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1 ----------------------- ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ------------------------ ------------------------------------- Mandato 2013-2017 ----------------------------------------- SESSÃO EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM TRÊS DE MARÇO DE DOIS MIL E QUINZE ----------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------ATA NÚMERO CINQUENTA E OITO ----------------------- --------------------------------------------------------------------------------------------------------- ----- Aos três do mês de março de dois mil e quinze, em cumprimento da respetiva convocatória e ao abrigo do disposto nos artigos vigésimo oitavo e trigésimo do Anexo I da Lei número setenta e cinco de dois mil e treze, de doze de setembro, e nos artigos vigésimo quinto e trigésimo sétimo seu Regimento, reuniu a Assembleia Municipal de Lisboa, na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, em Sessão Extraordinária, sob a presidência da Excelentíssima Senhora Maria Helena do Rego da Costa Salema Roseta, coadjuvada pela Excelentíssima Senhora Patrocínia César, Primeira Secretária em Exercício, e pela Excelentíssima Senhora Rosa Carvalho da Silva, Segunda Secretária em Exercício ----------------------------------------- ----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados na Mesa da Assembleia, os seguintes Deputados Municipais: --------------------------------------------- ----- Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Maria Gaspar Marques, Ana Maria Lopes Figueiredo Páscoa Baptista, Ana Sofia Soares Ribeiro de Oliveira Dias, André Moz Caldas, André Nunes de Almeida Couto, António Modesto Fernandes Navarro, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Augusto Miguel Gama Antunes Albuquerque, Belarmino Ferreira Fernandes da Silva, Carla Cristina Ferreira Madeira, Carlos José Pereira da Silva Santos, Cláudia Alexandra de Sousa e Catarino Madeira, Cristina Maria da Fonseca Santos Bacelar Begonha, Daniel da Conceição Gonçalves da Silva, Davide Miguel Santos Amado, Deolinda Carvalho Machado, Diogo Feijóo Leão Campos Rodrigues, Fábio Martins de Sousa, Fernando José da Silva e Nunes da Silva, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Floresbela Mendes Pinto, Hugo Alberto Cordeiro Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Inês de Drummond Ludovice Mendes Gomes, Isabel Cristina Rua Pires, João Alexandre Henriques Robalo Pinheiro, João Diogo Santos Moura, João Luís Valente Pires, João Manuel Costa de Magalhães Pereira, Joaquim Maria Fernandes Marques, John Law Rosas da Costa Jones Roque Baker, José Alberto Ferreira Franco, José António Cardoso Alves, José António Nunes do Deserto Videira, José Luís Sobreda Antunes, José Manuel Marques Casimiro, José Maximiliano Albuquerque Almeida Leitão, José Manuel Rodrigues Moreno, José Roque Alexandre, Lúcia Alexandre Pereira de Sousa Gomes, Luís Pedro Alves Caetano Newton Parreira, Mafalda Ascensão Cambeta, Manuel Malheiro Portugal do Nascimento Lage, Margarida Maria Moura Alves da Silva Almeida Saavedra, Margarida Carmen Nazaré Martins, Maria Cândida Rio de Freitas Cavaleiro Madeira, Maria da Graça Resende Pinto Ferreira, Maria Elisa Madureira

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Page 1: ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA Mandato 2013-2017 S€¦ · Miguel Farinha dos Santos da Silva Graça, Natalina Nunes Esteves Pires Tavares de Moura, Nelson Pinto Antunes, Patrícia

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----------------------- ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA ------------------------

------------------------------------- Mandato 2013-2017 -----------------------------------------

SESSÃO EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM TRÊS DE MARÇO DE DOIS

MIL E QUINZE -----------------------------------------------------------------------------------

------------------------------ATA NÚMERO CINQUENTA E OITO -----------------------

---------------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Aos três do mês de março de dois mil e quinze, em cumprimento da respetiva

convocatória e ao abrigo do disposto nos artigos vigésimo oitavo e trigésimo do

Anexo I da Lei número setenta e cinco de dois mil e treze, de doze de setembro, e nos

artigos vigésimo quinto e trigésimo sétimo seu Regimento, reuniu a Assembleia

Municipal de Lisboa, na sua Sede, sita no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, em

Sessão Extraordinária, sob a presidência da Excelentíssima Senhora Maria Helena do

Rego da Costa Salema Roseta, coadjuvada pela Excelentíssima Senhora Patrocínia

César, Primeira Secretária em Exercício, e pela Excelentíssima Senhora Rosa

Carvalho da Silva, Segunda Secretária em Exercício -----------------------------------------

----- Assinaram a “Lista de Presenças”, para além dos mencionados na Mesa da

Assembleia, os seguintes Deputados Municipais: ---------------------------------------------

----- Álvaro da Silva Amorim de Sousa Carneiro, Ana Maria Gaspar Marques, Ana

Maria Lopes Figueiredo Páscoa Baptista, Ana Sofia Soares Ribeiro de Oliveira Dias,

André Moz Caldas, André Nunes de Almeida Couto, António Modesto Fernandes

Navarro, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho, Augusto Miguel Gama

Antunes Albuquerque, Belarmino Ferreira Fernandes da Silva, Carla Cristina Ferreira

Madeira, Carlos José Pereira da Silva Santos, Cláudia Alexandra de Sousa e Catarino

Madeira, Cristina Maria da Fonseca Santos Bacelar Begonha, Daniel da Conceição

Gonçalves da Silva, Davide Miguel Santos Amado, Deolinda Carvalho Machado,

Diogo Feijóo Leão Campos Rodrigues, Fábio Martins de Sousa, Fernando José da

Silva e Nunes da Silva, Fernando Manuel Moreno D’Eça Braamcamp, Fernando

Manuel Pacheco Ribeiro Rosa, Floresbela Mendes Pinto, Hugo Alberto Cordeiro

Lobo, Hugo Filipe Xambre Bento Pereira, Inês de Drummond Ludovice Mendes

Gomes, Isabel Cristina Rua Pires, João Alexandre Henriques Robalo Pinheiro, João

Diogo Santos Moura, João Luís Valente Pires, João Manuel Costa de Magalhães

Pereira, Joaquim Maria Fernandes Marques, John Law Rosas da Costa Jones Roque

Baker, José Alberto Ferreira Franco, José António Cardoso Alves, José António

Nunes do Deserto Videira, José Luís Sobreda Antunes, José Manuel Marques

Casimiro, José Maximiliano Albuquerque Almeida Leitão, José Manuel Rodrigues

Moreno, José Roque Alexandre, Lúcia Alexandre Pereira de Sousa Gomes, Luís

Pedro Alves Caetano Newton Parreira, Mafalda Ascensão Cambeta, Manuel Malheiro

Portugal do Nascimento Lage, Margarida Maria Moura Alves da Silva Almeida

Saavedra, Margarida Carmen Nazaré Martins, Maria Cândida Rio de Freitas

Cavaleiro Madeira, Maria da Graça Resende Pinto Ferreira, Maria Elisa Madureira

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Carvalho, Mafalda Ascensão Cambeta, Maria Irene dos Santos Lopes, Maria Luísa de

Aguiar Aldim, Maria Margarida Matos Mota, Maria Simoneta Bianchi Aires de

Carvalho Luz Afonso, Margarida Maria Moura Alves da Silva Almeida Saavedra,

Miguel Farinha dos Santos da Silva Graça, Natalina Nunes Esteves Pires Tavares de

Moura, Nelson Pinto Antunes, Patrícia Caetano Barata, Patrocínia Conceição Alves

Rodrigues Vale César, Pedro Filipe Mota Delgado Simões Alves, Pedro Miguel de

Sousa Barrocas Martinho Cegonho, Ricardo Amaral Robles, Ricardo Manuel

Azevedo Saldanha, Rita Susana da Silva Guimarães Neves Sá, Rodrigo Nuno Elias

Gonçalves da Silva, Rosa Maria Carvalho da Silva, Rui Paulo da Silva Soeiro

Figueiredo, Rute Sofia Florêncio Lima de Jesus, Sandra Cristina Andrade Carvalho,

Sandra da Graça Lourenço Paulo, Sérgio Sousa Lopes Freire de Azevedo, Vasco

André Lopes Alves Veiga Morgado e Victor Manuel Dias Pereira Gonçalves. -----------

----- Faltaram à reunião os seguintes Deputados Municipais: --------------------------------

----- Miguel Nuno Ferreira da Costa Santos. ----------------------------------------------------

----- Fizeram-se substituir, ao abrigo do disposto no artigo 78.º da Lei nº. 169/99, de

18 de setembro, com a redação dada pela Lei nº. 5-A/2002, de 11 de janeiro, o qual se

mantém em vigor por força do disposto, a contrario sensu, na alínea d), do n.º 1, do

artigo 3.º da Lei nº. 75/2013, de 12 de setembro, e do artigo 8.º do Regimento da

Assembleia Municipal de Lisboa, os seguintes Deputados Municipais: --------------------

----- José Maximiano de Albuquerque Almeida Leitão, 1º. Secretário, (PS), por um

dia, tendo sido substituído pela Deputada Municipal Sílvia Simões Esteves. -------------

----- Margarida Saavedra, 2º. Secretária, (PSD), por um dia, tendo sido substituído

pela Deputada Municipal Rosa Maria Carvalho da Silva. ------------------------------------

----- Tiago Miguel de Albuquerque Nunes Teixeira (PSD), por um dia, tendo sido

substituído pelo Deputado Municipal Nelson Pinto Antunes. --------------------------------

----- Carlos de Alpoim Vieira Barbosa (PSD), por um dia, tendo sido substituído pela

Deputada Municipal Patricia Caetano Barata. --------------------------------------------------

----- Miguel Tiago Crispim Rosado (PCP), por um dia, tendo sido substituído pela

Deputada Municipal Lúcia Alexandra Pereira de Sousa Gomes. ----------------------------

----- Mariana Mortágua (BE) por um dia, tendo sido substituído pela Deputada

Municipal Sandra Cristina Andrade. -------------------------------------------------------------

----- Miguel Afonso da Silva Ribeiro Reis (BE) por um dia, tendo sido substituído

pela Deputada Municipal Isabel Pires. -----------------------------------------------------------

----- Miguel Teixeira (PS) por um dia, tendo sido substituído pela Deputada Municipal

Maria Margarida Mota. ----------------------------------------------------------------------------

----- Telmo Augusto Gomes de Noronha Correia (CDS) por seis dias, tendo sido

substituído pelo Deputado Municipal João Diogo Santos Moura. ---------------------------

----- Através da Ata nº 14 da Mesa da Assembleia Municipal, de 3 de março de 2015,

foram justificadas as faltas aos seguintes Deputados Municipais: Senhor Deputado

Municipal Miguel Nuno Ferreira da Costa Santos (PAN) e Senhora Deputada

Municipal Lúcia Alexandra Pereira de Sousa Gomes (PCP) na 56ª Reunião da AML

(33ª. Sessão Extraordinária) realizada em 10 de fevereiro de 2015; ------------------------

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----- Na 36ª. Reunião da AML (21ª. Sessão Extraordinária) de 15 de julho de 2014, foi

justificada a falta à Senhora Deputada Municipal Maria Simonetta Bianchi de

Carvalho Luz Afonso (PS); ------------------------------------------------------------------------

---- Por último justificar a falta do Senhor Deputados Municipal Miguel Nuno Ferreira

da Costa Santos (PAN) à 57ª. Reunião da AML (1ª. Sessão Ordinária) realizada em 24

de fevereiro de 2015. -------------------------------------------------------------------------------

------ A Câmara esteve representada pelos Senhores Vereadores: Rui Franco, Manuel

Salgado, Catarina Vaz Pinto, Sá Fernandes e Duarte Cordeiro. -----------------------------

----- Estiveram ainda presentes os Senhores Vereadores da oposição: Paulo Quaresma,

João Gonçalves Pereira, Carlos Moura e Alexandra Barreiras Duarte. ---------------------

----- Às quinze horas e dezanove minutos, constatada a existência de quórum, a

Senhora Presidente declarou aberta a Reunião. -----------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa fez a seguinte

intervenção: ------------------------------------------------------------------------------------------

----- “Boa-tarde Senhores Deputados Municipais e Senhores Vereadores, sejam bem-

vindos, Público, Senhores Dirigentes, Senhores Jornalistas. Boa-tarde a todos. ----------

----- Hoje temos connosco três Membros do Secretariado da Área Metropolitana de

Lisboa, não sei se á assim que se chama, Comissão Executiva da Área Metropolitana

de Lisboa, que são nossos convidados hoje para no primeiro ponto da nossa Ordem de

Trabalhos fazermos o ponto da situação sobre a Estratégia Integrada de

Desenvolvimento Territorial da Área Metropolitana de Lisboa. -----------------------------

----- Antes de entrarmos no primeiro ponto da Ordem de Trabalhos, no ponto de

audição do público não temos inscrições requeridas para esta fase dos nossos

trabalhos. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- Eu quero dar aqui vários avisos aos Senhores Deputados e peço para estarem

com atenção, pedia o vosso silêncio e para estarem com atenção. --------------------------

----- Nós hoje vamos ter um debate específico agora às 3 horas e às 6 horas temos um

debate temático, faremos um intervalo às 17 horas e 30 para poder preparar a sala para

Para o Debate Temático. ---------------------------------------------------------------------------

----- Chamo a tenção dos Senhores Deputados Municipais que queiram intervir no

Debate Temático, porque é sobre a Erradicação da Violência Contra as Mulheres que

deverão inscrever-se antes da Sessão, portanto, vai estar um período da Sessão de

inscrições aberto, entre as 5 e as 6 horas e poderão inscrever-se nessa altura para o

Debate Temático. -----------------------------------------------------------------------------------

----- Chamo também a atenção dos Senhores Deputados Municipais que irei fazer uma

verificação de quórum às 18 horas e, portanto, nós hoje vamos ter duas listas, uma

lista de presenças normal que é a nossa lista agora de início da Sessão e às 18 horas eu

porei uma nova lista, os Senhores Deputados Municipais devem assinar duas vezes

hoje porque teremos uma verificação de quórum. É muito importante fazer esta

verificação de quórum porque a Assembleia para funcionar tem que ter quórum, o

Debate Temático não é deliberativo, não precisamos de quórum para deliberar, mas

temos que ter o nosso quórum de funcionamento, portanto, pedia a vossa atenção para

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estarem atentos que hoje devem assinar duas vezes, eu voltarei a lembrar isto antes

das 18 horas por que só podemos reunir o Debate Temático com quórum na sala. -------

----- Por agora Senhores Deputados Municipais vamos então dar início aos nossos

trabalhos de hoje. Já os cumprimentei a todos. -------------------------------------------------

----- Queria dizer-vos que não temos público inscrito para esta fase dos nossos

Trabalhos, temos sim pessoas inscritas para as 6 horas, mas neste momento não temos

e, portanto, essa parte dos nossos Trabalhos podemos já prosseguir. -----------------------

----- Hoje não há PAOD porque é uma Sessão Extraordinária, mas temos um voto de

Pesar. Como sabem é tradição da Assembleia Municipal o Votos de Pesar terem

prioridade, mesmo quando não há PAOD e, portanto, eu pedia à Senhora Primeira

Secretária, neste momento em exercício que fizesse a leitura do Voto de Pesar de José

Carlos Caetano Quaresma. ------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Primeira Secretária, em Exercício, Patrocínia César leu o Voto

de Pesar nº. 1/58, pelo falecimento de José Carlos Caetano Quaresma: -------------- -

----- “No passado Sábado, dia 28 de Fevereiro de 2015, faleceu, ao serviço da

Câmara Municipal de Lisboa, num trágico acidente de viação, o Senhor José Carlos

Caetano Quaresma, de 52 anos de idade. ------------------------------------------------------

----- José Carlos Caetano Quaresma trabalhava como Jardineiro nos serviços da

Câmara Municipal de Lisboa, onde era reconhecido pelos seus pares como excelente

profissional e um colega solidário e solicito para com todos aqueles com quem

privava profissionalmente. ------------------------------------------------------------------------

----- Residente na Freguesia de Marvila, na Praça Eduardo Mondlane, José Carlos

Caetano Quaresma, foi um cidadão exemplar, que muito contribui para o

desenvolvimento Cultural, Desportivo e Social dos habitantes da Freguesia de

Marvila, tendo colaborado ativamente em projetos multifacetados da sua

comunidade, com os Clubes locais e em particular com a Casa do Concelho de Arcos

de Valdevez, onde era treinador-adjunto de futsal. --------------------------------------------

----- Apaixonado pelo Fado, deu um contributo importante para a sua divulgação,

junto das populações de Marvila, tendo igualmente participado como fadista, em

muitos concertos de solidariedade, organizadas pelas Associações locais: ---------------

----- A Assembleia Municipal de Lisboa delibera: --------------------------------------------

-----1º. - Apresentar à família de José Carlos Caetano Quaresma, especialmente à

sua filha, e mulher, bem como a todos os seus colegas e amigos, votos de profundo

pesar pelo passamento deste carismático trabalhador da Câmara Municipal de

Lisboa, José Carlos Caetano Quaresma. -------------------------------------------------------

----- 2º. - Guardar um minuto de silêncio em memória de José Carlos Caetano

Quaresma. -------------------------------------------------------------------------------------------

----- 3º. - Dar conhecimento deste voto à família de José Carlos Caetano Quaresma.”

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa fez a seguinte

intervenção: ------------------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhores Deputados Municipais, ouviram o voto, a Mesa vai

pôr o Vota à vossa apreciação. Vamos votar. Votos contra? Não há votos contra.

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Votos de abstenção? Não há votos de abstenção O Voto de Pesar nº 1/58 está

aprovado por unanimidade e vamos então fazer um minuto de silêncio. ----------------

----- Vamos prosseguir Senhores Deputados Municipais, antes de entrarmos na

apresentação do Senhor Engenheiro Demétrio Alves eu queria dar uma informação

relevante à Assembleia Municipal e à Imprensa presente, bem como as pessoas que

nos estão a seguir e a informação relevante é a seguinte: eu recebi ontem na

Assembleia Municipal, mas só chegou neste momento às minhas mãos uma carta,

agora antes da Sessão, uma carta do Senhor Vereador Manuel Salgado relacionada

com o problema da isenção de taxas do Benfica. ----------------------------------------------

----- Essa carta, cujo conteúdo deve ser do conhecimento de todos os Senhores

Deputados Municipais e do público e da Comunicação Social retifica os valores que

eu esta semana tinha tornado públicos quanto ao valor das isenções e, portanto, é uma

comunicação formal, com uma retificação de valores. ----------------------------------------

----- Estarão recordados que eu em declarações à Comunicação Social tinha falado em

4,6 milhões de euros, o Senhor Vereador Manuel Salgado afirma que são 1 milhão e

700 mil ou um pouco mais, perto de 1 milhão e 800 mil euros, que é o valor que

também foi falado na Reunião de Câmara e explica porque é que o valor é este e,

portanto, eu penso que isto é do interesse de todos os Senhores Deputados Municipais,

mas também é do meu interesse que seja tornada pública esta retificação uma vez que

eu me baseei nos valores que estão no processo, mas pelos vistos estavam incorretos e

devem ser recolocados os valores corretos e, portanto, a vossa atenção para isto, irá

ser colocado naturalmente no site a notícia com os valores corretos, mas ficam desde

já avisados de que esta informação deu entrada na Assembleia Municipal de Lisboa

dirigida á minha pessoa. ---------------------------------------------------------------------------

----- Posto isto, Senhores Deputados Municipais, vamos então entrar na Ordem de

Trabalhos. -------------------------------------------------------------------------------------------

----- O primeiro ponto da nossa Ordem de Trabalhos é um Debate específico

sobre a Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área

Metropolitana de Lisboa, 2014-2020; --------------------------------------------------------- ----- Como sabem nos termos da Lei a Assembleia Municipal de Lisboa tem o direito

de duas vezes por ano solicitar a presença do Secretariado da Área Metropolitana de

Lisboa em Sessões da Assembleia Municipal de Lisboa para prestar contas do seu

trabalho, entendemos e fiz parte disto à Conferência de Representantes que concordou

que era útil aproveitar esse momento para termos uma informação mais desenvolvida

sobre tudo aquilo que a Área Metropolita de Lisboa tem vindo a fazer em matéria de

preparação dos Fundos Comunitários no atual período de 2014/2020 no âmbito da

Estratégia 20/20 e, portanto, foi sobre essa matéria que nós agendámos este debate

específico. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- O documento aprovado pelo Conselho Metropolitano foi enviado a todos os

Senhores Deputados Municipais, está no site, foi apreciado por duas Comissões, a 2ª.

e a 6ª. que deram o seu parecer e, portanto, neste momento, conforme ficou

combinado entre todos nós, nós iremos dar a palavra ao Senhor Engenheiro Demétrio

Alves para ele fazer uma apresentação, tem trinta minutos para fazer a sua

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apresentação, seguir-se-á um período de perguntas ou declarações ou de intervenções

dos Senhores Deputados Municipais e no final o Senhor Engenheiro terá novamente a

possibilidade de responder. ------------------------------------------------------------------------

----- Antes das intervenções dos Senhores Deputados Municipais eu irei pedir aos

Senhores Deputados Relatores dos Pareceres, a Deputado Municipal Sofia Dias e ao

Deputado Municipal José Leitão que façam uma apresentação sumária dos Pareceres.

Eu sei que o Senhor Engenheiro Demétrio Alves já deu uma vista de olhos, mas talvez

os outros Senhores Deputados Municipais não tenham tido a oportunidade de ver os

Pareceres e, portanto, seria útil ficarmos todos cientes do conteúdo dos vossos

Pareceres. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- Posto isto, Senhor Engenheiro, é um prazer tê-lo aqui connosco e esperemos que

seja profícuo este diálogo entre a Assembleia Municipal de Lisboa e a Área

Metropolitana de Lisboa.” -------------------------------------------------------------------------

----- (Será feita uma apresentação em PowerPoint (Anexo I) e ainda foi entregue um

Caderno sobre Estratégia Integrada – Desenvolvimento Territorial da Área

Metropolitana de Lisboa, os quais se juntam à respetiva Ata (Anexo II) e dela fazem

parte integrante) -------------------------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Engenheiro Demétrio Alves, Representante da Comissão

Executiva da Área Metropolitana de Lisboa, no uso da palavra fez a seguinte

apresentação: ----------------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhora Presidente, Mesa da Assembleia, Senhoras e Senhores

Deputados Municipais, Senhoras e Senhores Vereadores, Adjuntos, Assessores,

Técnicos Municipais, membros da Comunicação Social e pessoas que estejam

presentes. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- É com muito gosto que estamos aqui, que eu estou aqui em representação da

Comissão Executiva Metropolitana, para fazer uma apresentação tão clara quanto me

for possível, sobre o POR Lisboa 2020, a Estratégia Territorial Integrada, e portanto,

para tentar responder às grandes questões, que financiamento que poderemos vir a ter?

Que participação nas decisões? Que tipo de gestão se nos depara? E portanto, são

várias hipóteses de evolução que estão possíveis. ---------------------------------------------

----- Uma breve apresentação, antes de mais nada, muito rapidamente no âmbito da

75/2013, a Área Metropolitana de Lisboa teve uma alteração significativa na sua

organização, na sua composição de Órgãos, a antiga Junta Metropolitana que

integrava os Presidentes de Câmara e que era o Órgão Executivo deixou de existir, os

Presidentes de Câmara passaram a integrar um Conselho Metropolitano que passou a

ser assim um Órgão deliberativo, enfim, uma espécie de Assembleia Municipal. --------

----- A Comissão Executiva Metropolitana, que é integrada por cinco elementos

eleitos primeiro, enfim, indicados primeiro no Conselho Metropolitano e eleitos

depois por um Colégio Eleitoral qualificado, integrado pelos Membros de todas as

Assembleias Municipais da Área Metropolitana de Lisboa, trezentos e tal membros, e

finalmente este Órgão, a Comissão Executiva, é de facto um Órgão, enfim, não é de

facto um secretariado, é um Órgão Executivo e finalmente há um Conselho

Estratégico para o Desenvolvimento Metropolitano, que é um Órgão Consultivo,

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integrado por entidades, por pessoas representantes de várias idades, do mais variado

tipo. ---------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Não vou maçar-vos com as principais atribuições e competências, grosso modo

elas mantêm-se desde 2009, a questão fundamental é de facto na composição dos

Órgãos. -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Sobre o POR 20/20 no contexto do Portugal 20/20 e também da própria

Estratégia Europeia, dizer que é formado por seis PO temáticos e cinco PO regionais,

quatro PO, Programas Operacionais das Regiões Insulares. ---------------------------------

----- Nos PO temáticos importa salientar e pedir a vossa atenção para o POISE,

portanto, o que tem a ver com as questões mais sociais e da empregabilidade, com o

POSEUR que tem a ver com as intervenções da sustentabilidade estratégica e,

portanto, também das questões relacionadas com o desenvolvimento urbano

sustentável, é o antigo POVT de certa forma, e finalmente neste caso concreto o

Programa Operacional de Região de Lisboa. ---------------------------------------------------

----- O POISE tem dois mil cento e trinta milhões de euros, todo FSE, todo Fundo

Social Europeu, o POSEUR, portanto, tem dois mil duzentos e cinquenta e três

milhões de euros todo Fundo de Coesão, o POR Lisboa, o total são oitocentos e trinta

e três milhões, dos quais têm uma parte significativa de FEDER e o resto pela

primeira vez nos PO Regionais temos também o Fundo Social Europeu. ------------------

----- Os objetivos temáticos Portugal 20/20 na estratégia geral do país foram

anunciados entre o Estado Português e a União Europeia e alinham-se em onze

objetivos temáticos. Os que estão assinalados a vermelho, por negociação entre o

Estado Português e a União Europeia foram excluídos da Região de Lisboa, o objetivo

temático 2, a melhoria do acesso às tecnologias de informação; o objetivo temático 5,

promover a adaptação às alterações climáticas e prevenção da gestão dos riscos; o

objetivo temático 7, promoção dos transportes, de transportes sustentáveis e

eliminação dos estrangulamentos nas principais infraestruturas das redes; e finalmente

o próprio objetivo temático 11, que tem a ver com o reforço e a capacidade

institucional das autoridades públicas. -----------------------------------------------------------

----- Enfim, uma primeira leitura, mesmo que não apressada diria que estes objetivos

temáticos teriam grande interesse para a região, uma região como a de Lisboa, mas de

facto foram excluídos da possibilidade de financiamento, embora por linhas

atravessadas depois havemos de ver que se pode ir buscar dinheiro por exemplo ao

objetivo temático 5. ---------------------------------------------------------------------------------

----- No caso de Lisboa, isto traduziu-se em nove eixos que corresponde cada um

deles a um ou mais objetivo temático, o eixo 1 e o eixo 2 são fundamentalmente

relacionados com as empresas, com as PME, com a inovação, com a

internacionalização e com a ligação entre o tecido produtivo empresarial, económico e

as entidades universitárias de investigação e institutos. ---------------------------------------

----- O eixo 3 está ligado com o objetivo temático 4 e tem a ver com as questões da

transição para uma economia de baixo teor em carbono em todos os setores. Eu não

vou estar a referir agora os números porque há um quadro a seguir em que vamos

retomar estes números. -----------------------------------------------------------------------------

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----- O eixo 4, ligado com o objetivo temático 6 tem a ver com a preservação e

proteção do ambiente e a promoção de utilização eficiente dos recursos, o eixo 5 de

promover a sustentabilidade e a qualidade do emprego, apoiar a mobilidade dos

trabalhadores, o eixo 6 ligado ao objetivo 9, promover a inclusão social e combater a

pobreza e a discriminação. O eixo 7 o objetivo temático 10, investir na educação, na

formação, na formação profissional, etc., e o eixo 8 que é também designado o eixo

autónomo, já vamos ver em que termos, relacionado com os objetivos temáticos 4, 6 e

9, finalmente o eixo 9 é um eixo de assistência técnica. --------------------------------------

----- Aqui apenas chamaria a vossa atenção para o facto de que de todo o envelope de

833,4 milhões de euros há 203 milhões de euros que não são fundo não reembolsável,

é dinheiro que será facultado mas como instrumento financeiro, empréstimos,

bonificações, etc., portanto, não é aquilo a que se chama vulgarmente por fundo

perdido, é um fundo que tem que ser reembolsado. -------------------------------------------

----- Isto quer dizer que, portanto, em Lisboa temos os nove eixos alimentados por

FAES, por Fundos Estruturais Europeus, o FEDER e FSE, os tais 833,33 milhões de

euros a que corresponderá a uma contrapartida nacional de mais de mil milhões de

euros para um investimento global estimado durante os sete anos de 1853 milhões de

euros. -------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Quis chamar a atenção para não estar a fazer-vos perder tempo com grandes

números, que as taxas de cofinanciamento são baixas, portanto, na região de Lisboa,

considerada uma região desenvolvida, digamos no espaço europeu, tem taxas de

cofinanciamento muito baixas e nos eixos 1 e 2 andam nos 40% e em todos os outros

nos 50%, quer dizer que por cada um milhão de euros que se investe num projeto há

500 mil euros que tem que ser a entidade ou as entidades nacionais que afetam,

alocam, os respetivos meios financeiros. --------------------------------------------------------

----- Voltando àquele quadro ou uma forma semelhante, chamar a vossa atenção agora

que para financiamento de projetos e ações municipais e intermunicipais, o que é que

nós temos? No eixo 1 e 2 não temos nada, porque isto é dinheiro fundamentalmente

destinado, como já disse, às empresas, à interligação das empresas com

Universidades, com centros de inovação, internacionalização e, portanto, é um grande

conteúdo financeiro que mesmo assim tem bastante dinheiro não reembolsável,

embora haja muito dinheiro também que vai ser atribuído a empresas a título de

empréstimo e bonificações, há muito dinheiro e também para lá irá sem ser a título de

reembolso, portanto, é de facto, não será a fundo perdido, espera-se que seja fundo

ganho. -------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Depois dos eixos 3 ao eixo 7, para estas temáticas, que não iria repetir, nós temos

vários montantes de financiamento, de FEDER e de FSE, onde é que os municípios e

a Área Metropolitana de Lisboa, enquanto entidade Intermunicipal tem acesso? Tem

do eixo 2, do eixo 3, ao eixo 7 e também do eixo 8, mas do eixo 3 ao eixo 7, e depois

no eixo 8, o tal eixo autónomo que já iremos caraterizar melhor à frente, também tem

acesso. ------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Aqui o conjunto do dinheiro que poderá ser alocado em projetos e ações de

caráter municipal ou intermunicipal podem ser detetados aqui nesta coluna, são

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aqueles que vão ser afetos à chamada AIDUS/ITI, que é um instrumento territorial

integrado, e ao abrigo desta noção vão -se buscar 12 milhões no eixo, é possível ir

buscar 12 milhões no eixo 3, 15 milhões no eixo 4; 6 milhões no eixo 5; 3 de FEDER

e 21 de FSE no eixo 6; 21 de FEDER e 10 de FSE no eixo 7 e finalmente 74 milhões

de FEDER no eixo 8, o que soma para intervenções municipais, potenciais,

municipais e intermunicipais 88 milhões de euros no conjunto das intervenções

AIDUS/ITI e mais 74 milhões para o chamado eixo autónimo. -----------------------------

----- Para aquilo que se designa por DLBC, portanto, são as iniciativas estruturadas na

base dos GAL, Grupos de Ação Local que têm a ver com a intervenção bottom-up,

portanto, proveniente das várias comunidades locais, territoriais, urbanas, costeiras,

rurais e que se pretende estimular, há um montante total para os 7 anos de 24 milhões

de euros num pacote global de 833. Isto quer dizer o quê? Quer dizer que para a

contratualização com a Área Metropolitana de Lisboa, com vista ao financiamento da

ações municipais e intermunicipais, nós temos no eixo 3, 4, 5, 6 e 7 um total de 19%,

apenas 19% do total do POR-Lisboa, é que é para este domínio. Para o eixo 3, os

edifícios e eficiência energética; para o eixo 4, património cultural, património

construído cultural; para o eixo 5 também 6 em 754 milhões, isto dá um total da

média ponderada de 19% e depois no eixo autónomo, o eixo autónomo é o eixo 8, um

eixo ligado às questões da eficiência energética e da revitalização e regeneração

urbanas temos 74 milhões de FEDER, mas dos quais só 44 é que serão de facto a

fundo não reembolsável, porque há 30 milhões de euros que estão neste eixo que vão

alimentar um chamado fundo dos fundos e que servirá para financiar a reabilitação de

edifícios de habitação, de serviço e comércio, designadamente particulares. Isto há de

ter, vão-se buscar estes 30 milhões ao POR-Lisboa e mais aos POR todos do país de

maneira a juntar 300 milhões que depois são cofinanciados com mais cerca de 600 ou

700 do BAE para formar um fundo que será uma espécie de JESSICA, de novo tipo,

para os edifícios de habitação, comércio, de facto fundamentalmente do domínio

particular e privado. --------------------------------------------------------------------------------

---- Aqui dizer também que este fundo autónomo não vai ser contratualizado, vai-se

obter financiamento através dele Município a Município, cada Município vai

apresentar o seu PEDU, isso há de sair daqui a poucos dias um aviso/convite para que

os Municípios apresentem a concurso e vão competir uns com os outros, 18

Municípios, o seu PEDU e portanto vamos ter 18 PEDU, Plano Estratégico de

Desenvolvimento Urbano, portanto, este PEDU só vai ter, portanto, eles vão ser

ordenados, é o que se presume, não se sabe bem ao certo e, portanto, como é em

competição os dois ou três primeiros ou quatro podem absorver tudo, é o que se

supõe, não vai haver plafonização, não haver concertação se não há contratualização,

o que fica aqui uma grande dúvida. --------------------------------------------------------------

----- Outra grande dúvida é qual é que é o contributo que pode vir do POSEUR onde

verdadeiramente há dinheiro a sério de fundo de coesão e do POISE, o Programa de

Apoio à Integração Social e da Empregabilidade, que dinheiro é que pode vir para a

Região Lisboa contratualizado ou não para apoiar questões, aí sim vitais, da

intervenção de resíduos sólidos, de água e saneamento, de regeneração/revitalização

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urbana, porque o POSEUR tem muito dinheiro para a revitalização/regeneração

urbana, fundo de coesão e, portanto, não se sabe como é que isto poderá vir a ser

cativado, negociado e presumimos nós e eu em particular que é necessária aqui uma

intervenção política muito forte de negociação. ------------------------------------------------

----- No âmbito deste tal eixo autónomo nós temos quatro PI, PI são prioridades de

investimento, uma relacionada com a promoção de estratégias de vasto teor de

carbono, bom, o que é que isto quer dizer? Quer dizer que é para a mobilidade

inteligente, para as ciclovias, para as vias pedonais, para os Interfaces, para as

questões que têm a ver com isso fundamentalmente, mas tudo indica que os 30

milhões que estão afetos a esta 4.5 são todos destinados ao tal fundo e, portanto, não

vão estar disponíveis o que é um motivo para alguma interrogação e portanto sobra

apenas 17 milhões de euros para a PI 6.5, a prioridade 6.5 que é a adoção de medidas

destinadas a melhorar o ambiente urbano, depois já poderemos ver, e revitalizar as

cidades, são 17 milhões e a concessão de apoio à regeneração física, económica e

social, 27 milhões. ----------------------------------------------------------------------------------

----- Dizer que por exemplo aqui há 13 milhões que estão predestinados à regeneração

dos terrenos da ex-Quimigal e dos terrenos anexos à Siderurgia e que são 13, portanto,

daqui ficam livres 14 milhões para 7 anos para 18 Municípios para concorrerem no

PEDU. Uma grande dúvida portanto é que este PI 4.5, aquele que aqui tinha referido,

este PI tem coisas importantíssimas, esta PI tem coisas importantíssimas,

investimentos nos motes suaves, bicicleta, pedonal, ciclovias, melhoria da rede de

Interfaces, reforço da integração multimodal, planos, bom, coisas vitais para todos vós

e para alguns em especial com muito conhecimento e muita preocupação em torno

destas questões vitais para as grandes áreas urbanas e que estão todas nesta prioridade

de investimento, mas aqui são onde estão os tais 30 milhões que em princípio só têm

acaso por parte de serviços da Administração Regional e Local empresas públicas,

operadores ou concessionários do transporte público, o que é uma coisa um bocado

estranha porque desde logo não se percebe onde é que se vai buscar dinheiro para as

muito concelebradas ciclovias, porque se ele está todo afeto aos tais 30 milhões, 30

milhões são para instrumentos financeiros e não para fundo não reembolsável. ----------

----- Na UITI, como é que isto, a UITI, o tal pacto envolve 8 PI, a 8, a 3, a 9.1, a 8.3, a

9.1, a 10.1, a 10.5, pronto, estas PI e se nós verificarmos bem o contexto, o conteúdo

destas prioridades de investimento podemos chegar à conclusão que ela se destina

sobretudo ou no fundamental a intervenções do âmbito da integração social das

questões relacionadas com a discriminação de género com as questões relacionadas

com o envelhecimento precoce, com as questões da empregabilidade, do desemprego

dos jovens, enfim, naturalmente tudo questões extremamente importantes, mas não

imediatamente ligadas às competências básicas da estrutura que neste momento

preside, digamos, às competências e atribuições municipais no contexto português e

isto parece poder indicar que há uma certa tentativa de impulsionar, de dirigir o

investimento, a intervenção municipal para frentes de atividade ditas não materiais,

mas sim imateriais ligadas no fundo com a crise, mas é discutível que assim seja e

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naturalmente que os responsáveis políticos hão de refletir sobre isto, designadamente

a nível municipal porque a coisa deve ser bem discutida. ------------------------------------

----- Mesmo por exemplo no domínio do combate ao abandono escolar nos

equipamentos educativos 10.5.1 o dinheiro que está reservado para isto são 21

milhões de euros, equipamentos educativos, portanto, estamos a falar

fundamentalmente de escolas, não é? Como são vulgarmente conhecidas, mas há a

informação de que de certa forma à força se quer colocar neste sector, nesta prioridade

de investimento duas escolas secundárias desde logo, uma delas é em Lisboa e é

expectável que envolvam necessidades de investimento de cerca de 10 milhões, pelo

menos uma delas, ora se o total for 21 e só duas delas podem absorver 14 ou 15 ficam

5 ou 6 milhões para sete anos para 18 municípios, para todos os equipamentos do

ensino básico e do pré-escolar o que é uma fortíssima interrogação se isso é adequado

ou não. ------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Isto é o desenho da hipótese de contratualização para o pacto e portanto nós

provavelmente na Área Metropolitana o que iremos decidir é não colocar estas PI

todas dentro da contratualização porque os munícipes que se quiserem envolver

nessas frentes da empregabilidade social deverão ir ao campo aberto, que é o seguinte:

imaginem um território com linha preta a cheio, em vez de estar medida em hectares

está medida em milhões de euros, são 833,3, há uma primeira grande divisão, uma

primeira grande delimitação que são os eixos 1 e 2, envolvem 375 milhões de euros,

isto é para empresas, investigação, investigação ligada com as questões empresariais,

isto é 54% do total, digamos que é se me permitem a expressão, uma delimitação

equivalente a uma grande coutada dentro do território financeiro metropolitano do

POR, depois temos um território pequeno que é o tal do ITI, da contratualização em

que vão parar 8 PI, que já caraterizei há pouco e que grande parte delas ligado com

questões sociais, desemprego, no fundo por exemplo dinheiro para pagar metade da

remuneração de um jovem desempregado durante um ano numa empresa e era aqui

que se ia buscar. O que se pode questionar então nesse contexto, o que é que o

Município lá está a fazer? Portanto, isto é 88 milhões, 10% do total, e o tal eixo 8 que

só tem 44 milhões e que não será contratualizado, mas será de concorrência livre entre

os 18 municípios. -----------------------------------------------------------------------------------

----- Dúvidas? O que é que vem do POSEUR? De certeza que já está visto que virão o

financiamento para a PI 5.1 que são as alterações climáticas, enfim, o combate,

prevenção das alterações climáticas e, portanto, também prevenção de riscos e

catástrofes, que é a 5.2, mas isto sobretudo deixem-me dizer-vos que isto é para

estudos, planos, monitorização e não para intervenção infraestrutural, digamos que é

para monitorizar, para estudar, para planear e não para intervir em termos físicos

digamos que concretos. Também não se sabe bem como é que o POISE, as questões

relacionadas com a empregabilidade jovem dos eixos 8 e 9 poderão vir a alimentar

esta contratualização. São questões que estão em cima da mesa! ---------------------------

----- Portanto, depois há um conjunto em que os municípios também podem ir

livremente em competição com todas as outras, com todas as outras entidades que é

possível se financiarem. ----------------------------------------------------------------------------

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----- Ora bem, alinhando já com vista a uma eventual estratégia nós temos as tais 8, 9

e 10 PI que as que estão assinaladas a vermelho são aquelas em que haverá menos

dúvida do interesse municipal e intermunicipal de intervir, a PI 4.3.1, a PI 10.5.1 e

depois a 5.1 e a 5.2 do quem do POSEUR. Muitas dúvidas sobre a 7.1, acesso aos

serviços sentáveis, é para a construção de creches e de unidades de cuidado

continuado, não, pelo interesse que estas entidades têm o problema é para isto está

reservado para os 7 anos para os 18 municípios 3 milhões de euros. -----------------------

----- Para o combate ao abandono escolar há além da 10.5 há também as intervenções,

digamos, desmaterializadas, informação complementar, etc., cursos de formação e

coisas do género, portanto, grande dúvida o que é que vem do POSEUR e do POISE. --

----- Se nós tivermos o tal território grande do eixo 1 e 2 e tivermos aqui o ITI aquilo

que prevê como possível tendência da Área Metropolitana seria contratualizar a PI

4.3, 10.7 e 9.5 e depois tentar colocar dentro da contratualização o mais possível de

financiamento do POSEUR e do POISE, tentando canalizar financiamentos do Fundo

de Coesão porque é aqui que estão os instrumentos de financiamento a sério e com

taxas de comparticipação que não são 50% mas são 85%, portanto, este é um esforço

importante. -------------------------------------------------------------------------------------------

----- Só para terminar, o PEDU que é uma coisa que provavelmente daqui a três ou

quatro dias sairá publicamente, eu não tenho a certeza mas é provável que venha a ser

o anúncio que todos os municípios têm que apresentar o seu PEDU, os que quiserem

naturalmente, se não apresentarem ficam fora do eixo 8. É de facto um exercício

bastante complexo, eu não vou entrar por aí, isto levanta muitas questões de

interligação com o REGIT, com o REGEU, com o RJUE, estão de certa forma, eu não

diria que a inventar, mas enfim, a improvisar instrumentos novos e isto liga muito

com as ARUS, com as ORUS, portanto, isto é uma grande complexidade e parece que

isto tem tudo que ser feito em um mês e meio ou dois meses, portanto, cada município

e, portanto, o PEDU é integrado por três coisas, o Plano de Mobilidade Sustentável, o

Plano de Ação da Regeneração Urbana e o Plano de Ação das Comunidades

Desfavorecidas, que é uma coisa que tem a ver com a parte social. -------------------------

----- Este aqui, o Plano de Mobilidade Sustentável, que está definido no acordo de

parceria é que é um instrumento de nível da NUTS 3, portanto, tem que ser feito a

nível da região de Lisboa toda, não é município a município, portanto, há muita gente

que se interroga como é que isto depois se vai coordenar com o PEDU e tudo isto em

tempo útil. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- Dizer-vos ainda que há uma informação muito preocupante, é a de que o Estado

Português por não ter tido uma atempada transposição da diretiva relativamente à

eficiência energética está neste momento em risco de perder durante muito tempo

todo o dinheiro possível relacionado com a eficiência energética, que é muito dinheiro

porque ele está ligado com tudo, está ligado com a regeneração urbana e está ligado

com a mobilidade, não é só com a mobilidade e houve a não transposição e agora há

graves dúvidas sobre que repercussão é que isto vai ter no calendário objetivo nos

próximos meses de financiamento de tudo quanto tenha a ver com a eficiência

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energética, mas enfim, é uma questão naturalmente importante mas que não queria

aqui maçar-vos com ela. ---------------------------------------------------------------------------

----- Portanto, as grandes questões a analisar e a decidir é que se avançamos para uma

contratualização parcial ITI, ou seja, nem todas as PI seriam inseridas, bom, e agora

tem que se ver se o envelope financeiro é os 88 na mesma ou se diminui na proporção,

eu acho que a resposta não é difícil, mas não iria adiantá-la! Se não houver pacto, ou

seja, se não houver contratualização é possível os municípios e a entidade

intermunicipal irem na mesma, chamemos-lhe assim, pescar, pescar neste território

que é o território digamos que em que todos podem ir apresentar candidaturas, nada

diz nos regulamentos que impossibilite isso e, portanto, agora os ganhos e as perdas

associadas a essa opção têm que ser bem avaliadas. -------------------------------------------

----- O eixo autónomo, o tal eixo 8, os 44, fica de fora, já se sabe, são os PEDU, os

municípios vão cada um por si. A pergunta que aqui se faz é a seguinte: quer dizer,

por um lado estamos a fazer um grande esforço de articulação na contratualização do

ITI, um exercício de grande contratualização e sintonia, e depois há o eixo 8

autónomo que é digamos de livres concorrências, chamemos-lhe assim! Parece não

fazer muito sentido, mas é esta a opção! Há uma opção, há uma questão regulamentar,

que é o artigo 7º. Do FEDER que diz que só pode ir ao PEDU quem for autoridade

urbana, quem é que é autoridade urbana em Portugal? São os Municípios, enfim, as

freguesias também, suponho, mas são os municípios, as Áreas Metropolitanas e as

SIMS não são, o que é um bocado estranho porque há uma proposta na Assembleia da

República a dizer que as Áreas Metropolitanas e as SIMS, mas designadamente as

Áreas Metropolitanas vão ser autoridades de transportes, portanto, são autoridades

urbanas, têm competências que a configuram como autoridade, designadamente

fiscalização, coimas, etc.. --------------------------------------------------------------------------

----- Aqui insiste-se que as Áreas Metropolitanas não podem apresentar PEDU

representantes dos 18 municípios fazendo uma certa integração, uma certa coerência,

uma certa distribuição, porque não dizê-lo, porque se temos 44 milhões e se vai em

campo livre é preciso termos todos consciência que três ou quatro municípios têm

capacidade se quiserem, eu até diria que só um, mas quer dizer que têm três ou quatro

municípios têm capacidade para absorver aqueles 44 milhões e, portanto, isto numa

frente tão importante como é a da generalização, revitalização e qualificação de

espaço público deixa muitas margens para haver dúvidas sobre que caminho é que se

está a apontar para reforçar a coesão territorial, económica e social, portanto, estas são

grandes interrogações. ------------------------------------------------------------------------------

----- Depois parece que são impostas parcerias no pacto, a Área Metropolitana se

contratualizar, com certeza iremos contratualizar se não tudo pelo menos em parte,

teremos que ter parceiros à força designadamente da Administração Central, Direção

Geral dos Estabelecimentos de GEST, de GEC, do Ministério da Educação, o do

Património Cultural, porquê? Porque na PI que tem a ver com a reabilitação do

património cultural diz-se lá que são os monumentos nacionais e, portanto, enfim,

uma candidatura relacionada com o Palácio da Pena ou com Mafra absorve logo o

dinheiro todo, enfim, já não digo dos Jerónimos ou do Convento de Jesus em Setúbal,

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mas quer dizer, portanto, há aqui dúvidas sobre o que é que estas parcerias forçadas a

eu é que vão levar, o que é que se pretende com isso, enfim, para além de que um

pacto em princípio é uma coisa de livre acordo, em princípio, só se não for, se for um

pacto à força, portanto, vamos ver. ---------------------------------------------------------------

----- As vantagens e inconvenientes de concertamos, quer dizer, vamos fazer um

grande esforço na Área Metropolitana com os 18 municípios para concertar as coisas

para o ITI, mas que valor é que isto tem? Quer dizer, isto terá ventagens? O que é que

se ganha com isto se já está pré-formatado, por exemplo, o que diz respeito à

educação, se é verdade que está e portanto há aqui questões que são de natureza

política e que nos próximos dias nos exigirão a todos, designadamente no Conselho

Metropolitano uma posição, enfim, aberta, cooperante naturalmente, mas com muita

clareza e com muita firmeza no sentido de melhor servir este território e estas

populações. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Bom, eu vou terminar por aqui, Senhora Presidente, penso que já restou mesmo

no fim.” -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte observação: -------------------------------------------------------------------------

----- “Está no fim, mas naturalmente que poderemos dar mais tempo, não tenha

problema! Tem o tempo que necessitar.”--------------------------------------------------------

----- O Senhor Engenheiro Demétrio Alves, Representante da Comissão

Executiva da Área Metropolitana de Lisboa, no uso da palavra fez a seguinte

apresentação: ----------------------------------------------------------------------------------------

----- “São só dois minutos, é só sobre a questão da EIDT, a Estrutura Integrada de

Desenvolvimento Territorial que teoricamente está previamente a isto tudo, não é?

Portanto, isto o que é que se passou ao longo do tempo? Andou-se durante dois ou três

anos para trás, as Áreas Metropolitanas, as SIMS, a fazer Planos Estratégicos ou a

fazer Planos Territoriais Integrados, seja lá aquilo que for. ----------------------------------

----- Bom e portanto, mais ou menos em julho nós, o PTI da Área Metropolitana foi

finalizado em abril/maio de 2014. Depois a CCDR deu parecer favorável declarando

que em linhas gerais existem condicionantes entre a estratégia delineada no PTI para a

Área Metropolitana e o Plano de Ação Regional. ----------------------------------------------

----- Uma versão final foi distribuída, não houve uma aprovação informar no

Conselho Metropolitano, mas enfim, a coisa ficou consensualizada, a Comissão

Executiva só tomou posse dia 17 e considerou o PTI naturalmente e ficou como lhe

cabia um instrumento de trabalho, enfim, não podia deixar de o fazer e, bom e

portanto estava-se a preparar para que aquilo que verdadeiramente era importante era

ter a estratégia, não é? Aprovada, o PTI e depois fazer o plano de ação, mas em

novembro face à decisão da CIC, a Comissão Intergovernamental de Coordenação do

Portugal 20/20, no dia 11 teve que se apresente das IDT para serem homologadas,

bom e com novas exigências e com questões diferentes colocadas e isto fez, houve a

necessidade de repescar outra vez aí a IDT à pressa para a conformar com as

exigências deste aviso, portanto, a Comissão Executiva Metropolitana teve que fazer

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isto tudo de facto muito apressadamente e partindo de um trabalho que já estava todo

feito para trás e que, enfim, porventura não seria o melhor. ----------------------------------

----- Neste momento temos é a IDT, provavelmente será homologada daqui a poucos

dias, ao mesmo tempo foram aparecendo os programas operacionais estão a ser feitos

os regulamentos específicos e mais à frente teremos os pactos. Nós daqui a poucos

dias, enfim, formalmente mas estamos a fazer, prepararemos o plano de ação com

vista à aprovação do pacto para depois haver a programação e mobilização dos

recursos e a realização dos projetos e das ações, que são aquelas coisas normais no

planeamento estratégico. ---------------------------------------------------------------------------

----- Ao mesmo tempo estamos a trabalhar com os municípios em projetos, listagens

de projetos, de ações, para os encaixar ao PU nas PI para tentar ver que financiamento

é que poderemos fazer. A nossa estratégia tem seis objetivos estratégicos, não vou

agora aqui maçar-vos sobre isso, e apenas uma nota da importância decisiva e central

da regeneração, revitalização e requalificação urbanas na Área Metropolitana de

Lisboa. ------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Nós identificámos, enfim, nós identificámos em sintonia com muitas outras

entidades, isso também não é novidade, há digamos que quatro grandes áreas de

preocupação no domínio da intervenção da regeneração, revitalização, o binómio, e

por outro lado a requalificação urbana que são os centros históricos e as áreas centrais

das cidades com perda de população e envelhecimento, desemprego, e etc., as AUGI,

designadamente as AUGI por legalizar, portanto as AIRU e também o problema das

urbanizações inacabadas que, enfim, é um problema. -----------------------------------------

----- Por outro lado, terceiro, os bairros de assentamento informal e ilegal com

problemas críticos sócio urbanísticos e que ainda subsistem para além do PER,

portanto, que ainda não têm situações resolvidas, enfim, aqui são exemplos, e os

bairros de realojamentos com caraterísticas sociais específicas, portanto, que já

resultaram de várias operações de fases e épocas de realojamento, mas onde persistem

diversos tipos de problemas, portanto, nós reforçando análises que já estão feitas

também coincidimos na opinião de que é vital, seria vital este POR-Lisboa, este

Portugal 20/20 para a regeneração, reabilitação e requalificação, aliás, tem-se dito isto

publicamente mas nós vemos pouca coincidência entre as palavras ditas e aquilo que

está consignado nas propostas, pelo manos naquelas de que temos conhecimento até

agora. -------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Muito obrigado.” ------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhor Engenheiro, acho que foi bastante importante a sua

comunicação, nos alertou aqui para um conjunto de circunstâncias que são muito

importantes para o futuro da Área Metropolitana a também da cidade de Lisboa. --------

----- Muitas vezes a linguagem destes documentos é relativamente de difícil acesso e

penso que a sua comunicação foi extremamente clara e que nos ajuda a todos a

ficarmos com uma ideia precisa, não só do que está em causa como da necessidade de

termos sobre esta matéria posições no mais curto prazo. -------------------------------------

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----- Eu iria agora pedir aos Senhores Deputados Municipais que fizeram a apreciação

do documento da Estratégia de Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área

Metropolita de Lisboa para fazerem a apresentação dos seus pareceres, portanto, em

primeiro lugar o Senhor Deputado Municipal José Leitão em nome da Segunda

Comissão, que é a Comissão de Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização,

e depois será a Senhora Deputada Municipal Sofia Dias em nome da Sexta Comissão

que é a dos Direitos Socais.” ----------------------------------------------------------------------

----- (O parecer da Segunda Comissão sobre a Estratégia Integrada –

Desenvolvimento Territorial da Área Metropolitana de Lisboa é anexado a esta Ata

como anexo III e dela faz parte integrante); ----------------------------------------------------

----- (O parecer da Sexta Comissão sobre a Estratégia Integrada – Desenvolvimento

Territorial da Área Metropolitana de Lisboa é anexado a esta Ata como anexo IV e

dela faz parte integrante); --------------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal José Leitão, Relator da 2ª. Comissão, no uso

da palavra fez a seguinte intervenção: -----------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente da Assembleia Municipal, Membros da Mesa, Senhores

Vereadores, Senhoras e Senhores Deputados, Senhor Primeiro-Secretário da

Comissão Executiva da Área Metropolitana de Lisboa. --------------------------------------

----- Eu vou apenas resumir, digamos, a parte das recomendações, o Parecer está

publicado e está no sítio da Assembleia Municipal e, portanto, apenas gostaria de

sublinhar o seguinte, a Segunda Comissão Permanente de Economia, Turismo,

Inovação e Internacionalização tendo analisado a estratégia integrada de

desenvolvimento territorial da Área Metropolitana de Lisboa decidiu formular as

seguintes Recomendações: 1- Face à transversalidade dos temas consideramos

desejável que o Município de Lisboa coloque o seu foco de intervenção nas áreas já

por demais identificadas como prioritárias, tais como o plano da drenagem, a rede de

transportes, a reabilitação urbana e de espaço público e a rede de centros de saúde; 2-

Uma vez que a estratégia 20/20 não contempla quaisquer obras de recuperação do

parque escolar e que no Programa Comunitário anterior não foram realizadas obras

essenciais em alguns estabelecimentos de ensino, tais como o Liceu Camões, a Escola

António Arroio, o Conservatório Nacional, a segunda fase da escola básica do Parque

das Nações, entre outros, recomenda-se que a Câmara inste o Governo para que este

preveja o cabimento destas obras com verbas próprias e as realize a breve trecho. -------

----- De igual forma se recomenda que a Câmara Municipal inste o Governo para que

seja tido em conta no Orçamento de Estado o cofinanciamento nacional necessário

para a plena concretização da Estratégia 20/20 que corresponde a 50% do valor total

dos projetos, portanto, dizer que estas conclusões, tal como o Parecer foi aprovado por

unanimidade dos Deputados desta Comissão. Disse.” ----------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhor Deputado Municipal, agora a Senhora Deputada

Municipal Sofia Dias irá a presentar o Parecer da Sexta Comissão.” -----------------------

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----- A Senhora Deputada Municipal Sofia Dias, Relatora da 6ª Comissão, no uso

da palavra fez a seguinte intervenção: -----------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhora Presidente, Senhores Deputados Municipais, Câmara

Municipal de Lisboa. -------------------------------------------------------------------------------

----- Na mesma linha a Comissão Permanente de Direitos Sociais e Cidadania, após

audição conjunta com a Segunda Comissão da Senhora Arquiteta Teresa Almeida, da

Equipa de Missão Lisboa 20/20, insta a Câmara Municipal, recomenda que a Câmara

Municipal inste o Estado a assegurar os 50% de Fundos de Comparticipação Própria e

a colocar a ênfase no investimento nas áreas da educação, saúde, transportes e planos

de drenagem. Muito obrigada.” -------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada, vamos agora passar a dar a palavra aos Senhores Deputados

que se inscreveram. Passo a palavra ao Senhor Deputado Municipal José Leitão, agora

não como relator, mas como inscrição normal.” -----------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal José Leitão (PS) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente, Senhores Membros da Mesa, Senhores Vereadores,

Senhoras e Senhores Deputados Municipais. ---------------------------------------------------

----- Este Debate sobre a Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área

Metropolitana de Lisboa é um debate pioneiro nesta Assembleia que se reveste de

grande importância e que deve ter continuidade. ----------------------------------------------

----- Saudamos o facto de termos oportunidade de ouvir nos termos das nossas

competências o 1º. Secretário da Comissão Executiva da Área Metropolitana de

Lisboa, o que acontece pela primeira vez, é um primeiro passo num caminho que

iremos trilhar no acompanhamento das atividades desenvolvidas no âmbito da Área

Metropolitana. ---------------------------------------------------------------------------------------

----- O acordo de parceria de 2014/2020 poderia ter sido melhor se o Governo tivesse

feito boa audição e bom envolvimento das Autarquias no desenho do acordo de

parceria e se tivesse as Cidades como pilares fundamentais de execução, como foi

oportunamente sublinhado pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, torna-se

necessária uma simplificação do quadro regulamentar dando maior flexibilidade de

gestão dos instrumentos financeiros, estimulando a criatividade e inovação em

contraponto como nos rígidos sobre o enquadramento de intervenções. Na opinião de

muitos autarcas e outros cidadãos impõe-se gerir de forma descentralizada os Fundos

Comunitários nomeadamente por os municípios, reconhecendo o seu papel de

articulação e integração das políticas setoriais. -------------------------------------------------

----- O convite feito no âmbito da implementação do Portugal 20/20 para que as Áreas

Metropolitanas e SIMS apresentassem as suas estratégias integradas de

desenvolvimento territorial, que serão a base para a contratualização de pactos para o

desenvolvimento e coesão territorial e dos pactos para o desenvolvimento local com

base comunitária DLBC se constituiu um bom passo para a gestão descentralizada,

continua por outro lado a ter caraterísticas centralistas ao querer pelas regras contidas

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no respetivo regulamento tudo controlar ao exigir que sejam previamente e

exaustivamente detalhadas ações a contratualizar para o período de vigência do apoio

comunitário que decorre até 2020, retirando autonomia e flexibilidade a esta suposta

descentralização. ------------------------------------------------------------------------------------

----- A Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área Metropolitana de

Lisboa é um documento que tem as marcas do europeu, o que o torna de compreensão

difícil para a generalidade dos cidadãos, mas é um quadro de que há que aproveitar

todas as potencialidades. Muitos cidadãos mas também autarcas, associações

empresariais e diversas instituições de solidariedade, isto é a quase generalidade dos

futuros beneficiários, queixam-se com razão da linguagem crítica a que já fizemos

referência, em que estes documentos relativos aos estudos comunitários estão

redigidos, o que torna praticamente difícil a participação e envolvimento que está

subjacente à construção da estratégia Europa 20/20, que deveria ser implementada

pelos Estados membros em fase de negociação dos acordos de parceria e respetivos

programas operacionais. ---------------------------------------------------------------------------

----- Há que criar condições para que os cidadãos possam acompanhar a sua

implementação, o que exige monitorização das verbas atribuídas e executadas

relativamente a esta matéria, existem exigência de transparência de acordo com as

quais serão as entidades gestoras a comunicar trimestralmente no mapa das

candidaturas aprovadas bem como a ranking anual dos valores aprovados pelo

Município. -------------------------------------------------------------------------------------------

----- Não haverá recuperação económica do país sem investimento público, apesar dos

Fundos Comunitários representarem apenas 4% da despesa pública a sua boa

utilização foi essencial para combater a grave crise económica em que o país continua

mergulhado por um quadro de previsível escassez de investimento público oriundo de

verbas nacionais, são recursos imprescindíveis para permitir assegurar a realização da

ambiciosa agenda da Estratégia Lisboa 20/20 em que as questões de desenvolvimento

inteligente sustentável e inclusivo que são identificadas pela Estratégia Europa 20/20

estão consagrados, a concretização desta IDT na sua visão metropolitana deve

assegurar ser instrumento ativo e suficiente para a concretização de políticas e de

ações devidamente integradas nos objetivos específicos do Por-Lisboa em áreas tão

interessantes como a eficiência energética, a valorização do património cultural e

natural, a criação de emprego, a redução da pobreza e da exclusão social, o aumento

da resposta de equipamentos sociais, designadamente os de saúde e a melhoria do

sucesso escolar. -------------------------------------------------------------------------------------

----- Senhora Presidente, Senhores Vereadores, Senhoras e Senhores Deputados

Municipais, estará assim a ser cumprida, embora em pequena escala a ambição de

contribuir para que as metas concretas a atingir de 20/20, com vista a ultrapassar o

impacto da crise económica e voltar a colocar a Europa na via do crescimento. Disse.”

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhor Deputado Municipal.” ------------------------------------------

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----- O Senhor Deputado Municipal José Franco (IND) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente da Assembleia Municipal, Senhores Deputados Municipais,

Senhor Primeiro-Secretário da Comissão Executiva da Área Metropolitana de Lisboa,

Caros Colegas e Público. --------------------------------------------------------------------------

----- Uma breve nota que se refere a uma preocupação que cremos ser partilhada por

todos os cidadãos residentes nos 18 Municípios da Área Metropolitana de Lisboa,

ainda que aquilo que se me oferece dizer não tenha uma relação imediata e direta com

o tema dos financiamentos de que estamos aqui hoje a tratar, no entanto é evidente

que as políticas que forem desenvolvidas pela Área Metropolitana de Lisboa nos anos

mais próximos, socorrendo-se dos apoios financeiros disponíveis pode e deve em

nosso entender procurar dar resposta às preocupações dos cidadãos da Área

Metropolitana e queria-me referir em particular à questão dos transportes na Área

Metropolitana de Lisboa. --------------------------------------------------------------------------

----- Tivemos aqui no ano de 2014 um debate temático em que a Assembleia

Municipal, com a presença de destacados técnicos e convidados que tiveram

importante intervenção na área dos transportes não só na cidade mas também na Área

Metropolitana e durante esse debate temático foi manifestada a preocupação,

partilhada por todos nós ou pela maioria de nós, de que a gestão política dos

transportes na Área Metropolitana de Lisboa deixasse de estar concentrada num órgão

criado pela Administração Central e dela dependente, que tem sido a Autoridade

Metropolitana dos Transportes de Lisboa e reclamávamos, reclamamos e

reclamaremos que a gestão dos transportes, planeamento e a gestão dos transportes na

Área Metropolitana de Lisboa passasse de forma mais assumida para o Poder Local

democrático, ou seja, no nosso caso, a Área Metropolitana de Lisboa. ---------------------

----- Acontece que há poucas semanas a esta parte fomos confrontados com a notícia,

a que aliás o Senhor Presidente da Câmara Municipal se referiu há duas sessões atrás,

no Plenário da Assembleia Municipal que teve lugar no Teatro Maria Matos, como

estaremos lembrados, fomos confrontados com a notícia de que o atual Governo tinha

tomado a iniciativa de propor à Assembleia da República a transferência das

competências e dos meia atualmente afetos à Autoridade Metropolitana de

Transportes de Lisboa para a Área Metropolitana de Lisboa. --------------------------------

----- O Senhor Presidente da Câmara saudou essa iniciativa, não houve na altura que

eu me recorde mais comentários desta Assembleia mas acho que é a altura de o

fazermos, entretanto, a iniciativa do Governo já está traduzida na aprovação em

Conselho de Ministros da proposta de Lei que vai ser submetida à Assembleia da

República e creio que é nosso dever acompanharmos o processo de forma atenta,

interventiva e gostaria de sublinhar, e aproveitando portanto aqui a presença de

dirigentes da Área Metropolitana de Lisboa, gostaria de sublinhar que tudo deve ser

feito para evitar que exista neste processo de transferência algum desinvestimento

relativamente ao trabalho que a Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa,

com todas as críticas que nós temos para lhe fazer à sua conceção e ao seu modo de

funcionamento, mas muitos trabalhos importantes que começaram a ser desenvolvidos

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nessa Autoridade Metropolitana é desejável que não se percam neste processo de

transferência para a Área Metropolitana e para as estruturas que no seio da Autoridade

Metropolitana de Lisboa vierem a ser instituídas para esse efeito e gostava portanto de

apelar em particular aos Colegas Deputados que integram esta Assembleia Municipal

para que continuemos atentos, vigilantes e evitar que efetivamente algo pelo qual nós

nos batemos se venha a traduzir numa perda de algumas das mais, digamos,

competências dos trabalhos feitos na estrutura que agora irá desaparecer. Muito

obrigado.” --------------------------------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal Jonh Baker (MPT) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Excelentíssima Senhora Presidente da Assembleia, Senhores Vereadores,

Secretário Executivo da Área Metropolitana de Lisboa, Caros Colegas. -------------------

----- As minhas primeiras palavras são de agradecimento ao Senhor Secretário

Executivo Engenheiro Demétrio Alves pela sua apresentação, obrigado. ------------------

----- Reunimos hoje neste Plenário para debater a Estratégia Integrada de

Desenvolvimento Territorial da Área Metropolitana de Lisboa para 2014/2020, já

aprovada pelo Conselho Metropolitano no final de 2014. O documento em questão

serve de base para a elaboração do plano de ação de acordo com o estabelecido nos

pactos para desenvolvimento e coesão territorial, bem como para o desenvolvimento

local de base comunitária no âmbito do Portugal 20/20. --------------------------------------

----- O Partido da Terra considera que o documento em discussão está bem

estruturado, sobretudo ao nível da organização dos capítulos, com especial atenção,

para o primeiro capítulo que engloba uma série de conceitos teóricos associados ao

envolvimento das Áreas Metropolitanas. Estes conceitos são de extrema importância

para o desenvolvimento do restante documento, de facto trata-se do primeiro

documento estratégico elaborado sobre a coordenação da Área Metropolitana de

Lisboa, onde também destacamos por um lado o caráter participativo dos vários

agentes e parceiros, públicos e particulares, e por outro o alinhamento da IDT com os

documentos estratégicos já existentes nos 18 Municípios que constituem a Área

Metropolitana, bem como em outras entidades com atuação no território.-----------------

----- No entanto para o Partido da Terra o elemento considerado fulcral para a

implementação da efetiva Estratégia Metropolitana que permite o desenvolvimento e

a afirmação da área deve assentar num modelo de governação dotado de recursos e

com órgãos diretamente eleitos pelos cidadãos. ------------------------------------------------

----- A experiência do modelo de governação metropolitana tem mais de 20 anos e

diversos quadros legislativos onde a visão metropolitana nunca se conseguiu afirmar

na perspetiva municipal, em que todos os eleitos têm que prestar contas aos seus

cidadãos. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- Talvez por uma questão de moda todos os últimos Governos Constitucionais

efetivaram revisões do quadro legislativo das Áreas Metropolitanas e Comunidades

Intermunicipais, em 2003 foi publicada a primeira retificação ao Diploma de 1991

onde são criadas as grandes áreas metropolitanas, em 2008 foi efetuada uma nova

reforma legislativa onde as áreas metropolitanas são mais uma vez centradas em

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Lisboa e Porto, em 2013 o quadro legislativo sofre novamente uma alteração para a

atual onde como sabem a Assembleia Metropolitana desaparece passando a Comissão

Executiva a ser eleita pelo universo dos Deputados Municipais dos Municípios da

Área Metropolitana. --------------------------------------------------------------------------------

----- Não é a solução ideal mas é uma evolução positiva face aos anteriores modelos!

De notar que em todas as alterações legislativas existem pontos em comum, apesar de

previsto nunca assistimos à transferência de competências nem dos Municípios nem

do Governo à Área Metropolitana, de certa forma também nunca existiu um reforço

financeiro de forma a permitir uma maior afirmação institucional, antes pelo

contrário, as quotizações mantém-se com o mesmo valor há vários anos e as

contribuições do Orçamento do Estado diminuíram cerca de 50% em 2007, mantendo-

se estáveis desde aí. ---------------------------------------------------------------------------------

----- Recentemente o atual Governo legislou a extinção das Áreas Metropolitanas de

Transportes e a concentração das competências deste organismo nas Áreas

Metropolitanas de Lisboa e Porto. Trata-se da primeira transferência de competências

da Administração Central, mas pode ser um presente envenenado, as AMT passaram

por vários modelos e nunca conseguiram vingar, os recursos financeiros associados

segundo consta não passam de falácias. ---------------------------------------------------------

----- Face ao exposto o Partido da Terra pretende formular um conjunto de questões

ao Senhor Secretário Executivo, a primeira questão é referente ao próprio documento

em si, após uma atenta leitura depreende-se de que ainda irá ser realizado o plano de

ações de aplicação da estratégia. Para quando a previsão da sua conclusão? Os

recursos financeiros são escassos, é verdade e é necessário aferir e criar consensos

sobre as prioritárias em cada um dos Municípios. ---------------------------------------------

----- A segunda questão diz respeito ao relacionamento com a CCDR, a Área

Metropolitana ao longo dos diversos quadros comunitários, para além da sus

representação ao nível das unidades de gestão possuía algumas competências de

gestão de fundos comunitários. Nesse sentido e tendo em conta o novo quadro

comunitário que agora se inicia está prevista contratualização de delegação de

competências da gestão do próximo Quadro Comunitário de Apoio Portugal 20/20.

Trata-se de uma atividade a que atribuem notoriedade e que permitiu nos últimos anos

imputar algumas despesas do Orçamento da Área Metropolitana. --------------------------

----- E a terceira questão assenta em assuntos de logística, recursos financeiros e

humanos, o reforço financeiro é basilar para implementar e complementar a estratégia,

bem como as novas competências em termos de transportes e outras atividades da

AML, as receitas fixas da Área Metropolitana pouco excedem um milhão de euros,

considerando as dificuldades económicas das Autarquias e da Administração Central

quais são as perspetivas financeiras para o ano de 2016 e seguintes no que concerne

ao nível dos recursos urbanos a Área Metropolitana tinha estipulado 11 postos de

trabalho, sendo que para 2015 previa-se um aumento para 24. A questão centra-se se

estas previsões se vão manter e se as limitações financeiras foram consagradas. ---------

----- Para finalizar, o Partido do Terra atribui mérito ao documento hoje em discussão

mas tem sérias dúvidas da capacidade institucional da Área Metropolitana em

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aglomerar vontades para efetivamente concretizar a implementação de uma estratégia

de desenvolvimento comum. Apesar da evolução positiva do último quadro legislativo

das Áreas Metropolitanas continuamos sem os elementos essenciais, nomeadamente a

dotação concreta de recursos e a eleição direta e universal para os seus órgãos. Disse.”

----- O Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos (PCP) no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Excelentíssima Senhora Presidente e Membros da Mesa, Excelentíssimos

Senhores Vereadores, Excelentíssimos Senhores Deputados Municipais e Deputadas. --

----- O documento de Estratégia Integrada da Área Metropolitana de Lisboa é antes de

mais uma reflexão sobre o estado da Região e a visão comparada com outras áreas da

Península Ibérica e da Europa e reflete no essencial os princípios de programação

impostos por Bruxelas, Portugal dizem vai receber mais de 20 mil milhões de euros

até 2010, o que perfaz menos de 3 mil milhões por ano, para a Área Metropolitana

sobram algumas dezenas de milhões. ------------------------------------------------------------

----- Trata-se apesar de tudo de uma verba não despicienda mas infelizmente nada

comparada com os cerca de 60 mil milhões de euros que custará o serviço da dívida

até 2020, com este nível anémico de investimento não será dado qualquer passo para a

tão badalada coesão económica, social e territorial. Confirma-se que não tem havido

qualquer encurtamento da distância entre Portugal e as suas regiões e as regiões e

países mais ricos da União Europeia, tal afirmação também é verdadeira para a região

de Lisboa e digamos que continuamos em modo de divergência económica e social. ---

----- A estratégia do QREN 2007/2013, que visava tornar a União Europeia a

economia mais competitiva de pleno emprego e com os mais elevados níveis de

desenvolvimento económico, social e qualificação territorial no Mundo foi um

fracasso que não pode atribuir-se simplesmente à crise financeira económica mundial. -

----- A Estratégia da Europa 20/20 e o seu quadro financeiro plurianual tem agora uma

nova fórmula e uma nova roupagem de crescimento inteligente, sustentável e

inclusivo mas claramente com menos dinheiro, menos coesão e mais liberalização

sócio económica. Bruxelas decidiu com o apoio do Governo Nacional que o

investimento em infraestruturas e equipamentos estava ultrapassado, por isso o

dinheiro para equipamentos escolares, de saúde, das rodovias, de espaço público de

reabilitação urbana é praticamente nulo. --------------------------------------------------------

----- As novas prioridades de investimento imaterial da incubação empresarial, da

dinamização das atividades económicas empresariais, o turismo e a rede de

transportes e outros não podem fazer esquecer as velhas necessidades de

infraestruturas e das condições que suportam a qualidade de vida na nossa área, mais

uma vez se confirma que neste processo de planeamento a interferência de Bruxelas e

do Governo retira autonomia ao Poder Local e à Área Metropolitana de Lisboa e

centra-se em objetivos e projetos que o tempo confirmará que pouco contribuirão para

reduzir as assimetrias locais e para a aproximação das regiões mais desfavorecidas, a

Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área Metropolitana de Lisboa

é um documento condicionado mas ainda assim revelador das contradições entre as

necessidades concretas e os espartilhos impostos pelas prioridades e meios e

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metodologias colocadas ao dispor. A conciliação da Área Metropolitana da

diversidade dos seus Municípios poderá ser um resultado prático este exercício de

planeamento coletivo e integrado se forem valorizados concretamente as

potencialidades da Região Capital do País, centro de fluxos internacionais e de

circulação de mercadorias e pessoas. ------------------------------------------------------------

----- As funções intermunicipais nas áreas económicas dos transportes, na atividade

científica e de inovação e na cultura devem ser adequadamente valorizadas tornando-

as mais atrativas para as pessoas e para as empresas, objetivo de captação de Fundos

Europeus não deve desvirtuar a estratégia integrada da região da Área Metropolitana

que necessita de investimentos estatais que suportem os primeiros e permitam

alcançar os desígnios major da Região de maior mobilidade de entre as margens,

maior capacidade de acostagem de passageiros e de mercadorias e de melhores e mais

efetivas e eficientes comunicações com o interior, a Europa, não esquecendo o novo

aeroporto. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- É notório que a ausência da Região Administrativa da Grande Lisboa

democraticamente legitimada não favorece a consistência do planeamento integrado e

a postura neoliberal do Governo junto das instâncias europeias obstaculiza os

desígnios teoricamente apontados neste documento tecnicamente bem feito, teremos

que continuar a defender para Lisboa um outra política e outos objetivos que

permitam avançar no plano social, cultural, económico de forma humanista, coesa e

sustentável. Muito obrigado.” ---------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal Pedro Cegonho (PS) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Excelentíssima Senhora Presidente da Assembleia, Senhores Deputados

Municipais, caro Secretário Executivo da Área Metropolitana de Lisboa. -----------------

----- Em complemento à intervenção já tido pelo Grupo Municipal do PS pelo

Deputado Municipal José Leitão gostaria de formular a seguinte questão, em primeiro

lugar também saudar a forma como foi apresentada a Estratégia Integrada de

Desenvolvimento Territorial na área Metropolitana. ------------------------------------------

----- Tendo presente os objetivos de dimensão Metropolitana a assumir pela AML,

entre os quais a valorização da base ecológica da região como veículo da promoção e

atratividade territorial dirigida à visitação, turismo e à promoção da qualidade de vida

da Região, o fomento da capacidade de inovação e internacionalização da base

empresarial da Região, otimização do sistema de mobilidade, a melhoria da eficiência

dos serviços de interesse geral e adoção rápida de novos paradigmas de redes

inteligentes, o assumir de imperativos de promoção da coesão territorial como

procedimento implícito à estruturação das intervenções metropolitanas e a

estruturação de uma rede regional de resposta ágil e flexível para uma inclusão ativa

tendo presente que os programas operacionais nacionais temáticos, como o POSEUR,

o programa de integração social e emprego, utilização eficiente dos recursos

energéticos, capital humano competitividade, são programas cujos critérios de seleção

e regulamentos que são elaborados de forma nacional em fóruns onde a Área

Metropolitana não tem necessariamente assento. Qual é a estratégia de articulação

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com as entidades das equipas de gestão mas também com as entidades que têm

assento nas comissões de acompanhamento para que possa haver a inclusão desta

estratégia integrada de desenvolvimento e destes objetivos em concreto nos eixos que

estão previstos poderem ser ilegíveis em cada um destes programas temáticos

nacionais. Muito obrigado.” -----------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Senhores Deputados Municipais, parece que não temos mais inscrições, há aqui

uma chamada de atenção que eventualmente os Deputados Independentes ainda

queriam usar da palavra, haverá tempo cedido pelo PNPN e, portanto, pergunto se há

alguma inscrição dos Deputados Municipais Independentes? É o Senhor Deputado

Municipal Fernando Nunes da Silva, faça o favor. Pode dispor de 4 minutos que é o

tempo que sobra do PNPN.” ----------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal Nunes da Silva (IND) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhora Presidente, Senhores da Mesa, Senhores Deputados

Municipais, Senhores Vereadores, Senhor Secretário Geral da Junta Metropolitana de

Lisboa, Senhores Deputados Municipais da PNPN, muito obrigado pela cedência de

tempo. ------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Senhores Deputados Municipais, se quiserem é mais uma pequena reflexão sobre

o assunto. Da leitura deste documento nós percebemos que há aqui duas

preocupações, uma que é perfeitamente compreensível do ponto de vista do Governo,

que é elencar todo o conjunto de prioridades que infelizmente vêm sendo

consecutivamente referidas ao longo dos vários Quadros Comunitários de Apoio, só

pode significar que nós não temos conseguido ultrapassar as questões e os problemas

que eles refletem, que esses mesmos eixos de preocupação e desenvolvimento

estratégico refletem, mas dizia eu que isto é compreensível porque de facto quando se

está a jogar no campeonato europeu é importante manter o máximo de portas abertas e

manter o maior número possível de possibilidades para que depois a nível interno se

possam definir essas prioridades. -----------------------------------------------------------------

----- Eu entendo bem as preocupações que foram aqui transmitidas pelo Grupo

Parlamentar do PCP quando refere que a não existência de um órgão político

legitimado diretamente pela população ao nível de uma Área Metropolitana coloca

aqui problemas de gestão extremamente complicados entre os vários interesses dos

vários Municípios que a compõem, no entanto eu penso que nesta fase em que nós

estamos e tratando-se de um dos últimos Quadros Comunitários de Apoio onde a Área

Metropolitana, apesar das reduções evidentes no financiamento que está previsto para

a sua aplicação de Fundos Comunitários neste espaço territorial, mas dizia que sendo

este um dos últimos quadros em que podemos vir a trabalhar e sem pôr em causa os

objetivos estratégicos que foram definidos penso que era útil ter uma objetivação mais

restrita naquilo que deve ser o investimento e naquilo que devem ser as prioridades de

investimento. ----------------------------------------------------------------------------------------

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----- Se nós vamos dispersar por aquela quantidade enorme de investimentos

prioritários que aqui foram elencadas receio que à semelhança do que ocorreu no

passado a área Metropolitana continue a apresentar um cardápio enorme de

intervenções, a tentar contentar todos e cada um dos 18 Municípios que a compõem,

mas perderá eficácia em termos de transformações estruturais que esta área necessita

em determinados sítios e, portanto, aquilo que era o objetivo desta minha intervenção

era um apelo para que fosse possível tentar dar um passo em frente em relação àquilo

que aqui nos foi apresentado no sentido de elencar 4 ou 5 grandes eixos prioritários de

intervenção e devidamente objetivados em programas de ação para que se possa aí

concentrar. Mesmo que depois politicamente não seja possível levar isso a bom termo

porque de facto a gestão destes 18 Municípios e as suas aspirações legítimas e das

suas ambições igualmente legítimas possa não permitir que isso se faça, é pelo menos

um bom trabalho que já fica para o futuro e é pelo menos uma orientação em relação

àquilo que seja uma intervenção mais eficaz e não apenas mais um somatório de

projetos que sem dúvida serão importantes quer para os Municípios quer para a Área

Metropolitana mas que estão longe de poder responder aos desafios que se colocam

nesta altura. Muito obrigado.” --------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhor Deputado Municipal, agora sim penso que esgotámos as

nossas intervenções, portanto eu vou pedir ao Senhor Engenheiro Demétrio Alves se

faz favor para usar do seu tempo para responder, se precisar de tempo há bancadas

que não usaram e portanto tem tempo disponível e, portanto, faça favor.” ----------------

----- O Senhor Engenheiro Demétrio Alves, Representante da Comissão

Executiva da Área Metropolitana de Lisboa, no uso da palavra fez a seguinte

apresentação: ----------------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhora Presidente, se me permitir eu podia fazer a intervenção

aqui sentado. -----------------------------------------------------------------------------------------

----- Eu pedia que fizessem a projeção de um slide que está neste momento online,

mas entretanto iria de uma forma mais sintética possível tentar dar algum contributo

mais no sentido de esclarecer aqui algumas questões que foram colocadas. ---------------

----- Portanto, em primeiro lugar, por parte do Senhor Deputado Municipal Jonh

Baker, suponho que terei dito bem, registar aqui as suas três questões relacionadas

com o tempo e com os meios e com a forma de relação, designadamente com entidade

gestora, a CCDR. É verdade que a Área Metropolitana de Lisboa já teve alguma

experiência não só do último Quadro Comunitário, o QREN, como organismo

intermédio, de qualquer forma é uma experiência um pouco mitigada porque se trata

de gerir poucas verbas e de certa forma uma forma instrumental e não muito profunda.

É certo que em Quadros Comunitários de Apoios, os QCA, sim aí em tempos idos

uma grande intervenção da Área Metropolitana de Lisboa com bastante profundidade

técnica e de gestão, estamos naturalmente a prepararmo-nos para um eventual desafio

mais profundo, temos consciência das limitações que temos neste momento,

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designadamente eu pedia que fosse feita a projeção do slide que está no computador,

se faz favor. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Temos portanto consciência das limitações bastante grandes que temos dos vários

pontos de vista, mas naturalmente o caminho vai-se fazendo e julgamos que é possível

poder haver uma atempada mobilização de recursos de forma a que se possa fazer

frente aos novos desafios.--------------------------------------------------------------------------

----- Eu gostava de referir o seguinte: se nós considerarmos as capitações financeiras

médias das Áreas Metropolitanas dos países da OCDE, portanto, onde existem mais

ou menos entre 240 a 250 Áreas Metropolitanas das mais diversas dimensões

verificamos que nós estamos muito longe do financiamento per capita ou por unidade

de área das respetivas Regiões Metropolitanas em Portugal, às vezes com distância de

20 a 30 vezes, é evidente que isto para ser devidamente ponderado tem que ter em

conta não só a dimensão humana e territorial, mas tem que ter em conta as

competências e atribuições que nesses diversos países as Áreas Metropolitanas

assumem em termos de gestão territorial. -------------------------------------------------------

----- Mas dar também nota de que é interessante verificar que este nível de atuação na

gestão territorial nas cerca de 200, exatamente são as que estão levantadas, são 244

Áreas Metropolitanas que vão desde 500/600 mil habitantes até 30 milhões de

habitantes, portanto, nós podemos verificar uma coisa interessante, é que há vários

tipos de governação e apenas 15% é que têm os órgãos eleitos diretamente, direta a

universalmente, depois há uma panóplia imensa de soluções. -------------------------------

----- Muitas das Áreas Metropolitanas são muito mais recentes do que as portuguesas,

a experiência portuguesa começou em 1991, ou por aí e, portanto, há experiências e

há realidades noutros países, enfim, supostamente mais avançados e tidos como mais

avançados que começaram muito posteriormente à nossa, também é verdade que

houve países em que estas realidades de gestão metropolitana se impuseram mais

cedo e passaram ao território mais cedo. --------------------------------------------------------

----- O que eu quero dizer com isso é que sendo necessário e desejável que haja um

aprofundamento democrático da legitimação dos órgãos de gestão metropolitana,

porque isso traria obviamente ganhos para os territórios e para as populações, dizer

que nos parece possível melhorar e intensificar a gestão mesmo mo grau atual de

legitimação que existe nos atuais, nos órgãos. --------------------------------------------------

----- Do ponto de vista financeiro referir que nos últimos anos, como podem ver no

gráfico, de facto tem havido uma descida significativa dos meios das transferências

tanto do Orçamento do Estado como dos Municípios para a Área Metropolitana de

Lisboa, enfim, terem nota de que por exemplo em 2003 estivemos quase a chegar aos

três milhões e meio e apenas um milhão e duzentos mil nos anos mais recentes, aliás,

do passado foi possível para além de muito bons trabalhos de pessoas que passaram

pela Área Metropolitana de Lisboa a nível técnico e a nível político também registar

que houve, foi possível juntar algum dinheiro com o qual nós demos um passo recente

e que oportunamente teremos enfim, o gosto de convidar todos os Senhores

Deputados, desde logo a Senhora Presidente para ir às novas instalações, ao novo

edifício que adquirimos exatamente para poupar umas centenas de milhares de euros

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largos que gastamos em arrendamentos e isso foi possível com o amealhamento de

dinheiro proveniente dos anos melhores do passado. ------------------------------------------

----- Atualmente a situação é muito apertada, muito esganada! E temos consciência de

que se quisermos dar um passo seguinte em termos de cumprimento apenas das

atribuições e das competências que temos é evidente que os meios não chegam, não

chegam e referir também que se nós fizermos uma comparação, por exemplo, com um

conjunto de SIMS, que aí estão mostradas no quadro e que evidenciam várias

realidades, enfim, apenas colocámos aqui SIMS mais da zona Centro/Sul nós

verificamos que a receita média proveniente das transferências de Orçamento e dos

Municípios por habitante são na Área Metropolitana de Lisboa, a mais baixa do país,

mas que fica a uma distância, enfim, muito significativa da outra área Metropolitana,

enfim, ficamos em metade, e de SIMS que estão, enfim, que estão cem vezes, cerca de

setenta vezes mais do que nós. --------------------------------------------------------------------

----- Portanto, é evidente que esta relação tem a ver também com as atividades, a

receita média distribuída em função dos municípios no nosso caso é também bastante

baixa e teremos que entre o Orçamento de Estado e Orçamento transferido dos

Municípios, caso se queira dar um novo salto de qualidade, olhar para esta questão

dos meios financeiros, é evidente que isso vai determinar também a gestão que

venhamos a fazer ou não no próximo Quadro Comunitário. ---------------------------------

----- Nós estamos em condições de dar a melhor resposta possível tanto em termos da

Comissão Executiva e dos técnicos e dos trabalhadores que em geral, uns já lá estão,

poucos, mas designadamente mais três ou quatro que seria necessário digamos para

fortalecer essa equipa, é esta a ideia que temos. ------------------------------------------------

----- Daqui migrar para uma outra questão que também foi aqui colocada neste caso

pelo Senhor Deputado Municipal Pedro Cegonho relativamente à estratégia com vista

à interligação e ao diálogo com as entidades da Administração Central desconcentrada

e também da Administração Central propriamente dita, com o Governo, com vista a

tentar cativar, a tentar captar os indispensáveis meios financeiros residentes no

POSEUR e no POISE, sem eles não será possível fazer significativa alteração das

questões relacionadas com a regeneração urbana e com a mobilidade e até dizer

mesmo do domínio das questões da empregabilidade e dos aspetos sociais. --------------

----- Quanto à intervenção junto das pequenas e médias empresas, depende das

condições objetivas em como os instrumentos financeiros irão chegar a estas

empresas, repetir que grande parte do apoio não vai ser dado a fundo perdido, vai ser

dado em instrumentos financeiros de bonificações e de empréstimos através da

estrutura que está delineada, o chamado Banco de Fomento, que enfim, na estrutura o

nome oficial não é este, mas portanto o chamado Banco de Fomento que é, digamos

que uma entidade financeira grossista, o retalho vai ser feito pela banca comercial e,

portanto, todos estes diferenciais e os spreads têm que ser muito bem afinados para se

perceber bem onde é que fica o substancial destes fluxos financeiros que para serem

postos em boas condições nas empresas têm que sê-lo de uma forma agilizada. ---------

----- Ouvia-se ontem um senhor empresário dizer num evento realizado algures no

país que há grandes preocupações com toda a burocracia técnico administrativa que

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está normalmente agregada para os diversos concursos gizados e apontados, também

já ouvimos preocupações e dedicações governamentais no sentido que há ideia de

agilizar e facilitar, passando e diminuindo drasticamente o número de regulamentos,

mas nós chamamos a atenção de que é certo que o número de regulamentos do QREN

era uma coisa inaudita, chegaram a ser 114, depois passaram para 80/90, há agora

ideia para passarem os regulamentos para cerca de 12/15 regulamentos, mas não basta

só diminuir o número de regulamentos porque o último que eu li há dois dias sobre

exatamente o POSEUR e o POISE têm cada um deles quase 300 artigos e portanto a

leitura de um regulamento com entre 200 e 300 artigos é de uma complexidade

enorme para ser articulado facilmente por um pequeno e médio empresário, por

exemplo, não é? E até por grandes empresários e por outros beneficiários potenciais. --

----- Portanto, retomando a linha de raciocínio relativamente à estratégia quento às

questões do POSEUR e POISE é nossa intenção propor amanhã um documento de

estratégia de atuação ao Conselho Metropolitano que reunirá extraordinariamente na

quinta-feira. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Perdoar-nos-ão os Senhores Deputados Municipais que não adiantemos já

aspetos dessa tática de atuação que tem a ver não só com alinhamentos internos mas

também com a forma de atuação junto das autoridades, digamos assim para facilitar, a

CCDR e como a Agência para o Desenvolvimento e Coesão, portanto, vamos acertar

isto entre amanhã e quinta-feira, mas parece-nos que tem que haver uma mudança de

patamar da atuação política no sentido de passarmos de facto a uma fase de debate, de

diálogo entre o Poder Local e o Poder Central e não apenas numa postura de tomar

notas sobre aquilo que nos transmitem que temos que fazer e, portanto, esta nova, este

novo enquadramento terá que ser achado designadamente do ponto de vista político

no Conselho Metropolitano, mas estamos crentes que irá ser possível fazer aqui um

upgrade da atuação face a esta importantíssima matéria que é ir buscar dinheiro ao

POSEUR, designadamente Fundo de Coesão, ir buscar dinheiro ao POISE porque sem

ele não é possível intervir eficazmente na Região Lisboa. ------------------------------------

----- Finalmente respondendo ao Professor Nunes da Silva, dar nota que é nota, para já

um esclarecimento, as prioridades de investimento, aquele grande número de PI são

de autoria nossa, portanto, aquilo não é ideia da Estratégia Integrada de

Desenvolvimento Territorial da Área Metropolita de Lisboa, aquilo são imposições

que vêm do Portugal 20/20, enfim, julgamos nós, temos a certeza também em sintonia

com um paper da União Europeia que fixava, digamos, todas estas linhas de

intervenção política e designadamente política de fundos europeus.------------------------

----- Depois isto é o espelho disso, nós estamos a tentar fazer um exercício e os

Municípios têm respondido bem a este desafio, que há de haver uma parte substancial

deste investimento que vá tentativamente em direção a projetos e ações

verdadeiramente intermunicipais e desejavelmente metropolitanos, que se fixem como

âncoras no território de maneira a de facto nortearem, tentarem nortear, é claro que os

montantes financeiros são escassos para isto, não é? Não é com 100 milhões que se

muda uma região metropolitana em sete anos, mas mesmo dentro desta escassez pode-

se fazer bem e pode-se fazer mal e nós de facto não estamos muito de acordo com a

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teoria do pó de talco sobre a mesa, que é espalhar o pó de talco e depois está lá um

quilo de pó de talco mas não se vê, mas a distribuição em montes que sejam

equitativos, equitativamente distribuídos na mesa e que possam contribuir para a

coesão territorial, social e económica, o mais possível! ---------------------------------------

----- Não é com estes montantes em qualidade e quantidade que se conseguir fazer

grande inversão do ponto de vista socioeconómico de uma região com uma

importância como a Área Metropolitana de Lisboa. -------------------------------------------

----- Dizer para finalizar, se a Senhora Presidente da Assembleia me permite mais um

minuto, só para dizer que estamos de facto, não é bem a Ordem do Dia de Trabalhos,

mas estamos a seguir atentamente a reforma apontada para o sector da mobilidade e

dos transportes com grande atenção e preocupação e também com grande

disponibilidade para darmos o nosso contributo no sentido de alteramos de facto as

coisas, mas esta disponibilidade exige uma grande consciência, um grande

conhecimento profundo do que se aponta para não cair em voluntarismos suicidários

que podiam não resolver nada e podiam inclusivamente contribuir para a destruição

da Área Metropolitana de Lisboa. Disse e muito obrigado.” ---------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhor Primeiro-Secretário. --------------------------------------------

----- Senhores Deputados Municipais, está concluída esta parte dos nossos trabalhos

no que diz respeito à intervenção dos nossos convidados e à resposta às vossas

questões. ----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Temos pendentes duas Recomendações, duas propostas de conclusões e

Recomendações apresentadas pelas Comissões, pela Segunda e pela Sexta. Não se

trata necessariamente de recomendações à Câmara uma vez que são Recomendações

mais genéricas que presumo que no caso de virem a ser aprovadas pedirei à

Assembleia que delegue na Mesa competência para enviar às entidades que entender,

naturalmente à Área Metropolitana de Lisboa mas também a entidades da

Administração Central porque penso que poderá ser interessante, mas antes disso

teremos que colocar estas Recomendações à consideração da Assembleia, portanto, eu

pedia a atenção dos Senhores Deputados Municipais. ----------------------------------------

----- Temos em primeiro lugar o Relatório e Parecer da 2ª. Comissão, a Comissão

Permanente de Economia e Turismo e Inovação e Internacionalização que

propõe um conjunto de conclusões, nomeadamente a primeira parte das conclusões

tem a ver com a nossa competência e com a apreciação da 2ª. Comissão e na parte

mais conclusiva diz: “Na sequência da sua aprovação pelo Conselho Metropolitano de

Lisboa, no último dia 15 de janeiro, é entendimento da Comissão que a monitorização

das verbas atribuídas e executadas é fundamental. Face ao supra-exposto a 2ª.

Comissão Permanente de Economia e Turismo e Inovação e Internacionalização

decidiu formular as seguintes recomendações”, são três Recomendações e são estas

que iremos pôr à consideração da Assembleia Municipal, caso sejam aprovadas elas

serão aprovadas com o formato de Deliberação da Assembleia Municipal e será como

Deliberação da Assembleia Municipal que serão enviadas às entidades que a Mesa por

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bem entender e se me quiserem sugerir também estaremos à disposição para saber

para quem a devemos enviar, em todo o caso o que é preciso agora é colocar à vossa

consideração estes três pontos. --------------------------------------------------------------------

----- Pergunto se alguém pede a votação em separado? Podemos votar os três pontos

em conjunto? Eu vou lembrá-los: o primeiro é que “Consideramos desejável que o

Município coloque o foco de intervenção em áreas prioritárias já existentes e já

identificadas e cita o Plano de Drenagem, a Rede de Transportes e a Reabilitação

Urbana e Espaço Público e a Rede de Centros de Saúde. -------------------------------------

----- O segundo é a preocupação com a preocupação com o facto da Estratégia 20/20

não contemplar o parque escolar e lembrar que há estabelecimentos de ensino como o

Liceu Camões, a Escola António Arroio e o Conservatório Nacional e a segunda fase

da Escola Básica do Parque das Nações que precisa urgentemente que o Governo

cabimente estas obras com verbas próprias e as realize a breve trecho. --------------------

----- Em terceiro lugar recomenda que seja tido em conta no Orçamento de Estado o

cofinanciamento nacional necessário para a plena concretização da Estratégia 20/20,

que corresponde a 50% do valor total dos projetos. -------------------------------------------

----- É isto que eu vou pôr à vossa consideração. Senhores Deputados Municipais,

vamos votar. -----------------------------------------------------------------------------------------

----- (Submeteu à votação a Recomendação constante do Parecer da 2ª. Comissão

Sobre a Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área

Metropolitana de Lisboa) ------------------------------------------------------------------------

----- Quem vota contra? Não há votos contra. Abstenções? Não há abstenções.

Portanto, estas Recomendações foram aprovadas por unanimidade e assumirão a

fórmula de uma Deliberação da Assembleia Municipal que será enviada às

entidades para quem ela é importante. ------------------------------------------------------- ----- Passamos então agora à 6ª. Comissão Permanente que também apresentou um

conjunto de Recomendações Finais que eu vou passar a lembrar: a primeira é que o

Estado garante, está garante mas eu julgo que é “garanta”, que o Estado garanta os

50% de comparticipação de projetos e promova a redução dessa comparticipação;

ponto dois, que seja dada a preferência a projetos na área da educação, transportes,

saúde e drenagem. Não é incompatível com a 2ª. Comissão, não é exatamente igual,

portanto, vamos votá-la, não está prejudicada. -------------------------------------------------

----- (Submeteu à votação a Recomendação constante do Parecer da 6ª. Comissão

Sobre a Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da Área

Metropolitana de Lisboa). -----------------------------------------------------------------------

----- Quem vota contra? Não há votos contra. Quem se abstém? Não há abstenções.

Portanto, está também aprovada e as Recomendações foram aprovadas por

unanimidade e será uma segunda Deliberação da Assembleia Municipal sobre

este assunto. ----------------------------------------------------------------------------------------- ----- Agora sim despedimo-nos dos nossos convidados e agradecemos a sua presença

nesta Sessão Senhor Primeiro-Secretário da Área Metropolitana de Lisboa,

Engenheiro Demétrio Alves. ----------------------------------------------------------------------

----- Senhor Vereador Duarte Cordeiro, tem a palavra.” --------------------------------------

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----- O Senhor Vereador Duarte Cordeiro, da Câmara Municipal de Lisboa no

uso da palavra fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente, muito obrigado. -----------------------------------------------------

----- Do lado do Executivo nós gostaríamos de solicitar uma alteração à Ordem de

Trabalhos para que o ponto 3 seja o primeiro ponto, seja o ponto seguinte da Ordem

de Trabalhos trocando com o ponto 2, se for possível.” --------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Senhor Vereador, eu estava precisamente aqui a olhar e nós temos apenas 20

minutos úteis porque às 5h30m teremos que fazer um pequeno intervalo porque às 18

horas temos uma nova Sessão e temos que mudar o formato da sala e, portanto, eu não

sei se nós em 20 minutos conseguimos apreciar o ponto 3 porque eu não sei quantas

inscrições é que há para o ponto 3, além do Relator. ------------------------------------------

----- Conseguimos? Vamos tentar mas eu acho que é difícil porque temos aqui várias

inscrições pedidas. Vou dar um minuto para as inscrições sobre este ponto, para

percebermos aqui na Mesa se temos tempo para isto ou não. --------------------------------

----- É que o ponto 3 tinha uma grelha de 68 minutos e, portanto, eu acho que 20

minutos é curto para discutirmos uma grelha de 68 minutos e não parece prudente,

mas estou a verificar se há inscrições ou não. --------------------------------------------------

----- Senhores Deputados Municipais a mesa pensa que apesar de haver esta

prioridade da Câmara que é difícil de nós podermos cumprir isto e, portanto,

sugeríamos então prosseguir os nossos trabalhos como estava previsto porque o ponto

2 conseguimos, presumo eu, discuti-lo no tempo que temos e depois teremos que

interromper a Sessão. De qualquer maneira o que não ficar discutido hoje terá que ser

discutido no próxima terça-feira, eu ainda vou ver se é uma Sessão Ordinária ou

Extraordinária, ainda vou estudar essa possibilidade, de qualquer maneira amanhã

receberão a Convocatória. -------------------------------------------------------------------------

----- Senhor Vereador faça favor.” ---------------------------------------------------------------

----- O Senhor Vereador Duarte Cordeiro, da Câmara Municipal de Lisboa no

uso da palavra fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente, do lado do Executivo muito provavelmente não seria

possível na próxima reunião, portanto, nós reiteramos o pedido para trocar os pontos.”

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Senhor Vereador, nós não temos tempo, materialmente a Assembleia não pode

ser posta numa condição de votar à pressa, portanto, nós não temos tempo de discutir

esta matéria com o tempo que ela está prevista na grelha, portanto, eu peço à Câmara

para ter compreensão, se não puder ser na próxima Sessão será na outra a seguir,

podemos depois acertar isso. ----------------------------------------------------------------------

----- Eu limitei-me a incluir aqui estes pontos na Ordem de Trabalhos no pressuposto

de que poderia acontecer que este Debate dos Fundos Comunitários fosse mais rápido

e nós tivéssemos mais tempo e íamos ficar aqui todos à espera! Uma vez que o tempo

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se passou eu acho que temos que trabalhar com o nosso ritmo normal, peço desculpa

se algum dos Grupos Municipais quer recorrer desta minha decisão.-----------------------

----- Já temos seis Senhores Deputados Municipais inscritos, mesmo que a Câmara

prescinda há um Relator e mais seis Deputados Municipais inscritos, seis minutos

cada um eu não vejo materialmente possibilidade de o fazer Senhor Vereador, mas

depois falarei consigo para ver quando é que agendamos esse ponto dos fatores de

ponderação do ponto 3. ----------------------------------------------------------------------------

----- Senhores Deputados Municipais, há condições para passarmos ao ponto seguinte

do Relatório dos TukTuk? Vamos para a Recomendação da 2ª. Comissão sobre os

Tuk Tuk. ----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Então vamos passar para a Recomendação nº. 1/57- Parecer Relatório sobre os

Tuk Tuk em Lisboa feito pela 2ª. Comissão Permanente.” ------------------------------- ----- (O Parecer da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Municipal de Lisboa-

Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização, Recomendação nº. 1, sobre os

Tuk Tuk em Lisboa é anexado a esta Ata como anexo V e dela faz parte integrante.) ---

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Vou então pedir à senhora Deputada Municipal Carla Madeira, que é a Relatora,

que faça uma apresentação sumária do Parecer da 2ª. Comissão.” --------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Carla Madeira (PS), Relatora do Parecer da

2ª. Comissão, no uso da palavra fez a seguinte intervenção: --------------------------------

----- “Senhora Presidente da Assembleia, Senhoras e Senhores Deputados Municipais,

Senhoras e Senhores Vereadores, Público e Comunicação Social. --------------------------

----- Na sequência crescente quer dos Tuk Tuk na dinâmica turística da cidade, quer

das várias queixas que têm surgido por parte da população, assim como nos conflitos

que têm protagonizado com o segmento dos táxis, a 2ª. Comissão Permanente de

Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização decidiu promover uma ampla

reflexão sobre o tema cujas principais conclusões e recomendações que se plasmam

no presente Relatório, para tal fez previamente um conjunto de audições que passo a

enumerar. Audição do Senhor Diretor Municipal de Mobilidade e Transportes

Professor Tiago Farias, tendo em vista aprofundar as questões relativas à relação da

atividade dos Tuk Tuk na cidade, a audição da empresa Eco Tuk Tours, uma empresa

de Tuk Tuk ecológicos que aludindo sempre às especificidades próprias da sua

empresa descreveu de forma pormenorizada a realidade da atividade dos Tuk Tuk em

Lisboa e a audição das associações representativas do setor dos táxis, tendo recebido a

Federação Portuguesa do Táxi e a ANTRAL que criticaram a falta de regulação da

atividade das viaturas Tuk Tuk.-------------------------------------------------------------------

----- Destas audições e da observação factual da situação até proporciona por uma

visita anterior da 2ª. Comissão ao Bairro Alto, que incluiu uma deslocação de Tuk

Tuk, constatou-se a existência de um problema grave da cidade para o qual urge

recomendar uma solução. --------------------------------------------------------------------------

----- Existe um mal-estar provocado junto dos moradores e de outros operadores de

transportes ao qual se deve dar especial atenção. ----------------------------------------------

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----- Também se constata que esta situação resulta de uma total ausência de regras

pelo que é urgente a criação das mesmas. -------------------------------------------------------

----- O número de veículos Tuk Tuk cresceu rapidamente, nomeadamente os

poluentes e ruidosos que são a maioria, dado o preço de aquisição ser bastante mais

reduzido do que os ecológicos. -------------------------------------------------------------------

----- Esta situação tem gerado bastante prejuízo para os moradores, nomeadamente

dos bairros históricos já fustigados com problemas de ruído, que assim se veem ainda

mais privados do direito ao descanso. -----------------------------------------------------------

----- A Comissão sublinha também a importância de se criarem incentivos à aquisição

de veículos não poluentes, neste sentido a 2ª. Comissão propõe as seguintes nove

recomendações à Câmara Municipal de Lisboa: regulamentar a atividade de

transportes de passageiros em veículos Tuk Tuk de forma a ordenar o mesmo;

identificar o número existente de veículos e definir o número desejável de veículos em

circulação; fiscalizar e exigir condições de segurança dos passageiros designadamente

o número de passageiros transportados e seguro promovendo diligências junto do

Instituto de Turismo de Portugal no sentido de clarificar as regras de segurança e de

fiscalização da atividade; que os Tuk Tuk se destinem em exclusivo ao transporte de

passageiros e nunca de bagagens; criar locais de estacionamento próprios e criar

pontos de paragem pré definidos em particular nas imediações dos principais pontos

de atração turística da cidade; que os circuitos livres em zonas delimitadas pela

Câmara para estes agentes se concentrem no centro histórico da cidade, nas zonas da

cidade com acesso condicionado e no Eixo Ribeirinho compreendido entre Belém e

Santa Apolónia salvo quando a sua especificidade temática justifique a circulação

noutras áreas de interesse turístico; criar condições mais favoráveis para os veículos

não poluentes e não emissores de ruído, incentivando que este tipo de transporte não

contribua para piorar o ar que se respira na cidade e o descanso dos cidadãos; criar

uma moratória para que todos os veículos em circulação sejam elétricos num futuro e

que o horário da atividade respeite o descanso dos lisboetas e esteja adequado a uma

atividade turística que se pretende que seja essencialmente diurna, salvo os casos que

o impacto tanto ambiental como sonoro destes veículos possa ser minimizado.” ---------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhora Deputada Municipal. ------------------------------------------

----- Pergunto se há inscrições? Faz favor Senhor Deputado Municipal.” -----------------

----- O Senhor Deputado Municipal Diogo Moura (CDS) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhora Presidente, Senhores Vereadores, Caros Deputados

Municipais. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Senhora Presidente, gostaria de começar por dizer que o CDS subscreve as

recomendações apresentadas pela 2ª. Comissão e que traduzem aliás os contributos do

nosso Grupo Municipal para o Parecer. ---------------------------------------------------------

----- Assim gostaria apenas de enumerar os aspetos que nos parecem pertinentes

salientar: a promoção turística promovida pelo Tuk Tuk é uma mais-valia para a

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cidade de Lisboa e para a diversidade de oferta de transportes turísticos pelo que não

deve ser visto como um problema. ---------------------------------------------------------------

----- Para o CDS é essencial que se promova a construção de um regulamento

específico que possa definir regras no que respeita ao percurso de zonas, locais de

paragem e tomada e descida de passageiros sem que o mesmo se torne restritivo da

sua atividade normal. O regulamento também deverá promover a criação de uma base

de dados sobre o número de operadores turísticos que os Tuk Tuk na cidade, bem

como o número de viaturas. -----------------------------------------------------------------------

----- Ao contrário do que vem sendo divulgado o Instituto de Turismo de Portugal não

tem o registo do número de viaturas a circular, nem tem de ter, à semelhança do que

acontece com os operadores cabendo-lhe apenas o registo da empresa enquanto

operador de animação turística, se essa animação turística é feita a pé, de autocarro, de

barco ou de segway esse é um dado que não consta neste processo de registo de

atividade. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- No que toca ao número efetivo de viaturas em nome de cada empresa apenas o

IMT poderá dar essa informação, por esse facto sugerimos que o futuro regulamento

municipal crie esta base de dados permitindo assim uma melhor gestão na atribuição

ou regulamentação de zonas de circulação e tipificação de cada uma das empresas

gerando assim uma melhor clarificação quer de circuitos ou zonas quer do locais de

paragem. ----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Por outro lado a questão da segurança parece-nos clara, dos dados obtidos

conclui-se que as condições de segurança que estão previstas para estas viaturas no

Código da Estrada e nas especificações de segurança do veículo em causa são as

mesmas, independentemente do seu uso, salvo algumas exceções. -------------------------

----- Outra questão essencial, a ter em conta na feitura do regulamento são os circuitos

ou zonas dentro dos bairros históricos ou zonas maioritariamente residenciais, há que

ter em conta o direito ao descanso dos moradores e sensibilizar os operadores para a

produção mínima de ruído. ------------------------------------------------------------------------

----- A Câmara e esta Assembleia têm dado nestes últimos meses um contributo

positivo e uma postura atenta à problemática do ruído pelo que perante esta

oportunidade é tempo de salvaguardar os direitos dos cidadãos. ----------------------------

----- Sugerimos também que a Câmara envolva as várias entidades e associações na

feitura deste regulamento gerando assim e também mais contributos e mais massa

crítica. ------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Por fim e ao CDS não restam dúvidas a atividade de transporte de passageiros

promovida pelo setor dos táxis é distinta da atividade turística promovida pelas

empresas de Tuk Tuk, pelo que não deverá haver em circunstância alguma

interferências entre elas. ---------------------------------------------------------------------------

----- Em suma salienta-se que a legislação já existe, falta o Município o regulamentar.

Lisboa é uma cidade cosmopolita e diversificada em várias áreas sendo possível a

coexistência de todos estes operadores nas várias vertentes de cada negócio, para isso

deverá haver regulamentação municipal própria, regras claras e a necessária

fiscalização apelando ao bom senso na construção deste documento para que a sua

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vertente fiscalizadora não iniba nem inflexibilize o crescimento económico gerado por

estas pequenas empresas e a sua colaboração na promoção turística e de qualidade de

Lisboa refletida nomeadamente através dos seus guias habilitados para o efeito e com

um meio de transporte diferente. -----------------------------------------------------------------

----- Estamos certos que as recomendações apresentadas pela 2ª. Comissão será um

bom contributo quer para a preparação do regulamento quer para a solicitação na

clarificação de dúvidas que ainda persistem sobre esta recente modalidade de

promoção turística da cidade. Muito obrigado.” -----------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhor Deputado Municipal. -------------------------------------------

----- A Mesa informa que depois do Senhor Deputado Municipal Jonh Baker temos

apenas mais uma inscrição, de maneira que se mais alguém quiser inscrever-se neste

ponto, Senhor Vereador Duarte Cordeira, para depois podermos proceder à votação.” --

----- O Senhor Deputado Municipal Jonh Baker (MPT) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhora Presidente. Senhora Presidente, Senhores Vereadores,

caros Colegas. ---------------------------------------------------------------------------------------

----- O tema dos Tuk Tuk em Lisboa não é uma matéria nova em discussão neste

Plenário tendo inclusive já sido aprovada uma Recomendação por maioria em que o

Partido da Terra teve oportunidade de acompanhar positivamente. -------------------------

----- Os últimos anos foram caraterizados pela afirmação de Lisboa como destino

turístico de eleição, isso todos sabemos, este crescimento contribui diretamente para a

sustentabilidade económica da cidade tendo em 2014 atingido 679 milhões de euros

ao nível das receitas de hotelaria. -----------------------------------------------------------------

----- Aliado a este crescimento estes veículos mobilizados designados por Tuk Tuk

foram surgindo um pouco por toda a cidade, por ruas e avenidas transportando turistas

por locais que habitualmente não são acessíveis por outros veículos. ----------------------

----- A constante procura destes veículos tem vindo a gerar mais emprego, maior

atividade económica, mas sobretudo um melhor conhecimento da cidade de Lisboa,

de certa forma juntou-se o útil ao agradável, porém a sua atividade diária foi criando

alguns anticorpos levando a queixas pelo ruído que produzem, de poluição, pela

forma como parqueiam e a forma como circulam, designadamente a invasão de

passeios sem qualquer respeito pelo Código da Estrada. -------------------------------------

----- Para além destes fatores acresce ainda as queixas por parte dos taxistas que

alegam concorrência desleal, assim, apesar destes motociclos cumprirem os requisitos

atualmente estabelecidos torna-se evidente e urgente a necessidade de haver um

trabalho conjunto cuja iniciativa deve partir do Município com o objetivo de mitigar

alguns dos conflitos referidos. --------------------------------------------------------------------

----- O partido da Terra concorda na generalidade com as recomendações apresentadas

pela 2ª. Comissão, salientando positivamente o ponto 8 que incide na criação de uma

moratória para que todos os veículos em circulação sejam elétricos no futuro. -----------

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----- De relembrar que em novembro esta sugestão já havia sido proposta por nós

aquando da aprovação da Recomendação, mas que não foi aceite, folgamos que esta

ideia seja agora recuperada nas recomendações hoje em discussão. ------------------------

----- Para concluir relembramos que não é só com regulamentos e ou despachos que se

resolvem todos os problemas, é necessário apostar na sensibilização, no trabalho em

parceria e obviamente na fiscalização. Disse.” -------------------------------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Rute Lima (PS) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente da Mesa, Senhores Vereadores, Senhores Deputados

Municipais. ------------------------------------------------------------------------------------------

------ Relativamente aos assuntos em análise do qual decorre a Recomendação

apresentada pela 2ª. Comissão Permanente de Economia, Turismo, Inovação,

Internacionalização e atentos que todos estamos a todas circunstâncias atinentes á

atividade dos veículos Tuk Tuk na cidade de Lisboa o Grupo Municipal do PS

considera pertinentes todos os itens que configuram a recomendação em apreço, os

aspetos e recomendações no mesmo documento mencionados que passam pela

identificação do número existente de veículos e em circulação pelas fiscalização e

exigência de condições de segurança dos passageiros, a criação de locais de

estacionamento e pontos de paragem definidos para a tomada e largada de

passageiros, a criação de um modelo de circulação específico em zonas específicas de

interesse turístico, as questões relacionadas com os horários a praticar bem como a

salvaguarda da criação de condições mais favoráveis para veículos não poluentes e

não emissores de ruído geram de uma forma cumulativa e urgente que a

regulamentação destes veículos seja efetivada o mais rápido possível por parte da

Câmara Municipal de Lisboa, isto porque a criação de regras e disciplina no fluxo

rodoviário é de uma importância e pertinência extrema para a cidade de uma forma

geral. --------------------------------------------------------------------------------------------------

----- Em paralelo a esta necessidade deparamo-nos com um processo de sucesso

empresarial no momento em que Lisboa é considerada uma das cidades de Europa

mais procuradas para turismo e os turistas efetivamente gostam desde meio de

transporte sendo a sua procura uma alavancagem para um braço de negócio atrativo

do ponto de vista turístico e impulsionando a economia da cidade, no entanto a forma

excessivamente liberal em que a falta de regras e falta de disciplina tomou conta e

baseia esta fenómeno colide de uma forma direta com outros ramos de negócio como

é por exemplo o caso dos táxis. -------------------------------------------------------------------

----- É relevante que este meio de transporte não se substitua aos táxis que detêm por

si já uma ampla regulamentação. Assim sendo e com orgulho noma cidade que é a

detentora do título de destino turístico de excelência, mas que acima de tudo se

preocupa com a economia de escala da cidade e que potencia o sucesso de todas as

empresas do setor subscrevemos a recomendação subscrevemos a Recomendação

apresentada pela 2ª. Comissão de Economia convictos que o mercado e a procura é

suficiente para todos, tanto para transporte de passageiros como de transporte de

turistas, voltando no entanto à ressalva da necessidade de uma regulamentação

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ajustada às necessidades de todos os agentes económicos do setor numa base de

equilíbrio empresarial justo e equitativo. Muito obrigada.” ----------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhora Deputada Municipal. ------------------------------------------

----- A Mesa tinha razão, vamos ter então mais uma intervenção e esta sim é a última. -

----- Hoje há aqui confusão na Mesa para as Recomendações para as quais os

Senhores se inscreveram, portanto, houve confusão no número do ponto da Ordem de

Trabalhos e o número da Recomendação, eu penso que o problema é esse, é que os

Senhores Deputados Municipais se inscreveram para o ponto 2 ou para a

Recomendação 2 e a Senhora Secretária interpretou isto, houve aqui troca, peço

desculpa pela nossa parte. -------------------------------------------------------------------------

----- Antes de lhe dar a palavra Senhora Deputada Municipal, quem á que queria ainda

usar da palavra nesta matéria? O Senhor Deputados Municipal Carlos Silva Santos e o

Senhor Vereador que já tinha sido identificado. -----------------------------------------------

---- Foi uma troca entre ponto 2 da Ordem de Trabalhos e Recomendação 2, é que a

Recomendação 1 é o ponto 2 da Ordem de Trabalhos, foi isso que levou à troca pelo

que pedimos desculpa.” ----------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Ana Gaspar (IND) no uso da palavra fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Cara Senhora Presidente, Caros Vereadores, Caros e Caras Colegas Senhores

Deputados Municipais. -----------------------------------------------------------------------------

----- Lisboa é como todos e todas sabemos uma formidável Urbe moderna e

multicultural e esta nossa versão ocidental dos riquexós, os nossos Tuk Tuk remetem-

nos de algum modo para essa mundividência, para esse sonho. -----------------------------

----- A Recomendação em apreço espelha, pensamos, algumas preocupações,

nomeadamente a absoluta necessidade e urgência do estabelecer de um regulamento

municipal de modo a que não haja colisão entre este tipo de serviço com os táxis, não

é? Em termos do estacionamento e do próprio tipo de serviços, o prever um

progressivo recurso a veículos elétricos, o minimizar do impacto da poluição sonora

especialmente nos bairros históricos que nós experimentámos quando andámos de

Tuk Tuk, como Comissão e finalmente também a questão da certificação e

qualificação dos profissionais que são no fundo a face deste serviço de informação

turística a quem visita a cidade, serão os motoristas do turismo. ----------------------------

----- Só assim prestaremos um melhor serviço aos turistas e aos utilizadores dos Tuk

Tuk mas também a natural e óbvia melhoria do serviço a todos os municípios

lisboetas. Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------

------ O Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos (PCP) no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Senhora Presidente, muito obrigada por me dar a palavra. Naturalmente o que

eu trago aqui é sem dúvida um comentário primeiro dizendo que esta Comissão, a que

eu presido, conseguiu, na minha opinião produzir um parecer fundado, coletivo e que

traduz a realidade no essencial da situação. -----------------------------------------------------

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----- Pois o que eu trago aqui é uma denúncia e uma vos de fundo ao denunciar a

irresponsabilidade, porque é a mesma irresponsabilidade do Município que perante

uma iniciativa dos operadores turísticos com uma nova oferta, que já vem para lá de

2013/2014 não soube responder nem acompanhar esta iniciativa. É verdade que foi

preciso chegar a várias, provavelmente duas ou mais centenas de operadores nesta

área para ela se tornar um fenómeno que sendo positivo do ponto de vista turístico, o

que ressaltou foi a questão crítica de se tornar um malefício para os moradores e para

as populações. ---------------------------------------------------------------------------------------

----- Perante esta situação o Município foi alertado e a própria Direção desta área e

deste setor foi ouvida por nós, pela nossa Comissão e estávamos convencidos que iria

ser adotada uma metodologia correta para diagnóstico da situação e para avançar

rapidamente com a regulamentação, verificámos que ao Município foi muito lento,

tem sido muito lento no diagnóstico da situação e na procura de uma solução, de tal

maneira que nós hoje vamos aqui decidir sobre uma Recomendação que eu esperaria

que já traria um contraponto da parte do Município de uma obra feita ou de uma

proposta de obra feita em matéria de regulamento. --------------------------------------------

----- Sabemos que ainda recentemente se estão a fazer os primeiros contatos com as

Juntas de Freguesia e, portanto, têm feito pouco trabalho de necessário a este

levantamento e a fazer uma regulamentação que sirva todas as partes interessadas, é

por isso a nossa denúncia, para além da Recomendação que temos hoje, é o

incompreensível atraso da resposta do Município ou não será ou será compreensível,

se estivesse hoje aqui o Senhor Vice-Presidente Fernando Medina diria “Esta matéria

não é descentralizável por isso é que não anda tão depressa”. Muito obrigado.” ---------

----- O Senhor Vereador Duarte Cordeiro, da Câmara Municipal de Lisboa, no

uso da palavra fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------

----- “Muito obrigado Senhora Presidente, cumpre-me a mim provar em nome do

Executivo que o Senhor Deputado Municipal Carlos Silva Santos se precipitou na sua

intervenção. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Em primeiro lugar queria referir quanto à metodologia que a direção municipal já

produziu uma primeira versão do regulamento, que como aqui foi dito e muito bem na

sequência da audição que foi tida na Assembleia Municipal foram introduzidas

alterações a essa primeira versão, essa versão foi enviada aos Senhores Presidentes de

Junta de Freguesia do Centro Histórico mais visados com atividades de Tuk,

nomeadamente Belém, Ajuda, Alcântara, Estrela, Campo de Ourique, Misericórdia,

Santo António, Santa Maria Maior, São Vicente e Arroios, que foi realizada uma

reunião no dia 12 de fevereiro onde estiveram presentes representantes das várias

juntas de freguesia onde foram apresentadas mais alterações. Muitas dessas alterações

foram aceites, foi igualmente realizada uma reunião no dia 13 de fevereiro com os

proprietários dos Tuk Tuk, isto quanto à metodologia. ---------------------------------------

----- Quanto aos esclarecimentos em relação ao dito regulamento, no que diz respeito

à dita proposta de regulamento e no cruzamento entre aquilo que é a proposta que é

feita hoje de recomendação e aquilo que é o regulamento dizer que em primeiro lugar

o regulamento enquadra-se no nosso entender e é um esforço que nós fazemos uma

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vez que nós não conhecemos mais nenhum Município que tenha regulado esta

atividade, que no nosso entender enquadraremos obviamente a sua base legal na

disposição do Código da Estrada que permite a restrição da circulação de

determinados veículos, como as nossas competências de gestão do domínio público

rodoviário, prevê a obrigatoriedade de licenciamento de circuitos turísticos na

mobilidade simplificada ou comum, prevê a consulta obrigatória das Juntas de

Freguesia em todos os pedidos de licenciamento, estabelece claramente os regimes de

exploração dos circuitos turísticos, prevê a possibilidade de ser definido um

contingente para a circulação de determinados veículos. -------------------------------------

----- No que diz respeito às recomendações que aqui são propostas e o cruzamento

face ao regulamento: Ponto1- regulamentar a atividade de transportes de passageiros

de veículos Tuk, o regulamento está como eu disse na sua versão já final; 2-

Identificar o número de veículos em circulação, o DMTT, Direção Municipal já fez

um estudo provisório; 3- Fiscalizar as condições de segurança dos passageiros

promovendo diligências junto do Turismo de Portugal no sentido de clarificar as

regras aplicáveis, uma das propostas do regulamento é dotar as freguesias das

competências de fiscalização; 4- Que os Tuk Tuk se destinem ao uso exclusivo de

transportes e não de bagagens, está previsto expressamente na proposta do

regulamento, até lhes digo que no artigo nº. 15º; 5- Criar locais de estacionamento

próprios e criar pontos de paragem pré-definidos, está previsto no regulamento no

artigo 14º., que os circuitos livres em zonas delimitadas pela Câmara para estes

agentes se concentrem no centro histórico, existe um regime mais favorável de

estacionamento para as freguesias indicadas no número 1 desta proposta; 7- Criar

condições mais favoráveis para os veículos não poluentes e não emissores de ruído,

também está prevista uma Moratória bem como a possibilidade das Juntas de

Freguesia indicarem zonas de trânsito proibido; 8- Criar a tal Moratória que é aqui

proposta para os veículos elétricos, que está previsto como já disse anteriormente; 9-

O horário da atividade respeite o descanso dos lisboetas, que está previsto na proposta

do regulamento no artigo 6º. do documento. ----------------------------------------------------

----- Isto para ser absolutamente claro que a proposta que está a ser redigida tem em

conta a maioria das recomendações que aqui são propostas e, portanto, o trabalho

continuará, penso eu, num clima de partilha de responsabilidades, mas que em muito

breve trecho este Regulamento será apresentado. Muito obrigado.” ------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada Senhor Vereador, ficámos devidamente esclarecidos e vamos

então passar à votação. -----------------------------------------------------------------------------

----- Há um pedido do PEV para que os pontos 5 e 9 sejam votados separadamente, Os

pontos que vamos votar são estes 9 pontos que o Senhor Vereador acaba de lembrar,

portanto, dispenso-me de os ler novamente e pontanto a Mesa vai pôr à votação os

pontos 1, 2, 3, 4, 6, 7 e 8 da Recomendação 1/57 da 2ª. Comissão Permanente

sobre os Tuk Tuk, e depois separadamente votamos o ponto 5 e o ponto 9. -------------

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----- Vamos pôr à votação as recomendações que contam dos pontos 1, 2, 3, 4, 6, 7 e

8 propostas no Parecer da 2ª. Comissão. Quem vota contra? Não há votos contra.

Quem se abstém? Não há abstenções. Estes pontos estão aprovados por

unanimidade. ---------------------------------------------------------------------------------------

----- Vamos passar agora a votar o Ponto 5, que tem a ver com os locais de

estacionamento próprio e pontos de paragem pré-definidos. Quem vota contra? Não

há votos contra. Quem se abstém? Duas abstenções do PEV. Votos favoráveis do PS,

PSD, PCP, BE, CDS/PP, MPT, PNPN e 6 IND. Está aprovado por maioria. -----------

----- O Ponto 9 tem a ver com o horário de atividade, que respeite o descanso dos

lisboetas e esteja adequado a uma atividade turística que se pretende essencialmente

diurna, salvo os casos em que o impacto ambiental ou sonoro possa ser minimizado.

Quem vota contra? Não há votos contra. Quem se abstém? Duas abstenções do PEV.

Votos favoráveis do PS, PSD, PCP, BE, CDS/PP, MPT, PNPN e 6 IND. O Grupo

Municipal do PAN não se fez representar nesta reunião. Está aprovado por maioria. -

----- Senhores Deputados Municipais está portanto aprovada esta Deliberação com

estas recomendações. -------------------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal Manuel Lage refere que irá apresentar uma

Declaração de Voto sobre esta matéria. --------------------------------------------------------

----- “Manuel Portugal Lage, Deputado Municipal, do Grupo Municipal do Partido

Socialista vem apresentar a sua declaração de voto relativo ao seu sentido de voto na

recomendação n.º 1/57, apresentada pela 2ª Comissão Permanente Municipal de

Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização, sobre os “Tuk-tuk na cidade de

Lisboa”, na reunião de 3 de Março de 2015. ---------------------------------------------------

----- Na reunião plenária anterior àquela onde foi votada a recomendação - que

mereceu o voto favorável do signatário – a 57ª reunião de 24 de Fevereiro, no

período de intervenção do público, usou da palavra o munícipe Sr. Paulo Oliveira. ----

----- Ora, compreendendo que neste ponto da Ordem de trabalhos os munícipes

podem usar da palavra sobre os assuntos que entendam, não se conforma o

signatário, com o facto de nessa reunião, ou na reunião seguinte, a 58ª, onde foi

apresentada e votada a Recomendação em causa, não tenha havido uma palavra

pelos deputados que integram a 2ª Comissão Permanente Municipal de Economia,

Turismo, Inovação e Internacionalização, repondo a verdade dos factos quanto às

alegações incorretas e que, pode mesmo dizer-se, propositadamente visaram faltar à

verdade com o intuito de denegrir o trabalho da Comissão. ---------------------------------

----- Enquanto Deputado da 2ª Comissão Permanente Municipal de Economia,

Turismo, Inovação e Internacionalização, não se conforme e nesse sentido, pretende

com a presente declaração de voto deixar bem claro que: -----------------------------------

----- - A ASTUK (Associação Nacional de Empresários de Tuk-tuk, cujo Presidente da

Direção se dirigiu ao plenário, acusando a 2ª Comissão de não ter ouvido a

Associação, foi criada no dia 13 de Fevereiro de 2015. Ou seja, as audições da

Comissão tiveram lugar em Novembro de 2014 e a Associação foi criada uma

semana antes da apresentação do relatório da Comissão; ----------------------------------

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----- - A ASTUK intitula-se como Associação Nacional, contudo, tem como

Associados - à data da intervenção na 57ª reunião da Assembleia Municipal de

Lisboa - 2 empresas que operam na cidade de Lisboa e 4 empresários em nome

individual;--------------------------------------------------------------------------------------------

----- - A ASTUK, que é então, segundo se autointitula a Associação Nacional, só

aceita novos associados por convite! ------------------------------------------------------------

----- - A ASTUK, representa atualmente 10% dos operadores! ------------------------------

----- - O Presidente da ASTUK é o Presidente da Tuk-tuk Lisboa, e a sede social da

ASTUK confunde-se com aquela; ----------------------------------------------------------------

----- Uma vez que passaram em claro ao longo do debate, por desconhecimento dos

deputados intervenientes, ou qualquer outro motivo, ficam pela presente declaração

de voto feitos os esclarecimentos essenciais, justificando-se assim o voto favorável na

recomendação, feito de forma livre e muito consciente. --------------------------------------

----- Por tudo isto, não pode o signatário, membro da 2ª Comissão Permanente

Municipal de Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização, conformar-se com

as afirmações proferidas pelo munícipe Paulo Oliveira, por nelas não se rever e por

entender que a 2ª Comissão levou a cabo um trabalho sério, justo e profícuo para a

atividade destes operadores da cidade, mas mais importante no pleno exercício do

mandato que nos foi conferido pelos nossos concidadãos: pela melhoria da nossa

cidade, por uma melhor Lisboa!”---------------------------------------------------------------

--

----- Senhor Deputado Municipal Magalhães Pereira também anuncia uma Declaração

de Voto do PSD ou dos Senhores Deputados Municipais Magalhães Pereira e

Margarida Saavedra relativamente à questão dos Tuk Tuk.” ---------------------------------

----- Declaração de Voto dos Senhores Deputados Municipais Magalhães Pereira e

Margarida Saavedra (PPD/PSD) relativamente à questão dos Tuk Tuk: ------------------

----- “O Grupo de Listra do PPD/PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, apresenta

a seguinte Declaração relativamente ao seu Voto Favorável na Recomendação nº.

1/57 da 2ª. Comissão Permanente Municipal de Economia, Turismo, Inovação e

Internacionalização, submetida a Plenário da assembleia Municipal na sessão de 3

de março de 2015, para Parecer/Relatório sobre os Tuk-Tuk em Lisboa: -----------------

----- 1-O Grupo Municipal do PPD/PSD votou favoravelmente a Recomendação em

epígrafe, por considerar imprescindível a clarificação e regulamentação da operação

dos veículos motorizados ligeiros comummente designados por Tuk-Tuk na cidade de

Lisboa e o Parecer apresentado incluir um conjunto de preceitos com relevância para

o objetivo pretendido. ------------------------------------------------------------------------------

----- 2-No entanto, o articulado desta Recomendação está eivado de conceitos não

suficientemente definidos ou de cumprimento incerto, como seja o nº. 4 onde se diz

transportes de passageiros e não de bagagens e no nº. 8 onde está a criação de

moratória para que todos os veículos em circulação sejam elétricos no futuro. ----------

----- 3-De facto, não se define com precisão o que sejam bagagens, o seu volume e

forma de portabilidade, nem qual seja a moratória, aplicável a quais veículos em

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circulação, nem se conhece se a evolução no futuro determinará qualquer vantagem

em que sejam elétricos. ----------------------------------------------------------------------------

----- 4-Porém o Grupo de Lista do PPD/PSD considera que a importância de uma

definição de linhas de atuação para o enquadramento desta atividade turística e/ou

de transporte de passageiros, através de regulamentação a nível municipal e

nacional, sobreleva alguma imprecisão de linguagem.” -------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Vamos prosseguir então com o nosso trabalho e queria-vos pedir agora o

seguinte: nós às 6 horas continuamos esta Reunião sob a forma de Debate Temático,

como sabem no Debate Temático temos que ter a Mesa organizada de outra maneira,

atenção, temos que ter temos que ter a Mesa organizada de outra maneira e temos que

ter algum tempo para preparar a Mesa. ----------------------------------------------------------

----- Eu lembro aos Senhores Deputados Municipais que nós iremos fazer uma

verificação de quórum às 6 horas com novas listas de presença aqui na sala, porque

temos que manter o quórum para podermos prosseguir os nossos trabalhos, portanto,

peço aos Senhores Deputados Municipais que tenham isto em consideração, é um

dever nosso garantir o quórum para que a Sessão possa prosseguir. ------------------------

----- Muito bem, portanto, Senhores Deputados Municipais, dentro de alguns minutos

já estarão as novas listas de presença nas mesas. ----------------------------------------------

----- Eu peço que retirem os vossos pertences todos porque as mesas têm que ser

desmontadas e a sala tem que ficar adequada para o público se poder sentar onde

muito bem entender e às 18 horas faremos a verificação de quórum para recomeçar os

nossos trabalhos. Muito obrigada.” --------------------------------------------------------------

----- PONTO 5 – PRIMEIRA SESSÃO DO DEBATE TEMÁTICO

“ERRADICAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES”, SUBTEMA

“A CONVENÇÃO DE ISTAMBUL E O DIREITO PORTUGUÊS”, NOS

TERMOS DO PROGRAMA APROVADO EM 27.01.2015, PELA

ASSEMBLEIA MUNICIPAL, ATRAVÉS DA PROPOSTA 01/CR/2015, E AO

ABRIGO DO ARTIGO 39º DO REGIMENTO DA AML: ------------------------------

----- INTERVENÇÕES DO PAINEL DE ORADORAS CONVIDADAS. ------------

----- DEBATE ABERTO AO PÚBLICO. ----------------------------------------------------

--------------------- RESPOSTAS DO PAINEL DE ORADORAS. ------------------------

----------------------------- ABERTURA DOS TRABALHOS ------------------------------

------------------------------------------1ª SESSÃO ------------------------------------------------

-----“ Erradicação da Violência Contra as Mulheres – A Convenção de Istambul

e o Direito Português.” --------------------------------------------------------------------------

----- O Painel foi moderado pelo Senhor Deputado Municipal Magalhães Pereira

(Presidente da 6ª Comissão Permanente de Direitos Sociais e Cidadania); ---------------

----- Participou do debate, na qualidade de oradora convidada, a Senhora Professora

Dr.ª Clara Sottomayor, Juíza Conselheira no Supremo Tribunal de Justiça; a

Senhora Dr.ª Elza Pais, Presidente da Subcomissão de Igualdade da Assembleia da

Republica; a Senhora Dr.ª Fátima Duarte, Presidente da Comissão para a Cidadania

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e Igualdade de Género da Presidência do Conselho de Ministros e a Senhora Dr.ª

Elisabete Brasil, da União de Mulheres Alternativa Resposta. -----------------------------

-----Foram nomeados para relatores da primeira sessão as seguintes Deputadas

Municipais: ------------------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Deputada Rosa da Silva Carvalho (PSD) e a Senhora Deputada

Municipal Maria Begonha (PS). ------------------------------------------------------------------

----- O Senhor Deputado Municipal Magalhães Pereira (PSD), na qualidade de

moderador do debate, fez a seguinte intervenção: ---------------------------------------------

----- “Vamos então iniciar os trabalhos. ---------------------------------------------------------

----- O assunto deste debate temático, promovido pela Assembleia Municipal de

Lisboa e requerido pelo Grupo Municipal do PAN, é de importância singular. ----------

----- Trata-se de dar continuidade e concretização à decisão do Conselho da Europa

inscrita no respetivo manual de procedimentos que recomenda aos agentes sociais e

políticos o apoio a iniciativas de esclarecimento e divulgação dos termos e objetivos

da Convenção para a Prevenção e Combate à Violência Contra as Mulheres e

Violência Doméstica, como é designada por Convenção de Istambul. É que há que

considerar que é evidente que o melhor lugar para o fazer, em Lisboa, é o parlamento

da cidade capital, a sede da democracia de Lisboa, a Assembleia Municipal. -------------

----- Não há, aliás, que confundir ambos destes tipos de violência, ou no sentido de

combater a violência doméstica e de género, outra, muito particularmente, a que é

perpetrada contra as mulheres, prevenindo e protegendo contra todas as formas de

violência e contribuir para a eliminação, também, de todas as formas de

discriminação, promovendo a igualdade real de género. --------------------------------------

----- Temos connosco, nesta “viagem”, e neste painel, a Senhora Professora Clara

Sottomayor, Juíza Conselheira no Supremo Tribunal de Justiça, a Senhora Dr.ª Elza

Pais, Presidente da Subcomissão de Igualdade da Assembleia da Republica, a Senhora

Dr.ª Fátima Duarte, Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

da Presidência do Conselho de Ministros e a Senhora Dr.ª Elisabete Brasil, da União

de Mulheres Alternativa e Resposta, e eu próprio, João Magalhães Pereira, Deputado

Municipal e Presidente da 6ª Comissão Permanente de Direitos Sociais e Cidadania. ---

----- Acompanham-nos, também, dois excelentes relatores, a Senhora Deputada

Municipal Rosa Maria Carvalho da Silva, representante do PSD, e a Senhora

Deputada Municipal Maria de Begonha, representante do PS. ------------------------------

----- Nesta sessão teremos de ter em atenção uma imprescindível contenção dos

tempos atribuídos a cada orador, ou a cada interveniente, com dez a quinze minutos

pelas personalidades convidadas neste painel, e intervenções de Deputados presentes e

cidadãos interessados, e previamente inscritos, que neste momento, temos aqui na

Mesa, a referência de serem oito que terão um máximo de sessenta minutos para as

suas perguntas, pedidos de esclarecimento ou informações, seguindo-se, depois, os

últimos três minutos para respostas e questões e, encerramento dos trabalhos. -----------

----- Portanto, vou dar a palavra à primeira oradora.” -----------------------------------------

----- A Senhora Dr.ª Clara Sottomayor, Juíza Conselheira no Supremo Tribunal de

Justiça, fez a seguinte intervenção inicial: ------------------------------------------------------

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----- “Muito boa tarde a todos e a todas que se reúnem para discutirem a erradicação

de todas as formas de violência contra as mulheres. -------------------------------------------

----- Em primeiro lugar, eu quero agradecer à Senhora Arquiteta Helena Roseta e à

Assembleia Municipal de Lisboa o convite para estar presente e exprimir, também, o

meu apreço e o meu gosto em participar no debate destes temas. ---------------------------

----- A Convenção de Istambul tem uma inovação muito importante para o nosso

Direito, que é o conceito de violência de género. Reconhece, portanto, que as

mulheres e as meninas são o principal alvo de violência, e que este conceito de

violência de género abrange todas as formas de violência, física e psíquica, social,

económica, institucional e sexual, contra mulheres e meninas. ------------------------------

----- Eu tocar em três questões que vão ser tratadas na Convenção de Istambul e que

são inovadoras no Direito da Família e no Direito Penal português, e que são as

questões da punição do assédio sexual, do alargamento dos conceitos de violação e de

coação sexual, e também, as medidas de proteção de mulheres e crianças vítimas de

violência doméstica, nos processos de regulação das responsabilidades parentais. -------

----- O assédio sexual está definido na Convenção de Istambul, como todo o

comportamento verbal, não-verbal, físico, simbólico ou gestual, que envolve

apreciações não desejadas sobre o corpo das mulheres. E é praticado, tipicamente, em

duas situações: nos espaços públicos, por exemplo, na rua, nos transportes públicos ou

no local de trabalho. A Convenção de Istambul concebe estes comportamentos como

uma ofensa à dignidade humana, ainda que se trate de uma ofensa meramente, verbal

que tem sido desvalorizada e não está criminalizada no Direito Penal Português. E

considera, também, que estes comportamentos, e a tolerância que tenha existido com

eles, são um símbolo da desigualdade e do estatuto social inferior das mulheres,

historicamente determinado. ----------------------------------------------------------------------

----- Eu vou focar, também, as vítimas de assédio nas ruas, que no caso das

adolescentes do sexo feminino são as vitimas mais vulneráveis e aquelas que ficam

mais lesadas por ouvir estes comentários. -------------------------------------------------------

----- Normalmente acontece, logo no início da puberdade, se uma menina sai à rua,

sozinha, para ir para escola, ou para a casa de uma amiga, ter que ouvir estas

expressões sexistas que vulgarmente, se designam por ordinárias, na linguagem

corrente, e que nunca foram criminalizadas. Pode defender-se que seria uma injúria

que já está criminalizada, mas a verdade é que muitos destes comentários não

ofendem apenas, a honra ou a consideração, mas a liberdade de circulação, a

dignidade, e portanto, são comportamentos mais graves do que aqueles que já estão

criminalizados. De qualquer forma, as vitimas destes comportamentos, e os seus

autores, também não os concebem como meramente umas injúrias. São

comportamentos discriminatórios em função do género. -------------------------------------

----- O local de trabalho está associado ao acesso ao emprego, ao próprio emprego,

aos despedimentos, promessas de promoções, ou outro qualquer tipo de propostas, ou

outro qualquer tipo de trabalho ou formação profissional, e visa perturbar ou

constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou criar um ambiente intimidativo ao

estilo degradante ou humilhante do local de trabalho.-----------------------------------------

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----- O Código de trabalho já prevê a punição do assédio sexual no trabalho com uma

contraordenação, passível, portanto, de uma multa, de uma coima, mas não tem sido

eficaz esta abordagem do fenómeno, e pensasse que a sua criminalização chama mais

a atenção para os direitos fundamentais das mulheres aqui em causa, direito à

liberdade, ao trabalho, à integridade, são direitos que merecem tutela constitucional e,

portanto, a violação destes direitos exige a criminalização, ou seja, a intervenção do

Direito Penal que tem, também, efeitos preventivos e simbólicos que não tem o

Direito Contraordenacional. -----------------------------------------------------------------------

----- Relativamente aos crimes de violação e de coação sexual, também a Convenção

de Istambul define-os de uma forma muito distinta daquela pela qual estão definidos

no nosso Código Penal. ----------------------------------------------------------------------------

----- O Código Penal exige para estar configurado um destes crimes que haja, para

além de um ato sexual não consentido, violência ou ameaça grave. A jurisprudência

tem feito uma interpretação muito restritiva destes conceitos. Considerando que

mesmo quando estamos perante um ato sexual sem consentimento da vítima, não é

violação porque não foi utilizada violência física. Ora, sabe-se que a maior parte das

mulheres que são violadas ou vítimas de coação sexual são em cotextos relacionais

por homens conhecidos, ou com quem têm uma relação intima, e que não estão em

condições de cumprir os requisitos da jurisprudência que é têm que oferecer

resistência física, agredir também o violador. --------------------------------------------------

----- A nossa lei está concebida, sobretudo, para aqueles casos em que o violador é

desconhecido da vítima, usa armas, ou agressões físicas greves contra ela. Mas a

maioria dos casos não tem esta configuração e o Direito penal não tem conseguido

intervir nesta matéria que as mulheres continuam a pensar que faz parte da vida

privada delas, e a sociedade também. ------------------------------------------------------------

----- Portanto, o facto de a Convenção de Istambul conceber estes crimes de outra

forma, também acho que é o mais importante na consciencialização das mulheres em

relação aos seus direitos. ---------------------------------------------------------------------------

----- A Convenção de Istambul também prevê a criação de centros de emergência para

vítimas de violação e de outros crimes sexuais, espalhados por todas as regiões do

país, com profissionais especializados para dar apoio jurídico psicológico e médico às

vítimas. Prevê, também, a formação especializada dos órgãos aplicadores do Direito e

de todos os profissionais que lidam com as vítimas, quer na área do Direito, quer na

área da psicologia, e também campanhas de sensibilização e de informação, porque

sabemos que o Direito penal, ou a intervenção do Estado, para ser mais eficaz, carece

também, de ser complementada com a sensibilização e a reflexão da comunidade em

torno destes problemas porque aqui é sempre importante questionar os preconceitos e

as ideias adquiridas que as pessoas têm em virtude da sua formação cultural numa

sociedade que tem sido patriarcal e que tem transmitido estereótipos negativos das

mulheres. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- Vou, agora, focar brevemente, a questão da violência doméstica e a sua

abordagem no Direito da Família. ----------------------------------------------------------------

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----- A violência doméstica é um crime público. O Ministério Público procede com a

ação criminal independentemente, da queixa da vítima, mas nós não podemos separar

a questão criminal das questões da família porque a maioria das mulheres vítimas de

violência doméstica têm filhos, e os filhos correm perigo durante as visitas ao

progenitor que é agressor. Por outro lado, a mãe, aquando da entrega dos filhos, ou

dos contatos que tem de estabelecer com o outro progenitor, também corre perigo nas

situações de violência doméstica. ----------------------------------------------------------------

----- Por outro lado, os agressores usam o regime de visitas e de guarda dos filhos,

para continuar a controlar e chantagear as mulheres vítimas de violência, que assim

não conseguem ter condições psicológicas de independência para recuperar das

sequelas sofridas. -----------------------------------------------------------------------------------

----- O caso que deu origem a uma mudança de mentalidades na Europa, em relação a

esta questão, foi um caso que sucedeu em Espanha e que culminou com a condenação

do Estado Espanhol pela decisão do Comité das Nações Unidas para a eliminação da

discriminação contra as mulheres. ----------------------------------------------------------------

----- Uma criança de sete anos foi assassinada pelo pai durante as visitas decretadas

pelo Tribunal, isto após a mãe ter feito vários pedidos ao Tribunal para restrição, ou

vigilância, de visitas. -------------------------------------------------------------------------------

----- As mulheres têm sido, ao contrário do que se pensa, discriminadas nos processos

de regulação das responsabilidades parentais. Há casos em que chagam a perder a

guarda dos filhos para pais que estão condenados por sentença transitada em julgado

por crimes de violência doméstica, ou de integridade física contra a mulher, os

relatórios sociais e de avaliação psicológica têm sido de pouca valia nesta matéria,

porque dão preferência por uma questão de formação, de moda, à guarda conjunta, à

relação da criança com ambos os pais. Presume-se, também, que as mulheres, por

retaliação, inventam as acusações de violência doméstica e, portanto, desvaloriza-se a

violência doméstica mesmo nos casos em que existe já no processo uma medida de

coação, de afastamento do agressor da vítima, é desvalorizada a alegação de violência

doméstica no processo cível de relação das responsabilidades parentais. E as crianças,

também, são forçadas a convívios que não desejam. ------------------------------------------

----- A Convenção de Istambul para fazer face a esta situação porque havia queixas

das mulheres e das associações de mulheres de toda a Europa, vai impor aos Estados o

dever de, no regime de guarda, de visitas, introduzir medidas de proteção, o que vai

permitir que o Direito Português Civil da Família, sofra alterações. ------------------------

----- Muito obrigada a todos e todas.” -----------------------------------------------------------

----- A Senhora Dr.ª Elza Pais, Presidente da Subcomissão de Igualdade da

Assembleia da República, fez a seguinte intervenção inicial: --------------------------------

----- “Muito boa tarde a todos e todas. -----------------------------------------------------------

----- Eu também gostaria de começar obviamente, por agradecer o convite que a

Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, a Senhora Arquiteta Helena

Roseta, me fez para estar convosco hoje, aqui, e louvar a iniciativa que vai na linha

das recomendações da Convenção de Istambul, criarmos um grande fórum nacional

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para combater a temática da violência contra as mulheres, incluindo a violência

doméstica. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- A Assembleia da República tem estado, particularmente, ativa no que diz

respeito a estas matérias tem, inclusivamente, um grupo de trabalho para acompanhar

a ratificação e, agora, tudo o que é necessário transpor para o nosso ordenamento

jurídico no quadro das recomendações de Istambul, temos feito audições diversas a

organizações não-governamentais, aos conselhos superiores e às forças de segurança,

e participado em debates como o que está aqui a acontecer. --------------------------------

----- Eu queria começar por dizer que Portugal dispõe hoje, mesmo antes da

Convenção de Istambul, já dispunha, de políticas abrangentes e estruturadas para

prevenir e combater a violência de género, ou seja, a violência contra as mulheres, e

portanto, as nossa adaptações vão ter de ser algumas, mas muito das recomendações

da Convenção de Istambul já estavam vertidas no nosso ordenamento jurídico e,

também, em políticas públicas que temos promovido no que diz respeito a esta

matéria. Portanto, temos um quadro abrangente nos vários domínios da ação e da

intervenção da violência de género, desde o tráfico de seres humanos à violência

doméstica, mutilação genital feminina, e planos nacionais que informam os tipos de

intervenção que devem ser adotados nestas matérias, com uma particularidade que

decorreu do 4º Plano Nacional Contra a Violência Doméstica, um apelo às autarquias,

como está a acontecer, e a autarquia de Lisboa é um exemplo vivo e muito qualificado

nesta matéria de promoção de planos municipais, quer para a igualdade de género,

quer para o combate à violência de género.

----- De todo o modo, a Convenção de Istambul é de facto, um instrumento jurídico

internacional que tem a força de lei e que é vinculativo, portanto, Portugal está

vinculado a este instrumento jurídico porque foi um dos primeiros países a assiná-lo,

eu tive o particular privilégio em acompanhar todos os trabalhos preparatórios que já

vêm de 2002, quando o Conselho de Ministros do Conselho da Europa aprovou a

recomendação nº 5/2002, e portanto Portugal esteve na linha da frente, de todos os

trabalhos preparatórios e agora, obviamente, também, na ratificação da convenção. ----

----- E as grandes questões que se nos colocam são a seguinte: o que é que nos falta

fazer, depois de tudo o que já fizemos, e foi muito, para eliminar a violência de género

nas suas diversas dimensões? E de que modo é que a Convenção de Istambul pode

ajudar neste combate e contribuir para que possamos dar passos significativos, e que

ainda não foram dados, no sentido, não só de diminuir os avanços de muitos destes

crimes, mas fazer com que eles diminuam? Que é, em meu entender, essa a grande

batalha que não está vencida. ---------------------------------------------------------------------

----- Como a Professora Clara Sottomayor já disse, a Convenção de Istambul tem o

grande mérito de assentar numa visão em que integra a transversalidade da violência

de género, ou seja, a Convenção de Istambul parte para a definição de violência de

género com o pressuposto que a violência de género é o reverso da medalha da

igualdade de género. Não podemos combater a violência de género senão

promovermos a igualdade de género. Portanto, estas duas esferas de ação são

absolutamente, centrais. E a igualdade de género é um valor fundamental desta

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Europa à qual pertencemos, e que vem sendo proclamado há mais de cinco décadas, e

também é um valor fundamental que está inscrito no nosso texto constitucional e que

qualquer governo, independentemente da sua cor política, deve promover como tarefa

fundamental. Portanto. A Convenção de Istambul vem reforçar este compromisso

europeu, e o compromisso também no caso concreto do nosso estado membro,

relativamente a esta matéria. ----------------------------------------------------------------------

----- E a Convenção reconhece, então, que a violência de género tem um carater

estrutural. E o que é que quer isto dizer? Quer justamente, dizer que a violência contra

as mulheres é uma violência de género baseada em relações desiguais de poder que

historicamente, se tem estabelecido entre os homens e as mulheres, introduzindo,

também, efeitos de dominação e de controlo que chegam ao extremo de, na

incapacidade de poder controlar a vítima de outro modo, ter mesmo que a matar para

a paralisar. Controlo máximo e supremo de qualquer estratégia de dominação. ----------

----- Neste quadro, a violência estrutural, conceito do qual a Convenção parte para a

definição de todas as propostas que apresenta, ela assenta na ideia que as civilizações

foram sendo organizadas no entendimento de que há uma menorização do sexo

feminino. Portanto, é esta menorização que temos de contrariar, com políticas ativas

para promover a igualdade numa sociedade onde a igualdade de género estivesse bem

consolidada, era uma sociedade que não tinha violência de género. E, portanto, a

convenção parte deste pressuposto, não tem uma visão muito segmentada da violência

como um ato isolado, sendo que a violência contra as mulheres não é um ato isolado,

é um ato que está enraizado na estrutura civilizacional de um povo que está tão

enraizado que quem o pratica quase que lhe atribui um carater de natural, ou de

naturalidade, mas de naturalidade pouco tem porque o que acontece é que ela foi

sendo enraizada nos nossos valores que são transmitidos de geração em geração, e que

muito têm prejudicado a integração social das mulheres, portanto, é assumida como

uma grave violação dos direitos humanos das mulheres e das raparigas. E mais,

sociedades que não promovam o combate à violência são sociedades que encontram

sérios obstáculos à construção da paz, da democracia e da igualdade entre os homens

e as mulheres. ----------------------------------------------------------------------------------------

----- Dito isto, a Convenção de Istambul reconhece com uma profunda preocupação

que as mulheres e as raparigas estão expostas a formas graves de violência, tais como;

a violência doméstica, o assédio sexual, a violação, os casamentos forçados, os

chamados crimes de honra e a mutilação genital feminina. Garante a criminalização

de delitos específicos como sejam a perseguição, o casamento forçado, a mutilação, o

aborto forçado e a esterilização também forçada. ----------------------------------------------

----- Além disto, também não deixa de assegurar que os homens também podem

vítimas de violência doméstica e, relativamente às crianças coloca uma particular

enfase no quadro da violência que lhes é dirigida diretamente contra elas, mas

também no quadro da violência que não lhe seja diretamente dirigida, as atinge

porque elas que presenciam as violências que muitas vezes ocorrem entre os seus pais,

não ignorando também a violência contra os idosos. ------------------------------------------

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----- E dá-nos conta, nesta relação, que faz com os valores sociais, os valores sociais

que estão enraizados na civilização na qual nós vivemos de que é muito difícil romper

e quebrar esta violência de género. Desde logo, porque há uma pressão social muito

grande que naturaliza esta violência como se de atos normais se tratasse. Portanto, há

aqui uma grande pressão que não só impede as vítimas de denunciar as agressões de

que são vítimas, como também, muitos estados membros do Conselho da Europa, o

que não acontece com o nosso, diga-se a bem da verdade, não têm mecanismos

suficientemente fortes para poderem suportar uma participação feita pelas vítimas.

Portugal, neste nível, teve avanços significativos que se traduziram em avanços,

sobretudo, na estratégia que vem sendo adotada para combater a violência doméstica,

onde conseguimos a partir de 2000, altura em que a violência doméstica se tornou

num crime público, quebrar um certo silêncio que em torno deste fenómeno, se gerava

e que também legitimava a ocorrência deste tipo de atos, de tal modo, que a própria

lei, durante muitos anos, como diz a Teresa Beleza, constituiu apenas como sujeito de

direito o sujeito masculino e portanto, associou-se a esta legitimação social, daí que

fossemos convivendo com a violência de uma forma quase natural, aceitando-a, de

modo que tal facto, dificultou muito os processos de denúncia. -----------------------------

----- O meu tempo já terminou, e eu não disse praticamente nada. De todo o modo,

tentarei fazer aqui um contraponto com o que, ainda, não foi feito. -------------------------

----- Muita coisa já foi feita no quadro da violência doméstica, direi mesmo que muita

coisa foi feita porque nós inovamos com o crime público, inovamos em 2007, com o

novo tipo legal de crime, que eu não vou desenvolver, fá-lo-ei, depois, no debate, mas

que introduziu estratégias de proteção das vítimas extremamente, importantes. Desde

logo, algumas que têm a ver com o afastamento do agressor que depois a lei de 2009,

com as vigilâncias eletrónicas e as teleassistências vieram a tornar esse afastamento

eficaz quando ele já não vive com a vítima, mas, resta-nos, hoje, questionarmo-nos

como introduzirmos eficácia ao afastamento, uma medida de coação extremamente

importante para a proteção das vítimas, quando agressores e vítimas vivem juntos. E

para esta em particular, o nosso quadro jurídico ainda não tem nenhuma resposta.

Alguns partidos, nomeadamente, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista

apresentou na Assembleia da República, já no início deste ano, uma proposta

relativamente a esta matéria, cuja discussão foi inviabilizada em sede de discussão, o

que o Partido Socialista lamenta. De todo o modo, além dessa proposta, outras houve,

de outros grupos parlamentares, para tornar mais célere a aplicação de medidas de

coação que, obviamente, como não podia deixar de ser, no quadro de entendimento de

que devemos estar unidos no combate a um flagelo que por mais que façamos, ele não

se elimina completamente, e portanto, há outras propostas que tornam mais célere a

aplicação de medidas de coação, e essas estão em discussão em sede de especialidade,

e há outras propostas que, depois, também, poderemos aprofundar no debate, de

outros grupos parlamentares que tentam fazer dialogar o processo cível com o

processo criminal, como deve ser, e a proposta do meu Grupo Parlamentar

apresentava uma solução relativamente a esta matéria no que diz respeito à

necessidade que temos de que estas duas instâncias judiciais, não funcionem de costas

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voltadas uma para a outra. Inclusivamente, houve um grupo parlamentar que propôs

uma regulação provisória das responsabilidades parentais para ajudar na

autonomização do processo das mulheres, sempre extremamente importante para que

reconstruam os seus projetos de vida.------------------------------------------------------------

----- Além destas iniciativas, está em sede de discussão na especialidade, projetos-leis

do PS, do PSD, do CDS-PP, sobre perseguição e casamento forçado. ---------------------

----- Está em sede de especialidade, também, um projeto de autonomização do crime

de mutilação genital feminina, que também, poderemos falar sobre esta matéria,

relativamente à qual eu tenho análises muito finas que gostaria de partilhar convosco.

E muitos projetos que têm a ver com matérias relacionadas com os crimes de violação

e coação sexual do Bloco de Esquerda e, também, com alterações à natureza do crime

de violação, tornando o crime público, também do BE. Portanto, são estes os projetos

à exceção de um projeto de que já falei, do afastamento do agressor no momento em

que, ainda, vive com a vítima, que foi chumbado. Mas todos os outros, estão em sede

de discussão na especialidade. --------------------------------------------------------------------

----- Como não tenho mais tempo, termino por aqui e, obviamente, estarei disponível

para, depois, no debate podermos apreciar porque as matérias são tantas, e não falei

do tráfico de seres humanos que, obviamente, a Convenção de Istambul não se dirige

para o tráfico de seres humanos, embora o tráfico de seres humanos também seja

violência de género, mas está apoiado por uma outra convenção que Portugal também

ratificou e que, também, está a cumprir. ---------------------------------------------------------

----- De todo o modo, depois deixar-me-ia então para o debate para podermos

aprofundar algumas destas temáticas. ------------------------------------------------------------

----- Muito obrigada. -------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Dr.ª Fátima Duarte, Presidente da Comissão para a Cidadania e

Igualdade de Género da Presidência do Conselho de Ministros, fez a seguinte

intervenção inicial:----------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada e boa tarde. ---------------------------------------------------------------

----- Saúdo a Assistência, bem como o companheiro e as companheiras de Mesa. -------

----- Comentava há pouco com a Dr.ª Elisabete Brasil que, olhando para a plateia esta

se afigura como muito mais equilibrada, em termos de género, do que aquelas com

que, habitualmente, nos deparamos. -------------------------------------------------------------

----- Saúdo e agradeço particularmente à Senhora Arquiteta Helena Roseta o convite

que me fez, e também, fazendo jus ao convite e à combinação que fizemos nessa

altura, a minha intervenção dirá respeito àquilo que a Comissão para a Cidadania e

Igualdade de Género, na qualidade de identidade coordenadora do 5º Plano Nacional

de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género tem, já em diversas

ocasiões, inclusive, numa vez em que a Dr.ª Elza Pais já mencionou, na Assembleia

da República tem dito, ou tem considerado ser o impacto da ratificação da Convenção

de Istambul no ordenamento jurídico interno. --------------------------------------------------

----- Fundando-se no reconhecimento de que a violência contra as mulheres é uma

manifestação das relações de poder historicamente desiguais, entre mulheres e

homens, que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres, pelos

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homens, e que as impediu de progredirem plenamente e que a natureza estrutural da

violência exercida contra as mulheres é baseada no género, sendo um dos mecanismos

cruciais pelo qual as mulheres são forçadas a assumirem uma posição de subordinação

em relação aos homens, a Convenção de Istambul constitui um tratado normativo e

multilateral que tem por finalidade proteger as mulheres contra todas as formas de

violência, bem como, prevenir, instaurar o procedimento penal relativamente à

violência contra as mulheres e à violência doméstica, e eliminar estes dois tipos de

violência, contribuir para eliminação de todas as formas de discriminação contra as

mulheres e promover a igualdade real, entre mulheres e homens, incluindo o

enquadramento das mulheres, conceber um quadro global, bem como políticas e

medidas de proteção e assistência para todas as vitimas de violência contra as

mulheres e de violência doméstica, promover a cooperação internacional, tendo em

vista a eliminação da violência contra as mulheres e da violência doméstica, e apoiar e

assistir as organizações e os serviços responsáveis pela aplicação da lei, para que

cooperem de maneira eficaz, tendo em vista a adoção de uma abordagem integrada

para a eliminação da violência contra as mulheres e a violência doméstica. ---------------

----- Esta convenção constitui o corolário de uma posição de política firme contra

todas as formas de violência contra as mulheres que o Conselho da Europa, uma

organização internacional a que se reconhece um papel de liderança na proteção dos

direitos humanos, tem vindo a tomar sob a forma de resoluções, recomendações e

outros mecanismos, a adoção de padrões legalmente vinculativos na prevenção,

proteção e repressão das mais graves formas de violência de género. ----------------------

----- Criando um quadro jurídico a nível pan-europeu que visa proteger as mulheres e

evitar criminalizar e eliminar todas as formas de violência contra elas, passando pelo

casamento forçado, a mutilação genital feminina, o assédio sexual, a violência física,

psicológica, sexual, incluindo a violação, o aborto forçado, a esterilização forçada, o

confronto inevitável com o ordenamento jurídico nacional sempre levaria, e levou

como aqui já foi referido, a que se ponderasse a necessidade de alterações legislativas

por força do princípio do primado do Direito Internacional Convencional, e que se

vieram a concretizar nos termos de várias iniciativas legislativas, de que a Dr.ª Elza

Pais já fez aqui eco, todas de alteração ao Código Penal, e que estiveram em

apreciação na 1ª Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e

Garantias, em que foi criado o grupo de trabalho sobre essas implicações legislativas.

Nesse grupo de trabalho foi requerida a audição da Comissão para a Cidadania e

Igualdade de Género, na qualidade de entidade coordenadora, um instrumento de

políticas públicas de combate à violência doméstica e de género, neste momento, já o

5º Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género, 2014-

2017, e que inclui o 3º Programa de Ação para a Prevenção e Eliminação da

Mutilação Genital Feminina, 2014-2017. ------------------------------------------------------

----- Nessa ocasião, a GIG que já em momento anterior à ratificação da convenção de

se pronunciar nesse sentido, ou seja, que ela devesse ser ratificada, pelo impacto de

mudança que se antevia, nomeadamente, na criminalização autónomo e sobre essa

precisa designação da mutilação genital feminina, essa que é a forma de violência de

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género por excelência, já que são só mulheres e, principalmente meninas, que são

vítimas de mutilação genital feminina, nessa ocasião a comissão manifestou-se sobre

as linhas de alteração que no seu parecer e de modo mais imediato, decorriam da

ratificação da Convenção de Istambul, em termos da necessidade, ou do grau de

necessidade, da alteração e até, inovação, de previsões sancionatórias, admitindo-se

que o conceito de violência constante da Convenção de Istambul poderia ter um

âmbito muito mais alargado do que aquele que resulta das várias condutas

criminalizadas no ordenamento jurídico português. -------------------------------------------

----- Não querendo entrar nos detalhes dessa audição, diga-se que se entendeu que as

condutas que integram as situações de perseguição, casamentos forçados ou mutilação

genital feminina, que são vários os artigos da Convenção de Istambul, mereciam

tipificações criminais autónomas pois, muito embora até já pudessem beneficiar de

tutela penal, por vezes através de recurso a concurso de normas incriminatórias, a

clareza e a uniformidade das normas seriam um garante de segurança jurídica na sua

aplicação, em situações futuras. ------------------------------------------------------------------

----- Sobre o assédio sexual, deixaram-se enunciadas algumas interrogações

respeitantes ao seu alcance, tendo em vista a norma constante da Convenção de

Istambul, além do local de trabalho, ou da relação laboral, sua sede no Direito interno

no essencial, neste momento, embora não exclusivamente. Também os diplomas que

proíbem qualquer discriminação no acesso e no exercício de trabalho independente e

que sancionam a discriminação em função do sexo no acesso a bens e serviços e seu

fornecimento, neste momento unem, a título de contraordenação, o assédio sexual.

Portanto, neste momento o assédio sexual tem espaço, ou cenários, que não tinha até

há bem pouco tempo atrás. Até aproveitando, enfim, o facto de me encontrar na

Assembleia Municipal, aquele onde, talvez não se encontre qualquer sede, é o espaço

público, e aqui deixo o apelo a que esta Assembleia Municipal, provavelmente será o

órgão próprio para o entender, dizia que para além destas dúvidas que deixaram

enunciadas, sobre a suficiência, ou insuficiência, do nível de sancionamento existente

contraordenacional face ao pretendido pela convenção. --------------------------------------

----- Foi, também lembrado que em matéria de violência contra as mulheres não

dispunha, nem dispõe, de um diploma específico. O mesmo não sucedendo com a

violência doméstica a qual não só se encontra tipificada como crime autónomo, nos

termos do artigo 152º do Código Penal, como por via da Lei 112/2009, de dezasseis

de setembro, se estabelece, ou dispõe, de um regime jurídico aplicável á sua

prevenção, e à proteção e assistência às suas vítimas. -----------------------------------------

----- Não se entrou ali, tal como não se entrará aqui, neste momento, em cotejo entre a

estrutura da Lei 112/2009 e a Convenção de Istambul no que já seria um exercício

bastante significativo do estádio das políticas públicas de combate à violência

doméstica e de género, e de proteção das suas vítimas, aí se incluindo o ordenamento

jurídico por contraponto ao padrão decorrente da convenção, antes se chamando á

atenção para ao papel dos planos nacionais contra a violência doméstica e, agora, de

género, têm tido como instrumentos atuantes nas mudanças de mentalidades, tentando

transpor o desfasamento entre a lei e a vida quotidiana, e acompanhando os

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documentos internacionais sobre violência contra as mulheres no seu sentido de

mudança, a tal ponto, que o 5º Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência

Doméstica e de Género terá sido, efetivamente, o primeiro instrumento de políticas a

sentir o efeito da Convenção de Istambul, desde logo na sua denominação

significativa do alargamento do seu âmbito. ----------------------------------------------------

----- O 5º Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de

Género fundou-se nos pressupostos da Convenção de Istambul, e assume-se como

uma mudança de paradigma nas políticas públicas nacionais de combate a todas estas

formas de violação dos direitos humanos fundamentais, como são as várias formas de

violência de género, incluindo a violência doméstica. ----------------------------------------

----- Por esse motivo, também, o 3º Programa de Ação para a Prevenção e Eliminação

da Mutilação Genital Feminina, uma das práticas tradicionais nocivas mais extremas

de discriminação contra as mulheres e mais graves do ponto de vista da violação dos

direitos fundamentais, como a igualdade, a dignidade, de raparigas e mulheres, passou

a integrar, pela primeira vez, o 5º Plano Nacional de Prevenção e Combate à

Violência Doméstica e de Género, deixando o âmbito de Plano Nacional para a

Igualdade de Género, Cidadania e Não Discriminação, onde se desenvolveram os

programas anteriores. -------------------------------------------------------------------------------

----- O 5º Plano Nacional estrutura-se em cinco áreas estratégicas; prevenir,

sensibilizar e educar, proteger as vítimas e promover a sua integração, intervir junto

de agressores e agressoras, formar e qualificar profissionais, investigar e monitorizar,

e procura difundir uma cultura de igualdade e de não-violência. ----------------------------

----- De entre o seu total de cinquenta e cinco medidas, algumas invocam,

diretamente, e outras, indiretamente, a Convenção de Istambul, e a nº 2, por exemplo,

que fala na realização de seminários ou conferências sobre a temática da violência

doméstica e de género, de certo modo, encontra aqui, hoje, alguma aplicação. Por

isso, e mais uma vez, saúdo a iniciativa da Assembleia Municipal de Lisboa porque

penso que, também aqui se está a contribuir para a consecução daquele que também é

um dos objetivos do 5º Plano Nacional, de tornar Portugal um país livre de violência

de género, incluindo violência doméstica, onde mulheres e homens,

independentemente da sua origem étnica idade, condição socioeconómica, deficiência,

religião, orientação sexual ou identidade de género, possam aspirar a igualdade, viver

numa sociedade livre de violência e de discriminação, ou seja, uma sociedade com

forte matriz de respeito pelos direitos humanos fundamentais.” -----------------------------

----- A Senhora Dr.ª Elisabete Brasil, da União de Mulheres Alternativa e Resposta,

fez a seguinte intervenção inicial: ----------------------------------------------------------------

----- “Muito boa tarde a todos e a todas. ---------------------------------------------------------

----- Inicio, agradecendo o convite que nos foi dirigido pela Assembleia Municipal, na

pessoa da Presidente, a Senhora Arquiteta Helena Roseta, e congratularmo-nos por

esta iniciativa. ---------------------------------------------------------------------------------------

----- Por constrangimentos de tempo, abordarei o tema deste nosso debate focalizando

a Convenção de Istambul versus o Direito Interno português, escolhendo duas

abordagens; a violência doméstica e a sua implicação com no Direito da Família. -------

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----- Começaria por enquadrar este meu contributo à discussão que hoje, aqui, nos

convoca com a afirmação que, não obstante de todo o percurso, nacional e

internacional, em matéria de direitos humanos e de direitos das mulheres do qual é

manifestação o acervo em matéria de Direito Internacional e também no quadro

nacional, particularmente, desde o ano 2000, acompanhado do aumento do

conhecimento por via dos estudos académicos, da investigação cientifica,

continuamos assistir a uma diferenciação discriminatória no que toca aos direitos das

mulheres. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- E se este facto não é particularmente, imputável à lei, ela é inegável, faz parte dos

quotidianos e na vida das mulheres. --------------------------------------------------------------

----- De acrescentar que, pese embora, a agenda política valorizar crescentemente as

questões de género, a vivência e o labor legislativo mantêm-se, muitas vezes, neutros

face ao género e à sua diversidade, uma cegueira que nada apoia a transformação

estrutural necessária rumo à igualdade de género e à radicação da violência contra as

mulheres. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- A Convenção do Conselho da Europa para a prevenção e combate à violência

contra as mulheres e à violência doméstica, vulgo Convenção de Istambul, surge

assim, no que a Portugal respeita, não tanto como um desafio sem precedentes ao

nível do seu quadro normativo, mas como uma oportunidade de uma abordagem

holística do comprometimento da sociedade, do Estado, dos líderes parlamentares, na

sua implementação e na sua monitorização. ----------------------------------------------------

----- Assume-se também, como um reforço no nosso referencial em termos de

sistematização de novos elícitos penais e constitui, sem dúvida, um marco conceptual

na explicitação da violência contra as mulheres como integrando a violência de

género e distinguindo-a, e diferenciando-a da noção de violência doméstica, conceitos

que, em Portugal, a lei não distingue. É que não obstante se entenda e se reconheça

que a violência doméstica é uma realidade que atinge particularmente as mulheres, ou

se realize através da dialética e da retórica que a violência contra as mulheres tem

como um fundamento uma sociedade patriarcal que discrimina e educa para a

manutenção de quadros referenciais, mantém as desigualdades e discriminações

estruturais, a lei não apoia, ou considera a violência de género quedando-se na

violência doméstica de forma indiferenciada e, por isso mesmo, não contribuindo para

um julgamento e censura baseados na desigualdade de género. -----------------------------

----- É em nosso entender, a Convenção de Istambul coloca em síntese os seguintes

desafios; conceptualizar a violência de género contra as mulheres como uma

expressão das discriminações de género e como violação de direitos humanos,

enquadrar distintamente violência de género contra as mulheres e a violência

doméstica, reconhecer e valorizar os saberes as competências das organizações de

mulheres, identificar as diversas formas de violência de género contra as mulheres,

nomeando-as e demandando os Estados no dever da sua previsão e instituição,

enfatizar a necessidade das medidas de proteção e apoio às vítimas das diversas

formas de violência, e de forma integrada e articulada, acentuar a necessidade de

prevenção como o motor da conscientização para a mudança com especial enfoque na

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prevenção primária e de forma transversal, promover a prevenção articulada das

políticas públicas da ação e dos recursos disponíveis, ou a criar, de forma holística e

prevendo a participação dos parlamentos e um sistema de monitorização capaz de

avaliar o impacto das medidas propostas a diferentes níveis; prevenção, proteção,

punição e em parceria. Também ser capaz de articular com outros instrumentos

internacionais de preferência no âmbito dos direitos das mulheres e da violência

contra as mulheres e, bem assim, com o previsto na diretiva do Parlamento Europeu e

do Conselho 25 de Outubro de 2012. E por fim, na decorrência desta, enfatizar,

promover uma maior capacitação e qualificação dos recursos e respostas às vítimas,

de forma transversal e numa abordagem integrada. -------------------------------------------

----- Numa análise do quadro legal nacional versus as demandas da Convenção de

Istambul, e o combate da violência contra as mulheres e a violência doméstica, somos

do entendimento que estava aberta para Portugal a oportunidade de criação do

referencial normativo que intitule e englobe todas as formas de manifestação, tais

como; a violência de género contra as mulheres, a violência doméstica contra as

mulheres, a violação, a coação sexual, a mutilação genital feminina, o aborto forçado,

a esterilização forçada, o assédio, a perseguição, os casamentos forçados, os crimes de

honra, e até mesmo o formicídio. Prever um estatuto de vítima de violência de género

contra as mulheres, criar tribunais espacializados de competência mista, englobando,

para as situações de violência, quer a área crime, quer a área cível, mas caso assim

não se entenda, e como reduto último, entendemos que com base na fundamentação e

finalidades da Convenção, o seguinte: ----------------------------------------------------------

----- Pese, embora, as alterações de júri e de facto operadas pela revisão do Código

Penal introduzidas pela Lei 59/2007, de 4 de setembro, subsequentes alterações, assim

como a Lei 112/2009, de 16 de setembro, que estabeleceu o regime jurídico aplicável

à prevenção da violência doméstica, à proteção e assistência às suas vítimas, há ainda

barreiras e constrangimentos os quais só serão ultrapassados por via de uma

explicitação legal e designadamente no que se refere ai artigo 152º, nº 1, desde logo a

sua alínea d), merece reagir e adequá-lo, de facto, se a base de diferenciação e

autonomização do crime de violência doméstica assenta numa lógica de especial

relação existente entre vítima e ofensor, as circunstâncias de particular

vulnerabilidade, ou a coabitação, não deverá integrar os elementos constitutivos

daquele tipo legal.-----------------------------------------------------------------------------------

----- A outra questão é o reforço do artigo 152º, que visa diferenciar este tipo de crime

de outras múltiplas manifestações, de outros tipos legais que sejam a ofensa à

integridade física, a injúria, a difamação, na medida em que se fundamenta especial

relação existente entre a vítima e o ofensor, e não na existência ou no desvalor de

determinada conduta. Em nosso entender, há que, de forma definitiva, passar a

mensagem indiscutível de que tudo se passa nas relações de intimidade englobadas no

artigo 152º, só se pode ser tipificado como crime de violência doméstica,

impossibilitando que se possa enquadrar qualquer outro elícito penal, ou que a

reiteração que ainda que a lei não preveja, ainda paire na condição para o

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preenchimento do tipo legal violência doméstica. Fazer cumprir o princípio de que na

ocorrência do crime, o agressor deve ser sempre afastado, de imediato. -------------------

----- Identificamos, de facto, a necessidade urgente da previsão e aplicação de

medidas que garanta a proteção da vítima aquando a apresentação de denúncia, e

possibilite, a mesma, de voltar á residência. ----------------------------------------------------

----- A formalização de uma denúncia e o regresso à residência onde a vítima vive

com o agressor, não se compadece com a segurança desta, colocando-a na maior parte

das vezes, numa situação de risco superior àquele que era existente anterior ao

momento da denúncia. Assim, permite a adoção de medidas a aplicar de imediato e

aquando a apresentação de denúncia, ou do conhecimento do crime, que imponha ao

agressor o seu afastamento da residência o que vai, também, ao encontro daquilo que

é o nosso entender e que são as exigências da Convenção. -----------------------------------

----- No nosso entender, necessitamos, também, de um alargamento do estatuto de

vítima previsto no artigo 14º, da Lei 112/2009, e aqui no sentido de que hoje temos

um estatuto para vítimas de violência doméstica. Porém, se o tipo de vitimização

venha a ser uma tentativa de homicídio, por exemplo, ou uma ofensa à integridade

física grave, as vítimas não têm estatuto de vítima, uma vez que o estatuto dirigisse

tão só, às vítimas do artigo 152º, e portanto, prevendo a situação do crime 152º,

entendemos que deve existir um alargamento do estatuto de vítima para crimes,

também, superiores. --------------------------------------------------------------------------------

----- Praticar uma justiça assente na não vitimização, que oficiosamente ponha mão

nos direitos consagrados às vítimas, que respeite o princípio da informação, que tenha

uma compreensão quanto ao impacto da violência, respeite as decisões das vítimas e

decida, tendo por base, a segurança das vítimas, os seus filhos e filhas, reconhecendo

que estes são sempre vítimas diretas da violência a que assistem, e que seja capaz de

articular as instâncias cível e as instâncias criminal. ------------------------------------------

----- É urgente, ainda, pôr cobro a situações, e aqui cruzando com o Direito da

Família, às questões da regulação das responsabilidades parentais, agora partilhadas. --

----- Entendemos que em situações de violência doméstica esta regra deve ser afastada

e deve haver, manifestamente e expressamente, algo que determine que em situações

de violência doméstica a vítima é que é responsável pelas responsabilidades parentais,

e esta presunção deveria ser elidível só, judicialmente. ---------------------------------------

----- Gostaria, já no fim da minha comunicação, de voltar ao início, e de falar-vos dos

quotidianos e das vidas das mulheres vítimas de violência doméstica, perguntando o

que retiramos de algumas da suas vivências. E desde logo, retiramos, pelo

cometimento do crime, e o cometimento do crime tem para muitas delas múltiplas

revitimações, foram vítimas de um crime, saem das suas casas, enfrentam, não um,

mas múltiplos processos que não as entendem e nos quais não são, muitas das vezes,

percebidas. Têm um prazo para se reorganizarem para começar do “zero”, num

sistema que as suga, as abriga, as apoia, mas não tem todas as respostas e limita a suas

opções. Precisam de uma casa, de um emprego, ou de o manter, com salários que em

média não ultrapassam quinhentos euros mensais e dever o cálculo do RSI, deduzir

deste cálculo a pensão de alimentos decretadas aos menores. Precisam de segurança,

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de proteção, de apoio, de voltar a sonhar, e têm de o fazer num curto espaço de tempo

que num abrigo será, preferencialmente, de seis meses, no seu limite, um ano. Não

obstante, precisam e devem, prestar declarações claras, isentas, tranquilas,

pormenorizadas, contextualizadas no tempo e no espaço, coerentes, sem zangas,

seguras, sem ambivalências, que saibam gerir a pressão, dependentes de testemunhas

que por regra, nada ouviram, nada viram, nada sabem. ---------------------------------------

----- Enquanto isso, aos agressores resta aguardar tranquilamente, que a justiça se

faça, mantendo-se no conforto da casa, no seu trabalho, na sua rede de suporte, as

rotinas, a vida, e aguardar na maioria das vezes, por uma pena suspensa da sua

execução, por vezes cumulada com uma parca indeminização que não se incomodarão

a liquidar. Será demasiado exigente? Sê-lo-ia para qualquer uma de nós? -----------------

----- Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------------

---------------------------- INTERVENÇÃO DO PÚBLICO --------------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Lúcia Gomes (PCP) no uso da palavra, fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Muito obrigada, antes de mais, a todo o painel e em nome do PCP, gostaria de

agradecer todas as apresentações e saudar a realização deste debate. Estamos, hoje, a

três de março, quase a celebrar os cento e cinco anos da proposição do Dia

Internacional da Mulher que gostaria de relembrar, por proposta da dirigente

comunista Clara Zetkin, e foi celebrado pela primeira vez em 1911, e também,

perdoem-me a parcialidade nesta Mesa, pela primeira vez também temos a única Juíza

do Supremo Tribunal de Justiça, o que nos diz muito, são mais de cem anos de luta, e

ainda só temos uma Juíza no Supremo Tribunal de Justiça, mas ainda bem, e que é a

Senhora Dr.ª Clara Sottomayor, que muito prezo, e cujo trabalho muito admiro. --------

----- Relativamente à questão da violência sobre as mulheres, eu gostaria de citar um

preâmbulo de um Projeto-Lei, do PCP, de 1989; “As razões profundas que

conduziram a que no limiar do século XXI, surja com insistência a preocupação

mundial com a violência que se abate sobre o sexo feminino, encontramo-las numa

estrutura de organização familiar, precedendo a formação do Estado baseada numa

estrutura hierárquica em que é o chefe o homem, todos os abusos eram permitidos,

uma organização familiar ditada por interesses puramente económicos que instituiu a

desigualdade na família e que transpôs para o próprio Estado, então nascido, um

modelo dessa organização, baseada no direito ao abuso do poder e no dever de

obediência por parte dos oprimidos entre os quais se situam, também, como é obvio,

muitos homens. Essas causas profundas da desigualdade levam-nos a concluir que o

tema não se reduz a uma questão privada de relações entre os sexos. É pelo

contrário, uma importante questão política e como questão política é o problema

geral da promoção da igualdade sem a qual a democracia ficará inacabada. A

vitimização das mulheres não pode desligar-se do quadro mais geral do estatuto

social da mulher.” ----------------------------------------------------------------------------------

----- Sobre este preâmbulo serviu de base àquela que se tornou a Lei 61/91 que

reforçou os direitos das vítimas de violência doméstica. Aliás, o PCP teve, como é do

vosso conhecimento, um grande trabalho naquilo que foram as bases legislativas de

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combate à violência sobre as mulheres. Entretanto, depois, todas essas leis foram

compiladas na Lei 112/2009. E do ponto de vista do quadro legislativo português,

entende o PCP que o problema não estará na lei, ou seja, as leis que dispomos são leis

que por si só se fossem cumpridas garantiriam passos importantes na defesa dos

direitos das mulheres. O problema tem a ver com a questão que lhe subjaz, ou seja, as

medidas políticas que não acompanham, de todo, nem a reflexão sobre esta matéria,

nem o quadro legislativo em vigor, isto é, a participação das mulheres e a violência

que sobre elas se abate, tem muitas causas. -----------------------------------------------------

----- A Convenção de Istambul diz que devemos, então, fazer de facto, uma definição

daquilo que é a violência sobre as mulheres muito mais abrangente do que aquela que

tem sido a dos Estados e que, frequentemente, reconduz às questões da violência

doméstica. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- Pois bem, essa tentativa foi feita, designadamente na Assembleia da República, e

em 2009, não só através do Projeto-Lei do PCP, 657, apresentado em 2009, que foi

rejeitado pelo PS, PSD e CDS-PP, mas também uma lei que previa o combate à

violência de género, um Projeto-Lei do BE, esse também, foi rejeitado. E, portanto,

quando hoje a Convenção de Istambul se propõe a que esta definição legal seja mais

abrangente, a Assembleia da República já o tentou fazer, e portanto, a questão tem a

ver com uma visão política e com as medidas políticas que hoje aprofundam as

desigualdades entre mulheres e homens. --------------------------------------------------------

----- A violência contra as mulheres não acontece só num contexto físico, ou no

contexto sexual, acontece também, no contexto laboral, o assédio moral, o assédio

sexual são uma realidade cada vez mais agressiva no nosso país. As discriminações

salariais são das maiores violências que hoje assistimos, nomeadamente, com uma

disparidade salarial entre mulheres e homens que ronda os 30%, e que chega até aos

47% na idade dos sessenta e quatro anos, são dados do Livro Branco das relações

laborais. E, portanto, todas as medidas políticas que têm contribuído para o

aprofundamento destas desigualdades, e falamos na consequência direta no

desemprego, das consequências diretas na diminuição das prestações sociais, da

retirada dos subsídios de desemprego, colocam, de facto, mulheres e homens em

situações sociais complicadíssimas que depois potenciam os fenómenos de violência

que têm, de facto, que ser devidamente apoiados. ---------------------------------------------

----- Inexiste, pois, em Portugal uma rede pública de apoio, não só a questão da

legislação que, hoje, está em discussão na Assembleia da República, nomeadamente a

alteração ao Código Penal sobre muitos dos crimes que o painel já falou, e muito bem,

mas inexiste uma rede de apoio da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde, e

educação, em Portugal existe trinta e uma casa de abrigo para vítimas de violência

doméstica e a rede que faz a apreciação já evocou as debilidades geográficas desta

rede, existe uma casa abrigo para vítimas de violência de tráfico, e quando falamos

em violência falamos de violação, de prostituição, do tráfico de seres humanos, e em

relação a isto os sucessivos governos, de facto, apesar dos vários planos, medidas

concretas não as têm tomado. ---------------------------------------------------------------------

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----- Para finalizar, eu daria só o exemplo do acesso das mulheres à justiça. Qualquer

pessoa que seja vítima de violência, seja ela qual for, se quiser recorrer à justiça tem

de pagar a um advogado, tem de pagar as custas judiciais. Pois, várias vezes se tentou

na Assembleia da República que a isenção fosse dada às vítimas de violência e tal,

não foi conseguido. O apoio judiciário como estava definido antes, a presunção da

insuficiência de rendimentos que levava a que as vítimas não tivessem que pagar taxa

de justiça, hoje já não existe. Portanto, uma mulher tem de pagar várias centenas de

euros para poder acusar um agressor, para se poder defender em casos de violência ou

de discriminação. E por exemplo, também no caso de denúncia, também aqui

concordaria com muitas das medidas que a Dr.ª Elisabete Brasil referiu, não só a

proteção da mulher que denúncia a violência, mas também qualquer outra pessoa que

possa denunciar muitas vezes não o faz porque tem medo de colocar a mulher numa

situação de violência mais extrema. E, portanto, também seria necessário que a

proteção na denúncia fosse, não só, às mulheres, mas também a qualquer pessoa que a

queira fazer. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Portanto, ainda há muito a fazer neste contexto. -----------------------------------------

----- Muito obrigada, mais uma vez, ao painel pelos contributos e propostas que

deixaram.” -------------------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Arquiteta Paula Nicolau (PAN) no uso da palavra, fez a seguinte

intervenção: ------------------------------------------------------------------------------------------

----- “Boa tarde. -------------------------------------------------------------------------------------

----- Antes de mais, queria deixar aqui uma mensagem do nosso Deputado que não

pode estar presente por motivos de saúde, e obviamente, tem imensa pena de não estar

a acompanhar presencialmente, este debate. ----------------------------------------------------

----- Quero agradecer a todas as pessoas do painel, e gostaria de deixar algumas

perguntas, nomeadamente, sobre mutilação genital feminina que é muito pouco

falada, e que houve duas pessoas do painel que falaram, mas gostaria que falassem

mais sobre isto. --------------------------------------------------------------------------------------

----- Há Dr.ª Clara Sottomayor, gostaria de fazer a seguinte pergunta; como é que acha

que se resolve esta questão da relação do poder parental quando há violência

doméstica? -------------------------------------------------------------------------------------------

----- Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Natalina Moura (PS) no uso da palavra, fez a

seguinte intervenção: -------------------------------------------------------------------------------

----- “Boa tarde, ou boa noite, a todas e a todos. -----------------------------------------------

----- Eu senti necessidade de subir a esta tribuna porque para uma mulher da Beira,

tem muita necessidade de ver nos olhos, e os ritos faciais dos que estão presentes, e

também daqui poder verificar se a maioria dos presentes são mulheres, ou homens.

Não sei se está paritário, mas há muitas mulheres. --------------------------------------------

----- Uma saudação muito afetuosa a todos, e todas, os presentes. --------------------------

----- Quero nesta primeira sessão de debate, sobre a Erradicação da Violência Contra

as Mulheres, expressar o quanto valorizo esta iniciativa da Assembleia Municipal de

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Lisboa, tal como já aqui foi observado pelo Senhor Presidente da 6ª Comissão

Permanente, o Engenheiro Magalhães Pereira, na abertura desta sessão. ------------------

----- Efetivamente, quero valorizá-la, tanto mais na pessoa da Senhora Presidente

Helena Roseta, por continuar a lutar por uma causa em que as palavras parecem estar

gastas, e os resultados dos esforços conjugados, de muitos e muitas, tardam, e tardam

mesmo. -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Quero, ainda, cumprimentar em nome do Partido Socialista os elementos do

painel pela excelência dos contributos aqui trazidos, sempre conselhos, num contexto

de partilha de saberes, porque neste tema, como em tantos outros, se afigura tantas

vezes que apenas são apontados, ora pontos fortes, ora pontos fracos, ora fragilidades. -

----- Não sendo jurista, tenho um distanciamento que me permite, e me tem permitido

ao longo da vida observar e ter um olhar num envolvimento pessoal e total

desconforto emocional por não ver melhores resultados, pese embora, o edifício

legislativo ser dos melhores numa área adjacente, ou seja, no combate à violência

doméstica, tal como aqui já foi afirmado pelos elementos do painel. -----------------------

----- É de realçar que não me tenho sentido sozinha neste caminhar, um pouco como a

via-sacra já que estamos em tempo de quaresma, e nesta tentativa de encontrar uma

solução melhor. -------------------------------------------------------------------------------------

----- De facto, muito está feito, e do muito que está feito, se deve à perseverança das

organizações não-governamentais de mulheres a quem aqui deixo, também, o elogio

pela sua determinação, empenho e envolvimento, e não destaco nenhuma delas, em

especial, por entender que este trabalho tem sido uma construção em rede, e algumas

das soluções resultam disto mesmo e são impulsionadoras do alertar das consciências. -

----- Sabemos que estamos a lidar com uma realidade que não diz respeito, somente, à

sociedade portuguesa. Também por força do percurso que fizemos, sabemos,

infelizmente, que esta realidade é um denominador comum de todas as sociedades, tal

como aqui, também, já foi abordado. ------------------------------------------------------------

----- Não vou, por escassez do tempo, e também por sobreposição do assunto que já

aqui foi, e muito bem, destacado pelas excelentes intervenções, não vou fazer

elencagem de todas as leis. Poderíamos fazê-lo, mas não seria aqui o espaço. No

entanto, lembremos um estudo da década de noventa, elaborado no âmbito do

programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento, PNUD, que revelou que a

nível mundial a percentagem de mulheres vítimas agredidas pela pessoa com quem

viviam, ou com quem tinham uma relação preferencial, variava entre os 16% e os

52%. É um número a reter como traumatizante para qualquer uma de nós. ---------------

----- Lembremos o primeiro instrumento universal de caracter legal, com o objetivo de

combater a violência contra a mulher, a Declaração sobre a Violência Contra a

Mulher. -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- E agora, para aliviar um pouco a pressão também, em que estamos, é que vim de

longe, de muito longe, como diz a canção, continuaríamos a elencar todos os

dispositivos legais para aqui chegar, e nos interrogarmo-nos hoje, como erradicar este

fenómeno. --------------------------------------------------------------------------------------------

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----- Em comparação com a violência parental, a vitimização de adolescentes, e jovens

na intimidade, tem merecido menor atenção por parte da comunidade. Há hoje

afloramentos da violência no namoro, interpretado tantas vezes pelas raparigas como

sintoma de ciúme afetivo. Santa ingenuidade e total desconhecimento das suas

consequências. Daí que somos levados a crer que há um espaço de prevenção para a

erradicação da violência que passa pelo espaço educativo. -----------------------------------

----- Existem estudos levados a cabo por instituições, estudos académicos como aqui

já foi referido, mas que parecem quedar-se, apenas, pelo diagnóstico. Daí, permitam-

me perguntar; em vosso entender, quais as formas de abordagem em termos de

prevenção primária? Também, hoje aqui já frisado. -------------------------------------------

----- Como autarca, tenho recebido sinalizações de violência doméstica no sentido de

apoio social, e para vossa informação, muitos deles ligados à situação de desemprego

da mulher, sobretudo da mulher. Aqui, sentimos necessidade de apoio para

abordagem, pois a agressividade também pode reverter sobre nós, quem se aproxima

do espaço onde esta violência existe. Em vosso entender, como minimizar os riscos?

Porque nós sabemos que estamos a correr riscos. ----------------------------------------------

----- Também têm sido criadas muitas casas de abrigo, e quero aqui salientar o

significado da existência dessas casas, e também quero saber se já têm feito algum

balanço, alguma avaliação sobre a existência destas casas que nos pareceu, em

determinado momento, e porque também estive envolvida, uma maneira de fugir,

porque é a fugir que estamos sempre do problema. --------------------------------------------

----- Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Cláudia Madeira (PEV) no uso da palavra,

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Boa tarde a todas e a todos. ----------------------------------------------------------------

----- Agradeço em nome do Grupo Municipal do Partido Ecologista «Os Verdes» as

intervenções por parte das oradoras deste primeiro painel e os contributos que nos

trouxeram. --------------------------------------------------------------------------------------------

----- Em primeiro lugar, saudamos esta iniciativa da Assembleia Municipal pela

importância e pertinência do tema, pois enquanto houver violência contra as mulheres,

qualquer forma de violência, é fundamental discutirmos as suas causas e

consequências, para estarmos mais perto da sua prevenção e erradicação. ----------------

----- Este é um grave problema social, económico e político que põe em causa os

direitos das mulheres no trabalho, na sociedade e na família, podendo nalguns casos

pôr em risco a sua própria vida. É uma violação dos direitos humanos e um obstáculo

à sua participação na vida social, na vida pública e no trabalho, impedindo a sua

realização como cidadãs com plenos direitos. E é preciso nunca nos esquecermos de

que quando vemos uma fase da violência, já muito se passou. ------------------------------

----- Para «Os Verdes» a violência contra as mulheres é um assunto de extrema

importância pois o combate a todas as formas de violência está na génese do

movimento ecologista. Nesse âmbito, e seguindo o princípio da promoção da

dignidade dos seres humanos, temos tido uma atividade permanente nesta matéria. -----

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----- Quando falamos de violência contra as mulheres falamos de todas as formas de

violência: a violência doméstica, a violência psicológica, o assédio sexual, a violência

e a exploração sexual, a mutilação genital feminina o casamento forçado, entre outras.

----- É igualmente importante ter noção que as diversas formas de violência se vão

alterando e vão surgindo sob novas formas, o que requer novas e eficazes formas de

as combatermos. ------------------------------------------------------------------------------------

----- Podemos dizer que se têm dado alguns passos no combate à violência contra as

mulheres, como é exemplo a Convenção de Istambul, mas há ainda muito por fazer,

persistem ainda muitas situações gritantes e inaceitáveis a que urge pôr um ponto

final. Definitivamente. -----------------------------------------------------------------------------

----- Há ainda muito a fazer, coisas a melhorar no ordenamento jurídico português, é

preciso coordenar os vários ramos de Direito (o penal, o da família e o civil) para que

não apresentem soluções contraditórias, e para isso é preciso um grande conhecimento

de terreno. Não pode haver vazios na lei, e tem de haver políticas pensadas de forma

global através de uma estratégia, e não medidas avulsas. -------------------------------------

----- Do ponto de vista político, é importante reforçar que esta é uma matéria que

deverá unir todas as forças políticas, pois estamos a falar de direitos humanos, e não

respeitar estes direitos é crime, portanto parece-nos inaceitável qualquer medida que

contrarie este princípio e que ponha em causa a dignidade e a própria vida de uma

mulher. -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Também sabemos que as crises – económicas e sociais – aumentam a

vulnerabilidade das mulheres, agravando situações como o desemprego, a pobreza e a

marginalização, cabendo ao Governo a adoção de medidas que contrariem estes

fenómenos. Não podemos ter gente que nos governa que, por um lado, vem dizer que

a erradicação da violência contra as mulheres e a igualdade de oportunidades são uma

prioridade, quando por outro lado, mais não fazem do que promover situações de

desigualdade e de exclusão. -----------------------------------------------------------------------

----- Um Governo anti-social não quer a igualdade, a inclusão e a plenitude de

direitos. -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Para «Os Verdes» impõe-se, assim, um reforço, mas um reforço sério, de meios

financeiros e de políticas que valorizem o papel da mulher na sociedade, que

promovam a igualdade de direitos, o combate a todas as formas de violência exercida

contra as mulheres, que eliminem as discriminações que ainda persistem, políticas de

proteção e apoio das vítimas, no acesso a cuidados de saúde e de apoio na procura de

emprego. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- Não pode haver falta de vontade política, não pode haver dinheiro para injetar em

bancos e não haver para prevenir estes crimes e para apoiar as mulheres vítimas de

violência. ---------------------------------------------------------------------------------------------

----- Nenhuma vida poderá estar em risco por opções políticas. A vida de uma pessoa

nunca deverá estar dependente da vontade política, ou da falta dela, para fazer mais e

melhor. -----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Tem de haver uma correspondência real entre os discursos e a prática para que

não se adie mais a erradicação da violência contra as mulheres. ----------------------------

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----- Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa no uso da palavra,

fez a seguinte intervenção: ------------------------------------------------------------------------

----- “Boa tarde a todas e a todos. ----------------------------------------------------------------

----- Queria agradecer às nossas convidadas, às oradoras o contributo que deram para

esta sessão. -------------------------------------------------------------------------------------------

----- Queria lembrar, e a Arquiteta Paula já fez aqui essa referência, mas queria

lembrar que se estamos aqui, hoje, a fazer esta discussão foi porque o Senhor

Deputado Miguel Santos do partido Pelos Animais e Pela Natureza fez a proposta

para a realização deste debate temático. Ele, de facto, está doente. Não pode estar aqui

connosco, mas é muito relevante por ser uma proposta de um deputado que levou a

esta concretização, pelo que gostaria de salvaguardar isso, e lembrar, com justiça, a

iniciativa que ele teve. ------------------------------------------------------------------------------

----- A questão que me trás aqui é mais um testemunho pessoal que eu queria dar, e

gostaria de ouvir a opinião do painel, por questões muito concretas relacionadas com

a violência contra as mulheres. -------------------------------------------------------------------

----- Eu fui Vereadora durante quatro anos, da habitação, em Lisboa, da habitação e

das questões sociais, atualmente é uma colega minha que está com essa

responsabilidade, e nós somos confrontados, diariamente, com situações gravíssimas

de pessoas que sofrem, mulheres de violência, que são ameaçadas, e nós vemo-nos

numa circunstância muito difícil porque sabemos, temos os testemunhos, sabemos

quem é o agressor, os vizinhos confirmam, as associações de moradores conhecem a

história, confirmam a história, têm medo de fazer a denúncia, muitas vezes, portanto,

é o problema de proteção de quem denuncia que é extremamente importante, mas

sobretudo, não conseguimos, num processo normal de todos os dias, retirar o agressor

da casa da vítima, não conseguimos fazer isto porque a legislação toda sobre a

habitação não prevê que a pessoa seja privada de uma habitação pública, estou a falar

de uma habitação pública, não estou a falar de contratos privados. Quantas e quantas

vezes, eu tive a frustração de ter que arranjar uma solução para uma mulher vítima, e

encontramos soluções mais ou menos expeditas, e infelizes, e completamente parciais,

tais como, temos doze fogos que são geridos por associações que lutam contra a

violência e que fazem a distribuição pelas mulheres que precisam. São doze fogos que

para o universo da Cidade de Lisboa, das pessoas que padecem deste problema, não é

nada, nós temos bem a consciência que não é nada. Mas o mais frustrante para quem

tem a responsabilidade de decidir, é ter a consciência que tirámos uma mulher de casa

para a colocarmos num sítio seguro e deixámos lá o agressor a usufruir de um bem

público para o qual ele não tem qualquer espécie de direito. Portanto, esta é uma

questão que eu vos queria colocar porque confrontamo-nos com ela, diariamente. ------

----- Agora mesmo acabámos de receber, e vão ser apreciados nesta Assembleia, os

quatro relatórios anuais das comissões de proteção de crianças e jovens. E é outra vez,

um espelho destas situações; violência contra as mulheres, violência doméstica,

violência contra os idosos, toda esta panóplia de violência aparece naqueles relatórios,

é aflitivo. Nós temos instrumentos jurídicos que, pelos vistos, muito avançados em

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algumas áreas, mas os instrumentos jurídicos não estão a resolver o problema, e tanto

não estão que nós passamos a ver nos noticiários, mais uma vítima, mais uma vítima,

mais uma vítima, há qualquer coisa que não está a correr bem, que não está mesmo a

correr bem, ao nível da legislação, ao nível das políticas, ao nível da própria

mentalidade, ao nível do funcionamento dos tribunais, ao nível das autarquias, existe

uma série de coisas que não estão a correr bem. Esta realidade é uma realidade

quotidiana, e eu quero dar o testemunho que a vivi com muita frustração porque

quantas e quantas vezes fechei processos e pensei que estou a entregar uma casa a um

agressor. Isto é imoral. -----------------------------------------------------------------------------

----- Era só isto que queria dizer. Obrigada.” ---------------------------------------------------

----- A Senhora Teresa Sá e Melo no uso da palavra, fez a seguinte intervenção: ------

----- “Boa tarde a todas e a todos. ----------------------------------------------------------------

----- Eu desde que me conheço politicamente que sou feminista. De modo que nunca

pertenci a nenhum partido político, portanto, sou capaz de dizer coisas politicamente

incorretas mas, para mim, a violência contra as mulheres, não se trata aqui de

violência de género, é o nome, é bom que não se mude as semânticas, é a violência

contra as mulheres chama-se impotência. E acho que devemos dar o nome às coisas,

chama-se impotência. ------------------------------------------------------------------------------

----- A responsabilidade desta violência contra as mulheres é nossa, em primeiro

lugar, nossa, das mulheres. Não fomos capazes, nos últimos quarenta anos, de criar as

condições para termos um maior poder executivo e um maior poder de decisão

político para as mulheres. Isto é um facto. ------------------------------------------------------

----- A falta de solidariedade com a luta das mulheres foi sempre manifesta, e disso

sou testemunha, pelas deputadas, pelas militantes dos partidos políticos. Eu fui

testemunha, nos anos oitenta, enquanto se arranjava a legislação sobre o aborto, cada

vez que as minhas amigas do PS faziam uma proposta era imediatamente votado

contra as amigas do PCP, e inversamente. Quando as amigas do PCP faziam um

projeto, imediatamente, as camaradas do PS votavam contra. Bem, isto era

desesperante. O trabalho político das Senhoras Deputadas foi sempre subserviente, e

de acordo com as indicações dos senhores do partido. E se, apesar desse trabalho

solidário, não conseguiam um “lugar ao sol” nas listas eleitorais, então só lhes restava

dormir com eles na cama para terem a mesma condição. -------------------------------------

----- A situação calamitosa a que se chegou com o número avassalador de mulheres

assassinadas é, em primeiro lugar, da responsabilidade política das mulheres. É bom

que isto fique claro. E se os criminosos não têm as penas de prisão correspondentes,

que não têm. ----------------------------------------------------------------------------------------

----- Eu posso contar-vos uma história de um Senhor Dr. Juiz, da Boa Hora, que ao

julgar três violadores considerou que eles usufruíam de circunstâncias atenuantes pelo

facto da vítima ir com um vestido “ligeiro” no Intendente, Isto passou-se nos anos

oitenta. Imaginam que se isto fosse o oposto, se o Senhor Dr. Juiz eventualmente,

fosse castrado num bordel, certamente que as culpadas não podiam usufruir da

circunstância atenuante de o Senhor Dr. Juiz ter uma vida obscena. Isto não é

verossímel. -------------------------------------------------------------------------------------------

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----- A única forma de acabar com esta violência, a meu ver, é assumir o poder, é ter

visibilidade, ter o poder executivo e ter o poder de decisão política. -----------------------

----- Eu prego, desde os finais dos anos oitenta, a formação de um partido, ou

qualquer entidade política com 80% de mulheres e 20% de homens. Mas para as

melhores de entre nós, ainda acreditam na piedosa mentira dos staffs partidários e nas

suas pseudopreocupações sobre a igualdade de oportunidades. Até inventam o slogan

cristão “Quem ama não agride”. ------------------------------------------------------------------

----- Meus caros amigos, ou tomamos o poder, ou nada feito. -------------------------------

----- Somos 70% das licenciadas deste país, e temos um poder exclusivamente

masculino nos partidos, nos governos, nas universidades, há mais de quarenta anos.

Se a competência académica é feminina e se isso não é retratado nas políticas, então a

violência dos incompetentes, a violência dos impotentes vai continuar. -------------------

----- Boa tarde.” -------------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Deputada Municipal Floresbela Pinto (IND) no uso da palavra, fez

a seguinte intervenção: -----------------------------------------------------------------------------

----- “Boa tarde a todos. ----------------------------------------------------------------------------

----- Agradecer, em primeiro lugar, a disponibilidade e o contributo das nossas

convidadas para esta reflexão, e saudar, uma vez mais, a realização deste debate

perante a pertinência e a atualidade do mesmo, visto estarmos num momento crítico

de adaptação do articulado legislativo nacional face ao estabelecido pela Convenção

de Istambul. ------------------------------------------------------------------------------------------

----- Nesta Assembleia temos tido oportunidade para refletir, debater e fazer sugestões

práticas ao Município de Lisboa no que concerne a este tema, nomeadamente, no

âmbito da análise que aqui fizemos do Plano Municipal de Combate à Violência

Doméstica e de Género, trazido a esta Assembleia, foi amplamente analisado e que

fazemos questão de acompanhar a sua execução, naturalmente. ----------------------------

----- Sabemos que a Convenção de Istambul reitera o combate a todas as formas de

violência, o combate ao tráfico de seres humanos, violência doméstica, mutilação

genital feminina, etc., e sendo algumas destas vertentes, claramente, indiscutíveis e

consensuais no qua respeita à sua salvaguarda em legislação própria, quer no

reconhecimento dos crimes públicos, na proteção das vítimas e penalização dos

agressores, gostaria de focalizar a minha intervenção na questão do assédio sexual,

sendo claro que a violência e a discriminação de género está intrinsecamente ligada à

nossa organização e matriz social, é imperativo que o assédio sexual possa ser

definido através da jurisprudência própria que defenda quem se encontra como vítima

muitas vezes, coagidas pela inferioridade de uma relação de poder desigual. -------------

----- É importante que esta questão do assédio sexual tendencialmente desvalorizada

perante outros tipos de violência, seja legislada e verdadeiramente, criminalizada na

minha opinião, assim como foi um ponto de viragem tornar um crime público a

violência doméstica, este também seria um sinal inequívoco que não é de forma

aceitável a permissividade deste tipo de comportamento, ou crime, por vazio legal. ----

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----- Por isso pergunto às nossas convidadas pelo conhecimento e acompanhamento

que têm feito a estas matérias, se é espectável esperar a integração do assédio sexual

na legislação penal de forma inequívoca? ------------------------------------------------------

----- Obrigada.” --------------------------------------------------------------------------------------

---------------------------INTERVENÇÕES FINAIS ORADORES ------------------------

----- A Senhora Dr.ª Elisabete Brasil, da União de Mulheres Alternativa e Resposta,

fez a seguinte intervenção: -----------------------------------------------------------------------

----- “Agradeço as questões colocadas. Não foram muitas mas, para além das

questões, muitas comunicações de temas levantados que davam para o resto da noite. --

----- Pela ordem das intervenções, dizer que é verdade que a situação social e a

situação económica do país influenciam as situações de violência doméstica, e

influenciam a situação e a posição das mulheres na nossa sociedade, sem dúvida. -------

----- Há realmente um contrassenso entre a defesa dos direitos humanos e políticas

sociais e económicas, fiscais de restrição do acesso das pessoas aos seus bens

essenciais e aos seus direitos essenciais. E se não vemos que alguns deles

desapareceram, percebemos que eles diminuíram e que, não desaparecendo, há uma

maior dificuldade de acesso às mulheres, aos seus direitos, e a questão da justiça

colocada, é realmente uma delas. -----------------------------------------------------------------

----- Continuamos a ter apoio judiciário. Concordo com o que defende, e também foi

uma defesa nossa, que as vítimas de violência doméstica deveriam ver deferido, de

imediato, o apoio judiciário. Essa seria a consagração do seu direito de acesso à

justiça e aos tribunais, porque a maior parte das vítimas entra no processo como mera

testemunha, ela é testemunha do Estado Português de que contra uma norma do

Estado foi violada, e portanto, não se constitui assistente na maioria dos processos,

não deduz o seu pedido de indeminização cível, etc., etc., portanto, aquilo que temos é

que a maior parte das vítimas entra no processo como um instrumento do Estado para

a comprovação do crime. Muitas delas até no fim, connosco, dizem que no fim foi

atribuída uma indeminização à associação tal, tal, e que a elas próprias, nada. E nós

explicamos qual a sua posição no processo, que no fundo elas não são parte, elas são

testemunhas. -----------------------------------------------------------------------------------------

----- Prever o apoio judiciário direto, como direito das vítimas, é algo que nós

defendemos, eu enquanto jurista é algo que defendo. -----------------------------------------

----- Relativamente às taxas, às custas, ouve um aumento, um agravamento das custas

judiciais e, portanto, aquelas pessoas que estão no limiar, fora do apoio judiciário mas

com menos rendimentos, com o aumento das taxas de regulamento das custas

judiciais, portanto, há aqui efetivamente, um menor acesso das pessoas à justiça e aos

tribunais e que as vítimas estão também neste rol. ---------------------------------------------

----- Depois, houve uma questão relativa à mutilação genital feminina, que hoje já está

prevista, ou integra hoje, já, o nosso sistema penal não de forma autónoma mas por

via do crime de ofensas à integridade física grave, portanto, neste sentido, integra já o

nosso ordenamento penal. Aquilo que defendemos é uma autonomização do crime.

Porém, no nosso entender, falar de mutilação genital feminina é falar também de

estratégias e de abordagens de prevenção, sensibilização, mas também de prevenção,

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prevenção primária, ou seja, aquilo que se pretende é, não só uma penalização, mas

todo um trabalho de prevenção e de trabalho com as comunidades praticantes para que

se consiga aquilo que é a previsão da norma prevê, mas também para além daquilo

que é a previsão da norma. ------------------------------------------------------------------------

----- Sistemas que apostam só na criminalização, podemos ter o inverso, ou seja, o

crime continua, continua mais escondido, continua fora do nosso território, mas

continua. Portanto, temos de ser mais inteligentes o suficiente para ir para além dessa

criminalização e investir no trabalho com as comunidades, e também o trabalho das

comunidades para as comunidades. --------------------------------------------------------------

----- Já percebi que já terminei o meu tempo, de qualquer forma eu espero que, tenho

a espectativa que o assédio sexual venha a integrar a nossa ordem penal. É essa a

nossa expectativa, aliás lançamos neste dia, oito de março, uma proposta, uma

iniciativa, legislativa exatamente versando as questões do assédio sexual, portanto, a

nossa expectativa é que assim se faça. -----------------------------------------------------------

----- Só dizer-vos que a lei não chega. E alguém falou na Lei 61/91, e falando na Lei

61/91, concordo com o seu artigo 16º o qual prevê pela primeira vez o afastamento do

agressor. Lembramo-nos o que é que aconteceu, desde a inconstitucionalidade da

norma, desde uma série de coisas, e portanto, a sua não aplicação. Para além da

previsão, é preciso todo um trabalho na comunidade e, lamento muito, mas a minha

posição é que já chega de responsabilizar as mulheres por mais um fardo, já chega.

Portanto, não pode ser nós mulheres ainda sermos as responsáveis pela vitimização,

pelas políticas que estão, pelo facto de não conseguirmos a paridade, já chega.

Vivemos numa sociedade patriarcal, machista, de uma dominação do masculino pelo

feminino, e de um poder que é masculino. E o facto de sermos mulheres não quer

dizer que no exercício do poder não o façamos, também, com aquilo que é o nosso

exemplo de poder e de legitimação de poder. Precisamos de feministas, deles e delas,

precisamos das mulheres, da solidariedade e da sonoridade feminista. E não aceito,

como mulher, que mais uma vez, nós mulheres levemos coça pelo facto de termos

educado mal, não sei o quê, não sei o quê …. sinto que às mulheres resta-lhes sempre

mais, mais, eu bem sei.

----- As questões de prevenção primária, no meu entender, Portugal não tem investido

em prevenção primária. Não há prevenção primária. E nas questões de violência não

há prevenção primária. -----------------------------------------------------------------------------

----- Nós temos campanhas de sensibilização que podem ser uma estratégia para

desenvolver qualquer coisa. Chamar isto de prevenção é reduzir aquilo que é a

prevenção primária. Prevenção primária significa trabalhar estas questões de forma

transversal desde muito cedo, infantário, creche, e por aí fora, em todos os níveis de

ensino, inclusivamente, universitário, pós-graduado, com continuidade no tempo,

sistematizar. Não é uma ação agora aqui nesta escola. Isto é sensibilização. E, por

isso, entendo que Portugal não tem programas de prevenção primária, e não tem

investido de forma sustentada nesta área. -------------------------------------------------------

----- Creio que tenho de me calar. ----------------------------------------------------------------

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----- Dizer-vos só que as leis podem ser muito boas, mas se este trabalho de prevenção

primária não for feito, se esta conscientização não for feita, teremos leis mas são as

pessoas que aplicam a lei, e por isso teremos de ir além disso. ------------------------------

----- E muitas vezes dizem que os agressores não podem sair de casa. Pois eu não sei

porque não podem sair de casa. Porque ninguém coloca em causa a

inconstitucionalidade que é a vítima levar porrada e ter de sair da sua casa. Pois se não

colocam nenhuma inconstitucionalidade nisto, não percebo qual é que é a

inconstitucionalidade de um individuo que, quebrando as regras do Estado de Direito,

tem como sanção sair da residência. Não percebo, não entendo como forma de

proteção. Ainda que, posteriormente, a questão da atribuição da casa de morada de

família seja trabalhada em sítio próprio.---------------------------------------------------------

----- Nós temos, hoje, medidas de coação que podem ser implementadas, e que podem

ser aplicadas em curto espaço de tempo. Assim, homens e mulheres que aplicam a lei,

as queiram aplicar. ----------------------------------------------------------------------------------

----- Esta é a minha posição. ----------------------------------------------------------------------

----- Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------------

----- A Senhora Dr.ª Fátima Duarte, Presidente da Comissão para a Cidadania e

Igualdade de Género da Presidência do Conselho de Ministros, fez a seguinte

intervenção: ------------------------------------------------------------------------------------------

----- “Tal como a Dr.ª Elisabete Brasil disse não ouve muitas questões, tendo havido

uma direta, basicamente, sobre a mutilação genital feminina, em que se pediu que

houve algum desenvolvimento, e a Dr.ª Elisabete Brasil já desenvolveu alguma coisa,

pelo que eu irei desenvolver mais alguma coisa, e até aconselharia a Senhora

Arquiteta Paula Nicolau consultar o site da CIG no que diz respeito aos relatórios

intercalares de execução dos Planos de Prevenção e Eliminação da Mutilação Genital

Feminina, e até do relatório de avaliação do plano anterior, que estão disponíveis, e

onde pode verificar a evolução que a este respeito tem sido feita e a ação que tem

sido, efetivamente, levada a cabo. ----------------------------------------------------------------

----- A Dr.ª Elisabete Brasil falou, e bem, aliás, numa visão muitíssimo coincidente

com a CIG, uma vez que faz parte do grupo de trabalho que apoia a CIG na

implementação dos Planos para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina, as

politicas que apostam na penalização, e penso que ambas concordamos que a

penalização deve ser autónoma por uma questão simbólica, mas que é importante. O

direito também trabalha ao nível do simbólico, sendo que uma penalização autónoma

sobre essa precisa forma, sobre essa precisa designação do crime da mutilação genital

feminina ora tratado por ofensa à integridade física grave, teria como consequência,

quanto a nós, provavelmente, tendo em conta os dois, ou três casos, que estou

lembrada, que vieram a ser arquivados por se considerar que não tinha havido uma

lesão grave dos órgãos genitais, pudessem vir a ser penalizados como tal, pudessem

vir a ser criminalizados como tal, uma vez que aí não haveria a exigência que existe

neste momento no artigo 144º, do Código Penal. ----------------------------------------------

----- Mas não é a criminalização que resolve a questão, inclusive por este resultado

que já se apontou. Em muitos casos, levará que a situação passe mais ao largo do

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controlo do que neste momento, está a passar, mas sim na prevenção. E todos os

Planos para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina têm, efetivamente, numa das

suas áreas estratégicas a ideia da prevenção a todos os níveis precisamente para evitar

que o crime se realize, que é aliás a função pedagógica do Direito Penal, todo ele, mas

que em alguns casos concretos, nalguns casos, mais de que noutros, assume um

significado especial. --------------------------------------------------------------------------------

----- Por outro lado, e também o que respeita à mutilação genital feminina, a

criminalização levará a que sejam os pais, ou parentes próximos daquela criança, a ser

sentenciados, porque são, efetivamente, eles que levam a cabo a mutilação genital

feminina. Enquanto crime, é talvez um dos crimes mais paradoxais que existe, pela

razão simples de que é levado a cabo aquilo que é um atentado inaceitável à

integridade física geralmente, de uma criança, de uma menina, com a intenção de que

essa criança não seja ostracizada, no futuro, pela comunidade a que pertence. -----------

----- Penso que a Dr.ª Elisabete Brasil se lembrará de uma conferência em que

estivemos ambas, e em que uma oradora italiana, a este respeito, dizia que os tribunais

italianos debatiam-se, em muitos casos, nos casos de mutilação genital feminina, com

o dilema de ao condenarem os pais da criança, geralmente, emigrantes em Itália, e

depois de serem presos, a criança não ter outro parente próximo com quem ficar. Ficar

sem os pais, que são as suas figuras de apoio, por um lado, independentemente, do

que lhe haviam feito, ou voltar para o país de origem onde, até os cuidados médicos,

de que poderia dispor em Itália, não teria. Portanto, há aqui circunstâncias várias que

levam a que, realmente, se aposte na prevenção. -----------------------------------------------

----- Houve aqui algumas inexatidões que eu gostaria de esclarecer. -----------------------

----- Não existe uma casa, um atendimento para vítimas de tráfico, mas existem três,

neste momento. As casas de abrigo são trinta e sete, trinta no continente, sete nas

ilhas, isto para dar uma dimensão da rede de apoio às vítimas de violência doméstica.

E no que respeita às circunstâncias que atualmente se vivem, diria que o crime de

violência doméstica tem as suas contradições porque o pico de ocorrências de

violência doméstica reportadas às Forças de Segurança, trinta e um mil duzentas e

trinta e cinco, ocorreu em 2010, e desde aí tem vindo a descer. Em 2011, vinte e oito

mil novecentos e oitenta, em 2012, vinte e seis mil seiscentas e setenta e oito, e depois

tiveram um ligeiro aumento, cerca de 2,4%, em 2013, vinte e sete mil trezentos e

dezoito. ----------------------------------------------------------------------------------------------

----- Todavia, as medidas de proteção que a Dr.ª Elza Pais, há pouco, se referia, de

proteção de vítimas, quer no que respeita à vigilância eletrónica dos agressores, quer

da proteção da vítima, dos aparelhos de teleassistência, têm vindo a crescer.

Alcançaram em 2015, trezentos e vinte e três, neste momento, e no que respeita aos

números de proibição de contactos fiscalizada pela vigilância eletrónica temos, em

2014, duzentos e oitenta e oito. Portanto, há aqui contradições que demonstram,

efetivamente, que o sistema, que não se presume perfeito, mas que tenta evoluir no

sentido de melhorar continuamente, têm vindo a aumentar o grau de proteção possível

às vítimas de violência doméstica. ---------------------------------------------------------------

----- E o meu tempo está terminado.” ------------------------------------------------------------

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----- A Senhora Dr.ª Elza Pais, Presidente da Subcomissão de Igualdade da

Assembleia da República, fez a seguinte intervenção: ----------------------------------------

----- “Eu começaria pelo entendimento da violência doméstica. Acho que esta questão

tem de ser central na estratégia de qualquer intervenção. É que, este entendimento se

não o conseguirmos reverter, nunca mais combatemos a violência doméstica. E o

entendimento é que, como dizia o Giddens; “A casa onde habitamos é um espaço de

grande violência”. Portanto, o espaço que devia de ser um espaço de segurança, de

afeto, e muitas vezes, será, de reforço para os nossos projetos, muitas pessoas,

sobretudo, mulheres, porque a violência contra as mulheres, e a violência doméstica é

sobretudo uma violência contra as mulheres, são 85% as vítimas mulheres de

violência doméstica, é um espaço de agressão, o que levou, inclusivamente, as teorias

feministas a designar este tipo de violência como se de um terrorismo de tratasse. É

este o entendimento que a Convenção de Istambul tem, daí a sua força, porque é este

entendimento que leva alguns autores a defender que este crime devia de ter um

estatuto idêntico ao crime contra a humanidade porque metade da humanidade são as

mulheres.-

----- Não faz mais sentido, olharmos para esta violência contra as mulheres, nas suas

diversas dimensões, como se tratasse de situações que se vão resolver. Não quer dizer

que se façam intervenções cirúrgicas, mas a base de tudo isto tem de ser uma base de

mudança da organização social, onde desde muito cedo, e aí as questões da prevenção

são absolutamente, centrais porque a prevenção vai permitir mudar os valores pelos

quais nós informamos os nossos comportamentos. E, de facto, não valos lá com

campanhas de namoro. Eu também quando fui Presidente da CIG já as promovi, e têm

de continuar a ser promovidas, mas são insuficientes porque mais do que as

campanhas tem que haver uma educação para a cidadania e para a igualdade que

contribua para a reversão destes valores sociais, onde a violência contra as mulheres, a

violência de género, se inscreve. -----------------------------------------------------------------

----- Dito isto, algumas questões concretas. Não temos dúvidas nenhumas que a

precaridade pode agravar situações de violência, mas não a causa, contudo. Portanto,

mesmo que tenhamos resolvidas todas as situações de precaridade, as situações de

violência não ficam resolvidas. Portanto, a questão da violência está para além da

precaridade, pese embora a precaridade possa contribuir para o seu agravamento.

Portanto, não podemos olhar para a precaridade de uma forma isenta de

responsabilidades mas, também, não podemos cingir as nossas estratégias de

intervenção apenas ao combate às situações de precaridade. Se assim fosse, então não

haveria violência contra as mulheres, nem de género, não haveria então violência nas

classes sem este tipo de precaridade, nas classes mais abastadas. ---------------------------

----- Estes marcos que nós temos, legislativos, 2000, crime público, 20017, novo tipo

legal de crime, 2009, com a Lei nº 112, uma lei, tipo lei-quadro, onde se definem

estratégias para prevenir e proteção das vítimas. -----------------------------------------------

----- Podemos sempre evoluir, de uma lei de violência doméstica para uma lei de

violência de género, abertura total. Agora, isso não quer dizer que esta lei não tenha

sido muito importante no tempo em que foi aprovada. E quero dizer-vos com toda a

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convicção que se hoje não existissem aqueles dois mecanismos eletrónicos que a

Senhora presidente da CIG fala, com a vigilância eletrónica e a teleassistência, que

vão ajudar a afastar o agressor da vítima quando já não vive com ela, teríamos hoje

muitos mais homicídios conjugais do que aqueles que temos. Portanto, esta lei tem-

nos ajudado a travar o aumento de alguns tipos de violência, não tem resolvido tudo, e

não tem ajudado tudo, sobretudo, porque é preciso que avancemos para outros

patamares, inclusive legislativos, e teremos que colocar este avanço para além das

lutas político-partidárias porque senão não vamos lá, para fazermos descer a violência

doméstica, nomeadamente, os homicídios conjugais, nós temos quarenta e três foram

os homicídios conjugais, em 2014. É uma brutalidade. Pese embora, todos os

mecanismos que temos que têm contribuído para que não cresça mais, o que é certo é

que não estão a contribuir para que ele desça. --------------------------------------------------

----- No meu entender, e indo ao encontro da intervenção da Senhora Arquiteta

Helena Roseta, nós temos de ter a coragem, através de processos legislativos, de

afastar, de uma vez por todas, o agressor da sua casa onde vive com a vítima. E

permitam-me que vos diga que há uma solução jurídica que foi apresentada, e que foi

chumbada, e a sua discussão foi inviabilizada em sede de especialidade, por questões,

e aqui fala a Deputada do PS da Subcomissão da Igualdade, na qualidade de Deputada

do PS que posso falar desta maneira, este projeto não desceu, e não se percebe porquê.

Porque tinha uma solução e espero que possa vir a acontecer no futuro próximo, tinha

uma solução para agastar os agressores em tempo útil. E enquanto não o

conseguirmos fazer, nós não conseguimos fazer descer os homicídios conjugais. --------

----- Há soluções jurídicas que, obviamente, terão de ser aprofundadas e não terão,

todos os homicídios que ocorrem nestes contextos, mas se contribuírem para combater

alguns, é sinal de que o caminho por aí, também, deve ser feito. ----------------------------

----- A questão da articulação entre o penal e o cível, também há neste momento

projetos que estão a ser apreciados, que vão permitir uma maior articulação entre o

cível e o penal, e outros que também o permitiam e que foram chumbados,

nomeadamente, as regulações provisórias para as responsabilidades parentais, e as

regulações provisórias da pensão de alimentos. Como é que uma mulher se

autonomiza, devidamente, e com força da pessoa que a agride, do agressor, se tiver

dois anos na incerteza do que vai acontecer aos seus filhos, e se não tiver, até para

reforçar o seu processo de autonomia, a pensão de alimentos devidamente regulada,

nem que seja de uma forma provisória. Estes projetos, eu acho, que seriam essenciais

para nos ajudar a combater aquela que é a mais grave de todas as violências

domésticas que é o homicídio conjugal. ---------------------------------------------------------

----- Duas notas, uma para a mutilação genital feminina. Nada tenho a opor a que se

autonomize o crime de mutilação genital feminina. Acho, contudo, que ao fazê-lo nós

temos de ter um cuidado muito grande do ponto de vista da mensagem que estamos a

transmitir, temos de ter o entendimento das origens desta realidade. As mulheres que

praticam mutilação genital feminina, são mulheres, são elas também, vítimas de uma

violência sexista à qual se não obedecerem daquela maneira, são vítimas de outros

processos de estigmação social. ------------------------------------------------------------------

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----- Eu sou contra a mutilação genital feminina, como não podia deixar de ser, aliás,

ela está criminalizada no nosso Código Penal. Avançar para uma autonomia, como

vamos avançar, e nada a opor, mas de nada for feito a montante no sentido do reforço

do diálogo cultural com as mulheres que a praticam como recomenda o FNUAP num

relatório, penso que de há dois, ou três anos, não vamos resolver o problema.

Continuará a ser praticada, continuará a não se saber que a praticamos e, portanto,

para mim, a intervenção sobre a mutilação genital feminina, mais do que um processo

legislativo, está a montante na alteração da compreensão para com as próprias

agressoras do que significa aquele ato no sentido de, elas próprias se libertarem de

uma cultura sexista que as obriga a fazer uma coisa contra as suas próprias filhas. -----

----- Já não tenho mais tempo, mas queria dar-vos conta da minha posição muito

particular, relativamente a esta matéria, que está vertida em declarações de voto e

escrita em artigos de jornal. -----------------------------------------------------------------------

----- Uma outra nota, só para terminar, no que diz respeito à questão das casas de

abrigo. As casas de abrigo têm um papel extremamente importante, e não podemos

dar-nos ao luxo de abrir mão das casas de abrigo pois elas são fundamentais, enquanto

não tivermos outros mecanismos que protejam, em tempo útil, e antes daquela

necessidade de intervenção, se não tivermos aquela resposta, as mulheres ficam

desprotegidas. Mas também quero dizer que isso não nos deve fazer descansar porque

há outras soluções que devem ser construídas para que as mulheres não tenham

necessidade de, para se protegerem, tenham de ir para uma casa de abrigo. A casa de

abrigo não deixa de ser um processo de dupla vitimização. O agressor fica em casa, e

a mulher tem de sair da sua casa, tem de levar os seus filhos para uma outra escola,

para um outro local, e vejam só, para um sítio que o agressor desconheça o seu

paradeiro, porque se souber onde está, pode ir lá para continuar a agredi-la. Este

mecanismo é muito importante, mas nós temos de pensar noutros que nos permitam,

justamente, retirar o agressor, esse sim, para uma casa de proteção, ou o que quer que

seja, ou então para algo muito mais simples, que já está previsto no nosso Código

Penal e que é muito pouco aplicado em situações de violência doméstica que são as

prisões preventivas que devem ser aplicadas sempre que haja perigo da continuação

da atividade delituosa. Ora, havendo perigo da continuação da atividade delituosa, eu

pergunto porque é que elas não são aplicadas? E as vítimas continuam a ser afastadas

para as casas de abrigo com todos os processos de vitimação secundária que estas

casas têm.

----- Teria muito mais a dizer, mas fico-me por aqui.” ----------------------------------------

----- A Senhora Dr.ª Clara Sottomayor, Juíza Conselheira no Supremo Tribunal de

Justiça, fez a seguinte intervenção: ---------------------------------------------------------------

----- “Eu vou começar por responder às questões relacionadas com a regulação das

responsabilidades parentais e com a habitação que me parecem, neste momento, aa

que têm mais importância prática, ou que dependem de alterações legislativas que

estão em curso, embora, também a questão do poio judiciário seja bastante

importante. As mulheres queixam-se sempre que não têm dinheiro e aqui tem de

haver uma alteração legislativa. Mesmo mulheres que têm um salário médio razoável,

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pelo facto de terem de sair de casa têm mais despesas e muitas vezes nem sequer têm

acesso às suas contas bancárias porque os seus companheiros bloqueiam o acesso e,

portanto, ficam privadas dos seus bens. Isso incapacita e impede as mulheres de

tomarem a decisão de saírem de casa, ou quando tomam a decisão ficam a viver em

condições precárias. E, muitas vezes correm o perigo, nas classes mais pobres, de que

o Estado lhes tire a guarda dos filhos, sendo este o verdadeiro pânico das mulheres. ----

----- Não há mulher nenhuma, quando se separa ou divorcia, mesmo que não seja

vítima de violência doméstica, a primeira pergunta que faz aos advogados é sempre;

“tiram-me a guarda dos filhos?”, estão dispostas a deixar tudo, casa, dinheiro, bens,

para não perderem a guarda dos filhos. E não é, como se diz, por um sentimento de

posse, de competição em relação aos homens, é que, como sabemos, na nossa

sociedade, são as mulheres que cuidam dos filhos, o principal investimento das

mulheres que têm filhos, são os próprios filhos, na maioria dos casos. E, portanto,

perder os filhos é uma quebra nos laços afetivos, que além de prejudicar as crianças,

também lhes causa sofrimento que devemos compreender. ----------------------------------

----- Em relação à regulação das responsabilidades parentais, e centrando-me, agora,

aqui nesta questão do medo de perder a guarda dos filhos, é importante passar a

mensagem às mulheres que são vítimas de violência de que vão ficar com a guarda

dos filhos, não vão ter de a partilhar com o agressor, que as crianças não vão ser

obrigadas a cumprir regime de visitas. -----------------------------------------------------------

----- Neste momento, o que se está a passar é precisamente, o inverso. As mulheres

são desacreditadas nos tribunais de família, mesmo quando está pendente um

processo-crime, mesmo até, em casos de condenação. As crianças são obrigadas às

visitas mesmo quando declaram ao tribunal, e aos psicólogos que as seguem, que não

querem ver o pai, que estão magoadas, viram o pai bater na mãe, que não desejam,

neste momento, aquela companhia, estas declarações são sempre imputadas a

manipulação da mãe, e isto é muito injusto para com as mulheres. -------------------------

----- Eu penso que todo este sistema não funciona, independentemente de leis que

podem vir a ser aperfeiçoadas, formação especializada, da magistratura, etc., eu penso

que não funciona, em primeiro lugar, devido aos fortes preconceitos que existem em

relação às mulheres que são vítimas e que apresentam queixa, quer formal, quer

informal, que contam a história da sua vida a terceiros. As pessoas pensam sempre

que elas estão a exagerar, ou então, a mentir. E quando apresentam queixa nas

instâncias, nomeadamente, talvez não tanto na polícia, mas mais, até, nos tribunais,

são sistematicamente desacreditadas nos tribunais de família porque o direito da

família que visa regular as relações familiares de acordo com o principio da

igualdade, e também esquece que há violência doméstica, portanto, pressupõe que o

homem e a mulher estão em condições de negociar os efeitos do divórcio e da

separação, em pé de igualdade, de forma que não dão qualquer proteção à mulher que

é vítima de violência, inclusivamente dizem às mulheres, quando os advogados

apresentam o processo cível de regulação do poder paternal, as sentenças ou as peças,

a queixa apresentada na polícia, o despacho com a medida de coação, dizem sempre:

“esse assunto não é para aqui chamado”, é uma postura muito típica nos tribunais,

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“Isso é com os tribunais penais. Nós não temos nada a ver com isso. Nós aqui temos é

que proteger o direito da criança a ter um pai e uma mãe. Portanto, a senhora, agora,

vai ter de esquecer esse assunto”. Uma mulher contou-me uma vez, que uma juíza lhe

disse que nem se devia admitir queixas de violência na altura do divórcio, porque se

presume que aquilo é doença ou perturbação da mulher. Inclusivamente, chama-se a

esta suposta doença, um termo que já devem ter ouvido na comunicação social, que é

Síndrome de Alienação Parental. -----------------------------------------------------------------

----- Neste momento, as mulheres estão a viver, isto nas palavras de uma mulher que

também me contactou, em que ela me diz que o tribunal de Família é uma câmara de

torturas. Isto é uma forma de expressão. Talvez outras mulheres não consigam

exprimir tão bem, mas que, por outras palavras, é o que todas têm dito. E nós nas

associações de mulheres temos sido constantemente contactadas por mulheres com

estas histórias, analisamos as peças dos processos, ouvimos as mulheres, portanto,

sabemos que a história é verídica, até porque temos, também, provas documentais,

relatórios médicos, peças do processo-crime, etc.. ---------------------------------------------

----- De qualquer forma, por uma questão de solidariedade feminina, entre mulheres,

nós temos também, uma empatia especial ao ouvi-las, o que elas, muitas vezes, não

encontram, nos profissionais, que lidam com elas, em que os mesmos desvalorizam as

alegações, nomeadamente, por exemplo, dos relatórios que se pedem a psicólogos,

vêm completamente, inquinados, ou não consultam as peças do processo- crime, mas

têm acesso, os advogados colocam-nas, o que também, senão consultam, é também

um sinal de incompetência, de que o sistema não está a funcionar, ou se consultam,

dão um descrédito completo, e fazem o relatório nos seguintes moldes: “Há um

conflito entre o pai e a mãe”, “Não conseguem ultrapassar o divórcio”, a mãe, que nós

sabemos que é vítima de violência doméstica, diz-se dela que tem um comportamento

manipulador em relação aos filhos, que não permite a continuação da relação parental,

pelo que estas mulheres são diabolizadas.-------------------------------------------------------

----- Daí que eu defenda aquilo que a Senhora Dr.ª Elisabete Brasil referiu, e que é os

tribunais especializados de competência mista para tratar juntamente, as questões da

família e as questões do crime, para que tenha unidade e que tenha lógica. ---------------

----- Por outro lado, também, como os projetos que a Senhora Deputada Elza Pais

referiu, tem de haver, também, garantia à mulher, às mães, que vão ter imediatamente,

a guarda dos filhos, a pensão de alimentos, porque elas não têm condições materiais

para abandonar a casa. E sabemos que elas é que têm que sair de casa, que eles nunca

saem, como aliás, a Senhora Arquiteta Helena Roseta, referiu. ------------------------------

----- O Código Civil tem instrumentos, quando a casa é bem comum do casal, ou

quando é um bem próprio de um deles, ou um bem de um deles numa união de facto,

de que aquele que precisa, por exemplo, a mulher vítima de violência doméstica, pedir

o direito de ficar a habitar a casa. Mas também, sabemos que isto demora muito

tempo, e na prática não funciona. E quando a habitação é pública, penso que não está

prevista na lei qualquer possibilidade de a vítima evocar que tem direito a permanecer

na casa, só com uma decisão judicial que obrigasse o agressor a sair da residência, é

que se conseguiria que ela ficasse na casa. E estas decisões judiciais, há fundamento

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no Código Civil, no Código Penal, por processo penal, para conseguir implementá-la,

mas também não é tradição do nosso sistema jurídico tratar da questão da violência

doméstica, punindo, ou restringindo, os direitos do agressor, é o contrário, é

restringindo os direitos da vítima. ---------------------------------------------------------------

----- Como a Senhora Deputada Elza Pais referiu, são as mulheres que são

sacrificadas. É o chamado sistema da proteção, mas nós também temos de utilizar,

porque a nossa lei penal permite, o sistema da repressão. Se é crime, tratasse como tal.

----- Mas em Portugal, existe uma mentalidade com a qual, em geral, eu até concordo,

mas que não é aplicável á violência doméstica. Uma mentalidade em que nós temos

de ser muito tolerantes com quem pratica crimes, compreender as situações,

desculpar, não podemos ser duros a punir as pessoas porque o nosso sistema tem de

ser humano. Fomos os primeiros a abolir a pena de morte, temos uma tradição, nesse

aspeto, mas a situação social mudou imenso. Antigamente, a violência nem sequer era

crime, ou só era crime em casos muito extremos de violência doméstica. Não havia

consciência desse problema. Agora, nós temos vítimas vulneráveis, que são as

mulheres, as crianças.

----- Antigamente, a maior parte dos crimes eram crimes contra o património, contra a

propriedade. Portanto, crimes contra pessoas ou entidades mais poderosas. E a pessoa

que praticava estes crimes patrimoniais de facto era frágil, não tinha defesa, merecia

um discurso de compaixão mas, não os agressores. O nosso discurso de compaixão,

ou de compreensão, com os agressores vai terminar numa falta de compaixão enorme

para com as vítimas e que eu acho inaceitável. É que nós não podemos ser, numa

linguagem mais popular, bonzinhos para ambos os lados. Aqui temos de escolher. Eu

acho que o poder político, também, não se posiciona de forma direta, incisiva sobre

esta questão por causa desta mentalidade que há que desconstruir. -------------------------

----- Por outro lado, e também sobre a Convenção de Istambul, a Convenção de

Istambul vem dizer que a mediação familiar também não pode ser aplicada às

mulheres vítimas de violência, portanto, às relações em que há violência, isto também

para tentar acabar aqui com a ideia que são duas pessoas, em pé de igualdade, a

regular a sua vida e que o Estado não deve proteger ninguém, nem intervir na relação. -

----- Muitas mulheres assinam acordos de divórcio por mútuo consentimento,

unicamente, para se verem livres da situação. Mas depois, também, não ficam sem a

casa, com pensões de alimentos baixíssimas, aceitam a guarda partilhada, ou regime

de visitas com frequência, e também, este tipo de acordos devia de ser fiscalizado pelo

Ministério Público e, também, se calhar não tem havido sensibilidade para isso, mas

penso que aqui era decisivo, também o que se tem defendido ao nível da formação

especializada de todos os magistrados que intervêm nas questões da família.-------------

----- Penso que já terminei o meu tempo. Não cheguei a tratar de tudo o que queria,

mas penso que respondi às questões. -------------------------------------------------------------

----- Muito obrigada.” ------------------------------------------------------------------------------

--------------------------------------- ENCERRAMENTO --------------------------------------

----- O Moderador, Senhor Deputado Municipal Magalhães Pereira (PSD), no

uso da palavra, fez a seguinte intervenção final: -----------------------------------------------

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----- “Foi um debate muito interessante, vivo e cheio de informação para todos nós. ----

----- A Assembleia quer agradecer a vossa presença e as informações que aqui deram. -

----- Antes de terminar, queria aqui enviar um abraço ao Senhor Deputado Miguel

Santos que me diz que, amanhã, vai ver a sessão pelo computador, e agradecer, de

novo, aos convidados. ------------------------------------------------------------------------------

----- Muito obrigado.” ------------------------------------------------------------------------------

----- A sessão terminou, eram vinte horas e vinte e vinte e cinco minutos. ----------------

----- Eu ______________________________, Técnica Superior, a exercer funções no

Gabinete de Apoio à Assembleia Municipal lavrei a presente ata que também assino,

nos termos do disposto no n.º 2 do art.º 57.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013 de 12 de

setembro, do n.º 2 do art.º 90.º do Regimento da Assembleia Municipal de Lisboa e do

despacho da Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa exarado em 10

de Setembro de 2014 na folha de rosto anexa à Proposta n.º 1/SMAM/2014. -------------

---------------------------------------A PRESIDENTE --------------------------------------------