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Universidade Federal do Ceará Coordenadoria de Concursos – CCV Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014 ASSUNTO: RECURSO ADMINISTRATIVO GABARITO/PROVA ID:302129 INSCR: 00718 DATA: 10/06/2014 I – Histórico A referida candidata requer a anulação da questão n.º 11 da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social, alegando que apresenta duas opções corretas. II – Decisão O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 11, que discute a emergência do Serviço Social no cenário brasileiro, apresenta duas alternativas corretas, sendo as letras E (correspondente ao gabarito preliminar) e A (justificada pela candidata como correta). Considerando que a questão foi embasada em textos de autores do Serviço Social da perspectiva da teoria social crítica na abordagem da emergência e do desenvolvimento sóciohistórico da profissão no Brasil, permite entender as mediações necessárias para o significado social da profissão e seu surgimento no marco da sociedade capitalista a partir do denominado estágio monopolista, no cenário brasileiro. Conforme a questão e o gabarito preliminar apresentado, a partir das produções teórico- críticas da profissão, apontam que o surgimento do Serviço Social no cenário brasileiro está vinculado a dois processos que geraram condições necessárias para a constituição da profissão, sendo esses processos: o movimento do capital, em sua fase monopólica, com o redimensionamento do Estado e o fortalecimento da Ação Católica. Segundo Fátima Grave Ortiz 1 (2010, p. 21), conforme apresentado pela bibliografia mais crítica da profissão, o Serviço Social no Brasil surge numa época específica da história da sociedade burguesa, na qual, do ponto de vista mundial, observava-se o fortalecimento em sua fase monopólica, cuja dinâmica demandou dentre os principais aspectos, a construção de uma nova configuração do espaço público-estatal, engendrando, assim, novos papéis e funções para o Estado. Ainda, a autora acrescenta que, considerando as particularidades e trajetória histórica do Brasil, alia-se a esse conjunto fatores a reorganização da Igreja Católica em prol de um amplo movimento de recristianização da humanidade, visando a reafirmação de seus interesses e privilégios, temporariamente abalados com o advento da República. Essa concepção também é apresentada no estudo realizado por Iamamoto e Carvalho 2 (2010) ao discutir a emergência da profissão no Brasil. Estes salientam que o Serviço Social nasce com bases mais doutrinárias que científicas, no bojo do movimento reformista- conservador, pautado no discurso de minimizar os “excessos” capitalistas e de ações para o 1 ORTIZ, Fátima Grave. O Serviço Social no Brasil: os fundamentos de sua imagem social e da autoimagem de seus agentes. Rio de Janeiro. E-papers. 2010. 2 IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 42ª ed. São Paulo. Cortez. 2010.

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Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

ASSUNTO: RECURSO ADMINISTRATIVO GABARITO/PROVA

ID:302129 INSCR: 00718 DATA: 10/06/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 11 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando que apresenta duas opções corretas.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 11,que discute a emergência do Serviço Social no cenário brasileiro, apresenta duas alternativascorretas, sendo as letras E (correspondente ao gabarito preliminar) e A (justificada pelacandidata como correta).

Considerando que a questão foi embasada em textos de autores do Serviço Social daperspectiva da teoria social crítica na abordagem da emergência e do desenvolvimentosóciohistórico da profissão no Brasil, permite entender as mediações necessárias para osignificado social da profissão e seu surgimento no marco da sociedade capitalista a partir dodenominado estágio monopolista, no cenário brasileiro.

Conforme a questão e o gabarito preliminar apresentado, a partir das produções teórico-críticas da profissão, apontam que o surgimento do Serviço Social no cenário brasileiro estávinculado a dois processos que geraram condições necessárias para a constituição da profissão,sendo esses processos: o movimento do capital, em sua fase monopólica, com oredimensionamento do Estado e o fortalecimento da Ação Católica.

Segundo Fátima Grave Ortiz1 (2010, p. 21),

conforme apresentado pela bibliografia mais crítica da profissão, o Serviço Social noBrasil surge numa época específica da história da sociedade burguesa, na qual, doponto de vista mundial, observava-se o fortalecimento em sua fase monopólica, cujadinâmica demandou dentre os principais aspectos, a construção de uma novaconfiguração do espaço público-estatal, engendrando, assim, novos papéis e funçõespara o Estado.

Ainda, a autora acrescenta que, considerando as particularidades e trajetória histórica doBrasil, alia-se a esse conjunto fatores a reorganização da Igreja Católica em prol de um amplomovimento de recristianização da humanidade, visando a reafirmação de seus interesses eprivilégios, temporariamente abalados com o advento da República.

Essa concepção também é apresentada no estudo realizado por Iamamoto e Carvalho2

(2010) ao discutir a emergência da profissão no Brasil. Estes salientam que o Serviço Socialnasce com bases mais doutrinárias que científicas, no bojo do movimento reformista-conservador, pautado no discurso de minimizar os “excessos” capitalistas e de ações para o1 ORTIZ, Fátima Grave. O Serviço Social no Brasil: os fundamentos de sua imagem social e da autoimagem de seus agentes. Riode Janeiro. E-papers. 2010.2 IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 42ª ed. São Paulo. Cortez. 2010.

soerguimento moral dos trabalhadores e de sua família. Os mencionados autores ressaltam quena verdade, esse movimento torna-se um importante veículo de contenção das crises cíclicas docapital e contra a ameaça do comunismo.

Com o redimensionamento do Estado brasileiro, no contexto dos anos 1930, toma parasi a responsabilidade de promover a reprodução material e ideológica dos trabalhadores/as,articulando um significativo conjunto de políticas sociais, objetivando amenizar as tensõesprovocadas pela ordem burguesa.

A compreensão de que os dois processos que geraram condições necessárias para aemergência em solo brasileiro do Serviço Social foram: “o movimento do capital, sua fasemonopólica, com o redimensionamento do Estado e o fortalecimento da Ação Católica”,também é fundamentada pela discussão apresentada por Netto3 (1998), pois aponta que essesdois processos estão autoimplicados, gerando condições necessárias a constituição de umaprofissão particular como o Serviço Social.

Ainda, o autor salienta que foi a conformação desses dois processos que remetem anecessidade de enfrentamento das expressões da “questão social”, em momento históricoespecífico de desenvolvimento do estágio do capitalismo, em sua fase monopolista.

No recurso, a candidata alega que “Portanto, pede-se a Banca Examinadora aANULAÇÃO da questão por apresentar duas questões corretas, porque a partir de umaperspectiva crítica não se pode desconsiderar as lutas dos trabalhadores no contexto dosurgimento do Serviço Social.”

Nesse sentido, vale realizar algumas ponderações e mediações necessárias paracompreensão dos processos que diretamente incidiram para surgimento da profissão no cenáriobrasileiro.

Entende-se que apenas as lutas dos/as trabalhadores/as não implicam o surgimento daprofissão, pois como salienta Iamamoto e Carvalho (2010), a sua emergência é diametralmenteoposta, pois surge como demanda do Estado e dos estratos burgueses para atuar diretamentecom a classe trabalhadora, o qual difere dos direitos sociais e trabalhistas que são frutos direitosdas lutas da classe trabalhadora. Ou seja, a profissão não é demandada pela classe quediretamente atua e intervém o/a assistente social.

Ainda, acrescentam que o Serviço Social que emerge no Brasil na década de 1930, nãodeve ser concebido de forma isolada, mas a partir do contexto brasileiro decorrente dos fatorespolítico, econômico, social e, também, religioso.

Compreende-se que as lutas e reivindicações dos/as trabalhadores/as repercutem noâmbito do Estado, contudo apenas a partir de um estágio monopolista se manifesta de formaparticular.

A requerente ao afirmar que a letra A que consta “o movimento do capital e ofortalecimento das lutas dos/as trabalhadores/as” está correta, tendo em vista que oredimensionamento do Estado só se efetiva com a luta da classe trabalhadora deve consideraralguns elementos no marco do desenvolvimento do capitalismo, para não restringir a umaanálise limitada acerca da dinâmica da sociedade burguesa e contexto de emersão da profissão.

A partir de uma perspectiva crítica, entende-se que com o desenvolvimento docapitalismo, com estágios diferenciados, têm-se novas configurações das relações no modo deprodução, que incide também no reordenamento do Estado.

Entende-se que a contradição entre as classes sociais é inerente ao sistema capitalista,sendo intrínseca a exploração do trabalho, contudo somente numa fase específica dedesenvolvimento do capital que se tem a necessidade de uma intervenção estatal de forma maiscontundente a imbricação de funções políticas e econômicas. Notadamente as lutas ereivindicações dos trabalhadores/as demandam intervenção para contornar os conflitos queatingem diretamente a dinâmica da sociabilidade burguesa.

Como destaca Netto4, no capitalismo concorrencial teve-se o despertar da classetrabalhadora dos determinantes econômicos, sociais e políticos de sua condição de vida etrabalho, sobre as contradições inerentes à ordem burguesa. A intervenção do Estado na relaçãocapital e trabalho, com exploração e condições cruéis de vida e trabalho dos/as trabalhadores/as,3 NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 4ª ed. São Paulo. 1998.4 NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo. Cortez. 2001

ocorriam geralmente pela coerção e repressão. Contudo, nessa fase tem-se um embrião do quese acentuará na fase monopolista que foi o imbricamento de funções econômicas e políticas.

O referido autor destaca que o Estado na fase monopolista do capitalismo incorporaalgumas funções como: a de empreender, garantindo o financiamento e a construção da infra-estrutura necessária à entrada e instalação de indústrias pesadas e ligadas aos grandesmonopólios; a de conciliador e disciplinador da força de trabalho, deixando-aconvenientemente apta ao trabalho e a sua rotina fabril; a de legislador, garantindo uma série deleis e programas capazes de assegurar a ordem, sobretudo, estabelecer um mercador consumidorestável; a de financiador de projetos de pesquisas e conhecimento técnico-científico, inclusiveformando profissionais para empresas; e a de administrador das crises cíclicas do capital.

Vale ressaltar que um dos elementos de destaque no novo trato do Estadorefuncionalizado diz respeito à forma como este passa a se relacionar com a classe trabalhadora:antes diante das demandas dos trabalhadores, agia para assegurar o funcionamento da ordemburguesa, geralmente via repressão; com o monopólio, passa a ocupar-se diretamente com apreservação física e o controle ideológico do/a trabalhador/a. Assim, as políticas sociais einstituições cumprem estas funções, garantindo de um lado, alguma renda para manutenção doconsumo e reprodução da classe trabalhadora e de sua família; de outro, contribui parareprodução do discurso e ideário burguês entre os/as trabalhadores/as.

De modo geral, entende que só no estágio do monopólio que o Estado explicita a“grande novidade”: para exercer o jogo econômico, o papel de “comitê executivo” da burguesiamonopolista, precisa incorporar outros protagonistas sócio-políticos para legitimar-sepoliticamente. Enfim, tem-se o alargamento de sua base de sustentação e legitimação sócio-política, com a institucionalização de direitos sociais, a qual permite organizar um consenso queassegura o seu desempenho. Ou seja, na fase monopolista do capitalismo, o Estado ampliou-sesem eximir seu caráter de classe, tornando-se permeável às demandas da classe trabalhadora,nos limites da ordem burguesa, não comprometendo sua lógica e interesses.

Vale ressaltar, a opção que contempla de forma mais detalhada e coerente com oenunciado da questão n.º 11, é “o movimento do capital, sua fase monopólica, com oredimensionamento do Estado e o fortalecimento da Ação Católica, contida na letra E. Isso porque o movimento do capital e as lutas da classe trabalhadora, só recebem intervençãodiferenciada na fase monopolista do capitalismo, contribuindo para entendimento e tratopolítico no conflito entre capital e trabalho, do qual decorrem as expressões da “questão social”.Somente, a partir desse cenário que se tem condições para a requisição e emergência daprofissão de Serviço Social.

Assim, ao indicar a letra E como item correto do gabarito da prova, não estádesconsiderando a relação dialética entre as lutas dos/as trabalhadores/as e o Estado, mas situarcomo essa relação dialética assume configurações especifica em momento historicamentedeterminado na ordem do capital.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata. Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº

11 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 13 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando que apresenta duas opções corretas.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 13,que discute como o pensamento conservador é explicitado no âmbito do Serviço Social,apresenta duas alternativas corretas, sendo as letras D (correspondente ao gabarito preliminar) eC (justificada pela candidata também como correta).

Considerando o referencial teórico crítico que embasou a elaboração da questão n.º 13,acerca do conservadorismo no âmbito no Serviço Social, fazem-se necessários analisar algunselementos indispensáveis para pensar a profissão nos planos teórico-metodológicos e deintervenção profissional.

Compreender o Serviço Social deve-se considerar sua relação com as classes sociais edesta com o Estado, situando-o nos marcos da sociedade capitalista. Segundo Netto1

(1998,1981), ao analisar o Serviço Social é necessário considerar os aspectos dos planos: sócio-político – como produto típico da divisão social e técnico do trabalho na ordem

monopólica da sociedade burguesa, como exigências econômico-sociais dessa fase, tem aintervenção do Estado e do capital visando a lógica de reprodução e valorização; e

histórico-cultural – como a profissão foi parametrado e dinamizado pelo pensamentoconservador, a partir das matrizes européia (vinculado ao catolicismo social, marcado peloanticapitalismo romântico) e norte-americana (adequado ao individualismo liberal e aosespírito capitalista).

Essa concepção permite a não apreensão da dinâmica social com seus antagonismos eexploração, intrínseco a lógica burguesa, e ainda, aspectos históricos como aspectoindispensável para apreensão da sociedade.

Baseado em Netto, entende-se que a forma explícita do conservadorismo no âmbito doServiço Social se funda no abandono das dimensões econômico-políticas e históricas da vidasocial. Em que se desconsideram os elementos econômicos (modo de produção, antagonismosde classes, exploração e expropriação da força de trabalho, apropriação da riqueza socialmenteproduzida), aspectos políticos (lutas de classes, exploração, projetos de sociedade, aspectosideológicos que refletem posicionamento político sobre apreensão e explicação da realidadesocial, e determinantes históricos (que permite entender a sociedade, seu desenvolvimento, deforma processual, superando visão linear e fragmentada).

Ainda, sobre o conservadorismo Barroco2 (2001), destaca que este surge inicialmentecomo “projeto político de oposição histórica ao Iluminismo, ao liberalismo e às idéiassocialistas”, tendo seu alvo redirecionado em meados do século XIX, momento em que a classetrabalhadora transforma-se em sujeito político com vista a uma nova ordem societária. Assim,

1NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social pós-64. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 1998 / NETTO,José Paulo. A crítica conservadora à reconceptualização. Revista Serviço Social e Sociedade. nº 5. São Paulo. Cortez. 1981. p. 59 a76.2 BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. São Paulo. Cortez. 2001.

as reivindicações da classe trabalhadora eram entendidas pelos conservadores como problemade natureza moral.

O pensamento conservador, que explicita no Serviço Social, o abandono das dimensõeseconômico-políticas e históricas da vida social, influencia a profissão no enfoque daculpabilização e individualização das expressões da “questão social”, concorrendo para o focono “tratamento” do sujeito, visando seu ajuste e sua adaptação a lógica da sociabilidadeburguesa.

Essa característica reforça a concepção da atuação profissional na ajuda psicossocial, noatendimento individual centrado no sujeito, sem considerar aspectos que incidem decisivamentena dinâmica e na totalidade da vida social. Assim, salienta a denominada psicologização da vidasocial, pois como ressalta Ortiz3 (2010, p.79), “tornas-se bastante funcional à lógicamonopólica, uma vez que esvazia o significado sócio-histórico das demandas sociais,confinando-as à subjetividade daquele que demanda bens e os serviços institucionais”.

Com relação ao pensamento conservador Iamamoto4 (1992) o caracterizada como ampla“vocação ao passado”, em que a tradição e os costumes devem balizar a vida em sociedade.Ainda, afirma que o conservadorismo carrega elementos irracionais, em que tende a aderir aos“contornos imediatos da situação com que se defronta, valorizando os detalhes, os dadosqualitativos, os casos particulares, em detrimento da estrutura da sociedade”.

A requerente alega que “Para tanto o conservadorismo abandona as dimensõeseconômicas, políticas e ideológicas dos fenômenos que expressam a questão social, nãoresguardando a fidelidade à história, em outros termos, não possibilita a apreensão doprocesso social em sua totalidade. Iamamoto, Renovação e conservadorismo, 2004. Por isso,solicita-se a Banca Examinadora a ANULAÇÃO da questão por apresentar duas questõescorretas letra C e D, uma vez que não se pode negar que o conservadorismo abandona adimensão histórica e ideológica da dinâmica social”.

Conforme fundamentação apresentada, o item “abandono da dimensão histórica eideológica da dinâmica social” não contempla ao que foi requisitado na questão n.º 13, uma vezque o pensamento conservador desconsidera uma análise econômico-política e histórica da vidasocial. Certamente, os aspectos políticos incidem também na dimensão ideológica, considerandoque esta remete diretamente a questão de classe, de projetos de sociedades que são tensionadosna sociedade burguesa.

Pelo exposto, apresenta improcedente a alegação da candidata. Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº

13 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014.

3 ORTIZ, Fátima Grave. O Serviço Social no Brasil: os fundamentos de sua imagem social e da autoimagem de seus agentes. Rio de Janeiro. E-papers. 20104 IAMAMOTO, Marilda Villela. Renovação e conservadorismo no Serviço Social: ensaios críticos. 11ª ed. São Paulo. Cortez. 2011.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração do gabarito da letra D para a letra A da questãon.º 14 da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social, alegando que aresposta correta remete-se a formação acadêmica de caráter generalista do/a assistente social éque permite a inserção em vários espaços de atuação e inserção profissional.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 14,que discute as possibilidades de inserção e atuação do/a assistente social em diversas áreas e emespaços sócio-ocupacionais decorre da “habilidade e ia que o/a profissional adquire durantesua formação acadêmica de caráter generalista”, correspondente a letra A, diferente do quecoloca o gabarito da prova, na letra D, como a “forma de o Estado organizar as ações erespostas às expressões da “questão social”, pulverizadas em políticas sociais tipificadas”.

Considerando que a questão foi embasada em textos de autores do Serviço Social daperspectiva da teoria social crítica na abordagem da emergência e do desenvolvimentosóciohistórico da profissão, permite entender as mediações necessárias para o significado socialda profissão e seu surgimento no marco da sociedade capitalista a partir do denominado estágiomonopolista.

Conforme a questão e o gabarito preliminar apresentado, a partir das produções teórico-críticas da profissão, apontam que uma das características do exercício profissional dos/asassistentes sociais, com possibilidades de atuação e inserção em diversas áreas relaciona como aforma de o Estado organizar as respostas às expressões da “questão social”.

Netto1 (2001) ressalta que o Estado, na fase do capitalismo monopolista, realizarefrações da “questão social” na forma de intervenção e enfrentamento via políticas e serviçossociais diferenciados. Essa característica permite uma diversidade de políticas e ações notocante ao enfrentamento das expressões da “questão social”.

O autor destaca a uma conexão genética do Serviço Social com as particularidades da“questão social” na sociedade burguesa madura, na expansão monopolista, pois naquelecontexto o Estado, capturado pela lógica monopolista, intervém na vida econômica, com fusãoentre as fusões econômicas e políticas.

Acrescenta que o Estado desenvolve e centraliza política sócioassistencial, comprestação de serviços sociais, criando bases sociais para o mercado de trabalho para o/aassistente social, que é um trabalhador/a assalariado/a.

Considera-se que a emergência do Serviço Social está inserida na sociedade capitalista,no seu estágio consolidado de expansão dos monopólios, relacionada diretamente ao momentoem que o Estado burguês enfrenta a “questão social”, expressa através das políticas sociais, e asquais se configuram como base institucional da ação profissional.

Conforme coloca Ortiz (2010, 128),

“[...] 0bserva-se que a constituição de um determinado espaço sócio-ocupacional parao assistente social vincula-se a uma das estratégias utilizadas pelo capitalismo

1 NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo. Cortez. 2001.

monopolista para minimizar a tendência de crises cíclicas, as quais tiveram no Estado,principal aliado. É, portanto, no interior das políticas sociais públicas – uma dasmodalidades privilegiadas de enfrentamento das sequelas da “questão social” – que serequisita tecnicamente esse tipo de profissional”.

Entende-se que essas características influenciam para que a profissão tenha umadiversidade de “objeto” e espaços de atuação e intervenção, tendo em vista às múltiplasexpressões decorrentes do conflito capital e trabalho e na forma de enfrentamento via políticassociais, setorializadas, fragmentadas.

A candidata alega que “conforme Marilda Iamamoto (2009), o assistente social apropria-se das possibilidades teórico-práticas abertas à profissão pela própria dinâmica da realidade,apreendendo as demandas potenciais gestadas historicamente. Para isso, a qualificaçãoacadêmico-profissional especializada, a regulamentação de suas funções específicas e de suascompetências e atribuições compõem a habilidade e a competência que o/a profissionaladquire durante sua formação acadêmica de caráter generalista”.

Porém, a candidata não atenta para o que foi solicitado, que remete a uma das característicasdo exercício profissional do/a assistente social ser bastante diverso, com possibilidade deatuação e inserção em diversas áreas e espaços sócio-ocupacionais, considerando aargumentação acima apresentada.

Nesse sentido, destaca-se que concernente a possibilidade de atuação e inserção profissionaldo/a assistente social ser decorrente da forma como o Estado responde às expressões da“questão social”, fundamenta-se no pensamento de Coelho2 (2013), ao afirmar que o Estadoenfrenta as expressões da “questão social” de forma pulverizada em políticas sociais tipificadas,incidindo na atuação e inserção em diversas áreas e em espaços sócio-ocupacionais para o/aassistente social.

Nessa perspectiva, Guerra3(2007) afirma que compreender o Serviço Social na divisãosocial e técnica do trabalho deve-se considerar que sua institucionalização ocorre na esteira daracionalização do Estado burguês, com enfrentamento sistemático e refratário nas expressões da“questão social”. Ressalta ainda, sua relação com o desenvolvimento das forças produtivas einfluência que exerce sobre a funcionalidade da profissão; o caráter contraditório da profissãoque emerge com o Estado e tem sua vinculação com a classe que “visava” controlar, e por fim, aprofissão atua no espaço da reprodução social.

Desse modo, Guerra (2000) destaca que as políticas sociais (públicas e privadas) não sãoapenas espaço de inserção profissional, mas, sobretudo, “enquanto determinação, ordenamento,prescrição das formas de intervenção”, uma vez que são entendidas simultaneamente comosuporte material e ordenamento da intervenção profissional.

A referida autora sinaliza que é recorrente no âmbito da formação e atuação profissional oenfoque sobre o objeto/matéria que atua o/a assistente social, pois diante da diversidade emúltiplas expressões da “questão social”, não tem como mencionar precisamente qual o objetosobre que incide a intervenção profissional.

A partir das produções teóricas, entende-se que a formação generalista decorre dessacaracterística da profissão, de atuar nas múltiplas expressões da “questão social” mediante asdistintas políticas sociais.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela alteração dogabarito da letra D para a A da questão nº 14 da prova de conhecimentos específicos docargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

2 COELHO, Marilene. Imediaticidade na prática profissional do assistente social. Rio de Janeiro. Lumen Juris. 2013.3 GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do Serviço Social. 6ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 15 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando que apresenta duas opções corretas, alémde ocorrer dubiedade na resposta.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 15,que discute os eixos temáticos significativos decorrentes da “virada” do Serviço Socialbrasileiro, apresenta duas alternativas corretas, sendo as letras D (correspondente ao gabaritopreliminar) e C (justificada pela candidata como correta).

A questão foi elaborada a partir do referencial teórico-crítico, o qual permitecompreender o significado social e o desenvolvimento sociohistórico da profissão.

Nas últimas décadas o Serviço Social brasileiro vivenciou um salto qualitativo eamadurecimento teórico, que a partir da denominada “intenção de ruptura”, permitiu apreenderno significado social da profissão, mas também aprofundar debates imprescindíveis como aspolíticas sociais, o caráter contraditório e os fundamentos do Serviço Social.

A partir de estudos de autores expoentes1 do Serviço Social da perspectiva crítica, eainda, das produções teóricas decorrentes dos encontros da categoria, observa-se um avançoacerca de três eixos significativos, que são: - resgate do significado sócio-histórico da profissão2 – permitiu compreender o carátercontraditório da profissão, sua instrumentalidade e funcionalidade na sociedade capitalista.Destaca-se a compreensão da condição diametralmente oposta da profissão, que demanda doEstado e de estratos burgueses para atuar diretamente com classe trabalhadora. Entendendo queo Serviço Social é uma profissão que deve ser entendida no quadro das relações sociais entre asclasses sociais e destas com o Estado e que a profissão se transforma ao alterarem-se ascondições e as relações sociais nas quais ela se inscreve.- crítica teórico-metodológica3 – permite uma análise crítica acerca dos fundamentos teórico-metodológicos que referenciaram (referenciam) a profissão. Possibilitando destacar a influênciado pensamento conservador na profissão, expresso na Doutrina Social e da teoria positivismo.Situar as perspectivas teóricas que refletiram na profissão. Compreendendo como asperspectivas teóricas incidiram na formação e no exercício profissional, no direcionamentosocial da profissão, na explicação da sociedade. Ainda, permitindo dimensionar a relação da

1 Conferir : IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital e fetiche: capital financeiro e “questão social”. São Paulo. Cortez. 2007. Ainda, conferir estudos publicados nas Revistas Temporalis sobre produção teórica no Serviço Social.2 Conferir produções de autores/as como: José Paulo Netto, Marilda Iamamoto, Carlos Montaño, Yolanda Guerra, Fátima Grave Ortiz, José Fernando Siqueira da Silva. 3 Conferir produções de autores/as como: José Paulo Netto, Marilda Iamamoto, Yolanda Guerra, Fátima Grave Ortiz, José FernandoSiqueira da Silva, Maria Ozanira Silva e Silva, Josiane Soares Santos, Consuelo Quiroga, Marilene Coelho, Mônica dos Santos, Carlos Montaño, Ivanete Simionatto.

profissão, as políticas sociais4 e o Estado, sobre seu os fundamentos teórico-metodológicos.Também da dimensão da intervenção profissional. - análise crítica da política social5– contribuiu para uma abordagem crítica e dialética sobre aspolíticas sociais na sociedade capitalista, superando a visão polarizada ora como méritoexclusivo dos/as trabalhadores/as, ora como mecanismo de controle do capital. Propiciandoentendimento da relação da profissão e as políticas sociais, com estudo sobre as tendências ereconfigurações de acordo com o estágio e dinâmica capitalista. Notadamente, permitiu situar odebate da defesa das políticas sociais como direito, no contexto de acumulação capitalista,inclusive em momentos de crise do capital, a qual repercute decisivamente sobre o conjunto daclasse trabalhadora, dos direitos conquistados e na oferta de políticas e serviços sociais.Permitindo repensar o Estado e as instituições como espaços contraditórios, considerando-os naperspectivas dos interesses dos setores populares. A candidata alega que “[...] no entanto, não foi especificado a que se refere a críticateórica metodológica. Já aquela apresenta os seguintes eixos: o Projeto Ético-Político, acrítica da política social e a crise do capital mundializado, as discussões contemporâneascontemplam sim esses eixos, inclusive com a discussão se o projeto Ético-Político está ou nãoem crise e a crise do capital mundializado que o que permeia toda a discussão do agravamentoe novas expressões da questão social base fundante do serviço social. Por conseguinte, solicitaa Banca a ANULAÇÃO da questão por dubiedade nas alternativas e ausência de referências”.

Vale ressaltar que, o debate sobre o Projeto Ético Político se insere no debate sobre osignificado sócio-histórico e a crítica teórico-metodológica que a profissão, e ainda, o debatesobre a crise do capital mundializado é contemplado nas análises sobre as políticas sociais,sobretudo, na contemporaneidade.

Notadamente o debate sobre as tendências das políticas sociais na contemporaneidaderemonta a lógica de acumulação flexível. Destaca-se que o debate e análise sobre as políticassociais não remontam somente com a crise do capital mundializado, mas sua gênese edesenvolvimento na sociedade burguesa e nas suas abordagens teóricas e explicativas.

Destaca-se que a candidata não considerou que o enunciado da questão remete aoavanço a partir da denominada “virada” do Serviço Social, em que alavancou a produçãoteórica, com rigor teórico crítico, em que se destacam os elementos acima mencionados.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº15 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014.

4 SILVA, Maria Ozanira da Silva e. O Serviço Social e o popular: resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura.4ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.5 Conferir autores/as como: Ivanete Boschetti, Elaine Behring, Carlos Montaño, Carmelita Yazbek, Evilásio Salvador, Ana

Elizabete Mota, Angela Amaral, dentre outros representantes da teoria social crítica.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 17 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando que apresenta duas opções corretas.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 17,que discute como a ditadura militar promoveu o Serviço Social no cenário brasileiro, apresentaduas alternativas corretas, sendo as letras E (correspondente ao gabarito preliminar) e C(justificada pela candidata como correta).

A questão foi elaborada a partir da produção de Netto1, expoente estudioso da teoriasocial crítica de Marx. No estudo sobre o processo de renovação do Serviço Social brasileiro, oautor observa que a ditadura reforçou e validou o chamado Serviço Social tradicional, aomesmo tempo que promoveu de um lado, a ampliação do mercado empregador em termosnacionais, processo condizente com a refuncionalização do Estado na fase monopólica, e deoutro lado, consolidou sua formação profissional mediante a incorporação do curso de ServiçoSocial no âmbito universitário.

Com base no autor, observa-se que este aspecto estava relacionado com o desenvolvimentodas forças produtivas e o crescimento das expressões da “questão social”, com políticas sociaiscentralizadas pelo Estado ditatorial, ocasionando a ampliação da inserção dos/as assistentessociais nos aparelhos burocrático-administrativos do Estado, bem como, no âmbito dos setoresgeridos pelo capital, ou seja, das empresas privadas.

Presenciou-se não apenas o crescimento do número de entidades empregadoras nas diversaspolíticas sociais setoriais, mas a geração de uma série de especializações em seu interior. Dessemodo, a consolidação do mercado de trabalho colocou novas exigências para o desempenhoprofissional.

A candidata alega que a questão n.º 15 deve ser anulada por que “Netto ainda elencaaspectos durante a repressão da autocracia burguesia: instauração do pluralismo teórico,ideológico e político no marco profissional, deslocando uma sólida tradição de monolitismoideal; crescente diferenciação das concepções profissionais, derivadas do recurso diversificadoa matrizes teórico-metodológicas alternativas, rompendo com o viés de que a profissionalidadeimplicaria uma homogeneidade de visões e de praticas; sintonia da polemica teórico-metodológica profissional com as discussões em curso no conjunto das ciênciassociais;constituição de segmentos de vanguarda, sobretudo, mas não exclusivamente, inseridona vida acadêmica, voltados à investigação e a pesquisa (1991,p135-136).

A argumentação exposta pela candidata merece algumas ponderações, uma vez que essetrecho transcrito da obra do autor trata especificamente do processo de renovação doServiço Social brasileiro, dos desdobramentos ocasionados pela contestação do Serviço Socialtradicional. Como explicita o autor (1998, p. 135-136 – grifos da banca),

[...] é possível sintetizar rapidamente os quatro aspectos que, a nosso ver, tantosinalizam os nós mais decisivos do processo de renovação do Serviço Social

1 NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social pós-64. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 1998

quanto condensam feixes de implicações que rebatem para além do seu esforço devalidação teórica: a) a instauração do pluralismo teórico, ideológico e político no marco profissional,deslocando uma sólida tradição de monolitismo ideal;b) a crescente diferenciação das concepções profissionais (natureza, funções,objetivos e práticas do Serviço Social), derivada do recurso diversificado a matrizesteórico-metodológicas alternativas, rompendo com o viés de que a profissionalidadeimplicaria uma homogeneidade (identidade) de visões e de práticas;c) a sintonia da polêmica teórico-metodológica profissional com as discussões emcurso no conjunto das ciências sociais, inserindo o Serviço Social na interlocuçãoacadêmica e cultural contemporânea como protagonista que tenta cortar com asubalternidade (intelectual) posta por funções meramente executivas;d) a constituição de segmentos de vanguarda, sobretudo, mas não exclusivamenteinseridos na vida acadêmica, voltados para a investigação e pesquisa.”

Numa leitura mais cuidadosa e acurada sobre o processo de renovação do ServiçoSocial brasileiro e as inflexões sofridas no período do regime militar, observa-se que o trechoacima se remete a questão dos desdobramentos e avanços experimentados pela profissão a partirda renovação, e não em que o regime militar promoveu a profissão.

Como defende Netto, a renovação remete ao conjunto de características novas que oServiço Social articulou à base do rearranjo do seu tradicionalismo e da assunção do contributode tendência do pensamento social contemporâneo, no marco autocracia burguesa.

Ainda, Netto (1998) aponta que os traços constitutivos no processo de renovação foramo grau de abrangência da discussão teórica e as formas organizativas de passam a valer-se.

É notório que o processo de renovação ocorre no período do regime militar, que deacordo com o autor, a ditadura promoveu a profissão na ampliação do mercado empregadorno cenário nacional e a na consolidação da formação com a incorporação do Curso de ServiçoSocial no espaço universitário.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº17 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 18 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando não apresentar uma alternativa correta.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 18,que discute a direção “perspectiva modernizadora” do processo de renovação do Serviço Socialbrasileiro, apresenta duas alternativas corretas, sendo as letras E (correspondente ao gabaritopreliminar) e C (justificada pela candidata como correta).

A questão foi elaborada a partir da produção de Netto1, expoente estudioso da teoriasocial crítica de Marx.

No estudo sobre o processo de renovação do Serviço Social brasileiro, o autor observatrês direções: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção deruptura.

A “perspectiva modernizadora” teve como marco os Seminários de Araxá (1967) e deTeresópolis (1970). Essa perspectiva configurou a sincronização da profissão ao projeto de“modernização conservadora” do Estado ditatorial, com a concepção prática-institucionalizada ecom o enfoque ao desenvolvimentismo e tecnicalidade.

Destaca-se que no Seminário de Araxá a prática institucionalizada, caracterizada pelaação junto a indivíduos com desajustamento familiares e sociais, que muitas vezes decorrem deestruturas sociais inadequadas. Assim, concebem que a ação profissional, abrange trêsdimensões, a corretiva, a preventiva e a promocional (capacitações).

Como é explicitado na obra de Netto (1998), uma das características da perspectivamodernizadora é a recusa do/a assistente social como mero executador/a final das políticassociais, defendendo a concepção da intervenção micro e macrossocial, respectivamente comfunções de Serviços de atendimento direto (corretivo, preventivo e promocional) e deintervenção nas políticas sociais no plano de planejamento e administração de serviços social.

Ao comparar a “perspectiva modernizadora” com a “reatualização doconservadorismo”, Netto (1998, p. 207), afirmar que

[...] enquanto um dos elementos constitutivos dos avanços promovidos pelaperspectiva modernizadora consistiu precisamente em não se conformar com alimitação d âmbito profissional aos marcos da ajuda psicossocial, antes assumindo-o eo ultrapassando, ampliando-o para envolver outros níveis e instâncias das relaçõessociais (...).

Notadamente, a “perspectiva modernizadora” não se conformou com a limitaçãoprofissional ao âmbito da ajuda psicossocial, enquanto a “reatualização do conservadorismo”reentroniza ação tradicional da profissão, revalorizando aspectos da ajuda psicossocial,fundamentado pela perspectiva fenomenológica.

1 NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social pós-64. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 1998

Assim, a “perspectiva modernizadora” critica o espaço tradicional do espaçoprofissional, que se apresenta na ajuda psicossocial, ou seja, não se conforma com a limitaçãoprofissional a dimensão da ajuda psicossocial, mas reclama a possibilidade da atuação no campoda formulação, planejamento e gestão das políticas sociais, recusando o caráter meramenteexecutor atribuído ao Serviço Social.

Como salienta Netto, essa direção do processo de renovação do Serviço Socialbrasileiro representou um reformismo, pois recuperou o tradicionalismo, sem qualquer ruptura,combinando micro/macroatuação, com a recuperação do Serviço Social de caso, grupo ecomunidade.

Numa leitura mais cuidadosa e acurada sobre o processo de renovação do ServiçoSocial brasileiro, observa-se que a alegação da requerente não é procedente, conformefundamentação teórica apresentada.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº

18 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração do gabarito da letra B para C da questão n.º 19da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social.

II – Decisão

O recurso apresentado pela mencionada candidata se fundamenta que na questão n.º 19,que discute a direção “reatualização do conservadorismo” do processo de renovação do ServiçoSocial brasileiro, com a alternativa correta à letra C, uma vez que os/as profissionaisvinculados/as a essa direção estabeleciam “um questionamento quanto à busca de uma teoriapara fundamentar a prática”.

A questão foi elaborada a partir da produção de Netto1, expoente estudioso da teoriasocial crítica de Marx.

No estudo sobre o processo de renovação do Serviço Social brasileiro, o autor observatrês direções: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção deruptura.

A direção “reatualização do conservadorismo” emerge em meados da década de 1970,com o deslocamento “perspectiva modernizadora”, face aspectos sócio-históricos e profissionaisdaquele período.

O deslocamento da perspectiva modernizadora teve como marcos os Seminários deSumaré (1978) e Alto da Boa Vista (1984), contundo sem maiores repercussões no âmbitoprofissional quando comparado a Araxá e Teresópolis.

Segundo Netto (1998), a vertente “reatualização do conservadorismo” emerge no climasociocultural que valorizam as dimensões individuais e psicológicas nas relações sociais,revigorando antigas práticas da profissão. Destaca o autor, que nessa perspectiva atentou paranúcleos que criticavam a perspectiva modernizadora, ao passo que se contrapunham aotradicionalismo, ao mesmo tempo em que distancia da tendência mais progressista e crítica queganha terreno na profissão.

Netto (1998) observa que o Seminário de Sumaré apresentou três temas básicos:Serviço Social e cientificidade; Serviço Social e fenomenologia e o Serviço Social e dialética.Em que essa direção do processo de renovação se constituiu com um debate teórico-metodológico empobrecido, ao criticar e questionar a tradição profissional com raizfuncionalista e o debate sobre o pensamento dialético, de forma eclética e vulgar.

Ainda, apresentava como característica da “reatualização do conservadorismo”: aexigência e valorização da elaboração teórica como necessidade de fundar as práticasprofissionais com enfoque na compreensão, ao passo que recusava a influência da tradiçãopositivista, com interpretação causalista da sociedade e a assepsia ideológica do conhecimento.

As representantes dessa direção, afirmar o Serviço Social posto como ajudapsicossocial, e como mencionado pelo referido autor, tem a adoção da fenomenologia comoexpressão mais proeminente da “reatualização do conservadorismo”, com tendência cristã na

1 NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social pós-64. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 1998

compreensão do homem e do mundo, pautada por uma ética cristã motivante e fenomenológicaexistencialista. Assim, Serviço Social visa o conhecimento e a um processo de “transformaçãosocial”.

Como explicita Netto (1998, p.206) “[...] se propõe a um desenvolvimento daconsciência reflexiva de pessoas a partir do movimento dialético entre o conhecimento dosujeito como ‘ser no mundo’ e o conhecimento do sujeito como ‘ser sobre o mundo’”.

Desse modo, essa direção da renovação representou o regresso ao tradicionalismo eherança conservadora; a recuperação de “valores universais” e a centralização de dinâmicasindividuais.

Nesse sentido, a alegação apresentada pela candidata em que explicitou que “solicitomudança de alternativa do gabarito preliminar para alternativa C tendo em vista que avertente de reatualização do conservadorismo buscou questionar o método psicoligizante dasrelações sociais que tinha um abordagem individualizada e responsabilizava os indivíduos porseu destino”, é improcedente conforme o estudo profícuo de Netto sobre o processo derenovação do Serviço Social brasileiro.

Ao comparar a “perspectiva modernizadora” com a “reatualização doconservadorismo”, Netto (1998, p. 207), afirmar que

[...] enquanto um dos elementos constitutivos dos avanços promovidos pelaperspectiva modernizadora consistiu precisamente em não se conformar com alimitação d âmbito profissional aos marcos da ajuda psicossocial, antes assumindo-o eo ultrapassando, ampliando-o para envolver outros níveis e instâncias das relaçõessociais (...).

Notadamente, a “perspectiva modernizadora” não se conformou com a limitaçãoprofissional ao âmbito da ajuda psicossocial, enquanto a “reatualização do conservadorismo”reentroniza ação tradicional da profissão, revalorizando aspectos da ajuda psicossocial,fundamentado pela perspectiva fenomenológica.

Numa leitura mais cuidadosa e acurada sobre o processo de renovação do ServiçoSocial brasileiro, observa-se que a alegação da requerente não é procedente, conformefundamentação teórica apresentada.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº

19 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 20 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando apresentar duas alternativas corretas, aletra C (correspondente ao gabarito preliminar) e B (justificada pela candidata como correta).

II – Decisão

A questão n.º 20 versa sobre direção “intenção de ruptura” do processo de renovação doServiço Social brasileiro, a qual foi elaborada a partir da produção de Netto1, expoente estudiosoda teoria social crítica de Marx, e ainda, da autora Josiane Soares Santos2.

No estudo sobre o processo de renovação do Serviço Social brasileiro, Netto observatrês direções: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção deruptura.

A “intenção de ruptura” buscou superar com o conservadorismo que marcavahistoricamente à profissão, emergiu na década de 1970, com maior incidência no final dareferida década. De modo geral, apresenta como características a aproximação com a tradiçãomarxista, com deslocamento da perspectiva positivista-funcionalista para crítico-dialética,amplo debate sobre o caráter político da prática profissional, com a desmistificação da pretensaneutralidade e a possibilidade do Serviço Social pôr-se a serviço das classes populares, da classetrabalhadora. Assim, a profissão assume nova direção social, política e ética, pautada na teoriasocial crítica.

Numa leitura mais cuidadosa e acurada sobre o processo de renovação do Serviço Socialbrasileiro, observa-se que a alegação da requerente não é procedente, pois conformeargumentação apresentada, afirma que a “intenção de ruptura” representou “romperdecisivamente com o conservadorismo de cunho positivista e irracionalista, isto é, ao escolheruma direção política, construída por meio de uma vontade coletiva contrária a uma perspectivaconservadora”.

Como alerta Netto (1999) a “intenção de ruptura” não implicou na superação total edecisiva do conservadorismo de cunho positivista, o que observou foi uma “ruptura” muito maisde caráter ideológico contra a ditadura e contra a lógica de exploração do capital, do queaspectos teórico-metodológicos que fundamentam a profissão.

Josiane Soares Santos (2007) afirma que determinada pela conjuntura da crise da ditaduramilitar a denominada “intenção de ruptura” refunda as bases de legitimidade do Serviço Socialjunto aos movimentos sociais. Porém, salienta que com importantes desdobramentos para oServiço Social, a “intenção de ruptura” não implicou no imediato rompimento com oconservadorismo de cunho positivista e irracionalista historicamente predominante na profissão.

1 NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social pós-64. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 19982 SANTOS, Josiane Soares. Apropriações da tradição marxista no Serviço Social. Cadernos Especiais. nº 42. 2007.

Como alerta Netto, a “intenção de ruptura” encontra-se em movimento, não sendoconcluída, pois a busca pela superação do conservadorismo é presente na dinâmica da profissãona atualidade. O exemplo desse aspecto destaca-se a tendência das análises superficiais,focalizadas, desestoricizadas e despolitizadas sobre a realidade social. Conforme defendemvários autores do Serviço Social3, é compatível com o retorno neoconservador na profissão.

Diante do exposto, das argumentações fundamentadas teoricamente, é indeferido o recursoapresentado pela candidata pela anulação da questão nº 20 da prova de conhecimentosespecíficos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

3 Conferir produções recentes de José Paulo Netto, Marilda Iamamoto, Josiane Soares Santos, Yolnada Guerra, IvaneteSiminonatto.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 21 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando apresentar duas alternativas corretas, aletra B (correspondente ao gabarito preliminar) e E (justificada pela candidata como correta).

II – Decisão

A questão n.º 21 versa sobre a interlocução do Serviço Social com a tradição marxista,como um dos desdobramentos da direção “intenção de ruptura” do processo de renovação doServiço Social brasileiro. A questão qual foi elaborada a partir da produção de Netto1, expoenteestudioso da teoria social crítica de Marx, e ainda, da autora Josiane Soares Santos2.

No estudo sobre a aproximação do Serviço Social com a tradição marxista, Netto(1998) alerta que foi atravessada por algumas particularidades, tendo como principaiscaracterísticas uma relação sensivelmente instrumental, na medida em que, extraiu apenas osconhecimentos necessários para uma compreensão ideopolítica da sociedade. O referido autormenciona que essa primeira aproximação ocorre pelo viés ideológico e político, desprovido deuma abordagem teórica da obra e significado da teoria de Marx.

Josiane Soares Santos (2007), no ensaio sobre as apropriações da tradição marxista noServiço Social, afirma que ocorreu em diferentes níveis de apropriação do marxismo pelosautores/as da denominada intenção de ruptura.

Conforme a autora, a interlocução do Serviço Social com a tradição marxista ocorreu no:- primeiro momento foi à aproximação ideológica – ocorreu no denominado momento doMovimento de Reconceituação do Serviço Social, com uma leitura predominante na militânciapolítica, com elementos ideopolíticos que permitiram aportes para a busca da ruptura. Destaca-se nesse momento o embate contra a neutralidade profissional. Como coloca a autora, privilegiao marxismo como doutrina pragmática científica, interessante naquele momento para orompimento da concepção da neutralidade técnica profissional. - segundo momento foi à apropriação epistemológica – ocorreu na década de 1980, mesmo comalgumas aproximações com a obra marxiana. Nesse momento, apresentou inequívocacentralidade na teoria em detrimento da realidade. Ou seja, como teoricismo, em que omarxismo constituía-se como modelo que se aplica na prática, com uma percepção generalizadade existir uma identidade entre teoria e prática, e esta era moldada pela teoria, como produtofinal corresponderia à teoria aplicada.

1 NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social pós-64. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 19982 SANTOS, Josiane Soares. Apropriações da tradição marxista no Serviço Social. Cadernos Especiais. nº 42. 2007.

Nos termos de Iamamoto3 (2001), isso suscitou nos profissionais assistentes sociais aconcepção de “agente de transformação social”, com uma visão heróica, ingênua daspossibilidades revolucionárias da prática da profissão.- terceiro momento foi à apropriação ontológica – meados da década de 1990, com resgate dosprincípios ontológicos do pensamento marxiano. Nesse naquele momento, coloca a sociedadecivil no centro do debate do “concreto pensado” e o compromisso com usuários/as dos serviçosna esfera propriamente profissional.

Como consta no enunciado da questão n.º 21, “A partir da corrente denominada“intenção de ruptura” tem-se a interlocução da profissão com o marxismo. Essa interlocuçãoocorreu em diferentes níveis cada vez mais complexo, sendo identificado como primeiromomento da aproximação do marxismo no Serviço Social uma apropriação”, tendo comoresposta correta a alternativa a ideológica.

Diante do exposto, das argumentações fundamentadas teoricamente, é indeferido o recursoapresentado pela candidata pela anulação da questão nº 21 da prova de conhecimentosespecíficos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

3 IAMAMOTO, Marilda Villela. Renovação e conservadorismo no Serviço Social: ensaios críticos. 11ª ed. São Paulo. Cortez. 2011.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – HistóricoA referida candidata requer a anulação da questão n.º 23 da prova de conhecimento

específico para o cargo de Assistente Social, considerando existir duas alternativas corretas, aletra A e B.

II – Decisão

A questão n.º 23 centra na discussão sobre a “questão social” na sociedade brasileira,observando a denominada fase do “milagre econômico”.

A questão foi elaborada a partir da produção de Josiane Soares Santos1, em queapresenta as particularidades da “questão social” na realidade brasileira.

A autora salienta que para entender a “questão social” deve-se considerar a exploração dotrabalho pelo capital e as lutas sociais protagonizadas pelos/as trabalhadores/as organizados/as.Concernente as particularidades capitalistas da formação social brasileira, deve-se considerar: amodernização conservadora do capitalismo brasileiro, os processos de “revolução passiva” e acentralidade da ação estatal na constituição do capitalismo brasileiro.

Na referida obra da autora, é destaco os momentos de desenvolvimento do capitalismo narealidade brasileira, sendo observado que a “industrialização pesada” no Brasil pós 1964,ocorreu num contexto internacional favorável às expansões monopolistas dos “trinta anosgloriosos” do capitalismo. Esse contexto de expansão econômica no cenário brasileiro foidenominado do “milagre econômico”, apresentando como traços mais destacados dessafase o aprofundamento da concentração de renda e das desigualdades sociais.

A candidata alega que no período referenciado na questão n.º 23 refere-se a “organizaçãoda produção de laços taylorista e fordistas que impulsionou a produção se mercado, ampliandopostos de trabalho, a expansão do pleno emprego mantendo um certo padrão salarial” , porémessa forma de organização da produção de trabalho foi experimentadas em países cêntricos docapitalismo, naqueles que experienciaram o Estado de Bem Estar. No caso brasileiro, váriosautores2 afirmar que no Brasil não se vivenciou essa lógica de intervenção estatal.

Diante do exposto, a argumentação da candidata apresenta-se improcedente, uma vezque a questão centra nas particularidades da “questão social’ no cenário brasileiro, enotadamente, sob a lógica repressora e coercitiva da ditadura militar ocorreu à mistificação do“milagre econômico brasileiro”, em que promoveu o acirramento das desigualdades sociais econcentração de renda, no momento de abertura e financiamento do Estado ao grande capitalmonopolista e intensificação da exploração da força de trabalho. Notadamente o crescimentoeconômico não foi compatível com melhoria dos indicadores sociais no país.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº23 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

1 SANTOS, Josiane Soares. “Questão social”: particularidades no Brasil. São Paulo. Cortez. 2012.2 Conferir: Elaine Behring, Ivante Boschetti, Francisco de Oliveira, Marilda Iamamoto, Ademir Silva, Josiane Soares Santos.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 24 da prova de conhecimento específicopara o cargo de Assistente Social, alegando existir mais de uma opção correta tendo em vista aelaboração da referida questão.

II – Decisão

Considerando que a questão foi embasada na obra de Iamamoto1 (2007), no capítulo emaborda o Serviço Social e as respostas político-institucionais à questão social, são salientadasestratégias de seu enfrentamento, em que têm sido tensionado por projetos político-institucionais distintos, desde o final da década de 1980.

Segundo a autora, tem-se uma tensão entre a defesa dos direitos sociais universais e amercantilização e re-filantropização do atendimento às necessidades sociais, as quais incidem eimplicam nas condições e relações de trabalho do/a assistente social.

Conforme Iamamoto (2007, p. 196), a defesa dos direitos sociais universais corresponde

O primeiro projeto, que norteia os princípios da seguridade social na CartaConstitucional de 1988, aposta no avanço da democracia, fundada na participação edo controle popular; na universalização dos direitos e, em conseqüência, da coberturae do atendimento das políticas sociais; na garantia da gratuidade no acesso aosserviços e do atendimento no acesso aos serviços; na integralidade das ações voltadasà defesa da cidadania de todos na perspectiva da igualdade. Pensar a defesa dosdireitos requer afirmar a primazia do Estado – enquanto instância fundamental à suauniversalização – na condução das políticas públicas, o respeito ao pacto federativo,estimulando a descentralização do poder e impulso ao processo de democratização daspolíticas sociais no atendimento às necessidades das maiorias. Ela implica partilha edeslocamento de poder (e dos recursos orçamentários), combinando instrumentos dedemocracia direta, o que ressalta a importância dos espaços públicos de representaçãoe negociação.

Concernente ao tensionamento do primeiro projeto tem-se a mercantilização e re-filantropização do atendimento às necessidades sociais, segundo a autora (2007, p.196),

“[...] de inspiração neoliberal, parte das políticas de ajuste recomendadas pelosorganismos internacionais, comprometidas com a lógica financeira do grande capitalinternacional, que capturam o Estado nacional num contexto de crise e de fragilizaçãodo processo de organização dos trabalhadores. Ela se materializa, a partir de meadosdos anos 90, na profunda reestruturação do aparelho de Estado, conforme diretrizesestabelecidas pelo Plano Diretor do Estado, do Ministério da Administração e daReforma do Estado (MARE) atropelando, no processo de sua regulamentação legal, asnormas constitucionais relativas aos direitos sociais, o que atinge profundamente aseguridade social. Essa regulamentação ratifica a subordinação dos direitos sociais à

1 IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital e fetiche: capital financeiro e “questão social”. São Paulo. Cortez. 2007.

lógica orçamentária, a política social à política econômica e subverte o preceitoconstitucional.

Observa-se que esse segundo projeto, ancorado na lógica neoliberal, demonstra a clara

tendência de deslocamento das ações governamentais públicas, de caráter e abrangênciauniversal no trato das necessidades sociais, em favor de sua privatização, instituindo efortalecendo critérios de seletividade e focalização no atendimento aos direitos sociais.

Ao mesmo tempo, evidencia-se o deslocamento da satisfação de necessidades socais daesfera pública para a esfera privada, da retração dos direitos sociais e nítida regressão dacidadania, concorrendo para a transferência de significativa prestação de serviços sociais aosdistintos segmentos da sociedade civil.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata, uma vez quediante das alternativas postas na questão n.º 24, a que contempla a ideia da mencionada autora éa o item que expressa o projeto norteado pelos princípios da Seguridade Social, expresso naConstituição Brasileira de 1988 e o projeto norteado pelo neoliberal, subordinando osdireitos e políticas sociais ao econômico.

A referida candidata alega que “além disso a letra C e a letra D contem o mesmoconteúdo, e o mesmo sentido, mudando apenas as palavras, pois as duas podem serconsideradas iguais em sentido”, porém é necessário ponderar que:- “o projeto norteado pelos princípios da defesa de direitos e o projeto de financerização daeconomia com privatização das politicas sociais, sob a lógica mercadológica da vida social”,não é claro e explícito em concepção de defesa de direitos se norteiam, são direitos sociaisuniversais ou da retórica dos direitos de consumidor, portanto, a alternativa está incompleta,insuficiente para contemplar a ideia da autora;- “o projeto norteados pelo princípio da equidade e justiça social e o projeto dafinanceirização das políticas”, alternativa insuficiente para atender a questão, uma vez que oprojeto o primeiro projeto não está norteado apenas pela equidade e justiça social, mas pelademocracia, participação e cidadania, e o segundo não restringe apenas a financeirização daspolíticas, considerando que em relação as políticas sociais, só atende a lógica da financeirizaçãoaquelas que são lucrativas, e as que não são, tornam-se alvo da filantropia.

Ressalta-se que o projeto norteado pela pragmática neoliberal não subordina apenas alógica dos direitos sociais e mercatilização das políticas sociais à rentabilidade, mas tambémrecrudesce a concepção da filantropia, do não direito e da regressão da cidadania, daparticipação e da democracia, e ainda, a lógica da seletividade e focalização das políticas eserviços sociais.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº

24 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação do gabarito questão n.º 25 da prova deconhecimento específico para o cargo de Assistente Social, alegando está errada.

II – Decisão

Considerando que a questão foi embasada no texto de Pontes1 (2007), a partir da décadade 1980, categoria medição à luz da perspectiva marxista, passou a ser objeto de reflexão.

Nesse sentido, destaca o estudo de Iamamoto e Carvalho2 (2010, p. 70) no estudo sobreo Serviço Social, promove o desvendamento do significado sócio-histórico da profissão, com“[...] apreensão do movimento contraditório da totalidade concreta, (...) ressaltando asmediações e as determinações do processo social na sua totalidade”. A importância maior da utilização da categoria mediação no Serviço Social, refere-se adistinção que confere ao trabalho do profissional, na perspectiva do projeto teórico-metodológico e ético político, pautado no arcabouço crítico marxismo, assumido a partir dadécada de 1980. Nesse sentido, destaca que a categoria mediação é central na intervençãoprofissional, pois conforme Pontes (2007), a utilização da categoria mediação implica aapreensão crítica das múltiplas mediações da realidade objeto de estudo e de intervenção. Ouseja, a alternativa corresponde à letra C da questão n.º 25.

A candidata expõe “a alternativa b está errada por que a mediação não e umacategoria exclusiva para apreensão do real, como também e uma categoria teórica emetodológica”, não sendo explicitada a alegação para anulação ou alteração do gabarito daquestão n.º 25, com ausência de fundamentação teórica na sua justificativa.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata, pois a alternativa corretacorresponde ao item que consta implica a apreensão crítica das múltiplas mediações darealidade objeto de estudo e de intervenção profissional, a qual não foi mencionada pelarequerente.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

1 PONTES, Reinaldo Nobre. Mediação e Serviço Social. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.2 IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação

histórico-metodológica. 42ª ed. São Paulo. Cortez. 2010

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração da alternativa D para A do gabarito da questãon.º 26 da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social.

II – Decisão

Considerando que a questão foi embasada no texto de Pontes1 (2007), a partir dadécada de 1980, categoria medição à luz da perspectiva marxista, passou a ser objeto dereflexão.

Nesse sentido, destaca o estudo de Iamamoto e Carvalho2 (2010, p. 70) no estudo sobreo Serviço Social, promove o desvendamento do significado sócio-histórico da profissão, com“[...] apreensão do movimento contraditório da totalidade concreta, (...) ressaltando asmediações e as determinações do processo social na sua totalidade”.

A importância maior da utilização da categoria mediação no Serviço Social refere-se àdistinção que confere ao trabalho do profissional, na perspectiva do projeto teórico-metodológico e ético político, pautado no arcabouço crítico marxismo, assumido a partir dadécada de 1980. Conforme Pontes (2007) a categoria mediação assume papel central no métododialético, ou seja, é uma das categorias centrais da dialética.

Baseado no referido autor, a mediação é constituída historicamente, podendo sercompreendida como a relação reflexiva entre os processos sociais, da determinação maissimples da categoria se prende a ultrapassagem da imediaticidade, do nível da aparência, emface da totalidade concreta permite apreender os fenômenos no real.

Segundo Pontes (2007), a partir da teoria social marxiana, a mediação se manifesta comocategoria que compõe o ser social, quanto na construção da razão ou construto lógico quepossibilita apreender o movimento do objeto. Ou seja, viabiliza uma penetração no modo de serdo objeto, dos complexos da realidade social, da dinâmica da totalidade concreta

Nessa perspectiva, a mediação se apresenta como uma categoria ontológica – porque estápresente em qualquer realidade independente do conhecimento do sujeito, e reflexiva – porque arazão, para ultrapassar o plano da imediaticidade (aparência) em busca da essência, precisaconstruir intelectualmente mediações para reconstruir o próprio movimento do objeto.

Desse modo, entende-se que

[...] a mediação aparece como complexo categorial com alto poder de dinamismo earticulação. É responsável pelas moventes relações que se operam no interior de cadacomplexo relativamente total e das articulações entre várias estruturas sócio-históricas. Enfim, a esta categoria tributa-se a possibilidade de trabalhar naperspectiva da totalidade. (PONTES, 2007, p.81)

1 PONTES, Reinaldo Nobre. Mediação e Serviço Social. 4ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.2 IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação

histórico-metodológica. 42ª ed. São Paulo. Cortez. 2010

A referida candidata alega que “segundo Pontes (1997) é preciso desfazer técnicas eprocedimentos preestabelecidos que funcionam como ações imediatistas, pois sem reflexãocrítica e histórica como se refere Pontes é despido de mediações”, contudo não realizou umaanálise mais aprofundada acerca da tese defendida pelo mencionado autor, conforme descrita efundamentada acima.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela alteração da alternativaD para A da questão nº 26 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social,Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração da alternativa da letra C para B do gabarito preliminar daquestão n.º 27 da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social, alegandoestar de “de acordo com o Código de Ética da profissão em seu artigo 2º somente poderãoexercer a profissão se assistentes sociais os profissionais de diploma de curso superiorexpedidos por estabelecimentos de ensino superior devidamente registrado no órgãocompetente”.

II – Decisão

Considerando que a questão n.º 27 foi baseada na Lei n.º 8.662/1993 que regulamenta aprofissão de assistente social. Na referida lei, o art. 2º trata de quem poderá exercer a profissãode Assistente Social:

Art. 2º Somente poderão exercer a profissão de Assistente Social: I - Os possuidores de diploma em curso de graduação em Serviço Social, oficialmentereconhecido, expedido por estabelecimento de ensino superior existente no País,devidamente registrado no órgão competente;II - os possuidores de diploma de curso superior em Serviço Social, em nível degraduação ou equivalente, expedido por estabelecimento de ensino sediado em paísesestrangeiros, conveniado ou não com o governo brasileiro, desde que devidamenterevalidado e registrado em órgão competente no Brasil; III - os agentes sociais, qualquer que seja sua denominação com funções nos váriosórgãos públicos, segundo o disposto no art. 14 e seu parágrafo único da Lei nº 1.889,de 13 de junho de 1953.Parágrafo único. O exercício da profissão de Assistente Social requer prévio registronos Conselhos Regionais que tenham jurisdição sobre a área de atuação dointeressado nos termos desta lei.

Diante do estabelecido no artigo acima, das opções das alternativas de respostas daquestão n.º 27, foram:

A) Os possuidores de diploma, oficialmente expedido por estabelecimento de ensino superior.B) Os possuidores de diploma em curso de graduação em Serviço Social, expedido por

estabelecimento de ensino superior no país. C) Os agentes sociais, qualquer que seja sua denominação com função nos vários órgãos públicos,

segundo o disposto no art. 14 e seu parágrafo único na Lei nº 1.889 de junho de 1953.D) Os possuidores de diploma de curso superior em Serviço Social, em nível de graduação,

expedido por estabelecimento de ensino sediado em países estrangeiros, conveniados ou nãocom o governo brasileiro.

E) Os possuidores de diploma, em curso de graduação em Serviço Social, oficialmentereconhecido, expedido por estabelecimento de ensino superior no país, para tanto é facultado oregistro nos Conselhos Regionais de Serviço Social.

Assim, a resposta correta corresponde à alternativa “Os agentes sociais, qualquer que sejasua denominação com função nos vários órgãos públicos, segundo o disposto no art. 14 e seuparágrafo único na Lei nº 1.889 de junho de 1953”, expresso na letra C. A referida candidata no recurso apresentado justifica a solicitação da “mudança de

gabarito, logo que de acorde com o Código de Ética da profissão em seu artigo 2º somentepoderão exercer a profissão se assistentes sociais os profissionais de diploma de curso superiorexpedidos por estabelecimentos de ensino superior devidamente registrado no órgãocompetente. Dessa maneira solicito mudança de alternativa de gabarito preliminar para letraB”.

Com base no Código de Ética Profissional em vigor, o art. 2º contempla os direitos do/a assistente social, conforme descrito a seguir,

Art. 2º Constituem direitos do/a assistente social:a- garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, estabelecidas na Lei deRegulamentação da Profissão e dos princípios firmados neste Código;b- livre exercício das atividades inerentes à Profissão;c- participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais, e na formulação eimplementação de programas sociais;d- inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação,garantindo o sigilo profissional; e- desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional;f- aprimoramento profissional de forma contínua, colocando-o a serviço dosprincípios deste Código; g- pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobretudo quando se tratar deassuntos de interesse da população;h- ampla autonomia no exercício da Profissão, não sendo obrigado a prestar serviçosprofissionaisincompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções;i- liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, resguardados os direitos departicipação de indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos.

Nesse sentido, a solicitação para mudança de gabarito não está fundamentada de acordoque foi abordado na questão n.º 27 da prova de conhecimento específico para o cargo deassistente social, uma vez que trata da Lei n.º 8.662/93 que regulamenta a profissão e não doCódigo de Ética Profissional.

Diante do exposto, considerando-se improcedente a alegação da candidata e dainconsistência e equívoco na argumentação para alteração de gabarito, a partir dafundamentação teórica acima justificada.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela alteração da alternativada questão nº 27 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, EditalUFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 29 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, alegando existir duplicidade de resposta correta.

II – Decisão

A questão n.º 29 versa sobre as penalidades decorrentes das infrações ao Código deÉtica Profissional.

Concernente às penalidades é estabelecido pelo Código de Ética ProfissionalArt. 23 As infrações a este Código acarretarão penalidades, desde a multa à cassação doexercício profissional, na forma dos dispositivos legais e/ ou regimentais.Art. 24 As penalidades aplicáveis são as seguintes: a- multa;b- advertência reservada;c- advertência pública;d- suspensão do exercício profissional;e- cassação do registro profissional.Parágrafo único Serão eliminados/as dos quadros dos CRESS aqueles/as que fizerem falsaprova dos requisitos exigidos nos Conselhos.

Portanto, é deferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº29 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.Questão ANULADA.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração do gabarito da letra C para a D da questão n.º 14da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social, alegando que a respostacorreta remete-se que a base material que se movimenta a profissão é a “questão social”.

II – Decisão

Considerando que a questão foi embasada em textos de autores do Serviço Social daperspectiva da teoria social crítica na abordagem da emergência e do desenvolvimentosóciohistórico da profissão, permite entender as mediações necessárias para o significado socialda profissão e o exercício profissional no marco da sociedade capitalista a partir do denominadoestágio monopolista.

Conforme a questão e o gabarito preliminar apresentado, a partir das produções teórico-críticas da profissão, apontam que uma das características do exercício profissional dos/asassistentes sociais, com possibilidades de atuação e inserção em diversas áreas relaciona como aforma de o Estado organizar as respostas às expressões da “questão social” via políticas sociais.

Netto1 (2001) ressalta que o Estado, na fase do capitalismo monopolista, realizarefrações da “questão social” na forma de intervenção e enfrentamento via políticas e serviçossociais diferenciados. Essa característica permite uma diversidade de políticas e ações notocante ao enfrentamento das expressões da “questão social”.

O autor destaca a uma conexão genética do Serviço Social com as particularidades da“questão social” na sociedade burguesa madura, na expansão monopolista, pois naquelecontexto o Estado, capturado pela lógica monopolista, intervém na vida econômica, com fusãoentre as fusões econômicas e políticas.

Acrescenta que o Estado desenvolve e centraliza política sócioassistencial, comprestação de serviços sociais, criando bases sociais para o mercado de trabalho para o/aassistente social, que é um trabalhador/a assalariado/a.

Considera-se que a emergência do Serviço Social está inserida na sociedade capitalista,no seu estágio consolidado de expansão dos monopólios, relacionada diretamente ao momentoem que o Estado burguês enfrenta a “questão social”, expressa através das políticas sociais, e asquais se configuram como base institucional da ação profissional.

Conforme coloca Ortiz (2010, 128),

“[...] 0bserva-se que a constituição de um determinado espaço sócio-ocupacional parao assistente social vincula-se a uma das estratégias utilizadas pelo capitalismo

1 NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo. Cortez. 2001.

monopolista para minimizar a tendência de crises cíclicas, as quais tiveram no Estado,principal aliado. É, portanto, no interior das políticas sociais públicas – uma dasmodalidades privilegiadas de enfrentamento das sequelas da “questão social” – que serequisita tecnicamente esse tipo de profissional”.

Entende-se que essas características influenciam para que a profissão tenha umadiversidade de “objeto” e espaços de atuação e intervenção, tendo em vista às múltiplasexpressões decorrentes do conflito capital e trabalho e na forma de enfrentamento via políticassociais, setorializadas, fragmentadas.

Para formulação da questão n.º 31, baseou-se na perspectiva da autora Guerra2(2007), quedefende que compreender o Serviço Social na divisão social e técnica do trabalho deve-seconsiderar que sua institucionalização ocorre na esteira da racionalização do Estado burguês,com enfrentamento sistemático e refratário nas expressões da “questão social”. Ressalta ainda,sua relação com o desenvolvimento das forças produtivas e influência que exerce sobre afuncionalidade da profissão; o caráter contraditório da profissão que emerge com o Estado e temsua vinculação com a classe que “visava” controlar, e por fim, a profissão atua no espaço dareprodução social.

Desse modo, Guerra (2000) destaca que as políticas sociais (públicas e privadas) não sãoapenas espaço de inserção profissional, mas, sobretudo, “enquanto determinação, ordenamento,prescrição das formas de intervenção”, uma vez que são entendidas simultaneamente comosuporte material e ordenamento da intervenção profissional.

Pelo exposto acima, apresenta improcedente a alegação da candidata, uma vez que o foco daquestão centra na base material sob a qual o/a profissional se movimenta, e ao mesmo tempo emque atribui contornos e conformação da intervenção profissional, são as políticas sociais.

Como destaca Iamamoto3 (2007, p.197),

A profissionalização do Serviço Social pressupõe a expansão da produção e derelações sociais capitalistas, impulsionadas pela industrialização e urbanização, quetrazem, no seu verso, a questão social. O Estado amplia-se, nos termos de Gramsci, epassa a administrar e gerir o conflito de classe não apenas via coerção, mas buscandoconstruir consenso favorável ao funcionamento da sociedade no enfrentamento daquestão social.

Assim, a “questão social” por si só não representa a emergência da profissão, mas a partirdo enfrentamento e respostas do Estado efetuadas às expressões da “questão social” via políticassociais cria condições para necessidade de várias profissões, dentre elas a do Serviço Social.

Por fim, como aponta Guerra (2000) o trabalho profissional é concretizado nas relações ecircunstâncias históricas-sociais que o determinam e configuram socialmente, e ainda, asinstituições, espaços sócio-ocupacionais,organizam e moldam a inserção e ações dos/asprofissionais (através dos seus programas e dirigentes).

Diante do exposto, a alegação da candidata é improcedente, considerando o arcabouçoteórico que subsidiaram a construção da questão.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela alteração do gabarito daalternativa C para a D da questão nº 31 da prova de conhecimentos específicos do cargo deAssistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

2 GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do Serviço Social. 6ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.3 IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital e fetiche: capital financeiro e “questão social”. São Paulo. Cortez. 2007

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Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 32 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, por apresentar duas assertivas corretas,demonstrando dubiedade.

II – Decisão

A questão n.º 32 versa trata da questão do exercício profissional, ao discutir sobre comose expressam as ações profissionais, além das dimensões teórico-metodológicas, ético-políticase técnico-operativas que constituem o exercício profissional.

A construção da questão foi parametrada a partir do referencial teórico-crítico noâmbito da profissão.

Guerra1 (2009) já aponta como dimensões do exercício profissional: teórico-metodológico, ético-política, técnico-operativa e investigativa.

O aspecto propositivo, criativo e comprometido é importante para o processo deintervenção profissional, contundo, a partir das produções críticas no âmbito do Serviço Socialtem se destacado outros elementos que expressam diretamente as ações profissionais.

Nesse sentido, destaca que as ações profissionais, segundo Trindade2 (2012), as açõesprofissionais remetem as atribuições que viabilizam as resposta dos profissionais às requisiçõescolocadas pelas demandas institucionais, como parte da prestação de serviços sociais.

Desse modo, pautado no pensamento de Mônica Santos3 o exercício profissional constitui-se de uma totalidade, formada pelas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, em que as expressões do exercício profissional se materializam de forma interventiva,investigativa e formativa.

A expressão interventiva remete-se a capacidade da profissão de intervir no processo dereprodução das relações sociais. A investigativa é necessária para apreender a realidade social,as demandas sociais e institucionais, decifrando a realidade em que se insere a profissão. Aformativa remonta a necessidade constante do processo de formação profissional, de articulaçãocom as novas demandas postas à profissão, das alterações e reconfigurações das políticas sociaise do arcabouço lega, dos debates que permeiam a categoria profissional.

Considerando o referencial teórico acima mencionado, é indeferido o recursoapresentado pela candidata pela anulação da questão nº 32 da prova de conhecimentosespecíficos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

1 GUERRA, Yolanda Guerra. A dimensão investigativa do assistente social. In: CFESS. Serviço Social: direitos sociais ecompetências profissionais. Brasília. CFESS/ABEPSS. 20092 TRINDADE, Rosa Lúcia Prédes. Ações profissionais, procedimentos e instrumentos no trabalho dos assistentes sociais naspolíticas sociais. In: In: SANTOS, Claúdia Mônica dos; BACHX, Sheila; GUERRA, Yolanda (orgs). A dimensão técnico-operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. Juiz de Fora. Editora UFJF. 2012. 3 SANTOS, Claúdia Mônica dos; SOUZA FILHO, Rodrigo; BACHX, Sheila. A dimensão técnico-operativa do Serviço Social:questões para reflexão. In: SANTOS, Claúdia Mônica dos; BACHX, Sheila; GUERRA, Yolanda (orgs). A dimensão técnico-operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. Juiz de Fora. Editora UFJF. 2012

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Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 35 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, por apresentar duas assertivas corretas.

II – Decisão

A questão n.º 35 trata sobre uma das principais tarefas e desafios postos ao ServiçoSocial na atual conjuntura, atrelada as tendências de transformações societárias desencadeadasnas últimas décadas do século XX. Esse quesito foi elaborado a partir da discussão apresentadapor autores referenciados na profissão, com ressalva ao ensaio de Mota e Amaral1(2006). Asautoras enfocam que na atual conjuntura, uma das principais tarefas e desafios postos ao ServiçoSocial é identificar o conjunto das necessidades políticas, sociais, materiais e culturais, docapital e do trabalho.

É importante salientar que ao discutir os desafios sobre o mercado de trabalhoprofissional e os desafios que são postos ao Serviço Social, é indispensável situar a perspectivadialética, pois não se pode centrar unicamente na identificação da lógica do capital, de suasnecessidades de reconfigurações, pois reduz substantivamente a apreensão da realidade e atotalidade da vida social, na medida em que não privilegia a identificação das necessidadespolíticas, econômica, social, material, cultural e ideológica do trabalho, ou seja, da classetrabalhadora.

A candidata requer a anulação da questão n.º 35 argumentando que a alternativa C estácorreta, pois é desafio “identificar o conjunto das necessidades políticas e sociais do trabalho eo ônus que recai sobre a classe trabalhadora, no contexto de crise do capital”.

Essa alternativa não está correta por que apontar que o desafio para o Serviço Social é“identificar o conjunto das necessidades políticas e sociais do trabalho e o ônus que recai sobrea classe trabalhadora, no contexto de crise do capital” limita a discussão que permeia oexercício profissional, bem como, as produções teóricas da categoria.

Destaca-se que não tem como se analisar e decifrar o conjunto das necessidadespolíticas e sociais do trabalho e o ônus que recai, sem correlacionar com lógica de acumulaçãodo capital, do estágio de desenvolvimento desse modo de produção historicamente determinado.Também, é necessário considerar que as análises são se restringem a momentos de crises docapital, sendo imprescindível promover uma compreensão da dinâmica do trabalho e dasnecessidades da classe trabalhadora em períodos de crescimento econômico.

Diante do exposto, torna-se improcedente a solicitação da candidata. Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº

35 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

1 MOTA, Ana Elizabete; AMARAL, Angela Santana do. Reestruturação do capital, fragmentação do trabalho e Serviço Social. In:MOTA, Ana Elizabete (org). A nova fábrica de consensos: ensaios sobre a reestruturação empresarial, o trabalho e as demandas aoServiço Social. 3ª ed. São Paulo. Cortez. 2006. p. 23 a 44.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração da A para B da questão n.º 36 da prova deconhecimento específico para o cargo de Assistente Social.

II – Decisão

A questão n.º 36 contempla a discussão sobre o que as políticas sociais representampara a profissão.

Para compreender a política social é fundamental considerar sua complexidade econtradição no ordenamento da sociabilidade burguesa. Ao mesmo tempo, deve-seconsiderar que a emergência do Serviço Social está inserida na sociedade capitalista, no seuestágio consolidado de expansão dos monopólios, relacionada diretamente ao momento em queo Estado burguês enfrenta a “questão social”, expressa através das políticas sociais, e estas seconfiguram como base institucional da ação profissional.

Netto1 (2001) menciona que o Estado ao desenvolver e centralizas políticasócioassistencial, com prestação de serviços sociais, cria bases sociais para o mercado detrabalho para o/a assistente social, que é um trabalhador/a assalariado/a. Considera-se que aemergência do Serviço Social está inserida na sociedade capitalista, no seu estágio consolidadode expansão dos monopólios, relacionada diretamente ao momento em que o Estado burguêsenfrenta a “questão social”, expressa através das políticas sociais, e estas se configuram comobase institucional da ação profissional.

Guerra2(2007), que defende que compreender o Serviço Social na divisão social etécnica do trabalho deve-se considerar que sua institucionalização ocorre na esteira daracionalização do Estado burguês, com enfrentamento sistemático e refratário nas expressões da“questão social”. Salienta a autora, que as políticas sociais (públicas e privadas) não são apenasespaço de inserção profissional, mas, sobretudo, “enquanto determinação, ordenamento,prescrição das formas de intervenção”, uma vez que são entendidas simultaneamente comosuporte material e ordenamento da intervenção profissional.

Com base nessa discussão, a assertiva correta é que as políticas sociais representampara os/as assistentes sociais espaços de intervenção e exercício profissional.

A referida candidata justifica que as “políticas sociais representam o espaçoprivilegiado do planejamento e execução de ações profissionais”.

É necessário ponderar que o planejamento e execução de ações profissionais do/aassistente social não é restrita ao âmbito das políticas sociais, sendo adotadas em outras esferasde atuação que não seja diretamente ligada as diversas políticas sociais, a exemplo dasconsultorias, assessorias e realização de estudos, laudos e pareceres sociais requisitados porescritórios/empresas.

1 NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo. Cortez. 2001.2 GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do Serviço Social. 6ª ed. São Paulo. Cortez. 2007.

Ainda, a candidata alega que conforme “Iamamoto no texto sobre espaços socio-ocupacionais, tópico 1, argumenta: Assim, assistente social no Brasil é majoritariamente umfuncionário público, que atua predominantemente na formulação, planejamento e execução depolíticas sociais com destaque às políticas de saúde, assistência social, educação, habitação,entre outras”.

No texto citado pela candidata, a autora Iamamoto3, evidencia esse dado para tratar docaráter peculiar do Serviço Social como profissão liberal no Brasil e, ainda, demonstra a esferade maior “empregabilidade” dos/as assistentes sociais, com destaque ao processo demunicipalização e descentralização das políticas sociais pós Constituição de 1998.

Em tempo, vale ressaltar que a formulação, planejamento e execução de políticassociais também são presentes nas ações profissionais dos/as assistentes sociais que estãoinseridos em instituições privadas com fins lucrativos e nas organizações sem fins lucrativos,como referenciados em alguns estudos·.

Considerando o referencial teórico acima mencionado, é indeferido o recursoapresentado pela candidata pela alteração da alternativa A para B da questão nº 36 da prova deconhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

3 IAMAMOTO, Marilda Villela. Os espaços sócio-ocupacionais do assistente social. In: CFESS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília. CFESS/ABEPSS. 2009.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação da questão n.º 38 da prova de conhecimento específicopara o cargo de Assistente Social, por apresentar duas assertivas corretas.

II – Decisão

Considerando que a questão n.º 38 foi baseada na Política Nacional de Estágio em Serviço Social(PNE) da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), no que trata dasatribuições do/a supervisor/a de campo.

Como elucidado na questão, a indissociabilidade entre estágio e supervisão e as atribuições dossujeitos envolvidos nesse processo – supervisor/a acadêmico, supervisor/a de campo e estagiário/a – sãoexplicitadas na PNE. Ainda, a referida política vislumbra que a materialização do estágio curricularsupervisionado deve ocorrer em consonância como os princípios ético-políticos do projeto profissional doServiço Social brasileiro

A concepção de estágio defendida na PNE é,

O estágio supervisionado curricular, nas modalidades obrigatório e não-obrigatório, é umprocesso didático-pedagógico que se consubstancia pela “indissociabilidade entre estágio esupervisão acadêmica e profissional” (ABESS-CEDEPSS,1997, p.62), um dos princípios dasdiretrizes curriculares para o curso de Serviço Social. Caracteriza-se pela atividade teórico-prática, efetivada por meio da inserção do(a) estudante nos espaços sócio-institucionais nos quaistrabalham os(as) assistentes sociais, capacitando-o(a) nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa para o exercício profissional

Na perspectiva da PNE o processo de supervisão de estágio realizado conjuntamente pelo/asupervisor/a acadêmico/a e de campo, requerendo encontros periódicos para acompanhamento doprocesso do estágio, do ensino prático que constitui a formação profissional.

A PNE orienta as atribuições do/a supervisor de campo, supervisor/a acadêmica/a e dos/asestágios. No tocante as atribuições do/a supervisor de campo elenca as principais atribuições:

1 Comunicar à coordenação de estágio da UFA o número de vagas por semestre e definir,em consonância com o calendário acadêmico e conjuntamente com a coordenação deestágio, o início das atividades de estágio do respectivo período, a inserção do estudanteno campo de estágio e o número de estagiários por supervisor de campo, emconformidade com a legislação vigente; 2 Elaborar e encaminhar à coordenação de estágios do Curso de Serviço Social da UFA oPlano de trabalho do Serviço Social com sua proposta de supervisão e o respectivocronograma de realização desta atividade; 3 Certificar se o campo de estágio está na área do Serviço Social, em conformidade àscompetências e atribuições específicas, previstas nos artigos 4º e 5º da Lei 8.662/1993,objetivando a garantia das condições necessárias para o que exercício profissional sejadesempenhado com qualidade e competência técnica e ética, requisitos fundamentais aoprocesso de formação do estagiário; 4 Oportunizar condições institucionais para o desenvolvimento das competências ehabilidades do(a) estagiário(a), assumindo a responsabilidade direta das açõesdesenvolvidas pelo Serviço Social na instituição conveniada; 5 Disponibilizar ao(à) estagiário(a) a documentação institucional e de temáticasespecíficas referentes ao campo de estagio;

6 Participar efetivamente na elaboração do plano de estágio dos supervisionados, deacordo com o projeto pedagógico do curso, em parceria com o(a) supervisor(a)acadêmico(a), e manter cópia do referido documento no local de estágio; 7 Realizar encontros sistemáticos, com periodicidade definida (semanal ouquinzenalmente), individuais e/ou grupais com os(as) estagiários(as), paraacompanhamento das atividades de estágio e discussão do processo de formaçãoprofissional e seus desdobramentos, bem como de estratégias pertinentes aoenfrentamento das questões inerentes ao cotidiano profissional; 8 Participar efetivamente do processo de avaliação continuada do estagiário, juntamente,com o supervisor acadêmico; quando da avaliação semestral, emitir parecer e nota deacordo com instrumental qualitativo, construído pelo coletivo dos sujeitos e fornecidopela coordenação de estágio da UFA; 9 Participar das reuniões, encontros de monitoramento, avaliação e atualização,seminários, fóruns de supervisores e demais atividades promovidas pela Coordenação deEstágios da UFA, para o devido estabelecimento da unidade imprescindível ao processopedagógico inerente ao estágio supervisionado; 10 Encaminhar as sugestões e dificuldades à coordenação de estágios da UFA e contatarcom os supervisores acadêmicos, Coordenador(a) de Estágios ou Coordenador(a) deCurso quando julgar necessário; 11 Manter o controle atualizado da folha de frequência do estagiário, observando acarga horária exigida no respectivo nível de estágio e atestando o número de horasrealizado pelo estagiário; 12 Atender às exigências de documentação e avaliação solicitadas pela Coordenação deEstagio da UFA; 13 Decidir, juntamente com a Coordenação de Estágios e supervisão acadêmica, sobre oscasos de desligamento de estagiários; 14 Avaliar a pertinência de abertura e encerramento do campo de estágio.

Explicitada todas as atribuições do/a supervisor/a de campo, a alternativa correta que correspondeà questão n.º 38 é o manter o controle atualizado da folha de frequência do/a estagiário/a, observando acarga horária exigida no respectivo nível de estágio e atestando o número de horas realizado peloestagiário.

A candidata justifica que o item C está correto, pois seria atribuição do “orientar o/a estagiário/ana elaboração do Plano de Estágio, de acordo como os objetivos acadêmicos e em consonância com oprojeto pedagógico e as demandas específicas do campo de estágio”.

Ao realizar uma leitura da PNE, vislumbra que a atribuição de orientar o/a estagiário/a naelaboração do Plano de Estágio, é do supervisor/a acadêmico/a, sendo a elaboração realizada de formaconjunta com o/a supervisor/a de campo.

Como orienta a PNE, cabe ao supervisor/a de campo, “Participar efetivamente na elaboração doplano de estágio dos supervisionados, de acordo com o projeto pedagógico do curso, em parceria como(a) supervisor(a) acadêmico(a), e manter cópia do referido documento no local de estágio”.

Diante do exposto, considerando-se improcedente a alegação da candidata e da inconsistência eequívoco na argumentação para anulação da questão, conforme fundamentação teórica acima apresentada.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela anulação da questão nº 38 daprova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração da alternativa E para B da questão n.º 43 da prova deconhecimento específico para o cargo de Assistente Social.

II – Decisão

Considerando que a questão n.º 43 foi baseada na coletânea1 que discute os direitos humanos e oServiço Social. A partir dessa referência, aponta que um dos desafios que na atualidade vem sendocolocada a profissão no que concerne ao debate dos direitos humanos é superar a visão que associadireitos humanos naturalmente a concepção liberal e os esvazia de ser conteúdo de classe.

Notadamente, observa-se que a discussão que permeia o discurso dos direitos humanos,frequentemente remonta a concepção liberal dos direitos, distanciando da concepção de que todos osdireitos historicamente conquistados decorrem de lutas e movimentos sociais que explicitam confronto deinteresses de classes, de projetos societários que se defende.

A candidata alega que a questão B seria a correta, uma vez que no enunciado trata de um desafionão exclusivo da profissão. Ao especificar que não se trata de um desafio exclusivo da profissão, pretendedemonstrar que essa apreensão da concepção dos direitos humanos não é restrita no âmbito do ServiçoSocial, mas abrange outras áreas da produção do conhecimento, das ciências sociais entre outras áreas doconhecimento. Recorrentemente, os direitos humanos são desvinculados das lutas de classes.

Diante do exposto, considerando-se improcedente a alegação da candidata e da inconsistência eequívoco na argumentação para anulação da questão, conforme fundamentação teórica acima apresentada.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata pela alteração da alternativa daquestão nº 43 da prova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

1 FORTI, Valéria; BRITES, Cristina. Direitos Humanos e Serviço Social: polêmicas, debates e embates. Rio de Janeiro. Lumen Juris. 2011.

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração da alternativa A para D da questão n.º 45 daprova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social.

II – Decisão

A questão n.º 47 versa sobre as reconfigurações das universidades sob a reforma doEstado, explicitando a visão da universidade funcional com foco em resultados, com destaqueos reflexos no ensino superior. Nesse contexto, o estímulo mais notório ao ensino superior e auniversidade é lógica mercantil e empresarial, favorecendo a sua privatização.

Discutir os desafios contemporâneos da universidade pública em tempos da pragmáticaneoliberal torna-se indispensável para aqueles que se inserem no espaço acadêmico, sejadocentes, técnicos administrativos e discentes.

Segundo Pereira1(2009), no atual quadro de acumulação do capital constata-se aabertura da educação superior como amplo e lucrativo campo de exploração de grandes gruposempresariais.

Essa lógica recrudesce a lógica mercadológica da educação, com novo significado esentido ao ensino superior, restringindo geralmente, a formação de força de trabalho para omercado de trabalho, dissociando da dimensão da pesquisa, investigação e produção doconhecimento que não se limite aos interesses da rentabilidade do capital.

Nesse contexto da tendência dos preceitos neoliberais na política educacional, o foco naautonomia das universidades federais aponta como característica a autonomia gerencial efinanceira, como aponta Iamamoto (2007, p. 448)2,

A autonomia das universidades federais proposta pelo MEC orienta-se no sentido dereduzir a participação financeira do Estado na manutenção da universidade pública, afavor de sua crescente privatização, através de mecanismos que corroem, por dentro, asua natureza pública. A autonomia é pensada, restritivamente enquanto autonomiagerencial e financeira.

Chauí (2001) aponta diferentemente de outros momentos históricos a tendência dauniversidade contemporânea, tem o avanço do processo de mercantilização e subordinaçãoao modelo gerencial no capitalismo. Segundo a autora, a universidade operacional na décadade 1990, difere-se das formas anteriores: da universidade clássica (voltada para oconhecimento), da universidade funcional (diretamente voltada para o mercado de trabalho) eda universidade de resultados (voltada para as empresas). Prossegue a autora, que auniversidade operacional, volta-se para si mesma como estrutura de gestão e de arbitragem decontratos.

1 PEREIRA, Larissa Dahmer. Mercantilização do ensino superior, educação à distância e Serviço Social. Revista Katálysis. Jul./dez.2009. 2 IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital e fetiche: capital financeiro e “questão social”. São Paulo.Cortez. 2007

Concernente a discussão da “democratização” do acesso educação, Lima3(2006) apontaque na área de educação, o Governo Lula implementou a mesma pauta apresentada pelo BM eFMI ao longo da década de 1990, presente no governo de Fernando Henrique Cardoso.Presenciando essa tendência no governo Dilma Rousseff.

De modo geral, a autora, apresenta que a pauta se sustentava com: mínimo investimentono combate ao analfabetismo e no financiamento da educação fundamental e do ensino médio;diversificação das fontes de financiamento da educação superior e abertura do setoreducacional, sobretudo, da educação superior, para as empresas e grupos estrangeiros, comopossibilidade de investimento através da educação superior à distância.

Esses elementos se apresentam como a proposta de Reforma da Educação Superior doGoverno Lula, que sob a retórica da “democratização” da educação, encobre a estratégia deprivatização das instituições públicas de ensino superior.

Ressalta-se que o Programa Universidade para todos (PROUNI) representa a transferênciadireta de recursos públicos para a esfera privada. Isso implica na concessão de bolsa de estudospara estudantes se inserirem em instituições privadas de ensino superior.

Diante do exposto, a alegação da candidata é improcedente, considerando o arcabouçoteórico que subsidiou a construção da questão, que parte de abordagem teórico-crítica acerca dodiscurso da “democratização” do ensino e da reconfiguração da política educacional no atualcontexto de acumulação flexível do capital, que repercute decisivamente na dinâmica dos paísesperiféricos do capitalismo.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata referente à questão nº 47 daprova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

3 Reforma da Educação Superior e Educação à Distância: democratização do acesso ou subordinação das instituições públicas deensino superior à ordem do capital? In Cadernos Especiais, n. 33. 2006. Disponível emhttp://www.assistentesocial.com.br/cadespecial33.pdf

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a alteração da alternativa A para D da questão n.º 47 daprova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social.

II – Decisão

A questão n.º 47 versa sobre as reconfigurações das universidades sob a reforma doEstado, explicitando a visão da universidade funcional com foco em resultados, com destaqueos reflexos no ensino superior. Nesse contexto, o estímulo mais notório ao ensino superior e auniversidade é lógica mercantil e empresarial, favorecendo a sua privatização.

Discutir os desafios contemporâneos da universidade pública em tempos da pragmáticaneoliberal torna-se indispensável para aqueles que se inserem no espaço acadêmico, sejadocentes, técnicos administrativos e discentes.

Segundo Pereira1(2009), no atual quadro de acumulação do capital constata-se aabertura da educação superior como amplo e lucrativo campo de exploração de grandes gruposempresariais.

Essa lógica recrudesce a lógica mercadológica da educação, com novo significado esentido ao ensino superior, restringindo geralmente, a formação de força de trabalho para omercado de trabalho, dissociando da dimensão da pesquisa, investigação e produção doconhecimento que não se limite aos interesses da rentabilidade do capital.

Nesse contexto da tendência dos preceitos neoliberais na política educacional, o foco naautonomia das universidades federais aponta como característica a autonomia gerencial efinanceira, como aponta Iamamoto (2007, p. 448)2,

A autonomia das universidades federais proposta pelo MEC orienta-se no sentido dereduzir a participação financeira do Estado na manutenção da universidade pública, afavor de sua crescente privatização, através de mecanismos que corroem, por dentro, asua natureza pública. A autonomia é pensada, restritivamente enquanto autonomiagerencial e financeira.

Chauí (2001) aponta diferentemente de outros momentos históricos a tendência dauniversidade contemporânea, tem o avanço do processo de mercantilização e subordinaçãoao modelo gerencial no capitalismo. Segundo a autora, a universidade operacional na décadade 1990, difere-se das formas anteriores: da universidade clássica (voltada para oconhecimento), da universidade funcional (diretamente voltada para o mercado de trabalho) eda universidade de resultados (voltada para as empresas). Prossegue a autora, que auniversidade operacional, volta-se para si mesma como estrutura de gestão e de arbitragem decontratos.

1 PEREIRA, Larissa Dahmer. Mercantilização do ensino superior, educação à distância e Serviço Social. Revista Katálysis. Jul./dez.2009. 2 IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital e fetiche: capital financeiro e “questão social”. São Paulo.Cortez. 2007

Concernente a discussão da “democratização” do acesso educação, Lima3(2006) apontaque na área de educação, o Governo Lula implementou a mesma pauta apresentada pelo BM eFMI ao longo da década de 1990, presente no governo de Fernando Henrique Cardoso.Presenciando essa tendência no governo Dilma Rousseff.

De modo geral, a autora, apresenta que a pauta se sustentava com: mínimo investimentono combate ao analfabetismo e no financiamento da educação fundamental e do ensino médio;diversificação das fontes de financiamento da educação superior e abertura do setoreducacional, sobretudo, da educação superior, para as empresas e grupos estrangeiros, comopossibilidade de investimento através da educação superior à distância.

Esses elementos se apresentam como a proposta de Reforma da Educação Superior doGoverno Lula, que sob a retórica da “democratização” da educação, encobre a estratégia deprivatização das instituições públicas de ensino superior.

Ressalta-se que o Programa Universidade para todos (PROUNI) representa a transferênciadireta de recursos públicos para a esfera privada. Isso implica na concessão de bolsa de estudospara estudantes se inserirem em instituições privadas de ensino superior.

Diante do exposto, a alegação da candidata é improcedente, considerando o arcabouçoteórico que subsidiou a construção da questão, que parte de abordagem teórico-crítica acerca dodiscurso da “democratização” do ensino e da reconfiguração da política educacional no atualcontexto de acumulação flexível do capital, que repercute decisivamente na dinâmica dos paísesperiféricos do capitalismo.

Portanto, é indeferido o recurso apresentado pela candidata referente à questão nº 47 daprova de conhecimentos específicos do cargo de Assistente Social, Edital UFCA n.º 24/2014.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

3 Reforma da Educação Superior e Educação à Distância: democratização do acesso ou subordinação das instituições públicas deensino superior à ordem do capital? In Cadernos Especiais, n. 33. 2006. Disponível emhttp://www.assistentesocial.com.br/cadespecial33.pdf

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Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação do gabarito da questão n.º 48 da prova de conhecimentoespecífico para o cargo de Assistente Social, por apresentar duas alternativas iguais, alterando apenas assequências das palavras.

II – Decisão

Considerando a questão n.º 48, que versa sobre o neodesenvolvimentismo e as políticas sociais,constatou-se que dentre as alternativas de respostas, tem-se duas assertivas iguais, alterando apenas aordem das palavras, nos itens:

b) financeirização, crescimento econômico e políticas sociais compensatóriasc) crescimento econômico, financeirização e políticas sociais compensatórias

Diante do exposto, da constatação da duplicidade de assertiva, é deferido o recurso apresentadopela candidata para anulação da questão nº 48 da prova de conhecimentos específicos para o cargo deAssistente Social – Edital UFCA n.º 24/2014.

Questão ANULADA.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata requer a anulação do gabarito da questão n.º 49 da prova deconhecimento específico para o cargo de Assistente Social, por apresentar erro quanto ao autor eo artigo exposto no enunciado da questão, gerando uma incoerência dos dados trazidos,prejudicando diretamente a opção correta da assertiva.

II – Decisão

Considerando a questão n.º 49, que versa sobre a atual tendência das políticas com focono combate à pobreza e às desigualdades sociais, apresenta um equívoco quanto a referência doautor e o texto sinalizado.

Conforme Rodrigo Castelo, na contemporaneidade as políticas sociais com foco nocombate à pobreza e às desigualdades sociais não se restringem as políticas compensatórias,ressaltando como um dos focos e de estratégias de combate ao pauperismo é a políticaeducacional. Essa discussão é exposta no texto “O social-liberalismo e a miséria ideológica daeconomia do bem-estar”, do mencionado autor.

Contudo, ao elucidar o nome do texto “redução da pobreza e aumento da desigualdade,ocorreu um equívoco, pois o referido ensaio é de autoria é de Ana Elizabete Mota.

Destaca-se que esse equívoco não compromete no entendimento acerca dopensamento/tese defendida pelo autor, considerando que Castelo abrange uma análise emtorno da questão da pobreza e da desigualdade social na contemporaneidade, a partir daabordagem profícua que realiza sobre as tendências das políticas sociais de combate àpobreza, permeada pela ideologia do social-liberalismo.

Porém, considerando o erro de ordem técnica, é deferido o recurso apresentado pelacandidata para anulação da questão nº 49 da prova de conhecimentos específicos para o cargode Assistente Social – Edital UFCA n.º 24/2014.

Questão ANULADA.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014

Universidade Federal do CearáCoordenadoria de Concursos – CCV

Concusrso Público UFCA 2014 – Edital n.º 24/2014

I – Histórico

A referida candidata utiliza do instrumento do recurso para realizar um desabafo a bancaelaborada da prova de conhecimento específico para o cargo de Assistente Social. Apresenta a seguinteargumentação: “Ao elaborarem uma prova contemplem todo o conteúdo do edital, diferentemente do que foidisposto nessa prova que 50% dela foi direcionada para o contexto sócio-histórico da profissão; além do quedisponibilizem a bibliografia no edital, uma vez que a Banca utiliza-se de tal instrumento para a elaboração docertame. Vamos fazer valer o nosso projeto Ético-Político”.

II – Decisão

A partir do conteúdo programático divulgado no edital do certame, observa-se que o teor dostemas sugeridos sinalizam para uma abordagem teórica e explicativa pautada na teoria crítica, consoanteo direcionamento do projeto ético político da profissão. Nessa perspectiva, direcionar os estudos paraos/as autores da herança crítica na profissão é indispensável para apreender o significado social daprofissão, as tendências mercado do mercado de trabalho e das políticas, como também, de discussões epolêmicas atuais no âmbito do Serviço Social, uma vez que repercutem na formação e no exercícioprofissional.

Concernente ao conteúdo programático e as questões elaboradas, priorizou-se para contemplatodos os itens do programa sugerido. Isso poderá ser observador, quando realizar uma leitura maisdetalhada sobre as questões da prova, pois de todos os itens foi elaborado no mínimo uma questão quecorrespondesse aos temas propostos, os quais foram:

1. O significado sócio-histórico do Serviço Social como profissão; 2. O movimento de renovação do Serviço Socialno Brasil: características, vertentes e principais matrizes teórico-metodológicas; 3. A questão social: gênese,desenvolvimento e configurações contemporâneas. 4. Mediação e instrumentalidade no Serviço Social; 5. O projetoético-político do Serviço Social: Lei de Regulamentação da Profissão, Código de Ética e diretrizes curriculares; 6.Ética e Direitos Humanos; 7. O Serviço Social como trabalho e os espaços sócio-ocupacionais do assistente social;8. Estado, Políticas Públicas e o Serviço Social na contemporaneidade; 9. A Política Nacional de Estágio daAssociação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (PNE/ABEPSS) e os desafios do estágiosupervisionado; 10. Neoliberalismo e universidade pública: problemas e desafios contemporâneos.

É importante destacar que o debate sobre o significado sócio-histórico e dos fundamentos teórico-metodológicos são importantes para os/as profissionais, é necessário nesse processo.

Considera-se que em nenhum momento deixou-se de se articular e a direcionar o debate dasquestões desse certame à orientação do projeto ético político que norteia o Serviço Social.

Diante do exposto, torna-se inconsistente a solicitação da candidata.

Fortaleza (CE), 13 de junho de 2014