astrid rocha meireles santos determinação da …livros01.livrosgratis.com.br/cp126102.pdf · ao...
TRANSCRIPT
ASTRID ROCHA MEIRELES SANTOS
Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na
estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na
doenccedila de Chagas
Tese apresentada agrave Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Ciecircncias Aacuterea de concentraccedilatildeo Cardiologia Orientadora Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul
Satildeo Paulo 2010
Livros Graacutetis
httpwwwlivrosgratiscombr
Milhares de livros graacutetis para download
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)
Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
reproduccedilatildeo autorizada pelo autor
Santos Astrid Rocha Meireles Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas Astrid Rocha Meireles Santos -- Satildeo Paulo 2010
Tese (doutorado) -- Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Departamento de Caacuterdio-Pneumologia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Cardiologia Orientadora Denise Tessariol Hachul
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte
suacutebida
USPFMSBD-00910
ldquoO sucesso nasce da
determinaccedilatildeo e persistecircncia em se chegar a um
objetivo Mesmo natildeo atingindo o alvo quem
busca e vence obstaacuteculos no miacutenimo faraacute
coisas admiraacuteveis rdquo
Joseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de Alencar
DEDICATOacuteRIA
Dedico esta tese
Agrave minha matildee Luceniacutegia minha referecircncia de
feacuteamorinteligecircncia e caridade que mesmo partindo tatildeo
precocementecontinua sendo uma estrela- guia a
nortear todos os meus passosSaudades
Ao meu pai Wellington homem essencialmente bom
cujo exemplo a cada dia me mostra que sempre vale agrave
pena acreditar nas pessoas
Ao meu esposo Santos Neto por tornar-me uma parte
dele mesmo sorrindo minhas alegrias e chorando minhas
anguacutestias Te amo
Aos meus filhos amados Lucas Ingrid e Enzo
razatildeo da minha existecircncia
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Livros Graacutetis
httpwwwlivrosgratiscombr
Milhares de livros graacutetis para download
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)
Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
reproduccedilatildeo autorizada pelo autor
Santos Astrid Rocha Meireles Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas Astrid Rocha Meireles Santos -- Satildeo Paulo 2010
Tese (doutorado) -- Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Departamento de Caacuterdio-Pneumologia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Cardiologia Orientadora Denise Tessariol Hachul
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte
suacutebida
USPFMSBD-00910
ldquoO sucesso nasce da
determinaccedilatildeo e persistecircncia em se chegar a um
objetivo Mesmo natildeo atingindo o alvo quem
busca e vence obstaacuteculos no miacutenimo faraacute
coisas admiraacuteveis rdquo
Joseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de Alencar
DEDICATOacuteRIA
Dedico esta tese
Agrave minha matildee Luceniacutegia minha referecircncia de
feacuteamorinteligecircncia e caridade que mesmo partindo tatildeo
precocementecontinua sendo uma estrela- guia a
nortear todos os meus passosSaudades
Ao meu pai Wellington homem essencialmente bom
cujo exemplo a cada dia me mostra que sempre vale agrave
pena acreditar nas pessoas
Ao meu esposo Santos Neto por tornar-me uma parte
dele mesmo sorrindo minhas alegrias e chorando minhas
anguacutestias Te amo
Aos meus filhos amados Lucas Ingrid e Enzo
razatildeo da minha existecircncia
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)
Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
reproduccedilatildeo autorizada pelo autor
Santos Astrid Rocha Meireles Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas Astrid Rocha Meireles Santos -- Satildeo Paulo 2010
Tese (doutorado) -- Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Departamento de Caacuterdio-Pneumologia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Cardiologia Orientadora Denise Tessariol Hachul
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte
suacutebida
USPFMSBD-00910
ldquoO sucesso nasce da
determinaccedilatildeo e persistecircncia em se chegar a um
objetivo Mesmo natildeo atingindo o alvo quem
busca e vence obstaacuteculos no miacutenimo faraacute
coisas admiraacuteveis rdquo
Joseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de Alencar
DEDICATOacuteRIA
Dedico esta tese
Agrave minha matildee Luceniacutegia minha referecircncia de
feacuteamorinteligecircncia e caridade que mesmo partindo tatildeo
precocementecontinua sendo uma estrela- guia a
nortear todos os meus passosSaudades
Ao meu pai Wellington homem essencialmente bom
cujo exemplo a cada dia me mostra que sempre vale agrave
pena acreditar nas pessoas
Ao meu esposo Santos Neto por tornar-me uma parte
dele mesmo sorrindo minhas alegrias e chorando minhas
anguacutestias Te amo
Aos meus filhos amados Lucas Ingrid e Enzo
razatildeo da minha existecircncia
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
ldquoO sucesso nasce da
determinaccedilatildeo e persistecircncia em se chegar a um
objetivo Mesmo natildeo atingindo o alvo quem
busca e vence obstaacuteculos no miacutenimo faraacute
coisas admiraacuteveis rdquo
Joseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de AlencarJoseacute de Alencar
DEDICATOacuteRIA
Dedico esta tese
Agrave minha matildee Luceniacutegia minha referecircncia de
feacuteamorinteligecircncia e caridade que mesmo partindo tatildeo
precocementecontinua sendo uma estrela- guia a
nortear todos os meus passosSaudades
Ao meu pai Wellington homem essencialmente bom
cujo exemplo a cada dia me mostra que sempre vale agrave
pena acreditar nas pessoas
Ao meu esposo Santos Neto por tornar-me uma parte
dele mesmo sorrindo minhas alegrias e chorando minhas
anguacutestias Te amo
Aos meus filhos amados Lucas Ingrid e Enzo
razatildeo da minha existecircncia
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
DEDICATOacuteRIA
Dedico esta tese
Agrave minha matildee Luceniacutegia minha referecircncia de
feacuteamorinteligecircncia e caridade que mesmo partindo tatildeo
precocementecontinua sendo uma estrela- guia a
nortear todos os meus passosSaudades
Ao meu pai Wellington homem essencialmente bom
cujo exemplo a cada dia me mostra que sempre vale agrave
pena acreditar nas pessoas
Ao meu esposo Santos Neto por tornar-me uma parte
dele mesmo sorrindo minhas alegrias e chorando minhas
anguacutestias Te amo
Aos meus filhos amados Lucas Ingrid e Enzo
razatildeo da minha existecircncia
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Dedico esta tese
Agrave minha matildee Luceniacutegia minha referecircncia de
feacuteamorinteligecircncia e caridade que mesmo partindo tatildeo
precocementecontinua sendo uma estrela- guia a
nortear todos os meus passosSaudades
Ao meu pai Wellington homem essencialmente bom
cujo exemplo a cada dia me mostra que sempre vale agrave
pena acreditar nas pessoas
Ao meu esposo Santos Neto por tornar-me uma parte
dele mesmo sorrindo minhas alegrias e chorando minhas
anguacutestias Te amo
Aos meus filhos amados Lucas Ingrid e Enzo
razatildeo da minha existecircncia
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Agradecimentos
Agrave Profordf Drordf Denise Tessariol Hachul por acreditar em mim por me
alargar as portas do conhecimento por ser um modelo de profissional
meacutedica matildee e esposa Nada seria possiacutevel sem a sua orientaccedilatildeo e
amizade Vocecirc entrou na minha vida pra ficar O meu muito obrigado
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Ao meu coorientador Prof Dr Francisco Carlos da Costa
Darrieux exemplo de competecircncia inteligecircncia e brilhantismo Obrigado
por sempre me fazer acreditar que era possiacutevel pelas orientaccedilotildees valiosas e
criacuteticas construtivas pelo experiente apoio desde os primeiros momentos do
desenvolvimento dessa pesquisa e pela preciosa amizade
Agrave Profordf Drordf Baacuterbara Ianni sempre solicita permitindo o acesso
aos seus pacientes mostrando-me que seria possiacutevel persistir neste projeto
Ao Prof Dr Mauriacutecio Ibraim Scanavacca por seu olhar criacutetico e
amizade Por me permitir o agradaacutevel conviacutevio com os seus minimizando a
enorme saudade de casa
Ao ProfDr Eduardo A Sosachefe da Unidade Cliacutenica de arritmia
do InCor
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Luacutecia de Sousa Beleacutem
presenccedila de todas as horas pelo apoio incondicional e amizade
Agradecimento especial agrave amiga Drordf Ceacutelia Maria Feacutelix Cirino
meu apoio nos momentos mais difiacuteceis da medicina e da vida
Aos meus irmatildeos Wellington Juacutenior e Artheacutemise que apesar da
distacircncia se fazem presente
Ao Dr Eldon Barros de Alencar o primeiro a me incentivar no iniacutecio
dessa jornada
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Ao Dr Raimundo Barbosa por contribuir enormemente na minha
formaccedilatildeo profissional
Ao Dr Frederico Augusto de Lima e Silva chefe da cardiologia do
Hospital de Messejana por me permitir agraves idas e vindas sempre acreditando
no sucesso do projeto
Aos colegas meacutedicos e enfermeiras da Unidade Cliacutenica (UC) do
Hospital de Messejanapelo apoio nas minhas ausecircncias no periacuteodo da poacutes
graduaccedilatildeo
Agrave Roberta Sbarro e agrave Vanda Silva secretaacuterias da Unidade Cliacutenica
de Arritmia pelo apoio nas marcaccedilotildees das consultas prontuaacuterios pacientes
e tudo o mais
Agrave colega Milena Macatratildeo que muitas vezes me emprestou o ombro
para as lamentaccedilotildees e sempre me ajudou nas dificuldades
A todos os residentes de cardiologia da Unidade Cliacutenica de Arritmia
em especial Rafael e Peterson pela ajuda
Ao funcionaacuterio Marcos Antocircnio do Arquivo Meacutedico por ser tatildeo
solidaacuterio e prestativo agraves minhas solicitaccedilotildees
Aos funcionaacuterios Carlos e Dedeacute dos Meacutetodos Graacuteficos (Holter)
pela ajuda na execuccedilatildeo dos exames
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Agrave equipe da poacutes-graduaccedilatildeo Neusa Rodrigues Dini Juliana Lattari
Sobrinho e Eva Malheiros Guiss de Oliveira pela presteza nas orientaccedilotildees
e sobretudo pela paciecircncia
Agraves enfermeiras do Laboratoacuterio da Unidade Cliacutenica de Arritmia pelo
apoio
Agrave Conceiccedilatildeo pela confianccedila e conviacutevio de tantos anos pelo amor
aos nossos filhos permitindo nossas ausecircncias
A todos que fazem o Instituto do Coraccedilatildeo-FMUSP (InCor)
Instituiccedilatildeo que me recebeu de braccedilos abertos
Aos pacientes objetivo maior de toda a atividade cientiacutefica que se
desnudam e se entregam
Por fim agradeccedilo a Deus por sua infinita bondade
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
SUMAacuteRIO
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
SUMAacuteRIO
Listas
Lista de abreviaturas
Lista de siacutembolos
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de graacuteficos
Resumo
Summary
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Doenccedila de Chagas 1
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas 2
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo 4
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica 7
141 O barorreflexo 8
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular 9
143 Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular 11
2 OBJETIVOS 14
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS 16
31 Casuiacutestica 16
32 Meacutetodos 20
321 Rotina geral do protocolo 20
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular 21
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 22
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga vasoativa 23
325 Anaacutelise da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 25
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler 27
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos 28
33 Anaacutelise estatiacutestica 28
4 RESULTADOS 31
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada 31
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas 31
412 Ecocardiograma 34
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas 36
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica 37
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 37
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 38
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo 39
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) 40
43 As Correlaccedilotildees 41
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter 24h 41
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) 42
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica 45
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
5 DISCUSSAtildeO 48
6 CONCLUSOtildeES 58
ANEXO A 60
ANEXO B 63
REFEREcircNCIAS 67
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
LISTAS
Abreviaturas
ANOVA anaacutelise de variacircncia
ATRAMI Autonomic Tone and Reflex After Myocardial
bpm batimento por minuto
BDAS bloqueio divisional acircntero- superior
BRD bloqueio de ramo direito
BRE bloqueio de ramo esquerdo
CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de pesquisa
CF classe funcional
DAE diacircmetro do aacutetrio esquerdo
DDVE diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
DMS Diagnostic Monitoring Systems
DP desvio padratildeo
Dra doutora
DSVE diacircmetro sistoacutelico do ventriacuteculo esquerdo
et al e outros
FC frequecircncia cardiacuteaca
FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
FI forma indeterminada
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo
FV fibrilaccedilatildeo ventricular
GI grupo um
GII grupo dois
GIII grupo trecircs
IMC iacutendice de massa corpoacuterea
InCor Instituto do Coraccedilatildeo
MIBG meta-iodo-benzi-lquanidina iodo-131
NYHA New York Heart Association
p coeficiente de significacircncia estatiacutestica
PAd pressatildeo arterial diastoacutelica
PAs pressatildeo arterial sistoacutelica
pNN50 Percentual das diferenccedilas entre os intervalos NN gtde 50ms
Profa professora
r coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrsquos
rMSSD raiz quadrada da meacutedia da soma dos quadrados das diferenccedilas entre os intervalos adjacentes
SAE sobrecarga de aacutetrio esquerdo
SBR sensibilidade do barorreflexo
SDNN desvio padratildeo de todos os intervalos NN
SNA sistema nervoso autocircnomo
SVE sobrecarga ventricular esquerda
TV taquicardia ventricular
TVNS taquicardia ventricular natildeo sustentada
VCF variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
ZEI zonas eletricamente inativas
Siacutembolos
szlig beta
cm centiacutemetro
Hz Hertz
= igual a
gt maior que
ge maior ou igual a
plusmn mais ou menos
lt menor que
le menor ou igual a
Kg Kilograma
mcg micrograma
mm miliacutemetro
mm Hg
miliacutemetro de mercuacuterio
ms milissegundo
n ou N quantidade
percentagem
x vezes
Figuras
Figura 1 Elementos da monitorizaccedilatildeo 22
Figura 2 Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) 24
Figura 3 Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital 25
Tabelas
Tabela 1 Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo 27
Tabela 2 Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n = 42) 32
Tabela 3 Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada 33
Tabela 4 Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII 34
Tabela 5 Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados 35
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg) 37
Tabela 7 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg) 38
Tabela 8 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (em msmmHg) 39
Tabela 9 Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados 40
Tabela 10 A correlaccedilatildeo entre variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda FEVE) 44
Tabela 11 Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confianccedila (IC 95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores 45
Tabela 12 Regressatildeo logiacutestica 46
Graacuteficos
Graacutefico 1 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo 31
Graacutefico 2 Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave classe funcional
CF I ou CF II ( NYHA) 33
Graacutefico 3 Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados () 36
Graacutefico 4 Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e densidade de arritmias ventriculares 41
Graacutefico 5 Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) 42
Graacutefico 6 Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o iacutendice de VFC (SDNN) 43
RESUMO
Santos ARM Determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo na estratificaccedilatildeo de risco de eventos arriacutetmicos na doenccedila de Chagas [tese] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade de Satildeo Paulo 2010
Introduccedilatildeo A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas correspondendo de 55 a 65 dos casos Observa-se que parte destas ocorre em pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE) preservada levando a acreditar que fatores desestabilizadores do substrato arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Evidecircncias jaacute demonstraram a depressatildeo parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica Assim insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique subgrupos distintos de risco O presente estudo teve como objetivo determinar a sensibilidade do barorreflexo (SBR) em pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (GI) e arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (GII) e com taquicardia ventricular sustentada (GIII) e secundariamente avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da arritmia ventricular com o grau de comprometimento da SBR Meacutetodos 42 pacientes foram submetidos agrave monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva pelo sistema Task Force reg onde foi determinada a SBR utilizando o meacutetodo da fenilefrina e analisada a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) no domiacutenio do tempo por meio da eletrocardiografia dinacircmica de 24horas e a FEVE por meio da ecocardiografia Resultados Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos em relaccedilatildeo agrave SBR em resposta agrave fenilefrina O GIII apresentou o menor valor de SBR (609 msmmHg) quando comparado aos GII (1184msmmHg) e GI (1523msmmHg) Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila significativa entre GI e GIII (p= 001) Quando se correlacionou SBR e densidade de extra-siacutestoles ventriculares (EV) observou-se que todos os pacientes portadores de baixa densidade de EV (lt 10hora) apresentavam SBR preservada (ge61msmmHg)Em contrapartida entre aqueles com alta densidade de EV (gt10hora) somente 59 tinham SBR preservada (p=0003) Nos pacientes com SBR deprimida (30-60 msmmHg) houve maior densidade de EV (p=001) Pacientes com SBR preservada apresentaram tanto funccedilatildeo ventricular normal como moderadamente comprometida (667 com FEVElt40 e 795 com FEVEge40 p=062) O mesmo observou-se em pacientes com SBR moderadamente deprimida (154 com FEVElt40 e 333 com FEVEge40 p=046) Natildeo foi verificada correlaccedilatildeo entre SBR e VFC Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que somente a SBR influenciou o aparecimento da taquicardia ventricular sustentada (p=0028) Conclusatildeo A SBR estaacute preservada na forma indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma arritmogecircnica O comprometimento da SBR eacute
progressivo e acompanha a evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com arritmias ventriculares mais complexas O grau de disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo ventricular mas sim com a densidade e a complexidade das arritmias
Descritores 1 Doenccedila de Chagas 2 Barorreflexo 3 Taquicardia ventricular 4 Morte suacutebita
SUMMARY
Santos ARM Determination of baroreflex sensitivity in the risk stratification for arrhythmic events in Chagasrsquo disease [thesis] Satildeo Paulo School of Medicine University of Satildeo Paulo 2010
Introduction Sudden death is the main cause of death in Chagasrsquo disease corresponding to 55 to 65 of the cases Some of these occur in patients with normal or almost normal left ventricular function (LVF) leading us to believe that factors that destabilize the arrhythmogenic substrate play an important role in these events Evidences show parasympathetic depression to be a contributing factor in the genesis of diverse arrhythmias in the presence of ischemic heart disease Thus we insist on the need of an early identification of the patients in the context of chronic Chagasrsquo heart disease that are at increased risk of developing complex arrhythmic events It is possible that autonomic assessment allows the identification of distinct risk subgroups The objective of this study was to determine the baroreflex sensitivity (BRS) in patients with the indeterminate form of Chagasrsquo disease (GI) and with the arrhythmogenic form of Chagasrsquo disease with non-sustained ventricular tachycardia (GII) and sustained ventricular tachycardia (GIII) and to assess the correlation between the severity of ventricular arrhythmia and the degree of BRS impairment Methods Forty-two patients were subjected to noninvasive cardiovascular monitoring using the Task Forcereg system The phenylephrine method was used to determine BRS 24-hour dynamic electrocardiography was used to analyze heart rate variability (HRV) over time and echocardiography was used to determine LVF Results A statistical difference was observed between the groups regarding their BRS to phenylephrine GIII presented the lowest BRS value (609 msmmHg) when compared with GII (1184msmmHg) and GI (1523msmmHg) After multiple comparisons among the groups a significant difference was found between GI and GIII (p=001) When BRS was correlated with ventricular extrasystole (VE) density all patients who had low VE density (lt10hour) had preserved BRS (ge61msmmHg) On the other hand only 59 of those with high EV density (gt10hour) had preserved BRS (p=0003) In patients with moderately depressed BRS (30-60 msmmHg) there was a greater density of EV (p=001) Patients with preserved BRS had preserved or moderately compromised LVF (667 with LVFlt40 and 795 with LVFge40 p=062) as had patients with moderately depressed BRS (154 with LVFlt40 and 333 with LVFge40 p=046) There was no correlation between BRS and LVF When the logistic regression model was applied only BRS influenced the presence of sustained ventricular tachycardia (p=0028) Conclusion BRS is preserved in indeterminate Chagasrsquo disease and diminished in the arrhythmogenic form The BRS impairment is progressive as the disease progresses being more evident in
patients with more complex ventricular arrhythmias The degree of autonomic dysfunction did not correlate with ventricular function but with the density and complexity of the arrhythmias Descriptors 1 Chagasrsquo disease 2 Baroreflex 3 Ventricular tachycardia 4 Sudden death
INTRODUCcedilAtildeO
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Doenccedila de Chagas
Haacute um seacuteculo Carlos Chagas levou ao conhecimento da classe meacutedica
uma nova doenccedila que intitulou tripanossomiacutease sul-americana Esta
importante contribuiccedilatildeo descrevia a infecccedilatildeo pelo Trypanossoma cruzi a
morfologia do parasito o seu ciclo no tubo digestivo do vetor invertebrado e
o seu modo de transmissatildeosup2 A ldquotriplardquo descoberta de Chagas considerada
uacutenica na histoacuteria da medicina constitui um marco na histoacuteria da sauacutede e da
ciecircncia brasileira Ainda hoje na comemoraccedilatildeo de seu centenaacuterio a entatildeo
denominada doenccedila de Chagas continua a ser um seacuterio problema de sauacutede
puacuteblica na Ameacuterica Latina mais especificamente em seus paiacuteses
continentais Dados recentes indicam a existecircncia de 10 a 12 milhotildees de
infectados na America Latina dos quais cerca de trecircs milhotildees no Brasilsup3
Destes 20 a 30 desenvolvem cardiopatia sendo que 10 iratildeo cursar
com uma forma mais grave que lhes seraacute provavelmente causa de perda de
anos de vida produtiva e provavelmente de morte Aproximadamente
metade dos infectados se recuperam e permanecem em aparente estado de
normalidade uma vez que nenhum prejuiacutezo orgacircnico eacute demonstrado Essa
forma da fase crocircnica eacute denominada de forma indeterminada e caracteriza
um subgrupo de pacientes com baixa morbidade e bom prognoacutestico4 A
1 Introduccedilatildeo
outra metade iraacute desenvolver a forma cardiacuteaca digestiva (megaesocircfago e
megacoacutelon) ou mista em 10 a 30 anos apoacutes a infecccedilatildeo inicial5
12 Arritmias ventriculares e doenccedila de Chagas
De natureza essencialmente arritmogecircnica originando os mais
variados e complexos distuacuterbios do ritmo cardiacuteaco a cardiopatia chagaacutesica
crocircnica tem na elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares
um dos seus fenocircmenos mais marcantes natildeo soacute por provocarem sintomas6
mas por constituiacuterem causa de morte suacutebita7 8 Eacute surpreendente e natildeo raro
a escassez de sintomas e a normalidade da aacuterea cardiacuteaca contrastando com
a gravidade dos sinais e das lesotildees anatomopatoloacutegicas encontradas9
Jaacute em 1912 detalhadamente Carlos Chagas abordava esse aspecto
Nas regiotildees onde grassa a moleacutestia o numero de indiviacuteduos adultos com profundas perturbaccedilotildees cardiacuteacas eacute impressionante [] Consequecircncia immediata deste facto eacute o grande numero de mortes raacutepidas occasionadas pela molestia sendo realmente impressionantes nas estatisticas de letalidade o numero de pessoas fallecidas repentinamente por syncope cardiacuteaca [] A funccedilatildeo cardiacuteaca mais vezes attingida (eacute) a excitabilidade resultando das suas perturbaccedilotildees a arritmia (que) se traduz em extra-sistoacuteles mais ou menos frequentes o mais das vezes numerosiacutessimas ora apresentando nos traccedilados o aspecto tiacutepico do bigeminismo do tri ou do quadrigeminismo ora ocorrendo de modo irregular Eacute de interesse referir a ausecircncia de relaccedilatildeo direta entre a abundacircncia da extra-sistoacuteles e o poder funcional do orgatildeo casos existindo de arritmias as mais consideraacuteveis com o oacutergatildeo relativamente sufficiente []
Determinar o mecanismo exato da morte suacutebita na doenccedila de Chagas
permanece um desafio Entretanto fortes evidecircncias levam a pensar que
por ser uma patologia com caraacuteter fibrosante marcante (remodelamento
2 Introduccedilatildeo
patoloacutegico do substrato)1011 onde aacutereas acineacuteticas ou discineacuteticas se
entremeiam com fibras miocaacuterdicas normais favorece ao aparecimento de
bloqueio unidirecional e zonas de conduccedilatildeo lenta sendo esse o cenaacuterio
ideal para o aparecimento de arritmias ventriculares reentrantes mecanismo
esse comprovado agrave estimulaccedilatildeo ventricular programada12 13 14 15
Taquicardia ventricular (TV) degenerando-se em fibrilaccedilatildeo ventricular
(FV) constitui o evento final na maioria dos casos de morte suacutebita Menos
frequumlentemente uma bradiarritmia (disfunccedilatildeo do noacute sinusal ou bloqueio
atrioventricular total) ou a dissociaccedilatildeo eletromecacircnica pode ser a causa16
Dentre os fatores que interagem para a ocorrecircncia de arritmias ventriculares
malignas aleacutem das anormalidades estruturais miocaacuterdicas como focos
inflamatoacuterios aacutereas fibroacuteticas acineacuteticas e dilataccedilatildeo ventricular destacam-
se os elementos disparadores representado pelas extra-siacutestoles
ventriculares (EVs) que em zonas de bloqueio unidirecional e conduccedilatildeo
lenta satildeo capazes de iniciar o processo reentrante
Entretanto como nem todo paciente portador de doenccedila de chagas com
arritmia ventricular morre subitamente o modelo provavelmente soacute se
completa quando alguns fatores funcionais entram em cena tornando o
miocaacuterdio instaacutevel e favorecendo a instalaccedilatildeo de arritmias Dentre os fatores
que podem instabilizar os substratos arritmogecircnicos destacamos as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas agudas ou crocircnicas efeitos toacutexicos e
metaboacutelicos distuacuterbios hidroeletroliacuteticos e aacutecido-base controle barorreflexo
do coraccedilatildeo e a disfunccedilatildeo autonocircmica que se supotildee tenham importante papel
na gecircnese da morte suacutebita17 1819 20
3 Introduccedilatildeo
O subgrupo que merece especial atenccedilatildeo eacute o dos pacientes
assintomaacuteticos com pequenas alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e com aacuterea
cardiacuteaca normal ao exame radioloacutegico os quais apesar da ausecircncia de
fatores deflagradores ou de alteraccedilotildees miocaacuterdicas estruturais importantes
correspondem a uma parcela de casos de morte suacutebita 21 2223
A despeito do importante avanccedilo nas pesquisas o significado cliacutenico e
fisiopatoloacutegico da disfunccedilatildeo autonocircmica na doenccedila de Chagas ainda eacute
incompletamente entendido Assim o estudo pormenorizado da funccedilatildeo
autonocircmica nas diversas formas de apresentaccedilatildeo da doenccedila tem como
principal finalidade identificar possiacuteveis elementos que possam
precocemente indicar quais os indiviacuteduos em risco de desenvolver arritmias
complexas e ou morte suacutebita
13 Doenccedila de Chagas e sistema nervoso autocircnomo
O sistema nervoso autocircnomo (SNA) de pacientes chagaacutesicos tem sido
exaustivamente estudado mas elucidar o seu papel do seu envolvimento na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica permanece ainda um desafio
Os primeiros relatos de um comprometimento autonocircmico na
cardiopatia chagaacutesica crocircnica advecircm dos estudos iniciais de Carlos Chagas
e de Eurico Vilella que reportaram em 1922 pouca accedilatildeo cronotroacutepica da
atropina24 Apoacutes duas deacutecadas com o aparecimento de testes soroloacutegicos
especiacuteficos para detectar anticorpos anti T Cruzy as siacutendromes cliacutenicas de
megaesocircfago megacoacutelon e insuficiecircncia cardiacuteaca foram atribuiacutedas agrave doenccedila
4 Introduccedilatildeo
de Chagas e o primeiro relato de alteraccedilatildeo neuronal cardiacuteaca foi
publicado25 Nos anos 50 Korbele pioneiro nos estudos do SNA em
chagaacutesicos utilizando a teacutecnica de contagem neuronal sistematizada
registrou um envolvimento dos plexos neurais intramurais e reduccedilatildeo
numeacuterica das ceacutelulas nervosas parassimpaacuteticas em acometidos26 Estudos
experimentais contribuiacuteram ao descreverem os danos sofridos pelo sistema
nervoso autocircnomo sob a forma de agressotildees agraves fibras nervosas intra e extra
ganglionares27 Registros de necropsias tambeacutem demonstraram lesotildees do
sistema nervoso intra-cardiacuteaco de pacientes chagaacutesicos e observaram que
as estruturas nervosas do coraccedilatildeo eram acometidas de forma polifocal
difusa e imprevisiacutevel quanto agrave intensidade e agrave localizaccedilatildeo28
Alteraccedilotildees do sistema nervoso simpaacutetico foram demonstradas em um
estudo realizado por Alcacircntara que constatou uma desnervaccedilatildeo nos gacircnglios
cervicotoraacutecicos direito e esquerdo em torno de 368 enquanto registrava
uma desnervaccedilatildeo parassimpaacutetica em torno de 5229 revelando a
necessidade de estudos subsequumlentes Um estudo envolvendo a avaliaccedilatildeo
cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca com meta-iodo-benzil-guanidina
marcada com iodo 123 (MIBG) e da perfusatildeo miocaacuterdica em pacientes na
forma crocircnica da doenccedila de Chagas tambeacutem demonstrou alteraccedilotildees nas
terminaccedilotildees nervosas simpaacuteticas30
Dessa forma a literatura demonstra a agressatildeo anatocircmica ao sistema
nervoso simpaacutetico e parassimpaacutetico e desde entatildeo pesquisas satildeo
conduzidas no intuito de esclarecer a importacircncia funcional dessa agressatildeo
5 Introduccedilatildeo
Possivelmente a primeira descriccedilatildeo referente agrave disautonomia cardiacuteaca
veio da observaccedilatildeo de um quadro de insuficiecircncia cardiacuteaca em que o ritmo
sinusal normal natildeo se acelerava31 Vaacuterias publicaccedilotildees empregando
estiacutemulos farmacoloacutegicos e fisioloacutegicos demonstraram que os mecanismos
de accedilatildeo tocircnica inibitoacuteria exercida pelo sistema parassimpaacutetico sobre o
noacutedulo sinusal e o mecanismo mediado pelo vago em responder
reflexamente com taquicardia ou bradicardia a flutuaccedilotildees transitoacuterias na
pressatildeo arterial ou no retorno venoso estavam disfuncionantes32 33 34 35
3637 Estudos empregando simplesmente a anaacutelise do intervalo R-R no
eletrocardiograma claacutessico tambeacutem foram realizados em diversos grupos de
pacientes com doenccedila de Chagas e identificaram graus variados de
acometimento autonocircmico38 39
No que se refere ao aspecto da desnervaccedilatildeo simpaacutetica Marin Neto por
meio da avaliaccedilatildeo tardia da frequumlecircncia cardiacuteaca utilizando o Tilt Test em
chagaacutesicos e num grupo controle demonstrou que os pacientes
apresentavam niacutevel deprimido de frequumlecircncia cardiacuteaca ao assumir a posiccedilatildeo
ortostaacutetica (adreneacutergico dependente) quando comparado aos controles
normais36
Estudos avaliando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca tambeacutem
evidenciaram uma reduccedilatildeo significativa do componente simpaacutetico no
balanccedilo simpato-vagal ao eletrocardiograma dinacircmico de 24h40
Eacute interessante notar que a disfunccedilatildeo autonocircmica pode ser detectada
antes do desenvolvimento da disfunccedilatildeo ventricular em todas as fases da
doenccedila4142 diferenciando-se da disfunccedilatildeo autonocircmica que ocorre na
6 Introduccedilatildeo
insuficiecircncia cardiacuteaca de qualquer etiologia a qual eacute relacionada agrave ativaccedilatildeo
neuro-hormonal e agrave dessensibilizaccedilatildeo poacutes-sinaacuteptica de receptores szlig
adreneacutergicos Apesar das evidecircncias acima descritas o grupo da
Universidade de Los Andes na Venezuela publicou alguns estudos com
resultados que natildeo evidenciam o envolvimento precoce do SNA na doenccedila
de chagas mas somente naqueles com a forma mais avanccedilada da doenccedila43
14 Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica
O interesse no arco barorreflexo e suas complexas interaccedilotildees sobre o
sistema cardiovascular como estratificador de risco de arritmias
ventriculares complexas originou-se do conhecimento de que apoacutes infarto
do miocaacuterdio ocorre comprometimento da inervaccedilatildeo autonocircmica sobre o
coraccedilatildeo e a hiperatividade simpaacutetica resultante dessa modificaccedilatildeo tem accedilatildeo
arritmogecircnica e pode ser antagonizada pela ativaccedilatildeo vagal Diversas
ferramentas de avaliaccedilatildeo da atividade autonocircmica cardiovascular tecircm sido
empregadas Dentre elas destacam-se a anaacutelise da sensibilidade do
barorreflexo (SBR) que quantifica a capacidade de incremento reflexo da
atividade vagal e a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) que avalia a
atividade vagal tocircnica sobre o coraccedilatildeo
7 Introduccedilatildeo
141 O barorreflexo
O primeiro relato do reflexo proveniente dos barorreceptores e da sua
importacircncia de que se tem registro refere-se a animais que ao terem suas
arteacuterias do pescoccedilo pressionadas tonavam-se sonolentos Somente muito
tempo depois se observou que natildeo era a manipulaccedilatildeo mecacircnica do nervo
vago mas sim a manipulaccedilatildeo mecacircnica do seio carotiacutedeo que provocava as
alteraccedilotildees hemodinacircmicas nos animais sendo entatildeo o reflexo carotiacutedeo
interpretado da forma como eacute hoje44 Desde entatildeo diversos estudos foram
realizados na tentativa de descrever melhor o controle barorreflexo arterial o
qual eacute fundamental para prevenir flutuaccedilotildees em curto prazo na pressatildeo
arterial45 Os barorreceptores arteriais tambeacutem denominados de
pressorreceptores provecircem o sistema nervoso central de contiacutenuas
informaccedilotildees sobre as mudanccedilas na pressatildeo arterial e satildeo descritos como
terminaccedilotildees nervosas livres situadas na camada adventiacutecia das arteacuterias
aorta e carotiacutedeas (parede do seio carotiacutedeo e arco aoacutertico) sendo
extensamente ramificados46 Satildeo compostos por fibras preacute- mielinizadas
associadas a fibras amieliacutenicas mais finas e por estarem intimamente
ligados com o vaso arterial satildeo sensiacuteveis a alteraccedilotildees estruturais do
mesmo Portanto funcionalmente satildeo caracterizados como
mecanorreceptores os quais modulam dinamicamente a atividade neural
autonocircmica eferente A ativaccedilatildeo dos barorreceptores arteriais pelo aumento
da pressatildeo arterial leva a um aumento na descarga de neurocircnios
cardioinibitoacuterios vagais e a uma diminuiccedilatildeo na descarga de neurocircnios
8 Introduccedilatildeo
simpaacuteticos do coraccedilatildeo e de vasos perifeacutericos resultando em bradicardia
diminuiccedilatildeo da contratilidade cardiacuteaca diminuiccedilatildeo da resistecircncia vascular
perifeacuterica e retorno venoso47 As doenccedilas cardiovasculares satildeo
frequumlentemente acompanhadas por uma ineficiente modulaccedilatildeo barorreflexa
que tem como consequumlecircncia a reduccedilatildeo na atividade inibitoacuteria com ativaccedilatildeo
adreneacutergica crocircnica
142 Sensibilidade do barorreflexo e risco cardiovascular
A disfunccedilatildeo no controle barorreflexo do coraccedilatildeo foi inicialmente
reportada apoacutes infarto do miocaacuterdio Dados experimentais obtidos de um
modelo animal em que foram estudados catildees na fase preacute e poacutes-infarto
miocaacuterdico de parede anterior mostraram que em 70 dos animais ao final
do primeiro mecircs o controle barorreflexo era significantemente reduzido
enquanto nos trinta por cento restantes natildeo havia alteraccedilotildees Observou-se
tambeacutem que a ocorrecircncia de arritmias letais foi muito mais frequumlente
naqueles com SBR em niacuteveis mais baixos da distribuiccedilatildeo normal e que o
risco de desenvolver fibrilaccedilatildeo ventricular era inversamente relacionado agrave
SBR48 Esses estudos experimentais levaram ao multicecircntrico Autonomic
Tone and Reflex After Myocardial Infarction (ATRAMI) cujos resultados
demonstraram que a presenccedila do reflexo vagal deprimido (SBR deprimida)
obtido por meio da infusatildeo endovenosa de fenilefrina foi um preditor
significante de mortalidade cardiacuteaca total independente da funccedilatildeo
ventricular e da densidade das ectopias ventriculares49 Esses resultados
9 Introduccedilatildeo
definiram as implicaccedilotildees cliacutenicas da anaacutelise da SBR na estratificaccedilatildeo de
risco de pacientes com infarto do miocaacuterdio preacutevio Evidecircncias recentes
relacionam o barorreflexo com a patogecircnese da hipertensatildeo essencial
embora o valor prognoacutestico da SBR reduzida em pacientes hipertensos sem
doenccedila cardiovascular manifesta ainda permaneccedila indefinido Mais
recentemente a SBR tem se mostrado preditora de mortalidade geral e
morte suacutebita em pacientes hipertensos com insuficiecircncia renal crocircnica50
Na doenccedila de Chagas a importacircncia da medida da SBR foi verificada
inicialmente em 14 pacientes e os dados mostraram que a medida da SBR
poderia ser usada para identificar um controle autonocircmico cardiacuteaco
deficiente natildeo detectado pelos testes convencionais Tambeacutem foi observada
a relaccedilatildeo entre o grau da disfunccedilatildeo barorreflexa e o comprometimento
orgacircnico do paciente51 Outro estudo realizado por Marin-Neto em 1998
abordou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a funccedilatildeo biventricular em
pacientes chagaacutesicos na fase inicial da doenccedila por meio de angiografia por
radionucliacutedeo manobra de Valsalva Tilt Test e sensibilidade barorreflexa42
Nenhuma diferenccedila significante foi encontrada entre os pacientes na forma
indeterminada e o grupo controle (saudaacuteveis) quanto ao controle
autonocircmico Aqueles com comprometimento digestivo mostraram iacutendices
autonocircmicos deprimidos quando comparados ao grupo controle
O reflexo mediado pelos receptores cardiopulmonares em pacientes
chagaacutesicos sem insuficiecircncia cardiacuteaca tambeacutem estaacute comprometido como
demonstrou Consolim-Colombo52
10 Introduccedilatildeo
De fato alguns testes de funccedilatildeo autonocircmica realizados em portadores
assintomaacuteticos da doenccedila incluindo medida da SBR satildeo considerados uacuteteis
para identificar doenccedila subcliacutenica53
143 Variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VCF) e risco cardiovascular
A importacircncia cliacutenica da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
nasceu de observaccedilotildees iniciais realizadas em batimentos fetais em que se
verificou que alteraccedilatildeo no intervalo entre os batimentos cardiacuteacos precedia a
anguacutestia fetal54 Desde entatildeo o interesse pelo estudo da funccedilatildeo autonocircmica
na identificaccedilatildeo de pacientes de risco em doenccedilas cardiacuteacas e natildeo
cardiacuteacas tem aumentado visto que foi observada uma relaccedilatildeo estreita
entre disfunccedilatildeo autonocircmica e mortalidade cardiovascular55 Arritmias
cardiacuteacas satildeo frequumlentemente iniciadas ou ocorrem em pacientes com tocircnus
simpaacutetico aumentado e tocircnus parassimpaacutetico diminuiacutedo tendo sido proposto
que a anaacutelise da VFC particularmente dos efeitos parassimpaacuteticos exercido
sobre o nodo sinusal pode potencialmente predizer mortalidade No estudo
ATRAMI onde se avaliou o valor da VFC e da SBR como preditores de
mortalidade em pacientes poacutes-infarto do miocaacuterdio e cuja fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo
do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) e a densidade de arritmia ventricular eram
conhecidas concluiu-se que a anaacutelise do reflexo vagal tem valor prognoacutestico
significativo e que tal fato somava-se significativamente ao valor prognoacutestico
da VFC
11 Introduccedilatildeo
Na doenccedila de Chagas evidecircncias indicam que a VFC (SDANN e
SDNN) encontra-se mais reduzida nos pacientes com taquicardia ventricular
sustentada (TVS) em relaccedilatildeo agrave agravequeles com taquicardia ventricular natildeo
sustentada (TVNS) Adicionalmente pacientes com taquicardia ventricular
natildeo sustentada (TVNS) e pNN50 deprimido apresentaram maior incidecircncia
de morte suacutebita em um registro de Figueiredo et al que analisou 61
pacientes com doenccedila de Chagas e encontrou menores valores de rMSSD
e pNN50 em relaccedilatildeo ao grupo controle56 Recentemente Vasconcelos
demonstrou que a disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca foi menos severa ou
ausente em pacientes com forma indeterminada da doenccedila que naqueles
com manifestaccedilotildees jaacute instalada57 mas os resultados nessa forma crocircnica da
doenccedila apresentam-se de maneiras diversas variando de padrotildees
autonocircmicos normais a comprometidos
12 Introduccedilatildeo
OBJETIVOS
2 OBJETIVOS
Objetivo principal Determinar a sensibilidade do barorreflexo em
pacientes com doenccedila de Chagas nas formas indeterminada (Grupo I) e
arritmogecircnica com taquicardia ventricular natildeo sustentada (Grupo II) e com
taquicardia ventricular sustentada (Grupo III)
Objetivos secundaacuterios Avaliar a associaccedilatildeo entre a severidade da
arritmia ventricular e o grau de comprometimento da sensibilidade do
barorreflexo determinar a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca no domiacutenio
do tempo nos diversos grupos e correlacionar com a sensibilidade do
barorreflexo
14 Objetivos
CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
3 CASUIacuteSTICA E MEacuteTODOS
31 Casuiacutestica
Populaccedilatildeo estudada
Foram selecionados 42 indiviacuteduos com sorologia positiva para doenccedila
de Chagas confirmada pela presenccedila de pelo menos duas reaccedilotildees
soroloacutegicas (hemaglutinaccedilatildeo indireta imunofluorescecircncia indireta ou ensaio
imunoenzimaacutetico ndash ELISA) procedentes na sua maioria do ambulatoacuterio do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (Unidade Cliacutenica de Arritmia e Unidade de
Miocardiopatias) O caacutelculo da amostragem foi realizado tendo como base
uma menor incidecircncia de disfunccedilatildeo do barorreflexo de 10 e uma maior
incidecircncia de 40 para realizarmos testes com 5 de significacircncia e 80
de poder do teste
Apoacutes receberem esclarecimentos e lerem as informaccedilotildees sobre o
estudo todos os voluntaacuterios selecionados deram o consentimento formal e
escrito para participarem do protocolo de pesquisa conforme as normas de
eacutetica vigentes para pesquisa em humanos (Anexo A)
O protocolo de pesquisa foi aprovado pela Comissatildeo Cientiacutefica do
Instituto do Coraccedilatildeo do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo (InCor-FMUSP) sob o nuacutemero 2647 05 067 e
pela Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa para Anaacutelise de Projeto de Pesquisa
16 Casuiacutestica e Meacutetodos
(CAPPesq) do Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de Satildeo Paulo sob o nuacutemero 72305
Os indiviacuteduos foram divididos em trecircs grupos a saber
a) Grupo I (GI) indiviacuteduos portadores da forma indeterminada da
Doenccedila de Chagas
b) Grupo II (GII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular complexa
inclusive taquicardia ventricular natildeo sustentada (TVNS)
c) Grupo III (GIII) pacientes chagaacutesicos com arritmia ventricular
complexa e pelo menos um registro de taquicardia ventricular
sustentada (TVS) espontacircnea
Todos os indiviacuteduos haviam sido submetidos agrave avaliaccedilatildeo cardioloacutegica
preliminar com eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees ecocardiograma Holter
de 24 horas e teste ergomeacutetrico de acordo com a rotina do ambulatoacuterio
A forma indeterminada da doenccedila foi definida segundo criteacuterios jaacute
estabelecidos indiviacuteduos assintomaacuteticos em relaccedilatildeo aos aparelhos
cardiovascular e digestivo com no miacutenimo dois testes soroloacutegicos positivos
para doenccedila de Chagas e com eletrocardiograma estudo radioloacutegico de
toacuterax e exames contrastados de esocircfago e coacutelon normais58
Os registros da arritmia ventricular para inclusatildeo nos grupos II e III
eram provenientes de traccedilados preacutevios de Holter 24h eletrocardiograma de
12 derivaccedilotildees ou teste ergomeacutetrico
17 Casuiacutestica e Meacutetodos
Os indiviacuteduos incluiacutedos no Grupo II deveriam ter registro de pelo
menos um episoacutedio de taquicardia ventricular natildeo sustentada ou seja no
miacutenimo trecircs batimentos ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a
100 por minuto e duraccedilatildeo inferior a 30 segundos sem comprometimento
hemodinacircmico Os voluntaacuterios incluiacutedos no grupo III deveriam ter pelo
menos um registro de taquicardia ventricular sustentada ou seja batimentos
ventriculares sucessivos com frequumlecircncia superior a 100 por minuto e
duraccedilatildeo superior a 30 segundos com ou sem comprometimento
hemodinacircmico59
Foram criteacuterios de exclusatildeo
1) Idade superior a 65 anos
2) ICC classe functional (CF) III ou IV da New York Heart Association
(NYHA)
3) Ritmo cardiacuteaco natildeo sinusal
4) Pacientes com disfunccedilatildeo sinusal ou portadores de marcapasso
cardiacuteaco
5) Pacientes diabeacuteticos insulinodependentes
6) Pacientes em uso de medicaccedilotildees que alteram a resposta reflexa
autonocircmica cardiacuteaca e cuja suspensatildeo natildeo seria possiacutevel
7) Pacientes com pressatildeo arterial superior a 16090 mmHg
18 Casuiacutestica e Meacutetodos
Um total de 12 pacientes foi excluiacutedo apoacutes avaliaccedilatildeo preliminar Trecircs
por estarem em CF III dois por serem diabeacuteticos e fazerem uso regular de
insulina cinco por apresentarem pausas significativas ao Holter de 24h e
trecircs por natildeo tolerarem a retirada do beta bloqueador
Dessa forma o grupo I constituiu-se de 16 indiviacuteduos 11 (6875) do
sexo feminino e cinco (3125) do sexo masculino O grupo II incluiu 19
pacientes sendo 17 com registro de TVNS ao Holter de 24horas e dois com
registro preacutevio feito ao teste ergomeacutetrico sendo 14 indiviacuteduos do sexo
feminino (7368 ) e cinco do sexo masculino (2632) O grupo III incluiu
sete pacientes dos quais cinco apresentavam registro de TVS no
eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e dois no Holter de 24horas Destes
quatro (5714) eram do sexo feminino e trecircs (4286) do sexo masculino
Observamos que 100 dos pacientes do grupo I eram assintomaacuteticos
enquanto 842 do grupo II e 43 do grupo III apresentavam sintomas
sendo os mais frequumlentes palpitaccedilotildees dispneacuteia e dor toraacutecica O sintoma
siacutencope foi referido por dois indiviacuteduos do grupo II Dos sete indiviacuteduos que
foram incluiacutedos no grupo III trecircs haviam apresentado TVS instaacutevel que
necessitou de cardioversatildeo eleacutetrica
19 Casuiacutestica e Meacutetodos
32 Meacutetodos
321 Rotina geral do protocolo
Uma vez realizada a seleccedilatildeo dos voluntaacuterios eram solicitados os
exames laboratoriais o eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees radiografia de
toacuterax e os exames contrastados digestivos (no caso de indiviacuteduos incluiacutedos no
GI) Uma data era marcada para a realizaccedilatildeo do experimento e era feito o
agendamento do ecocardiograma e da eletrocardiografia dinacircmica de 24
horas (sistema Holter) Era orientada a suspensatildeo de medicaccedilotildees em uso
como beta bloqueador bloqueadores dos canais de caacutelcio digoxina e
antagonistas da aldosterona que deveriam estar suspensas por no miacutenimo
trecircs meias-vidas Os voluntaacuterios eram orientados a comparecer no dia
marcado ao Instituto do Coraccedilatildeo (InCor) do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo pela manhatilde onde
eram recepcionados e encaminhados ao Laboratoacuterio de Avaliaccedilatildeo
Autonocircmica da Unidade Cliacutenica de Arritmia Para a realizaccedilatildeo do
experimento os pacientes eram orientados a fazer leve desjejum sem
cafeiacutena aleacutem de absterem-se de bebida alcooacutelica por 24 horas Eram entatildeo
submetidos agrave anamnese voltada para informaccedilotildees relacionadas ao quadro
cliacutenico geral e interrogatoacuterio sucinto sobre oacutergatildeo e aparelhos e ao exame
fiacutesico quando eram aferidos peso (em Kg) altura (em cm) calculado o IMC
(iacutendice de massa corpoacuterea em mgkgsup2)60 e realizadas as medidas da
frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) da pressatildeo arterial sistoacutelica (PAs) e diastoacutelica (PAd)
20 Casuiacutestica e Meacutetodos
pelo meacutetodo auscultatoacuterio com esfignomanocircmetro de mercuacuterio Em seguida
os pacientes eram orientados aacute deitar-se em posiccedilatildeo supina para ser
realizado o exame cliacutenico incluindo a ausculta cardiacuteaca e respiratoacuteria a
inspeccedilatildeo percussatildeo e palpaccedilatildeo do abdome
322 Monitorizaccedilatildeo cardiovascular
Apoacutes assumir a posiccedilatildeo supina o voluntaacuterio era orientado a relaxar e
respirar regularmente Obtendo-se um acesso venoso na regiatildeo antecubital
esquerda o qual era mantido permeaacutevel por meio de soluccedilatildeo salina
A monitorizaccedilatildeo cardiovascular natildeo invasiva foi realizada pelo sistema
Task Force reg Monitor (CNSystems Medizintechnik GmbH versatildeo 22120
Aacuteustria)61 que permite a aquisiccedilatildeo de vaacuterios paracircmetros gerados em tempo
real e batimento a batimento Os valores numeacutericos fornecidos foram
referentes aos paracircmetros de variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca de
pressatildeo arterial sistoacutelica e diastoacutelica e de sensibilidade barorreceptora
sendo a pressatildeo arterial medida pela teacutecnica de fotopletismografia digital
descrita por Penaz62 e desenvolvida posteriormente por Wesseling63 e o
eletrocardiograma adquirido por meio de trecircs eletrodos adesivos toraacutecicos
em alta resoluccedilatildeo (1000Hz) para anaacutelise dos intervalos entre as ondas R
(intervalo RR) Um manguito digital de pressatildeo contiacutenua era posicionado
circundando a falange meacutedia do terceiro e quarto quirodaacutectilo direito e outro
ao niacutevel do antebraccedilo esquerdo As medidas oscilomeacutetricas da pressatildeo
arterial foram transformadas em valores absolutos para cada batimento
21 Casuiacutestica e Meacutetodos
consecutivo Os diversos sinais adquiridos eram dispostos na tela e ao final
do procedimento impressos ou armazenados em arquivo com formato de
faacutecil conversatildeo
Figura 1 - Elementos da monitorizaccedilatildeo
323 Medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Apoacutes o periacuteodo de repouso eram obtidos 15 minutos consecutivos de
registros contiacutenuos de medidas de PAs e FC para anaacutelise da SBR
espontacircneo A anaacutelise da SBR espontacircneo foi realizada pelo meacutetodo da
sequecircncia64 que se baseia na identificaccedilatildeo por programa de computador no
domiacutenio do tempo da ocorrecircncia espontacircnea de sequumlecircncias de trecircs ou mais
batimentos consecutivos nos quais existiu um aumento progressivo da PAs e
consequumlente prolongamento do intervalo RR ou uma diminuiccedilatildeo progressiva
da PAs e consequumlente encurtamento do intervalo RR Para serem
consideradas pelo programa as modificaccedilotildees da PAs e do intervalo RR
22 Casuiacutestica e Meacutetodos
devem ser maior ou igual a 1 mmHg e 5 ms respectivamente A todas as
sequumlecircncias eacute aplicada uma regressatildeo linear e uma meacutedia dos valores
obtidos em todas as sequumlecircncias eacute calculada para cada paciente e
representa a medida da SBR espontacircneo (em msmmHg)
324 Medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga
vasoativa
Vaacuterios estudos foram desenvolvidos para quantificar a atividade
barorreflexa em humanos Essa quantificaccedilatildeo eacute obtida medindo-se as
variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca (FC) em resposta a variaccedilotildees na pressatildeo
arterial induzida pela injeccedilatildeo de drogas vasoativas com miacutenima accedilatildeo sobre o
nodo sinusal conforme descrito inicialmente por Smyth et al65 A
angiotensina foi a droga vasopressora inicialmente usada mas foi
subsequumlentemente substituiacuteda pelo uso da fenilefrina um agonista alfa
adreneacutergico puro O meacutetodo da fenilefrina tem sido utilizado com frequumlecircncia
e permanece como padratildeo-ouro para avaliaccedilatildeo da SBR 66 67 68 69 70 71
Meacutetodo da fenilefrina
Apoacutes o registro da SBR espontacircneo os voluntaacuterios eram mantidos sob
monitorizaccedilatildeo contiacutenua da pressatildeo arterial (PA) e da FC conforme descrito
anteriormente e entatildeo era feito por via endovenosa a infusatildeo raacutepida (em 30
segundos) da fenilefrina na dose de 2 a 4 mcgKg em pelo menos trecircs bolus
- com intervalos de no miacutenimo 10 min - a fim de provocar aumento na
pressatildeo arterial sistoacutelica de 15 a 40 mmHg72 Caso a pressatildeo arterial
23 Casuiacutestica e Meacutetodos
sistoacutelica natildeo aumentasse conforme o esperado (gt15 mmHg) nova infusatildeo
era feita com incrementos de 25-50 ateacute a dose maacutexima de 10mcgkg
Dada agrave rapidez da resposta vagal a relaccedilatildeo entre pressatildeo arterial
sistoacutelica e intervalo RR eacute linear Assim consecutivos valores de pressatildeo
arterial sistoacutelica e correspondentes mudanccedilas nos intervalos RR (com
retardo de um batimento) satildeo plotados tendo como resultado a inclinaccedilatildeo
de uma reta de regressatildeo linear A forccedila dessa associaccedilatildeo linear eacute abordada
pelo coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearsonrdquos ( r ) Um coeficiente r gt ou igual
a 07 era considerado para anaacutelise A medida da sensibilidade do
barorreflexo considerada (expressa em msmmHg) equivale agrave meacutedia
calculada dos valores obtidos nas infusotildees com maior reprodutibilidade para
cada paciente (meacutetodo semi-automaacutetico)
Nota SBR= 329msmmHg r=085 p=000
Figura 2 ndash Exemplo graacutefico da medida da sensibilidade do barorreflexo
(SBR)
24 Casuiacutestica e Meacutetodos
325 Anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC)
A monitorizaccedilatildeo eletrocardiograacutefica de 24 horas para a anaacutelise da VFC
foi realizada utilizando-se um gravador digital de trecircs canais modelo
Diagnostic Monitoring Systems (DMS) versatildeo Suprima 1120022a (ediccedilatildeo
outubro 2004) Um miacutenimo de 18 horas de registro livre de artefatos foi
exigido para que o exame fosse elegiacutevel para o estudo Somente ciclos RR
com batimentos de morfologia considerada normal nos quais a duraccedilatildeo do
ciclo estivesse dentro de 25 da duraccedilatildeo do ciclo precedente foram
incluiacutedos para anaacutelise da variabilidade sendo assim abolidos os batimentos
ectoacutepicos e artefatos73 Essa anaacutelise eacute realizada automaticamente pelo
software de anaacutelise digital (Cardios Scans Premier DMS) como
exemplificado na figura 3
Figura 3 - Representaccedilatildeo graacutefica anaacutelise da VFC no software de anaacutelise digital
25 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tambeacutem foram registradas ao Holter de 24 horas as ocorrecircncias de
extra-siacutestoles supraventriculares e ventriculares (isoladas em pares ou
salvas) taquicardias ventriculares natildeo sustentadas taquicardias
ventriculares sustentadas e bradiarritmias A densidade da ectopia
ventricular foi considerada significativa se maior de 10 extra-siacutestoles por hora
e como pausas significativas as maiores de 3 segundos59 Um questionaacuterio
para registro das atividades e dos sintomas foi disponibilizado e todos os
pacientes foram orientados a respondecirc-lo
Como padratildeo foi obtido traccedilado em trecircs canais
Ch (1) correspondente a derivaccedilatildeo V5
Ch (2) correspondente a derivaccedilatildeo V1
Ch (3) correspondente a derivaccedilatildeo AVF
O meacutetodo usado para anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca
foi o domiacutenio do tempo utilizando-se os iacutendices extraiacutedos das variaccedilotildees
temporais dos ciclos em milissegundo (ms) ou dos percentuais de flutuaccedilatildeo
observados em ciclos subjacentes () como mostra a Tabela 1
26 Casuiacutestica e Meacutetodos
Tabela 1 - Paracircmetros usados para o caacutelculo da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca no domiacutenio do tempo
326 Ecocardiograma bidimensional com Doppler
Por meio da ecocardiografia modo M e bidimensional foram aferidas as
dimensotildees das cavidades esquerdas do coraccedilatildeo todas expressas em
miliacutemetros (mm) diacircmetro sistoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DSVE)
diacircmetro diastoacutelico final do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) o diacircmetro do aacutetrio
esquerdo (DAE) e calculada a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo (FEVE) () pelo meacutetodo de
Teichholz74 sendo tambeacutem registrada a presenccedila ou natildeo de aneurisma
apical O equipamento utilizado para a realizaccedilatildeo do exame foi o
padronizado pelo Instituto do Coraccedilatildeo da FMUSP
27 Casuiacutestica e Meacutetodos
327 Exames laboratoriais eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees e exames radioloacutegicos
Os exames laboratoriais incluiacuteam hemograma completo (meacutetodo
contador eletrocircnico automatizado + avaliaccedilatildeo morfoloacutegica em esfregaccedilos
corados) creatinina (meacutetodo jaffe colorimeacutetrico) dosagem do hormocircnio
estimulante da tireoacuteide (meacutetodo imunoensaio por quimiluminescecircncia
automatizado) glicemia de jejum (meacutetodo enzimaacutetico automatizado) e foram
realizados conforme a padronizaccedilatildeo do Laboratoacuterio do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
O eletrocardiograma de 12 derivaccedilotildees claacutessicas foi analisado conforme
as Diretrizes de Interpretaccedilatildeo de Eletrocardiograma da Sociedade Brasileira
de Cardiologia75
O estudo radioloacutegico do toacuterax e o estudo contrastado do esocircfago e
coacutelon foram analisados conforme a padronizaccedilatildeo do Instituto do Coraccedilatildeo
da FMUSP
33 Anaacutelise estatiacutestica
Anaacutelise estatiacutestica dos dados
Os dados foram organizados em tabelas e graacuteficos Foi realizada uma
anaacutelise estatiacutestica descritiva sendo calculados na maioria das vezes os
valores miacutenimos maacuteximos meacutedia mediana e desvio padratildeo das variaacuteveis
quantitativas e em seguida uma anaacutelise inferencial
28 Casuiacutestica e Meacutetodos
Para a anaacutelise estatiacutestica inferencial primeiramente foi realizado o
teste de Kolmogorov-Smirnov com o objetivo de analisar a normalidade da
variaacutevel SBR e o teste de Levene para verificar a igualdade das variacircncias
dos trecircs grupos A comparaccedilatildeo das meacutedias dos grupos foi feita por meio do
teste F de Snedecor (ANOVA) e as comparaccedilotildees muacuteltiplas pelo teste de
Tukey (variacircncias iguais) ou o de Games-Howell (variacircncias desiguais) Jaacute a
anaacutelise de pares foi realizada por meio do teste t de student
A associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas foi realizada pelo coeficiente de
correlaccedilatildeo linear de Pearson (r) e a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis
categoacutericas foi feita pelo teste xsup2 ou de maacutexima verossimilhanccedila
Adicionalmente calcularam-se as Odds Ratio (OR) com seus respectivos
intervalos de confianccedila (IC95) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
de seu aparecimento e aplicada anaacutelise de regressatildeo logiacutestica
Para todas as anaacutelises estatiacutesticas inferenciais foram consideradas
estatisticamente significantes aquelas com p lt 005 Os dados foram
processados no software SPSS versatildeo 140
Foram consideradas estatisticamente significantes as anaacutelises com p lt
005 Os dados foram processados no software SPSS versatildeo 140
29 Casuiacutestica e Meacutetodos
RESULTADOS
4 RESULTADOS
41 Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada
411 Caracteriacutesticas cliacutenicas
O Grupo I era constituiacutedo por 16 indiviacuteduos 11 (688) do sexo feminino e
cinco (312) do sexo masculino o Grupo II por 19 indiviacuteduos 14 do sexo
feminino (737 ) e cinco do sexo masculino (263) e o Grupo III incluiu sete
pacientes dos quais quatro (571) eram do sexo feminino e trecircs (429) do
sexo masculino Natildeo foi observada diferenccedila significativa entre os grupos quanto
agrave distribuiccedilatildeo por sexo O Graacutefico 1 demonstra esses resultados
Graacutefico 1 ndash Caracteriacutesticas da populaccedilatildeo estudada quanto agrave distribuiccedilatildeo por sexo
31 Resultados
A idade dos indiviacuteduos estudados variou de 29 a 64 anos O Grupo I
apresentou uma meacutedia de 495 anos o Grupo II de 5026 anos e o Grupo
III de 4186 anos Essa diferenccedila mostrou-se significativa conforme indica a
Tabela 2 Tambeacutem houve diferenccedila entre os grupos no que se refere agrave Fc
sendo menor a meacutedia encontrada no GIII Os grupos foram semelhantes
quanto agraves seguintes caracteriacutesticas cliacutenicas raccedila IMC PAs e PAd
Tabela 2 ndash Dados cliacutenicos da populaccedilatildeo estudada (n=42)
32 Resultados
Como pode ser observado no Graacutefico 2 apenas dois indiviacuteduos
encontravam-se em classe funcional II (NYHA)
Grafico 2 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos quanto agrave CF I ou CFII ( NYHA)
Nove dos indiviacuteduos incluiacutedos no estudo (trecircs indiviacuteduos do grupo II e
seis do grupo III) eram tratados com amiodarona A Tabela 3 apresenta a
dose usada na data do exame
Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo do uso e dose de amiodarona na populaccedilatildeo estudada
33 Resultados
As alteraccedilotildees mais frequumlentes encontradas nos registros
eletrocardiograacuteficos dos indiviacuteduos dos Grupos II e III estatildeo apresentadas na
tabela 4 Observas-se a predominacircncia do bloqueio de ramo direito (BRD) e
do bloqueio divisional acircntero-superior (BDAS)
Tabela 4 ndash Caracteriacutesticas eletrocardiograacuteficas dos indiviacuteduos incluiacutedos nos GII e GIII
412 Ecocardiograma
A comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das variaacuteveis FEVE DDVE DSVE e
DAE mostraram diferenccedila significativa entre os grupos conforme mostra a
Tabela 5 Os valores estatildeo expressos como meacutedia plusmn desvio padratildeo
34 Resultados
Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis ecocardiograacuteficas nos grupos estudados
Observou-se significacircncia estatiacutestica quando se comparou os GI e GIII
quanto ao diacircmetro diastoacutelico do ventriacuteculo esquerdo (DDVE) (p=0001)
Quando comparados os trecircs grupos quanto ao diacircmetro sistoacutelico do
ventriacuteculo esquerdo (DSVE) observou-se que os mesmos diferiram entre si
Em relaccedilatildeo agrave fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE) foi
observado que houve diferenccedila estatiacutestica quando comparados os grupos I e
III (p=0 000) e os grupos II e III (p=002)
35 Resultados
413 Arritmias ventriculares ao Holter de 24horas
O Graacutefico 3 mostra a distribuiccedilatildeo e densidade das extra-siacutestoles
ventriculares (EV) observadas agrave anaacutelise do Holter 24 horas Observou-se que
a maior densidade de ectopias ventriculares esteve associada ao grupo II
Graacutefico 3 ndash Distribuiccedilatildeo das extra-siacutestoles ventriculares (EV) nos grupos estudados ()
36 Resultados
42 Avaliaccedilatildeo autonocircmica
421 As medidas da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
A Tabela 6 mostra as caracteriacutesticas dos grupos estudados quanto agraves
medidas da SBR espontacircneo
Tabela 6 ndash Caracterizaccedilatildeo dos grupos estudados quanto agrave medida da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
Ressalta-se que natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos
estudados quanto agrave SBR espontacircnea embora menores valores tenham sido
encontrados no GIII
37 Resultados
422 As medidas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
Observou-se diferenccedila estatiacutestica significativa entre os grupos no que
diz respeito agrave avaliaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo (SBR) em resposta
agrave droga (fenilefrina) Note-se que o grupo GIII apresentou menor valor de
medida de sensibilidade do barorreflexo quando comparado aos demais A
Tabela 7 traz esses resultados
Tabela 7 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) induzido por droga (msmmHg)
Apoacutes comparaccedilatildeo muacuteltipla entre os grupos verificou-se diferenccedila
estatiacutestica significativa entre o GI e GIII (p=001) Poreacutem natildeo foi observado
diferenccedila entre os GI e GII
38 Resultados
423 Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e da
sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Como pode ser observado na Tabela 8 natildeo houve diferenccedila estatiacutestica
entre a meacutedia da sensibilidade barorreflexa induzida por droga (fenilefrina) e
da sensibilidade barorreflexa espontacircneo Ressalta-se que natildeo foi possiacutevel
registrar a medida da SBR espontacircneo em seis indiviacuteduos sendo trecircs do GI
um do GII e dois do GIII
Tabela 8 ndash Medidas descritivas da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
induzido por droga e da sensibilidade do barorreflexo espontacircneo (msmmHg)
39 Resultados
424 As medidas da variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC)
A variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) foi analisada no domiacutenio
do tempo Verificou-se que na anaacutelise dos iacutendices de VFC os valores
meacutedios das variaacuteveis avaliadas natildeo apresentaram diferenccedilas
estatisticamente significantes embora tenham sido observados menores
meacutedias de pNN50 (691plusmn523) no GIII A Tabela 9 mostra esses
resultados
Tabela 9 ndash Distribuiccedilatildeo de valores (meacutedia e desvio padratildeo) das variaacuteveis de variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) analisados ao Holter de 24 horas nos grupos estudados
40 Resultados
43 As Correlaccedilotildees
Foi utilizado o coeficiente de correlaccedilatildeo r de Pearson para anaacutelise de
correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis
431 A correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e
densidade de arritmias ventriculares registradas ao Holter de 24h
Quando foram correlacionadas a SBR e a densidade de ectopias
ventriculares observou-se que no subgrupo com medida de sensibilidade do
barorreflexo moderadamente deprimida (30-60 msmmHg) houve maior
densidade de ectopias ventriculares (p=001)Observou-se tambeacutem uma
associaccedilatildeo positiva entre baixa densidade de ectopia ventricular e SBR
preservada (p=0003)
Nota SBR Sensibilidade barorreflexa Ectopia VE gt 10h ectopia ventricular maior
que 10 por hora Ectopia VE lt 10h ectopia ventricular menor que 10 por hora
Graacutefico 4 ndash Correlaccedilatildeo entre medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR)
e densidade de arritmias ventriculares
(p=0 01)
41 Resultados
432 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a
fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
O Graacutefico 5 mostra que os pacientes que se encontravam com SBR
preservada (gt61msmm Hg) natildeo diferiram quanto agrave FEVE se lt ou ge 40
cujos valores foram respectivamente 667 e 795 ( p=062)Tambeacutem natildeo
foi significativa a correlaccedilatildeo entre aqueles com SBR moderadamente
deprimida (30-60 msmmHg) e FEVE lt ou ge 40cujos valores foram
respectivamente 154 e 333 ( p=046) indicando que uma variaacutevel natildeo
estaacute influenciando a outra
Nota SBR sensibilidade do barorreflexo FEVE fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo
Graacutefico 5 ndash Correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e a fraccedilatildeo de ejeccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (FEVE)
42 Resultados
433 A correlaccedilatildeo entre a medida da sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
O Graacutefico 6 traz a correlaccedilatildeo entre o iacutendice de variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca SDNN (ms) e a SBR (msmmHg) mostrando que natildeo foi
significativa essa associaccedilatildeo embora tenha sido observado niacutevel maior de
SDNN no grupo com SBR preservada (SBRgt61)O iacutendice SDNN foi de
12114plusmn2802 (meacutediaplusmnDP) (p=019) no subgrupo com SBR entre 30 e 60
msmmHg e no subgrupo com SBR preservada (gt61msmmHg) foi de
13833plusmn3630 (meacutediaplusmnDP) (p=064)
121
138
110
115
120
125
130
135
140
SBR 30-60 SBRgt61
SDNN
p=019 P=064
Graacutefico 6 ndash Correlaccedilatildeo entre a sensibilidade do barorreflexo (SBR) e o
iacutendice de VFC (SDNN)
Nota SBR Sensibilidade do brarorreflexo SDNN desvio padratildeo de todos os
intervalos NN
Resultados 43
434 A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
A Tabela 10 mostra que no subgrupo com FEVElt 40 o iacutendice SDNN
apresenta valor meacutedio significativamente mais baixo mas ressalta-se que
estes valores estatildeo dentro de paracircmetros considerados normais Nos outros
iacutendices natildeo observa-se diferenccedilas estatiacutesticas
Tabela 10 ndash A correlaccedilatildeo entre a variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca (VFC) e a funccedilatildeo ventricular esquerda (FEVE)
Resultados 44
44 Anaacutelise bivariada e modelo de regressatildeo logiacutestica
Foi realizada uma anaacutelise bivariada incluindo os possiacuteveis fatores
influenciadores do aparecimento de TVS e entatildeo foram determinados a OR
(Odds Ratio) e o IC95 (Intervalo de confianccedila) de cada variaacutevel conforme
apresentado na tabela 11 Considerou-se para a anaacutelise inicial as variaacuteveis
com valor de plt020 (SBR FEVE EV24h e DDVE)
Tabela 11 - Odds Ratio (OR) com seus respectivos IC95 (intervalos de confianccedila) para TVS e provaacuteveis fatores influenciadores
Resultados 45
Ao se aplicar o modelo de regressatildeo logiacutestica observou-se que
somente a SBR e o DDVE influenciaram o aparecimento da TVS (p=0028)
como mostra a tabela 12
Tabela 12 - Regressatildeo logiacutestica
46 Resultados
DISCUSSAtildeO
5 DISCUSSAtildeO
A morte suacutebita eacute a principal causa de morte na doenccedila de Chagas
correspondendo de 55 a 65 dos casos⁷⁶ A incidecircncia em pacientes natildeo
hospitalizados eacute estimada em 24 1000 pacientes ao ano⁷⁷Diante desse
cenaacuterio eacute de interesse observar que parte destas mortes suacutebitas ocorre em
pacientes com funccedilatildeo ventricular esquerda normal ou proacutexima do normal o
que leva a se acreditar que fatores desestabilizadores do substrato
arritmogecircnico exercem um importante papel nestes eventos Sabe-se que o
risco de morte suacutebita natildeo eacute o mesmo para todo o chagaacutesico
Evidecircncias demonstram a participaccedilatildeo do SNA principalmente a
depressatildeo da atividade parassimpaacutetica como fator contribuinte na gecircnese
de arritmias diversas em presenccedila de cardiopatia isquecircmica⁷⁸ Dessa forma
insiste-se na necessidade de se identificar precocemente quais os pacientes
no contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica apresentam risco aumentado
para o desenvolvimento de eventos arriacutetmicos complexos que em sua
grande maioria satildeo responsaacuteveis pelo evento fatal⁷⁹
Acredita-se que a avaliaccedilatildeo autonocircmica identifique grupos distintos de
risco entre pacientes chagaacutesicos que apresentam as formas crocircnicas da
doenccedila indeterminada (GI) e arritmogecircnica com TVNS (GII) e TVS (GIII)
Os dados apresentados neste estudo demonstram que os trecircs grupos
de pacientes natildeo diferiam quanto agrave maioria das caracteriacutesticas cliacutenicas
Discussatildeo 48
avaliadas no entanto intrigantemente foi observada que a meacutedia de idade
do GIII (4186 anos) foi menor que a do GI (4950 anos) e a do GII
(5026anos) Eacute conhecido que com o aumento da idade a atividade vagal
diminui em indiviacuteduos normais Nos casos aqui aludidos pacientes do grupo
III embora mais jovens e talvez com menor tempo de exposiccedilatildeo agrave doenccedila
apresentavam atividade parassimpaacutetica mais comprometida Tendo como
referecircncia a populaccedilatildeo do Estudo ATRAMI⁴⁹ que englobou 1284 pacientes
com infarto do miocaacuterdio recente nos quais a VFC foi quantificada por meio
do SDNN e a medida da SBR pelo meacutetodo da fenilefrina a medida da SBR
natildeo teve valor prognoacutestico no subgrupo com idade superior a 65 anos No
entanto teve um forte poder estatiacutestico no subgrupo de pacientes mais
jovens Por isso a idade avanccedilada foi criteacuterio de exclusatildeo na nossa
populaccedilatildeo Tais achados certamente traduzem uma forma de identificar pior
evoluccedilatildeo da doenccedila jaacute que os pacientes do grupo III apresentavam
manifestaccedilatildeo cliacutenica mais grave embora sendo mais jovens apesar da
adequada classe funcional e da funccedilatildeo ventricular relativamente preservada
O eletrocardiograma desempenha importante papel no diagnoacutestico da
cardiopatia chagaacutesica como jaacute demonstrado em estudos epidemioloacutegicos
preacutevios⁸⁰ Neste estudo quando foram avaliados os GII e GIII as alteraccedilotildees
eletrocardiograacuteficas mais frequentes foram o BRD o BDAS e zonas
eletricamente inativas (ZEI) sendo esses achados concordantes com a
literatura que mostra que o BRD eacute a alteraccedilatildeo mais caracteriacutestica aleacutem de
ter alto valor preditivo positivo e ser raro em indiviacuteduos soronegativos abaixo
de 50 anos⁸sup1 Entretanto esta manifestaccedilatildeo eletrocardiograacutefica foi
49 Discussatildeo
semelhante nos GII e GIII natildeo identificando entre os pacientes com a forma
arritmogecircnica aqueles com maior risco de desenvolverem arritmias
sustentadas
Os dados revelaram pela anaacutelise isolada das variaacuteveis FEVE DDVE
DSVE e DAE que embora a funccedilatildeo ventricular permanecesse preservada
na grande maioria dos pacientes estudados as meacutedias de FEVE foram
menores no GIII quando comparadas ao GI e ao GII o mesmo ocorrendo em
relaccedilatildeo ao DDVE Certamente a evoluccedilatildeo dinacircmica da doenccedila envolve
tanto a deterioraccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica quanto o comprometimento
progressivo estrutural do miocaacuterdio Desconhece-se o quanto estes dois
fatores desenvolvem-se em concomitacircncia ou de forma independente Para
melhor esclarecimento estudos que avaliam mais detalhadamente a
interdependecircncia entre o grau de injuacuteria estrutural e funcional autonocircmica
estatildeo sendo realizados na unidade
bull Anaacutelise da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca
Sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina
Neste estudo a sensibilidade do barorreflexo induzido por droga esteve
significativamente reduzida no subgrupo de pacientes com arritmia de maior
complexidade no caso taquicardia ventricular sustentada (GIII)
50 Discussatildeo
Ressalte-se que essas alteraccedilotildees do barorreflexo foram demonstradas
em pacientes na sua grande maioria em classe funcional (CF) I NYHA
Embora alteraccedilotildees na sensibilidade barorreflexa cardiacuteaca jaacute seja
conhecida de longa data somente nas uacuteltimas deacutecadas foi reconhecida
como marcador de risco cardiovascular As primeiras evidecircncias cliacutenicas
vieram de um estudo realizado em 78 pacientes apoacutes infarto do miocaacuterdio⁶⁶
que foram avaliados quanto agrave SBR e seguidos por 24 meses Dos sete
oacutebitos que ocorreram no periacuteodo de seguimento todos tinham barorreflexo
bastante deprimido Mas somente apoacutes o multicecircntrico ATRAMI⁴⁹ o meacutetodo
consolidou-se como marcador independente de risco em isquecircmicos Desde
entatildeo tem sido largamente empregado para estratificaccedilatildeo de risco em
diversas populaccedilotildees tais como hipertensos diabeacuteticos e miocardiopatas
dilatados
No contexto da cardiopatia chagaacutesica crocircnica o envolvimento do
sistema nervoso autocircnomo tanto simpaacutetico como parassimpaacutetico jaacute foi bem
demonstrado histopatologicamente e funcionalmente Mas apenas poucos
estudos empregaram a SBR como marcador autonocircmico nessa populaccedilatildeo e
natildeo se tem conhecimento da sua aplicaccedilatildeo na estratificaccedilatildeo de risco de
eventos arriacutetmicos de chagaacutesicos crocircnicos Sabe-se que a disfunccedilatildeo
autonocircmica eacute mais exuberante nas formas cardio-digestiva e digestiva⁵sup1 Jaacute
na forma indeterminada da doenccedila o estudo da funccedilatildeo autonocircmica tem
resultados conflitantes e variam desde somente acometimento simpaacutetico
mas sobretudo parassimpaacutetico⁸sup2 ateacute nenhum comprometimento Junqueira
Juacutenior em 1985⁵sup1 demonstrou que a SBR era significantemente mais baixa
51 Discussatildeo
em 14 pacientes chagaacutesicos do que no grupo controle (normais) mas quando
apenas pacientes com as formas indeterminada e digestiva da doenccedila foram
estudados a SBR foi normal Jaacute em 2004 Villar et al⁵⁵ estudando 31
pacientes chagaacutesicos assintomaacuteticos sendo um grupo com alteraccedilotildees ao
eletrocardiograma e o outro sem alteraccedilotildees concluiu que a disfunccedilatildeo cardio-
vagal pode ser documentada precocemente pela medida da SBR mesmo
naqueles sem alteraccedilatildeo do ECG demonstrando que a avaliaccedilatildeo autonocircmica
cardiacuteaca pode ser uacutetil na identificaccedilatildeo de doenccedila subcliacutenica
Marin Neto em 1998⁴sup2 em um estudo com 31 pacientes chagaacutesicos
em fase inicial da doenccedila estudou o controle autonocircmico cardiacuteaco e a
funccedilatildeo biventricular por meio da angiografia por radionucliacutedeo manobra de
Valsalva Tilt Test e SBR Seus resultados demonstraram que a disfunccedilatildeo
autonocircmica cardiacuteaca eacute proeminente em pacientes com a forma digestiva
mas natildeo na forma indeterminada da doenccedila Em nossa casuiacutestica pacientes
com a forma indeterminada apresentaram medida da SBR preservada
Sensibilidade do barorreflexo espontacircneo
Nossos dados revelaram que embora sem diferenccedila estatisticamente
significante (p=026) observou-se uma tendecircncia a um maior
comprometimento da SBR espontacircnea no grupo GIII Apesar de ser apenas
uma tendecircncia acreditamos que essa diferenccedila deva ser valorizada Ainda
considerando-se os grupos I II e III poder-se-ia inferir a partir dos resultados
52 Discussatildeo
da SBR espontacircnea obtida que uma progressatildeo do comprometimento
autonocircmico acompanha a progressatildeo da doenccedila e a gravidade da
apresentaccedilatildeo cliacutenica
Como vantagem do meacutetodo pode-se citar que o mesmo adveacutem de
medidas padronizadas automaacuteticas e computadorizadas o que
praticamente elimina as variaccedilotildees de afericcedilatildeo intra e inter-observador aleacutem
de ser um meacutetodo simples e de faacutecil obtenccedilatildeo
O meacutetodo da sequecircncia utilizado para a determinaccedilatildeo da SBR
espontacircnea foi a metodologia aplicada neste estudo Segundo Parlow et
al⁶⁴ o meacutetodo reflete primariamente o controle barorreflexo da atividade
cardiacuteaca vagal porque a maioria das sequencias tecircm extensatildeo menor do
que seis batimentos e tem sido proposto como uma alternativa confiaacutevel
para determinar a SBR em normais⁸sup3 e em pacientes hipertensos⁸⁴ Mas
apesar de uma forte associaccedilatildeo linear a concordacircncia entre medidas
espectrais e fenilefrina na estimaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo eacute
fraca Acredita-se que a influecircncia da resposta barorreflexa sobre o noacute
sinusal seja diferente entre as distintas metodologias⁸⁵ A utilizaccedilatildeo de
drogas vasoativas pode provocar alteraccedilotildees mecacircnicas da parede da arteacuteria
onde se localizam os barorreceptores e resultar em um estiacutemulo mais
intenso e menos fisioloacutegico da adaptaccedilatildeo reflexa da FC frente a uma
mudanccedila da PA64 Com o uso da droga vasoativa alteraccedilotildees relativamente
maiores de PA satildeo observadas podendo alterar natildeo somente a porccedilatildeo
linear da curva estiacutemulo-resposta mas tambeacutem atingir as porccedilotildees onde a
atividade do barorreceptor se aproxima da saturaccedilatildeo momento em que SBR
53 Discussatildeo
eacute menor64 Outro fator contribuinte refere-se ao fato de que as mudanccedilas de
PA nas medidas espontacircneas satildeo de amplitudes menores fazendo com que
o meacutetodo natildeo consiga avaliar a funccedilatildeo barorreflexa em toda a sua
extensatildeo64 Por este motivo as duas teacutecnicas satildeo consideradas natildeo
excludentes mas complementares na avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo barorreflexa
Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca
O desafio de elucidar o real papel do envolvimento do SNA na
patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica crocircnica tem atravessado deacutecadas e
permanece atual na medida em que se acumulam evidecircncias favoraacuteveis a
esse acometimento
Neste estudo a anaacutelise comparativa da VFC nos trecircs grupos natildeo
demonstrou diferenccedila significativa Mas ao serem analisados os grupos
separadamente observou-se que o GIII apresentou os menores valores do
iacutendice pNN50 quando comparado aos demais traduzindo um maior
comprometimento autonocircmico parassimpaacutetico nesse grupo Quando
avaliado isoladamente o iacutendice rMSSD observou-se que a meacutedia do GI e do
GIII encontrava-se abaixo de 30ms valor esse indicativo na literatura de
depressatildeo vagal⁸⁶ Os iacutendices pNN50 e RMSSD satildeo medidas que estimam as
variaccedilotildees a curto prazo dos intervalos RR considerados normais pelo fato
de se basearem em comparaccedilotildees de batimentos sucessivos e
representarem essencialmente a atividade vagal⁸⁶
54 Discussatildeo
Em um estudo foram analisados 61 pacientes com a forma crocircnica da
doenccedila de Chagas sem envolvimento cardiacuteaco por meio da VFC no domiacutenio
do tempo e da frequecircncia Ribeiro et al encontraram uma reduccedilatildeo nos valores
de pNN50 e rMSSD em relaccedilatildeo ao grupo controle concluindo que uma
disautonomia parassimpaacutetica precede a disfunccedilatildeo ventricular⁸⁷ Da mesma
forma Rassi Jr et al⁸⁸ demonstraram a presenccedila de disfunccedilatildeo autonocircmica
predominantemente parassimpaacutetica em cerca de um quarto dos pacientes com
a forma indeterminada da doenccedila
Mais uma vez os resultados satildeo conflitantes quando se aborda a
forma indeterminada da doenccedila Jaacute em 2000 Jesus⁸sup2 avaliou a VFC em
chagaacutesicos com a forma indeterminada e evidenciou significativa depressatildeo
parassimpaacutetica (absoluta e relativa) bem como reduccedilatildeo da atividade
simpaacutetica Na verdade na forma indeterminada o acometimento autonocircmico
pode estar ausente presente com amplo desvio padratildeo ou ainda discreto
Tambeacutem em pacientes crocircnicos com a forma digestiva ou cardio-
digestiva a disfunccedilatildeo autonocircmica jaacute foi bem documentada e tanto a
reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica quanto a parassimpaacutetica foram
demonstradas⁸⁹
Eacute importante comentar que em nove pacientes incluiacutedos neste estudo
(2142) trecircs no GII e seis no GIII natildeo foi possiacutevel suspender a
amiodarona Na literatura Zuanetti et al⁹⁰ satildeo categoacutericos em afirmar
queapoacutes um estudo comparativo entre trecircs drogas antiarriacutetmicas
(propafenona flecainide e amiodarona) a amiodarona foi a uacutenica que natildeo
55 Discussatildeo
influenciou a atividade autonocircmica quando se avaliou a variabilidade da
frequecircncia cardiacuteaca Em um estudo em chagaacutesicos Ademir et al⁹sup1 avaliaram
o envolvimento do SNA na patogecircnese da miocardiopatia chagaacutesica crocircnica
e em sua amostra 28 dos pacientes estavam em uso de amiodarona
Concluiacuteram por afirmar que o uso de amiodarona natildeo interferiu no estudo da
avaliaccedilatildeo autonocircmica
As Correlaccedilotildees
A previsatildeo de ocorrecircncia de arritmias ventriculares sustentadas em
indiviacuteduos com funccedilatildeo ventricular preservada eacute um grande desafio na
cardiomiopatia chagaacutesica devido ao elevado risco de morte suacutebita nesta
populaccedilatildeo A alta densidade de ectopias ventriculares e a presenccedila de
taquicardia ventricular natildeo sustentada satildeo sabidamente criteacuterios preditores
de risco cardiovascular em pacientes isquecircmicos mas em chagaacutesicos com
funccedilatildeo ventricular preservada seu significado permanece controverso
Recentemente Rassi et al⁷⁷ publicaram um escore para avaliaccedilatildeo de
risco de pacientes chagaacutesicos Nessa coorte os autores encontraram apoacutes
anaacutelises uni e multivariada seis variaacuteveis cliacutenicas preditoras de mau
prognoacutestico entre elas a taquicardia ventricular natildeo sustentada Ainda
verificaram que a combinaccedilatildeo de TVNS com disfunccedilatildeo ventricular esquerda
associou-se a um risco 15 vezes maior de morte nos pacientes estudados
Os dados aqui expostos revelaram correlaccedilatildeo direta entre o grau de
disfunccedilatildeo autonocircmica e densidade de ectopias ventriculares ao Holter de
56 Discussatildeo
24h Observou-se que 100 dos pacientes com a SBR preservada
(gt60msmmHg) apresentava densidade de ectopias ventriculares inferior a
10 por hora Tambeacutem foi observada correlaccedilatildeo inversa entre o iacutendice SDNN
e a densidade das ectopias ventriculares
Quando se avalia os diversos meacutetodos de estratificaccedilatildeo de risco natildeo
invasivos para uma determinada condiccedilatildeo cardiovascular geralmente
extrapolam-se dados da literatura referentes agrave cardiopatia isquecircmica Mas as
peculiaridades fisiopatoloacutegicas da miocardiopatia chagaacutesica natildeo satildeo
necessariamente equiparaacuteveis agrave doenccedila arterial coronariana
Natildeo haacute um teste isolado capaz de predizer de forma acurada o risco de
arritmias ventriculares e morte suacutebita nas vaacuterias situaccedilotildees cliacutenicas e nas
vaacuterias populaccedilotildees estudadas Aleacutem disso o risco cardiovascular natildeo eacute linear
e muda com a progressatildeo da doenccedila eou tratamento empregado Por isso
a combinaccedilatildeo dos vaacuterios testes disponiacuteveis eacute a melhor forma de aumentar a
acuraacutecia da estratificaccedilatildeo de risco e consequentemente otimizar o
tratamento e o custo efetividade das intervenccedilotildees
Implicaccedilotildees Cliacutenicas
Acreditamos que a aplicaccedilatildeo da anaacutelise da SBR uma metodologia
simples e de baixo custo poderia ser utilizada clinicamente para identificar
entre os pacientes chagaacutesicos com a forma arritmogecircnica e funccedilatildeo
ventricular preservada aqueles com maior risco para o desenvolvimento de
arritmias potencialmente malignas e assim orientar medidas terapecircuticas
mais precocemente para evitar a morte suacutebita nesta populaccedilatildeo especiacutefica
57 Discussatildeo
CONCLUSOtildeES
6 CONCLUSOtildeES
1 A sensibilidade do barorreflexo estaacute preservada na forma
indeterminada da doenccedila de Chagas e diminuiacuteda na forma
arritmogecircnica
2 O comprometimento da SBR eacute progressivo e acompanha a
evoluccedilatildeo da doenccedila sendo mais intenso nos pacientes com
arritmias ventriculares mais complexas
3 O grau disfunccedilatildeo autonocircmica natildeo se correlacionou com a funccedilatildeo
ventricular mas com a densidade e complexidade das arritmias
4 A variabilidade da FC no domiacutenio do tempo natildeo identificou
pacientes com maior risco de arritmias sustentadas e natildeo se
correlacionou com a SBR nesta populaccedilatildeo especiacutefica
58 Conclusotildees
ANEXOS
ANEXO A
HOSPITAL DAS CLIacuteNICAS
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
III - REGISTRO DAS EXPLICACcedilOtildeES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA
CONSIGNANDO
1 Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar de um estudo de pesquisa que tem como objetivo avaliar se o meacutetodo de determinaccedilatildeo da sensibilidade do barorreflexo poderaacute identificar os pacientes de maior risco de desenvolverem arritmias graves durante o seguimento cliacutenico Antes de assinar este termo de consentimento leia com atenccedilatildeo ou peccedila que algueacutem o leia para que vocecirc possa entender todas as informaccedilotildees descritas abaixo Vocecirc eacute portador da Doenccedila de chagas que eacute uma doenccedila que pode atingir o coraccedilatildeo levando ao aparecimento de arritmias que satildeo batimentos anormais no coraccedilatildeo e que muitas vezes levam ao risco de complicaccedilotildees seacuterias O estudo para o qual vocecirc foi convidado a participar seraacute feito na tentativa de determinar quais os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver estas arritmias e por conseguinte tentar identificar os pacientes de maior risco para complicaccedilotildees decorrentes da Doenccedila de Chagas
O que chamamos de barorreflexo eacute um aumento controlado da pressatildeo arterial e consequumlente diminuiccedilatildeo nos batimentos cardiacuteacos apoacutes um estiacutemulo que no caso vai ser a medicaccedilatildeo e a presenccedila ou a ausecircncia dessas alteraccedilotildees apoacutes a administraccedilatildeo da medicaccedilatildeo eacute o que vai ser registrado e eacute o que chamamos de medida da sensibilidade do barorreflexo e eacute nisto que consiste o nosso estudo medir se houve ou natildeo alteraccedilatildeo na pressatildeo arterial e nos batimentos cardiacuteacos apoacutes a medicaccedilatildeo ter sido feita
2 Se vocecirc concordar em participar deste estudo e for elegiacutevel para o mesmo seraacute submetido a realizaccedilatildeo deste exame no ambulatoacuterio de avaliaccedilatildeo autonocircmica do grupo de arritmias do InCornatildeo sendo necessaacuterio internamento Natildeo satildeo feitos cortes no paciente apenas a punccedilatildeo de um acesso venoso (como quando eacute feito um exame de sangue) pelo qual seraacute administrado um medicamento (fenilefrina) que provoca um aumento controlado na pressatildeo arterial e consequumlentes variaccedilotildees na frequumlecircncia cardiacuteaca Quando estas variaccedilotildees estiverem alteradas podem identificar pacientes em risco de desenvolver arritmiasDurante o procedimento o
60 Anexo A
paciente estaraacute acordado e sem sedaccedilatildeo O exame tem uma duraccedilatildeo de aproximadamente 40 minutos Antes da alta hospitalar vocecirc seraacute submetido ao exame de ecocardiograma (exame natildeo invasivo que eacute semelhante aacute um ultrassom) caso natildeo tenha feito este exame nos uacuteltimos meses e levaraacute um aparelho (gravador de Holter) de monitorizaccedilatildeo continua do eletrocardiograma para casa devendo o mesmo ser devolvido em 24horas caso tambeacutem natildeo tenha sido realizado antes
3 Com a injeccedilatildeo do medicamento o paciente poderaacute apresentar sensaccedilatildeo de desconforto no peito calor ou dor de cabeccedila mas sua pressatildeo arterial e batimentos cardiacuteacos estaratildeo sendo monitorados continuamente para que os niacuteveis natildeo ultrapassem valores considerados de riscos
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA
1 Com os dados deste estudo poderemos identificar os pacientes que estatildeo mais predispostos aacute arritmias graves e portanto que necessitaratildeo de medicamentos antiarriacutetmicos para evitaacute-las
2 O exame aqui proposto natildeo eacute um exame experimental e jaacute faz parte do arsenal diagnoacutestico utilizado em todo o mundoSua participaccedilatildeo eacute voluntaacuteria estando vocecirc livre para participar ou se retirar a qualquer momento sem que isso signifique a perda da assistecircncia meacutedica Se vocecirc tiver qualquer duacutevida ou problema relativos a este estudo deveraacute entrar em contato com Dra Astrid RMSantosDra Milena Frota ou Dra Denise T Hachul na Unidade de Arritmia cliacutenica do InCor-HC FMUSP
3 Qualquer informaccedilatildeo relacionada a este projeto e a seu respeito (histoacuterico exames) seraacute mantida em sigilo e somente pessoal autorizado teraacute acesso a ela Os dados referentes a vocecirc seratildeo arquivados junto ao de outros participantes de forma que natildeo se possa identificar seu nome ou outro registro pessoal Os resultados deste estudo poderatildeo ser publicados poreacutem sua identidade natildeo seraacute revelada
4 e 5 No caso de sofrer algum dano devido aos tratamentos ou procedimentos requeridos pelo protocolo do estudo receberaacute toda a assistecircncia meacutedica necessaacuteria para a sua condiccedilatildeo cliacutenica Natildeo haveraacute qualquer compensaccedilatildeo pela perda de ganhos invalidez ou desconforto Assinando este termo vocecirc natildeo estaraacute desistindo de nenhum dos seus direitos Aleacutem do mais vocecirc natildeo estaraacute livrando o investigador de suas responsabilidades legais e profissionais no evento de ocorrer uma situaccedilatildeo que lhe traga prejuiacutezo
61 Anexo A
V - INFORMACcedilOtildeES DE NOMES ENDERECcedilOS E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS E REACcedilOtildeES ADVERSAS
TELEFONES DE CONTATO - InCor-Unidade de Arritmia Cliacutenica HC FMUSP
Tel 01130695341 Tel 01130695312 Meacutedicos DRordf DENISE HACHUL - Meacutedica assistente da Unidade Cliacutenica de Arritmia
DRordf ASTRID R M SANTOS Doutoranda da Unidade Cliacutenica de Arritmia
VI - OBSERVACcedilOtildeES COMPLEMENTARES
VII - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa Satildeo Paulo ___ de____ de 200__
__________________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsaacutevel legal ou Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome Legiacutevel)
62 Anexo A
ANEXO B
PROTOCOLO DE PESQUISA
Determinaccedilatildeo da Sensibilidade do Barorreflexo na Estratificaccedilatildeo de
Risco de Eventos Arriacutetmicos na Doenccedila de Chagas CADASTRO DOS PACIENTES DATA ___________ No_______ Nome____________________________________________________________________ Prontuaacuterio ( ) InCor_____________________Tel ( ) _____________ ________________ Idade_______________DN_____________ Sexo ( ) Feminino ( )Masculino Naturalidade___________________ Procedecircncia____________________________ Grupo I- Forma Indeterminada ( ) Grupo II-com TVNS ( ) Grupo III-com TVS ( ) QUEIXAS Digestivas ( )sim ( )natildeo Dispneacuteia ( )de repouso ( ) aos esforccedilos miacutenimos ( )aos grandes esforccedilos Palpitaccedilotildees ( )regulares ( ) irregulares ( )sustentadas ( )natildeo sustentadas Dor toraacutecica ( )tiacutepica ( )atiacutepica Siacutencope ( )sim ( ) natildeo Outros( ) ____________________________________________________ EX FIgraveSICO PA ( )mmHg FC_________bpm P=_____Kg A=________m IMC_______________ AC _________________________________ AP _________________________________ Abdome ( ) sem megalias ( ) com megalias Extremidades ( )com edema ( ) sem edema ANTECEDENTES ( )arritmia documentada ao Holter TE ou ECG ( )PCR recuperada ( )Uso preacutevio de Benzoimidazoacutelicos- Rochagan ( )EEF jaacute realizado ( )Tempo de diagnoacutestico
Anexo B 63
Resultado___________________________________________________________ SOROLOGIA POSITIVA ( ) IFI ( ) HEMAGLUTINACcedilAtildeO INDIRETA ( ) FIXACcedilAtildeO DO COMPLEMENTO ( ) ELISA EXS LABORATORIAIS ( ) Hemograma normal( ) anormal ( )Glicemia ( ) K+( )Cr ( )TSH ( ) K ( ) Na ECG basal ( )Ritmo sinusal ( ) SVE ( ) SAE ( ) BRD ( )HBAE ( )BRE ( )BAV 1o grau ( )Zona inativa inferior ( )Zona inativa antero-septal ( )Zona inativa anterior RX TORAX ( ) Normal ( ) Anormal Igravendice cardiotoraacutecico ______________ ESOFAGOGRAMA CONTRASTADO ( ) Sim ( )Natildeo ( ) Normal ( )Anormal (retenccedilatildeo de contraste) ECOCARDIOGRAMA FEVE_______ DDVE_______mm DSVE_______ mm AE_______mm Alteraccedilotildees segmentares ( ) Sim ( )Natildeo ( )VE ( ) VD ( )Trombo ( )Aneurisma de ponta ( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VE( )Disfunccedilatildeo diastoacutelica VD ( ) Dissincronia HOLTER DA INCLUSAtildeO Fc min_______ Fc med _______ Fc max ______ Pausa maacutexima_______ Arritmias ventriculares ( ) isoladas ( ) pares ( ) monomoacuterficas ( ) polimoacuterficas ( )TVNS ( )TVS Densidade hora de ectopias Ve ________________( )Ectopias atriais Correlaccedilatildeo sintomaarritmia ( )sim ( )natildeo ECG-AR Potenciais tardios ( )sim ( )natildeo ECG com BRD ( ) Natildeo ( )Sim
Anexo B 64
TESTE DE ESFORCcedilO ( ) maximo ( ) submaximo ( ) natildeo atingiu a Fc preconizada Arritmias atriais ( )sim ( )natildeo Arritmias ventriculares ( )sim ( )natildeo ( )isoladas ( )pares ( )TVNS ( )TVS Seg ST ( )normal ( )anormal Comportamento da PA ( )normal ( )anormal Comportamento da Fc ( )normal ( ) deacuteficit cronotroacutepico VARIABILIDADE R-R a ser determinada Data do holter______________________ Domiacutenio do Tempo SDNN _______ pNN50 _______rMSSD _____________ Comentaacuterios _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MEDIDA DA SENSIBILIDADE DO BARORREFLEXO Data ___________ PEcircSO ________Kg 1o BOcircLUS ( ) 2 mcgKg ou ( )outro valor__________ 2o BOcircLUS ( ) 3 mcgKg ou ( )outro valor__________ 3o BOcircLUS ( ) 4mcgKg ou ( )outro valor_________ 4o BOcircLUS ( ) _______mcgKg
Comentaacuterios_______________________________________________________________ Uso de Medicaccedilatildeo cardioativa ( )sim ( ) natildeo Qual___________________ ( )suspensa haacute __________________ ( ) natildeo suspensa
Dose _____________________
Anexo B 65
REFEREcircNCIAS
REREcircNCIAS1
2 Chagas C The Discovery of Trypanosoma cruzi and of American Trypanosomiasis Mem Inst Osvaldo Cruz 1922 15(1)
3 Jannin J Salvatella R editores Estimacioacuten cuantitativa de la enfermedad de Chagas en las Ameacutericas Montevideo Organizacioacuten Panamericana de la Salud 2006 28p (OPSHDMCD425-06)
4 Pereira-Barretto AC Ianni BM The undetermined form of Chagasrsquo heart disease concept and forensic implications Satildeo Paulo Med J 1995 113(2)797-801
5 Prata A Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease Lancet Infect Dis 2001 Sep 1(2)92-100
6 Rassi Jr A Rassi AG Rassi SG Rassi Jr L Rassi A Relaccedilatildeo entre sintomas disfunccedilatildeo ventricular e arritmia ventricular na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl II)182
7 Rassi A Curva atuarial da taquicardia ventricular sustentada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Anais do IV Simpoacutesio Brasileiro de Arritmias Cardiacuteacas Recife 1987
8 Mendoza I Moleiro F Marques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 59(1)3-4
9 Lopes ER Chapadeiro E Morte suacutebita em aacuterea endecircmica da doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1982 16(2)79-84
10 Laranja FS Dias E Nobrega G Miranda A Chagasrsquo disease A clinical epidemiologic and pathologic study Circulation 1956 14(6)1035-60
11 Barretto ACP Higuchi ML Luz PL Lopes EA Bellotti G Mady C et al Comparaccedilatildeo entre alteraccedilotildees histoloacutegicas da miocardiopatia da doenccedila de Chagas e cardiomiopatia dilatada Arq Bras Cardiol 1989 52(2)79-83
_______________________________
sup1 De acordo com
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo Guia de
apresentaccedilatildeo de dissertaccedilotildees teses e monografias da FMUSP Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Juacutelia ALFreddiMaria FCrestanaMarinalva de S AragatildeoSuely CCardosoValeacuteria Vilhena 2ordf Ed Satildeo Paulo Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo 2005
Abreviaturas dos tiacutetulos dos perioacutedicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus
67 Referecircncias
12 Mendoza I Camardo J Moleiro F Castellanos A Medina V Gomez J et
al Sustained ventricular tachycardia in chronic myocarditis electrophysiologic and pharmacologic characteristics Am J Cardiol 1986 57(6)423-7
13 De Paola AAV Horowitz LN Miyamoto MH Pinheiro R Ferreira DF Terzian AB et al Angiographic and electrophysiologic substrates of ventricular tachycardia in chronic chagasic myocarditis Am J Cardiol 1990 65(5)360-3
14 Giniger AG Retyk EO Laintildeo RA Sananes EG Lapuente AR Ventricular tachycardia in Chagasrsquodisease Am J Cardiol 1992 70(4)459-62
15 Sarabanda AVL Sosa E Scanavacca M Magalhatildees L Kuniyoshi R Darrieux F et al Caracteriacutesticas da induccedilatildeo da taquicardia ventricular sustentada durante a estimulaccedilatildeo ventricular programada na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Arq Bras Cardiol 1994 63(supl 1) 124
16 Rassi A Rassi Juacutenior A Faria GHDC et al Histoacuteria natural do bloqueio atrioventricular total de etiologia chagaacutesica Arq Bras Cardiol 1992 59(supl 2) 191
17 Junqueira Jr LF Sobre o possiacutevel papel da disfunccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca na morte suacutebita associada agrave doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1991 56(6)429-34
18 Ramos SG Matturri L Rossi L Rossi MA Lesions of mediastinal paraganglia in chronic chagasic cardiomyopathy cause of sudden death Am Heart J 1996 131(2)417-20
19 Baroldi G Oliveira SJ Silva MD Sudden and unexpected death in clinically silent Chagasdisease A hypothesis Int J Cardiol 1997 58(3)263-8
20 Junqueira LF Jr A summary perspective on the clinical-functional significance of cardiac autonomic dysfunction in Chagarsquos disease Rev Soc Bras Med Trop 2006 39(suppl 3) 64-9
21 Porto CC O eletrocardiograma no prognoacutestico e evoluccedilatildeo da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1964 17313-46
22 Brasil A Evoluccedilatildeo e prognoacutestico da doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1965 18365-80
68Referecircncias
23 Acquatella H Catalioti F Gomez-Mancebo JR Davalos V Villalobos L Long-term control of Chagarsquos disease in Venezuela effects on serologic findings electrocardiographic abnormalities and clinical outcome Circulation 1987 76(3) 556-62
24 Chagas C Vilella E Cardiac form of american tripanossomiacutease Mem Inst Oswaldo Cruz1922 145-61
25 Oria J Ramos J Alteraccedilotildees do metassimpaacutetico do coraccedilatildeo nos portadores de megaesocircfago Arq Bras Cardiol1949 2311-6
26 Korbele F Cardiopathia parasympathicopriva Munchener Medizinische Wochenschrift 1959 1011308-10
27 27Tafuri WLRaso PLesotildees do sistema nervoso autocircnomo do camundongo albino na tripanosomiaseHospital (Rio) 1962 621325-42
28 Mott KE Hagstrom JWC The pathologic lesions of cardiac autonomic nervous systems in chronic chagaslsquo myocarditis Circulation 1965 31(2)273-86
29 29Alcacircntara FGDesnervaccedilao dos gacircnglios cardiacuteacos intramurais e cervicotoracicos na moleacutestia de Chagas Rev Goiana Med 1995 113(2) 772-84
30 Giorgi MCP Avaliaccedilatildeo cintilograacutefica da inervaccedilatildeo cardiacuteaca simpaacutetica e da perfusatildeo miocaacuterdica na doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 1997
31 Brasil A Autonomical sino-atrial block a new disturbance of heart mechanism Arq Bras Cardiol 1955 859-212
32 Amorin DS Manccedilo JC Gallo JrL Marin-Neto JA Chagarsquos heart disease as an experimental model for studies of cardiac autonomic function in man Mayo Clin Proc 1982 57(suppl)48-60
33 Manccedilo JC Gallo Jr LGodoy RA Fernandes RG Amorin DA Degenerationof the cardiac nerves in Chagarsquos disease Futher studies Circulation 1969 40879-85
34 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Postural reflexes in chronic Chagarsquos heart disease Cardiology 1975 60(6)343-57
69 Referecircncias
35 Marin-Neto JAGallo Jr L Manccedilo JC Rassi A Amorin DA Mechanism of tachycardia on standingstudies in normal individuals and in chronic Chagarsquos heart patients Cardiovasc Res 1980 14(9)541-50
36 Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Jr L Junqueira Junior LF Amorim DS Effect of parasympathetic impairment on the haemodynamic response to handgrip in Chagass heart disease Br Heart J 1986 55204-10
37 Marin-Neto JA Cardiac dysautonomia and pathogenesis of Chagasrsquo heart disease Int J Cardiol 1998 66(2)129-31
38 Junqueira Junior LF Veiga JPR Avaliaccedilatildeo ambulatorial da funccedilatildeo autonocircmica cardiacuteaca nas diversas formas cliacutenicas da moleacutestia de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1984 17(supl)19
39 Junqueira Jr LF Soares JD Impaired autonomic control of heart interval changes to Valsalva maneuever in in Chagasrsquo disease without overt manifestation Auton Neurosc 2002 9759-67
40 Carrasco-GH Jugo D Medina R Castillo C Miranda P Electrocardiograma de alta resoluccedilatildeo y variabilidade da frecuencia cardiacuteaca em pacientes chagaacutesicos crocircnicos Arch Inst Cardiol Meacutex 1997 67277-85
41 Sousa ACS Marin-Neto JA Maciel BC Gallo Junior L Amorim DS Cardiac parasympathetic impairment in gastrointestinal Chagasrsquo disease Lancet 1978 1(8539)985
42 Marin-Neto JA Bromberg-Marin G Pazin Filho A Simotildees M V Maciel BC Cardiac impairment and early myocardial damage involving the right ventricle are independent phenomena in Chagasrsquo disease Int J Cardiol 1998 65261-9
43 Daacutevila DF Inglessis G Daacutevila CA Chagarsquos heart disease and the autonomic nervous systems Int J Cardiol 1998 66123-7
44 Haibara AS Santos RA Descobrimento e importacircncia dos barorreceptores Rev Bras Hipertens 2000 7113-5
45 Cowley AW Jr Guy A CLiard JF Guyton AC Role of baroreceptor reflex in daily control of arterial blood pressure and other variables in dogs Circ Res 1973 32564-76
46 Krauhs JM Structure of rat aortic baroreceptores and their relationship to connectivetissues J Neurocytol 1979 8401-14
70 Referecircncias
47 Kirchheim HR Systemic arterial baroreceptor reflexes Physiol Rev 1976 56100-77
48 Schwartz PJ Zaza A pala M Locati E Beria G Zanchetti A Baroreflex sensitivity and its evolution during the first year after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1988 12629-36
49 La Rovere MT Bigger JT Jr Marcus FI Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity and heart variability in prediction of total cardiac mortality after myocardial infarction ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes after Myocardial Infarction) Investigators Lancet 1998 351(9101)478-84
50 Johansson M Gao AS Friberg P Annerstedt M Carlstrom J Ivarsson T et al Baroreflex effectiveness iacutendex and baroreflex sensitivity predict all-cause mortality and sudden death in hypertensive patients with chronic renal failure J Hypertens 2007 25163-8
51 Junqueira Juacutenior LF Gallo Juacutenior L Manccedilo JC Marin Neto JA Amorim DS Subtle cardiac autonomic impairment in Chagarsquos disease detected by baroreflex sensitivity testing Braz J Med Biol Res 1985 8(2)171-8
52 olim-Colombo FM Barreto Filho JA Lopes HF Rodrigues Sobrinho CR Otto ME Riccio GMG et al Decreased cardiopulmonary baroreflex sensitivity in Chagas heart disease Hypertension 2000 36(6)1035-9
53 Villar JC Leacuteon H Morillo CA Cardiovascular autonocircmic function testing inasyntomatic Tcruzicarriersa sensitive method to identify subclinical Chagas disease Int J Cardiol 2004 93(2-3)189-95
54 Hon EH Lee ST Electronic evaluations of the fetal heart rate Patters precedings fetal death further observations Am J Obstet Gynecol 1965 87814-26
55 Kleiger RE Mileler JP Bigger JT Moss AR Decrease heart rate variability and its association with increase mortality after acute myocardial infaction Am J Cardiol 1987 59(4)256-62
56 Figueiredo E Paola AAV Silva RMFL Taacutevora MZP Variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca como preditor de taquicardia ventricular sustentada e morte suacutebita na cardiopatia chagaacutesica crocircnica Rev Bras Marcapasso Arritmia 1995 8(3)304
71 Referecircncias
57 Vasconcelos DF Junqueira Jr LF Distinctive impaired cardiac autonomic modulation of heart rate variability in chronic Chagarsquos indeterminate and heart diseases J Electrocardiol 2008 42(3)281-9
58 I Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Doenccedila de Chagas Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop 1985 1846
59 Crawford MH Bernstein SJ Deedwania PC DiMarco JP Ferrick KJ Garson A ACCAHA guidelines for ambulatory electrocardiography executive summary and recommendations A report of the American College of CardiologyAmerican Heart Association task force on practice guidelines Circulation 1999 100(8)886-93
60 Garrow JS Webster J Quetelets index (WH2) as a measure of fatness Int J Obes 1985 9(2)147-53
61 Fortin J Haitchi G Bojiic A Habenbacher W Grullenberger R Heller A et al Validation and verification of the Task Force Monitor Results of Clinical Studies for FDA 510(k) No K014063 August 2001 [Citado 02 Jun 2008]Disponiacutevelemhttpwwwcnsystemsatfileadminuserupload Papers_ PDF TFMTFM_validation85_2001_TFM_Fortinpdf
62 Penaz J Voigt A Teichmann W Contribution to the continuous indirect blood pressure measurement Z Gesamte Inn Med 1976 311030-3
63 Wesseling KH Finger arterial pressure measurement with Finapres Z Kardiol 1996 85(Suppl 3)38-44
64 Parlow J Viale JP Annat G Hugson R Quintin L Spontaneous cardiac baroreflex in humanscomparasion with drugs ndash induced responses Hypertension 1995 251058-68
65 Smyth HS Sleight P Pickering GW Reflex regulation of arterial pressure during sleep in man a quantitative method of assessing baroreflex sensitivity Circ Res 1969 24(1)109-21
66 La Rovere MT Specchia G Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity clinical correlates and cardiovascular mortality among patients with a first myocardial infarction A prospective study Circulation 1988 78(4)816-24
67 67Farrell TG Paul V Cripps TR Malik M Bennett ED Ward D et al Baroreflex sensitivity and electrophysiological correlates in patients after acute myocardial infarction Circulation 1991 83(3)945-52
72 Referecircncias
68 De Ferrari GM Sanzo A Bertoletti A Specchia G Vanoli E Schwartz PJ Baroreflex sensitivity predicts long-term cardiovascular mortality after myocardial infarction even in patients with preserved left ventricular function J Am Coll Cardiol 2007 50(24)2285-90
69 De Ferrari GM Mantica M Vanoli E Hull Jr SS Schwartz PJ Scopolamine increases vagal tone and vagal reflexes in patients after myocardial infarction J Am Coll Cardiol 1993 221327-34
70 De Ferrari GM Landolina M Mantica M Manfredini R Schwartz PJ Lotto A Baroreflex sensitivity but not heart rate variability is reduced in patients with life-threatening ventricular arrhythmias long after myocardial infarction Am Heart J 1995 130473-80
71 Landolina M Mantica M Pessano P Manfredini R Foresti A Schwartz PJ et al Impaired baroreflex sensitivity is correlated with hemodynamic deterioration of sustained ventricular tachycardia J Am Coll Cardiol 1997 29568-75
72 La Rovere MT Mortara A Schwartz PJ Baroreflex sensitivity J Cardiovasc Electrophysiol 1995 6761-74
73 Heart Rate Variability Standards of measurement physiological interpretation and clinical use Task Force of the European Society of Cardiology Circulation 1996 93(5)1043-65
74 Teichholz LE Kreuler THerman MVGorlin RProblems in Echocardiographic volume determinations Echocardiographic-angiographic correlation in the presence ou absence of assynergy Am J Cardiol 1976 377
75 Guimaratildees JL coordenador Diretrizes de interpretaccedilatildeo de eletrocardiograma de repouso Arq Bras Cardiol 2003 80(Suppl 2)1-18
76 Rassi A JrRassi SGRassi ASudden death in Chagasrsquodisease ArqBras Cardiol 2001 7675-96
77 Rassi A Jr Rassi A Little WC Xavier SS Rassi SG Rassi AG Rassi GG Hasslocher Moreno A Sousa AS Scanavacca MI Development and validation of a risk score for predicting death in Chagarsquos heart disease N Engl J Med 2006 355799-808
78 Schwartz PJStone HL The role of the autonomic nervous system in sudden coronary death Ann N Y Acad Sci 1982 382162-80
73 Referecircncias
79 Mendonza IMoleiro FMarques J Morte suacutebita na doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol 1992 5934
80 Ianni BM Mady C Aplicaccedilotildees cliacutenicas do eletrocardiograma na miocardiopatia chagaacutesica Rev Soc Cardiol Est Satildeo Paulo1999 9(3) 318-22
81 Maguire JHHoff RSherlock IGuimaratildees AC Sleigh AC Ramos NB Mott KE Weller TH Cardiac morbidity and mortality due to Chagarsquos disease prospective electrocardiographic study of a Brazilian community Circulation1987 75(6)1140-5
82 Jessus PCAvaliaccedilatildeo da funccedilatildeo autonocircmica do coraccedilatildeo utilizando a variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteaca nos domiacutenios do tempo e da frequumlecircnciana forma indeterminada da doenccedila de Chagas [Tese] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Medicina 2000
83 Parati GDi Rienzo MBertiniere Get al Evaluation of the baroreceptor-heart rate reflex by 24-hour intra-arterial blood pressure monitoring in humans Hypertension 198812214-22
84 Robbe HWJMulder LJM Ruddel HLangewitz WAVeldman JBPMulder G1987Assessment of baroreceptor reflex sensitivity by means of spectral analysisHypertension 198710538-43
85 Lucini DGuzzetti SCasiraghi SPagani MCorrelation between baroreflex gain and 24-h indices of heart rate variability J Hypertens 2002 20(8)1625-31
86 86Malik M Camm J Heart rate variability Clin Cardiol199013570-6
87 Ribeiro AL Moraes RSRibeiro JP et al Parasympathetic dysautonomia precedes left ventricularsystolic dysfunctionin Chagas disease Am Heart J 2001 141260-5
88 Rassi Jr ARassi AForma indeterminada doenccedila de chagasDisfunccedilatildeo autonocircmica evidenciada pela anaacutelise da variabilidade da frequumlecircncia cardiacuteacaArq Bras Cardiol 2000 74 (SuplI)79
89 DaacutevilaDFBellabarba GDonis JHTorres ARossel OJFigueroa OAmaro MVasquez CJCardiac autonomic control mechanism in Chagaacutes heart diseaseTerapeutic implicationsMedical Hypoteses1993 4033-37
74 Referecircncias
90 Zuanetti G Latini RNeilson J M N et al Heart heart variability in patients with ventricular arrhythmias efect of antiarrhythmic drugs J Am Coll Cardiol 1991 17604-12
91 Cunha AB Cunha DM Pedrosa RC Flammini F Silva AJR Saad E A Kopiler DA Norepinefrina e variabilidade da frequecircncia cardiacuteaca Marcadores de disautonomia na cardiopatia Chagaacutesica crocircnica Rev Port Cardiol 2003 22(1)29-52
75 Referecircncias
Livros Graacutetis( httpwwwlivrosgratiscombr )
Milhares de Livros para Download Baixar livros de AdministraccedilatildeoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciecircncia da ComputaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia da InformaccedilatildeoBaixar livros de Ciecircncia PoliacuteticaBaixar livros de Ciecircncias da SauacutedeBaixar livros de ComunicaccedilatildeoBaixar livros do Conselho Nacional de Educaccedilatildeo - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomeacutesticaBaixar livros de EducaccedilatildeoBaixar livros de Educaccedilatildeo - TracircnsitoBaixar livros de Educaccedilatildeo FiacutesicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmaacuteciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FiacutesicaBaixar livros de GeociecircnciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistoacuteriaBaixar livros de Liacutenguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemaacuteticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterinaacuteriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MuacutesicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuiacutemicaBaixar livros de Sauacutede ColetivaBaixar livros de Serviccedilo SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo