aspectos de flexibilidade na indÚstria de moda

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  • 7/31/2019 ASPECTOS DE FLEXIBILIDADE NA INDSTRIA DE MODA

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    ASPECTOS DE FLEXIBILIDADE NA INDSTRIA DE MODA EM CONFECONO BRASIL TEMPO DE RESPOSTA NA PRODUO DE MODA CASUALFEMININA.

    ELVIO CORRA PORTOORLANDO CATTINI JR.

    NDICE

    1. Introduo2. A Flexibilidade Como Fator

    Competitivo

    2.1.O que se entende porflexibilidade

    2.2.A importncia da flexibilidade2.3.Tipos de flexibilidade

    3. Flexibilidade na indstria de moda3.1.Consideraes gerais3.2.Fatores influentes na formao

    da demanda3.3.Flexibilidade e moda

    4. Objeto de Investigao -Formulao do objeto de pesquisa

    5. Metodologia de pesquisa6. Anlise do levantamento

    6.1.Caracterizao da amostra6.2.Criao e produo6.3.Tempos de resposta

    7. Concluses e recomendaes8. Referncias

    1. INTRODUO fato que a realidade atual se caracterizapelo acentuado ritmo com que se

    observam mudanas nos fatores quecondicionam a vida das pessoas e tambmpor uma crescente variedade de opes debens e servios para satisfazer suasnecessidades de consumo tradicionaisbem como aquelas emergentes de umcenrio em constante evoluo. Mudanasnos mercados podem significar muitascoisas; entre elas, uma elevao no graude incerteza sobre as condies dedemanda futura, tanto em termos de

    tamanho de mercado como em termos deconfigurao da concorrncia.Este fenmeno mundial tem motivadogrande parte dos trabalhos acadmicosrecentes. Alguns setores industriaisoferecem freqentes exemplos dosimpactos decorrentes dessa constantemutao de cenrios, assim comosolues interessantes e criativas paratratar essa questo e dela tirar proveito.Em geral, tais contribuies indicam que

    um requisito essencial para tratar asincertezas a existncia de flexibilidadenas operaes.Este trabalho dedica-se a explorar formascom que uma das indstrias maistradicionais em muitas economias a demoda em confeco lida com asquestes decorrentes da variabilidade nademanda e dos nveis de incerteza a elarelacionados.

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    2. A FLEXIBILIDADE COMO FATOR COMPETITIVO

    2.1.O QUE SE ENTENDE POR FLEXIBILIDADEA flexibilidade tem sido freqentemente apontada como um fator importante para o sucesso demuitos negcios no contexto atual. Em geral, a flexibilidade pode ser definida como a adaptaos exigncias do mercado. Segundo Slack e Lewis (2003,p.41), uma das possveis formas decaracterizar flexibilidade pela rapidez, facilidade e custos consumidos para mudar de umaatividade para outra.

    Bolwijn e Kumpe (1990, p.51), por sua vez, definem a empresa flexvel como aquela queoferece amplo e variado sortimento de produtos, acomodando a tendncia de individualizao daclientela afluente (traduo nossa). Segundo os mesmos autores, a flexibilidade adquiriu statusde fator competitivo crucial para as empresas desde o final da dcada de 70, quando ascapacidades de entregar um volume de produtos com qualidade, por si s, tornaram-seinsuficientes para garantir vantagem competitiva em um mercado ento super abastecido einternacionalizado. Os parmetros diferenciadores de desempenho anteriores fundamentalmenteeficincia e qualidade incorporam-se agora s condies bsicas necessrias para operao emum mercado agora mais impositivo em suas necessidades especficas. (BOLWIJN e KAMPE,1990, p. 46).

    Sem abandonar a perspectiva da eficincia, a operao flexvel ideal aqui definida, portanto,como a possibilidade de variar o produto final em funo das exigncias do mercado, aosmenores tempo e custo possveis. Identifica-se assim que a questo da flexibilidade estdiretamente associada a essas duas dimenses, pois no somente a mudana que importa, mas otempo e o custo que ela consome.

    Uma explorao um pouco mais profunda desse conceito faz emergir consideraes importantespara a anlise da flexibilidade. Em primeiro lugar, flexibilidade no tem dimenso absoluta, masse avalia em comparao a padres vigentes no setor e permitidos pelas possibilidadestecnolgicas e organizacionais disponveis. Tampouco permanente, pois as condies que aexigem ou permitem evoluem e, assim, uma operao hoje considerada flexvel pode no s-loamanh. Alm disso, variedade de produtos, custos e tempo de resposta devem estar alinhados aoobjetivo principal de atender necessidades emergentes do mercado. Ou seja, isoladamentenenhum desses fatores suficiente para configurar uma operao flexvel, sendo esta umacombinao relativa de todos estes fatores.

    2.2.A IMPORTNCIA DA FLEXIBILIDADEA relevncia da flexibilidade se insere na dinmica da evoluo dos mercados, caracterstica que marcante da realidade atual. Sua importncia se entende pela orientao voltada ao ambienteexterno, no intuito de absorver os desenvolvimentos em tecnologia, competio e mercados,necessrios para manter a competitividade estratgica (BOLWIJN e KUMPE, 1990, p.51).Gerwin (1993, p.396) salienta a importncia da flexibilidade operacional no contexto da incertezaque caracteriza a condio ambiental na qual operam as empresas. A necessidade de ser flexvelse impe s empresas pela impossibilidade que elas tm de conhecer e controlar antecipadamenteos fatores que determinam a demanda e a competio.

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    Acrescenta Gerwin (1993, p. 397), que a flexibilidade pode ser tanto uma resposta adaptativa scondies de incerteza de mercado como tambm uma fonte de diferenciao estratgica na qualempresas aceleram o ritmo de introduo de novos produtos no mercado e, assim, estabelecem

    vantagem competitiva pela criao de maiores incertezas para seus rivais. O que se extrai dadiscusso sobre a importncia da flexibilidade a sua insero no direcionamento estratgico daempresa como uma determinada configurao de recursos pela qual adquire capacidadesdistintivas que lhe garantem um diferencial competitivo em conformidade s exigncias doambiente.

    Se a flexibilidade se coloca a servio de capacitaes distintivas para lidar com as instabilidades eincertezas geradas por mudanas no mercado, sua importncia estratgica est diretamenterelacionada ao ritmo com que essas mudanas e evolues ocorrem. Mudanas podem advir deevolues na base tcnica/tecnolgica dos recursos produtivos, como tambm de alteraes nospadres de consumo, sendo que essas possibilidades no so mutuamente excludentes.

    2.3.TIPOS DE FLEXIBILIDADE

    A flexibilidade pode estar ligada a vrias dimenses de atividades das empresas, dependendo dascaractersticas do mercado que provocam as incertezas, bem como das capacitaes internas quetm ou desenvolvem para administr-la. Slack e Lewis (2003, p. 41) consideram quatro tiposprincipais de flexibilidade com foco nas operaes, como segue:

    a) Flexibilidade de produto/servio que resume a capacidade de lanar novosprodutos/servios ou promover mudanas nos existentes;

    b) Flexibilidade de mix representa a capacidade de alterar a linha de produtos/serviosdentro de um horizonte de tempo;

    c) Flexibilidade de volume como a capacidade de promover alteraes no volumeagregado da produo em resposta demanda;

    d) Flexibilidade de entrega que significa a capacidade de mudar as programaes deentregas, ainda que j assumidas ou contratadas.

    DiSerio e Duarte (2000) vo alm dessas categorias e elencam uma srie de outras dimenses,contemplando aspectos internos (relativos ao processo, recursos humanos e previso), derelacionamentos na cadeia produtiva (redes de suprimento e fornecedores) e direcionamentosestratgicos, entre outros. Nossa anlise, no entanto, prioriza os aspectos operacionais daflexibilidade j que estes englobam as dimenses que caracterizariam uma resposta flexvel noaspecto de resposta oferecida ao mercado, mostrando-se assim adequada ao objeto do presente

    trabalho.

    3. FLEXIBILIDADE NA INDSTRIA DE MODA

    3.1.CONSIDERAES GERAISEm que pese o fato do termo moda possa se referir a vrios aspectos da vida cotidiana taiscomo lugares, carros, ritmos musicais e mesmo atividades e hbitos, entre outros aquiestaremos tratando exclusivamente da sua aplicao na indstria de vesturio.

    O setor de moda em confeco sujeito a constantes necessidades de atualizao dos produtos. A

    par das variaes climticas entre as estaes do ano que determinam a sazonalidade da demanda

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    por produtos de caractersticas distintas, todo o sentido da moda est calcado na renovao deestilos, cores e tendncias, o que se traduz em necessidades de freqentes adaptaes dasempresas s exigncias do mercado. Formas atuais de moda decrescem em valor e sosubseqentemente abandonadas quando um novo significante oferece uma alternativa ao anterior,

    que melhor traduza as vontades do meio. Ou seja, a moda acontece em um ambiente plenamentefavorvel para se obter superioridade competitiva a partir da flexibilidade operacional.

    Os itens de vesturio incorporam elementos de funcionalidade fsica e abstrata. Sob um ponto devista de objetividade extrema, o vesturio tem por finalidade oferecer ao indivduo proteocontra os elementos do ambiente a que estaria naturalmente exposto e que so potencialmenteagressivos sua integridade fsica. H porm outras finalidades intangveis que configuram ocampo da moda. Ela tem a funo de classificar os indivduos em hierarquias sociais, em termosdo grupo a que pertence ou mesmo dos seus momentos de vida (DURAND, 1988, p.11). Essesentido reforado por Bergamo quando afirma que a a roupa significa algo, [] umaconstruo racionalizada: permite comunicar o sentido da posio do indivduo dentro da

    estrutura social, seu instrumento de realizao (BERGAMO, 1998, p. 139).

    3.2.FATORES INFLUENTES NA FORMAO DA DEMANDAA dimenso social da moda se reflete na composio da demanda, sendo em boa medidaresponsvel pelo nvel de incerteza com que se deparam os produtores de vesturio. Oestabelecimento da moda passa por aspectos objetivos e subjetivos de dimenses individuais(micro) e sociais (macro). como explorado por Cholachatpinyo et al (2002). Tendncias a partirde necessidades sociais (macro-subjetivo) se traduzem em direcionamentos estticos e funcionais.A indstria de moda capta essas necessidades sociais e interpretam as tendncias em conceitostangveis oferecidos aos consumidores (macro-objetivo). Os indivduos interagem com os objetos

    de moda no seu nvel micro-objetivo, buscando seu significado em termos dos conceitos sociaisque lhes fazem sentido. No entanto, as escolhas so tambm produtos de negociaes ntimasverificadas no nvel micro-subjetivo onde os indivduos interpretam os resultados das opes,negociando com a sua identidade prpria no sentido de atender suas necessidades ambivalentesde socializao e diferenciao.

    A aceitao da moda , portanto, fruto de um intrincado jogo de negociaes individuais doconsumidor consigo mesmo e com o mercado em torno das opes oferecidas. Praticamente amoda condiciona toda a oferta dos bens de vesturio, visto que todos os itens incorporam algumestilo, carregando uma dose de valor simblico social e so colocados no mercado merc dojulgamento individual.

    3.3.FLEXIBILIDADE E MODAEm sua dinmica tradicional, a moda se difunde a partir do pessoal voltado criao e produo(designers, manufaturas e pessoal de marketing, por exemplo) para o mercado e no no sentidoinverso. A idia predominante que o mercado (pblico consumidor) no informa ou no sabeexplicitamente o que deseja vestir na prxima estao, mas espera que interpretem suasnecessidades e desejos e apresentem alternativas positivamente surpreendentes. Nesse sentido,um grande desafio para os empresrios ligados ao setor de moda em vesturio saberantecipadamente o que as pessoas gostam ou gostariam de vestir (Bergamo, 1998) e, para isso,lanam mo de vrias fontes de inspirao que originalmente e muitas vezes so externas aos

    seus prprios negcios: podem ser informaes compradas de escritrios de estilismo (bureaux

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    de style), viagens para grandes centros internacionais criadores de moda (Paris, Milo e NovaIorque), revistas especializadas ou mesmo percorrendo as vitrines da concorrncia.

    Sob tal formulao, a confeco como negcio atua com condies acentuadas de incerteza no

    planejamento e definio de produtos, pelas seguintes razes:a) intangibilidade do valor percebido pelo mercado em decorrncia dos aspectos scio-

    psicolgicos envolvidos na escolha, como j discutidos;b) sazonalidade das vendas e instabilidades devidas a condies climticas e condies

    econmicas do mercado consumidor;c) obsolescncia dos produtos determinada pela sucesso de tendncias renovadoras dos

    estilos, cores e padronagens predominantes.d) Criatividade, funo que pode ampliar essas dificuldades, implicando ciclos mais longos e

    mais caros.

    A decorrncia natural dessa antecipao uma operao mais onerosa e com maiores riscos de

    no concretizar a venda dos produtos concebidos. Tambm diminui a possibilidade de reversodas decises tomadas em termos dos materiais escolhidos para compor a coleo caso algumanova tendncia conquiste a preferncia do mercado em detrimento daquela que se imaginava.Assim, a incerteza configura o prprio cenrio em que as decises relativas a produtos sotomadas, ano a ano, estao a estao. Nesse sentido, a flexibilidade operacional, em suasdiversas modalidades, se oferece como alternativa adequada para a atenuao dos riscos advindosdesse ambiente. Isso possvel de ser identificado claramente, em formas especficas dealinhamento de recursos e competncias entre os participantes da cadeia produtiva.

    Azuma (2002) apresenta o caso japons, no qual o paradigma da antecipao d lugar a umaproduo de moda com ciclos extremamente curtos e orientada fundamentalmente para

    tendncias que as confeces colhem dos prprios consumidores e que so independentes dosestilos propostos pelo main-stream internacional. A conexo direta com o distrito industrial deDongdaemum, na Coria, permitiu ao mercado japons de moda casual feminina que odesenvolvimento e a introduo de novos modelos fossem feitos em perodos aproximados deuma semana e em volumes suficientes para atender, com preos reduzidos, as demandasemergentes e. Por outro lado, o tipo de colaborao entre as manufaturas coreanas e os varejistasjaponeses forneceu condies para que as firmas de Dongdaemun melhorassem suas capacidadesem sintonia com os requisitos de design e qualidade do mercado japons.

    Conforme apresentado pelo autor, o distrito de Dongdaemun um centro de produo devesturio conhecido internacionalmente. Conta com um imenso nmero de pequenas unidades

    independentes (30.000 lojas e 50.000 manufaturas de tecidos, aviamentos e vesturio),caracterizadas pelo padro familiar de negcios operando individualmente em baixa escala, a seuprprio risco e com autonomia completa. Constitui uma rede de fornecimento e produoextremamente dinmica e flexvel. Por exemplo, insumos de produo so obtidos em 2 dias paraa entrega. A operao funciona virtualmente durante 24 horas, alternando os perodos deatendimento ao atacado e varejo. O sucesso dessa frmula de parceria permitiu a reproduo derplicas do distrito coreano em solo japons, redefinindo o padro de empresas e do prpriomercado.

    Um dos traos de destaque nesse modelo refere-se criao de novos produtos pelo prpriopessoal de vendas, a partir dos contatos com clientes, da observao de tendncias emergentes

    nas ruas, alm de inspiraes prprias. Em nenhum momento se sugere reduo no ritmo das

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    mudanas ou incertezas associadas a comportamentos mais estveis do mercado em relao aosapelos da moda. Ao contrrio, o mercado japons de moda feminina apresentado como bastanteexigente de variaes constantes, bem como as diferenas climticas entre as estaes sobastante marcadas.

    Todos esses fatores envolvimento dos clientes na concepo de modelos, multiplicidade defornecedores igualmente capacitados, produo economicamente vivel em baixa escala,manufaturas de estrutura familiar, concentrao geogrfica de fornecedores indicam aconfigurao da cadeia produtiva em favor de maior flexibilidade para o ajuste da produo aosrequisitos da demanda, com simultnea diminuio de riscos e custos.

    4. OBJETO DE INVESTIGAO - FORMULAO DO OBJETO DE PESQUISAA partir das questes levantadas acima, pretende-se aqui analisar empresas nacionais visandoidentificar indicadores de flexibilidade na produo de moda casual feminina em termos de

    prticas, conceitos e mecanismos utilizados no planejamento e concepo de novos produtos.

    A relevncia do tema se insere na busca de uma identidade nacional na produo de moda noBrasil, bem como de todos os esforos promovidos pelas empresas e rgos representativos dosetor no sentido de conquistar nveis superiores de competitividade internacional. Por exemplo, aAssociao Brasileira da Industria Txtil e de Confeco ABIT tem como objetivo explcitoconsolidar a identidade do produto brasileiro, tendo, para isso, criado o TexBrasil ProgramaEstratgico da Cadeia Txtil Brasileira. (www.abit.org.br). Esta tambm a tnica de reportagensde capa das revistas Exame (16/10/2002) e Amrica Economia (29/11 a 12/12/2002).

    Entende-se que a obteno de maior nvel de competitividade passa necessariamente pela

    garantia de flexibilidade nas operaes. Se, por um lado, o Brasil conta com recursos culturaisque lhe podem ser favorveis a uma criao de moda em termos de design, estilo e outros apelossubjetivos (a sensualidade, por exemplo), h outros fatores a serem considerados. O exemplonipo-coreano descrito por Azuma (2002) uma referncia das vantagens que se obtm de um tipode operao que privilegia a flexibilidade e propicia inegveis benefcios reais e tangveis aolongo de toda a cadeia, desde os consumidores, passando por varejistas e conceituadores de modae atingindo as manufaturas provedoras de materiais e servios.

    5. METODOLOGIA DE PESQUISAA partir das dimenses operacionais de flexibilidade identificadas e de interesse do presente

    trabalho, optou-se pela formatao de um questionrio para orientao de entrevistas semi-estruturadas com empresrios da produo de moda casual feminina. Identificou-se o ncleo deproduo concentrado no bairro do Bom Retiro na cidade de so Paulo, pela tradio que desfrutae pela grande concentrao de empresas de confeco naquela regio, fatores que a tornam umaimportante referncia como centro produo de vesturio de inspirao urbana.

    Proprietrios de confeces foram escolhidos (no aleatoriamente) para serem entrevistados porrepresentarem um elo crtico da cadeia, ou seja, aquele responsvel pela definio dos produtos e,portanto, diretamente vulnervel s vicissitudes de estilos que governam em boa medida omercado. Nessa mesma linha de raciocnio, preferimos nos concentrar no segmento de modafeminina, cuja sensibilidade aos apelos da moda , no mnimo, mais abertamente assumida e,

    portanto, um campo propcio para a observao dos aspectos escolhidos para a investigao.

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    Alm disso, a comparao com empresas de outros segmentos poderia comprometer acomparabilidade das informaes colhidas, caso estivessem sujeitos a diferentes nveis decomplexidade tanto em termos operacionais como em relao aos aspectos subjetivos desubmisso moda dominante.

    As variveis de investigao podem ser resumidas em trs grupos: (1) caracterizao da empresa,pelo que buscamos identificar o volume de produo mdio, a caracterizao dos produtos pelatica do prprio empresrio e alguns indicadores estatsticos; (2) enquadramento na cadeia desuprimentos, visando entender as formas de relacionamento a montante e a jusante que podemservir de fontes de flexibilidade; (3) processos da empresa, envolvendo a criao, o planejamentoe a produo, para o entendimento de como a incerteza incorporada no conjunto das decisesreferentes ao que, quando e quanto produzir.

    As consideraes aqui apresentadas foram obtidas do contato com 4 empresas representantes dosegmento de moda casual feminina, voltadas ao atendimento de demandas concentradas nos

    consumidores de classes de renda no muito elevada (classes B e C). A todos foi garantido plenoanonimato.A pesquisa ocorreu no ms de maio de 2003, perodo em que as empresas estavam empleno perodo de vendas de produtos de inverno.

    6. ANLISE DO LEVANTAMENTOA realizao das entrevistas exigiu que se realizassem vrias visitas ao Bairro do Bom Retiroonde se localizam as empresas da amostra. Estas ocasies foram tambm oportunidades deobservao para os pesquisadores, revelando alguns elementos que ajudam a caracterizar oquadro em que esta produo de moda ocorre. Basicamente, o seu ncleo se concentra em poucosquarteires, absolutamente tomados de lojas (inexistem prdios vagos), umas contguas s outras,

    dedicadas em sua quase totalidade moda feminina em vesturio, permeadas com algumas lojasde acessrios e rarssimas ocorrncias de confeces dedicadas moda masculina ou unisex. Solojas elegantes, bastante amplas, sem provador (venda por atacado), com 4 ou 5 atendentes nomximo e todas, sem exceo, contando com uma vitrine onde se expem as peas de maiorapelo fashion. frente, um cartaz usual indicando que ali se pratica apenas a venda poratacado. Outro fato tambm chamou a ateno: no perodo em que realizamos as visitas,praticamente no havia a exibio de modelos na cor azul, repetindo-se os marrons e vermelhosem vrias tonalidades, o que denota a fora com que se instalam as tendncias de moda para umaestao.

    6.1.CARACTERIZAO DA AMOSTRAAs empresas objeto dessa investigao foram muito acessveis s questes colocadas. Soconfeces cujo volume de produo gira em torno de 40 mil peas por ms, mas no limitada aessa quantidade. Produzem para um pblico que abrange mulheres de classe mdia superior, entreos 20 e os 40 anos de idade, embora todas opinies colhidas revelassem que a moda queproduzem no se diferencia pela faixa etria do pblico consumidor. Confeccionam sob marcasprprias e, alguns casos, tambm para terceiros. Todas as empresas da amostra esto aliestabelecidas h 10 anos como mnimo. As pessoas entrevistadas so mulheres, 3 imigrantescoreanas que conduzem seus negcios pessoalmente ou na companhia do marido, e 1 brasileirasem origem oriental que se ocupa exclusivamente da criao e estilo.

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    Um dos traos caractersticos comuns a todas as confeces desta amostra a terceirizaointegral da costura, executando-se internamente a criao, modelagem, pilotagem (confeco deamostras, ou peas-piloto), acabamento e controle de qualidade. Adotam uma poltica decolees curtas, de menor escala para cumprir o compromisso tcito com a clientela de apresentar

    novidades a cada semana. Em mdia, so lanados entre 50 e 80 novos modelos por ms, nmeroesse que varia entre as confeces, bem como em funo da complexidade dos modelos e daestao do ano. O vero mais propcio para o setor. A freqncia dos lanamentos, segundo asopinies coletadas, o fator mais importante de atratividade de compradores para a regio.

    Nenhuma das empresas da amostra possui recursos de tecnologia da informao que sejamimportantes para a gesto dos seus negcios. No possuem site na internet ou o abandonaram.No disponibilizam facilidades desse tipo aos clientes para as compras, nem utilizam meioeletrnico para relacionar-se com fornecedores.

    6.2.CRIAO E PRODUOAs inspiraes dos modelos lanados so tiradas principalmente de revistas especializadas emapresentar os lanamentos internacionais de estilistas com renome internacional, alm de outraspublicaes locais na mesma linha. Todos os entrevistados ressaltam a necessidade dedesenvolver um senso de observao aplicado. Como explica uma das entrevistadas, eu tenho de ver todos os tipos de revista que se pode imaginar, das mais elitizadas s mais populares.Tudo eu leio[mas] s vezes voc pode ver um monte de revistas e no saber pegar osignificado daquilo. A atualizao das tendncias tambm conseguida em viagens que essesempresrios realizam periodicamente a centros internacionais de moda, principalmente NovaIorque e Paris. Essa prtica comum no meio, mas com freqncia varivel. Uma dasentrevistadas declarou que chega a ir 8 vezes no ano para se atualizar em Nova Iorque, enquanto

    outra afirma viajar em mdia 3 vezes para a Europa com a mesma finalidade.

    Todas as empresas da amostra trabalham com uma variedade muito grande de fornecedores deservios de costura, tecidos e aviamentos. Utilizam tecidos nacionais e importados, compradosdiretamente das tecelagens ou importadores, respectivamente. A importao direta se mostrainvivel para os seus volumes de produo, pois as quantidades mnimas impostas lhes soexcessivas em relao aos volumes de produo de cada modelo. Duas confeces da amostra,que se identificam como especializadas em roupas de malha, so positivas em afirmar que aproduo nacional desse tipo de tecido superior ao que tm disponvel pela importao. Outroponto importante que, em alguns casos, essas empresas chegam a fazer desenvolvimento detecidos exclusivos em cores e/ou padronagens, denotando preocupao com a diferenciao e at

    mesmo com a sofisticao de seus produtos. Em suma, exceto nesses casos de desenvolvimentoexclusivo, a oferta de tecidos satisfatria e no configura um constrangimento de prazo produo, pois corresponde s mesmas tendncias que as confeces seguem. O que astecelagens tm a oferecer, via de regra, atende ao que as confeces precisam.

    H queixas, no entanto, com relao s oficinas de mo-de-obra e aos fornecedores deaviamentos. A estes ltimos se atribui pouco interesse em atualizar-se e desenvolver novasopes no mesmo ritmo com que a moda evolui. Nunca se tem na mo o que se precisaQuando se quer trabalhar com um aviamento que se v l fora, ele no est disponvel, sendoque esses componentes para os confeccionistas tm uma importncia grande. o que faz adiferena, no nosso caso.

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    Com relao s oficinas de costura, as queixas apresentadas so um pouco difusas. No sereferem necessariamente a aspectos mensurveis como ndices de defeitos, por exemplo. O quetransparece na opinio das entrevistadas que as oficinas oferecem pouca segurana quanto aocumprimento de prazos. Isso particularmente importante porque freqentemente as confeces

    se vem obrigadas a promoverem mudanas significativas nas linhas de produtos disponveis,caso determinada condio climtica no se concretize: esse ano, por um acaso, o frio veiomais cedo. No meu caso, eu tinha feito mais roupas de manga curta, esperando que o friochegasse tarde, s que ele chegou cedo e eu estava despreparada. Ento tive que mudar todo ocronograma, mandar fazer rapidamente roupas de mangas longaspara atender meus clientes.O mesmo vale quando alguma moda emerge de um fato social imprevisto, como por exemplo apopularidade de uma personagem de grande evidncia na mdia de massa, com estilo particular ediferenciado.

    6.3.MERCADO E PREVISES DE DEMANDAO bairro do Bom Retiro supre o varejo de moda feminina em mbito nacional, atraindo tambmalguns compradores internacionais, provenientes principalmente de pases da Amrica do Sul.Em sua macia maioria, so donas de butiques localizadas no Brasil inteiro que recorrem quelecentro para abastecer-se de novidades. H clientes no poucos que visitam a regiosemanalmente, mesmo vindos de outros estados. As exportaes so pouco expressivas para asempresas da amostra, feitas principalmente por meio de consrcio que engloba alguns produtoresda regio.

    Essa afluncia constante de pblico permite que as empresas adotem uma postura maisconservadora na definio de quantidades a se produzir. Produz-se um pouco de cada vez e aevoluo das vendas vai oferecendo informaes importantes quanto ao que merece ser repetido e

    tambm ao que deve ou no ser lanado: Toda hora tem que trocar informao com asvendedoras. Por exemplo: o que est vendendo? Calas? Ento, em vez de cortar vestidos, eucorto mais calas. O corte dos tecidos corresponde a uma etapa crucial para a flexibilidade daproduo, porque corresponde parte que no permite retrocessos.

    A postura conservadora tambm observada na composio das linhas de produtos. Os itensconsiderados bsicos, que incorporam menos elementos diferenciados e menos marcados pelastendncias daquela estao, compem, segundo as entrevistadas, 60% a 70% da coleo: o maisimportante ter um recheio de base para se fazer aquilo que dia-a-dia, caf-com-leite, arroz-com-feijo mas tem que ter o diferenciado tambm para atrair o cliente, porque ele entra pelodiferenciado mas na hora de comprar, ele vai comprar 70% a 80% do bsico e 30% a 20% do

    diferenciado.Como diz outra entrevistada, 5% so perfumaria mesmo; se vender, vendeu.Mas se no vender, no vo fazer falta.Mesmo assim, afirma que esses 5% de itens maisfashion so necessrios porque fazem parte do encantamento do cliente. Outro aspectoimportante que induz a esse conservadorismo o fato de que essas confeces devem sempre terdisponveis produtos que sejam adequados a uma grande diferenciao climtica entre as regiesdo pas, fato esse que especialmente crtico para as colees de inverno.

    As questes levantadas quanto gesto dos clientes e da demanda merecem tambm ateno.Algumas empresas da amostra afirmam que garantem exclusividade a determinados clientesdentro de uma rea de influncia, para evitar conflitos de interesses e popularizao excessiva damarca. Mesmo assim, no demonstraram exercer um acompanhamento sistemtico das vendas

    efetuadas para cada cliente, nem para os mais importantes por freqncia e/ou volume.

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    Tampouco h evidncias claras de criar maior envolvimento com a clientela, seja como fonte deinformao sobre o que produzir, seja para oferecer algum tipo de assessoria que gere vnculosmais fortes com os clientes para afast-los da concorrncia. A atrao que procuram exercersobre a clientela se sustenta no trip preo-qualidade-variedade.

    6.4.TEMPOS DE RESPOSTAAs informaes relativas aos prazos consumidos entre a concepo de um novo modelo e a suadisponibilidade em loja, mostraram-se bastante diferentes entre as empresas da amostra. Comoafirmam as entrevistadas, o tempo necessrio depende da complexidade do modelo, dadisponibilidade do material para produzi-lo, da poca do ano e da pressa envolvida na suanecessidade. Como referncia mdia, afirmam serem necessrios algo em torno de 45 a 60 diaspara cumprir a contento todos os passos compreendidos no lanamento (modelar, pilotar, obter omaterial, cortar, costurar, fazer acabamento e embalagem), desconsideradas situaes extremasde complexidade do produto, quando se soma ao prazo mdio citado, o de outras etapas, como

    tingimento e estamparia, por exemplo.

    No entanto, h muitas evidncias de que esse perodo pode ser comprimido, em resposta ssituaes extraordinrias mencionadas em item anterior e que, segundo as entrevistadas,ultimamente no tm sido to extraordinrias assim, apesar de declararem com firmeza quedecorrem de medidas isoladas para atender uma necessidade especfica encontrada no momento,exigindo grandes esforos de superao. Nesses casos, poucos modelos so gerados s pressaspara contornar um problema, ou aproveitar uma oportunidade de oferecer opes clientelaque est motivada por determinado acontecimento espordico.

    7. CONCLUSES E RECOMENDAESComo ressaltado inicialmente, consideraes quanto flexibilidade devem ser feitas levando emconta que esta uma caracterstica de dimenso relativa. A anlise do levantamento efetuado comas empresas da nossa amostra nos permitiu identificar bons indicadores de flexibilidade nasoperaes, que se evidenciam em algumas caractersticas comuns, tais como:

    a) produo de mini-colees que vo sendo adaptadas de acordo com as necessidades domomento;

    b) produo de lotes pequenos e em perodos curtos;c) oferta de grande variedade de produtos com renovao constante;d) composio do mix de produtos para controlar os riscos da incerteza;e) utilizao de mltiplas opes de fornecimento;

    f) capacidade de reagir a situaes imprevistas na demanda, em tempo hbil para nocomprometer o abastecimento.

    Essas caractersticas se enquadram nos tipos de flexibilidade identificados na literatura. Produtos,mix, volume e entrega so administrados em conformidade s variaes da demanda. Porm,mais importante que isso o fato de que a mentalidade desses empresrios entende claramente ascondies de incerteza a que seus negcios esto sujeitos e esto em constante busca de novasfontes de flexibilidade para contornarem essa situao.

    Entre os fatores de produo, os servios de costura so apontados como um principal limitantepara a comprimir prazos e, conseqentemente, aproximar mais a produo do consumo. Uma

    investigao especfica se faz conveniente para identificar os pontos de dificuldade que as

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    oficinas de costura terceirizadas enfrentam para atingir um desempenho mais satisfatrio. Danossa pesquisa surge a hiptese que o fator limitante a pouca flexibilidade na capacidade deoperao simultnea de 2 gargalos: atender as necessidades emergentes concorrendo com asprogramaes previamente estabelecidas.

    A nossa amostra revelou que a moda desenvolvida pelas confeces do Bom Retiro apresentaconsiderveis traos de sofisticao, que se constata por vrios fatores: a esttica das lojas, asfontes de referncia e informao e tambm a dependncia de aviamentos especficos queconferem os detalhes diferenciadores aos modelos desenvolvidos, entre outros. Essa umacaracterstica que tambm contribui negativamente para uma produo mais rpida. Osaviamentos, normalmente, so itens de baixssimo valor agregado e que, portanto, dependem deescala de produo e dificilmente justificariam serem desenvolvidos para atender necessidadesespecficas de uma ou poucas confeces que optassem por uma diferenciao neste item.

    Nossa pesquisa tem um carter predominantemente exploratrio. Oferece significativos indcios

    sobre o cenrio da moda em confeco no Brasil e de como as empresas atuantes nesse setor seorganizam para tratar a incerteza que lhe inerente . A amostra no entanto, reduzida e nopermite grandes generalizaes, para o que se faz necessrio um aprofundamento das questesaqui tratadas, bem como contemplar outros elos da cadeia, a montante e a jusante.

    Uma comparao direta com o caso do distrito industrial coreano encontrado na literatura no possvel porque, como visto, os tempos consumidos na produo de moda so diretamenterelacionados ao grau de sofisticao do produto e no se dispe de detalhes suficientes paraavaliar se o que se produz no Bom Retiro equivale em complexidade ao tipo de confecodesenvolvido naquele plo produtivo. Porm verifica-se que o caso brasileiro tem uma estruturadistinta, pela existncia da figura do atacadista representado pelas empresas da nossa amostra,

    que intermedia o comrcio varejista e a produo fsica do vesturio desempenhando importantepapel na distribuio mas adicionando maior nvel de risco para a cadeia como um todo.

    Esse elo se justifica pela lgica que comanda toda a produo de moda: a necessidade dealinhamento a tendncias estrangeiras, que so definidas com antecipao e distncia dosdesejos e necessidades do pblico consumidor local. Se a produo da moda no Brasil como umtodo se empenha na busca de uma identidade nacional, parece possvel afirmar que o consumidorbrasileiro ainda no exerce papel direto na definio da moda que lhe oferecida. E o tipo demoda que produzimos est sujeito a dificuldades oriundas da mentalidade que impulsiona omercado: dizer para o consumidor o que ele deve usar.

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