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As edificações e os detalhes construtivos voltados para o manejo de dejetos na suinocultura 8 Documentos ISSN 0101-6245 Junho, 2006 A AS S E E D DI I F F I I C C A AÇ Ç Õ ÕE E S S E E O OS S D DE E T T A AL L H HE E S S C CO ON NS S T T R RU UT T I I V V O OS S V V O OL L T T A AD DO OS S P P A AR R A A O O M M A AN N E E J J O O D DE E D DE E J J E E T T O OS S N N A A S S U UI I N NO OC CU UL L T T U UR R A A Ministério do Meio Ambiente Secretaria Executiva Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DA SUINOCULTURA EM SANTA CATARINA 113

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  • As edificações e os detalhes construtivos voltados para o manejo de dejetos na suinocultura

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    Documentos ISSN 0101-6245

    Junho, 2006

    AASS EEDDIIFFIICCAAÇÇÕÕEESS EE OOSS DDEETTAALLHHEESS CCOONNSSTTRRUUTTIIVVOOSSVVOOLLTTAADDOOSS PPAARRAA OO MMAANNEEJJOO DDEE DDEEJJEETTOOSS NNAA

    SSUUIINNOOCCUULLTTUURRAA

    Ministério do Meio AmbienteSecretaria ExecutivaPrograma Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II

    PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DASUINOCULTURA EM SANTA CATARINA

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    República Federativa do BrasilPresidente: Luiz Inácio Lula da SilvaVice-Presidente: José Alencar Gomes da Silva

    Ministério do Meio AmbienteMinistra: Marina SilvaSecretário-Executivo: Cláudio LangoneDiretor de Articulação Institucional: Volney Zanardi Júnior

    Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável do Estado de Santa CatarinaSecretário de Estado: Sérgio de Souza Silva

    Fundação do Meio Ambiente - FATMA/SCPresidente: Jânio Wagner Constante

    Embrapa Suínos e AvesChefe-Geral: Elsio Antonio Pereira de FigueiredoChefe-Adjunto de Comunicação e Negócios: Claudio BellaverChefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Terezinha Marisa BertolChefe-Adjunto de Administração: Dirceu Benelli

    Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II

    Coordenação Geral do Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA IICoordenadora Geral: Lorene Bastos Lage

    Componente Gestão Integrada de Ativos AmbientaisCoordenadora: Adriana M. Magalhães de Moura

    Coordenação Estadual do Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA IICoordenador: Luiz Antônio Garcia Corrêa

    Coordenação Estadual do Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais - PNMAIICinthya Mônica da Silva Zanuzzi: Fundação do Meio Ambiente – FATMA/SC

    Coordenador Técnico do Projeto Suinocultura Santa CatarinaPaulo Armando Victória de Oliveira: Embrapa Suínos e Aves

    Agradecimentos especiais:Regina Gualda: Coordenadora Geral do PNMAII de 2000 a 2005.Maricy Marino: Coordenadora do Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais doPNMAII de 2000 a 2003.Darci Oliveira de Souza: (Coordenadora do Componente Gestão Integrada de AtivosAmbientais do PNMA II – 2002 a 2004).Adroaldo Pagani da Silva: Coordenador Operacional do Projeto Suinocultura Santa Catarina(2002-2004).Alexandre Ferrazolli Camargo: Técnico Responsável pelo Projeto no estado de SantaCatarina.

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    AASS EEDDIIFFIICCAAÇÇÕÕEESS EE OOSS DDEETTAALLHHEESS CCOONNSSTTRRUUTTIIVVOOSSVVOOLLTTAADDOOSS PPAARRAA OO MMAANNEEJJOO DDEE DDEEJJEETTOOSS NNAA

    SSUUIINNOOCCUULLTTUURRAA

    Paulo Armando Victória de OliveiraAdroaldo Pagani da Silva

    Ministério do Meio AmbienteSecretaria ExecutivaPrograma Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II

    Concórdia, SC 2006

    PROJETO DE CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DECORRENTE DASUINOCULTURA EM SANTA CATARINA

    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCentro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves

    Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

    ISSN 0101-6245Junho, 2006

    Documentos 113

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    Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

    Embrapa Suínos e Aves

    Caixa Postal 21

    89.700-000, Concórdia, SC

    Telefone: (049) 3441 0400

    Fax: (049) 3442 8559

    http://www.cnpsa.embrapa.br

    Revisão Técnica: Cícero J. Monticelli, Martha M. Higarashi, Cláudio Miranda

    Coordenação Editorial: Tânia Maria Biavatti Celant

    Editoração Eletrônica: Simone Colombo

    Normalização Bibliográfica: Irene Z. Pacheco Camera

    Fotos: Paulo Armando Victória de Oliveira

    1ª edição

    1ª impressão: 2006 - Tiragem: 1.000 unidades

    Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, notodo ou em parte, constitui violação dos direitosautorais (Lei nº 9.610).

    Oliveira, Paulo Armando Victória de As edificações e os detalhes construtivos voltadospara o manejo de dejetos na suinocultura. / PauloArmando Victória de Oliveira, Adroaldo Pagani da Silva. -Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2006.

    40p.; 29cm. – (Documentos/Embrapa Suínos e Aves,ISSN 0101-6245; 113)

    Projeto de Controle da Degradação AmbientalDecorrente da Suinocultura em Santa Catarina;Programa Nacional do Meio Ambiente II – PNMA II doMinistério do Meio Ambiente.

    1. Gestão-ambiental. 2. Suinocultura - instalações –manejo dos resíduos. I. Silva, Adroaldo Pagani da. II.Título. III. Série.

    CDD 628.7466

    Embrapa 2006

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    INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES PROJETO SUINOCULTURASANTA CATARINA

    Unidade de Coordenação Estadual PNMA IISecretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável – SDS

    Unidade de Coordenação Estadual do Componente Gestão Integrada de AtivosAmbientaisFundação do Meio Ambiente – FATMA

    Unidade Executora – Técnica e FinanceiraEmbrapa Suínos e Aves (2002 – novembro de 2005)Fundação do Meio Ambiente – FATMA (Dezembro de 2005 2006)

    Unidades Co-ExecutorasFundação do Meio Ambiente – FATMASecretaria de Estado da Agricultura e Política Rural – SAREmpresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC – EPAGRI

    Parceiros

    AssociaçõesAssociação Catarinense dos Criadores de Bovinos de Santa Catarina – ACCB/SULAssociação Catarinense dos Criadores de Suínos de Santa Catarina – ACCS/SUL

    Instituições de EnsinoColégio Espaço LtdaEscola Agrotécnica Federal de Concórdia – EAFCUniversidade do Contestado – UnCUniversidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESCUniversidade do Sul de Santa Catarina – UNISULUniversidade Federal de Santa Catarina – UFSC

    AgroindústriasCooperativa de Produção e Consumo Concórdia Ltda – CopérdiaSadia S.A.

    PrefeiturasPrefeitura Municipal de Concórdia através da Fundação Municipal de Defesa do MeioAmbiente- FUNDEMAPrefeitura Municipal de Braço do Norte – PMBN

    SindicatosSindicato Rural de Braço do Norte- SRBNSindicato dos Trabalhadores Rurais de Braço do Norte SC – STRBN

    OutrasGrupo Ecológico Ativista Sul Catarinense – GEASCGerência Regional de Educação de Braço do Norte SC – 20ª GEREICentro Integrado de Ciências da Região Sul de Santa Catarina – CINCRES

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    AUTORES

    Paulo Armando Victória de OliveiraEng. Agrícola, Dr.Pesquisador da Embrapa Suínos e AvesBR 153, km 110, Caixa postal 21, CEP: 89.700.000Concórdia – [email protected]

    Adroaldo Pagani da SilvaEng. Civil, MSc.Consultor técnico do projetoFlorianópolis - SC

    Agradecimento

    Os autores agradecem ao Ministério do Meio Ambiente-MMA e ao Banco Mundial (BIRD), pelofinanciamento desta publicação e pela implantação do Projeto Suinocultura Santa Catarina,integrante do Componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais do Programa Nacional deMeio Ambiente II – PNMA II, que viabilizou a implantação de diferentes tecnologias comounidades demonstrativas de alternativas para a minimização das questões ambientais.

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9

    2 EDIFICAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DE SUÍNOS........................................................... 102.1 Localização das edificações....................................................................................... 102.2 Dimensões das edificações........................................................................................ 112.3 Características das edificações.................................................................................. 12

    2.3.1 Cobertura das edificações e divisórias laterais................................................ 142.3.2 Pisos usados na suinocultura.......................................................................... 16

    3 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS ................................................................ 19

    4 SISTEMAS DE MANEJO DE DEJETOS............................................................................ 19

    5 CONTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO VOLUME DE DEJETOS .. 21

    6 ESTERQUEIRA PULMÃO .................................................................................................. 23

    7 ARMAZENAMENTO DE DEJETOS LÍQUIDOS ................................................................. 24 7.1 Estimativa da demanda de água pelos suínos .......................................................... 26 7.2 Estimativa do volume de resíduos produzidos ......................................................... 287.3 Estimativa do volume da esterqueira ....................................................................... 31

    8 ASPECTOS DE ENGENHARIA ENVOLVENDO A CONSTRUÇÃO DE ESTERQUEIRAS ........................................................................................................ 35

    9 CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................................... 37

    10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 38

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    1 INTRODUÇÃO

    As edificações desenvolvidas para a produção de suínos e instaladas nosEstados do Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul, foram construídas com afinalidade de adaptar as instalações ao clima existente e de se obter ganhoszootécnicos e econômicos significativos, tornando a suinocultura uma das atividadesagropecuárias mais importantes desses Estados. Apesar dos significativos ganhoseconômicos conquistados, a suinocultura desenvolveu-se sem maiores cuidados comas questões relativas ao meio ambiente. O resultado é que hoje, mais de 65 % daspropriedades suinícolas estabelecidas estão em desacordo com a legislação ambientalvigente, sendo enquadradas no Código Florestal e/ou no Código Sanitário (Lindner,1999; Embrapa Suínos e Aves, 2003).

    As edificações são um dos fatores mais importantes no planejamento dossistemas de produção de suínos, porque depois de construídas, torna-se difícil eonerosa qualquer mudança estrutural. Apesar dos resultados alcançados com aprodução de suínos nos três Estados do Sul, tanto em genética, como emprodutividade e qualidade de carnes, os sistemas de produção implantados sãoaltamente impactantes, causando problemas ambientais e comprometimento daqualidade das águas superficiais e subterrâneas nas regiões produtoras. A dicotomiacausada com sistemas produtivos competitivos e altamente poluentes, certamentelevará à insustentabilidade se medidas corretivas e reparatórias não forem tomadas(Oliveira & Silva, 2004).

    Os sistemas de produção de suínos praticados atualmente possuem umelevado potencial poluidor, em conseqüência, principalmente da falta de padronizaçãodas edificações, da gestão ineficiente das águas pluviais e servidas e do manejo dosdejetos e resíduos produzidos.

    O ambiente construtivo, por condicionar o comportamento e o desempenho dosanimais, acaba por influir, direta ou indiretamente, sobre o volume de dejetosproduzidos, o seu poder poluente e o fluxo de manejo. As perdas de nutrientes atravésdas fezes e urina demonstram que a eficiência do processo de digestão do suíno élimitada, o que faz com que a suinocultura seja considerada como uma “atividade degrande potencial poluente” e uma fonte constante de conflito. A exigência de métodosmuito sofisticados para seu tratamento pode engendrar problemas cada vez maiscomplexos e de difícil solução.

    A chave para a adequação ambiental dos dejetos de suínos passa, não só porum bom planejamento nutricional associado a excreção de nutrientes, mas tambémpela coleta, armazenamento, tratamento dos resíduos, transporte e disposição finaldos efluentes, como também, pela adequação do ambiente construtivo da edificação.

    O ambiente interno por afetar o consumo, o comportamento e o desempenhoanimal influi, direta ou indiretamente, sobre o consumo de ração e de água,comportamento excretório e ganho de peso, entre outros.

    A concepção de um projeto de edificação que assegure o conforto ambientaldos animais, um adequado fluxo operacional e o controle mais efetivo dos efluentesgerados é o primeiro passo para a resolução das questões ambientais geradas nossistemas de produção de suínos.

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    Entretanto, mesmo os novos projetos das edificações evoluíram pouco nosentido da preservação e conservação dos recursos naturais, apresentandofreqüentemente os mesmos problemas de construção e de manejo dos resíduos.

    O objetivo deste trabalho é apresentar alguns aspectos construtivos relevantespresentes nas edificações de sistemas de produção de suínos, do ponto de vista dedetalhes construtivos e de obras de engenharia necessárias, sendo que asrecomendações aqui descritas fazem parte dos novos conceitos estabelecidos dentrodo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e das boas práticas na produção desuínos.

    2 EDIFICAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DE SUÍNOS

    2.1 Localização das edificações

    O local onde será implantado o sistema de produção de suínos deve serescolhido com cuidado. As edificações devem ser projetadas visando o maioraproveitamento dos recursos naturais, como a ventilação, ao mesmo tempo em queatenda a legislação, quanto às distâncias das fontes de água, dos rios, das estradas edas divisas. O local escolhido deve ser bem drenado e ventilado, elevado e comdeclividade que facilite o escoamento das águas pluviais e a retirada dos resíduoslíquidos (Institut Technique du Porc, 2000; Oliveira, 2004). Na escolha da localização dasedificações deve-se considerar a legislação vigente em cada Estado quanto asdistâncias das fontes de água, das divisas, dos cursos de água e das moradiasexistentes, para o caso de Santa Catarina consultar a Instrução Normativa IN-11(FATMA, 2004).

    As edificações devem ser localizadas em terrenos secos, prevendo sistemasde drenagem para evitar infiltrações de água e aumento da umidade nas instalações.Edifícios posicionados em cortes de terra com formação de taludes eventuais, devemser distanciadas, destes, em torno de 5 vezes a altura do talude, para favorecer aventilação natural, evitar sombreamentos e contribuições das águas pluviais aosdejetos e às edificações.

    Recomenda-se que na construção da edificação a orientação do seu eixoprincipal em relação a orientação solar, seja o sentido leste–oeste. Esta orientaçãodeve ser realizada por profissional habilitado, tendo o cuidado de determinar o sentidoverdadeiro da orientação solar e o ângulo de defasagem em relação à orientação donorte magnético, para o posicionamento correto da edificação em relação aomovimento diário do sol. Devem ser evitados grandes aterros, pois se existentes e nãobem executados, poderão causar problemas estruturais nas edificações (Oliveira &Fialho, 2000; Sobestiansky, et al. 2003).

    Em regiões onde o clima é quente na maior parte do ano, as edificações devemser abertas para propiciar maior ventilação natural. Em regiões onde predomina o climafrio, deve-se proteger a maternidade e a creche com cortinas e forros. Nas demaisfases devem-se manter as edificações abertas, somente protegendo os animais dosventos predominantes no inverno com o uso de cortinas plásticas.

    As edificações devem ser planejadas visando uma integração com a paisagemlocal, desde sua localização, assim como a escolha dos materiais para a cobertura e as

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    paredes, a pintura e a combinação de cores para uma perfeita harmonia com anatureza local (Institut Technique du Porc, 2000).

    2.2 Dimensões das edificações

    Não existe padronização nas dimensões (largura, comprimento e altura) dasedificações, adotando-se as mais variadas combinações. Porém, recomenda-se que alargura não deve ultrapassar 12 metros, para facilitar a ventilação natural e evitarproblemas com a umidade interna. O comprimento também não deve ultrapassar 100metros para facilitar o manejo e deslocamento interno de resíduos e de animais.

    O dimensionamento das baias internas deve obedecer às recomendações paraa criação dos animais, nas diferentes fases produtivas, com o objetivo de evitar osseguintes problemas: desconforto animal; queda da produtividade; desconforto para ostrabalhadores; aumento de custo das edificações; dificuldade de manejo dos animais eredução no lucro dos produtores.

    O pé-direito dos prédios deve ter altura no mínimo de 2,80 m quando cobertocom telhas de barro e 3 m, quando coberto com telhas de fibrocimento, neste caso,deve-se usar a cumeeira ventilada, para facilitar a retirada do ar quente do interior dasedificações (Oliveira, 1993).

    O uso de forros ventilados aumenta a resistência térmica da cobertura,reduzindo o ganho de calor provocado pela cobertura no interior da edificação epossibilitando a utilização de pé-direito menor e materiais de cobertura com menorinércia térmica, a exemplo de telhas aluminizadas. Também reduz a perda de calor emcondições de frio.

    Quando se proporciona um melhor conforto ambiental aos animais reduz-se osproblemas relacionados ao consumo de alimentos e de água, diminuindo o volume econcentração de poluentes.

    O afastamento entre as edificações ou entre edificações e montanhas, morrosou árvores (mato) deve ser de cinco vezes a altura máxima do obstáculo próximo aoprédio (Oliveira & Fialho, 2000). Na entrada de todos os prédios, deve haver um localcom solução desinfetante à base de iodo, para as pessoas pisarem antes de entrar. Osistema de produção pode ocupar um prédio único ou ser dividido em prédios por faseprodutiva. A edificação em prédio único é aconselhável para o máximo de 60 matrizesem produção. Um número maior de matrizes inviabiliza a produção em um únicoprédio, dificultando o manejo e ocupando uma área horizontal muito grande.

    Baias muito estreitas em sistemas com tamanhos de grupos elevados e altadensidade de animais devem ser evitadas, pelo alto risco de alteração docomportamento excretório dos animais em decorrência do aumento da agressividadeem função da restrição de espaço.

    A superfície (m²) prevista nos projetos de construção de edificações para aprodução de suínos, é classificada em superfície ocupada pelo animal, superfícienecessária para os animais exercerem diversas funções e superfície social, que estárelacionada ao bem estar dos animais. A determinação destas superfícies paraobtenção de melhores performances zootécnicas, depende do peso dos animais, dotipo de piso das baias, da temperatura ambiente local e do número de animais e domodo de distribuição dos alimentos (Institut Technique du Porc, 2000).

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    No Brasil a recomendação de superfícies para a produção de suínos, foiadaptada de recomendações estrangeiras, principalmente de normas da ComunidadeEuropéia (CE). Em Publicação de Oliveira, et al. (1993) podem-se observar asdiferentes áreas recomendadas para a produção de suínos, em função do pesometabólico e da fase de produção, para criação em pisos compactos ou parcialmenteripado. Pode-se tomar como referência a equação citada em Institut Technique du Porc(2000), para se determinar a área das baias a ser considerada nos projetos deedificação para a produção de suínos.

    Determinação da área mínima da baia, para ocupação de animais, na produçãode suínos:

    S = 0,047 x P0,67

    Sendo,

    S = área de superfície em m²

    P = peso metabólico do suíno (kg)

    Ex: 30 kg=0,46m²; 50 kg=0,65m²; 100 kg=1,03m²; 250 kg=1,90m²

    2.3 Características das edificações

    A estrutura de um edifício para a produção de suínos é composta de várioselementos, a exemplo do telhado, do ático, do forro, pisos, paredes laterais e frontais edivisórias. Um dos pontos críticos do projeto é o relacionado à escolha do tipo deconstrução, estruturas pré-fabricados ou convencionais em alvenaria. As construçõescom estrutura pré-fabricadas, por permitir que os trabalhos de fundações, estrutura efechamento sejam executados simultaneamente, possibilitam ganhos significativos emtermos de prazo de execução e acabamento.

    Atribui-se como vantagem da escolha de estruturas pré-fabricadas, umaeconomia de 10 a 15% no custo total da obra, pois se eliminam os serviços de reboco epintura (painéis prontos), maior organização e limpeza do canteiro de obras, construçãode grandes vãos, eliminação da etapa de carpintaria (formas), lançamento de concreto,cura e desforma da estrutura, dispensa as etapas de corte e dobra de ferro, reduz orisco de acidente e de entulhos. O número de pessoas para executar o mesmo serviçoem estruturas convencionais é 1:9. A produtividade da mão de obra de construção comuso de operários especializados e previamente treinados pode chegar ao índice de40% quando comparado com as construções convencionais.

    Em sistemas de produção com mais de 60 matrizes, deve-se instalar as fasesprodutivas em prédios separados. Esta separação deve obedecer a uma seqüêncialógica, sendo de um lado, prédio com os animais reprodutores do plantel, no centroprédio de maternidade e creche e, do outro lado, prédio com os animais em produção(crescimento e terminação).

    Os sistemas de produção de suínos devem obedecer à seqüência apresentadano fluxograma da Fig. 1.

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    Fig. 1 - Fluxograma recomendado para otimizar o fluxo e o manejo de animais e deresíduos em sistemas de produção de suínos.

    De acordo com o fluxograma apresentado na Fig. 1, no período final dagestação as fêmeas devem ser conduzidas para a maternidade, retornando para a áreade cobrição/gestação por ocasião do desmame dos leitões. Os leitões seguem para acreche, crescimento e terminação, mantendo-se, assim, um fluxo racional dos animaisdentro da edificação.

    Os projetistas devem padronizar as dimensões das edificações para aprodução de suínos, em largura, comprimento e tamanhos das baias, assim como asdimensões dos canais de manejo dos dejetos para facilitar o escoamento. Devem-seevitar desníveis acentuados dos canais, pois a fração líquida será escoadarapidamente e haverá uma sedimentação da fração sólida, dificultando a sua retirada.Recomenda-se que os desníveis dos canais de manejo dos dejetos internos, naedificação, não ultrapassem a 0,5%, o que permite a retirada dos dejetos de maneiralenta, evitando-se descargas em regime turbulento.

    Recomendam-se a construção de estruturas padronizadas e preferencialmentepré-fabricadas em concreto armando para a implantação de sistemas de produção desuínos, a exemplo do sistema de produção de frangos de corte.

    Os resultados esperados com as Boas Práticas Construtivas e estruturas pré-fabricadas em concreto são os seguintes: facilidade de ampliação das edificações;redução do custo das edificações; aumento do conforto térmico, do bem estar animal ehumano; da produtividade; facilidade do manejo e aumento dos lucros.

    Os mais variados tipos de estruturas são adotados na construção deedificações para a produção de suínos, podendo-se citar como exemplo: madeira,concreto, alvenaria, pedra e as diferentes combinações desses materiais construtivos.Os principais problemas encontrados na falta de padronização das estruturas são:

    • Estabilidade das construções, falta de padronização nas fundações, pilares,vigas, divisórias, tesouras, cobertura, que muitas vezes são executados pelospróprios produtores ou por pessoas não qualificadas;

    • Dificuldade de manejo dos animais, devido a pisos com alta rugosidade, portõesexecutados de maneira incorreta, divisórias com altura fora do padrãorecomendado;

    • Dificuldades de reformas e/ou ampliações;

    • Maior dificuldade de execução, pois em função do uso de mão-de-obra nãoespecializada, o tempo de construção torna-se muito elevado;

    Fluxo de Resíduos

    GestaçãoCobriçãoPré-cobrição

    Maternidade CrecheCrescimentoTerminação

    Armazenamentoe/ou Tratamento

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    • Exigência de estruturas de madeira para a execução de caixarias, para vigas epilares em concreto;

    • Distância do local da obra das lojas de materiais de construção.

    Em função do exposto acima, recomenda-se o uso de estruturas de concretopré-fabricadas e padronizadas, com a finalidade de otimizar-se os materiais deconstrução, evitar o desperdício e problemas construtivos. As vantagens são: rapidezde execução da obra; facilidade de ampliações; baixo custo de mão de obra,padronização e modulação das edificações.

    Na Fig. 2, pode-se observar o exemplo de edificação para a produção desuínos em estrutura de concreto pré- fabricada, detalhe das paredes laterais e de canalpara manejo dos dejetos coberto.

    Fig. 2 - Exemplo de edificação para a produção de suínosem estrutura de concreto pré-fabricada, detalhedas paredes laterais e de canal para manejo dosdejetos coberto.

    2.3.1 Cobertura das edificações e divisórias laterais

    Na construção da cobertura das edificações muitas vezes são usados diversosmateriais, sem critério técnico tanto para estrutura de suporte, como para o telhado,resultando em telhados instáveis, com infiltrações e com dificuldades de manutenção.Outro problema ocasionado por telhados mal executados, é a captação da água dachuva pelos canais de dejetos, devido a beirais estreitos nos canais externos semcobertura. A boa prática recomenda o uso de materiais padronizados epreferencialmente, modulados e executados por profissionais habilitados, considerandoos pontos enumerados anteriormente.

    A cobertura é o local em que os fatores climáticos atuam mais direta eintensamente, sendo por este motivo, determinante nas condições ambientais internas.A maior ou menor radiação absorvida deverá ser compensada por meio da resistênciatérmica adequada.

    A escolha do tipo de telha poderia ser feito, numa primeira aproximação,comparando-se os coeficientes de condutibilidade térmica (k) das mesmas, cujo valor

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    está relacionado a espessura e ao material empregado. No entanto, é a inércia térmica(∅) que vai indicar a adequação do tipo de cobertura a certas zonas climáticas (InstitutTechnique du Porc, 2000).

    Quando a cor exterior de uma cobertura composta de uma única camada ébranca, pode-se praticamente evitar o aquecimento devido à radiação solar e, nestascondições, a temperatura interior raramente excede a temperatura exterior, chegando aser mais baixa. Cores claras aumentam a reflexividade da radiação solar e reduções deaté 8,8oC na temperatura interior têm sido obtidas com a cor branca.

    Uma adequada inclinação do telhado, também contribui para minimizar osefeitos da transferência de calor da cobertura para o interior. A inclinação do telhado énormatizada em função da carga que é submetida, carga de vento e precipitaçãopluviométrica, mas as inclinações mais utilizadas são 40-60 para as cerâmicas(francesa), 17-20% para as de cimento amianto e metálicas.

    O beiral deve ser projetada para evitar a penetração dos raios solares e dachuva. Para determinar suas dimensões, é preciso calcular a inclinação e ocomprimento de forma a evitar a penetração dos raios solares (Oliveira & Fialho, 2000).

    Em climas quentes e úmidos, é preferível adotar, como proteção adicionalcontra a insolação, materiais pesados e de grande inércia térmica, em lugar demateriais leves e simplesmente isolantes, adequados para climas com grande variaçãotérmica. Mas de todas as soluções apontadas, as mais eficientes e econômicas sãoaquelas que utilizam forros ventilados, a fim de reduzir a transferência de calor pelaparte inferior das telhas, diminuindo o fluxo de calor para o interior do edifício.

    A escolha do forro deve ser relacionada com a resistência total recomendadapara a cobertura. O forro deve acompanhar a curvatura do telhado, visando obter umfluxo natural de escoamento do ar quente. É preciso prever dispositivos para a saída doar quente e úmido, sendo importante que entre a telha e o forro, exista um controle deabertura para a ventilação.

    Observa-se no meio rural, o uso de diversos materiais de construção ecombinações variadas na construção de edificações para a produção de suínos,dificultando o manejo e a manutenção. Os fechamentos inadequados das edificaçõestambém prejudicam o conforto térmico dos animais e em conseqüência o desempenhodestes, aumentando a produção de dejetos. A recomendação é para o uso dedivisórias simples, de fácil modulação e execução.

    Na Fig. 3, pode-se observar as divisórias de concreto pré-fabricadas, facilitandoa ventilação natural.

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    Fig. 3 - Divisórias de concreto pré-fabricadas,facilitando a ventilação natural.

    2.3.2 Pisos usados na suinocultura

    Nas edificações para a produção de suínos, os pisos, tanto compactos comoripados, são elementos construtivos geralmente, mal detalhados e executados,gerando vários problemas, entre os quais: os caimentos exagerados ou inadequados,pouca resistência com rompimento freqüente do piso ripado; uso de granulometriainadequada da areia na construção do piso e falta de padronização, principalmente dasplacas pré-moldadas (Oliveira,1993).

    Os problemas citados acima geram prejuízos no desempenho zootécnico dosanimais, dificultam a limpeza e higienização e, principalmente, dificultam a manutençãodas edificações e o manejo dos dejetos.

    Visando facilitar a coleta e remoção dos dejetos, bem como a economia detempo e mão-de-obra despendidos no manejo dos animais confinados, desenvolveram-se pisos ripados ou parcialmente ripados, praticamente indispensáveis quando se visao aproveitamento integral do esterco produzido no interior de instalações suinícolas.

    Os pisos ripados são construídos sobre canais ou tanques de armazenamentode esterco, onde o mesmo fica retido por um determinado período de tempo, até quepossa ser transferido, mecânica ou gravitacionalmente, para outro local. Os tanquespodem ser usados para a decantação, procedendo-se a separação das frações sólida elíquida do esterco armazenado.

    A construção dos tanques de armazenamento de esterco, sob o piso dasinstalações para suínos, pode trazer problemas de mau cheiro e formação de gasesnocivos no interior dos prédios fechados, uma vez que a massa semi-fluida de fezes eurina, em suspensão na água, permanece por um período de semanas, aguardando aremoção. Os gases mais comumentes formados são a amônia, o gás sulfídrico, o gáscarbônico e o metano, dos quais, apenas os dois primeiros apresentam cheirodesagradável (Centro para a Conservação de Energia, 2000). Em edificações abertasesses gases não são nocivos aos animais, pois existe boa renovação do ar no interiordos prédios, mas apresentam sérios problemas de odores.

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    O piso ripado das instalações para suínos, pode ser construído em concreto,PVC, perfis de ferro galvanizado, telas metálicas ou chapa metálica perfurada (InstitutTechnique du Porc, 2000). Os perfis de ferro são muito caros, motivo pelo qual se usamais o concreto e os pisos em PVC. Quando usada tela metálica, esta é geralmenteconstituída de arame galvanizado de 5 mm de diâmetro, com malhas de 1,3 cm.

    O espaçamento entre “ripas” deve ser de 1 cm, para leitões recém-nascidos ede 2,5 cm para suínos com mais de 11 kg de peso vivo. Em baias de maternidade ougaiolas de parição, o espaçamento entre “ripas” deve ser de 2,5 cm, no espaçoocupado pela porca, e de 1 cm, no restante da área.

    Para construção de pisos “ripados” de concreto, são utilizadas vigas pré-moldadas cujas dimensões estão especificadas na Tabela 1. Estas vigas são apenasassentadas e encaixadas nas reentrâncias das paredes laterais do canal dearmazenamento e manejo dos dejetos, mantendo-se afastadas umas das outras com oauxílio de um chanfro de argamassa de cimento e areia que define a largura dasfrestas. Com o auxílio de ganchos de ferro, estas vigas podem ser removidas do localsempre que necessário. A primeira ripa deve manter em relação à parede daextremidade, um afastamento entre 5 a 7,5 cm, para facilitar a limpeza.

    Tabela 1 - Dimensões das vigas de concreto, projetadas para uma carga atuante deaproximadamente 150 kg/cm2.

    Comprimento daviga (m)

    A(cm)

    B(cm)

    C(cm)

    Barra de ferro dereforço

    1,22 10,16 8,89 7,62 3/8’’1,83 10,16 12,70 7,62 3/8’’2,44 12,70 13,97 10,16 1/2’’3,05 12,70 12,70 10,16 5/8’’3,66 12,70 10,05 10,16 5/8 ‘’

    Fonte: Midwest Plan Service, 1985.

    Na maternidade existem duas possibilidades para a escolha do piso, que sãoas seguintes: gaiolas parideiras em piso totalmente compacto e gaiolas parideiras empiso ripado, sendo que para o último caso, pode-se dividir em ripado total ou parcial(Oliveira et al., 1993).

    O piso compacto, neste caso, deve ter dois caimentos, o primeiro na partefrontal da baia (lado do comedouro e bebedouro) para escoamento da águadesperdiçada pelo bebedouro, com declividade de 5% para um comprimento máximode 0,80m e o segundo entre 3% para parte de trás da gaiola, conforme pode-seobservar na Fig. 4 (Oliveira et al., 1993).

    Fig. 4 - Declividade recomendada para gaiolas de maternidade.

    canal frontal 5% 3%

    0,80 1,40

    canal traseiro

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    O canal frontal da gaiola deve ter largura entre 10 e 20 cm e o canal traseiroentre 30 e 50 cm. O canal frontal deve ter declividade máxima de 1% e o canal traseiroestar em nível. A profundidade do canal traseiro deve ser de no mínimo 15 cm e nomáximo 50 cm (Oliveira et al., 1993).

    Recomenda-se para as gaiolas de maternidade com piso totalmente ripado emconcreto armado, plástico ou ferro que o espaçamento entre as barras de concretodeve ser de 1 cm, segundo recomendações de Institut Technique du Porc (2000) eBonazzi (2001). O piso de plástico pode ser usado nas gaiolas da maternidade, sendorecomendado o seu uso na parte inferior (traseira) da gaiola para facilitar a retirada daurina e dos dejetos. As dimensões são padronizadas, sendo as placas comercializadascom um comprimento de 488mm, largura 247 mm, abertura 15 mm e espessura18 mm, em cores azul, cinza e verde.

    Na creche existe grande variação no tipo de gaiola ou baia e nos pisos em uso.As baias com piso compacto normalmente possuem um canal de manejo dos dejetosdentro da baia, coberto com placas de concreto armado ripado ou placas com barrasde ferro liso cilíndrico. Em algumas construções o canal é externo e a baia possui saídana parede lateral para o escoamento dos dejetos. Recomenda-se para estes tipos debaias o uso de um abafador (microambiente controlado) para a proteção dos leitões dofrio (Oliveira et al., 1993).

    Em trabalho desenvolvido por Zappavigna (1985) citado por Bonazzi (2001),sobre o comportamento de leitões (creche) criados em piso ripado, observou-se queem piso totalmente ripado os animais ficam amontoados uns sobre os outros tentandoproteger-se das correntes de ar frio que ocorre no interior da sala. Em pisoparcialmente ripado, a área compacta não é suficiente para alojar todos os animais e ocomportamento é semelhante ao que ocorre no piso totalmente ripado. Recomenda-seque a área do piso compacto em baias mistas (piso compacto e ripado) deve abrigartodos os leitões. A superfície mínima (m2), da baia deve ser de 0,45 m2 para pisototalmente compacto e de 0,35 m2 para piso parcialmente ripado, por leitão (Oliveira etal., 1993; Institut Technique du Porc, 2000).

    Na unidade de crescimento e terminação normalmente, no Brasil, utiliza-se opiso totalmente compacto ou parcialmente ripado (Oliveira et al., 1993). Na Europa érecomendado o uso do piso totalmente ripado para facilitar o manejo dos dejetos,limpeza das baias e manutenção da baia o mais seca possível (Bonazzi, 2001). Emfunção do investimento econômico ser elevado, adotou-se no Brasil o piso compacto ouparcialmente ripado (pequeno canal de manejo dos dejetos, interno na baia, comlargura máxima de 1,50 m). O desnível do piso compacto é muito importante para umaboa retirada da parte líquida. Recomenda-se que o piso ripado seja de no mínimo 1/3da área da baia e colocado do lado oposto aos comedouros. O piso normalmenteutilizado é o ripado em concreto armado, com comprimento variando entre 0,80 a1,50m.

    Nas gaiolas de gestação individual, o piso normalmente é compacto e apenasno canal de escoamento dos dejetos é que usam-se as placas ripadas em concretoarmado ou barras de ferro. Estas placas são colocadas dentro das gaiolas, na parte detrás oposta ao comedouro, e podem variar entre 0,60 a 1,00 m de comprimento. Odesnível da parte compacta da gaiola é importante para o escoamento da urina etambém para mantê-la seca (Oliveira et al., 1993).

    Nas baias de pré-cobrição e reposição o piso compacto é semelhante aospisos da unidade de crescimento e terminação. Existe também a possibilidade do uso

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    de piso ripado com placas de PVC ou ferro cilíndrico liso, porém, em função de custose durabilidade, a opção é mais favorável ao piso de concreto armado e ao PVC.

    3 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS

    Nas edificações para suínos freqüentemente cometem-se erroscomprometedores, nas instalações elétricas e hidráulicas. Algumas instalaçõeselétricas são executadas sem projeto técnico específico e, muitas vezes, semproteções dos circuitos elétricos, sem aterramento adequado, condutores elétricosinadequados e sem a proteção de eletrodutos, ocorrendo freqüentemente curto circuitoe outros danos para as edificações e para os animais e principalmente, colocando emrisco a vida das pessoas.

    As instalações hidráulicas, normalmente, nas pequenas e médias propriedadessão executadas de maneira rudimentar e com material de baixa qualidade. Sãoverificados freqüentemente vazamentos e, em conseqüência, desperdício de água,aumentando-se consideravelmente o volume de água desperdiçada, sendo estamisturada aos dejetos, aumentando consideravelmente seu volume.

    O diâmetro da tubulação deve ser suficiente para limitar a velocidade deescoamento da água a no máximo 2,0 m/s, velocidades superiores desgastam aspeças na rede de distribuição, produzem ruído, choque e golpe de ariete, nascanalizações (Institut Technique du Porc, 2000).

    Recomenda-se que, por mais simples que sejam as instalações elétricas ehidráulicas, as mesmas devem ser projetadas e executadas por profissionaishabilitados, evitando-se as perdas de água e riscos de fuga de correntes nos circuitoselétricos.

    4 SISTEMAS DE MANEJO DE DEJETOS

    A atual expansão da suinocultura tem como principal característica aconcentração de animais em pequenas áreas. Observa-se, como conseqüência,generalizada poluição hídrica (alta carga orgânica e presença de coliformes fecais)proveniente dos dejetos, que somada aos problemas de resíduos domésticos eindustriais, tem causado sérios problemas ambientais, como o comprometimento dosrecursos naturais renováveis, especialmente a água (Embrapa Suínos e Aves, 2003;Oliveira, 2004).

    Nas edificações convencionais de produção de suínos, os sistemas de manejode dejetos podem ser internos, através de canais cobertos por barras (ripado) e, emalguns casos, com o uso de lâmina d’água. Entretanto na maioria das edificações deprodução de suínos, encontram-se canaletas externas sem cobertura ou sem controlede fluxo de dejetos, propiciando grande proliferação de moscas e incorporação da águada chuva.

    A limpeza dos dejetos nos canais internos ou externos é realizada com água,muitas vezes potável, o que acaba gerando grande desperdício. A incorporação de

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    água aos dejetos reduz a qualidade, inviabilizando economicamente o seu uso comofertilizante orgânico, além de aumentar a estrutura necessária para o armazenamento eos custos de transporte e utilização (Oliveira, 2004).

    Com a finalidade de reduzir o consumo exagerado de água para limpeza dasinstalações e melhorar a qualidade dos dejetos, atualmente tem sido implantado umsistema de reaproveitamento dos dejetos líquidos para a limpeza de baias e canaletas.Denominado “Flushing”, este sistema facilita o manejo, gerando economia ao produtor,tanto com mão-de-obra, quanto de consumo de água, além de evitar a incorporação deágua de limpeza aos dejetos.

    O sistema “Flushing” constitui-se da implantação de caixas de passageminterligadas por tubos de PVC, com controle de fluxo de dejetos (Bonazzi, 2001; InstitutTechnique du Porc, 2000). A limpeza é realizada com a parte mais líquida dos dejetosarmazenados em esterqueiras, caixas de passagem, lagoas ou outro sistema dearmazenagem. O transporte dos dejetos até as canaletas pode ser realizado porgravidade ou com auxílio de uma bomba de recalque e mangueiras ou tubos de PVC.Para melhor eficiência do sistema, recomenda-se que as caixas de passagem sejamcobertas, diminuindo odores e proliferação de moscas. Com tal manejo, há grandemelhora na qualidade dos dejetos devido a diminuição da incorporação da água delimpeza e da chuva (Oliveira, 2004).

    Na Fig. 5, pode-se observar a construção de um sistema de cobertura para oscanais externos de manejo dos dejetos de suínos.

    Fig. 5 - Foto da esquerda: Canal externo usado no manejo dos dejetos.Foto da direita: Implantação pelo PNMA II, de construção de canalexterno coberto evitando-se a proliferação de moscas e de odores einfiltração da água da chuva.

    Entre os principais problemas causadores da má qualidade dos dejetos eproliferação de vetores nocivos, estão as deficiências dos sistemas de captação,condução, controle de fluxo e armazenagem dos dejetos.

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    5 CONTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NOVOLUME DE DEJETOS

    Em muitas propriedades suinícolas observa-se que grande parte dos dejetoslíquidos armazenados nas esterqueiras é composta de água, provinda principalmentedo desperdício de bebedouros, lavação das baias e principalmente da água daschuvas. Os bebedouros utilizados muitas vezes não são adequados, havendodesperdício de água pelo animal ou vazamentos. No caso da água de lavagem, ocorredesperdício quando se utiliza grandes volumes de água para a limpeza das baias.Nestes dois casos citados, o problema gerado é que o desperdício contribuisignificativamente para o aumento do volume de dejetos a ser tratado e/ouarmazenado. No caso da chuva, a incorporação ocorre quando não existe um sistemade drenagem adequado para as águas pluviais, causando sua descarga nos sistemasde manejo dos dejetos, nas esterqueiras e lagoas, aumentando o volume de dejetos.Os canais abertos, de captação de dejetos, existentes na maioria das propriedadestambém coletam água da chuva e do telhado.

    Outra forma de entrada de água da chuva nos depósitos de dejetos é atravésdo escorrimento superficial, pois a maioria desses depósitos não possui canaletas dedrenagem ao redor, nem desvio das águas pluviais (Oliveira, 2004). Como alternativapara evitar que a água da chuva penetre nos canais de manejo dos dejetos e nasesterqueiras, pode-se cobrir tais canais, ou utilizar tubulação para o escoamento dosdejetos das edificações para os sistemas de armazenamento.

    O escoamento e a limpeza dos dejetos presentes nas baias, na maioria dasvezes, são realizados com auxílio de água e utilização de equipamentos de alta vazãoe baixa pressão, sendo que os dejetos são despejados das baias, através de aberturasirregulares nas paredes laterais das edificações, trazendo as seguintes conseqüências:

    ♦ Grande desperdício de água;

    ♦ Incorporação de água aos dejetos, reduzindo a qualidade e inviabilizandoeconomicamente seu uso como fertilizante orgânico;

    ♦ Escorrimento de dejetos pelas paredes e superfícies;

    ♦ Proliferação de vetores nocivos à saúde humana e animal;

    ♦ Emissão de odores.

    A diminuição da contribuição da água de escorrimento superficial (água dechuva) no aumento do volume e na composição final do dejeto é obtida com aconstrução de canaletas de drenagem ao redor dos depósitos/esterqueiras. Taiscanaletas coletarão a água das chuvas evitando que a mesma escorra para dentro dasesterqueiras e lagoas.

    Na Fig. 6, observa-se os erros freqüentes de construção dos canais externos,contribuindo para introdução e mistura da água da chuva com os dejetos.

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    Fig. 6 - Erros freqüentes de construção dos canais externos, contribuindopara introdução e mistura da água da chuva com os dejetos.

    O desperdício através de lavação de baias pode ser reduzido com as práticasde raspagem mecânica dos dejetos e, quando necessário, a lavação através de lava-jatos de alta pressão.

    A água de chuva que precipita sobre a cobertura das edificações pode sercaptada por calhas e armazenada em cisternas para o abastecimento da propriedade,servindo como água de limpeza ou, quando tratada, poder ser usada como água debebida para os animais. Observa-se que para cada 1 mm de precipitação pluviométricaque incide sobre 1 m2 de superfície de telhado, é armazenado 1 litro de água, entãopode-se estimar que uma cobertura de 1.000 m2 tem a capacidade de captar para cada10 mm de precipitação pluviométrica, 10.000 litros de água.

    Na Fig. 7, observa-se a cisterna instalada pelo PNMA II, para aproveitamentoda água da chuva.

    Fig. 7 - Cisterna instalada pelo PNMA II, paraaproveitamento da água da chuva.

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    6 ESTERQUEIRA PULMÃO

    O desafio para a viabilização da utilização dos fertilizantes orgânicos (líquidos)reside na disponibilidade de área para a sua disposição e na infra-estrutura exigida(coleta, armazenagem, transporte e distribuição). A observância dos critérios debalanço de nutrientes, fundamentados na composição química dos dejetos, nafertilidade e no tipo de solo, nas exigências das culturas, da época de aplicação e doscuidados com o ambiente, geralmente são desconsiderados na hora da aplicação.Questões como dosagem e época de aplicação, bem como o efeito de aplicaçõessucessivas ao longo do tempo, ainda persistem entre os produtores.

    O desafio para a gestão adequada dos dejetos nas propriedades, encontra-seno sistema de distribuição e transporte para as lavouras. A topografia das baciashidrográficas muitas vezes é acidentada. Como exemplo, apresenta-se o caso da baciado Lajeado dos Fragosos, em Concórdia – SC, onde a diferença entre a maior e amenor cota é de aproximadamente 540 metros. A maioria das propriedades estádisposta ao longo do rio principal ou em seus afluentes, e possuem a sede e asedificações próximas aos rios. As áreas de lavoura, pastagem e florestas, geralmentedistribuídas nesta seqüência, surgem próximas à sede e sobem as encostas ao longoda propriedade até o divisor de águas. Esta conformação espacial é um dos fatoreslimitantes ao uso de dejetos como fertilizante orgânico, pois o transporte de fertilizanteslíquidos, para toda a área de lavoura, muitas vezes é impraticável ou economicamenteinviável. Talvez por esta razão, um percentual muito baixo (62%) dos agricultores utilizaos dejetos como fertilizante orgânico na área do próprio estabelecimento agrícola(Silva, 2000; Oliveira, 2004).

    Um sistema alternativo de distribuição de fertilizante orgânico deve serdesenvolvido, para possibilitar a utilização econômica dos dejetos em substituição aoadubo químico, no maior número de propriedades possíveis.

    Uma das alternativas é a construção de depósitos de fertilizante nas cotas maiselevadas das lavouras (Esterqueira Pulmão). Tais depósitos podem ser utilizados porum ou mais proprietários, dependendo da topografia local. Os dejetos, após o períodode retenção recomendado, podem ser distribuídos nas lavouras e áreas de campo ecapoeira, por gravidade, através de mangueiras ou por sistemas de aspersores. Otransporte dos fertilizantes líquidos de depósito na propriedade (esterqueira/ lagoas) oudo efluente de biodigestores até o depósito (Esterqueira Pulmão), localizado na cotamais elevada, pode ser feito através de bombas hidráulicas ou com a utilização decaminhões tanque, caso haja a possibilidade de acesso através das rodovias vicinaisque servem à bacia.

    Na Fig. 8, pode-se observar a esterqueira pulmão instalada, pelo PNMA II, nasproximidades da lavoura, reduzindo o custo de transporte e distribuição de fertilizanteorgânico.

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    Fig. 8 - Esterqueira pulmão instalada, pelo PNMA II, nasproximidades da lavoura, reduzindo o custo detransporte e distribuição de fertilizante orgânico.

    Existem, no mercado, motobombas desenvolvidas especialmente para otransporte dos dejetos de suínos, tais bombas apresentam inclusive, a possibilidade deserem acopladas a tomada de força do trator e podem recalcar dejetos diluídos atéuma altura manométrica total de 100 mca (metros de coluna de água). Recomenda-separa cada bacia hidrográfica a ser avaliada um estudo específico para tal proposta dedistribuição de dejetos, onde deverão ser definidos: o planejamento de todas asatividades do processo, considerando sempre o tempo de retenção nas unidades dearmazenamento e a época do ano para o preparo das terras agricultáveis; a quantidadee a disposição de depósitos intermediários; a quantidade de tratores e motobombasnecessários para o recalque dos dejetos e a quantidade de caminhões tanquenecessários para o transporte de dejetos.

    Para o projeto de novas edificações ou a reforma de instalações para suínos,recomenda-se a contratação de serviços de técnicos habilitados, comacompanhamento técnico na execução e reforma das obras. Os valores investidos emprofissionais habilitados, com certeza, reverterão em menores desperdícios e maioreslucros para os produtores.

    7 ARMAZENAMENTO DE DEJETOS LÍQUIDOS

    Os sistemas de armazenamento de dejetos líquidos, normalmente, sãoconstituídos por esterqueiras ou por lagoas, cujo objetivo principal é armazenar osresíduos líquidos, provenientes de sistemas de produção de suínos, em umreservatório impermeável e seguro, que não traga risco de poluição às fontes d’água(Institut Technique du Porc, 2000).

    No projeto destes reservatórios deve ser previsto um período mínimo dearmazenamento de 120 dias, para o Estado de Santa Catarina, segundo Instrução

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    Normativa IN-11 da FATMA, No 01/04, de 24.03.2004 (FATMA, 2004). Este períodomínimo de armazenamento é definido conforme estabelece as instruções normativasvigente em cada Estado.

    Os reservatórios são alimentados continuamente, permanecendo o material emdigestão anaeróbia até sua retirada. No Estado de Santa Catarina o órgão defiscalização ambiental (FATMA), exige para o licenciamento ambiental, que asesterqueiras ou lagoas sejam impermeabilizadas, para evitar infiltrações de dejetoslíquidos nas camadas inferiores do solo, reduzindo risco de poluição das fontes deáguas.

    As esterqueiras ou lagoas podem ser utilizadas por qualquer produtor desuínos, independente do volume de dejetos produzido, exigindo-se, porém, que omesmo possua culturas em área suficiente para o aproveitamento dos dejetos comofertilizante orgânico.

    Na Fig. 9, observa-se a esterqueira instalada pelo PNMA II em propriedadepara armazenamento dos dejetos gerados na produção de suínos.

    Fig. 9 - Esterqueira instalada pelo PNMA II empropriedade para armazenamento dosdejetos gerados na produção de suínos.

    Os depósitos para o armazenamento de dejetos, são construídospreferencialmente no formato de tronco de pirâmide invertido, podendo também serusados os formatos cilíndrico ou retangular. Os materiais mais comuns, empregadospelos produtores para revestimento e impermeabilização das esterqueiras, são aspedras argamassadas, a alvenaria de tijolos e as geomembranas em PVC ou PEAD.

    O revestimento com geomembranas de PVC (0,8 ou 1 mm de espessura)mostra-se mais econômico, apresentando maior rapidez e facilidade de implantação,não sendo necessários grandes investimentos para operacionalizar o sistema.

    A grande vantagem deste tipo de revestimento ocorre no caso de sernecessário se fazer modificação da instalação eou redimensionamento do plantel desuínos, pois permite aumentar a capacidade de armazenamento das esterqueiras,

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    ampliando o seu volume por meio da união de novos planos de PVC aos existentes,sem a necessidade de quebrar paredes ou construir novas esterqueiras.

    Em trabalho desenvolvido para avaliação da duração de revestimentos deesterqueiras com o uso de geomembranas de PVC pretas nas duas faces (0,8 mm deespessura), constatou-se que a durabilidade deste material é de aproximadamente 8anos, desde que não ocorra nenhum dano mecânico (Oliveira, 2004).

    A localização da esterqueira deve obedecer a legislação ambiental vigente emcada Estado do Brasil. No Estado de Santa Catarina as distâncias estabelecidas paraimplantação de esterqueiras estão estabelecidas na Instrução Normativa IN-11(FATMA, 2004).

    7.1 Estimativa da demanda de água pelos suínos

    As Tabelas 2 e 3, apresentam a informação necessária para o cálculo dademanda de água pelos animais.

    O consumo de água de uma granja de produção de suínos é difícil de serestabelecido, uma vez que, além da quantidade diária, necessária à sobrevivência dosanimais, outros usos também devem ser considerados, a exemplo; manejo do rebanho,a higiene de instalações e equipamentos e nebulizadores. O consumo também variacom a dieta (alimentos com alta concentração de aminoácidos, necessitam mais água),regime de alimentação (o pico máximo em suínos de crescimento-terminação ocorre noarraçoamento), tipo de piso e com a temperatura ambiente (no verão a demanda émaior que no inverno), entre outros. A necessidade hídrica dos suínos nas diferentesfases produtivas está na Tabela 2.

    Tabela 2 - Aporte de água necessária para a produção de suínos, em função do estadofisiológico, nas diferentes fases produtivas.

    Fase produtiva Aporte de água (L/dia)Leitões (15 kg) 1,5 – 2Suíno (50 kg) 5 – 8Suíno (90 kg) 6 – 9Suíno (150 kg) 7 – 10Porca gestação 15 – 20Porca lactação 30 – 40

    Fonte: Bonazzi (2001)

    A vazão mínima de água recomendada para bebedouros, em sistema deprodução de suínos, em função do estado fisiológico dos animais encontra-se naTabela 3. A variabilidade da vazão indicada depende principalmente do tipo debebedouro utilizado e das condições climáticas da região em que se encontra osistema de produção.

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    Tabela 3 - Vazão mínima recomendada nos bebedouros em função da fase produtiva dossuínos.

    Categoria de suíno Vazão de água (L/min)Leitões maternidade 0,25 – 0,40

    Suíno (até 30 kg) 0,50 – 0,60Suíno (30 - 50 kg) 0,60 – 0,75Suíno (50 -150 kg) 0,75 – 1,00

    Porca Lactação 1,50 – 2,00Porca Gestação 1,00 – 1,50

    Cachaço 1,50 – 2,00 Fonte: Bonazzi (2001)

    O limite máximo de pressão de água nos bebedouros, segundo Bodman (1994)e Institut Technique du Porc (2000), é de 1,4 kg/cm2 até a fase de creche, e de 2,1 kg/cm2

    para as demais fases produtivas. A Fig. 10 apresenta os principais modelos debebedouros, atualmente em uso na produção de suínos (Antunes, 2004).

    Fig. 10 - Principais modelos de bebedouros em uso na suinocultura.

    A demanda de água para limpeza das baias, varia de 2 a 6 L/dia para animaisem terminação e porcas no rebanho, respectivamente segundo Perdomo, et al. (2003).As avaliações do consumo de água usadas para a limpeza das baias nas instalaçõespara a produção de suínos, na França, pelo Institut Technique du Porc-ITPdemostraram um consumo médio de 0,5L por suíno/dia nas unidades de crescimento eterminação, gestação e creche e de 5,1L por matriz/dia na maternidade (Levasseur,1998; Institut Technique du Porc, 2000). Os dados acima obtido por Perdomo, et al.(2003), quando comparados com os dados de literatura (Levasseur, 1998; InstitutTechnique du Porc, 2000) demonstram a necessidade de reduzir o desperdício de águaque ocorre no sistema de produção de suínos na limpeza das edificações.

    Modelos BebedourosModelos Bebedouros

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    Na Fig. 11, observa-se, implantação pelo PNMA II de bebedouro para reduçãodo desperdício de água na suinocultura.

    Fig. 11 - Implantação de bebedouro pelo PNMA II para redução do desperdício de água na suinocultura.

    7.2 Estimativa do volume de resíduos produzidos

    Para a estimativa do volume médio de dejetos produzido em um sistema deprodução de suínos, pode-se usar como valores de referência os dados citados naTabela 4. Esta tabela incorpora as perdas médias de água dos bebedouros tipo taça echupeta usadas nos sistemas de criação. Na estimativa do volume de dejetosproduzidos pelos suínos, deve-se considerar o número de animais presente nasdiferentes fases da criação, sendo o volume total produzido o somatório dos volumesmédios diários gerado pelos animais, em função da fase de produção.

    Tabela 4 - Produção média diária de esterco (kg), esterco + urina (kg) e dejetos líquidos(L) por animal por fase.

    Categoria de Suínos Esterco Esterco+urina Dejetos líquidos25 –100 kg 2,30 4,90 7,00Porcas em Gestação 3,60 11,00 16,00Porcas em Lactação 6,40 18,00 27,00Machos 3,00 6,00 9,00Leitão desmamado 0,35 0,95 1,40

    Fonte: Oliveira, (2004).

    Em função dos novos tipos de bebedouros desenvolvidos para as diferentesfases da criação de suínos e de novos sistemas alternativos de produção, recomenda-se que os valores da Tabela 4, sejam corrigidos principalmente para as fases decrescimento e terminação, de acordo com os resultados dos trabalhos apresentadosabaixo.

    Em experimento realizado na Embrapa Suínos e Aves, por Bellaver, et al.(1999), com objetivo de estudar o efeito dos tratamentos: 1) Fornecimento de água embebedouro do tipo chupeta, colocado dentro do comedouro na câmara de consumo e,fora dele, colocado na parede oposta ao comedouro; 2) bebedouro chupeta colocado

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    29

    apenas dentro da câmara de consumo do comedouro e 3) bebedouro chupeta colocadoapenas na parede oposta ao comedouro, proporcionando ração seca.

    Os dejetos foram armazenados sob as baias e o desperdício de água dosbebedouros foi registrado, o volume de dejetos foi pesado por cubagem realizada emduas coletas.

    As coletas para a determinação do volume de efluentes gerados, foramrealizadas no final da fase de crescimento (42 dias experimentais) e no término doexperimento (103 dias). Os efluentes produzidos no período total ou por kg de suínovivo tiveram o mesmo comportamento, sendo que o tratamento com bebedouro apenasno comedouro foi o que menos produziu efluente, como pode ser observado nosresultados mostrados na Tabela 5.

    Com base nos resultados obtidos, também conclui-se que:

    a) suínos alimentados através de comedouros providos de bebedouros nacâmara de consumo, apresentaram maior ganho de peso e consumo deração;

    b) todos os tratamentos apresentaram carcaças com porcentagem de carne eespessura de toucinho semelhantes, havendo diferenças devido a sexo;

    c) suínos alimentados com água proveniente apenas de bebedouro instalado nacâmara de consumo do comedouro, produzem menores quantidades deefluentes por kg de suíno produzido, contribuindo para a redução dodesperdício de água e do volume de dejetos produzidos.

    Tabela 5 - Efeitos de bebedouros dentro e (ou) fora do comedouro, em machos castradose fêmeas, nas fases de crescimento e terminação, na produção de efluentesem litros (L).

    Suínos Machos Fêmeas

    Variáveis analisadasBebedouro na

    parede ecomedouro

    Bebedourodentro do

    comedouro

    Bebedourosó na parede

    Bebedouro naparede e

    comedouro

    Bebedourodentro do

    comedouro

    Bebedouro sóna

    ParedePeso inicial, kg 22,26 22,27 22,12 22,49 22,75 22,62Peso crescimento (42 d), kg 60,94 59,92 55,32 56,28 58,65 51,80Peso Terminação (61 d), kg 113,73 115,62 110,00 109,87 114,38 101,32GPD total, g 888 906 853 848 889 764Efluentes crescimento, L 558,2 438,2 700,3 561,7 455,2 629,5Efluentes terminação L 1381,7 1114,8 1488,7 1369,9 1273,7 1084,8Efluentes total, L 1940 1553 2189 1932 1728 1714Efluentes/kg de suínoproduzido crescimento, L

    2,41 1,94 3,51 2,75 2,11 3,60

    Efluentes/kg de suínoproduzido terminação, L

    4,36 3,35 4,83 4,26 3,82 3,65

    Efluentes média total Litros/suíno/ dia

    3,54 2,77 4,15 3,68 3,14 3,63

    Fonte: Tabela adaptada de Bellaver, et al. (1999).

    Em trabalho desenvolvido por Oliveira, et al. (1999) e Oliveira, (2003) com oobjetivo de determinar o balanço de água, comparar o desempenho dos suínos criadosno sistema de piso ripado e em camas de maravalha e de avaliar a produção deefluentes. Foram utilizados 2 tratamentos, sendo um o sistema de criação de suínosem Sistema de Piso Ripado (SPR) e o outro a criação de suínos em Sistema de Camade Maravalha (SCM). Os comedouros utilizados foram para ração úmida, combebedouro tipos chupeta, e regulagem da vazão de água, instalado junto aocomedouro. A temperatura interna, da edificação, foi mantida a 22°C±1,5, por estar

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    30

    dentro da faixa de neutralidade térmica e também com a finalidade de manter a relaçãoágua/ração entre 2,3 e 2,5 por litro de água por kg de ração. A espessura de cama demaravalha foi de 0,70 m.

    O efluente final gerado no SPR, foi retirado por bomba e pesado para adeterminação do volume. A limpeza das baias foi realizada somente na saída dossuínos. No SCM o efluente retido foi determinado pela diferença da umidade inicial efinal da cama, pois como as camas estavam envolvidas em manta de PVC não houveperdas por escorrimento dos dejetos para o meio externo. O resultado médio dodesempenho zootécnico dos animais e o volume de efluentes produzidos estão naTabela 6.

    A quantidade total de água contida no efluente extraída por evaporação foi emmédia de 4,1 litros no SPR e 247,2 litros no SCM, ou seja, 243,1 litros de diferença afavor do sistema de produção em cama de maravalha. O sistema SCM permiteevaporar em média de 2,75 litros de efluentes por dia em função do calor gerado noprocesso de compostagem. Enquanto que no SPR a água evaporada foi de 4,1L/suíno, o que demonstra que a evaporação d’água contida nos dejetos armazenadasob o piso ripado (SPR) pode ser considerada desprezível (Tabela 6).

    Tabela 6 - Desempenho zootécnico médio de suínos criados em sistemas de pisoripado (SPR) e em cama de maravalha (SCM) e produção de efluentesobservado (litros / suíno).

    Variáveis Piso Ripado (SPR) Sistema Cama(SCM)

    Peso inicial (kg) 29,8 ±1,2 30,5 ±1,4Peso final, após 90 dias (kg) 99,9 ±7,5 102,3 ±8,0Consumo total ração (kg) 189,7 191,8Conversão alimentar (kg/kg) 2,71 2,67Ganho de peso (g/dia) 779 794Taxa de músculo (%) 60,3 ±2,4 60,9 ±1,8

    Produção de efluentes (Litros/suíno)Consumo de água 446,5 469,4Água produção Metabólica 54,2 77,9Água retida no animal p/a produção 37,6 38,6Efluente armazenado sob piso/ cama 217,5 14,6Efluente evaporado pelo sistema 4,1 247,2Produção diária de dejetos (L/dia) 2,46 2,91Fonte: Oliveira et al (1999) e Oliveira (2003).

    Os valores apresentados na Tabela 6 demonstram que a produção de efluentefoi em média 2,46 litros/dia para os animais criados sobre o piso ripado e 2,91 litros/diapara o sistema de cama de maravalha. O sistema de criação de suínos sobre camapermite evaporar quase a totalidade da fração de água contida nos dejetos, graças aocalor gerado no processo de compostagem.

    Perdomo & Dalla Costa (2000) e Dalla Costa & Perdomo (2001) avaliaram aeficiência do bebedouro tipo Taça “Ecológico” usado nas fases de crescimento eterminação de suínos (suínos com peso vivo médio entre 21,56 a 89,67 kg) e mediramo volume de efluentes produzidos. Neste trabalho foi determinado o consumo de águapelos animais (machos e fêmeas misturados) no Inverno e no Verão, sendo o resultadode 6,87 Litros e 10,41 Litros, respectivamente. O volume de efluentes determinadoencontra-se na Tabela 7.

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    31

    Tabela 7 - Volume de dejetos por dia dentro das estações do ano e dias deexperimentação produzidos por suínos nas fases de crescimento eterminação (Litros / suíno).Dias Inverno Verão14 1,86 2,0528 2,20 2,0042 2,80 3,7256 3,06 4,6170 3,42 5,7384 4,08 6,66

    Média/Litros/Suíno 2,90 4,13 Fonte: Perdomo & Dalla Costa (2000); Dalla Costa & Perdomo (2001); Dalla Costa et al. (2004).

    O volume médio de efluentes, considerando-se as estações do ano é de 3,52Litros por suíno/dia, nas fases de crescimento e terminação de suínos considerando aprodução de animais com mistura de sexo.

    Considerando os resultados citados acima, recomenda-se para a estimativa dovolume de dejetos produzidos pelos suínos nas fases de crescimento e terminação(peso vivo entre 21 a 100 kg) o uso da Tabela 8, acrescentando-se de 0,5 a 2,0litros/dia de efluentes produzidos por suíno alojado, que é uma estimativa daquantidade de água utilizada para a limpeza das baias na saída dos animais. Esteacréscimo de água depende do manejo dos dejetos utilizados, da freqüência delimpeza das baias e do tipo de equipamento usado na limpeza.

    Tabela 8 - Produção média de efluentes (Litros/suíno/dia), nas fases de crescimento eterminação de suínos em função dos diferentes tipos de bebedouros.

    Tipo de Bebedouros Machos FêmeasChupeta na parede com regulagem vazão 4,36 3,68Bebedouro tipo Taça “modelo Ecológico” Mistura de sexo 3,52Chupeta junto ao comedouro de ração 2,77 2,80

    Obs: Deve-se acrescentar, aos valores da tabela de 0,5 a 2 Litros de efluentes por suíno/ dia emfunção da limpeza das baias na troca de lotes.

    7.3 Estimativa do volume da esterqueira

    A esterqueira é o sistema de armazenamento de dejetos mais difundido, tantono Brasil como em outros países produtores de suínos. Entretanto, no Brasil, muitasgranjas apresentam alto risco de poluição devido a problemas de subdimensionamentodo volume de resíduos líquidos gerados nos sistemas produtivos de suínos e nosaspectos construtivos das esterqueiras. O volume da esterqueira deve ser projetadopara um tempo mínimo de armazenamento (residência) de 120 dias conforme instruçãonormativa IN-11 da FATMA (2004), para o estado de Santa Catarina.

    Muitos projetistas e a IN-11 da FATMA, têm utilizado para a estimativa do volumeda esterqueira a seguinte equação:

    V = Vd x ta ............................................................................ (1)

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    32

    Onde:

    V = Volume da esterqueira (m3)

    Vd = Volume de dejetos produzido na granja (m3/dia)

    ta = Tempo de armazenamento (mínimo de 120 dias)

    O uso da equação (1), para o projeto de esterqueiras resulta no seusubdimensionamento, pois não considera o balanço entre o volume de água da chuvade chuva que ocorre no local e sua evaporação. Este balanço é importante, pois defineo acúmulo ou a perda dos resíduos líquidos armazenados. Na equação (1) tambémnão é previsto um coeficiente de segurança para minimizar o risco de transbordamento,quando ocorre um longo período de intensa precipitação e o fertilizante orgânico nãopode ser distribuído na lavoura. Os acidentes com transbordamento de esterqueira têmsido freqüentes nas regiões de produção intensiva de suínos, em função dadeterminação inadequada do volume e de problemas construtivos.

    Pelo exposto acima, recomenda-se para a estimativa do volume real deefluentes a ser armazenado na esterqueira a equação (2). Ela considera a precipitaçãomédia que ocorrer na região onde será construída a esterqueira e prevê um coeficientede segurança (α) para evitar o transbordamento. O coeficiente de segurança (α) estimaum volume de segurança a ser somado ao volume de efluentes em função daprobabilidade de ocorrência de uma chuva intensa.

    Na determinação do volume real, para o projeto de esterqueira, recomenda-seque sejam usadas as seguintes equações:

    Vest = Veflu + Vseg ................................................................. (2)

    Onde:

    Vest = Volume estimado para a esterqueira (m3);

    Veflu = Volume total de efluentes produzidos na granja em 120 dia (m3);

    Vseg = Volume de segurança estimado para a esterqueira (m3).

    Veflu= ta x Vdej ......................................................................... (3)

    Onde:

    ta = Tempo de armazenamento (120 dias);

    Vdej = Volume de dejetos produzido diariamente na granja (m3/dia);

    Vseg = ββ.Veflu.{{( αα + Bal_PE)}} ...................................................... (4)

    Onde:

    Bal_PE = Somatório do Balanço entre a Precipitação média mensal e a EvaporaçãoPotencial mensal, da série histórica dos quatro meses seqüenciais mais críticos do ano,registrada na estação meteorológica mais próxima do local do projeto (m);

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    33

    ββ = Coeficiente estimado em função da profundidade da esterqueira, para esterqueirascom 2,50 m de profundidade β=0,4 (1 / 2,50);

    αα = O coeficiente de segurança recomendado é 0,25.

    Bal_PE = ∑∑ (Prec – EP) .......................................................... (5)

    Onde:

    Prec = Precipitação média mensal, somatório da série histórica dos quatro mesesseqüenciais mais críticos do ano, registrada na estação meteorológica mais próxima dolocal do projeto (m);

    EP = Evaporação Potencial, somatório dos totais mensais da série histórica dos quatromeses seqüenciais mais críticos do ano, registrada na estação meteorológica maispróxima do local do projeto, determinada em tanque classe A (m).

    A evaporação é o processo natural pelo qual a água, passa para a atmosferana forma de vapor, a uma temperatura inferior a da ebulição. A evaporação da água na

    superfície evaporante requer 590 calorias em média para cada grama de água. Amedida da evaporação é feita por meio de evaporímetros a atmômetros.

    Os evaporímetros são tanques que contém água sujeita à evaporação, sendoque no Brasil o mais difundido é o tanque classe A, instalado em estaçõesmeteorológicas. O tanque classe A é um depósito circular com 1,20 m de diâmetro com25 cm de altura, instalado em uma área livre, exposto a atmosfera e tem no seu interiorum micrômetro para a leitura das variações do nível da água. A evaporação medidaneste instrumento, em milímetros da altura de água, é proporcional à evaporaçãopotencial ocorrida no período observado.

    A estimativa da Evaporação Potencial (EP) pode ser determinada a partir daevaporação medida no tanque classe A, segundo Tubelis & Nascimento (1983), sendoque a conversão dos dados é feita pela expressão abaixo:

    EP = m . Et .......................................................................... (6)

    Onde:

    EP = evaporação potencial (mm/dia);

    m = fator de proporcionalidade em função da estação meteorológica;

    Et = evaporação média mensal observada no tanque classe A (mm/dia).

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    34

    O fator de proporcionalidade varia com o tipo de tanque utilizado e com ascondições meteorológicas observadas em cada estação (Tubelis & Nascimento, 1983).

    A equação (2) proposta para o cálculo do volume de projeto de esterqueira,considerou a série histórica da evaporação potencial (EP) e da precipitação médiamensal registrada para a região Oeste do Estado de Santa Catarina, conforme pode-seobservar na Fig. 12.

    Fig. 12 - Evaporação potencial e precipitação, média mensal da sériehistórica de 1983 a 2003, para a Região Oeste de SantaCatarina.

    Fonte: Atlas SC, (2002); Embrapa Suínos e Aves, (2006).

    A precipitação média mensal considerada provém dos registros efetuadospelas estações meteorológicas da Epagri e da Embrapa Suínos e Aves, situadas naregião Oeste de Santa Catarina. Os dados observados na Fig. 12, são médias mensaisconsiderando as séries históricas das duas estações citadas. Os dados observados deprecipitação podem ser obtidos nas seguintes fontes: ATLAS SC (2002) e EmbrapaSuínos e Aves (2006). Outro fator importante a considerar é a intensidade máxima deprecipitação que ocorre em 24 horas, observação realizada na estação meteorológicada Embrapa Suínos e Aves demonstram que muitas vezes a intensidade deprecipitação ultrapassa 50 mm.

    O balanço médio mensal observado entre a precipitação e a evaporaçãopotencial, demonstra claramente que durante o ano existe um acúmulo médio de águada chuva em esterqueiras ou lagoas em torno de 157 mm de lâmina d’água, valor esteque deve ser acrescido nos projetos de esterqueira ou lagoas (Fig. 13).

    45

    60

    75

    90

    105

    120

    135

    150

    165

    180

    195

    210

    225

    240

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    Meses do Ano

    Val

    ores

    Exp

    ress

    os (m

    m)

    Evaporação Potencial Média

    - - - - Precipitação Média

    - - - - Acúmulo Médio Anual = 157 mm

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    35

    Fig. 13 - Balanço entre evaporação potencial e precipitação, médiamensal da séria histórica de 1983 a 2003, para a RegiãoOeste de Santa Catarina.

    Fonte: Atlas SC, 2002; Embrapa Suínos e Aves, 2006.

    Considerando os quatro meses do ano (abril a julho), onde a evaporaçãopotencial é baixa em função da declividade solar e, normalmente ocorre maiorintensidade pluviométrica, o balanço histórico médio anual observado entre aprecipitação e a evaporação, é positivo indicando acúmulo de água na esterqueira daordem de 244 mm (Fig. 13). Esta água adicionada pela chuva diretamente naesterqueira, além de causar a diluição dos dejetos armazenados, aumenta os riscos detransbordamento, o que acarreta elevação dos custos de distribuição e reduzconsideravelmente o custo do fertilizante orgânico quando comparado ao fertilizantequímico.

    8 ASPECTOS DE ENGENHARIA ENVOLVENDO A CONSTRUÇÃO DE ESTERQUEIRAS

    Atualmente algumas obras executadas para as construções de estruturas parao armazenamento ou tratamento de dejetos (esterqueiras, lagoas e biodigestor), têmsido realizadas sem atender os aspectos de engenharia envolvidos, principalmente amecânica dos solos e suas implicações relacionadas com a estabilidade dos taludes.Os cortes realizados para a construção de esterqueiras devem respeitar o ângulonatural para a estabilidade do talude em função das caraterísticas e do tipo de soloexistente no local da obra.

    A escolha do local para a construção de esterqueiras ou lagoas, deve sercriteriosa, evitando-se terrenos instáveis, sendo importante o conhecimento dascaracterísticas e propriedades do solo. Devem-se conhecer os limites de consistênciadefinido por Atterberg, citado em Fiori & Carmignani (2001), determinando osseguintes fatores: contração, plasticidade e liquidez dos solos. Importante também é o

    -4

    20

    -52

    46

    89

    62

    47

    -34

    10

    67

    -61

    -33

    -80,0

    -60,0

    -40,0

    -20,0

    0,0

    20,0

    40,0

    60,0

    80,0

    100,0

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    Meses do Ano

    Bal

    anço

    Pre

    cipi

    taçã

    o/E

    vapo

    raçã

    o (m

    m) Saldo (Precipitação-Evaporação)

  • As edificações e os detalhes construtivos voltados para o manejo de dejetos na suinocultura

    36

    conhecimento da textura, da consistência, da resistência à compressão e depermeabilidade dos solos.

    Observa-se na Fig. 14, esterqueiras implantadas pelo PNMA II, considerandoos aspectos construtivos e a estabilidade dos taludes.

    Fig. 14 - Esterqueiras implantadas pelo PNMA II,considerando os aspectos construtivos e aestabilidade dos taludes.

    Locais que apresentam recentes desmoronamentos, ou rochas muitofraturadas, não oferecem boas condições de suporte de obras, pois trata-se de materialpouco consolidado, apresentando, geralmente, baixa resistência e alta permeabilidade.Sempre que possível, deve-se analisar muito bem as zonas onde existam bancos deareia ou cascalho, pois são materiais muito permeáveis, podendo ocasionar a rápidalixiviação dos dejetos se houver qualquer problema de ruptura do material usado comoisolamento.

    Na construção destas pequenas obras as investigações geológicas egeotécnicas podem ser feitas de modo expedito, com o uso de poucos instrumentos,baseando-se principalmente em observações de campo, informação eventualmenteexistente na área e no bom-senso e experiência do projetista.

    Deve-se determinar as pressões atuantes e a resistência ao cisalhamento queaparecerão sobre o solo quando da construção das estruturas de armazenamento, emfunção do volume de dejetos a ser armazenado.

    O conhecimento sobre a estabilidade do talude é imprescindível na execuçãode obras para o armazenamento de dejetos. Talude é um termo genérico,compreendendo qualquer superfície inclinada que limita um maciço de terra, de rocha,ou de ambos. Pode ser natural, caso das encostas ou vertentes, ou artificial, quandoconstruído pelo homem, caso de cortes e aterros. Qualquer corte ou aterro deve serrealizado conhecendo-se os limites dos ângulos de inclinação para a estabilidade dostaludes.

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    Antes do início da construção de esterqueiras ou lagoas é necessário que sejaestabelecido o grau de inclinação que será proporcionado ao talude. A mínimainclinação dos taludes fica condicionada pelo ângulo de repouso do solo no local daobra. Taludes muito íngremes poderão ficar instáveis, comprometendo a segurança daobra ou até concorrendo para o seu rompimento.

    A inclinação é expressa pelo ângulo que a linha vertical de inclinação do taludedeste faz com a horizontal do terreno, ou pela relação entre a projeção vertical ehorizontal (1:1;1:2), o que indica quantas vezes a projeção vertical do talude é maiorque sua projeção horizontal.

    A Tabela 9 apresenta a recomendação de inclinação natural de diferentes tiposde solo, considerando-se a estabilidade do talude.

    Tabela 9 - Inclinação recomendada para taludes em função dos diferentes tipos de solo, edensidade.

    Natureza do Solo Ângulo de Talude (graus) Densidade (g/m3 )Areia fina, seca 10 à 20 1,4Areia fina, úmida 15 à 25 1,6Terra vegetal úmida 30 à 45 1,6 à 1,7Terra compactada 40 à 50 1,6 à 1,8Argila seca 30 à 50 1,6Argila úmida 0 à 20 1,2 à 1,8Terreno rochoso 50 à 90 2 à 2,5

    Fonte: L’INSTITUT DE L’ÉLEVAGE (1996).

    A Fig. 15 apresenta as inclinações recomendadas para os taludes em funçãodos tipos mais comuns de solo. Para o cálculo mais preciso do ângulo de estabilidadede talude, em função dos diferentes tipos de solo, recomenda-se a consulta ao livro deFiori & Carmignani (2001).

    Fig. 15 - Inclinações recomendadas de taludes, em função dos tipos maiscomuns de solo.

    9 CONCLUSÕES GERAIS

    Nos projetos de engenharia necessários para a implantação de edificaçõespara a produção de suínos é importante a participação de profissionais habilitados ecom experiência neste ramo de atividade.

    1/1 1/2 1/3

    a) Talude 1/1,terreno poucoestável, terrenoarenoso.

    b) Talude 1/2, terrenoestável, terreno argiloso.

    c) Talude 1/3, terrenobastante estável,terreno rochoso.

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    Os aspectos ambientais e de bem estar animal envolvidos na produção desuínos, atualmente exercem um papel importante, não podendo mais serdesconsiderados nos projetos de edificações para a suinocultura.

    As edificações são um dos fatores mais importantes no planejamento dossistemas de produção de suínos, porque depois de implantadas torna-se difícil eonerosa qualquer mudança estrutural.

    As edificações devem ser projetadas visando o maior aproveitamento dosrecursos naturais e ao mesmo tempo atenda a legislação ambiental vigente, quanto àsdistâncias relativas às fontes de água, dos rios, estradas e divisas.

    10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ANTUNES, R. Versáteis e ecológicos. Suinocultura Industrial, v.177, n.03, p.30-33, 2004.

    ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistemas de gestão ambiental:especificação e diretrizes para uso (NBR ISO 14001). Rio de Janeiro: ABNT, 1996. 14p.

    BELLAVER, C.; GUIDONI, A. L.; LIMA, G. M. M.; LA GIOIA, D. Fornecimento de água dentrodo comedouro e efeitos no desempenho, carcaça e efluentes da produção de suínos. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 9., 1999,Belo Horizonte. Anais. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 1999. p. 489-490.

    BODMAN, G. R. 1994, Evaluation of housing and environmental. Adequacy: principles andconcepts. Cooperative extension at the University of Nebrasca, Lincon, 28p.

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