patologias na construção civil detalhes construtivos fissuras na alvenaria

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DETALHES CONSTRUTIVOS VISANDO À PREVENÇÃO DE FISSURAS EM ALVENARIAS DE VEDAÇÃO E ALVENARIAS ESTRUTURAIS RICARDO LOPES RAFAEL MANTUANO NETTO São Paulo, Dezembro de 2012.

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Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são tarefas que devem ser realizadas sistemática e periodicamente, de modo que os resultados e as ações de manutenção devem cumprir efetivamente a reabilitação da construção sempre que necessária.

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DETALHES CONSTRUTIVOS VISANDO À PREVENÇÃO DE

FISSURAS EM ALVENARIAS DE VEDAÇÃO E ALVENARIAS

ESTRUTURAIS

RICARDO LOPES

RAFAEL MANTUANO NETTO

São Paulo, Dezembro de 2012.

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SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................ 3

2. Mecanismos de formação de fissuras em alvenarias ....................................... 4

3. Detalhes construtivos ....................................................................................... 4

3.1. Interface entre alvenaria estrutural e laje de cobertura .................................... 4

3.2. Encunhamento ................................................................................................. 8

3.3. Encontro entre alvenaria de vedação e pilar .................................................. 14

3.4. Juntas de controle e juntas de dilatação ........................................................ 20

4. Conclusão ....................................................................................................... 25

5. Referências Bibliográficas .............................................................................. 26

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1. Introdução

A indústria da construção civil é, tradicionalmente, um dos setores mais lentos

para aceitar inovações. No entanto recentemente tem se caracterizado por um acelerado desenvolvimento e crescente evolução das técnicas construtivas e do uso de novos materiais e produtos.

No caso da alvenaria houve uma profunda mudança na maneira de construir, pois antigamente as alvenarias eram utilizadas como elemento resistente e de vedação e a sua estabilidade e resistência eram definidos em função de sua geometria. Tradicionalmente pesadas, espessas e rígidas, as alvenarias evoluíram para lâminas consideravelmente delgadas dos nossos dias (THOMAZ, 2001).

Hoje, os edifícios são mais altos e esbeltos, a concepção privilegia grandes vãos, há menos pilares e as lajes apresentam espessura reduzida. Essas características, sem dúvida, trouxeram implicações e tornaram as estruturas mais deformáveis, introduzindo nas alvenarias maiores tensões.

Com o advento de blocos vazados, tanto de cerâmica como de concreto mais resistente e dimensões maiores, a capacidade das alvenarias absorverem as deformações foi reduzida. De fato, isso colaborou para o surgimento das patologias sem que estas mudanças fossem estudadas, aumentando sua exposição à possibilidade de ocorrência de fissuras.

As fissuras em alvenaria das edificações são um alerta de que algo errado está acontecendo, podendo comprometer a estanqueidade à água, o isolamento acústico e em alguns casos até a estrutura do edifício.

A fissuração é um fenômeno que tem origem em falhas técnicas, afetando muitas vezes o desempenho das alvenarias. Nesse sentido, novos conceitos quanto à qualidade e desempenho das construções, direitos dos consumidores, satisfação dos usuários, certificados de qualidade e conformidade, competição empresarial e produtividade têm sido introduzidos, exigindo a busca constante de melhorias em todas as etapas do processo construtivo.

Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são tarefas que devem ser realizadas sistematicamente e periodicamente, de modo que os resultados e as ações de manutenção devem cumprir efetivamente a reabilitação da construção sempre que necessária.

Segundo IOSHIMOTO (1988) apud MAGALHÃES (2004), o estudo sistemático dos problemas patológicos a partir de suas manifestações características permite um conhecimento mais aprofundado das causas, subsidia os trabalhos de recuperação e manutenção e contribui para um maior entendimento de cada uma das etapas dos processos de produção das edificações, possibilitando a adoção de medidas preventivas.

Nesse sentido, este trabalho tem como objeto estudar os detalhes construtivos que visem à prevenção de fissuras em alvenarias de vedação e estruturais.

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2. Mecanismos de formação de fissuras em alvenarias

Os materiais e elementos construtivos apresentam movimentações causadas

por esforços internos e externos em uma construção. As inter-relações entre seus diversos elementos constituintes podem transmitir movimentações e esforços de uns para os outros. Restrições a estas movimentações podem causar tensões internas nos elementos construtivos que resultam em fissuras (Brick Industry Association, 1991, apud MAGALHÃES, 2004). As fissuras são originadas quando as cargas atuantes ultrapassam a capacidade resistente da estrutura solicitada (ELDRIDGE, 1982 apud MAGALHÃES, 2004).

Os componentes da alvenaria e as juntas de argamassa são os principais elementos constituintes das alvenarias e, por sua condição de material pétreo, apresentam bom comportamento frente às solicitações de compressão, o mesmo não ocorrendo em relação às solicitações de cisalhamento, tração e flexão. Por esse motivo, a ruptura de elementos de alvenaria costuma produzir-se segundo superfícies normais à rede de esforços de tração atuantes (MANÃ, 1978, apud MAGALHÃES, 2004), que podem ser originados por esforços ortogonais de compressão, esforços de cisalhamento ou tração direta (DUARTE, 1998 apud MAGALHÃES, 2004).

As fissuras em alvenaria podem ser causadas por diversos fatores, dentre eles a ausência ou má execução de detalhes construtivos. Segundo THOMAZ E HELENE (2000), os projetos de alvenarias normalmente têm se restringido ao comportamento mecânico e à coordenação dimensional com outros elementos.

Serão estudados a seguir alguns detalhes construtivos a serem considerados nas alvenarias, que têm como intuito minimizar ou eliminar a ocorrência de fissuras.

3. Detalhes construtivos

3.1. Interface entre alvenaria estrutural e laje de cobertura

As alvenarias do último pavimento normalmente são muito solicitadas pelas

movimentações térmicas da laje de cobertura, sujeita a variações de temperatura significativas. Dentre as situações em que se deve especificar a junta de movimentação, o encontro entre alvenaria estrutural e laje de cobertura merece particular importância.

Segundo Basso, et. al. (1997) apud VILATÓ e FRANCO (1998), o processo de fissuração que ocorre nas alvenarias estruturais que sustentam a laje de cobertura está motivado por diferentes fatores, tais como: diferença entre os módulos de elasticidade e coeficiente de dilatação térmica dos materiais que compõem a laje e as paredes; diferentes solicitações pelas ações térmicas a que estão submetidas a laje e a parede; e a vinculação que as paredes impõem à movimentação da laje. Esta situação é agravada pelo fato das paredes abaixo da cobertura serem submetidas a menores tensões de compressão, enquanto a laje está sujeita à maior solicitação térmica.

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Segundo BASSO et al. (1997) citado por MAGALHÃES (2004), a configuração destas fissuras é tipicamente horizontal, na interface entre a alvenaria e a laje de concreto armado, ou um pouco mais abaixo conformando uma linha paralela à laje. A ação da variação de temperatura sobre a laje gera dois efeitos: provoca variações dimensionais no plano da laje (comportamento de membrana) e curvaturas da superfície da laje (comportamento de placa). Essas movimentações introduzem tensões de tração e cisalhamento nas alvenarias, completando seu mecanismo de ruptura.

A Figura 1 apresenta um esquema de formação de fissuras na alvenaria em contato com a laje de cobertura, devido à dilatação térmica da laje.

Figura 1: mecanismo de formação de fissuras na alvenaria em contato com a laje

de cobertura. (THOMAZ, 2001).

Figura 2: Fissura no encontro entre laje de cobertura e alvenaria (THOMAZ, 1989) Segundo THOMAZ e HELENE (2000), alguns cuidados como sombreamento,

ventilação dos áticos e isolação térmica da laje de cobertura podem minimizar a ocorrência de patologias. No entanto, segundo os mesmos autores, soluções mais eficazes exigem a execução de juntas de dilatação na laje ou mesmo a utilização de

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apoios deslizantes (neoprene, teflon, manta asfáltica, entre outros) entre a última fiada de alvenaria e a laje de cobertura.

A Figura 3 mostra exemplo de solução adotada para junta de dessolidarização entre alvenaria estrutural (parede interna) e laje de cobertura, através da utilização de material redutor de atrito. A Figura 4 mostra o mesmo detalhe, mas específico para alvenaria externa com laje sem beiral.

Figura 3: Detalhe de material redutor de atrito para dessolidarização entre alvenaria estrutural (parede interna) e laje de cobertura.

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Figura 4: Detalhe de material redutor de atrito para dessolidarização entre alvenaria estrutural (parede externa) e laje de cobertura sem beiral.

O material redutor de atrito utilizado foi a manta asfáltica com 3mm de espessura, sobreposta em 3 camadas na largura do bloco de concreto, com as faces cobertas com filme de polietileno deslizante. Este material permite a movimentação da laje e da alvenaria sem que ocorra a transferência de tensões significativas entre esses elementos.

No caso da Figura 4, para alvenarias externas, utilizou-se o EPS como material deformável, cujo objetivo é evitar a transferência de tensão da laje para o bloco de concreto.

A Figura 5 mostra o posicionamento do material redutor de atrito sobre as alvenarias, antes da concretagem da laje, permitindo a expansão da laje sem transmissão de esforços significativos para a alvenaria.

Figura 5: material redutor de atrito sobre alvenaria (LOTURCO, 2005)

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De acordo com THOMAZ e HELENE (2000), para evitar grandes solicitações às alvenarias devido à retração do concreto da laje de cobertura, no caso de não terem sido previstas juntas de dilatação, pode-se adotar juntas de retração provisórias, conforme mostradas na Figura 6. Neste caso, deve-se deixar trechos da laje sem concretar (juntas provisórias), sendo estes preenchidos com concreto sete a dez dias após. Essas juntas permitem que ocorra a retração do concreto em panos de laje menores, minimizando seus efeitos sobre as alvenarias, sendo posteriormente consolidadas.

Figura 6: junta de retração provisória na laje de cobertura (THOMAZ e HELENE, 2000)

Segundo LOTURCO (2005), algumas ações com o objetivo de diminuir a

movimentação da laje e desvincular a estrutura da alvenaria minimizam a ocorrência de patologias. Os projetos devem prever:

Sombreamento;

Camada de isolamento térmico;

Cura controlada;

Impermeabilização;

Seccionamento da laje (juntas);

Junta de movimentação entre viga e alvenaria;

Entelamento - quando se deseja continuidade do revestimento;

Fixar molduras de acabamento apenas na parede;

Executar junta deslizante no apoio da laje na alvenaria estrutural.

3.2. Encunhamento

Os primeiros registros do uso do encunhamento no Brasil constam da década de

30, logo após o surgimento das primeiras edificações em concreto armado. A primeira técnica de encunhamento foi com blocos cerâmicos de vedação inclinados a 45º, conforme a Figura 7. Em seguida veio o encunhamento feito com tijolos maciços nesta mesma posição, uma técnica ainda muito utilizada principalmente fora dos principais centros e nas construtoras de pequeno e médio porte.

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Figura 7: Encunhamento no encontro entre alvenaria e laje.

Nos útimos anos diferentes materiais surgem como opções para a execução do

encunhamamento. Devido à existência de edificações cada vez mais esbeltas e estruturas cada vez mais flexíveis, SAYEGH (2007) sugere a aplicação de materiais mais resilientes como:

Argamassa resiliente (massa podre) com baixo módulo de elasticidade;

Tijolos de barro cozido que possuam baixo módulo de elasticidade;

Argamassas com elastômeros;

Placas de Neoprene;

Cortiça ou isopor;

Poliuretano expandido. De acordo com THOMAZ e HELENE (2000), para que não ocorra a transmissão

de carregamentos entre os pavimentos, é recomendável retardar ao máximo as atividades de elevação das alvenarias e o encunhamento das paredes. Transcorrido determinado prazo após a execução das alvenarias, pode-se adotar o encunhamento em pavimentos alternados, da seguinte forma: encunham-se dois pavimentos e pula-se o próximo, de forma a abrir frentes para trabalhos internos (revestimentos, etc.).

Além disso, o encunhamento deve ser feito primeiro no pavimento superior e depois no inferior, evitando que seja transferida carga para a alvenaria.

Apesar dos avanços em novos materiais e novas técnicas as edificações continuam sofrendo manifestações patológicas, dentre elas está o aparecimento de fissuras horizontais na ligação entre a alvenaria e a estrutura. As fissuras no encunhamento são transferidas para o revestimento de argamassa. Isso permite a entrada de agentes patológicos, diminui a durabilidade e ainda provoca constrangimentos psicológicos aos usuários, devido aos problemas estéticos ocasionados. Para solucionar este problema a principal indicação é o uso de materiais mais resilientes, como a chamada massa podre (argamassa com baixo módulo de deformação).

Com a indisponibilidade cada vez maior e o custo elevado de tijolos de barro somando-se às dificuldades com a produção de traços de argamassa com resiliência

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suficiente, o mercado tem buscado soluções alternativas, mais competitivas e com melhor desempenho.

Case: Residencial Sicília A infiltração externa, proveniente de trincas na região de encunhamento entre

alvenaria e estrutura nas fachadas, apresentou-se como a patologia de maior grau de dificuldade nos reparos executados pelo setor de manutenção. Durante o período de chuvas de grandes intensidades, a água infiltrava pelas fissuras das juntas de trabalho do revestimento, umedecendo por completo a parede interna dos apartamentos localizados nesta fachada. O fato de o reparo ter sido feito dentro do imóvel, através da raspagem e re-pintura, não se provou eficaz.

A Figura 8 mostra umas das técnicas de encunhamento estudadas.

Figura 8: encunhamento da alvenaria na viga.

Através do uso de dispositivos (isopor, tarucel) no espaço entre alvenaria e fundo de viga, procura-se interromper a percolação da água através da alvenaria, devido à pressão gerada pela água de chuva impulsionada pelo vento.

A existência do dispositivo “aliviador” de pressão (espuma de poliuretano – Tarucel), atuaria como um dissipador de energia, fazendo com que a água que anteriormente “percolava” pela argamassa, seja interrompida no interior da região do encunhamento, isolando assim a umidade externa do interior do imóvel.

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Figura 9: detalhe do dispositivo aliviador de pressão (tarucel)

Figura 10: detalhe do dispositivo aliviador de pressão (tarucel)

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Figura 11: detalhe do dispositivo aliviador de pressão (tarucel)

A Tabela 1 mostra um quadro comparativo de prós e contras de cada processo de

encunhamento entre alvenaria de vedação e estrutura de concreto armado. Tabela 1: comparativo entre sistemas de encunhamento

Análise de custo Para cada uma destas alternativas mostradas na Tabela 1, foi analisado o quesito

custo final por metro linear envolvendo o gasto de material e homem/hora. Os valores de cada material e custo de mão-de-obra foram tomados na região da cidade do Rio de Janeiro, podendo estes sofrer variações dependendo da região. Os valores de traços, homem/hora e consumo foram obtidos através do livro TCPO da PINI, sites da Internet e arquivos de procedimentos e custos da empresa Carmo & Calçada.

Foram criadas tabelas para cada opção listada na Tabela 1, visando facilitar a comparação entre os sistemas. Na Tabela 2 foi analisada a opção com tijolo maciço. Na Tabela 3 foi considerada argamassa industrializada. Na Tabela 4 utilizou-se argamassa com aditivo expansor, e na Tabela 5 mostra o custo de encunhamento feito com argamassa industrializada e tarucel.

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Tabela 2: encunhamento feito com tijolo maciço

Tabela 3: encunhamento feito com argamassa industrializada

Tabela 4: encunhamento feito com argamassa industrializada e aditivo expansor

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Tabela 5: encunhamento feito com argamassa industrializada e dispositivo aliviador de pressão - tarucel

Considerando que a obra em análise tem 3.467,52 metros lineares de

encunhamento de alvenaria de fachada, o custo total de cada alternativa seria dado pela Tabela 6.

Tabela 6: custo total para a atividade de encunhamento, considerando as quatro

alternativas apresentadas na Tabela 1, para o estudo de caso em questão

A partir da análise dos valores mostrados nas Tabelas 2 a 6, a opção de

encunhamento utilizando tijolo maciço apresentou valor final muito acima dos valores encontrados para as demais opções.

Os demais sistemas apresentam custos muito próximos, e devem ser avaliados caso a caso, em função da mão-de-obra, disponibilidade de materiais e prazo de execução.

3.3. Encontro entre alvenaria de vedação e pilar

Segundo Medeiros; Franco (1999) a tendência de projetar estruturas cada vez

mais esbeltas, avanços na tecnologia do material, velocidades de execução cada vez maiores, crescente redução de custos nas obras e atuação de sobrecargas importantes a idades cada vez menores têm sido responsáveis pela ocorrência de problemas nas alvenarias e seus revestimentos. A fissuração de paredes é o problema patológico mais comum nestas situações.

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Helene (1988) Salienta que na distribuição relativa de incidência de manifestações patológicas a fissuração representa 21% entre os sintomas mais comuns e de maior incidência.

Medeiros; Franco (1999) Desenvolveram estudos experimentais e propuseram parâmetros e detalhes construtivos a serem considerados nos projeto de alvenaria e estruturas para evitar uma parte importante destas fissuras. O uso das telas metálicas eletro-soldadas foi avaliado em ensaios de laboratório através de dois diferentes procedimentos, onde foram determinadas as resistências à tração das ancoragens inseridas dentro de juntas de argamassa de prismas de alvenaria. Este ensaio é similar àquele especificado pela ASTM E754/94, tendo sido acrescentado um nível determinado de pré-compressão para simular o peso próprio e as tensões normalmente surgidas devido a ação da flexão da viga ou laje que restringe superiormente a parede.

Foram conduzidos também ensaios de paredes em escala natural para determinar o desempenho das ancoragens na ligação de paredes e pilares de concreto armado. Neste caso foram empregados balanços pré-fabricados de concreto armado como elemento de apoio das paredes. Os resultados mostraram que as telas metálicas eletro-soldadas de arame galvanizado podem ser empregadas para prevenir fissuras de interface entre alvenaria e pilar, devendo-se respeitar para isso, limites de flechas máximas do elemento de suporte (viga ou laje).

Embora o desempenho das telas seja muito dependente do número, dimensões e do tipo de fixação empregados, elas demonstraram ser capazes também de reduzir sensivelmente a influência da mão-de-obra quando comparadas a outros dispositivos empregados para esta finalidade (ferro cabelos e fitas metálicas).

Os ensaios também permitiram mostrar que os critérios de projeto de estrutura e alvenaria de vedação devem ser revistos de modo a considerar os efeitos de deformações excessivas nas alvenarias e em seus revestimentos de modo a prevenir parte das fissuras hoje observadas.

Sabbatini (2003) destaca os componentes metálicos para reforço e distribuição de tensões, como fios, barras e telas de reforço que podem ser utilizados como amarração indireta, sendo imersos em juntas de argamassas,

As paredes de alvenaria de vedação têm como principal função proteger os ambientes e o próprio edifício, cumprindo os requisitos estabelecidos em projeto.

No mesmo sentido, Thomaz e Helene (2000 apud Richter, 2007) argumentam que as juntas de assentamento em amarração facilitam a redistribuição de tensões provenientes de cargas verticais ou introduzidas por deformações estruturais e movimentações hidrotérmicas.

Patologias Fissuras e outros problemas nas alvenarias de paredes costumam gerar altos custos de recuperação, transtornos e problemas de ordem diversa, principalmente a insatisfação dos proprietários.

Entre as várias situações possíveis de emprego de reforços para evitar fissuras está à ligação de paredes com pilares da estrutura. Estas fissuras ocorrem com freqüência importante, principalmente nas situações em que os deslocamentos dos elementos de apoio das paredes são significativos.

Para ancorar as paredes e prevenir as fissuras de interface são empregados tradicionalmente os chamados ferros cabelos - fios de aço para concreto armado de espessura ente 4 e 6 mm.

Segundo Thomaz e Helene (2000), como regra geral as ligações com os pilares poderão ser executadas com ferros de espera introduzidos na armadura do pilar (ferros dobrados faceando a forma internamente), ou com “ferro cabelo” posteriormente colados em furos executados por brocas de vídea Ø 8 mm (colagem com resina epoxy); recomenda-se adotar dois ferros Ø 6 mm a cada 40 ou 50 cm,

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com transpassante em torno de 50 cm. Canaletas assentadas na posição dos “ferros cabelo”, posteriormente preenchida por micro-concreto, produzem ligações fortes e absorvem diferenças no posicionamento dos ferros em relação as fiadas. A ligação ainda poderá ser reforçada com inserção de tela metálica na argamassa de revestimento.

A Figura 12 mostra duas opções para execução de ferro cabelo.

Figura 12: Ligações entre alvenarias e pilares com gancho de aço de dois ramos

ou com auxílio de blocos tipo canaleta (THOMAZ, et al., 2009)

Figura 13: fixação de ferro cabelo em estruturas de concreto Atualmente tem se utilizado as telas metálicas eletro-soldadas de arame de

pequeno diâmetro (até 2,1 mm). A colocação das telas deve seguir orientação do projeto de alvenaria de vedação e

obedecer alguns cuidados para garantia da amarração. O objetivo é criar uma ligação que impeça o descolamento da alvenaria em relação ao pilar e, ao mesmo tempo, reduza as tensões na argamassa de assentamento.

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Figura 14: posicionamento da tela na junta de argamassa (MEDEIROS e FRANCO,

1999) A Figura 14 mostra o correto posicionamento da tela na junta da argamassa.

Importante observar esse posicionamento, pois no momento em que a alvenaria se desloca em relação ao pilar, a ligação entre ambos é solicitada. Neste momento a tela começa a trabalhar, evitando o aparecimento de fissuras. Caso a tela seja fixada no pilar sem coincidir com a junta da alvenaria, a tela irá se deslocar antes de começar a trabalhar, permitindo o surgimento da fissura.

As telas soldadas têm encontrado espaço para utilização na construção devido principalmente às suas vantagens relativas à produtividade na execução. Elas têm se mostrado bastante competitivas quando comparadas às armaduras montadas no local, pois permitem maior precisão no espaçamento dos fios das malhas para armadura devido ao seu processo automatizado de produção, reduzindo substancialmente as perdas em obras, como destaca BAUMANN (1993).

As telas soldadas empregadas conjuntamente nas amarrações entre paredes e nas ligações de paredes com pilares podem representar um ganho de produtividade na execução das alvenarias entre 20 e 40 % quando comparadas às soluções convencionais com ferro cabelo e amarrações com blocos.

As telas também facilitam a amarração entre paredes construídas com blocos de diferentes dimensões ou ainda em amarrações de paredes com ângulos diferentes de 90º. O mesmo acontece nas situações onde as amarrações entre paredes e encontros com pilares são de difícil execução como espaletas (bonecas), peitoris, paredes de meia altura e paredes de escada.

Devido a sua facilidade de corte e manuseio, ancoragem adequada à argamassa de assentamento e desempenho compatível com esforços de tração, as telas se prestam também as situações onde o projetista pretende tornar a paredes mais resistentes à fissuração, podendo armar as juntas horizontais para combater estes esforços. Assim, podem-se utilizar as telas como armadura de paredes de vedação sujeitas à flexão no sentido paralelo ao seu plano principal, evitar fissuração precoce de paredes apoiadas sobre vigas e lajes em balanço ou em vigas e lajes de grandes vãos que apresentem deformabilidade significativa.

PFEFFERMAN, HASELTINE (1992) desenvolveram alguns estudos através dos quais demonstraram o potencial de uso de armaduras com fios transversais para melhorar o desempenho mecânico das alvenarias. Seus resultados demonstraram ser possível aumentar entre 50 e 100 % o comprimento de paredes usando reforços de

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juntas para combater fissuração. O desempenho das paredes submetidas à flexão devido ao deslocamento do suporte, no caso vigas e lajes de concreto armado.

Estes autores recomendam o uso de reforços nas juntas para situações como:

Reforços das primeiras 3 a 5 juntas horizontais para impedir a formação de fissuras devido a pequenos recalques de fundação;

Nas juntas acima e abaixo de aberturas de janelas e acima de portas para evitar fissuras devido a concentração de esforços;

Como substituição de vergas e contravergas nas alvenarias aparentes;

Como opção para a armação de paredes para combater flexão devido à ação do vento, observando as recomendações normativas de projeto.

Embora as telas possam funcionar também para combater esforços de

cisalhamento como aqueles que ocorrem nas regiões dos cantos de aberturas de acordo o NCMA (1972), há limitações quanto ao uso para estas finalidades.

BEALL (1987) observa que as ancoragens construídas com tela resistem bem melhor à tração do que ao cisalhamento devendo ser consideradas conectores flexíveis. Assim deve-se considerar, portanto, seu efeito limitado para situações onde esforços de cisalhamento são concentrados e de grande magnitude, como são os casos de paredes duplas de fachadas de edifícios em que a lâmina exterior constitui-se em uma cortina ancorada no nível de cada laje por meio de conectores metálicos, de forma a garantir estabilidade. Neste caso barras e chapas com desenhos apropriados são recomendados devido à maior resistência a esforços cortantes.

Abaixo são apresentadas resumidamente, as vantagens relativas das telas quanto ao desempenho e quanto ao uso como reforço e ligação entre paredes de alvenaria e pilares de concreto armado, quando comparadas com a solução tradicional através de ferro cabelo.

Tabela 7: Resumo comparativo entre tela metálica soldada e galvanizada e ferro

cabelo para ligação entre parede de alvenaria e pilar de concreto quanto ao desempenho.

TELA SOLDADA FERRO CABELO

QUANTO AO DESEMPENHO QUANTO AO DESEMPENHO

Desempenho global superior Desempenho limitado e difícil de ser obtido satisfatoriamente.

Maior capacidade de evitar o surgimento das primeiras fissuras na interface entre parede e pilar

Ineficiência do ferro cabelo reto. Potencial do ferro dobrado comprometido pela dificuldade na execução.

Maior homogeneidade da aderência ao arrancamento (pull out test)

Grande variação nos resultados de aderência devido a enorme influência da mão-de-obra

Menor influência da mão-de-obra Grande influência da mão-de-obra na chumbagem e posicionamento do fio na junta de argamassa.

Maior capacidade de ancoragem à argamassa. Baixa aderência com a argamassa. Depende muito da posição na junta horizontal e da existência de barra transversal para funcionar adequadamente (ferro cabelo dobrado tipo estribo)

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Maior capacidade de redistribuição de tensões. Efeito de difusibilidade da armadura no interior da junta de argamassa.

Potencial de concentrações de tensões e conseqüente ruptura brusca.

Arame protegido contra corrosão. Galvanização aumenta vida útil em cerca de 10 vezes.

Sujeito à corrosão rápida se exposta à umidade e ação de revestimento de gesso, principalmente quando o recobrimento fica comprometido.

Estabilidade lateral da parede limitada ao seu potencial de resistência à tração.

Dificuldade de posicionamento correto e capacidade de cisalhamento muito maior que a resistência à tração da alvenaria.

Pouca dependência da aderência com a argamassa: macro ancoragem na malha quadrada.

Depende da aderência com argamassa, mesmo existindo uma dobra transversal à espessura da parede.

Fixação das alvenarias de vedação em estruturas de concreto Quando a alvenaria é executada depois da estrutura são observadas fissuras na

interfase alvenaria/estrutura devido à diferença de módulo de elasticidade dos materiais constituintes.

Alguns cuidados são recomendados como observar quais os vínculos previstos entre a parede de alvenaria e estrutura a fim de se definir os materiais e técnicas:

A alvenaria funciona como travamento da estrutura;

A alvenaria não funciona como travamento e a estrutura que a envolve é deformável (pré-fabricados e grandes pórticos, lajes tipo cogumelo);

A alvenaria não funciona como travamento e está envolta por estrutura pouco deformável.

No caso “1” é necessário que exista uma ligação efetiva e rígida entre elas. As

paredes estarão submetidas a um estado de tensão que lhes serão transmitidas pela estrutura. Devem, portanto apresentar resistência mecânica compatível com as solicitações e a forma de fixação deve garantir o grau de ligação. O chapisco (argamassa de cimento e areia mais um adesivo de argamassa) é imprescindível, pois falta aderência neste ponto. Na parte superior da alvenaria deve ser executado, além do chapisco, o encunhamento utilizando cunhas pré-fabricadas de concreto, tijolos cerâmicos inclinados ou argamassa expansiva Para fixação lateral devem ser previstas barras chamadas de “ferro cabelo” ou telas de aço previamente fixadas nos pilares e a solidarização é feita durante a elevação da alvenaria.

No caso “2” cada tipo de estrutura deve ser estudado separadamente. De modo geral procura-se executar as juntas com material bastante deformável (mastiques elásticos), que permita a movimentação da estrutura sem introduzir esforços de grande amplitude na alvenaria. Nestes casos o “ferro cabelo” deve ser fixo na estrutura de concreto e livre na alvenaria, possibilitando a movimentação do painel.

No caso “3” panos pouco extensos, pórticos rígidos, o importante da fixação, desde que a junta seja frágil, é tempo correto de sua execução. Esta não deve se dar imediatamente após término da elevação da alvenaria.

Quanto ao tipo de ligação, para as alvenarias de vedação, torna-se necessário que seu funcionamento seja compatibilizado com o da estrutura devido principalmente às diferenças de comportamento dos materiais. O encunhamento rígido pode submetê-la a um estado excessivo de tensão e provocar fissuras. Assim a fixação da alvenaria à

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estrutura deverá ser inicialmente fraca. No encontro vertical (com os pilares) normalmente ocorrem juntas “auto-deformáveis” que, provavelmente, se manifestarão também no revestimento. Nestes casos pode-se especificar o acabamento frisado para as juntas ou a aplicação de telas na região da junta, evitando que esta se manifeste no revestimento.

3.4. Juntas de controle e juntas de dilatação

Juntas de controle:

As juntas de controle têm por finalidade limitar as dimensões dos painéis de

alvenaria de forma a evitar concentrações de tensões decorrentes da variação volumétrica, de origem higroscópica (absorção e liberação de água) e também variações térmicas dos elementos que a compõem.

THOMAZ (Téchne, 1995) esclareceu, sobre os atributos considerados nos componentes de alvenarias.

Movimentações térmicas: frente a oscilações da temperatura, os materiais constituintes dos blocos apresentam diferentes variações dimensionais, podendo induzir destacamentos entre alvenaria e estrutura (paredes de vedação) ou entre paredes ligadas com juntas a prumo; as pinturas externas das paredes influenciarão decisivamente a escala das movimentações (quanto mais escura a cor, maior absorção de calor, maiores as movimentações térmicas).

Tamanho do bloco e flexibilidade da parede: como regra geral, a capacidade das alvenarias absorverem deformações impostas (recalques, etc.) é regida pelas juntas (deformabilidade da argamassa, tipo de junta) a prumo ou em amarração, espessura e quantidade de juntas; para idênticas condições de assentamento, portanto, quanto maior a dimensão do bloco, menor o número de juntas e, comparativamente, menor o poder de absorção de movimentações.

Sua aplicação também ocorre quando da necessidade da desvinculação de

diferentes painéis de alvenaria, os quais apresentem solicitações diferentes, de forma tal que as fissuras sejam evitadas, conforme mostrado na Figura 15.

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Figura 15: junta de controle em execução (SANTOS 2004) A correta disposição das juntas de controle é um dos aspectos de maior

importância na prevenção de problemas patológicos nas edificações. A partir da identificação de sua necessidade, a sua utilização é recomendada nos casos onde ocorrem:

Variações bruscas na altura dos painéis de alvenaria:

Figura 16: painéis de alvenaria com variações bruscas

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Onde há variação na espessura da alvenaria:

Figura 17: variação da espessura da alvenaria

Próximo às intersecções de paredes em L, T ou U:

Figura 18: intersecção entre paredes em T

A determinação do espaçamento entre as juntas de controle depende de diversos

fatores, dentre as quais estão propriedades dos componentes, fatores climáticos, tipo de argamassa, condições de exposição da alvenaria e suas restrições vinculares, carregamentos, etc. CAVALHEIRO (2004) apresenta as recomendações gerais no quadro abaixo:

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Tabela 8: Distância entre juntas de controle (adaptado de THOMAZ, 2000)

Normalmente utilizam-se juntas de controle com espessura e=10 mm, de forma

que a junta de controle tenha espessura semelhante à da argamassa. Existem juntas de controle de expansão ou controle de retração. As juntas de

controle de expansão ocorrem geralmente em alvenarias de blocos cerâmicos, onde o volume de umidade tende aumentar quando ocorre absorção de água.

Já as juntas de retração ocorrem geralmente em alvenarias de blocos de concreto, onde há tendência de redução de volume quando ocorre evaporação de água.

Dessa forma, diferentes soluções de selagem de juntas são aplicadas, de acordo com a movimentação esperada.

Figura 19: Juntas de expansão (CAVALHEIRO 2004)

Figura 20: Juntas de retração (CAVALHEIRO 2004)

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Juntas de dilatação: Sua função é absorver movimentações estruturais decorrentes de variações de

temperatura. A junta de dilatação intercepta paredes, lajes, vigas, pilares, de forma diferente das juntas de controle que interceptam apenas os painéis de alvenaria conforme indicado na figura abaixo.

A norma NBR 10837 (ABNT, 1989) determina que a distância máxima entre juntas de dilatação deve ser de 20 metros nos edifícios de alvenaria estrutural não armada e 30 metros em edifícios de alvenaria estrutural armada.

Figura 21: Junta de dilatação em execução (SANTOS, 2004) Para Parsekian et al (2007) um fator que pode reduzir o potencial aparecimento de

fissuras de retração é a utilização de juntas de controle. De acordo com o autor, as juntas permitem que as deformações ocorram livremente, sem o aparecimento de tensões.

De acordo com a NBR 10837 (ABNT 2000), a utilização de juntas de controle tem por finalidade básica permitir deslocamentos devidos à retração e secundariamente às variações de temperatura. Tais juntas devem ser empregadas da seguinte forma:

Locais onde a altura ou carga da parede varia bruscamente;

Locais de variação de espessura da parede (não sendo por conta de enrijecedores);

Em paredes onde há brusca mudança de direção e que, em planta têm a forma de “L”, “T” ou “U”.

Nesses locais devem ser obedecidas as seguintes condições:

A junta deverá ser contínua ao longo de toda a altura da alvenaria;

O local de junta deverá permitir os movimentos para os quais foi projetada, para isso é necessário o preenchimento com material indeformável.

Interrupção em 50% da armadura horizontal na junta de controle;

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As barras da armadura e o graute podem ser contínuos no nível de pisos e coberturas.

A NBR 15961-1 (ABNT-2011) acrescenta que deve ser avaliada a necessidade de colocação de juntas verticais de controle de fissuração em elementos de alvenaria com a finalidade de prevenir o aparecimento de fissuras provocadas pelos mesmos motivos acima mencionados como variação da temperatura, expansão, variação brusca de carregamento e variação da altura ou espessura da parede.

As juntas devem ser utilizadas para painéis de alvenaria contidos em um único plano e na ausência de uma avaliação precisa das condições específicas do painel, devem ser dispostas juntas verticais de controle com espessura máxima que não ultrapasse os limites da Tabela 9:

Tabela 9: espessura máxima das juntas de controle (NBR 15812-1 - ABNT-2010)

LOCALIZAÇÃO DO ELEMENTO

LIMITE (cm)

Espessura ≥ 14 cm Espessura = 11,5cm

Externa 10 8

Interna 12 10

Notas 1. A espessura mínima da junta de controle pode

ser determinada como 0,13% do espaçamento das juntas

2. Os limites acima devem ser reduzidos em 15% caso a parede tenha abertura

3. Os limites estabelecidos na tabela 10.1 podem ser alterados mediante inclusão de armaduras horizontais adequadamente dispostas em juntas de assentamento horizontal desde que tecnicamente justificado

4. Conclusão

As fissuras causadas por detalhes construtivos ocorrem por deficiências e incorreções na execução destes detalhes, não sendo levadas em consideração as propriedades físicas dos materiais, impermeabilidade e estanqueidade das alvenarias e das construções, formas corretas de execução das alvenarias, projetos de detalhamentos, entre outros.

Os projetos das alvenarias de vedação e estruturais, incluindo os projetos para produção, devem apresentar, entre outras informações, especificações que englobem os materiais de construção necessários (blocos, traços de argamassas de assentamento e encunhamento, entre outros); prever sempre que necessário ligações/juntas flexíveis e outros detalhes semelhantes; e por último apresentar detalhes construtivos que permitam que os diversos elementos da edificação se comportem de forma harmônica, sem que um interfira no desempenho do outro.

Além disso, é fundamental o envolvimento da obra no controle de execução e aceitação desses detalhes construtivos, pois dessa forma pode-se evitar graves problemas futuros, muitas vezes com custos elevados.

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5. Referências Bibliográficas

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