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Aspectos Teóricos Vinculados às Pulverizações Aéreas Este material tem por finalidade servir de apoio à palestra ministrada por Marcelo Drescher no SINDAG, Botucatu, junho de 2016. Para maiores informações sobre o tema consulte o livro do mesmo autor: Manual do Piloto Agrícola, Editora Bianch, 2 a Ed. Para treinamentos, assessorias técnicas ou palestras, acesse o site do autor. WWW.CIFE.COM.BR

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Aspectos Teóricos Vinculados às

Pulverizações Aéreas

Este material tem por finalidade servir de apoio à palestra ministrada por Marcelo Drescher no SINDAG, Botucatu, junho de 2016. Para maiores informações sobre o tema consulte o livro do mesmo autor: Manual do Piloto Agrícola, Editora Bianch, 2a Ed.

Para treinamentos, assessorias técnicas ou palestras, acesse o site do autor.WWW.CIFE.COM.BR

Eng. Agr. MSc Marcelo Drescher

Conteúdo

1. A FORMAÇÃO DA GOTA.................................................................................................................. 3

1.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................31.2. Volume do líquido coletado.........................................................................................................31.3. Diâmetro Mediano Volumétrico..................................................................................................41.4. Classificação das pulverizações....................................................................................................61.5. Diâmetro Mediano Numérico......................................................................................................61.6. Amplitude relativa.......................................................................................................................61.8. Faixa de deposição.......................................................................................................................91.9. Potencial de risco de deriva......................................................................................................111.10 Percentagem de área coberta...................................................................................................12

2. TEMPO DE PERMANÊNCIA NO SOLO..............................................................................................12

3 - PADRÃO DE APLICAÇÃO...............................................................................................................16

1. A formação da gota

1.1. Introdução

Para que se possa entender o processo de pulverização de um líquido é imprescindível o conhecimento da teoria de formação das gotas e sua movimentação no meio ambiente.

As pulverizações são constituídas de uma quantidade muito grande de pequenas esferas de líquido, na sua maioria com diâmetro menor do que 0,5 mm. O diâmetro das gotas é dado em mícron que é a milésima parte de um milímetro. Assim 0,001 mm equivale a 1 mícron o que equivale a dizer que uma gota com 500 micra possui 0,5 mm de diâmetro.

Uma nuvem de partículas de pulverização, gerada por bicos hidráulicos ou atomizadores rotativos é constituída por gotas de diversos diâmetros. Deste modo, existe a necessidade de se usar critérios técnicos para análise e quantificação, possibilitando a comparação dos diversos equipamentos existentes, bem como os resultados produzidos por pulverizações com diferentes espectros de gotas. O conhecimento do tamanho das gotas produzidas, bem como de sua diversidade são de extrema relevância ao controle da eficiência biológica de uma pulverização. Sendo assim, deve-se conhecer e controlar todos os parâmetros originados da subdivisão de um líquido por meio de processos mecânicos:

VOL – Volume do Líquido Coletado DMV – Diâmetro Mediano Volumétrico DMN – Diâmetro Mediano Numérico AR – Amplitude Relativa DG – Densidade de gotas FD – Faixa de deposição PRD – Potencial de risco de deriva PAC – percentagem de área coberta IEB – Índice de eficiência biológica.

1.2. Volume do líquido coletado

O parâmetro volume é medido em litros por hectare e deve ser analisado em dois momentos:

1.2.1 - Volume do líquido aplicado pelo equipamento – Corresponde ao volume do líquido aplicado num hectare, pelo equipamento pulverizador

1.2.2. - Volume do líquido coletado – corresponde a quantidade de líquido que foi efetivamente coletada pelos cartões hidrossensíveis, na área de pulverização.

Importante esclarecer que, em toda a pulverização, uma certa quantidade de líquido aplicado deixa de atingir o alvo em razão de inúmeros fatores decorrentes da própria pulverização ou de condições atmosféricas, por exemplo. Para que tenhamos a medida da eficiência de nossa aplicação, comparamos o volume coletado com o volume aplicado.

Exemplo: Numa determinada pulverização aérea aplicou-se um volume de 90 litros por minuto com um rendimento de 4,5 hectares por minuto, obtendo-se uma vazão de 20 litros por hectare. O volume de líquido coletado foi de 9,8 litros por hectare, permitindo calcular uma perda de 51% do líquido aplicado.

1.3. Diâmetro Mediano Volumétrico

É o tamanho da gota, dentro do espectro de pulverização, que divide o volume aplicado em duas partes iguais, ou seja, uma metade do volume pulverizado com gotas menores que o DMV e outra metade do volume com gotas maiores que o DMV.

1.3.1. - Cálculo do volume das gotas

Para o entendimento do Diâmetro Mediano Volumétrico importante destacar algumas relações matemáticas relativas a uma esfera.

Volume de uma esfera ( volume da gota )

volume = π x diâmetro3

6

a ) Tome-se, como exemplo, uma gota com diâmetro de 400 µ

1 - 400 micra = 0,4 milímetros

2 - volume=3 ,14 x0 , 43

6

Demonstração gráfica do DMV

1 gota 400 m

8 gotas 200 m

64 gotas 100 m

512gotas 50 m

Volume = VEc = E

Volume = VEc = E/ 8 Volume = V

Ec = E/ 64Volume = VEc = E/ 512

1 gota 400 m

8 gotas 200 m

64 gotas 100 m

512gotas 50 m

Volume = VEc = E

Volume = VEc = E/ 8 Volume = V

Ec = E/ 64Volume = VEc = E/ 512

3 - Volume = 0, 0335104 mm3

a) Agora, tome-se uma gota com diâmetro de 100 µ

1 - 100 micra = 0,1 milímetros

2 - volume=3 ,14 x0 ,13

63 - Volume = 0,0005236 mm3

b) Por fim, fazendo uma proporção do primeiro volume obtido com o segundo tem-se:

V 1V 2

o ,0335104o ,ooo5236 = 64 gotas

Donde se conclui: Uma gota de 400 micra contém o mesmo volume de 64 gotas de 100 micra.

1.3.2. Superfície da gota

Pela fórmula S=π d2

4 se obtém a superfície de cobertura de uma gota. Assim, para as

gotas tomadas como exemplo anteriormente, temos:

a) Gota com diâmetro de 400 µ

1 - 400 micra = 0,4 milímetros

2 - superf í cie=3 ,14 0 ,42

43 - Superfície = 0, 1256 mm2 -> Superfície = 125,600 µ2 4 - Superfície = 125,600 µ2 x 1 gota = 125,600 µ2

Variação na quantidade de gotas em razão da redução do diâmetroFigura 1 - variação na quantidade de gotas produzidas em razão da redução no diâmetro.

b) Gota com diâmetro de 100 µ

1 - 100 micra = 0,1 milímetros

2 - Superf í cie=3 ,14 0 ,12

43 - Superfície = 0,00785 mm2 -> Superfície = 7,885 µ2 4 - Superfície = 7,885 µ2 x 64 gotas = 504,64 µ2

c) Assim, pode-se realizar o seguinte cálculo:

X =S 100S 400

X =504,64125,600 = 4

Donde se conclui que, aplicando-se o mesmo volume de pulverização, embora as gotas com diâmetro de 100 micra sejam bem menores, a área coberta será 4 vezes maior.

1.4. Classificação das pulverizações

Conforme o diâmetro mediano volumétrico as pulverizações podem ser classificadas conforme a tabela a seguir:

DMV em µm Classificação Tamanho da gota RecomendaçãoMenor que 50 Aerosol Muito fina Controle de vetores51-100 Neblina Fina Controle de vetores sob folhagem101-200 Pulverização fina Média Inseticidas - BV201-400 Pulverização média Grossa Herbicidas residuais – BVMais de 400 Pulverização pesada Muito Grossa Herbicidas hormonais

1.5. Diâmetro Mediano Numérico

É o tamanho da gota, dentro do espectro de pulverização, que divide o total de gotas em duas quantidades iguais. Assim, metade do número de gotas tem diâmetro superior ao DMN e metade tem diâmetro inferior ao DMN.

1.6. Amplitude relativa

DMV DMN

A variação entre os diâmetros das gotas de uma pulverização é denominada de espectro de gotas (EG). Se, numa determinada pulverização, entre as gotas maiores e menores existir uma pequena diferença em temos de diâmetro, a pulverização apresentará um espectro de gotas mais homogêneo. Ao contrário, se a variação entre os diâmetros das gotas for muito grande, a pulverização apresentará um espectro de gotas heterogêneo.

A uniformidade do espectro é um importante fator para a eficiência biológica da pulverização, pois revela a concentração das gotas em torno do diâmetro de gotas definido como mais adequado àquela pulverização. Dito de outro modo, quanto mais a amplitude relativa se aproxima de zero maior é a concentração das gotas em torno do DMV desta pulverização. A amplitude relativa é calculada do seguinte modo:

Extensão = DV0,9 - DV0,1

Amplitude relativa = Extensã oDMV =

DV 0,9−DV 0,1

DV 0,5

Saliente-se que o valor da extensão do espectro representa 80% do volume de pulverização e que o valor da amplitude relativa é útil como parâmetro não dimensional comparativo entre pulverizações. Assim, um valor do AR = 0 (zero) significa dizer que as gotas são todas do mesmo tamanho, embora essa aplicação não exista. Importante perceber, quanto maior o valor do AR, mais heterogênea a pulverização.

Em razão disso, para que se pudesse realizar uma análise e avaliação das gotas, foram estabelecidos os parâmetros de classificação das gotas de acordo com o volume acumulado

DV0,1 Diâmetro de gota que acumula 10% do volume aplicado. (Figura 48)DV0,5 Diâmetro de gota que acumula 50% do volume aplicado, que pode também ser

denominado de Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV) (Figura 49).DV0,9 Diâmetro de gota que acumula 90% do volume aplicado (Figura 50).

Figura 2 - Gráfico expressando o diâmetro das gotas em (micrômetros) que equivale a 10% do volume aplicado

Figura 3 - Gráfico expressando o diâmetro das gotas em (micrômetros) que equivale a 50% do volume aplicado (DMV)

Figura 4 - Grafico expressando o diâmetro das gotas em (micrômetros) que equivale a 90% do volume aplicado

1.7. Densidade de gotas

Densidade de gotas é a quantidade de gotas por unidade de superfície. A densidade de gotas é considerada alta quando apresentar mais do que vinte gotas por centímetro quadrado e é avaliada como baixa, quando a quantidade for menor do que vinte gotas por centímetro quadrado. Para a determinação da quantidade de gotas, normalmente, utiliza-se os papéis sensíveis a água ou óleo, disponíveis no mercado. Pode-se utilizar ainda o papel Kromecote, que requer o uso de um corante azul. Os papéis hidrossensíveis possuem um fator de expansão determinado, conforme descrito na equação abaixo:

Fator de expansão (FE)

FE = Dd

A mancha produzida pelas gotas no papel pode variar em função do tipo de formulação, do material utilizado para a coleta e do diâmetro das gotas. Nas analises de neblina deve-se levar em conta que gotas abaixo de 50 µm não são indicadas pelos papéis sensíveis a água por sua baixa velocidade terminal.

A densidade de gotas de uma aplicação relaciona-se ao volume da calda (A) e ao diâmetro das gotas (D), conforme a equação abaixo:

n = densidade de gotas

D = Diâmetro das gotas (µm) n=60π x ( 100

D )2

x A

A = Volume da calda (l/ha)

Fatores que influenciam no tamanho das gotas:

a) Velocidade do voo, devido ao impacto com o vento relativob) Tipo de equipamento de pulverização utilizadoc) Ângulo de ataque do jato em relação ao vento relativo (bicos)d) Pressão de trabalhoe) Formulação da caldaf) Volume de aplicaçãog) Velocidade de rotação nos atomizadores rotativos.

1.8. Faixa de deposição

A faixa de deposição é a largura na qual a neblina produzida se deposita e pode ser dividida em: 1.8.1. Faixa de deposição real – é a faixa que corresponde ao depósito total da neblina 1.8.2. Faixa de deposição efetiva – é a faixa na qual a neblina atinge os valores mínimos de gotas por centímetro quadrado ou presença de ingrediente ativo para que o tratamento realizado seja eficaz. É calculada através do coeficiente de variação (CV) do depósito ao longo da faixa de deposição ou pela análise da presença de ingrediente ativo nas folhas da cultura.

Pela observação da Figura 52 é fácil perceber que a variação da altura de voo irá provocar uma variação na largura da faixa de aplicação: Se o piloto reduzir a altura de voo a faixa irá reduzir. Elevando a altura de voo a faixa irá aumentar. Em sendo assim, uma vez definida a altura de voo (quando dos cálculos para calibração do equipamento) esta deverá ser mantida por toda a aplicação. Qualquer variação na altura de voo irá alterar a taxa de aplicação de uma pulverização.

Figura 6 - Representação gráfica da faixa de deposição real e efetiva de uma pulverização (vista frontal).

Tabela 1 - Tamanho de faixa efetiva obtida por alguns modelos de aeronaves em aplicação de diferentes produtos e vazões

Marca da aeronave Modelo BV – herbicidas altura de vôo 2-4 m

BV – Fungicidas Altura de vôo 2-4 m

UBV – Inseticida Altura de vôo 2-4 m

Air Tractor (L) 402 20 metros 20 metros 25 metrosCessna (L) Ag Wagon 15 metros 15 metros 20 metrosCessna (L) Ag Truck 15 metros 18 metros 25 metrosDromader (L) PZL-M-18 30 metros 35 metros 40 metrosGrumann (B) Agcat 15 metros 22 metros 25 metrosIpanema (L) EMB-200A 15 metros 20 metros 25 metrosPiper (L) Pawnee 15 metros 20 metros 25 metrosThrush (L) S-2R 18 metros 25 metros 30 metros(L) - Asa baixa (B) - Biplano

Estudos realizados chegaram à conclusão de que, de um modo geral, a faixa de deposição de uma aeronave corresponde a uma vez e meia a envergadura da asa.

1.9. Potencial de risco de deriva

Deriva, um dos principais problemas a controlar na pulverização de agrotóxicos, é o desvio de uma determinada quantidade de produto para fora do alvo, provocando contaminação ambiental. A deriva constitui-se, ainda, em fonte de prejuízos ao agricultor, visto que boa parte do produto aplicado pode não estar atingindo o alvo desejado, reduzindo a eficiência da aplicação e onerando o custo de produção.

Ao ser produzida uma nuvem de pulverização é orientada em três momentos distintos:

Sofre a influência dos vórtices de hélice e pontas de asa do avião. Sofre a influência do conjugado, turbulência de esteira e vento. Sofre a influência dos vórtices de ar que contornam as plantas e outros obstáculos

que ocorrem nas culturas.

A tabela a seguir mostra a deriva de gotas de água caindo de 3,05 m com velocidade de ventos de 4,8 Km/h sem evaporação.

Diâmetro das gotas (micra) Classificação Deriva em metros500 Chuva leve 2,1200 Chuviscos 4,9100 Neblina 15,2530 Nuvem 152,510 Aerossol 610

Figura 7 - Tabela apresentando o diâmetro das gotas produzidas e respectiva deriva em metros.

Pela observação da Figura 54 percebe-se, com facilidade, o alto potencial de deriva das gotas abaixo de 100 micra, pois nesse caso não houve a ocorrência de correntes de convecção que

tem o potencia de elevar as gotas na atmosfera, aumentando a possibilidade de que elas sejam arrastadas pelo fluxo de ar e atinjam distâncias ainda maiores.

Os principais problemas vinculados à deriva são:

a) Poluição do ambienteb) Contaminação de áreas vizinhasc) Perda de produto químico, diminuindo a eficiência da aplicaçãod) Perdas econômicas.

Figura 8- Influência do tamanho das gotas no deslocamento da faixa de pulverização

1.10 Percentagem de área coberta

A área coberta pelas gotas aumenta com a redução do DMV da pulverização. Lembre-se que reduzindo o DMV estamos reduzindo o diâmetro das gotas e, sob condições ideais, aumentando a densidade da pulverização. Na aplicação de produtos de ação por contato ou fertilizantes, por via foliar, o índice de área coberta assume importância ainda maior, devido à necessidade de boa cobertura. Quanto maior for a área coberta por um defensivo, maior sua eficiência biológica.

2. Tempo de Permanência no solo

Um dos fatores que exerce significativa influência no rendimento operacional é o desempenho da equipe de solo. Claro que por equipe de solo pode-se entender desde o pessoal administrativo, responsável pelos processos que mantém a saúde financeira da empresa até os mecânicos, responsáveis pelo adequado funcionamento de aeronaves e equipamentos utilizados nas operações.

Porém, o que se pretende abordar nesse momento é o desempenho do auxiliar de pista, aquele personagem responsável pela mistura e carregamento dos produtos a serem aplicados à lavoura e, ao mesmo tempo, pelo abastecimento da aeronave e atendimentos a quaisquer outras demandas que tais operações exigirem.

Por trabalhar em local de alto risco, em razão dos produtos químicos, combustíveis e proximidade com aeronave acionada, o auxiliar de pista deve conhecer profundamente a rotina do seu trabalho, equipamentos utilizados e sobremaneira os procedimentos necessários à preservação de sua integridade.

O auxiliar de pista divide com o piloto a responsabilidade pelo tempo de permanência da aeronave no solo. Porém são dele as maiores responsabilidades pela determinação deste tempo, que envolve os seguintes fatores:

a) Tempo de rolagem e taxiamento - inclui-se neste tópico o tempo necessário à parada da aeronave no ponto de abastecimento e, posteriormente o tempo necessário ao posicionamento da aeronave e corrida de decolagem. O posicionamento do ponto de abastecimento influi muito nesse aspecto, pois se o piloto tiver que taxiar em demasia a aeronave ate atingir esse ponto ou para colocar a aeronave em posição adequada às operações, a perda de tempo será inevitável e contínua. Assim, definir o ponto de abastecimento deve levar em conta a distância a ser percorrida pela aeronave, a ausência de obstáculos nesse trajeto (que poderiam obrigar o piloto a realizar manobras) e a topografia do terreno neste ponto, tendo em vista que uma área irregular pode obrigar o piloto a realizar manobras a fim de nivelar a aeronave ou, por pior, deixa-la inclinada (dificultando o controle dos volumes abastecidos).

b) Dimensionamento dos equipamentos - Os equipamentos utilizados para o abastecimento e carga devem funcionar perfeitamente e estar devidamente dimensionados às vazões suportadas pela tubulação da aeronave. No caso de aeronaves de maior porte, com hopper de alta capacidade, as tubulações tem maior dimensão, devendo ter correspondência nos dutos que permitem a passagem do equipamento de pré-mistura à aeronave, sob pena de atraso contínuo no processo de carga.

b) Tempo necessário à carga e abastecimento. Para que este procedimento seja realizado de forma adequada e no menor tempo possível o responsável deve possuir conhecimento do equipamento a ser utilizado e dos processos a serem empregados, tais como:

c) Manipulação segura de agrotóxicos - conhecer todos os procedimentos preconizados pelos fabricantes de defensivos, dos equipamentos de proteção individual e atualizados em treinamentos recebidos é obrigação do manipulador de defensivos. Destes conhecimentos e do emprego correto dos procedimentos depende a segurança do manipulador e de todos os agentes envolvidos no processo. A manutenção de pessoas estranhas é crucial ao bom andamento da operação.

d) Manipulação segura de combustíveis - Como a operação de abastecimento de uma aeronave agrícola possui risco elevado devido à manutenção da aeronave acionada o

auxiliar deve dedicar extrema atenção ao procedimento. Ademais, manter-se atento aos recipientes utilizados, de modo a deixá-los longe de produtos químicos e fora do alcance de manipulações ao acaso é medida importante, pois o abastecimento da aeronave com defensivos (em face da pressa ou do uso de galões similares), certamente irá parar a operação por tempo considerável. e) Ordem correta de mistura. Embora a mistura de produtos não seja recomendada pelos fabricantes, determinados produtos exigem para a sua solubilização, uma correta ordem de adição. A mistura desordenada dos componentes pode levar a problemas com a distribuição do produto pelo equipamento dispersor ou até a inviabilização de sua carga.

f) Segurança operacional (Procedimento Operacional Padrão) - Para a elevação dos índices de segurança, minimização do risco e redução de incidentes ou acidentes é extremamente recomendável que se estabeleça um procedimento operacional padrão (POP). Um POP é a descrição de todos os passos necessários à execução de uma determinada tarefa, de modo seguro e eficaz. A execução correta do POP permite que a tarefa seja realizada de modo que todos os membros da equipe mantenham-se cientes do que está ocorrendo e os motivos de sua execução.

g) Organização do ponto de abastecimento - O ponto de abastecimento de um auxiliar de pista pode ser considerado o posto de trabalho deste profissional. Embora este seja um posto "itinerante", (pois se estabelece por curto prazo de tempo e nos mais diversos locais), deve ser analisado, como o de qualquer outro trabalhador, através de critérios que são atribuições tanto dos administradores da empresa quanto dos ocupantes dos cargos em análise.

1. Adequação de funções. A contratação de pessoas, que se traduz no planejamento da mão-de-obra, passa por uma adequação entre as pessoas e os postos de trabalho. Assegurar-se de que as pessoas são capazes de exercer as funções para as quais foram contratadas é fundamental à certeza de que os recursos estarão disponíveis quando necessários. A dificuldade nesta adequação reside no fato de que os processos não são estáticos, sofrendo alterações constantes que devem ser acompanhadas pelas capacidades humanas. Em síntese, a pessoa deve ajustar-se ao posto de trabalho e o posto de trabalho à pessoa. 2. Conteúdo do trabalho. Uma correta estratégia de manutenção da organização no posto de trabalho, bem como da manutenção da produtividade e diminuição de riscos e acidentes deve levar em conta alguns fatores:

3. Repetição e monotonia - frequentemente associadas a alterações no estado de saúde, estão associadas a alterações no estado de saúde, condicionando o organismo a elevação dos riscos de doenças cardiovasculares, hipertensão ou depressão. O descontentamento também é resultado da monotonia e leva a uma redução do desempenho, com efeitos sobre a capacidade de organização e produtividade.

4. Motivação. Este conceito diz respeito à satisfação das necessidades das pessoas. Ao nível de uma organização (empresa) encontramos necessidades associadas as condições físicas (condições de trabalho), de segurança (tipo de vínculo com a empresa) e de relacionamento (relações interpessoais). Ainda, pode-se associar a motivação ao alcance dos objetivos pessoais (realização), a responsabilidade do cargo ocupado (relacionadas com a liderança e a delegação de funções), ao desenvolvimento pessoal (vinculado à informação ou formação dentro da organização) e ao reconhecimento (recompensas, salários, prêmios).

5. Autonomia. Associada a possibilidade que um trabalhador possui de controlar um método de trabalho ou ordem de execução das tarefas, dentro dos procedimentos estabelecidos. Permitir um maior nível de autonomia permite aumentar o grau de satisfação no trabalho, evitando a saturação ou o desgaste do mesmo dentro do ambiente de trabalho.

6. Ritmo de trabalho. Represnta o tempo que o trabalhador leva para executar uma tarefa. O ritmo de trabalho está associado ao esforço que o trabalhador tem que imprimir à tarefa. Quando uma pessoa sente que não existe modo ou forma de alcançar as exigências impostas pelo rtimo de trabalho, desencadeia-se uma reação de stress, com consequente fadiga mental e física.

7. Quantidade de trabalho. É o volume de trabalho que se faz necessário executar durante o turno de atividade, devendo estar ajustado a cada pessoa em função do sexo, idade, experiência, treinamento, etc. 8. Responsabilidade. É importante à manutenção da produtividade e organização do posto de trabalho, criar condições para o desenvolvimento de responsabilidades laborais, tendo em consideração as exigências da tarefa, a capacidade do executor e o grau de responsabilidade que cada trabalhador está disposto a assumir.

9. Automatização. A execução automática de algumas tarefas pode reduzir o esforço físico e reduzir as operações repetitivas. No caso da carga de aeronaves seria adquado citar equipamentos que promovam a dosagem dos produtos diretamente de reservatórios maiores ou, ainda, o uso de bombas de combustível.

10. Grau de atenção. Tanto os trabalhos que exigem alto grau de atenção quanto os que exigem baixo níveis, podem originar efeitos negativos.Na hipótese de alto grau de exigência, podem ocorrer alterações na percepção sensorial, representando um aumento dos riscos para a saúde. No caso de opeações que envolvam baixos níves de atenção existe um alto risco do operador assumir uma postura de alheamento.

11. Carga Física - É o grau de exigência que o desempenho da atividade tem sobre o indivíduo, tais como esforços para o carregamento da aeronave, postura de trabalho, deslocamentos, etc.

12. Carga Mental - Corresponde ao nível de atividade ou quantidade de esforço mental para que os resultados sejam atingidos e tem relação com as solicitações impostas ao indivíduo e sua capacidade para tratar essa informação. A avaliação da carga emocional deve considerar os aspectos cognitivos, emocionais, motivacionais e relacionais implicados em maior ou menor grau na atividade. Como fatores capazes de desencadear elavada carga mental pode-se citar a pressão pela falta de tempo, a realização de tarefas a que implicam na elaboração simultânea de atividades diferentes e com demandas opostas ou, ainda, a realização de tarefas complexas.

Por fim, a frase "Todas as coisas no seu devido lugar" deveria resumir o ponto de abastecimento, pois a desorganização potencializa os incidentes, eleva os riscos. Uma vez utilizados, os recipientes de agrotóxicos devem ser tríplice lavados, perfurados e guardados dentro de suas caixas. Todos os recipientes devem ser mantidos longe da "esteira de vento" provocada pela hélice quando da aceleração da aeronave. Evitar vazamentos e, se estes ocorrerem, providenciar sua descontinuidade é responsabilidade do auxiliar de pista. A manutenção de pessoas, que não pertençam a equipe, longe da área de abastecimento é de extrema importância, pois a atenção do auxiliar de carga e do piloto devem concentrar-se ao atendimento de todas os procedimentos necessários durante a permanência da aeronave no solo.

A organização do trabalho é apenas uma das variáveis que define a situação de trabalho. Outras, de igual importância são a tecnologia, o relacionamento da equipe, a cultura da empresa, o ambiente físico e o próprio indivíduo.

3 - Padrão de Aplicação

A correta definição do padrão de aplicação é fator importante à obtenção de melhores rendimentos operacionais. A definição deste padrão depende da correta avaliação, por parte do piloto, da área onde será realizada a pulverização, levando em consideração aspectos tais como a posição da área em relação a ventos e o deslocamento do sol ou, também, o sentido do maior comprimento da área (maior tiro). A presença de obstáculos significativos tais como matas ou redes elétricas pode

Figura 9 - Padrão Back to Back

determinar um sentido preferencial à aplicação e, assim sendo, o melhor padrão de aplicação.

O tamanho da área também pode ser fundamental à escolha do padrão tal como uma pequena área (que pode ser feita apenas com uma carga), na qual o padrão "comprimido" (Squeeze) pode ser vantajoso. Ainda, o tamanho pode definir a partição da área em setores para otimizar ainda mais a execução de um determinado padrão de aplicação tal como a realização do padrão ¨Carrossel" (Racetrack) sucessivos de modo a otimizar a curva de reversão da aeronave.

A Figura 9 representa o padrão Back to Back que consiste na marcação de um ponto A e um ponto B no primeiro alinhamento da área e a execução de consecutivas retas paralelas a esta. Este padrão exige o afastamento da aeronave por um espaço suficiente à realização da curva de reversão, o que aumenta consideravelmente a distância percorrida ao final da operação.

O padrão Back to Back é definido como um padrão aberto, pois o piloto define os pontos A e B tão somente. Como não existe a definição de um terceiro ponto (no alinhamento final da área) que serviria de referência ao limite da pulverização, as retas paralelas serão estabelecidas indefinidamente, cabendo ao piloto verificar qual delas corresponde ao final da área.

Na Figura representa-se o padrão Racetrack (RCTRK). Definido como padrão fechado, pois o piloto define os pontos A e B no primeiro alinhamento e o ponto C no alinhamento final. A partir destas marcações o DGPS irá definir os pontos intermediários. Este padrão, quando bem definido, permite otimizar as curvas de reversão pois o piloto pode realizar a curva utilizando o espaço entre linhas paralelas.

Em determinados casos, quando a área é grande o bastante, pode-se definir padrões "Carrossel" consecutivos com vistas a reduzir ainda mais as distâncias percorridas para a realização das curvas de reversão necessárias à pulverização da área.

O padrão "comprimido" (Squeez) é outro padrão fechado. Neste, o piloto vai realizando curvas de reversão com raios cada vez menores à medida que se reduz a carga. Este padrão pode ser uma boa opção quando o volume contido na aeronave é suficiente para a pulverização de toda a área.

O último padrão a ser abordado é o "carrossel invertido" (RVRTK). Assim definido, pois a aeronave faz a curva de reversão num sentido e percorre a área no sentido oposto. Neste padrão o piloto define

Figura 10 -Padrão Racetrack

Figura 11 - Padrão Squeez

os pontos A e B na linha central da área e o ponto C num dos extremos. O DGPS o conduzira por toda a área considerando as linhas paralelas que antecedem a linha central e as que a sucedem por igual distância. As curvas de reversão são realizadas todas com o mesmo espaçamento. É o padrão estabelecido (preferencial) para lavouras irrigadas por sistema de pivô central.

Figura 12 - Padrão Reverse Racetrack