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FACULDADE BAIANA DE DIREITO E GESTÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DIREITO DO ESTADO JAILSON MATOS DE SOUZA FILHO ASPECTOS JURÍDICOS ATINENTES DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E SUA APLICABILIDADE NA APOSENTADORIA ESPECIAL SALVADOR-BA 2018

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FACULDADE BAIANA DE DIREITO E GESTÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

DIREITO DO ESTADO

JAILSON MATOS DE SOUZA FILHO

ASPECTOS JURÍDICOS ATINENTES DO MEIO AMBIENTE

DO TRABALHO E SUA APLICABILIDADE NA APOSENTADORIA ESPECIAL

SALVADOR-BA 2018

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JAILSON MATOS DE SOUZA FILHO

ASPECTOS JURÍDICOS ATINENTES DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E SUA APLICABILIDADE NA

APOSENTADORIA ESPECIAL

Monografia apresentada a Faculdade Baiana de Direito e Gestão como requisito parcial para a obtenção de grau de Especialista em Direito e Prática Previdenciária.

SALVADOR-BA 2018

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JAILSON MATOS DE SOUZA FILHO

ASPECTOS JURÍDICOS ATINENTES DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E SUA APLICABILIDADE NA

APOSENTADORIA ESPECIAL Monografia apresentada a Faculdade Baiana de Direito e Gestão como requisito

parcial para a obtenção de grau de Especialista em Direito e Prática

Previdenciária.

Nome: _________________________________________________________

Titulação e Instituição: ____________________________________________

Nome: _________________________________________________________

Titulação e Instituição: ____________________________________________

Nome: _________________________________________________________

Titulação e Instituição: ____________________________________________

Salvador, Ba, _____/______2018.

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Dedico este trabalho aos colegas de

profissão e especialmente aqueles que

militam na área do Direito Previdenciário.

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Legalidade e liberdade são as tábuas da vocação do advogado. Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os mandamentos. Não desertar a justiça, nem cortejá-la. Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugir da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia. Não antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles.

Não servir sem independência à justiça, nem quebrar da verdade ante o poder. Não colaborar em perseguições ou atentados, nem pleitear pela iniquidade ou imoralidade. Não se subtrair à defesa das causas impopulares, nem à das perigosas, quando justas.

Onde for apurável um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado o consolo do amparo judicial. Não proceder, nas consultas, senão com a imparcialidade real do juiz nas sentenças. Não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura.

Não ser baixo com os grandes, nem arrogante com os miseráveis. Servir aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade. Amar a pátria, estremecer o próximo, guardar fé em Deus, na verdade e no bem.

Barbosa, Rui. Oração aos Moços

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RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo abordar os aspectos jurídicos atinentes do meio ambiente do trabalho e sua aplicabilidade na aposentadoria especial, discorrendo sobre as acepções do meio ambiente do trabalho. Basicamente, a aposentadoria especial será́ concedida ao trabalhador que exercer atividade sob condições especiais que prejudiquem a saúde durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos. Ressalte-se que a diferença entre os períodos de exposição decorre exclusivamente da potencialidade nociva do agente. A lógica é muito simples: quanto mais agressivo for o agente nocivo disposto no meio ambiente, menor será o tempo de exposição. Por exemplo, o benefício será concedido depois de quinze anos para o indivíduo que exerça atividade permanente em subsolo de minerações subterrâneas em frente de produção (nocividade máxima). De outro lado, se alguém trabalha com arsênio, poderá́ se aposentar após vinte anos. Por conseguinte, infere-se que, na aposentadoria especial, não existe diferença de tempo entre homens e mulheres. O estudo identificou que, no âmbito previdenciário o Estado sai prejudicado, criando estruturas protelatórias e utilizando-se da inadimplência para inutilizar o cidadão que contribuiu no cumprimento de sua atividade remunerada e tem a expectativa de resguardo previdenciário na ocasião de incapacidade, idade ou morte.

Palavras-chave: Meio Ambiente. Aplicabilidade prática. Aposentadoria especial.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEPRAM – Conselho Estadual de Meio Ambiente CRA – Centro de Recursos Ambientais CIPA- Comissões Internas de Prevenção de Acidente do Trabalho CLT- Consolidação das Leis Trabalhistas EA – Educação Ambiental EIA - Estudo dos Impactos Ambientais INSS- Instituto Nacional de Seguro Social MA – Meio Ambiente MMA – Ministério do Meio Ambiente MEC – Ministério da Educação NBR – Normas Brasileira NTEP- Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário OIT –Organização Internacional do Trabalho PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental PIEA – Programa Internacional de Educação Ambiental STF- Supremo Tribunal Federal TST- Tribunal Superior do Trabalho

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SUMÁRIO

1 NTRODUÇÃO 09

2 CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 11

2.1 O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E O NOVO MODELO ECONÔMICO 19

2.1.1 Breves considerações das questões trabalhistas no contexto histórico

brasileiro

21

2.2 A TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 25

2.3 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO

APLICABILIDADE PRÁTICA NA APOSENTADORIA ESPECIAL

28

2.3.1 A poluição labor-ambiental 31

2.3.2

2.3.3

Segurança do Trabalho

Exposição do trabalhador a situações de risco

35

39

3

ASPECTOS GERAIS DOS RECURSOS: APLICABILIDADE PRÁTICA NA

APOSENTADORIA ESPECIAL

43

3.1 EFEITOS DOS RECURSOS PREVIDENCIÁRIOS 44

3.2 INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL 47

3.3 RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIOS EM CASOS DE

APOSENTADORIA ESPECIAL

50

4 ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL 58

CONCLUSÃO 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por escopo abordar os aspectos jurídicos atinentes do

meio ambiente do trabalho e sua aplicabilidade na aposentadoria especial.

Justificou-se na inquietação de compreender de forma sistemática a teoria subjetiva,

a qual se evidencia incompatível com o exacerbado desenvolvimento do mundo

atual industrializado, uma vez que este se instituiu numa ameaça a integridade física

do trabalhador, tendo em vista a incidência de inúmeros acidentes e a propagação

de ações acidentárias com vítimas que não são ressarcidas.

No cenário atual, convivemos com uma grande mudança de valores na

sociedade, em que cada vez mais se observa a necessidade de um Estado

intervencionista e regulamentário no âmbito privado, principalmente na proteção e

amparo dos bens públicos, o estado socioambiental. O meio ambiente nunca foi tão

agredido e a crise ambiental é maior a cada dia que a ambição dos indivíduos

aumenta, depreciando assim as atuais e futuras gerações, com a destruição

desenfreada da existência na Terra.

Diante do que foi mencionado, o problema do presente estudo, foi delineado

na seguinte questão: Quais os aspectos jurídicos atinentes do meio ambiente do

trabalho e sua aplicabilidade na aposentadoria especial?

O objetivo geral da presente pesquisa é abordar os aspectos jurídicos

atinentes do meio ambiente do trabalho e sua aplicabilidade na aposentadoria

especial, os específicos:

a) Abordar sobre os conceitos de meio ambiente do trabalho;

b) Analisar sobre os fundamentos legais dos aspectos teóricos e práticos do

meio ambiente do trabalho;

c) Identificar o entendimento jurisprudencial em relação ao tema da pesquisa.

Embora o presente estudo não tratar à defesa do meio ambiente natural, nem

por isso que se foge desta temática, eis que aqui também se versa da proteção da

vida dos indivíduos, num ambiente muito agressor, que é o laboral. Além disso, as

teorias contemporâneas já aceitam a ideia de que o meio ambiente do trabalho está

inserido no conceito geral de meio ambiente, do Direito Ambiental.

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Deste modo, o meio ambiente do trabalho favorece a interação dos indivíduos

com os meios de desenvolvimento e produção, desde as condições de temperatura,

iluminação ou comodidade, o espaço físico, meios de precauções de doenças e

acidentes, diagnóstico de riscos.

A aposentadoria especial só́ é devida ao empregado, ao trabalhador avulso e

ao contribuinte individual cooperado da cooperativa de trabalho e da cooperativa de

produção. A aposentadoria especial será́ concedida ao trabalhador (empregado,

avulso e cooperado) que exercer atividade sob condições especiais que prejudiquem

a saúde ou a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos.

Como recurso metodológico a investigação abarca o método qualitativo, a

partir da revisão bibliográfica, a partir das análises dos autores referenciados. De

acordo com Gil (2010), o método qualitativo é fundamental para esse trabalho

classificando e armazenando conteúdos no sentido de desvendar o objeto de

investigação e a partir de um trabalho comprometido com a aproximação fiel das

fontes pesquisadas através da leitura de alguns autores que já analisaram e

publicaram assuntos sobre o objeto de estudo.

Na primeira fase foi realizada uma pesquisa exploratória de caráter

bibliográfico, visando colher informações através de documentos, relatórios, jornais,

e trabalhos acadêmicos com a finalidade de dar os subsídios necessários ao

trabalho para o aprofundamento do tema apresentado.

Por fim, ainda positivada no Direito brasileiro Previdenciário a

responsabilidade e sua aplicabilidade restrita aos casos dispostos em lei, ou seja,

somente nas situações de atividade de risco, doenças ocupacionais, ausência de

cautela do empregador, descumprimento das normas de segurança do trabalho,

prevalece ainda no ordenamento jurídico, a responsabilidade subjetiva acalcanhada

na responsabilidade do empregador em relação a aposentadoria especial.

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2 CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

A título de conceito no dispositivo doutrinário, o meio ambiente do trabalho é

considerado como um direito essencial de terceira geração, que são os direitos de

fraternidade e solidariedade, como a harmonia no mundo, o progresso econômico

dos países e a conservação do meio ambiente, os quais são imprescindíveis à

espécie humana e merecem a amparo do Estado e da sociedade em geral.

Conforme Adelson Silva dos Santos (2010), o meio ambiente do trabalho,

dentro da definição de meio ambiente, está engendrado no meio ambiente artificial.

Sendo este o local onde o trabalhador cumpre suas funções laborais e onde passa

grande parte do seu tempo. Não essencialmente o ambiente de uma fabrica ou

empresa, mas o ambiente onde se trabalha que pode ser externo como o trabalho

dos agricultores ou em máquinas como caminhões, carros, ônibus etc.

Nesta perspectiva, é importante mencionar que a proteção do meio ambiente

do trabalho significa amparo aos trabalhadores, mas também à qualidade saúde dos

indivíduos que trabalham em parte externas nos estabelecimentos de labor, sendo

que um meio ambiente corrompido e poluído por indústrias, por exemplo, afeta o

meio ambiente tanto externo como interno também.

A Lei Federal nº 6.938/811, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente,

no seu art. 3º, assim conceitua o meio ambiente:

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em

todas as suas formas; Na figura de uma das melhores doutrinas sobre o

tema, José Afonso da Silva define o meio ambiente como sendo “a

interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que

propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.

O autor também nos chama a atenção para o caráter redundante do termo

“meio ambiente”. Isso porque, “ambiente” já exprime a ideia do todo que nos

rodeia, sendo a expressão “meio” no mesmo sentido. No entanto, o mesmo

1 BRASIL, Lei Federal nº 6.938/81.

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ressalva a necessidade de usar da redundância para enaltecer a expressão,

dando-a maior importância.2

Deste modo, entende-se relevante o estudo e a aplicação dos princípios da

precaução e da prevenção no âmbito do meio ambiente do trabalho. Necessário é

fazer a distinção de tais princípios, levando em consideração que “a precaução se

refere aos danos sobre os quais ainda não há certeza científica e a prevenção se

alude aos danos previsíveis” (ROBORTELLA, 2001, p. 43).

Ultimamente, percebe-se que a preocupação com a escassez de recursos

naturais aumentou a proteção desses recursos promovendo assim uma nova

dimensão à questão ambiental. Norma Sueli Padilha (2002) discorre que, essa

abordagem ganhou destaque no âmbito mundial através da proclamação, pelas

Nações Unidas, do Ano do Meio Ambiente, com a convocação, também pelas

Nações Unidas, das conferências mundiais sobre meio ambiente o que possibilitou

leis de amparo a esta esfera.

Conforme Julio Cesar de Sá da Rocha (1997) o conceito meio ambiente foi

determinado pela legitimidade através do artigo 3º, inciso I, da Lei nº 6.938/91. Tal

lei dispõe alguns conceitos atinentes ao meio ambiente, a sua acepção legal

instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, o qual prescreve que o meio

ambiente como um conjunto de interações e influências de ordem física, química e

biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Esta

observação se faz para o fato de que a Constituição Federal de 1988, não definiu o

que é meio ambiente, mas foi à primeira Constituição, dentre as outras anteriores,

que dispõe de um capítulo dedicado excepcionalmente ao meio ambiente, segundo

Capítulo VI – Do Meio Ambiente, art. 225, CF, o qual está inserido no Título VIII, Da

Ordem Social.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

2 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 3ed. Revisada e atualizada, São Paulo: Malheiros Editores, 2000, p 19-20.

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I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o

manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e

fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material

genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a

supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização

que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,

estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,

métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de

vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que

coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de

espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o

meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo

órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos

causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o

Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua

utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a

preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos

naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,

por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas

naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização

definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

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Liliana Allodi Rossit3 discorre que tal definição é bem extensa, uma vez que o

legislador deu preferência por um conceito jurídico acessível, instituindo um espaço

positivo de incidência da normal legal, o qual está em conformidade com a

Constituição Federal, a qual em seu art. 225, tutela os aspectos do meio ambiente

abrangido como natural, cultural e do trabalho, determinado, ainda, o direito de

todos ao meio ambiente equilibrado, sendo um bem de uso comum a toda

população e fundamental à saudável qualidade de vida.

É pertinente destacar que a Constituição Federal de 88 estabeleceu dois

objetos para tutelar à questão do meio ambiente, os mesmos são: um adjacente que

é a prevenção e conservação do meio ambiente em todos os seus determinantes, e

outro mediato que é a segurança e o bem estar dos indivíduos, disposto nos

conceitos de vida em todas as suas formas, isposto no artigo 3º da Lei nº 6.938/91:

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em

todas as suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das

características do meio ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades

que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,

responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de

degradação ambiental;

Apreende-se que a definição de meio ambiente de trabalho em questão não se

limita somente ao trabalhador que possui uma carteira profissional de trabalho –

3 ROSSIT, Liliana Allodi. O meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo: LTr, 2001.

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CTPS, registrada e assinada. Rossit (2001) discorre que a definição geral do meio

ambiente de trabalho deve ser irrestrita e ampla, pois esta envolve todo trabalhador

que exerce uma atividade, remunerada ou não, pois todos estão amparados

constitucionalmente de um ambiente de trabalho apropriado e protegido, necessário

à íntegra e boa qualidade de vida.

Para Guilherme Oliveira Catanho da Silva (2009), o meio ambiente do trabalho

corresponde a toda complexidade que envolve os bens imóveis e móveis de uma

corporação, empresa e de uma sociedade, elementos de direitos de direitos

invioláveis do bem-estar e da integridade física dos trabalhadores.

Já Julio Cesar de Sá da Rocha (1997) entende que o meio ambiente de

trabalho é, precisamente, o complexo “máquina-trabalho”; as condições de

salubridade ou insalubridade, de periculosidade ou não, meios de cuidado, outras

medidas de amparo ao trabalhador, jornadas de trabalho e horas extras, descansos,

férias, armazenagem e manejo de materiais que constituem o conjunto de condições

de trabalho etc.

Ainda conforme Rocha4 o meio ambiente do trabalho distingue-se como o

ambiente que envolve e na qual se desenvolvem as atividades do trabalho humano.

Perante as transformações por que passa o trabalho, o meio ambiente não se

restringe ao espaço interno da empresa ou da fabrica, contudo se alarga ao próprio

local de morada ou ao ambiente urbano.

Deste modo, o meio ambiente de trabalho pode ser entendido como o local

onde os indivíduos desempenham suas atividades laborais, seja remunerado ou

não, cuja harmonia baseia-se na salubridade do meio e na inexistência de agentes

que impliquem na saúde física e psíquica dos trabalhadores, independente da

condição que assumem: maiores ou menores de idade, homens ou mulheres,

servidores públicos, celetistas e autônomos etc.

Mediante das definições acima citadas, temos que a temática meio ambiente

de trabalho é um ramo independente, de acordo com Rocha (1997) sendo o seu

objeto a proteção do homem no seu ambiente de trabalho contra quaisquer formas

4 ROCHA, Julio Cesar de Sá da. Direito ambiental e meio ambiente do trabalho: dano, prevenção e proteção jurídica. São Paulo: LTr, 1997.

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de degradação da sua qualidade de vida, deste modo, esse conceito deve ser

levado em consideração nas esferas doutrinária, legal e constitucional.

Uma vez que o ambiente laboral se revela autônomo a garantir condições

mínimas para uma possível qualidade de vida do trabalhador, tem-se uma

detrimento ao meio ambiente do trabalho e esse complexo de bens

imateriais e materiais pode ser acometido e lesado tanto por meios

poluentes externo como internos, decorrentes de outras ações. Ocorre,

assim, a responsabilidade sobre o agravo, uma vez que os detrimentos ao

meio ambiente do trabalho não são limitados ao ambiente em que o

trabalhador exerce seu profissão, mas, sim, vincula-se à toda a coletividade

e à natureza com conseqüências irreversíveis (SILVA, 2004, p. 134).

É interessante mencionar que o meio ambiente do trabalho está enquadrado

no âmbito do Direito do Trabalho e ao Direito Ambiental, sendo qualificados distintos

os bens tutelados na esfera juridicamente por ambos, enquanto o Direito do

Trabalho ocupa-se com as relações jurídicas entre empregado e empregador, na

relação contratual, e o Direito Ambiental tem como prerrogativa a proteção do

trabalhador contra quaisquer forma de acometimento ou degradação do ambiente

onde exerce sua atividade (ROCHA, 1997).

Leda Maria Messias da Silva5 enfatiza que, a questão protecionista da questão

desenvolvida é o individuo trabalhador, enquanto ser humano, das formas de

degradação e poluição descomedida do meio, ambiente onde exerce sua atividade

diária, que é efetivo à sua qualidade de vida, além de ser um direito basilar. Nos dias

atuais, o homem não enseja somente a saúde no sentido preciso, mas anseia por

qualidade de vida e, como profissional, não almeja somente condições higiênicas

para exercer sua atividade; deseja, sim, qualidade de vida digna e amparada

legalmente no trabalho.

As primeiras inquietações na área do meio ambiente do trabalho foram com

a garantia da segurança do trabalhador, resultante da própria degradação

da saúde do trabalhador durante a Revolução Industrial, com o desígnio de

5 SILVA, Leda Maria Messias da. Dano moral: direitos da personalidade e o poder diretivo do empregador. Revista LTr: legislação do trabalho, v. 69, n. 04, p. 420-423, abr. 2005

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afastar ao acometimento dos acidentes no ambiente de trabalho. Em

seguida, houve a preocupação com a medicina do trabalho para tratar e

prevenir possíveis doenças e, assim, aumentou as pesquisas em prol da

higiene pessoal, tendo em vista a saúde do trabalhador, na busca da

qualidade física, mental e social. Hoje em dia, o anseio é ir além da saúde

do trabalhador, levando em consideração a integração deste como indivíduo

dignificado, que tem vida dentro e fora do ambiente do trabalho (SOARES,

2004, p. 56).

Conquanto, a Constituição Federal de 88, pela primeira vez, destinou um

capítulo específico ao meio ambiente. A questão ambiental, antes admitia somente

uma fundamentação teórica e, hoje em dia, foi engendrada à condição de norma de

direito constitucional, sendo menos importante o fato de não constar no capítulo que

dispõe dos direitos e garantias fundamentais.

Evanna Soares6 esclarece que, o ambiente de trabalho está inserido no meio

ambiente, o que é corretamente compreendido na análise do art. 225, CF, em

consonância com as demais normas constitucionais que dispõem a saúde do

trabalhador, por exemplo, o artigo 200, inciso VIII, o qual dispõe sobre o dever do

Sistema Único de Saúde – SUS – em colaborar na proteção do meio ambiente, nele

compreendido o do trabalho.

Levando em consideração, no entanto, a centralidade da “dignidade humana”

na disposição da sociedade brasileira e do “Estado Democrático de Direito”

estabelecido com a Constituição Federal de 1988 (artigos 1º, III e 3º, IV), pode-se

asseverar, que o conceito de meio-ambiente disciplinado pelo ordenamento jurídico

no art. 225, caput, da Carta Magna e no art. 3º da Lei nº 6.938/81 compreende o

conforme Soares (2004) o conjunto dos elementos materiais e imateriais que cingem

os seres humanos e são fundamentais para a conservação de sua integridade física,

bem como de sua qualidade de vida.

Pode-se salientar, portanto, que o ser humano encontra-se no centro da

“Política Nacional do Meio-Ambiente” disposta na Constituição Federal, na

6 SOARES, Evanna. Ação ambiental trabalhista: uma proposta de defesa judicial do direito humano ao meio ambiente do trabalho no Brasil. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 2004.

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Lei nº 6.938/81 e nos dispositivos legais. Sendo assim, todas as ações

implementadas nos ambientes públicos e privadas, naturais e artificiais

deverão ter a primazia pela conservação do equilíbrio indispensável à

integridade psíquica e física dos indivíduos, sem que nenhum outro

argumento de qualquer natureza abone o contrário (PADILHA, 2002, p.

176).

Ainda segundo Norma Sueli Padilha7 sendo o conceito de meio-ambiente

assumido pelo ordenamento jurídico vigente e estando ele vinculado ao

entendimento da dignidade humana, não há como separar de seu âmbito de incidir

nos locais de trabalho, onde os trabalhadores desempenham suas atividades em

constante convívio com elementos materiais, imateriais, naturais e artificiais, ao

longo de amplos períodos de tempo. .

Portanto, o comportamento das pessoas estaria relacionado à cultura da

organização, pois ela estabelece certas regularidades de comportamento, como a

forma de vestir, agir, se posicionar, as crenças explícitas ou implícitas no

comportamento.

A padronização do comportamento torna-se, por outro lado, uma "ameaça" ao

desenvolvimento e treino do raciocínio e senso crítico, da percepção, do manejo

com as diferenças, da manutenção da individualidade, da unidade de cada ser,

podendo passar à massificação de pensamento, ação, sonhos, desejos, enfim, de

um jeito de ser.

O trabalho provoca no trabalhador um desgaste, proporcional ao grau de

satisfação e/ou frustração, físico e psíquico, considerando o indivíduo como

integrante de um processo biopsíquico humano e de um processo

capitalista onde se considera aspecto valorativo, até mesmo acima do

tempo natural da humanidade (SERVINSKAS, 2009, p. 56)

O trabalhador passa a maior parte de seu tempo convivendo na estrutura

organizacional, realizando as tarefas e desvendando suas complexidades,

convivendo com outras pessoas a fim de que o trabalho desempenhado seja

7 PADILHA, Norma Sueli. Do meio ambiente do trabalho equilibrado. São Paulo: LTr, 2002.

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satisfatório. Portanto, pode-se compreender de forma resumida, que o meio

ambiente é o habitat dos seres vivos. Esse habitat atua em conjunto com os

mesmos, constituindo, como menciona Sirvinskas, “um conjunto harmonioso de

condições essenciais para a existência da vida como um todo”8 .

2.1 O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E O NOVO MODELO ECONÔMICO

Nos dias atuais um ambiente de trabalho de qualidade tem sido visto como

um ponto positivo na escolha de um emprego, fazendo com que as organizações

busquem melhorias no seu dia a dia, sendo esse um dos maiores desafios para os

gestores de todos os serviços.

Por causa da importância que as pessoas têm para a organização, é

imprescindível que elas sejam administradas, mas de maneira diferente de como

ocorria no passado, quando o foco de atenção estava na tecnologia, no produto ou

no processo, nos mercados protegidos ou regulamentados, isto é, apenas na

entrada dos recursos financeiros e das economias de escala. (PFEFFER apud

LACOMBE, 2005).

As pessoas são os únicos elementos diferenciados de uma organização.

Pessoas excepcionais podem fazer funcionar bem uma organização

precária. Pessoas desmotivadas ou incompetentes podem anular a mais

perfeita organização (PFEFFER apud LACOMBE, 2005, p.16)

Dessa forma, estudar e conhecer, mais a fundo, a qualidade de vida no

trabalho é relevante para as organizações, pois o país enfrenta hoje, um problema

sério de falta de pessoal capacitado e de profissionais especializados para

determinadas áreas de atuação, chegando a sobrar vagas em muitas indústrias.

O tema tornou-se interessante por causa das recentes informações sobre o

assunto e pela importância que a formação e capacitação profissional e a gestão de

pessoas tem na atualidade, tem para o crescimento do país, pois é através da falta

8 SERVINSKAS, Luís Paulo, Manual de Direito Ambiental, 7ª ed., Saraiva, 2009, p. 39.

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de profissionais de qualidade, em todos os níveis, mas principalmente, nos níveis

médios e superiores, que se busca uma menor rotatividade de pessoal, para que

esse crescimento seja efetivo.

Os movimentos que atingem a humanidade e as organizações

empresariais, em particular, reforçam a necessidade imediata de que cada ser

humano assuma o seu papel como agente transformador do ambiente em que vive.

O problema está em contextualizar as variantes dessa relação

gestor/colaborador com base no estilo de liderança utilizado. O liderado ao

compreender como o estilo de liderança do gestor afeta a relação profissional,

poderá, sem dúvida, preparar-se para o mercado de trabalho.

A expectativa deste trabalho é de que o colaborador tenha uma visão

ampliada de suas possibilidades de atuação, a partir do estilo de liderança dos

gestores. Ainda que seja difícil aceitar as questões relacionadas ao tema,

objetivamos que o colaborador entenda melhor o seu gestor e compreenda quais as

variáveis que influem nessa relação, através da gestão de pessoas e de um

planejamento estratégico9.

Pouco se conhece sobre como o colaborador percebe esta relação como os

gestores, mesmo sendo ela base para o completo exercício da atividade a ser

realizada. Não existe liderado sem alguém para liderar, assim como não existe

gestor que possa gerir sem uma equipe sinérgica para produzir os resultados de

sucesso.

Uma das questões seria: Diferentes estilos de liderança podem provocar

diferentes comportamentos nos colaboradores liderados? A pesquisa realizada,

visando verificar os diferentes estilos de liderança existentes e seus efeitos, tenta

dar resposta à questão como essa, sabendo que a qualidade de vida no ambiente

de trabalho é de extrema importância.

Outra possibilidade é a de evitar problemas no relacionamento entre líderes e

liderados no recrutamento e seleção de colaboradores. É a administração de

recursos humanos que, numa atitude pró-ativa, pode selecionar pessoas com as

características mais afinadas ao estilo de liderança do gestor, porém sem deixar de 9 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 18. Ed. São Paulo: LTr, 1992 a 25 ed.,1999

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lado as potencialidades técnicas, as competências aderentes ao cargo que irá

ocupar as atitudes e o perfil psicológico de cada candidato.

2.1.1 Breves considerações das questões trabalhistas no contexto histórico brasileiro

Segundo Nascimento (2001), os primeiros textos legais a tratarem

especificamente das questões trabalhistas, no que diz respeito à forma, foram

legislações ordinárias, vindo mais tarde, as relações trabalhistas, merecerem

destaque constitucional.

Ainda no ano de 1919 foi criada através da assinatura do Tratado de

Versalhes, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) com o objetivo de tratar,

em nível mundial, das questões relativas ao trabalho humano, sendo que para tal

conferida competência para editar “convenções e recomendações sobre temas

trabalhistas e previdenciários”. Alguns anos mais tarde, em 1927, na Itália, surgiu a

Carta Del Lavoro, que se transformou num dispositivo importantíssimo para a

centralização política e trabalhista apoiada numa poderosa intervenção do Estado

nas relações trabalhistas criando assim, um corporativismo estatal no direito que

cuida do trabalho.

Segundo Nascimento (2001), as primeiras normas atinentes as relações de

trabalho no continente europeu tiveram como motivação a necessidade de impedir

as arbitrariedades praticadas à época pelos empregadores em face dos

empregados, principalmente no que diz respeito a utilização indiscriminada da mão-

de-obra infantil e da mulher. Diante deste quadro, tiveram origem legislações que

disciplinaram o horário de trabalho dos menores, além de leis que passaram a

regulamentar a assistência previdenciária. A Revolução de 1930, promovida por

Getúlio Vargas, que ascendeu à presidência da República, marcou o início da

Política Trabalhista no Brasil, sendo um dos primeiros atos, daquele governo, a

criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Depois do término da Revolução Industrial, o mundo do trabalho passou por

mudanças que, no seu todo, configuram o início de uma nova etapa no processo de

produção de bens e serviços e das relações de trabalho.

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Na economia, foi à globalização que trouxe consigo a luta pela conquista dos

mercados e vale ressaltar que só conseguem vencer esta batalha os países que

podem oferecer produtos de melhor qualidade a preços mais competitivos e para

isso, as organizações vêm passando por ajustes no seu processo estrutural e

através de fusões, onde apenas permanecem em seus empregos, os que são mais

qualificados.

No campo da tecnologia, os progressos das últimas décadas vêm substituindo

o esforço físico e boa parte da atividade intelectual, permitindo às empresas

aumentar a sua produtividade sem que seja necessário gerar mais postos de

trabalho, desvinculando de suas práticas a produção do emprego. Dessa forma, o

que acontece com os empregos? O que o Estado tem feito para resolver esta

questão tão importante? No Brasil, uma das consequências da era do conhecimento,

é o crescimento exponencial da informalidade no mundo do trabalho e uma maior

procura, pelos jovens por uma vaga nos órgãos públicos.

Atualmente, mais de 50% da População Economicamente Ativa (PEA), no

Brasil, trabalha sem a carteira assinada, o que atrapalha a auto-estima e a dignidade

de quem não tem a proteção social que um emprego formal proporcional,

principalmente entre a população mais jovem. Vive-se hoje, um processo de

mudança de paradigma.

Conforme Schumpeter (1984):

Na realidade capitalista, diferentemente de sua descrição de livro-texto, não

é esse tipo de concorrência [a concorrência de preços] que conta, mas a

concorrência através de novas mercadorias, novas tecnologias, novas

fontes de oferta, novos tipos de organização... Ora, uma construção teórica

que despreza esse elemento essencial do caso despreza o que há de mais

tipicamente capitalista; mesmo que correta em lógica e em fatos é como

Hamlet sem o príncipe dinamarquês. (SCHUMPETER, 1984, p. 114-116)

Baumol (1968) chamou a atenção dos seus colegas economistas para que

prestassem atenção ao papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico

e parafraseou Schumpeter (1984) afirmando que: “A empresa teórica é

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empreendedora - o Príncipe da Dinamarca foi apagado a partir da discussão de

Hamlet.” (BAUMOL, 1968, p. 68) 10.

A Sociedade Industrial começa na Inglaterra, com avanços de tecnologias

produtivas (eletricidade, máquina a vapor, tear automático, entre outros) e com ela

começa o ‘fantasma’ do desemprego e conseqüente exploração de mão de obra,

uma vez que a oferta de vagas era menor que a procura. A Revolução Industrial

acelerou a contradição entre o capital e trabalho, deixando clara a divisão da

sociedade entre os assalariados e os capitalistas. Mas a exploração desmensurada

da força de trabalho foi o estopim para os reformadores e revolucionários. A

limitação da jornada de trabalho era uma preocupação constante dos empresários e

do Estado, pois temiam que a redução dos horários de trabalho nas indústrias

causasse perda de competitividade internacional.

Em 1841, a França apresenta uma legislação que limita em oito horas por dia

o trabalho de crianças de oito a doze anos e em doze horas o trabalho daquelas

com idade entre doze e dezesseis anos. Este fato influencia alguns trabalhadores de

indústrias têxteis da Inglaterra que lutam e conseguem em 1847 a redução da

jornada de treze para dez horas, para mulheres e menores de dezoito anos. Como

afirma Süssekind (1993), embora custando muita luta da classe trabalhadora, foi a

primeira lei sobre a limitação da jornada de trabalho. Logo em seguida, em 1848 a

França modifica sua legislação limitando jornada de trabalho dos adultos em dez

horas em Paris e em onze horas, no interior. Rapidamente, porém, a legislação é

derrubada pelos patrões e a jornada legal volta a ser de doze horas.

No período de 1850 a 1861, os trabalhadores da Inglaterra sofrem uma ação

de retrocesso, pois uma ação empresarial derruba na justiça a jornada de dez horas

diárias (estabelecida em 1848). A jornada de trabalho na Inglaterra começou a ser

regulamentada praticamente em 1883, quando a sua legislação fixa horário de

trabalho entre 5h30 e 20h30, com intervalo de 1h30 para refeições. Fica proibido o

trabalho para menores de nove anos. Neste ano de 1886, nos Estados Unidos

acontece a Greve geral em Chicago com participação de 180mil trabalhadores, que

reivindicam jornada de oito horas diárias.

10 Numa versão brasileira, dir-se-ia que o tratamento da teoria econômica, que considera a empresa sem o empreendedor, equivaleria a falar de Dom Casmurro sem citar o Bentinho ou na Capitu.

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Observa-se que foi a partir de 1934, com a nova Constituição Federal, além

de estabelecer a Pluralidade e Autonomia Sindical (na CF/37 volta à Unicidade), que

muitos avanços para os trabalhadores foram sacramentados em lei, tais como:

- Previdência: INSS, IAPM, IAPB, IAPFESP, IAPTEC, IAPC, IAPI.

- Estabilidade no Emprego - pioneirismo mundial.

- Indenização por Tempo de Serviço (Decreto 1402/38).

- Jornada de Trabalho de 8 horas (Decreto 1402/38).

- Justiça do Trabalho (JCJ / TRT / TST).

- Salário Mínimo.

- Imposto Sindical.

- Assistência Médico-Hospitalar.

- Comissão de Enquadramento Sindical.

-Sistema Sindical (Enquadramento Sindical e Pirâmide Sindical).

No ano de 1935, combatendo os ideais antiimperialistas da ALN,

desencadeia-se uma onda de perseguições muito violenta, chegando a ser criado o

temido Tribunal de Segurança Nacional, responsável pela tortura e morte de

inúmeros líderes sindicais e políticos emancipacionistas da época. De 1939-1945,

durante a Segunda Guerra Mundial, muitos países suspendem a legislação que

limitava a jornada de trabalho, ampliando-a. Com a criação da Justiça do Trabalho,

em 1939, o Poder Judiciário passou a intervir nos conflitos trabalhistas, e a criação

da Comissão de Enquadramento Sindical, vinculada ao Ministério do Trabalho

atrelou definitivamente o sindicalismo ao Estado.

Já outro marco importante foi a criação do Salário Mínimo, em 1940. É

importante destacar que o Salário mínimo ainda hoje é a base de luta de qualquer

sindicato e que é a chave das relações trabalhistas em termos de valoração da mão

de obra. A portaria 884 de 1942 não é menos importante no universo da organização

sindical brasileira. Pelo contrário, foi a consagração da tutela do sindicalismo ao

Estado, consolidada mais tarde pela CLT, uma vez que, dentre outras questões

previa que o Ministério do Trabalho podia decidir sobre:

- Reconhecimento de Novos Sindicatos.

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- Cassação de Sindicatos.

- Previsão Orçamentária dos Sindicatos.

- Posse ou não de diretorias eleitas.

No ano de 1943, acontece a Criação da CLT (Decreto-Lei 5452 de 01/05). A

CLT limita hora extra a duas horas diárias e define adicional em 20% e cria a Lei de

Férias (artigo 129) - “todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período

de férias, sem prejuízo da remuneração”. A CLT é inspirada na legislação fascista

Italiana (Benito Mussolini) e estabelece um forte atrelamento do sindicalismo com o

Estado.

2.2 A TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO-AMBIENTE DO TRABALHO

Francisco Meton Marques de Lima (2007) existem dois objetos que o Direito

visa resguardar de forma especial ao meio ambiente do trabalho. Imediatamente é a

qualidade do favorável meio ambiente. Mediatamente é o bem-estar, a saúde e a

garantia do empregado, tudo isso explanado em “qualidade de vida”.

Ainda conforme Lima (2007) a vida no planeta só é possível com o bom uso

das águas, do solo, do ar, das florestas e porque não dizer da placidez auditiva,

visual e com um ambiente de trabalho benéfico. Por este motivo, o estado

socioambiental deve adotar uma representação modificada, com a finalidade de

condicionar os indivíduos ao uso apropriado destes bens ambientais, para fins de

resguardar a conservação das atuais e futuras gerações, nem que para isso se

empregue de meios coercivos de responsabilização, propendendo à preservação.

Observa-se, contudo, que o legislador preferiu por fazer esta proteção de

duas formas, uma geral e outras mais peculiares. Explica-se: O artigo 225, §1º e 4º

prevê a proteção ambiental, a mesma resguarda o meio ambiente como um todo,

nas suas mais diferentes formas. No entanto as demais legislações referentes ao

tema não faz esse amparo global, mas sim prevenções setoriais, resguardando os

elementos acima mencionados, de forma separada.

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De acordo com Jack M. Nilles (1997) meio-ambiente é um conceito único,

pois conglomera todos os elementos artificiais e naturais que circundam os seres

humanos e afiguram-se fundamentais para a manutenção de sua integridade física e

psíquica. Por essa razão, as diretrizes do meio ambiente do trabalho que norteiam a

Política Nacional do Meio-Ambiente consagram de forma integral a todas as divisões

dos aspectos culturais, digitais, do trabalho, urbano, rural, etc.

Sendo o meio-ambiente do trabalho, uma parte desse amplo conjunto, é

correspondente que as diretrizes que fazem referência a este se apliquem

inteiramente. Desse modo, as questões concernentes à empresa em

relação às condições de trabalho, à disposição das máquinas, à gerência

de recursos humanos, dentre outras direcionam à “autonomia privada” e à

“livre iniciativa” estas deverão, portanto, se pautar pelos princípios

instituídos na Constituição Federal e na Lei nº 6.938/81 (NILLES, 1997, p.

93).

Levando em consideração este pressuposto de que o meio-ambiente do

trabalho harmônico é um direito basilar e que, por isso mesmo, tem eficácia efetiva,

de modo a estar vinculada diretamente aos particulares aos empregadores e os

demais responsáveis pela empresa nos locais de trabalho, apreende-se que o

alcance do procedimento, bem como o grau de subordinação por ela imposto à

iniciativa privada e à livre iniciativa estarão sujeitos a concordância prática entre os

dispositivos constitucionais correlativos.

Norma Sueli Padilha (2002) discorre que, com relação ao consentimento

prático também conhecido como “princípio da unidade da constituição no sentido de

que inexistem cláusula ausente na constituição, haja vista que entre estas permeia

uma mesma ordem de valor. Por isso mesmo, o elaborador do texto constitucional

encontra-se circunscrito do ao dever de torná-lo acessível positivamente seus

princípios, evitando-se a ampliação ou a diminuição desmedida de um ou de outro

dispositivo, em todo empenho constitucional.

Nesta prerrogativa, pode-se afirmar que o conceito da expressão “meio-

ambiente do trabalho” procederá da análise ordenada dos artigos 225, 7º,

XXII e 170 da Constituição Federal. Observe-se, a propósito, que o primeiro

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dos mencionados dispositivos assevera à totalidade das pessoas o direito

fundamental ao “meio-ambiente equilibrado”, impondo-se ao poder público,

nesse sentido, o controle efetivo dos métodos, substâncias e técnicas que

comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio-ambiente. O

segundo dos sobreditos dispositivos (art. 7º, XXII) assegura de forma

expressa ser direito dos obreiros, no desígnio de promover o melhoramento

de sua “condição social”, a “redução dos riscos inerentes ao trabalho”,

enquanto o terceiro (art. 170) está fundamentado na ordem econômica na

“valorização do trabalho humano” e condiciona o livre exercício das

atividades privadas à “função social da propriedade” (inciso III) e à “defesa

do meio-ambiente” (inciso VI) (ROSSIT, 2001, p. 176).

Sendo esta, por conseguinte, a orientação da leitura conjunta dos artigos 7º,

XXII, 170 e 225 da Constituição de 88, inferem-se que o predomínio ou a

dependência de tais preceitos aos impetrados da “livre iniciativa” e da “autonomia

privada” de igual competência constitucional dependerá das nuances dos casos

concretos colocados à análise do aplicador.

É pertinente mencionar que as próprias situações ocorridas na realidade,

com suas distinções, que criarão ensejo à aplicação em concreto do

conceito de “meio-ambiente do trabalho” na forma tutelada pelos artigos 7º,

XXII, 170 e 225 da Carta Magna ou em sentido contrário, dos impetrados da

“autonomia privada”, igualmente assegurados pela Constituição (artigos 5º,

caput, 170, caput, II e parágrafo único) (ROSSIT, 2001, p. 175).

A análise dos dispositivos em concordância dos postulados em citação terá

relevância, mais adiante, para a materialização do regime de responsabilidade pelos

danos ocasionados aos trabalhadores, decorrentes da poluição dos locais de

trabalho, ademais vale ressaltar que o “meio-ambiente do trabalho” é de acordo com

Rossit (2001, p. 173) objeto de tutela constitucional para os agentes públicos dos

três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) para a iniciativa privada uma limite

de procedimento bastante claro indicado pelos artigos 7º, XXII, 170 e 225 da Carat

Magna.

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2.3 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO APLICABILIDADE

PRÁTICA NA APOSENTADORIA ESPECIAL

Em relação aos princípios do Direito Ambiental do Trabalho, segundo

Brandão11 o regime de tutela do meio-ambiente definido na Lei nº 6.938/81 e na

Constituição Federal é pautado por seis princípios que são submetidos aos seus

dispositivos e, por esse motivo, orientam as ações a serem engendradas pelo Poder

Público no controle repressivo e preventivo dos possíveis danos ambientais e pelo

poder privado no abuso econômico dos bens naturais e da mão-de-obra do

empregado, quais sejam, os impetrados no desenvolvimento sustentável, da cautela,

da prevenção, do avanço contínuo e da informação.

A aposentadoria especial é uma modalidade de aposentadoria por tempo de

contribuição carecida ao segurado que tiver trabalhado durante toda a jornada de

trabalho, de forma não ocasional, em locais ponderados nocivos à sua saúde ou à

sua integridade física ou mental, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco)

anos.

E notório destacar que, conforme Fernandes (2004) os princípios

reconhecidos pela Constituição Federal, quais sejam, o da ubiqüidade, da

participação, da obrigatoriedade, da intervenção estatal, da cooperação entre os

povos, da função socioambiental da propriedade, da responsabilização, levando a

culminação nos princípios da vigilância e da aplicabilidade da aposentadoria

especial.

Também denominado da melhoria e desenvolvimento sustentável, o princípio

da obrigação da intervenção estatal está disposto no art. 225, § 1º, da Constituição,

ao abalizar as delegações do Poder Público, e tem sua ascendência no art. 17 da

Declaração de Estocolmo: “Deve ser confiada às instituições nacionais competentes,

a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais

dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente possibilitando

11 BRANDÃO, Cláudio Mascarenhas. Acidente de trabalho: responsabilidade do empregador pelo risco da atividade. In KÜMMEL, Marcelo Barroso (Org.). Revista do IV Congresso Internacional de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho de Santa Maria. Santa Maria. n. 2. 2007. p. 69-86.

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assim seguridade social aos colaboradores que possa requerer a aposentadoria

especial”12.

Este princípio objetiva harmonizar o desenvolvimento dos estados com a

proteção ao meio ambiente, daí sua determinação no desenvolvimento sustentável e

a empreitada designada aos poderes públicos de atuar no amparo do meio ambiente

e desenhar sua política de crescimento com a finalidade da preservação ecológica.

Nesse sentido, “[...] a defesa do meio ambiente é um dever precípuo do Estado, que

só existe para prover as necessidades vitais da comunidade.” (MILARÉ, 2005, p.

160), abonada o caráter público do meio ambiental.

Segundo Evanna Soares (2004), na esfera do meio ambiente do trabalho, o

princípio pode ser visível já na Constituição, que confere competência ao Sistema de

Previdência de cooperar no amparo do meio ambiente de trabalho (art. 200, VIII),

mas também em vários princípios infraconstitucionais, principalmente adjudicando

às Delegacias Regionais do Trabalho, do Ministério do Trabalho, imputações de

fiscalização, implementação de medidas e imposição de multas (art. 156 da CLT) no

que se concerne ao cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho,

notadamente por meio da inspeção prévia (art. 160, CLT) e do embargo ou

interdição (art. 161, CLT).

Destarte, a ideia de ubiqüidade deve estar presente, no que se alude ao meio

ambiente do trabalho, na própria preferência dos métodos de produção, bem como

matérias primas, máquinas e equipamentos de proteção particular. Ademais,

“algumas limitações, a exemplo das férias e da jornada de trabalho, devem ser

respeitadas para admitir aos empregados a devida recuperação para o exercício do

trabalho” (SOARES, 2004, p. 78).

O princípio da participação está especificado no caput do art. 225 da

Constituição, ao conferir também ao coletivo o dever de defender e preservar o meio

ambiente. A Declaração do Rio de 92 menciona, em seu princípio 10, que o melhor

jeito de tratar as questões ambientais é garantir o conhecimento e efetiva

participação de todos os cidadãos, através do acesso apropriado às informações,

12 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE MEIO AMBIENTE (Estocolmo, 16 de junho de 1972). In SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento. Direito ambiental internacional: meio ambiente desenvolvimento sustentável, e os desafios da nova ordem mundial. Rio de Janeiro: Thex Editora, 2002. p. 322-325.

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aos mecanismos judiciais e administrativos, assim como permitir a participação em

processos nas possíveis tomadas de decisões.

Assim, tem-se o importante princípio como verdadeiro corolário da Justiça a

fim de se impedir o desapreço dos indivíduos pela atividade punitiva do Estado. E

verifica-se ainda a Dignidade da pessoa humana como um limite à autonomia da

vontade, evitando-se que, por exemplo, num contrato qualquer uma das partes seja

reduzida a mero objeto da pretensão, sendo-lhe desrespeitado o direito de igualdade

que as normas lhe outorgam como direito no campo contratual e ainda, expondo-o

aos riscos incalculáveis do negócio manipulado à livre execução da outra parte.

Assim, também a definição de liberdade como faculdade de cada um de

decidir ou agir segundo a própria determinação está prejudicado ante a barreira

imposta pela legislação, a princípio, aceita por todos. Ademais, tal faculdade levada

ao “pé da letra” seria o mesmo que voltar ao barbarismo ou então uma anarquia,

arruinando todos os princípios regentes de uma sociedade moderna.

Guilherme Guimarães Feliciano (2006) discorre que, nas relações de trabalho,

pode-se observar o princípio tanto nas normas dos artigos 157 e 158 da

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que informam as atribuições de empresas

e empregados no que se refere às normas de segurança e medicina do trabalho,

quanto a outros mecanismos de participação, efetivamente a negociação coletiva,

através dos sindicatos, e mesmo a existência das Comissões Internas de Prevenção

de Acidente do Trabalho (CIPA), dispostas nos artigos 163 a 165 da CLT, com

representantes da empresa e dos trabalhadores, vejamos abaixo:

Art.163 Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo

Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas

especificadas. Parágrafo Único. O Ministério do Trabalho regulamentará as

atribuições, a composição e o funcionamento das CIPAs.

Art.164 Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos

empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na

regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior.

Art.165 Os titulares da representação dos empregados nas CIPAs não

poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se

fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.

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A partir de 1/ de janeiro de 2004, a comprobação da efetiva exposição do

trabalhador ou segurado aos agentes nocivos prejudiciais à sua integridade física

deve ser feita mediante o preenchimento, pela corporação ou empresa, de

formulário próprio, denominado perfil profissiográfico previdenciário – PPP.

Perfil profissiográfico consiste em mapeamento atualizado das

circunstâncias laborais e ambientais, com fiel descrição das diferentes

funções do empregado, em face dos agentes nocivos, relato da presença,

identificação e intensidade dos riscos, referência à periodicidade da

execução do trabalho, enfim, relatório eficiente do cenário de trabalho,

concebido para fins previdenciários (MARTINEZ13, 2006, p. 76).

No que se refere ao princípio do “desenvolvimento sustentável”, pode-se

afirmar conforme Milaré14 afirma, que sua definição para o meio-ambiente do

trabalho aponta para a necessidade de que a organização dos mecanismos de

produção, sempre, no sentido de resguardar, na maior medida possível o direito à

integridade mental e física dos empregados, de modo, a assegurar às futuras

gerações de trabalhadores níveis cada vez mais seguros de exposição aos riscos

existentes no ambiente de trabalho, de modo a impedir que estes venham a ser

privado da fruição das garantias legais.

O princípio da “precaução” indica que a ausência de conhecimento a

respeito de um verificado dano laboral não deve servir de impedimento para

a disposição de medidas, por parte do Poder Público e dos particulares,

predispostas à seu cancelamento ou à sua diminuição. Em outros termos, o

impetrado em apreço assegura que mesmo diante de indícios inacabados a

respeito da lesividade de algum fator produtivo (radiação procedente de

antenas de telefonia celular), a Administração Pública e os particulares

devem agir, ao máximo, no sentido de evitar a perpetração de lesões à

integridade física e à vida dos obreiros (MILARÉ, 2005, p. 45).

13 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria especial. São Paulo: LTr, 2006. 14 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: RT, 2005.

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O princípio da “prevenção”, por sua vez, ao contrário da “precaução”, implica

no conhecimento a respeito dos riscos no ambiente de trabalho e confere aos

agentes públicos e particulares, por isso mesmo, a implementação de todas as

medidas admissíveis no sentido de impedir a concretização dos danos deles

decorrentes. Conforme Meilaré (2005) como exemplos de aplicação concreta de tal

axioma, pode-se conceber, por exemplo, o carecer de adequação da iluminação,

mobiliário e dos espaços às necessidades ergonômicas dos empregados e o

fornecimento dos aparelhamentos individuais e coletivos de assistência e proteção

imprescindíveis para a preservação da integridade física dos trabalhadores.

O princípio da “melhoria contínua”, que, na definição de Guilherme Guimarães

Feliciano15 é “um desenvolvimento específico do princípio da prevenção”, indica que

o direito de uma atividade que acarreta riscos para a integridade física e psíquica

dos trabalhadores deve estar acompanhado a evolução dos métodos e técnicas

voltados para a diminuição ou para a compensação daquelas ameaças. Nesse

sentido, o dispositivo determina, a título classificação, que diante da disponibilização,

no mercado, de um novo equipamento de proteção grupal, os empregadores devem

emprazar todos os esforços para implantá-los adquiri-los em suas unidades

produtivas.

Já o princípio da “participação”, quando implementado ao direito ambiental do

trabalho, sugere que os empregados não só deverão tomar parte das disposições a

envolverem aspectos referentes à empresa dos locais de trabalho, tal como

acontece nas Comissões e Conselhos de Fábricas existentes nas legislações

europeias, como também devem ter acesso ao total das informações sobre as

questões laborais ambientais que permaneçam em poder do empreendimento.

Feliciano discorre que, a propósito, que o item 9.5.2 da Norma Regulamentadora nº

9 do Ministério do Trabalho e Emprego16 faz alusão expressa à obrigatoriedade

quanto à observância de tal diretriz por parte dos empregadores:

15 FELICIANO, Guilherme Guimarães. Meio ambiente do trabalho. In FELICIANO, Guilherme Guimarães. Tópicos avançados de direito material do trabalho. Atualidades forenses. v. 1. São Paulo: Editora Damásio de Jesus, 2006, p. 111-170. 16 MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTARIA N.º 25, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994 (*) n(DOU de 30/12/94 – Seção 1 – págs 21.280 a 21.282) b (Republicada em 15/12/95 – Seção 1 – págs 1.987 a 1.989).

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9.3.5.2 - O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção

coletiva deverão obedecer à seguinte hierarquia:

a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes

prejudiciais à saúde;

b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no

ambiente de trabalho;

a) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho.

Feliciano (2006) discorre que o último princípio do “poluidor-pagador” não só

exige do empregador que explora atividade que acarreta de riscos físicos e

psicossomáticos aos empregados a adoção das medidas necessárias à

neutralização ou à redução de tais ameaças (aspecto preventivo), como também

implementa o dever de reparar as lesões ocasionados aos trabalhadores (aspecto

reparatório).

De acordo com Martins17(2009, p. 353), a aposentadoria especial é “um

benefício de natureza extraordinária, tendo por objetivo compensar o trabalho do

segurado que presta serviços em condições adversas à sua saúde ou que

desempenha atividade com riscos superiores aos normais”.

Entende-se que os beneficiários da aposentadoria especial são o empregado

segurado, o contribuinte individual e o trabalhador avulso, este exclusivamente

quando colaborado filiado à cooperativa de produção.

2.3.1 A poluição labor-ambiental

Francisco Meton Marques de Lima18 comenta que a “Política Nacional do

Meio-Ambiente” definida na Constituição Federal e na Lei nº 6.938/81 tem como

premissa central a definição de “poluição” que, na conforme o art. 3º, III, deste

dispositivo legal, compreende a degradação do meio ambiente resultante de

atividades' que, dentre outras razões, “prejudiquem a segurança, a saúde e o bem-

17 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. São Paulo: Atlas, 2009, p. 353. 18 LIMA, Francisco Meton Marques de. As implicações recíprocas entre o meio ambiente e o custo social do trabalho. Revista LTr, São Paulo, v. 71, n. 03, p. 327-335, mar. 2007.

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estar dos trabalhadores”, “instituam condições adversas às ocupações sociais e

econômicas” e “comprometam as condições sanitárias, estéticas e o meio-

ambiente”.

Se há a “poluição”, há naturalmente o “poluidor”, que, na disposição do art. 3º,

IV, da Lei nº 6.938/81, preceitua “a pessoa jurídica ou física, de direito privado ou

público, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de

deterioração ambiental”, quais sejam aquelas que decorram a causar desequilíbrio

nas condições existenciais imprescindíveis à vida e à integridade psíquica e física

dos indivíduos.

È interessante ressaltar que, se o conceito de meio-ambiente é global, a ter

como uma de suas partes complementares o “meio-ambiente do trabalho”, segundo

Lima (2007) é notório que as definições legais de “poluição” e de “poluidor”

estendem-se aos desequilíbrios nos ambiente de trabalho acarretados pelos

empregadores ou por aqueles que instituem os fatores de produção e submetem aos

trabalhadores, os terceirizados, os autônomos, as “pessoas jurídicas individuais”, os

falsos cooperados.

Os desequilíbrios mencionados caracterizam a poluição labor-ambiental

abrangem, justamente, as condições de danos à integridade física e psíquica

próprios aos ambientes de trabalho a que são submetidos os trabalhadores. Wagner

Antônio Alves (2005) discorre que é importante destacar que as ameaças inseridas

no conceito ora formuladas não são limitadas àquelas conjecturas elecandos de

modo detalhado na legislação, havendo de se ponderar também em poluição labor-

ambiental nas situações em que as condições de trabalho envolviam grau de

insalubridade e periculosidade, penosidade ou nocividade aptas a envolverem

substancialmente a vida e a saúde dos empregados19.

Nesta perspectiva, pode ser caracterizada como poluição labor-ambiental

tanto a permanência de um maquinário qualquer que necessite de

manutenção adequada que coloca em risco a segurança física dos obreiros,

quanto a não manutenção e oferecimento dos equipamentos de proteção

coletiva/individual por parte das empresas, de cobranças excessivas sob

19 ALVES, Wagner Antônio. Princípios da precaução e da prevenção no direito ambiental brasileiro. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005.

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seus empregados com vistas ao aumento de produtividade ou no intento de

impetrar sua adesão a demissão voluntária (LIMA, 2007, p. 59).

Por fim, quaisquer fatores que ocasione riscos sérios à integridade física dos

trabalhadores, de modo a tirar o equilíbrio do meio-ambiente do trabalho, será

qualificado como poluição labor-ambiental na definição do art. 3º, III, da Lei nº

6.938/81. Lima20 reitera que o conceito de meio-ambiente do trabalho é de

fundamental importância para a acepção do regime jurídico das medidas de

reparações pelos danos decorrentes das atividades realizadas.

2.3.2 Segurança do Trabalho

Conforme Nascimento (2003) “verificando a importância do meio-ambiente do

trabalho, para o exercício do direito a este, não há que olvidar da necessidade de

um ambiente equilibrado e saudável para a o exercício de uma vida de forma digna,

especialmente ao considerar a importância da saúde do trabalho, para o

desenvolvimento deste exercício”. Nesse sentido, cuidou também o legislador, ao

impor as regras previstas no art. 154 e seguintes da CLT, que tratam das normas

sobre saúde e segurança do trabalho, sem prejuízo dos demais ditames, inclusive

das normas internas na empresa e das coletivas, visando à garantia da qualidade de

vida do trabalhador e sua dignidade no exercício laboral. Assim:

O meio-ambiente do trabalho trata das edificações do

estabelecimento, iluminação, instalações elétricas, condições de

salubridade, de periculosidade ou não, prevenção à fadiga, jornadas

de trabalho, manuseio de materiais e outros que formam o complexo

máquina-trabalho (NASCIMENTO, 2003, p.435).

Nesse sentido, explicita Oliveira (2002, p.81) que “pretende-se avançar além

da saúde do trabalhador: busca-se a integração deste como homem, o ser humano

20 LIMA, Francisco Meton Marques de. As implicações recíprocas entre o meio ambiente e o custo social do trabalho. Revista LTr, São Paulo, v. 71, n. 03, p. 327-335, mar. 2007.

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dignificado e satisfeito com a sua atividade, que tem a vida dentro e fora do

ambiente de trabalho, que pretende, enfim, qualidade de vida”. Portanto, os

cuidados com a saúde do obreiro é essencial à sua qualidade de vida, à valorização

de seu trabalho, ao respeito à sua dignidade e cidadania, inserem-se em seu bem-

estar, físico, mental e social.

De acordo com Marangon (2008), “a Segurança do Trabalho compreende um

conjunto de medidas adotadas com o objetivo de minimizar os acidentes de trabalho,

as doenças ocupacionais, e também proteger a integridade e a capacidade de

trabalho do trabalhador”, de modo que “ela estuda diversas disciplinas, como

Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, o Ambiente e as Doenças

de Trabalho, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios, entre outras”.

Manter uma equipe de Segurança do Trabalho nas empresas, como já foi

visto, é uma exigência da lei (art. 162 da CLT). A equipe deve ser composta por

profissionais como Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do

Trabalho; Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho.

Portanto, assinala Marangon21

O acidente de trabalho é um fato indesejado que traz prejuízos aos

trabalhadores, aos empresários, às famílias e a toda a nação. Entre as

entidades organizadas que atuam diretamente na produção de bens e

serviços e detêm a responsabilidade de promover à prevenção,

indiscutivelmente, as empresas e os sindicatos, principalmente aqueles que

defendem os direitos dos trabalhadores, podem interferir na diminuição das

ocorrências. Ao recorrermos aos dados históricos, no século XIX, na

primeira fase da Revolução Industrial, as péssimas condições de trabalho e

o aumento do número de acidentes motivaram a transformação das

associações de profissionais existentes, que tinham um caráter assistencial,

em entidades de defesa dos interesses profissionais, com o intuito de

promover a melhoria das condições de trabalho. A partir dessa conquista, a

participação dos sindicatos tem sido decisiva para a manutenção e

ampliação dos direitos dos trabalhadores.

21 MARANGON, Carlos Alberto. O que é segurança do trabalho? Disponível em: <http://www.areaseg.com/seg/ > Acesso em 10 jun. 2018.

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Assim, prever acidentes é a forma mais adequada de evitá-los, para isso

existe uma comissão que atua nesse controle de prevenção de acidentes. A CIPA,

Comissão interna de prevenção de acidentes, tem como visão a segurança e saúde

do trabalhador em seu ambiente de trabalho. Essa comissão a CIPA surgiu em

1921, e se tornou uma determinação legal no Brasil em 1943.

Dentro desta perspectiva, munido de seu poder diretivo o empregador

somente pode impor seus interesses, principalmente com relação às alterações no

contrato de trabalho demonstrando um objetivo claramente necessário e adequado

aos fins, sendo o princípio da razoabilidade uma espécie de limite às prerrogativas

do jus variandi exercido, muitas vezes, unilateralmente, posto que repercuta nas

relações humanas no empregado, até mesmo social, familiar e físico, fora da esfera

laboral.

Além disso, embora o princípio da proporcionalidade possua estreita

correlação com o princípio da razoabilidade não há que se confundi-los, pois o

primeiro, nada mais é que a análise ponderada de uma relação existente entre os

meios e os fins, levando em conta o conjunto dos interesses e conferindo-lhes uma

igualdade na relação entre custo-benefício, compensando-se as desvantagens,

resistindo à legalidade e constitucionalidade. O que se pode concluir é que a

proporcionalidade é um elemento do princípio da razoabilidade, que, além disso,

levaria em consideração a adequação e a necessidade dos atos à conservação ou

alcance do fim almejado.

Já quanto ao princípio da não-discriminação, atua tanto no poder disciplinar,

quanto no regulamentar e diretivo, sem retirar o caráter da subordinação, mas

garantindo que ninguém seja sucumbido no preconceito de qualquer natureza.

Todos estes princípios, incluindo aqueles específicos ao direito do trabalho, trazem

em seu bojo a característica fundamental que deve ser resguardada por qualquer

forma de alteração do contrato de trabalho: a proteção do empregado da sua própria

condição subordinada. O que se espera limitar com todos estes preceitos é o próprio

poder hierárquico do empregador.

Mas sem dúvidas as questões mais importantes aqui foram o direito do

empregado à privacidade e à intimidade. A intimidade é o nível mais profundo da

privacidade, porque se pode ter a segunda sem a primeira. Tratam-se então os

direitos da personalidade, daqueles que são intimamente relacionados à pessoa,

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sem os quais não se poderia dar conta de sua existência. Em virtude disso, são tidos

como direitos intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis. Tais preceitos

asseguram que os direitos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem são

garantidos a todas as pessoas, pois o legislador não criou especificidades à pessoa

física ou jurídica, inserindo ao contexto a proteção para ambas, bem como é devida

a indenização se os transgredirem.

Se o dano for comprovado, o agente causador é responsabilizado civilmente

e deve reparar o dano sofrido. A responsabilidade civil é o ressarcimento dos

prejuízos acarretados ao lesado que sofreu tanto em seu patrimônio como em

componentes de sua pessoa ou personalidade. Nessa esteira, cabe a Justiça, na

prestação da tutela jurisdicional dizer se o dano foi efetivamente causado,

determinado, caso positivo, a reparação do dano sofrido pela vítima do assédio ou

ato ilícito.

Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, em 08 de dezembro de

2004, e sua posterior publicação no Diário Oficial da União de 31/12/2004, tornaram-

se mais ampla a competência material destinada à Justiça do Trabalho. Tratando-se,

sem dúvida, de uma mudança que marca um novo momento histórico vivido pela

Justiça do Trabalho.

Está estipulado na Constituição Federal, em seu artigo 114, inciso VI a

competência material da Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações de

indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...)

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da

relação de trabalho;

A Constituição de 1988 ergueu a direito constitucional, o direito à indenização

moral, e parece não haver campo mais capaz de produzir com facilidade a aplicação

de tal direito do que o do Trabalho, nem, portanto, haver outra justiça tão

competente quanto esta para resolver os conflitos oriundos da indenização moral do

que a própria justiça trabalhista.

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2.3.3 Exposição do trabalhador a situações de risco

Em todo o mundo, os riscos incididos no ambiente laboral apresentam um

grande problema no que se diz respeito à saúde dos trabalhadores. O ambiente

laboral das empresas, em algumas situações apresentam riscos de todas as

espécies: químico, mecânico, ergonômico biológico. Tais condições classificam-se

em atividades insalubres e periculosidade, conforme serão discorridos abaixo.

Insalubridade

O trabalho insalubre é aquele que procede em prejuízo constante na saúde

do trabalhador. O perigo não se encontra em eventos momentâneos, mas no contato

diário com agentes prejudiciais que, ao longo do tempo, são capazes de ocasionar

sérias danos a saúde do trabalhador.

A discriminação dos agentes considerados nocivos à saúde bem como os

limites de tolerância mencionados estão previstos na Norma Regulamentadora NR-

15, aprovada pela Portaria 3.214/78. Para caracterizar e classificar a insalubridade

em consonância com as normas instituídas pelo Ministério do Trabalho, far-se-á

necessária perícia médica por profissional competente e devidamente registrado no

Ministério do Trabalho e Emprego.

O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de

tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de

adicional de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento),

segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo, respectivamente,

conforme prevê artigo 192 da CLT (FREITAS, 1992).

No âmbito da CF, tem-se a previsão do adicional de remuneração para as

atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei (art. 7o, XXIII). São

consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza,

condição ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à

saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da

intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (art. 189, CLT).

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A CLT conceitua em seu art. 189 dispõe sobre as atividades insalubres e no

art. 192 estabelece os percentuais devidos ao trabalhador:

Art . 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas

que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os

empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância

fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de

exposição aos seus efeitos. (BRASIL, 2014)

Art . 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos

limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a

percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20%

(vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região,

segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (BRASIL,

2014)

Incumbe ao Ministério do Trabalho aprovar o quadro das atividades e

operações insalubres, adotando normas sobre os critérios de caracterização da

insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e

o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes (art. 190, caput).

Atualmente, a matéria encontra-se disciplinada pela NR 15 (MTE), a qual

prevê o pagamento do adicional de insalubridade quando o empregado está exposto

a agentes físicos (ruído, calor etc.), químicos (arsênico, chumbo, cromo,

hidrocarboneto e outros compostos de carbono etc.) e biológicos (hospitais,

laboratórios, lixo urbano, resíduos de animais deteriorados etc.).

Quando é solicitada em juízo a insalubridade ou a periculosidade, a perícia

no local de trabalho é obrigatória, podendo ser realizada por médico ou engenheiro

do trabalho (OJ 165, SDI-I) (art. 195, § 2o). Somente quando não for possível sua

realização, como é o caso de fechamento da empresa ou da desativação de local de

trabalho dentro da empresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova

(ZILLI, 2014).

A simples constatação de agente insalubre pela perícia não basta para a

respectiva condenação. É necessária a inscrição do agente, como insalubre, na

classificação oficial do MTE (art. 190, CLT; Súm. no 448, I e II, SDI-I).76 Em caso de

condenação, a empresa deverá inserir, mês a mês e enquanto o trabalho for

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executado em condições insalubres, o valor correspondente em folha de pagamento

(OJ no 172, SDI-I). Dependendo do grau, os percentuais são os seguintes: (a) grau

mínimo: 10%; (b) grau médio: 20%; e (c) grau máximo: 40%.

Os percentuais variam de acordo com o agente insalubre e seu

enquadramento na Portaria no 3.214/78 (que regu- la os agentes periculosos e

insalubres), basicamente na NR 15. O adicional de insalubridade, porque calculado

sobre uma base mensal (30 dias), já remunera os dias de repouso semanal e feriado

(ZILLI, 2014).

Periculosidade

Diferentemente da insalubridade, a periculosidade está presente nas

atividades resultantes de prejuízo iminente à saúde do empregado, em danos que

podem ser originados a qualquer momento.

De acordo com a regulamentação dos direitos trabalhistas aprovada pelo

Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, o adicional de periculosidade deve ser

pago ao trabalhador que executa tarefas perigosas e que possam pôr a sua vida em

risco. O manuseamento de explosivos, de substâncias radioativas, além de

atividades relacionadas a segurança patrimonial e pessoal contra roubos são alguns

exemplos de funções desempenhadas pelo empregado que são cabíveis do

adicional de periculosidade.

Os pressupostos que especificam as normas deste direito trabalhista estão

previstos entre os artigos 193 e 196 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho,

através do decreto de lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943). O adicional de

periculosidade é de 30% do salário-base do empregado.

No âmbito da CF, tem-se a previsão do “adicional de remuneração para as

ati- vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei” (art. 7o, XXIII). Nos

termos da CLT, são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por

sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de

exposição permanente do trabalhador a: (a) inflamáveis; (b) explosivos; (c) energia

elétrica; (d) roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais

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de segurança pessoal ou patrimonial (Lei no 12.740/12); (e) atividades de

trabalhador em motocicleta (Lei no 12.997/14). O adicional de periculosidade

encontra-se qualificado no art. 193 da CLT, como podemos verificar:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas

que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado

em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - inflamáveis,

explosivos ou energia elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência

física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial § 1º

- O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um

adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos

resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da

empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade

que porventura lhe seja devido. (BRASIL, 2014)

O trabalho prestado em condições insalubres como os desenvolvidos em

ambientes perigosos agridem a saúde do trabalhador, no primeiro caso, há danos à

saúde, provocando o adoecimento do trabalhador com o passar dos anos, já o

trabalho perigoso pode levar a incapacidade ou morte súbita (MAGANO, 2010).

Verifica-se que tal como acontece como o Adicional de insalubridade, a

caracterização da Periculosidade deverá ser feita por intermédio de perícia técnica,

elaborada por médico ou engenheiro do trabalho, que através de um laudo técnico

irá declarar se aquela categoria ou mesmo, aquele determinado empregado que

pleiteia este direito, se enquadra nos requisitos definidos pela Lei para a

caracterização da atividade perigosa e por consequência, se tem direito ao

recebimento do respectivo adicional.

O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao

trabalhador um de adicional de 30% sobre seu salário. Neste cálculo não são

considerados gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. No caso

de hora extras, o adicional será calculado sobre a hora base e não sobre o valor da

hora extra (SÜSSEKIND, 2010).

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do

trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos

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órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos

Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos

pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Ressalte-se que, o não-cumprimento

das disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho

acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação

pertinente.

Para que o trabalhador tenha condições de prestar serviços para

determinada empresa, certas precauções com relação a sua saúde e segurança

precisam ser tomadas. Além disso, essas medidas impedirão que um profissional

fique privado de realizar suas atividades, tais como os deficientes físicos. Através de

normas, pode-se criar um ambiente de trabalho acessível e que contenha uma

infraestrutura adequada para essas pessoas. Além dos deficientes, é importante

observar que todos os trabalhadores possuem necessidades, tanto mulheres, jovens

aprendizes e todos os tipos de trabalhadores (MARQUES, 2009).

Salienta-se que existe um capítulo separado na CLT destinado à área de

segurança e medicina do trabalho. Foram criados, também, órgãos específicos

responsáveis por fiscalizar, orientar e penalizar, se necessário, as atividades

relativas à área, tais como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA),

cujas normas devem estar de acordo com o Ministério do Trabalho.

A CIPA é uma comissão composta por trabalhadores com objetivo de

encontrarem as melhores soluções de saúde e segurança, bem como evitar o

aparecimento de doenças provenientes do trabalho ou mesmo acidente. A sua

criação é obrigatória, além disso, há um número específico de membros conforme a

quantidade de funcionários e atividade econômica que está previsto na Norma

Regulamentadora Nº05. Participarão dela tanto representantes dos empregadores,

quanto dos empregados (escolhidos por meio de eleição). Por meio da lei nº

6.514/1977, pode-se obter mais informações sobre segurança e medicina do

trabalho.

Moraes Filho (2003) afirma que todas as empresas, públicas ou privadas,

que possuem trabalhadores sob o regime da CLT devem observar as normas

regulamentadoras (NR) relacionadas à segurança e medicina do trabalho. E, caso

essas normas não sejam cumpridas, haverá a aplicação de penalidades de acordo

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com a legislação. Essas normas foram aprovadas em 1978, por meio da portaria nº

3.214.

Ainda conforme o autor supracitado com relação às normas gerais previstas

pela CLT a empresa deve implementar todas as normas de segurança e medicina

do trabalho, e também, ensinar os empregados a tomarem todas as medidas para

prevenir acidentes ou doenças ocupacionais. Além disso, devem observar todas as

medidas especificadas pelos órgãos regionais e também, contribuir com a

fiscalização da autoridade responsável.

Interessante ressaltar que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é

um órgão das Nações Unidas responsável pela promoção das normas internacionais

do trabalho, que busca contribuir com as melhorias das condições de trabalho, além

de trazer proteção aos empregados. Sua missão principal é proporcionar a todas as

pessoas um trabalho digno e produtivo, nas condições ideais, prezando sempre pela

segurança, a liberdade, a igualdade e a dignidade. Essa organização teve origem

em 1919, a partir do Tratado de Versalhes, e auxiliou de forma significativa para a

formulação das leis trabalhistas durante o século XX (MARQUES, 2009).

Observa-se que atualmente nem todas as empresas podem comprovar que

a Medicina e Saúde do Trabalho, é efetivamente aplicada, tal situação, entretanto,

implica na instabilidade operacional, deficiente produtividade, menor e reparos em

maquinaria e instalações, desiquilíbrio na estabilidade nos custos e

consequentemente na “péssima” imagem da empresa diante da sociedade e das

autoridades competentes. Sobre isso Oliveira (2006) discorre que, o investimento

em segurança do trabalho efetivamente traz inúmeros benefícios sociais e

econômicos tanto às empresas, quanto aos funcionários e à sociedade como um

todo.

De acordo com Marques (2009), os primeiros serviços de segurança do

trabalho foram desenvolvidos há décadas e prontamente pelas empresas que mais

se interessam no assunto, quase sempre em decorrência das atividades exigidas

pela CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Acredita-se que, devido

à ausência de planejamento e definição de responsabilidades no início do serviço de

segurança do trabalho, muitas empresas não aceitaram a segurança do trabalho

como atividade no contexto administrativo, o que ocasionou apreciações errôneas,

que até hoje refletem negativamente.

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Com o surgimento das preocupações com a segurança do trabalho e as

medidas para satisfazer as necessidades dos trabalhadores, as empresas iniciaram

um processo de preocupação contínua com a qualidade de vida e saúde dos

funcionários, o qual exercia, e iniciou uma procura por meios que promovessem ou

trouxessem bem-estar e maior satisfação na realização das atividades exercidas no

ambiente laboral. Então, o principal objetivo passou a ser, além da observação das

necessidades humanas e também do efetivo bem-estar e realização pessoal de

cada trabalhador (FREITAS, 1992).

Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do

Trabalho e Emprego, a elaboração dos princípios da medicina do trabalho é

obrigatória para empresas com grau de risco e número de empregados que exijam a

constituição de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. O artigo 1 da

Norma Regulamentadora – NR 9 dispõe o reconhecimento dos riscos ambientais na

empresa deverá conter os seguintes itens:

a) a sua identificação; b) a determinação e localização das possíveis geradoras; c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição; f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; h) a descrição das medidas de controle já existentes a partir de uma representação gráfica dos riscos de acidentes.

Diante de tais disposições, compreende-se que os riscos no ambiente laboral

é uma condição potencial que pode causar danos ao indivíduo. Tais danos podem

ser apreendidos como prejuízos a pessoas, danos a equipamentos, perda de

material em procedimento ou diminuição da capacidade de produção do trabalhador. Zocchio (2011) salienta que, os agravos estão presentes nos ambiente de trabalho,

compreendendo a segurança e a saúde das pessoas e a produtividade da empresa.

O risco classifica-se como uma variável acidental associada a eventos, atividades,

sistemas, processos e instalações.

Freitas (1992) assevera que no Brasil, a situação das inadequações dos

ambientes laborais é bastante precária. Equipamentos e instalações na maioria das

empresas, tanto privadas como públicas, estão em péssimas condições de uso,

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devido ao desgaste de utilização, falta de calibração, manutenção e má utilização

das máquinas e aparelhagens industriais. O que agrava ainda mais a situação são a

falta de recursos para o âmbito da saúde do trabalhador e o fato de que muitos

destes equipamentos foram projetados e construídos há muitos anos, quando ainda

não eram incorporados os requisitos de proteção recomendados nos dias atuais, o

que ocasiona inúmeros riscos.

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3. ASPECTOS GERAIS DOS RECURSOS: APLICABILIDADE PRÁTICA NA APOSENTADORIA ESPECIAL

O juízo de admissibilidade incide na comprovação, pela circunspeção a

quo ou ad quem, se foram atestados os pré-requisitos de admissibilidade do recurso

para posterior remessa para a cautela ad quem analisar o caso de aposentadoria

especial22.

Diante disso, no juízo de admissibilidade, a circunspecção a quo averiguará

se o recurso é admissível, se as partes têm legitimidade, se há mérito, se o recurso

é tempestivo, entre outros. De tal modo sendo, por exemplo, no recurso de apelação

o juiz de 1º grau avalia se os requisitos de admissibilidade do recurso constituíram e

foram preenchidos e, em caso positivo, o recurso é enviado para apreciação do

desembargador competente23.

Todavia, nos recursos extraordinário e especial, a jurisprudência desses

tribunais instituíram súmulas para a possível admissibilidade dos recursos. Trata-se

de aspectos puramente formais, que propendem estabelecer e organizar a estrutura

do Tribunal e impedir a interposição de recursos simplesmente protelatórios.

De acordo com o art. 58 da Lei n. 8.213/91, a relação dos agentes nocivos

oriundos do meio ambiente do trabalho e de agentes prejudiciais à saúde ou à

integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial

será́ definida pelo Poder Executivo (atualmente, está prevista no Anexo IV do

Decreto n. 3.048/99). O tempo especial será́ comprovado mediante a apresentação

de um formulário chamado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Esse

documento deve ser preenchido pela empresa (empregado), cooperativa

(contribuinte individual cooperado), órgão gestor de mão de obra ou sindicato da

categoria (trabalhador avulso) e entregue ao trabalhador por ocasião da rescisão do

contrato de trabalho ou desfiliação da cooperativa, órgão gestor de mão de obra ou

sindicato.

22 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; João Batista Lazzari. Manual de direito previdenciário. 14 ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012, p. 56. 23 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 15. Ed. Niterói: Impetus, 2010, p. 189.

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3.1 EFEITOS DOS RECURSOS PREVIDENCIÁRIOS

Sobre os recursos previdenciários, é interessante salientar que estes podem

ter inúmeras finalidades, entretanto, na área previdenciária, são três as decorrências

mais comuns: efeito devolutivo, efeito suspensivo e obstar a formação da coisa

julgada.

O primeiro dos efeitos analisados, nos ensinamentos de Wambier24 é

verificado na maioria dos recursos. Auferido o recurso apenas no efeito devolutivo, o

cumprimento provisório tem início. Por se versar de subsídio alimentar, em regra, os

recursos exclusivamente serão recebidos no efeito devolutivo. Nestas situações o

INSS é notificado para, em até 45 dias realizar a revisão do benefício concedido

anteriormente ou inserir o benefício previdenciário do segurado.

Já o efeito suspensivo é aquele que tem o condão de interromper

temporariamente o inicio da execução. Recebido o recurso tão-somente no efeito

devolutivo, a execução provisória tem início.

E finalmente o obstar a formação da coisa julgada incide em “obstar a

formação da coisa julgada, pelo menos com relação à parte da decisão de que não

se está impugnando. Cabe mencionar que a interposição de recurso obsta, também,

a incidência de preclusão”.

Essa regra, portanto, também se justapõe ao recurso extraordinário e especial

por força do Código de Processo Civil que no art. 479 dispõe que “o recurso

extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença (...)”.

Em relação aos juizados especiais, é pertinente mencionar que a jurisdição

para instituição das Turmas Recursais é dos Tribunais Regionais Federais em

concordância com o determinado na Lei nº 10.259/01, art. 21. Importante ressaltar

24 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. Vo. 1. 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999, p. 652.

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que, nos dias atuais, todas as Seções Judiciárias contam com a jurisdição das

Turmas Recursais25.

Em relação ao sua operacionalização e funcionamento, o Conselho da Justiça

Federal consentiu a Resolução n.º 61/09, que compatibiliza os regimentos internos

das turmas regionais e das turmas recursais de uniformização dos Juizados

Especiais Federais, entre outros. No referido diploma está elencado no seu artigo

conforme que compete às Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais julgar

e processuar26:

Art. 2º Compete às Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais

processar e julgar:

I – em matéria cível, o recurso de sentença, excetuada a homologatória de

conciliação ou laudo arbitral, e o de decisão que defere ou indefere medidas

cautelares ou antecipatórias dos efeitos da tutela;

II – em matéria criminal, a apelação de sentença e a de decisão de rejeição

da denúncia ou queixa;

III – os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;

IV – os mandados de segurança contra ato de juiz federal no exercício da

competência dos Juizados Especiais Federais e contra os seus próprios

atos e decisões;

V – os habeas corpus contra ato de juiz federal no exercício da competência

dos Juizados Especiais Federais e de juiz federal integrante da própria

Turma Recursal;

VI – os conflitos de competência entre juízes federais dos Juizados

Especiais Federais vinculados à Turma Recursal;

VII – as revisões criminais de julgados seus ou dos juízes federais no

exercício da competência dos Juizados Especiais Federais.

25 SILVA, José Afonso da Silva. Curso de direito constitucional positivo. 15 ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 562. 26 WAMBIER, op. cit. p. 654.

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A mencionada Resolução também restringiu as possibilidades de aceitação

dos recursos. Deste modo, o relator será competente para recusar o seguimento a

recurso manifestamente incabível, improcedente, inutilizado ou em confrontação

com a jurisprudência ou súmula vigentes da Turma Nacional de Uniformização, do

Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça (art. 2º, § 1º)27.

De outro modo, o Relator será competente para abonar provimento ao

recurso se a decisão apelada estiver em manifesto confrontação com súmula ou

com jurisprudência predominante da Turma Nacional de Uniformização, do Superior

Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal (art. 2º, § 2º)28.

Compreendendo a competência, a Resolução 22/08 determinou que

incumbirá ao presidente da Turma Recursal, a apreciação e admissibilidade: “I – do

incidente nacional de uniformização de jurisprudência; I – do incidente regional de

uniformização de jurisprudência; e do III – do recurso extraordinário”29.

Nas disposições da Lei nº 10.259/01, art. 13 não existirá reexame mandatório

nos Juizados Especiais Federais. O desígnio da legislação e da implementação dos

Juizados Especiais foi oferecer celeridade processual aos possíveis conflitos

existentes. O reexame indispensável das decisões pronunciadas seguramente

protelaria a consumação da lide e ocasionaria prejuízo ao segurado que concorre

beneficio previdenciário que representa30.

Nesta perspectiva, importante elucidar que a Lei nº 9.099/95, art. 41

determina as partes a instituírem advogado para lhes representar na mediação de

eventual recurso. Outra particularidade do presente rito é a precisão de preparo

apenas na interposição de recurso (Lei nº 9.099/95, art. 41, § 1º) e não há limite para

recorrer em favor do INSS ou demais entes públicos (Lei nº 10.259/01, art. 9º).

Finalmente, diferentemente da 1ª instância no juizado federal, o recorrente,

sobrepujado, irá arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios

arbitrados entre quinze por cento e vinte por cento do valor da condenação ou, não

tendo condenação, do valor retificado da causa (Lei nº 9.099/95, art. 55).

27 WAMBIER, op. cit. p. 654. 28 WAMBIER, op. cit. p. 654. 29 WAMBIER, op. cit. p. 655. 30 WAMBIER, op. cit. p. 655.

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3.2 INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL

Em relação ao incidente de uniformização jurisprudencial o mesmo pode ser

interposto pela parte que ponderar que existe dissensão sobre direito material na

explanação da lei com outras turmas recursais. No entanto, poderá ser interposto na

esfera regional para a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência – TRU e

na esfera nacional para a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos

Juizados Especiais Federias - TNU31.

Diante disso, para a Turma Regional, o incidente poderá ser intercalado

quando houver dissensão entre as disposições sobre questões de direito materiais

proferidas pelas Turmas Recursais da própria Região e divergência entre as Turmas

Recursais e a Turma Regional quando à implementação ou aplicação do direito

material.

Pertinente ressaltar que existe a necessidade do recorrente evidenciar o

dissídio e a vinculada da cópia dos julgados ou indicação aceitável do julgado

registrado como paradigma32.

Já as conjecturas de cabimento do Incidente Nacional de Uniformização de

Jurisprudência estão dispostas na Lei n.º 10.259/2001 art. 14, § 2º e no Regimento

Interno da TNU, art. 6º, a saber:

Divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões;

Decisão de Turma Recursal proferida em contrariedade à súmula ou

jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça;

Decisão de Turma Regional de Uniformização proferida em contrariedade à

súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça.

31 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; João Batista Lazzari. Prática Processual Previdenciária. 14 ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012, p. 583. 32 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 167.

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O desígnio da TNU é apaziguar o juízo jurisprudencial em todo o território

nacional para conservar e resguardar os direitos das partes abrangidas (INSS,

União, segurado dentre outros) de forma igualitária e acessível em todas as regiões.

Neste sentido, do mesmo modo que o incidente de uniformização regional,

para interposição do incidente de uniformização nacional, carecerão ser ressaltadas

as provas disciplinadas elencadas pelos autores Castro e Lazzari:

Orienta-se que existem no PU tópicos específicos, entre eles: da decisão

combatida, com destaque aos aspectos principais da decisão que se quer

ver reformada; da decisão paradigma, em que se deve sublinhar pontos

importantes da decisão que se quer ver aplicada; da necessidade de

uniformização de jurisprudência, contendo claramente a semelhança dos

casos julgados pelas duas decisões e a discrepância entre os resultados

obtidos, de forma que se estabeleça a efetiva necessidade de uniformização

por parte da TNU33.

Apreende-se que as decisões proferidas casos idênticos serão ponderadas

pela jurisprudência predominante na Turma Nacional de Uniformização.

Também não se pode deixar de elucidar que a jurisprudência pela Turma

Nacional de Uniformização é abrangida em súmula e representa uma extraordinária

fonte de parecer e embasamento das teses defendidas pelos procuradores e

advogados. Em suma, o prazo para interposição de recurso para ambas as Turmas

serão de 10 dias consecutivos34.

Quanto aos recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) é cabível a sua

interposição do incidente de uniformização para o Superior Tribunal de Justiça – STJ

quando a mediação acolhida pela Turma Nacional de Uniformização Jurisprudencial

contestar a súmula ou jurisprudência predominante no STJ. Apenas é admissível a

apreciação de questões de Direito Material35.

Deste modo, ao serem proferidos os acórdãos nas Turmas Recursais ainda é

admissível a interposição de recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal –

STF, segundo elencado na Lei n.º 10.259/01, art. 15. 33 CASTRO, op. cit. 2012, p. 152. 34 VIANNA, op. cit. 2012, p. 172. 35 WAMBIER, op. cit. p. 655.

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Cabe ressaltar que o recurso extraordinário será interposto no prazo limite de

15 dias para o Presidente da Turma Nacional de Uniformização Jurisprudencial que

perpetrará o juízo de admissibilidade e em seguida irá conduzi-lo ou não para o

Supremo Tribunal Federal36.

No âmbito do recurso ordinário, o Código de Processo Civil no art. 513 dispõe

a possibilidade de interposição do rito de apelação.

Para Wambier37 apelação é o “recurso que compete de toda e qualquer

sentença, e concebe de modo competente a aceitação, pelo sistema jurídico

brasileiro, da normatização do princípio do duplo grau de jurisdição”.

As conjeturas de análise e julgamento estão dispostas no mencionado Código

de Processo Civil, art. 515:

Art. 515 - A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria

impugnada.

§ 1º - Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas

as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não

as tenha julgado por inteiro.

§ 2º - Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz

acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento

dos demais.

§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art.

267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão

exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.

§ 4º Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá

determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as

partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o

julgamento da apelação.

A esse respeito, os autores Castro e Lazzari38 afirmam que: “Na prática a

apelação confere ao tribunal o entendimento da matéria recorrida, mas serão objeto

36 WAMBIER, op. cit. p. 658. 37 WAMBIER, op. cit. p. 655.

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da análise e julgamento pelo Tribunal todas as questões acendidas e discutidas no

processo, ainda que a apelação não as tenha julgado inteiramente” (art. 515 do

CPC).

Diante disso, ficam também contidas ao tribunal as questões antecedentes à

sentença, ainda não deliberadas (cf. art. 516 do CPC com redação dada pela Lei n.

8.950/94).

Pertinente mencionar que a parte exclusivamente poderá acender novas

ocorrências, não propostos no juízo a quo, se comprovar que deixou de fazer por

motivo de força maior39. Diante disso, o recurso de apelação não será recebido

quando a sentença estiver em concordância com súmula do Superior Tribunal de

Justiça ou do Supremo Tribunal Federal40.

Ademias, segundo instituído no Código de Processo Civil, art. 475, no recurso

ordinário há indigência da reavaliação da matéria. Nesta situação, todavia, a

sentença não determinará efeito até que seja reavaliada pelo Tribunal competente.

3.3 RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIOS EM CASOS DE

APOSENTADORIA ESPECIAL

Para Castro e Lazzari41 o recurso específico é aquele que está disposto na

Constituição Federal de 1988, “como recurso direcionado para o STJ nas causas

decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos

Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios”.

Para evidenciar a sua intervenção a decisão apelada deverá nos termos da

Constituição Federal, art. 105, III:

Art. 105 (...)

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última

instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos

Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

38 CASTRO e LAZZARI, op. cit, 2012, p. 589. 39 CASTRO e LAZZARI, op. cit, 2012, p. 589. 40 CASTRO e LAZZARI, op. cit, 2012, p. 589. 41 CASTRO e LAZZARI, op. cit, 2012, p. 592.

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a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

(Alterado pela EC-000.045-2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro

tribunal.

Por fim, considera-se pertinente enfatizar que o recurso especial será

interposto no prazo máximo de 15 dias corridos para o juízo a quo que irá fazer o

juízo de admissibilidade e poderá expedir ou não para julgamento no Superior

Tribunal de Justiça – STJ42.

Quanto o recurso extraordinário será ajuizado pelo Supremo Tribunal Federal.

A sua jurisdição está constituída na Constituição Federal. Assim, a sua interposição

está restringida a conjectura da decisão impugnada43:

Contrariar dispositivo desta Constituição;

- Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

- Julgar válida lei ou ato do governo local contestado em face da

Constituição;

- Julgar válida lei local contestada em face de lei federal;”

Todavia, para a sua interposição também deverá ser ressalvado o prazo de

15 dias. Também existe a necessidade do recorrente comprovar a repercussão geral

para o entendimento do recurso (CF, art. 102, § 3º).

Ademais a Justiça Federal é competente para ponderar as ocorrências

decididas no âmbito Federal e Estadual nas lides engendradas na Constituição

Federal, art. 109, I.

Nas incidências acidentárias a competência é da Justiça Estadual, até mesmo

em matéria recursal. Explanando sobre a competência dos Tribunais Regionais 42 CASTRO, op. cit, 2012, p. 589. 43 CASTRO, op. cit, 2012, p. 589.

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Federais, Silva44 salienta que possuem jurisdição para “ajuizar, em condição de

recurso, as causas deliberadas pelos Juízes Federais e pelos Juízes Estaduais no

cumprimento da sua competência federal e na área de sua competência”.

Sua competência é constituída conforme o valor da causa. As causas com

valor de até setenta salários mínimos são de competência dos juizados especiais,

todavia ss demais causas acompanham o rito ordinário45.

Outra novidade na esfera do Tribunal Regional Federal da 4ª Região foi a

informatização de todo o método processual e judicial. Por meio disso, o acesso ao

poder judiciário está mais aberto ao organizado que pode interpor os seus recursos

através do computador do seu procurador46.

Também no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a súmula 8ª consente o

ajuizamento de qualquer ação previdenciária na estância estadual do domicílio do

segurado. Contudo, a interposição do recurso será na circunspeção federal47.

O recurso especial foi desenvolvimento para oferecer celeridade aos

processos cujo valor da causa não ultrapasse a sessenta salários mínimos. Advém

que esta agilidade na prática, na maior parte dos Tribunais Federais, ainda não foi

impetrada. Por exemplo, em São Gonçalo/RJ o limite de duração de um processo de

consentimento de benefício previdenciário, na esfera do juizado especial, transitará

em julgado no tempo determinado de dois anos48.

Apreende-se a partir disso que esta morosidade no julgamento dos processos

onera demasiadamente o segurado que continua sem embolsar o seu benefício

previdenciário. Segundo vastamente discutido na doutrina e na jurisprudência, o

benefício previdenciário é estimado verba alimentar e deveria ter preferência

máxima no seu julgamento. De outro modo, a União também é prejudicada com esta

morosidade processual, uma vez que serão calculados juros na condenação no

44 SILVA, op. cit, 1998, p. 123. 45 SILVA, op. cit, 1998, p. 129. 46 SILVA, op. cit, 1998, p. 125. 47Súmula nº 8: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. Súmula nº 13: A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial. 48 CASTRO, op. cit, 2012, p. 589.

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pagamento do benefício previdenciário. Assim, resta evidente afronta ao princípio da

celeridade e efetividade.

Outra situação vivenciada pelos operadores previdenciários é o ajuste no

valor da causa. Devido ao atraso nos julgamento das ações, a condenação poderá

exceder o teto do juizado especial. Existe também a preocupação nos processos

indenizatórios ajuizados, levando em consideração que o teto nos juizados designa

um limite para o magistrado julgar o recurso49.

Diante disso, para solucionar esta implicação, o valor da causa deve ser

fixado tendo como base o Código de Processo Civil, art. 260. Igualmente, apenas

serão consideradas as parcelas já vencidas e as doze parcelas a vencer para a

fixação do valor da causa.

Merece também ressalva a impossibilidade de interposição das ações

previdenciárias na esfera dos juizados especiais estaduais. A capacidade de

ingressar com o processo judicial no juízo estadual exclusivamente podem ocorrer

no recurso ordinário. Isso tem atenuado a demanda no juízo estadual por causa da

morosidade no julgamento do rito50.

Contudo, há acertos na esfera dos juizados especiais. Quando da

interposição da solicitação de uniformização jurisprudencial nas Turmas Regionais e

na Turma Nacional apenas é admitida a discussão de demandas de direito material.

Com efeito, a interposição das questões formais tão-somente protela os recursos e

posterga a liquidação do benefício, fato que ocasiona prejuízo para as partes que

impetra os recursos previdenciários nos Tribunais Superiores.

Questiona-se finalmente a dimensão conceitual divergente a cerca da

doutrina da natureza jurídica do desfazimento da aposentadoria. Entretanto, como

fora visto até este momento não poderia ser classificada como um ato de revisão,

considerando que a aposentadoria é um ato jurídico perfeito, que não pode ser

prejudicada por nenhuma outra norma jurídica, protegida pela constituição pátria

49 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso Extraordinário e Recurso Especial. 10 ed. São Paulo: EditoraRevista dos Tribunais, 2007. 50 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. 3 ed. São Paulo: LTr, 2010.

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como um direito fundamental. Por outro lado a cerca da renúncia, Diniz (1998)

conceitua como, Desistência de algum direito. Ato voluntário pelo qual a alguém abre mão de

alguma coisa ou direito próprio. Perda voluntária de um bem ou de um

direito. Renúncia típica ou própria constitui-se de ato explícito e voluntário

de não exercício ou abandono de um direito sem que se opere a

transferência do mesmo a outrem (DINIZ, 1998).

Em vista disso, a Desaposentação é um ato de renúncia, com contornos

presentes e futuros. Entretanto, como ressalta Leonardo (2011), a compreensão

deste conceito engrandece a viabilidade jurídica do instituto em comento,

especialmente a partir da interpretação sistêmica, aferindo a convalidação do

instituto é inteiramente jurídica dentro da dimensão jurídica atual.

Lucena (2012) clareia que o aposentado que continuar laborando deverá

permanecer contribuindo com o regime da previdência social, conforme o art. 12,

§4º, da Lei 8.212/91. Apesar disso, Demo (2003) exacerba que o empregado, até

então aposentado, não terá todos os benefícios garantidos. Estará restrito ao

recebimento apenas do salário-família e da reabilitação profissional, conforme art.

18, §2º, da Lei 8.212/91. Os demais benefícios, como o auxílio-doença,

aposentadoria por invalidez, auxílio-acidente, dentre outros, não serão mais

ofertados ao trabalhador.

Este mesmo autor ressalta que o INSS não é a favor da desaposentação,

amparando-se no o art. 181-B do Decreto nº 3.048/9921, que diz que as

aposentadorias por idade especial e por tempo de contribuição são irrenunciáveis e

irreversíveis. Por outro lado não compete ao Poder executivo restringir o direito do

beneficiário de majorar uma aposentadoria mais vantajosa por meio de um decreto.

Tratando-se assim de um direito patrimonial disponível.

Por ser um ato juridicamente incomum e recente ainda encontra resistência

nos átrios jurídicos. A reflexão a cerca do direito social perseguido dentro da tutela

previdenciária, descrita por Salvador (2010), devendo ser o alvo principal a conferir

segurança jurídica para a coexistência social harmônica, igualitária e solidária.

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Este mesmo autor exacerba os principais entraves jurídicos, argumentados

contrariamente a aplicabilidade da desaposentação, seguem-se os pontos que

seriam óbices à convolação do instituto:

• Falta de autorização legal e expressa que acolha a

Desaposentação;

• A aposentadoria é um ato jurídico perfeito e convalidado;

• O artigo 181-B do Regulamento da Previdência Social determina

que a aposentadoria quando auferida se torna irrenunciável e

irreversível;

• Vedação do artigo 18, § 2º da Lei n. 8.213/91;

• Aplicação da prescrição do artigo 103, da Lei n. 8.213/1991;

• O ato de concessão é ato administrativo, portanto sujeito a

normas administrativas;

• Existência de uma relação jurídica bilateral que prescinde da

anuência de ambas as partes;

• Ofensa à segurança jurídica;

• Inviabilização no mesmo regime de previdência;

• Ofensa ao equilíbrio atuarial;

• Enriquecimento ilícito. (SALVADOR, 2010).

Entretanto, mesmo com todos esses argumentos constitucionalmente

prováveis, entretanto a aposentadoria especial na dimensão jurídica vigente, não

deve ser restrita ao tecnicismo exacerbado, entretanto sua discussão deve

perpassar por uma compreensão social, embasados no direito social

constitucionalmente assegurado.

Ibrahim (2005) discorre que a segurança jurídica, de modo algum, poderia

significar a estagnação das relações sobre as quais há a incidência da norma

jurídica, mas, sim a garantia da preservação o direito, o qual pode ser objeto de

renuncia por parte de seu titular em prol de situação mais benéfica. Sem dúvida, o

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ato jurídico perfeito, à semelhança do direito adquirido, é uma garantia individual,

mas a vedação constitucional à sua exclusão não impede o acerto de relações

jurídicas no sentido da melhor adequação aos princípios fundamentais da Carta

Magna pátria.

Como fora descrito em todo o presente trabalho, as palavras de Leonardo

(2011), bem como o Decreto n. 6.208/07, onde se prevê a possibilidade de

desistência do benefício desde que o segurado requeira o arquivamento definitivo do

pedido antes da ocorrência de um dos seguintes atos: I – recebimento do primeiro

pagamento do benefício ou II – saque do respectivo Fundo de Garantia do Tempo

de Serviço ou do Programa de Integração Social, garantem aos beneficiários o

direito a desaposentação.

Tais preceitos constitucionais não podem ser interpretados buscando

prejudicar o cidadão. Considera-se ainda que as garantias do ato jurídico perfeito

visem assegurar a garantia do segurado, e não pode ser argumento para se impedir

a expectativa de um direito. ( LEONARDO, 2011)

Doutrinalmente, a jurisprudência atribui fomento a ciência jurídica, fornecendo

subsídios jurídicos para a construção do direito em sua vasta amplitude científica.

Para tanto, a jurisprudência assume postura orientadora e ainda determinadora de

posições.

Salvador (2010) esclarece nesse âmbito que nos entendimentos jurídicos do

cenário variável de permissibilidade e impossibilidade jurídica, com ou sem a

restituição das prestações auferidas, e baseando-se em tais oscilações do

entendimento, os Tribunais Regionais, detém competência recursal para a análise

do tema, amparando na condição jurídica da autarquia gestora dos benefícios

previdenciários, divergem, sobremaneira a cerca do assunto. Segundo Duarte

(2003):

Com a desaposentação e a reincorporação do tempo de serviço

antes utilizado, a autarquia seria duplamente onerada se não tivesse

de volta os valores antes recebidos, já que terá que conceder nova

aposentadoria mais adiante, ou terá que expedir certidão de tempo

de contribuição para que o segurado aproveite o período em outro

regime previdenciário. Com a expedição da certidão de tempo de

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contribuição, a Autarquia Previdenciária terá de compensar

financeiramente o órgão que concederá a nova aposentadoria, nos

termos dos art. 94 da Lei nº 8.213/91 e 4º da Lei nº 9.796, de

05.05.99. [...] (DUARTE, 2003)

Entretanto, é sabido que os valores recebidos durante o tempo de

aposentadoria seriam reservas direcionadas ao sustento do beneficiário durante o

restante de suas vidas, e garantiriam equilíbrio financeiro e atuarial do sistema

previdenciário. Cabendo conclusão de que não haveria necessidade de devolução

dos valores recebidos.

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4. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

No cenário atual, a partir da realidade brasileira em matéria de acidentes

do trabalho apresentam grande relevância econômico-social. Isso porque, de

acordo com os dados estatísticos internacionais, o Brasil tem o 4º posto mundial

em número de acidentes fatais e o 15º em números de acidentes gerais no

ambiente de trabalho e as decorrências de aposentadoria especial.

Conforme os dados obtidos no site da Previdência Social51 no ano de 2009

os riscos recorrentes dos fatores ambientais do trabalho provocaram cerca de 86

acidentes a cada hora, assim como uma morte a cada 2,5 horas de jornada de

trabalho diário.

A partir das fontes extraídas do artigo de Claudio Mascarenhas Brandão52

no que se alude à despesa previdenciária, se considerarmos exclusivamente os

gastos do INSS com benefícios acidentários, somados ao pagamento das

aposentadorias especiais nos casos das condições ambientais do trabalho, em

2010 houve um valor superior a R$14,20 bilhões/ano. Se adicionarmos

despesas com o custo operacional do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS)

às despesas na área da saúde e afins, verifica-se que o custo Brasil atinge valor

superior a R$66,80 bilhões/ano.

Neste estudo, entretanto, considerou relevante, utilizar o entendimento

jurisprudencial do artigo intitulado “Competência da Justiça do Trabalho para o

julgamento das ações regressivas acidentárias do INSS53. Nesta perspectiva, com o

desígnio de contribuir para a redução das maléficas consequências que procedem

dos acidentes do trabalho ocorridos nos ambientes de trabalho, o INSS,

representado processualmente pela Procuradoria-Geral Federal (PGF), vem 51 Previdência Social- Site: http://www.mpas.gov.br/ 52 BRANDÃO, Cláudio Mascarenhas. Acidente do trabalho: Controvérsia. Competência para julgamento da ação regressiva, decorrente de culpa do empregador. Palestra proferida no 15º Congresso Goiano de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, realizado de 19 a 21 de junho de 2008, no auditório da Universidade Católica de Goiás. Disponível em< http://portal2.trtrio.gov.br:7777/pls/portal/docs/PAGE/GRPPORTALTRT/PAGINAPRINCIPAL/JURIS RUDENCIA_NOVA/REVISTAS%20TRT-RJ/049/10_REVTRT49_WEB_FERNANDO.PDF> Acesso em 03 julho 2018. 53 Este texto é uma adaptação de artigo publicado na Revista Eletrônica nº 112, Ano vII, do TRT da 4ª Região. A temática exposta é resultado da obra Ações regressivas acidentárias, de minha autoria, publicada pela Editora LTr, em julho de 2010.

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desenvolvendo uma atuação proativa, concebida pelo desenvolvimento do número

de ações regressivas ponderadas em todo o País.

Segundo Fernando Maciel54 a controvérsia acerca da competência

jurisprudencial acerca da Justiça competente para o julgamento das ações

acidentárias do INSS se divide em posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais

adeptos à Justiça Estadual e à Justiça do Trabalho, tudo a depender da

interpretação dada ao art. 109, I, da CF/885.

A partir dessa peculiaridade Reginaldo Melhado55 leciona que:

Nas ações que envolvem invariavelmente, uma autarquia federal na

condição de autor o INSS, a solução para o problema está em desvendar a

interpretação correta do art. 109 da Constituição, para ter conhecimento se

essas causas regulam-se pela norma ou por uma das ressalvas previstas

nesse dispositivo constitucional.

Não obstante, passemos à apreciação de cada uma das correntes acerca da

competência para o julgamento das ações acidentárias do INSS.

O Entendimento minoritário competência da Justiça Estadual, este

entendimento é no sentido de que a competência para o julgamento das ações

acidentárias regressivas do INSS seria da Justiça Estadual. Os defensores dessa

corrente partem do pressuposto de que, no final do art. 109, I, da Constituição

Federal 88, o legislador constituinte de forma expressa eliminou algumas matérias

da competência da Justiça Federal, entre elas as possíveis causas de acidentes do

trabalho, as quais precisariam ser julgadas pela Justiça Estadual, nos termos do art.

129, II, da Lei 8.213/917, assim como com suporte no entendimento jurisprudencial

materializado nas Súmulas de nº 501 do STF8 e de nº 15 do STJ9.

Segundo Melhado, essa, no entanto, foi a posição seguida pelo Tribunal

Regional Federal da 3ª Região ao julgar o REOAC 2001.03.99.052262-510, ocasião

54 Procurador Federal em Brasília/DF, coordenador-geral de Matéria de Benefícios da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS, especialista em Direito de Estado pela UFRGS e autor do livro Ações regressivas acidentárias, pela editora LTr. 55 MELHADO, Reginaldo. Acidente do trabalho, guerra civil e unidade de convicção. Disponível em: <http://www.anamatra.org.br/downloads/competencia_acidente_trabalho_parecer_reginaldo_melhado.pdf>. Acesso em: 15 julho 2018.

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em que defendeu a inabilidade da Justiça Federal para julgar as ações acidentárias

do INSS.

Tais ações decorrem não se enquadrando no conceito de “causas de acidente

do trabalho” que a Constituição Federal 88 expressamente eliminou da competência

da Justiça Federal. Essas ações restringem-se às conjecturas em que um segurado

da Previdência Social demanda contra essa autarquia a fim de obter algum

benefício do acidente ocorrido, exceção essa que tem amparo na jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme

precedente a seguir transcrito:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

ACIDENTE DO TRABALHO. AÇÃO ACIDENTÁRIA AJUIZADA

CONTRA O INSS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM

ESTADUAL. INCISO I E § 3º DO ARTIGO 109 DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL. SÚMULA 501 DO STF56.

A teor do § 3º c/c inciso I do artigo 109 da Constituição Republicana,

compete à Justiça comum dos Estados apreciar e julgar as ações

acidentárias, que são aquelas propostas pelo segurado contra o

Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, visando ao benefício e

aos serviços previdenciários correspondentes ao acidente do

trabalho. Incidência da Súmula 501 do STF. Agravo regimental

desprovido. (REAGR 478472, 1ª Turma, Rel. Min. Carlos Ayres

Brito, DJ 1º/6/07)

Em artigo publicado no ano de 1996, não obstante o seu

entendimento pessoal de que “seria realmente desejável que o

legislador tivesse atribuído a competência para o julgamento dessas

ações regressivas à Justiça dos Estados, mais afeita ao deslinde das

questões de acidente do trabalho e das circunstâncias que o

envolvem”, Daniel Pulino11 já advertia acerca da incompetência da

Justiça Estadual para as ações regressivas acidentárias do INSS.

Desta forma, segundo Fernando Maciel discorre que à Justiça Estadual cabe

o julgamento das ações relativas ao acidente do trabalho (art. 129 da Lei nº

56 Competência da Justiça do Trabalho para o julgamento das ações regressivas acidentárias do INSS. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br>. Acesso em: 23 julho 2018.

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8.213/91), e não é a simplesmente a ocorrência destes que possibilita o uso da

ação regressiva em que nem será controvertido o acidente que já está mais do que

caracterizado e sim a imprevisão da empresa para que o Instituto se pague das

despesas havidas, tem-se que essas ações são relativos à responsabilidade civil,

não propriamente aos danos ocorridos nos acidentes do trabalho.

Ainda segundo Fernando Maciel, outra consideração a ser feita é da

competência da Justiça Estadual para julgar demandas em que o INSS se configure

como parte sendo uma exceção, e, como tal, há que ser interpretada de forma

restrita.

Maciel discorre que não cabe alargar o conceito de “causas de acidente do

meio ambiente do trabalho”, para nele inserir a figura, que lhe é incomum, da ação

regressiva, sob a penalidade de deferir-se o postulado básico do entendimento

jurídico.

Considerando que as ações do INSS não estão inseridas no conceito de

“ações acidentárias” que o art. 109, I, da Constituição Federal 88 eliminou a

competência da Justiça Federal, entende-se que a Justiça Estadual não é

competente para processar e julgar estas ações judiciais.

Por tratar-se de uma matéria de âmbito constitucional, a acepção das

competências jurisdicionais previstas nos arts. 109 e 114 da Carta Magna está

sujeita à palavra final a ser suprimida pelo Supremo Tribunal Federal. Em que ainda

não tenha julgado a matéria concernente à competência das ações acidentárias do

INSS, referida dos precedentes jurisprudenciais que devem nortear o

posicionamento a ser seguido.

Fernando Maciel salienta que se registra que já há jurisprudência sumulada

acerca da competência para os casos julgados das ações cuja causa de exorar seja

o descumprimento de normas de segurança do trabalho e a saúde. Refere-se o

enunciado nº 736, o qual apresenta a seguinte composição: “Compete à Justiça do

Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de

normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores”.

Seguindo esse entendimento jurisprudencial, ao ajuizar o Conflito de

Competência nº 7.204, conforme Fernando Maciel suscitado pelo Tribunal Superior

do Trabalho em detrimento do extinto Tribunal de Alçada, o Supremo Tribunal

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Federal decidiu que a Justiça do Trabalho é competente para ponderar as ações de

ressarcimento por dano material ou moral recorrentes dos acidentes do meio

ambiente de trabalho gerados por dolo ou responsabilidade dos empregadores.

Fernando Maciel enfatiza que a competência da Justiça do trabalho para

julgar ações reparatórias que foram desenvolvidas e aprimoradas, com o advento da

EC/45 de 2004, em relação ao que dispõe o inciso VI, no art. 114 da Carta Magna,

que leciona: “Compete a Justiça do Trabalho processar e julgar: VI- as ações de

indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho”.

RECURSO DE REVISTA - REPARAÇÃO CIVIL - DOENÇA

PROFISSIONAL - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO

EMPREGADOR 157. O constituinte, ao estabelecer os direitos dos

trabalhadores, previu duas indenizações, autônomas e cumuláveis: a

acidentária, a ser exigida do INSS, lastreada na responsabilidade

objetiva; e a de natureza civil, a ser paga pelo empregador, se

incorrer em dolo ou culpa. 2. No caso, a responsabilização do

Reclamado depende da caracterização do elemento culpa, pois as

atividades exercidas pela Reclamante em suas funções de bancária

não implicam em risco profissional a ser suportado pelo empregador

de forma objetiva. Aplica-se, portanto, a regra geral da

responsabilidade subjetiva. Recurso de Revista conhecido e provido"

(Processo RR n. 139300-85.2004.5.05.0611; Relatora Ministra: Maria

Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, DEJT 12/03/2010);"I. ...... II -

Recurso do reclamado - Dano material - Cumulação da pensão

mensal do artigo 950 do CC de 2002 com o benefício previdenciário.

1. Da doença profissional ou do acidente de trabalho emergem

conseqüências distintas, uma relacionada ao benefício-acidentário a

cargo do Instituto de Previdência social, em relação ao qual vigora o

princípio do risco social, e outra associada à reparação pecuniária

dos danos deles oriundos a cargo do empregador.

57 Competência da Justiça do Trabalho para o julgamento das ações regressivas acidentárias do INSS. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br>. Acesso em: 23 julho 2018.

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Fernando Maciel discorre que, para que apareça a obrigação do empregador

em pagar um ressarcimento por dano físico, moral ou material, decorrente de

acidente do trabalho inadequado, é imprescindível que, além da demonstração do

dano, tenha a ligação de causalidade entre suas atribuições e as ocorrências

executadas pelo empregado. Presente este elemento, estabelece a necessidade de

haver a prova de que o empregador cooperou doloso, para a ocorrência do acidente

do trabalho, nele abrangida a doença do trabalho e a doença profissional. Isto é,

aqui se sobrepõe a teoria da responsabilidade subjetiva do empregador.

Do mesmo modo, por não se cuidar de hipótese da responsabilidade objetiva

o empregador disposto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, a reparação

perseguida implica o concorrência dos seguintes requisitos: a) omissão ou ação do

empregador responsabilidade; b) lesão ou dano sofrido pelo empregado e c) relação

de cauda e efeito.

Vejamos o que dispõe o art. 927:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,

fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente

de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade

normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,

risco para os direitos de outrem.

Fernando Maciel discorre se inexistir prova entre as atividades

desempenhadas e o acidente do trabalho ou o dano, que acometeu o empregado,

tampouco de que tenha o empregador agido com culpa ou dolo sendo esta grave,

leve ou levíssima, segue-se imprópria a reparação que venha a ser impetrada contra

ele.

Por fim, do entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho,

observa-se que existe uma forte convergência de se condenar o empregador no

pagamento da compensação pelo acidente do trabalho desde que fique comprovada

no processo judicial a sua responsabilidade subjetiva pela ocorrência, isto é, surge a

responsabilidade caso seja confirmado ter este agido com dolo ou, então, com falta

de responsabilidade .

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5. CONCLUSÃO

A partir das análises realizadas na presente pesquisa, foi possível apreender

que o meio ambiente do trabalho faz parte do conceito geral de meio ambiente, pela

mais especializada doutrina. Compreendeu-se também que o mecanismo da

proteção jurídica ambiental latu sensu é o bem-estar, a segurança e a saúde, ou

seja, a qualidade de vida do indivíduo. Por esse motivo, o Direito ao meio ambiente

equilibrado compete à categoria dos Direitos de terceira dimensão, nos moldes do

slogan da Revolução Francesa, inspirado das três gerações de Direitos, que pode

ser representado pelo princípio da solidariedade princípio que é o ponto de partida

da conjectura de um estado socioambiental.

A proteção constitucional garantida ao meio ambiente do trabalho, com

enfoque ao seu equilíbrio, compreende os direitos humanos do trabalhador,

consubstanciando-se sua efetividade na própria segurança desse direito

constitucional.

Diante disso, é pertinente mencionar que o trabalhador almeja na atividade

laboral a ascensão aos bens de consumo necessários para manter sua vida, pelo

que não se pode ignorar consonância direta do labor com o artifício vital, pois para

que advenha o exercício do trabalho, o indivíduo não pode sofrer danos a sua

saúde, sem a qual o direito à vida não se ampara.

Deste modo, não faz sentido, o trabalhador se aposentar de modo especial e

voltar a desenvolver o seu trabalho de forma especial. Isso envolveria infração aos

direitos humanos e fundamentais, pois o desígnio da aposentadoria é fazer com que

o indivíduo se afaste de ambientes prejudiciais à sua saúde e fazer com que o

mesmo regresse a trabalhar em um meio ambiente de labor mais adequado, para

que a sua saúde não fique desfavorável a ponto de ocasionar-lhe danos

irreversíveis.

Assim, onde existir prejuízo ou dano ao trabalhador, a responsabilidade civil é

invocada para fundamentar a vontade de ressarcimento por parte daquele que

sofreu as consequências das adversidades. A partir disso, além de punir o desvio de

conduta e amparar o individuo, serve para desestimular o transgressor potencial, o

qual pode prever e até mensurar a gravidade da reposição que sua omissão ou ação

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poderá acarretar. Principalmente ao analisamos seus reflexos na esfera trabalhista,

levando em consideração que a responsabilidade subjetiva conduzida na culpa, no

ressarcimento das vítimas de acidentes de trabalho, uma vez que as mesmas não

conseguem demonstrar a transgressão do empregador.

Entretanto, ficou claro que embora a responsabilidade civil do empregador por

danos pessoais decorrente do meio ambiente de trabalho inadequado tenha se

tornado positiva e objetiva, prevalece ainda a responsabilidade subjetiva, sendo sua

aplicação limitada, sobretudo no âmbito trabalhista, em que somente será

sobreposta nas seguintes proposições: Em primeiro lugar, quando tratar-se de

doença ocupacional em função de condições especiais em que o trabalho é

efetivado e com ele esteja diretamente relacionada, desde que constante da

integração da Previdência Social e do Ministério do trabalho , em decorrência de

meio ambiente de trabalho inadequado, seja por não cumprimento dos princípios

técnicos de medicina e segurança do trabalho.

Em segundo lugar, na incidência de acidentes de trabalho, quando estiver

provada a consistência causal entre a atividade desenvolvida e o acidente e entre

este e a perda da diminuição da capacidade para o trabalho ou ainda a morte do

empregado, desde que, o acontecimento acidentário tenha decorrido de trabalho de

risco, condições inseguras de trabalho, ações do empregado ou empregador.

Algumas teorias analisadas no presente estudo defendem que nesta situação

o empregador deve indenizar os danos, pois foi ele quem admitiu os riscos da

atividade econômica e todas as suas consequências. Sendo os agravos

ocasionados aos empregados durante a jornada de trabalho, de responsabilidade do

possuidor dos meios de produção (neste caso o empregador), quaisquer

adversidades ocorridas serão arcados pelo preposto, não sendo relevante o aspecto

subjetivo de sua conduta.

Observou-se que outros doutrinadores defendem que a responsabilidade civil

do empregador é objetiva, porquanto o empregado é hipossuficiente e, deste modo,

compete a aquele provar que não agiu com dolo e não ao trabalhador provar a

legítima intenção da conduta do empregador. Contudo, não se deve confundir ônus

da prova com tipo de responsabilidade civil, porquanto são institutos completamente

diferentes. Desta forma, mesmo diante desta questão defende-se aqui a ideia que a

responsabilidade civil pelos acidentes decorrentes no trabalho é subjetiva.

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Além disto, deve-se ponderar que mesmo o empregador admitindo todas as

incidências ocorridas no exercício da atividade ele não deve ser responsabilizado

por procedimentos de terceiro alheio a relação jurídica contratual ou empregatícia.

Existe quem conteste o fato de que o empregador é quem deve ressarcir o

empregado e, depois, cumpra seu direito de regressão contra o agente causador do

incidente. Todavia se este terceiro não tiver capital ou patrimônio suficiente para

devolver ao empregador, este é quem ficará com o prejuízo meramente pelo fato do

acidente ter ocorrido durante o trajeto para o trabalho, percebe que tal situação é

desigual em relação as partes.

Apesar disso, verificou-se que a responsabilidade civil objetiva, entretanto

será afastada nos casos eventuais, força maior, responsabilidade exclusiva do

trabalhador, não tendo o empregador qualquer responsabilidade de reparar os

danos decorrentes de acidente de trabalho. Porém, o trabalhador terá direito aos

benefícios Previdenciários, menos, nos casos de autolesão.

Por fim, no âmbito previdenciário o Estado sai prejudicado, criando estruturas

protelatórios e utilizando-se da inadimplência para inutilizar o cidadão que contribuiu

no cumprimento de sua atividade remunerada e tem a expectativa de resguardo

previdenciário na ocasião de incapacidade, idade ou morte.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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