplicada, pois não comprova que foi

efetivamente realizada. Além disso, o atestado apresentado não vincula a peça à

licitante, mas ao profissional Roger Monteiro. É necessário que a licitante apresente

atestado que comprove que a peça é de sua criação.”

Após a realização da diligência, ao analisar a documentação recebida, a Comissão Especial

de Licitação, ao realizar seu julgamento, não conferiu pontos às peças apresentadas, sob o

seguinte argumento:

“Não pontuou pois por meio dos documentos apresentados não é possível atribuir a

criação do conjunto expositivo à CDA.”

A Recorrente alega em seu recurso que a criação do conjunto expositivo dos dois eventos

foi realizada pelo profissional Roger Monteiro, que na época das exposições inclusive tinha

vínculo profissional com a CDA através da empresa Linha Gráfica Ltda., cujo contrato foi

apresentado durante a diligência.

Primeiramente, é importante destacar que o atestado de capacidade técnica emitido pela

galeria Tina Zappoli se refere à criação e produção das “peças gráficas das exposições”,

não deixando claro se o serviço prestado se resume ao material de divulgação (como

convite e catálogo apresentados pela Recorrente) ou a um conjunto expositivo

(comprovação solicitada pelo edital e pela resposta a seus questionamentos).

Vale ressaltar que por meio das fotografias apresentadas na diligência referentes à

exposição Gato Mia, Cachorro Late, Ego Mata não é possível comprovar a existência de um

conjunto gráfico criativo de uma exposição (painéis, ambientação) – o que vemos são

quadros e esculturas expostos. Já no caso da exposição 2013 - Um Novo Horizonte,

identifica-se uma sinalização com o nome da “sala” e uma unidade visual básica na

exposição dos quadros, o que também não atende ao solicitado no edital.

Nos dois casos, as exposições são coletivas de diversos artistas, dentre os quais o próprio

Roger Monteiro, listado no convite como expositor. Vale ressaltar que o Edital exige a

comprovação da experiência da licitante na criação gráfica de conjuntos expositivos e não a

criação de artes plásticas.

Assim sendo, as peças apresentadas não atendem ao Edital.

Page 37: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

37

Somados ao fato de que as peças apresentadas não atendem ao solicitado no Edital, não

há comprovação de que estas tenham sido realizadas pela Licitante e sim pelo Sr. Roger

Monteiro, que é empregado da empresa Linha Gráfica Ltda., que por sua vez possui um

contrato de prestação de serviços em vigor com a Recorrente CDA, ou seja, pela

documentação apresentada no envelope e na diligência, os trabalhos submetidos à

pontuação técnica não foram realizados pela empresa licitante CDA, mas sim por um

profissional vinculado a uma outra empresa que presta serviços à CDA.

Ora, pelas mesmas razões acima elencadas no que tange à Sra. Monica Bohrer, não há

como a Recorrente pretender comprovar a sua experiência técnico operacional com base na

experiência de um terceiro.

IV. CONCLUSÃO Diante do exposto, verifica-se que a irresignação da Recorrente CDA é baseada em

interpretações equivocadas do Edital. Todos os pontos levantados pela Recorrente foram

construídos em cima de argumentações confusas que destoam das previsões objetivas e

claras do Edital.

Pelas razões acima expostas, decide-se por negar integralmente provimento ao recurso

apresentado pela Licitante CDA DESIGN LTDA , mantendo-se o julgamento da Comissão

Especial de Licitação no que tange às peças apresentadas pela Recorrente e pela FSB ESTRATÉGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA.

Por oportuno, é submetido o presente procedimento licitatório ao Sr. Superintendente da

Área de Administração, nos termos do subitem 10.3 do Edital e no art. 109, §4º da Lei nº

8.666/93, para julgamento do recurso em instância superior.

Comissão Especial:

SIMONE CARVALH O MESQUITA

Presidente

FERNANDA DE SOUZA LIMA DA

COSTA E SILVA

Membro

LUISA DE CARVALHO E SILVA

Membro

Page 38: ATA DE JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA AA Nº 01

38

FIRMO MENEZES DO COUTO NETO FLÁVIA CASTELLAN BRAGA

Membro Membro

LIZA ALICE FEINGOLD GUTTMANN

Membro