assim que a revolução de 1911, em lugar de solucio- · china a revolução burguesa. a apodrecida...

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24 2S "\ 1I I I1 li 11 Europa, ou de deserçoo massiva dos soldados ameri- canos. Graças ao fato de ter posto em ordem aspa retaguarda, o imperialismo pode atacar a revolução colonial de forma brutal, como faz atualmente no Vlotnam. j r" s~~tir a influência do triunfo revolucionário russo. O marxismo começa a penetrar na China como leni- msmo. Os dirigentes do movimento de 4 de Maio, com Chen Thu-Siu à cabeça, tornam-se marxistas e, em 1921, fundam o Partido Comunista com cerca de cln- quenta militantes. Chen é eleito, na sua ausência, secre- tário-geral. O Kuomintang, o partido da burguesia, dirigido por Sun Yat-Sen, ressurge igualmente. Isto explicar-se-á pela sua mudança de politica: embora a reboque, sofrera a influência do novo processo revolu-' cionário. Antes, a sua política tinha sido tentar apoiar- -se num senhor da guerra contra outro, e fracassara; vivia, até 1919,em total prostração. A espinha dorsal de todo o novo processo revolucio- nário que se abre será a classe operária, acompanhada a curto prazo pelo movimento camponês. Será uma revolução operária e camponesa dirigida pelo prole- tariado. Em Janeiro de 1922, estala a greve dos mari- nheiros de Hong-Kong, concluída triunfantemente, em Março, ao obrigar os Ingleses a reconhecerem o seu sindicato e um aumento de salários. Em 1922, como consequência deste ascenso da classe operária, reali- zo.-se o. primeira conferência nacional dos sindicatos, dirigido. pelo dos marinheiros triunfantes. Esta confe- rêncio. representava 230000 filiados. No centro e no norte da China, a organlzllção operária girou em redor dos ferroviários que, em 1924, realizaram a sua con- ferência nacional. Em Xangai, a maior cidade da China, no inicio de 1923, 40000 operários estavam organizados em 24 sindicatos. «Em 1918, de acordo com informações incomple- tas, registam-se 25 greves no pais, abarcando 100000 operários. Em 1922, foram 91, abarcando 150000 operários. O movimento cresceu com surpreendente rapidez e militância. No 1.°de Maio em Xangai, 100000 operários marcharam pelas ruas, sendo o dobro em A segunda revoluçlio chinesa I Illf Em 1911, ao cair o último imperador, inicia-se na China a revolução burguesa. A apodrecida classe dos comerciantes e a' raquítica burguesia nacional serão incapazes de resolver as tarefas históricas que lhes são colocadas: a independência nacional ea revolução agrária. Pelo contrário, a sua impotência ir-se-á mani- festar por um retrocesso: a ChiJia.fica na realidade dividida em regiões controladas por senhores da' guerra, que se apoiam em diferentes imperialismos. É assim que a revoluçãode 1911,em lugar de solucio- nar os dois grandes problemas históricos que se lhe colocavam, lhes acrescenta mais um: conseguir a uni- dade nacional. A primeira guerra mundial irá dar origem à segunda revolução chinesa. Esta começa em 1919 com uma intensa mobilização antl-imperialista dos estudantes e professores, o movimento de 4 de Maio, contra o tra- tado de Versalhes. A guerra origina um importante desenvolvimento industrial que faz com que, entre 1916 e 1922, o proletariado aumente de 1 para 2 mi- lhões. Entretanto, 200000 operários são mandados tra- balhar para França. Quando voltam, tornam-se a leve- dura do levantamento operário. No princípio de 1918, funda-se, na China, o primeiro sindicato moderno. A curto prazo (1919), o movimento sindical combina-se com o movimento de 4 de Maio numa série de greves em Xangai e outras cidades. Ligado a tudo isto, faz-se J' 1I I" ~II

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Europa, ou de deserçoo massiva dos soldados ameri-canos. Graças ao fato de ter posto em ordem asparetaguarda, o imperialismo pode atacar a revoluçãocolonial de forma brutal, como faz atualmente noVlotnam. j

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s~~tir a influência do triunfo revolucionário russo.O marxismo começa a penetrar na China como leni-msmo. Os dirigentes do movimento de 4 de Maio, comChen Thu-Siu à cabeça, tornam-se marxistas e, em1921, fundam o Partido Comunista com cerca de cln-quenta militantes. Chen é eleito, na sua ausência, secre-tário-geral. O Kuomintang, o partido da burguesia,dirigido por Sun Yat-Sen, ressurge igualmente. Istoexplicar-se-á pela sua mudança de politica: embora areboque, sofrera a influência do novo processo revolu-'cionário. Antes, a sua política tinha sido tentar apoiar--se num senhor da guerra contra outro, e fracassara;vivia, até 1919,em total prostração.

A espinha dorsal de todo o novo processo revolucio-nário que se abre será a classe operária, acompanhadaa curto prazo pelo movimento camponês. Será umarevolução operária e camponesa dirigida pelo prole-tariado. Em Janeiro de 1922,estala a greve dos mari-nheiros de Hong-Kong, concluída triunfantemente, emMarço, ao obrigar os Ingleses a reconhecerem o seusindicato e um aumento de salários. Em 1922, comoconsequência deste ascenso da classe operária, reali-zo.-seo. primeira conferência nacional dos sindicatos,dirigido. pelo dos marinheiros triunfantes. Esta confe-rêncio. representava 230000 filiados. No centro e nonorte da China, a organlzllção operária girou em redordos ferroviários que, em 1924, realizaram a sua con-ferência nacional. Em Xangai, a maior cidade daChina, no inicio de 1923, 40000 operários estavamorganizados em 24 sindicatos.

«Em 1918, de acordo com informações incomple-tas, registam-se 25 greves no pais, abarcando 100000operários. Em 1922, foram 91, abarcando 150000operários. O movimento cresceu com surpreendenterapidez e militância. No 1.°de Maio em Xangai, 100000operários marcharam pelas ruas, sendo o dobro em

A segunda revoluçlio chinesa

IIllf

Em 1911,ao cair o último imperador, inicia-se naChina a revolução burguesa. A apodrecida classe doscomerciantes e a' raquítica burguesia nacional serãoincapazes de resolver as tarefas históricas que lhes sãocolocadas: a independência nacional e a revoluçãoagrária. Pelo contrário, a sua impotência ir-se-á mani-festar por um retrocesso: a ChiJia.fica na realidadedividida em regiões controladas por senhores da'guerra, que se apoiam em diferentes imperialismos.É assim que a revoluçãode 1911,em lugar de solucio-nar os dois grandes problemas históricos que se lhecolocavam, lhes acrescenta mais um: conseguir a uni-dade nacional.

Aprimeira guerra mundial irá dar origem à segundarevolução chinesa. Esta começa em 1919 com umaintensa mobilização antl-imperialista dos estudantes eprofessores, o movimento de 4 de Maio, contra o tra-tado de Versalhes. A guerra origina um importantedesenvolvimento industrial que faz com que, entre1916 e 1922, o proletariado aumente de 1 para 2 mi-lhões. Entretanto, 200000 operários são mandados tra-balhar para França. Quando voltam, tornam-se a leve-dura do levantamento operário. No princípio de 1918,funda-se, na China, o primeiro sindicato moderno.A curto prazo (1919), o movimento sindical combina-secom o movimento de 4 de Maio numa série de grevesem Xangai e outras cidades. Ligado a tudo isto, faz-se

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Cantão. Informações da época descrevem como em.Wuchang, Hanyan e Hankow, apesar da rigidez da/leiI

marcial, apareceram bandeiras vennelhas nos bairrosoperários», diz Isaacs.

Como uma sombra, o movimento camponês come-QOun. lovantar a cabeça a compasso do movimentooperl\rio. Em 1923, já existe na província de Kwa-Ngtung, om Cantão, uma Associação Provincial decamponoses.

O Partido Comunista Chinês é obrigado pelos emis-sários da Rússla, que por sua vez refletiam a buro-('rnela staHnlsta, a entrar no Kuomintang e a aceitara disoiplina política e organizativa imposta a princípiopor Sun Ynt.Sen e, após a sua morte, por Chiang KaiShek. O stallnlsmo soviético, por outro lado, estabe-leco um contato estreito e direto com ° Kuomin-tang o com Chiang Kai Shek, a quem ajuda na funda-QtLoo desenvolvimento da Academia militar de Wham.poa, em 1924.Esta política capitulacionista faz.se emnome da teoria oportunista defeIt11ida por Stalinsegundo a qual, na China, está-se a dar uma revoluçãodemocrático-burguesa que deve ser encabeçada pelaburguesia. Sacrifica-se a independência dos operáriose camponeses, assim como a do PC Chinês a essaconcepção e programa.

Entretanto, a classe operária e os camponeses dis-tanciam-se cada vez mais do partido nacionalista bur-guês. Durante todo o ano de 1925verificam-se grandeslutas operárias. Em Abril, estala uma greve contra asfábricas japonesas em Xangai. A polícia americana einglesa dispara contra os manifestantes anti-japoneses,matando vários. Os operários declaram então, comoresposta, a greve geral do primeiro de Junho. Entre-tanto, começam a estalar greves contra os patrões chi-neses. O ascenso culmina, de 19 de Junho a 10 deOutubro, com a greve geral em Hong-Kong e com o

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boicote às mercadorias inglesas em Cantão. Este mo-vimento deixa ,o poder de fato nas mãos dos pique-tes operários, do comité de greve e dos cadetes milita-res revolucionários de Cantão.

Chiang Kai Shek contra-ataca, em Março de 1926,transfonnando o segundo Congresso do Kuomintangnum golpe de estado dentro do partido e do governo.Exige que os comunistas deixem de fazer campanhapelas suas posições dentro do partido, que forneçama lista de todos os seus filiados e, sob o pretexto depreparar a invasão militar no norte do país (contraos senhores da guerra), reclama plenos poderes. Sta-lin faz com que o Partido Comunista aceite estascondições. Borodin, o agente de Stalin, aconselhaque os conselheiros russos que incorram no desagradode Chiang sejam destituídos e substituídos por cole.gas mais amáveis. Em 29 de Julho, Chiang declara alei marcial em Cantão. É proibida toda a atividade domovimento operário e são assassinados mais de cin.quenta trabalhadores. No campo, inicia-se uma contra--ofensiva dos terratenentes.

Pouco depois de Março de 1926,o bureau políticodo Partido Comunista da União Soviética, com o votocontra de Trotsky, aprova a admissão do Kuomintangcomo «partido simpatizante)). A Chen, Secretário Ge-ral, é negado o pedido feito aos emissários russos emCantão para entregarem ao movimento operário 5000espingardas das annas russas. Em Outubro do mesmoano, a direção do Partido Comunista da União Sovié-tica ordena por telegrama ao Partido Comunista Chi-nês que trave o movimento camponês para não assus-tar os generais revolucionários. A 1 de Janeiro, orga-niza-se o governo nacional chinês em Wuhan e Wang,encabeçado pelo Kuomintang de esquerda e que. no-meia dois ministros comunistas. A Oposição de Es-querda em Moscou, a partir desse momento, levanta,

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a 9ua vOVjroolmnrmdoquo o Partido Comunista rompaoom o ttuomll1tnn" o !!lUorienta para a tomada do po-deri Knrol afirmf\: celoiigualmente Trotsky o primeirofi.ff\lf\r 1m Komll1tern da necessidade de criar os so-vlotes camponeses, tri.ocaros a Mao».

Contudo, a marcha do exército de Chiang em dire-ção ao norte provocou uma nova onda revolucionária.Em Hunan, os sindicatos estendem-se a vários distri-tos e os seus filiados aumentam de 60000 para 150000.Em Wuhan, chegam a 300000 após o avanço do exér-cito de Chiang. O movimento camponês não lhe ficaatrás. Em fins de Novembro, em Hunan, estão orga-nizados 54 conselhos camponeses, com um total deum milhão de membros. Em Janeiro de 1927,este nú-mero passa para 2 milhões.

ccAocabo de três meses, o Partido Comunista tinhaorganizado 600000 operários em Xangai e encontrava--se em posição de lançar a palavra de ordem de grevegeral. .. A primeira insurreição fracassou. Sem armas.e sem formação, os operários não sabiam como apo-derar-se da cidade. Tiveram de aprender empirica-mente que é uma necessidade a formação de um nú-cleo de operários armados... Chu En-Lai e os famo-sos chefes de Xangai, Chao Shinh-yen, Ku Shun-change Lo Yi-ming conseguiram organizar 50000 piquetesde greve e arranjar, na concessão francesa, locais onde2000 militantes receberam, em segredo, uma instru-ção militar. Formou-se uma «tropa de choque» de 300atiradores, armados com Mausers introduzidas decontrabando, e foi esta a única força armada dos ope-rários de Xangai. Em 21 de Março de 1927,os comu-nistas desencadearam uma greve que provocou o fe-chamento de todas as fábricas e levou os operáriospara as barricadas, pela primeira vez na sua vida:tomaram primeiro o comissariado da polícia, depois oarsenal, em seguida o quartel, e alcançaram a vitória.

Foram armados 5 000 operários, forinaram-se seis ba-talhões de tropas revolucionárias ~ proclamou-se o«poder dos cidadãos». Foi o golpe de estado mais no-tável na história moderna da China». É deste modoque Karol relata o triunfo operário em Xangai, quecolocou o pOder nas mãos dos trabalhadores.

Um dia depois, o Partido Comunista saúda a en-trada de Chiang como a de um herói. É assim que elepOde preparar o seu golpe de estado contra os ope-rários com toda a tranquilidade.Este produz-se a 12de Abril e é uma carnificina parecida à que sofreu oPartido Comunista Indonésio (em 1963). Com estegolpe, a classe operária chinesa é definitivamente de-capitada.

As lições do fracasso

A traição 8ta11nista,o apoio incondicional ao Kuo-mintang, foi feita sob a direcção do Partido ComunistaChinês, que não conhecia as posições de Trotsky.Tinha-se ido formando no calor da mobilização ope-rária e camponesa. De cinquenta filiados em 1921,con-seguiu dirigir a insurreição de Xangai. O seu cres-cimento numérico e influência seguiam paralelamenteao desenvolvimento da sua direção. Esta tinha ela-borado uma teoria e um programa para a revolução,muito parecidos aos de Trotsky. Um estudioso oci-dental considera-a proto-trotskista. Tanto Chen comoo seu discípulo peng sustentavam que o que se estavaa dar na China era uma revolução operária contra aburguesia e que levaria a cabo as tarefas democrático--burguesas. Em todas as oportunidades que se lhesapresentavam, insistiam na necessidade de se torna-rem independentes do Kuomintang e de adoptar umalinha revolucionária para a tomada do poder. No

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seio do partido, começava-se a formar uma tendênciacom coloração própria, o maoísmo, que dava grandeimportância ao movimento camponês. Esta tendênciaoperava perfeitamente à vontade dentro do partido,que possuía uma estrutura bolchevique, com amplaliberdade interna e disciplina na ação. As perspecti-vas eram de uma integração cada vez maior das duastendências, sob a hegemonia da direção indiscutidade Chen.

Stalin, apoiado na disciplina da InternacionalComunista e no prestígio da URSS, impunha infeliz-mente a sua linha. Perante esses argumentos, Chencedia às ordens de Moscou. Verificava-se, assim, umasl\,uaçí\o contraditória: Stalin conseguia impor a suapo1ttion, mas não os seus homens, já que o prestígiodo Chen ora demasiado grande e o movimento ope-rário domasiado forte para que pudesse impor os seushurorrfl.LaSumade in Moscou»).A Internacional Co-munllJtn também não se encontrava, então, totalmentel>uroaratlzada.

A '80gunda revolução chinesa não só demonstrouquo o movimento operário pode dirigir a revolução8irária e nacional, mas que é possível o desenvolvi-mento e formação, durante o próprio processo revo-lucionário - e a curto prazo -, de um partido mar-xista revolucionário altamente qualificado. A riquezateóricà, política e organizativa do partido chinês assimo demonstra. A traição stalinista provocou a derrotahistórica do proletariado e, como consequência, ficouanulada a possibilidade de completar a estruturaçãode um partido bOlchevique chinês. Nesse sentido, asconsequências da derrota da segunda revolução chi-nesa são opostas às da revolução russa de 1905.Estanão eliminou da cena o proletariado russo. Pelo con-trário, fortificou historicamente a sua influência eajudou a acabar de formar o partido bolchevique; em

certo senti,do, fundou-o. Não se deve procurar a razãoúltima destas desgraças combinadas na derrota doproletariado chinês - esse irá várias vezes dar provasda sua capacidade de recuperação -, mas no cursotriunfante da contra-revolução mundial e no seu re.flexo no movimento operário internacional: o stali-nismo. É este o culpado direto pelo fato de o fra-casso chinês de 1~27não ter tido as me~mas conse.quências da revolução de 1905na Rússia.

Dizemos isto porque se esboçaram várias teoriaspara explicar o fracasso de proletariado chinês e aimpossibilidade de formar um partidó marxista re-volucionário: o proletariado não era a classe revolu-cionária, não havia suficiente tradição cultural parao desenvolvimento do marxismo, ou a estrutura geo-.politica (um país extenso sem unidade nem vida po-lítica nacional) impedia o desenvolvimento pOlíticodo proletariado e do seu partido. A segunda revoluçãochinesa, ao mesmo tempo magnífica e trágica, demons-tra que todas essas teorias são radicalmente falsas:não são razões sociais, culturais ou geopoliticas queexplicam o fato do proletariado chiriês não ter vol-tado a levantar a. cabeça e de não ter podido termi. .nar a estruturação de um partido marxista revoluoio.nário. O stal1nismo e a contra-revolução mundialsão a verdadeira explicação.

As conseqüências da derrota

Stalin responde ao fracasso fazendo avançar umalinha putchista: lançar-se na tomada de poder. Estalinha, não tendo em conta o retrocesso da classeoperária, irá ser motivo de novos desastres para omovimento de massas. Os trabalhadores e militantesirão responder empiricamente à contra-revolução. Os

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militares comunistas, antes que sejam liquidados, pre-ferem revoltar-se com os seus exércitos e iniciar a lutaarmada. É assim que se apoderam da cidade de Na-chag e criam o exército vermelho. Peng Pui, o diri-gente camponês do partido, unir-se-á ao exército ver-melho e recuará com este para as zonas camponesasde Haipeng e Lupeng, fundando aí o primeiro governosoviético, organizando as milícias camponesas e re-partindo as terras. Mao começa a desenvolver os so-vietes camponeses contra a linha do stalinismo, quec1n})oisos autoriza em Setembro, e provoca uma in-"ul'1'(idQ[\oOA,mponesa em Hunan, «a sÜLlevação da()()lh(ljl;L~do A!108Lo»,que fracassa. Isto, somado possi-vullluml;u h lum audáoia em lançar os sovietes campo-1111'011,cJUstn.lho o. sua posição na direcção do partidoti Ôpor pouco que consegue manter a sua filiação. Estenovo curso culmina com o putch de Cantão, ordenadopor Stalin para salvar o seu prestígio e que fracassa I

comp~etamente.Em lugar de mudar, o stalinismo adota a linha

aventureira e putchista à escala mundial, pretendendodeste modo responder ao perigo contra-revolucioná-rio representado na URSS pelos kulaks e no ocidentepelo nazismo. Os partidos comunistas recebem a or-dem de se lançar na tomada do poder, desprezar asreivindicações mínimas dos trabalhadores, negar-se àfronto t\nioa com as correntes operárias e anti-impe-rlnHsl,l\B,nl\o m\lJtar nos sindicatos reformistas quen"J'l1pmn n maioria dos operários. Esta politica temIlOHIIClqm1nofn.sfunestas para a revolução chinesa. EmVln',do 1U1Hionrtodos os movimentos formados contraOhll\J11oCo n colonização japonesa, o ultra-esquerdismoIIt,l\Hnistaentregou-os à sua sorte, isolados, sem oslt"ar entre si, ou lançou-os numa ofensiva contra asolc1ndos,sem o menor sentido da relação de forças.Vor1fica-seo contrário do curso revolucionário ante-

rior, que tinha conseguido conjugar num processoúnico a luta anti-imperialista, o movimento operário,os soldados revolucionários e o movimento camponês.Chiang irá derrotando cada sector revolucionário se-paradamente, com toda a. comodidade, já que o sta-linismo atua no vazio das ordens de Moscou, quenada têm a ver com a realidade chinesa.

A isto combina-se a luta do stalinismo pela trans-formação do Partido Comunista Chinês num partido

. stalinista. Até 1927, não o tinha conseguido: o PCaplicava a sua politica, mas não era um partido sta-linista. O stalinismo não é essencialmente uma teoriaou uma politica, mas um aparelho burocrático, umacasta privilegiada que baseia os seus privilégios polí-ticos e sociais na burocracia soviética, numa ligaçãoestreita e dependente. É esta a razão pela qual a sta-linização de qualquer PC nacional significou o domí-nio do aparelho partidário por uma burocracia privi-legiada, dependente e formada em Moscou. A derrotade 1927 abriu essa etapa no PC chinês. Moscou nãose conforma já com impor a sua política: impõe osseus homens de confiança. Em 7 de Agosto de 1927,Chen é afastado do seu cargo de Secretário-Geral, ini-ciando.se, desse modo, a marcha dos homens de Mos-cou para o controle total do Partido comunista. O6.° Congresso do Partido realizar-se-á em Moscou, deJulho a Setembro de 1928, culminando assim a sta-linização total do partido.

O primeiro grande crime stalinista é cometido emrelação ao movimento operário. Este, ap6s a derrota,refugia-se nos sindicatos amarelos e, a partir daí, de-fende-se da ofensiva do patronato com uma série degreves econ6micas. Em 1928,somente em Xangai, es-talam 120greves por melhores salários e menos horasde trabalho. O PC stalinista nem sequer intervémnessas lutas econ6micas, tentando lançar as suas or-

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ganizaçOee pr('prtnl, 011Hhul1oatos Vermelhos, emgreves pol1t10(\/I!qW1CJ'nnll.l.nm.Os trotskistas chiné-ses, com Ch~n ti. Ot\bOQf\,pouoo podem fazer, perse-guidos por (1hllm" C'polo aLnllnlsmo.Assim se perdeeste renalloimonto do movtmlmto operário.

Em 10:11,omr1oQ"n OO111JI\Qt\ojaponesa da China,na Mnnoh(II'IL\.() IILm.1lnlamo"0(,Usa-sea compreenderquo o tnhn11lohUI,c1intodo Ohlna Ó o imperialismo.1aponêft,«(Todos011bnparinlismos são iguais e há quetratt\.los oomo tnhl, afirmam. Quando, em princípiosde 1932,o exército japonês cerca Xangai, o corpo doexército chinês aí estacionado revolta-se contra as or-dens de Chiang para evacuar a cidade e resiste heroi-camente durante dois meses antes de retirar, o quedesperta uma onda de entusiasmo anti-japonês portoda a China. O stalinismo não presta qualquer im-portância a este movimento anti-imperialista, que ca-taloga como social-democrata, e deixa que as tropasde Chiang esmaguem sem misericórdia o exército re-belde, sem o ajudar ou apoiar. Jn que os homens deMoscou estão demasiado ocupados na revolução con-tra todos' os exploradores nacionais ou estrangeirospara se aperceberem da importância do movimentonacionalista que resistia à ocupação japonesa!

Esta política será catastrófica para o movimentocamponês, que não deixou de se <:iesenvolver,por sal-tos, desde 1925. Depois da derrota, continua o seucurso. Juntamente com o primeiro governo soviéticofundndo por Peng Pui, encontramos a base camponesafundada por Mao, oom os rostos das suas tropas, nasmontanhM de Obinll.Kan.Sban. A partir daí, o seumovimonto nno delxn. do progredir. Um ano depois,ocupam jt\ uma parto do província de Kiangtsi. Aocontrário do movbnonto camponês de Peng Pui, dãouma grande importt\noln ao aspecto militar da luta e

ao método guerrilheiro. Isto permitir-Ihes-á desenvol-verem-se cada vez mais.

O stalinismo, incapaz pela sua política de uniresta luta ao movimento operário das cidades e ao mo-vimento anti-imperialista, l~va quase a um desastreos exércitos vermelhos camponeses. Em meados deJunho de 1930, ordena ao exército vermelho que ini-cie uma ofensiva contra as cidades. Ocupam assim acidade de Chang Sha. Seis dias depois, têm de a eva-cuar, embora cerquem a cidade. O stal1nismo, imper-turbável, ordena que as forças de Mao ajudem o cerco.Jn assim que as forças armadas comunistas abando-nam, por ordem da sua direção, as suas bases cam-ponesas para se lançarem numa aventura militar. Em13 de Setembro, Mao desafia a disciplina stalinistae retira-se do cerco, regressando às bases campone-sas. Graças a isso, salva-se o movimento camponêsque, apoiando-se na guerrilha como método, continuaa expandir-se. A ruptura com a disciplina stalinistana China permite que, a curto prazo, em 7 de Novem-bro de 1931,se funde a República Soviética em Kuichi,que não é uma criação artificial de Mao, já que -segundo Karol- exercia «um pOder real sobre umsexto do território chinês, que teve sob as suas ordensum exército de 145000 homens, o qual não tardaria aduplicar os seus efetivos)).(I) A sua política em rela-ção à terra é diretamente revolucionária. "A terra doslatifundiários deveria ser pura e simplesmente confis-cada, enquanto que a dos camponeses ricos deveria serdistribuidt'l" mas não na sua totalidade; autorizava-seos ricos a conservarem terras suficientes para alimen-tar a família,»(2)

O stalinismo chinês e mundial, entretanto, consi-derou Mao, apesar de presidente da República Sovié-tica, como uma figura de segunda ordem. Os burocra-tas são muito mais considerados na hierarquia parti-

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dária. Seguem a política, tão cara a Moscou, de con-seguir um impacto político revolucionário nas cida-des. Mao retribui esta atitude, não lhes permitindoqualquer participação na constituição da RepúblicaSoviética. De fato, existem duas frações no PartidoComunista: os homens de Moscou nas cidades e osmaoístas no campo, ignorando-se mutuamente.

Chiang consegue derrotar definitivamente, em finsde 1934, a República Soviética camponesa, obrigandoMao a retirar-se para o Norte. A Grande Marcha signi-ficará a derrota histórica do campesinato do sul, queencerra o ciclo aberto com a segunda revolução. Foi apolítica stalinista que provocou esta série de derro-tas da classe operária, dó movimento anti-imperialista,dos exércitos comunistas e, por último, do movimentocamponês. Porém, a política de Mao também é res-ponsável, por não ter dado qualquer importância àconstrução de um partido marxista revolucionário, àunidade com os Trotskistas de Chen, à luta (contra apolitica criminosa do stalinismo) pela unidade detodos os movimentos revolucionários ~ontra Chiange o imperialismo japonês. Mas nem a política stali-nista, nem. os 0rros de Mao ou Chen por si sós expli-cam totalmente a derrota de 1934. Ao fim e' ao cabo,Mao detinha uma força equivalente à que deteve de-pois, em 1945, e que lhe permitiu obter a vitórifl. con-tro. Chiang. A razão é que, em 1934, a contra-revolu-ção estava na ofensiva em todo o mundo e, como con-gequência disso, o regime ue Chiang e do imperialismoera muito mais sólido. Em 1945, Chiang e o imperia-lismo encontram.se em decadência, e a revolução em0.80enso.

Durnnte n. Ornnde Marcha, o Partido ComunistaChinês, que tinha dirigido a insurreição de Xangai econseguido a República Soviética de Mao, fica redu-zido praticamente a náda. Chiang conseguiu derrotar

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o movimento operário, anti-imperialista e camponês,liquidando praticamente o PC. Num cadáver, os pa-rasitas morrem; e, assim, os homens de Moscou desa..parecem juntamente com a extinção do Partido Comu-nista Chinês. A direção do partido fica nas mãos daala maoísta que, apoiando-se nas suas forças armadase no campesinato, a muito custo conseguiu sobrevivercomo partido e exército nômades. A partir de 1935,quando Mao toma a direção do partido, não há maisstalinismo dirigente na China, isto é, agentes buro-cráticos do Kremlin. Ao afirmá-lo, regressamos ànossa definição inicial: o stalinismo não é uma te!'riada revolução ou uma concepção do partido, mas I1maexcrescência parasitária, um fenómeno social, um apa-relho burocrático dependente de Moscou. O Maoismopoderá ter todos os vicios e concepções stalinistas quese quiser, mas não foi, nem nunca será, para sorte darevolução chinesa, uma excrescência burocrática para-sitária dependente de Moscou. O seu traço determi-nante será o seu caráter de revolucionários agrários enão de burocratas stalinistas. O stal1nismo mundialterá de se conformar, na China, com impor ou acon-selhar a sua política a homens que não são os seus.Repetir.se.á, assim, a anterior relação com Chen: Mos.cou ordena, não já a homens seus, mas a um punhadode revolucionários agrários, com um passado mar.xista e concepções ideológicas e organizativas stali-nistas. Uma das consequências da derrota final dasegunda revolução chinesa será o desaparecimento daburocracia stalinista chinesa.

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