assembleia nacional gabinete do presidente … · a mensagem que de forma singela o legislador...
TRANSCRIPT
1
ASSEMBLEIA NACIONAL
GABINETE DO PRESIDENTE
Discurso de S.E o Presidente da Assembleia Nacional na cerimónia de
tomada de posse do Provedor de Justiça
Senhor Presidente do Supremo Tribunal da Justiça,
Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares,
Senhor Ministro da Justiça,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Procurador-Geral da República Adjunto, em Representação do P.G.R.,
Senhora Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial,
Senhor Provedor de Justiça de Cabo Verde,
Senhores Provedores de Justiça de Angola e Portugal,
Senhoras e Senhores Representantes do Corpo Diplomático,
Senhores Bastonários das Ordens Profissionais,
Senhores Altos Dignitários das Confissões Religiosas,
Distintos Convidados,
Minhas Senhoras, Meus Senhores:
Permitam-me, em nome da Assembleia Nacional, saudar todos os presentes e
dizer o quanto nos sentimos honrados com a vossa presença neste acto.
Chegamos ao termo de um longo processo de gestação, que teve o seu início
com a opção política fundamental feita na revisão constitucional de 1999,
2
decidindo pela criação do cargo de Provedor de Justiça, e que iria consumir
quase uma década e meia de ponderação, negociações e busca de consensos.
O nosso País está, pois, a viver hoje um momento marcante na sua história
constitucional que, auguro, venha a ser muito auspicioso para a consolidação
da Democracia cabo-verdiana, das suas instituições e para o reforço da
protecção dos direitos dos cidadãos.
Com efeito, como tiveram a oportunidade de testemunhar, acaba de ser
conferida a posse ao primeiro Provedor de Justiça de Cabo Verde, Engenheiro
António Espírito Santo Fonseca, eleito para o cargo, pela Assembleia Nacional,
no dia 12 de Dezembro de 2013, por uma maioria de dois terços dos votos.
Impõe-se, assim, que me dirija de modo especial a Vossa Excelência, Senhor
Provedor de Justiça, para o felicitar pela confiança indefectível que mereceu
dos cabo-verdianos, através dos seus legítimos representantes, e do mesmo
passo, formular votos para que o mandato que ora inicia venha a ser coroado
de sucessos.
O percurso cívico e político de Vossa Excelência, em que se destaca a função de
Presidente da Assembleia Nacional, durante toda a V Legislatura, o rigor e o
engajamento que tem colocado na promoção e defesa da Constituição da
Républica e dos valores nela consignados, o seu sentido de independência e
rectidão, constituem esteios nos quais repousam as melhores expectativas dos
cabo-verdianos quanto ao desempenho que se espera do Provedor da Justiça e
do Serviço Público que passa doravante a dirigir.
Na verdade, embora constitua uma instituição nova entre nós, o aspecto que
mais sobressai na representação social que os cabo-verdianos já fazem dessa
importante função constitucional em que Vossa Excelência acaba de ser
investido, é o de que o seu titular deve ser a voz da cidadania, a voz dos
cidadãos no seu relacionamento com os poderes públicos, em especial no seu
relacionamento com a Administração Pública, Central e Local.
Mas sobretudo, a voz dos que não conseguem ou têm maiores dificuldades em
se fazer ouvir, ou, fazendo-se ouvir, não recebem em tempo razoável a resposta
devida às suas queixas, petições e reclamações.
Outrossim, o Provedor de Justiça será chamado a desempenhar uma outra
relevante função que é a de velar pela conformidade das leis com a
Constituição da República, desencadeando o processo de fiscalização abstracta
da constitucionalidade junto do Tribunal Constitucional, sempre que em seu
3
alto critério for de entendimento de que um determinado acto normativo atenta
contra a Lei Fundamental do País.
A mensagem que de forma singela o legislador constituinte quis fazer passar é,
pois, bem clara: isto é, a defesa da Constituição e dos superiores interesses da
respublica é demasiado importante para que fique confiada e confinada apenas
aos órgãos essencialmente políticos.
Daí a necessidade de, também neste domínio, se abrir espaço para o
pronunciamento dos cidadãos e da sociedade civil através da judiciosa
intervenção desse mediador privilegiado em que se erige o Provedor de Justiça.
Distintos Convidados,
Minhas Senhoras, Meus Senhores:
Desse esboço da essência das funções que a Constituição da República coloca
nas mãos do Provedor de Justiça se pode aquilatar da importância do momento
que estamos a viver, e do seu esperado impacto na melhoria da qualidade da
Democracia que paulatinamente, nós, os cabo-verdianos vamos construindo no
nosso País: uma Democracia constitucional, assente no pluralismo político, no
regular funcionamento das instituições democráticas, na independência do
Poder Judicial e no pleno exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos.
Por isso mesmo, reputo da mais elementar justiça saudar e expressar o meu
profundo apreço a todos os que, de uma forma ou de outra, têm emprestado a
sua valiosa contribuição, com elevado sentido de convergência em relação aos
valores que nos são comuns, para que pudessemos chegar hoje a este patamar.
Saúdo em particular os sujeitos parlamentares que trabalharam arduamente e
contribuiram para que se alcançasse o consenso necessário à eleição do
Provedor de Justiça em termos que não deixam a menor dúvida quanto à
solidez do apoio político e da solidariedade institucional de que o respectivo
titular desfrutará no desempenho das suas funções.
Distintos Convidados,
Minhas Senhoras, Meus Senhores:
Este parece-me ser igualmente o momento apropriado para exortar à
continuação de esforços para que a Assembleia Nacional possa, tão cedo
quanto possível, desincumbir-se da sua nobre missão de prover outros
importantes cargos exteriores ao Parlamento que aguardam pela eleição dos
respectivos titulares.
4
Refiro-me nomeadamente aos Juízes do Tribunal Constitucional, aos Membros
da Comissão Nacional de Eleições, da Comissão Nacional da Protecção de
Dados e da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Acredito que o consenso a que se chegou quanto ao Provedor de Justiça seja
suficientemente catalisador para arrastar com a sua energia positiva o
processo de eleição dos demais cargos. Creio, aliás, que é exactamente isso que
os cabo-verdianos esperam dos seus Deputados, e estes, decerto, não vão
defraudá-los.
É, pois, com este voto de confiança num empenho redobrado de todos nós para
que a Assembleia Nacional possa responder na plenitude ao mandato que lhe
foi conferido, de servir o País e de responder às legítimas expectativas dos
cidadãos, que gostaria de terminar exprimindo a todos, em nome do
Parlamento e de todos os Deputados da Nação, o nosso profundo apreço pela
atenção que dispensaram a este acto de posse do novo Provedor de Justiça de
Cabo Verde.
Um agradecimento muito especial vai para Suas Excelências os Provedores de
Justiça de Angola e de Portugal que, com a sua honrosa presença, deixam um
traço indelével dos sólidos laços de amizade que unem os nosso países e povos,
prenúncio de uma profícua cooperação com a Provedoria de Justiça do nosso
País.
Muito obrigado a todos!
Assembleia Nacional, Salão de Banquetes, 24 de Janeiro de 2014