aspecto anatomopatolÓgico de paraganglioma de...

28
PAULO HENRIQUE LEAL BERTOLO ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE CORPO AÓRTICO EM CÃO: RELATO DE CASO Belém 2015

Upload: others

Post on 11-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

PAULO HENRIQUE LEAL BERTOLO

ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE CORPO AÓRTICO EM CÃO: RELATO DE CASO

Belém 2015

Page 2: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

PAULO HENRIQUE LEAL BERTOLO

ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE CORPO AÓRTICO EM CÃO: RELATO DE CASO

Monografia apresentada à Coordenadoria do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração em Patologia Veterinária, para obtenção do título de Especialista na área de Patologia Veterinária, sob orientação da Prof. Dra. Adriana Maciel de Castro Cardoso e do Prof. Washington Luiz Assunção Pereira.

Belém 2015

Page 3: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

Bertolo, Paulo Henrique Leal

Aspecto anatomopatológico de paraganglioma de corpo aórtico em cão: relato de caso / Paulo Henrique Leal Bertolo. - Belém, 2015.

26 f. Monografia (Especialista em Residência Multiprofissional em

Saúde/Patologia Veterinária) – Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015.

1. Cão 2. Histopatologia 3.Neoplasia cardíaca 4. Paraganglioma

I. Título.

CDD – 636.70896994

Page 4: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome do autor: Bertolo, Paulo Henrique Leal Título: Aspecto anatomopatológico de paraganglioma de corpo aórtico em cão: relato de caso.

Data da aprovação:

Banca Examinadora ____________________________________________ Orientadora e Presidente Prof. Dra. Adriana Maciel de Castro Cardoso Instituto da Saúde e Produção Animal/Universidade Federal Rural da Amazônia

____________________________________________ Membro Titular Prof. Dr. Washington Luiz Assunção Pereira Instituto da Saúde e Produção Animal/Universidade Federal Rural da Amazônia

____________________________________________ Membro Titular M. V. Msc. Suellen da Gama Barbosa Monger Mestre no Programa de pós-graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Pará

Page 5: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

AGRADECIMENTOS À Deus, por sempre me iluminar, abençoar e me ajudar a fazer a escolha certa. Obrigado

Senhor!

Aos meus pais Paulo Bertolo e Náira Lucilea, e aos meu irmãos Paulo Bertolo Júnior e Paula

Patrícia Bertolo que sempre batalharam para que eu pudesse estar aqui hoje, aprofundando

cada vez mais no sonho de se tornar um Patologista Veterinário, sempre me dando conselhos,

me alertando para o estudo e me incentivando a continuar em busca do que eu quero, mesmo

tendo que me ausentar fisicamente nos próximos anos, amo cada um de vocês.

À minha namorada Maria Eduarda Bastos Andrade Moutinho da Conceição, por sempre me

apoiar desde quando éramos apenas amigos, principalmente em momentos difíceis e

preocupações com a rotina do laboratório. Obrigado por ser a minha base, quero sempre estar

ao teu lado te fazendo feliz.

Aos meus Professores orientadores Adriana Maciel de Castro Cardoso e Washington Luiz

Assunção Pereira, por todo o conhecimento repassado, a vontade de ensinar e também por

todas as chamadas de atenção, desde o período das aulas, passando pela monitoria, TCC e a

residência, vocês são meus pais fora de casa, sou muito grato a vocês.

Aos meus amigos “ufranianos” e de fora da UFRA, por me apoiarem durante o curso e

principalmente no final para que eu tivesse força para estudar para a prova de residência . E

que sempre foram pacientes com minha ausência em encontros, aniversários, jogos, festas,

graças a UFRA que tirou minha vida social.

À “família LABOPAT”, Suellen Monger, Roberta Aguirra, Breno Macedo, Karina Ferreira,

Marcela Bernal, Sara Andrade, Gabriel Pardavil, Jerlan Afonso, Ranna Sousa, Renzo Lobato,

apesar das labutas da vida, fazemos de tudo para estarmos sorrindo e fazer de um momento

difícil uma brincadeira, somos uma grande família!

Page 6: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

RESUMO BERTOLO, P. H. L. Aspecto anatomopatológico de paraganglioma de corpo aórtico em cão: relato de caso. [Pathological aspect of aortic body paraganglioma in a dog: case report].2015. 26f. Monografia (Residência em Medicina Veterinária na área de Patologia Veterinária) – Coordenadoria do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, Pará, 2015.

Os paragangliomas são neoplasias raras com origem das células neuroendócrinas da paraganglia no sistema parassimpático, envolvendo os corpos aórtico e carotídeo e menos frequente no glomus pulmonar, glândula adrenal ou sítios ectópicos. Este trabalho tem como objetivo fazer revisão de literatura e relatar um caso de paraganglioma de corpo aórtico associado a choque cardiogênico em um cão, domiciliado na Região Metropolitana de Belém-PA, descrevendo o aspecto anatomopatológico. Um canino SRD, macho de 10 anos de idade, com histórico de anorexia, vômito, tosse, dispneia, taquipneia e intolerância a exercícios. O animal veio a óbito e durante a necropsia apresentou crescimento de aspecto tumoral medindo 6,5 x 8,2 cm, localizada junto a base do coração, e infiltrado no átrio esquerdo. Os demais achados de necropsia foram edema pulmonar, congestão hepática e hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo. Microscopicamente, o tumor era constituído por células de morfologia poliédrica, com citoplasma eosinofílico, núcleos esféricos e hipercromáticos. As células estavam agrupadas em lóbulos separados por estroma fibrovascular bastante desenvolvido, foram também visualizadas células destacadamente grandes (pleomorfismo celular), baixo índice mitótico e infiltração local. O diagnóstico definitivo foi caracterizado como paraganglioma de corpo aórtico maligno grau II.

Palavras-chave: Cão, histopatologia, neoplasia cardíaca, paraganglioma.

Page 7: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

SUMÁRIO

Página 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 6

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 7

2.1 ASPECTOS GERAIS............................................................................. 7

2.2 ETIOPATOGENIA.................................................................................. 9

2.3 EPIDEMIOLOGIA................................................................................... 10

2.4 SINTOMATOLOGIA CLÍNICA................................................................ 11

2.5 DIAGNÓSTICO...................................................................................... 12

2.5.1 Hemograma e bioquímica sérica...................................................... 12

2.5.2 Radiografia......................................................................................... 12

2.5.3 Ecocardiografia.................................................................................. 13

2.5.4 Imuno-histoquímica........................................................................... 14

2.6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.............................................................. 15

3 RELATO DE CASO................................................................................... 16

4 DISCUSSÃO.............................................................................................. 19

5 CONCLUSÕES.......................................................................................... 22

REFERÊNCIAS............................................................................................. 22

Page 8: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

6

1 INTRODUÇÃO

Os animais de estimação, sobretudo os cães, têm apresentado uma relação

cada vez mais próxima com os proprietários, logo, tem havido maiores investimentos

para a melhoria da qualidade de vida desses animais, o que contribui para uma

maior longevidade dos mesmos, tornando-os susceptíveis a enfermidades crônico-

degenerativas, dentre estas, às neoplasias, que são a principal causa de morte em

cães (RODASKI; PIEKARZ, 2008).

As neoplasias cardíacas são raramente diagnosticadas na medicina veterinária,

e estima-se sua prevalência em torno de 0,17% a 0,19% dos tumores que

acometem os cães (SOUSA; ANDRADE, 2008).

Dentre os tumores primários do coração em cães, o hemangiossarcoma é o

mais frequente, seguido do paraganglioma (tumor da base do coração), linfoma e

carcinoma de tireóide ectópica (SOUSA; ANDRADE, 2008; NAKAGAWA et al.,

2009). Também pode ocorrer no coração dos caninos, de maneira menos frequente,

o rabdomiossarcoma (AUPPERLE et al., 2007), o rabdomioma (RADI; METZ, 2009),

o fibrossarcoma (SPELTZ et al., 2007) e os mesenquimomas malignos (tumores

constituídos por vários tipos de células mesenquimais) (MACHIDA et al., 2003),

dentre outros.

Os paragangliomas são neoplasias raras com origem das células

neuroendócrinas da paraganglia no sistema parassimpático (JONES; HUNT; KING,

2000). Este tipo tumoral ocorre habitualmente envolvendo os corpos aórtico e

carotídeo e menos frequentemente no glomus pulmonar, glândula adrenal ou sítios

ectópicos (PALTRINIERI et al., 2004). Os corpos aórtico e carotídeo são órgãos

Page 9: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

7

quimiorreceptores e por esta razão tumores de corpo aórtico foram chamados de

quimiodectoma (JONES; HUNT; KING, 2000; OCARINO et al., 2011).

No entanto, para Sousa et al. (2000), esta denominação não parece ser

adequada, visto que são tumores do sistema paraganglionar e não de células

quimiorreceptoras. Para Davidovic et al. (2005), outros termos como, tumor do corpo

aórtico e carotídeo, tumor glômico, quimiodectoma e tumor não cromafin, são menos

acurados.

O paraganglioma de corpo aórtico em cães é mais comum que aqueles de

corpo carotídeo (CHIQUITO; WERNER; PACHALY, 1998; JONES; HUNT; KING,

2000). Este tumor é primário, de tecido extra cardíaco, se localiza na base do

coração, e pode comprometer a função cardíaca por comprimir os vasos da base do

coração e por infiltrar no miocárdio (MEUTEN, 2002; SAMPAIO et al., 2008).

Este trabalho tem como objetivo fazer revisão de literatura e relatar um caso de

paraganglioma de corpo aórtico como causa de morte em um cão, domiciliado na

Região Metropolitana de Belém-PA, descrevendo o aspecto anatomopatológico.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ASPECTOS GERAIS

Os paragangliomas de corpo aórtico são comumente benignos, exibem

crescimento lento, de modo expansivo, exercendo pressão sobre a veia cava e átrio,

e podem ser encontrados na base do coração e dentro do saco pericárdico,

ocupando o espaço entre a aorta e artéria pulmonar, ou entre a aorta e o átrio

esquerdo ou aurícula direita (JONES; HUNT; KING, 2000).

Page 10: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

8

Esses adenomas podem ser massas solitárias ou múltiplas dentro do saco

pericárdico na base do coração. Dependendo do tamanho podem surgir como

nódulos discretos e bem encapsulados na adventícia das artérias aorta ou pulmonar,

e quando maiores podem cercar o tronco arterial da base do coração, existindo

pouca constrição vascular (CAPEN, 2002).

O correlato maligno dos tumores do corpo aórtico ocorre com incidência menor

que os adenomas, possuem crescimento de modo invasivo, podendo infiltrar no

pericárdio, epicárdio, miocárdio, e grandes vasos da base do coração, entretanto

raramente promove metástase, o que pode ocorrer em 22% dos casos (PATNAIK et

al., 1975; MEUTEN, 2002).

O diagnóstico definitivo acerca do tipo neoplásico é obtido por meio do exame

histopatológico (PAVAN et al., 2013). Microscopicamente as células neoplásicas

habitualmente são bem diferenciadas, de morfologia cuboide a poliédrica, citoplasma

vacuolado ou granulado e levemente eosinofílico, com núcleos centralizados

esféricos e finamente pontilhados, e um único e proeminente nucléolo (JONES;

HUNT; KING, 2000).

Essas células estão aglomeradas em ninhos, sendo separadas por estroma

fibroso altamente vascularizado. Geralmente se evidencia poucas figuras de mitose,

raras células gigantes multinucleadas, macrófagos e agregados linfoides periféricos,

áreas focais de hemorragias e de necrose coagulativa (OCARINO et al., 2011).

O paraganglioma de corpo aórtico pode ser categorizado em três graus

avaliando a taxa de mitose, pleomorfismo celular, crescimento infiltrativo e

metástase a distância. O grau I (benigno) apresenta baixo índice mitótico (uma ou

duas figuras de mitose por campo), uniformidade celular, sem evidências de

crescimento infiltrativo ou metástase; no grau II (maligno) verifica-se baixo índice

Page 11: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

9

mitótico (uma ou duas figuras de mitose por campo), pleomorfismo celular, evidência

de crescimento localmente infiltrativo ou metástase; e no grau III (maligno) alto

índice mitótico (quatro ou mais figuras de mitose por campo), pleomorfismo celular,

evidência de crescimento localmente infiltrativo ou metástase (BROWN; REMA;

GARTNER, 2003).

2.2 ETIOPATOGENIA

O corpo aórtico atua como quimiorreceptor na detecção de alterações do pH

sanguíneo, pressão de oxigênio (PO2) e de dióxido de carbono (PCO2) e auxilia na

regulação da frequência cardiorrespiratória (CAPEN, 2002; DEIM et al., 2007).

A origem dos paragangliomas de corpo aórtico, não está bem definida, tem

sido sugerido que a predisposição genética agravada por hipóxia crônica pode

incitar o desenvolvimento desses neoplasmas (ZIMMERMAN et al., 2000;

CAVALCANTI et al., 2006; KISSEBERTH, 2007). Esta hipóxia crônica leva a

hiperplasia do corpo aórtico, que pode progredir para neoplasia (HADLOW, 1986;

BROWN; REMA; GARTNER, 2003; MONTEIRO; TANAKA; ROCHA, 2003).

O esforço respiratório crônico pode ser explicado por uma enfermidade, por

fatores genéticos como a conformação anatômica do trato respiratório superior, dos

cães braquicefálicos, dificultando a entrada do ar, o que poderia explicar a alta

incidência dos paragangliomas de corpo aórtico em certas raças como o Boxer e

Boston Terrier (HAYES, 1975; JONES; HUNT; KING, 2000; MEUTEN, 2002), ou por

fatores ambientais como animais que residem em áreas montanhosas com altitude

superior a 2000 metros sofrem de hipóxia crônica (FRANÇA et al., 2003).

Page 12: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

10

2.3 EPIDEMIOLOGIA

Em estudos epidemiológicos envolvendo neoplasias cardíacas as prevalências

variaram de 0,19% a 1,29%. Os tumores de corpo aórtico se mostraram na maioria

dos estudos como o segundo tipo histológico mais frequente nos cães, ficando atrás

apenas do hemangiossarcoma (WARE; HOPPER, 1999; MESQUITA et al., 2012).

Os tumores de corpo aórtico ocorrem mais frequentemente em caninos

(MESQUITA et al., 2012; SALOMÃO et al., 2012; PAVAN et al., 2013;

RAJAGOPALAN et al., 2013), raramente em felinos (PALTRINIERI et al., 2004) e

bovinos (YATES; MILLS; BRYANT, 1981; HADLOW, 1986). Entretanto, já foi

relatado em outras espécies como equinos (LEVY et al., 1990) e aves (JONES;

HUNT; KING, 2000).

Dentre os cães acometidos pelos paragangliomas de corpo aórtico as raças

braquicefálicas, como o Boxer e Boston Terrier, são as mais predispostas ao

desenvolvimento desses neoplasmas (CHIQUITO; WERNER; PACHALY, 1998;

ARESU et al., 2006; NOSZCZYK-NOWAK et al., 2010; MESQUITA et al., 2012).

Contudo existe casos relatados em outras raças, como Fila Brasileiro (SAMPAIO et

al., 2008), Poodle (SALOMÃO et al., 2012), Labrador Retriever (ANDRADE et al.,

2013) e aqueles sem raça definida (SANTOS et al., 2014).

Os machos têm mais propensão para desenvolver tumores do corpo aórtico e a

idade média de cães acometidos por este tumor varia em média de oito a treze anos

(CHIQUITO; WERNER; PACHALY, 1998; ARESU et al., 2006; NOSZCZYK-NOWAK

et al., 2010; MESQUITA et al., 2012), e podem estar associados com outras

neoplasias endócrinas, especialmente tumores testiculares (PATNAIK et al., 1975).

Page 13: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

11

2.4 SINTOMATOLOGIA CLÍNICA

Sabe-se que as células tumorais do paraganglioma de corpo aórtico são

afuncionais (não secretam excesso de hormônio na circulação), porém através da

compressão dos vasos da base do coração vão interferir na dinâmica

cardiorrespiratória, resultando em uma variedade de sinais clínicos (CAPEN, 2002).

A sintomatologia apresentada pelo animal está relacionada com a localização e

tamanho do tumor, ou seja, quando o tumor não atinge tamanho suficiente para

envolver os vasos da base do coração o quadro clínico do paciente pode ser pobre,

assim sendo, os tumores são comumente achados incidentais da necropsia (JUBB;

KENNEDY; PALMER, 2007; ANDRADE et al., 2013).

Os sinais clínicos referentes aos tumores do corpo aórtico são semelhantes

aos de uma insuficiência cardíaca congestiva direita. Pode haver anorexia, apatia,

vômito, cianose, intolerância a exercícios, cansaço, dispneia, tosse, sopro cardíaco,

síncope, efusões pleural, pericárdicas e abdominal, edema do tecido subcutâneo da

cabeça, pescoço e membros torácicos (GARRIDO et al., 2008; MESQUITA et al.,

2012; SALOMÃO et al., 2012; ANDRADE et al., 2013; RAJAGOPALAN et al., 2013;

SILVA et al., 2013).

Como demonstra a literatura abordada, os sinais de paraganglioma do corpo

aórtico são compatíveis aos de uma insuficiência cardíaca, sendo essencial a

utilização de métodos diagnósticos por imagem, para tal diferenciação (GRACIANO

et al., 2009).

Page 14: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

12

2.5 DIAGNÓSTICO

2.5.1 Hemograma e bioquímica sérica

As análises hematológicas e bioquímicas de rotina não são muito úteis no

diagnóstico de tumores do corpo aórtico, os pacientes podem não apresentar

alterações, embora possa ser útil para diagnósticos diferenciais (NOSZCZYK-

NOWAK et al., 2010). Contudo, pode ocorrer anemia em consequência de

hemorragia (HAMILTON, 2003).

As enzimas hepáticas e renais podem encontrar-se aumentadas em casos de

metástases no fígado ou rins. A hipoproteinemia está relacionada à perda de

proteínas sanguíneas para o meio extravascular, decorrente da efusão pericárdica,

semelhante ao que ocorre na insuficiência cardíaca congestiva (SOUSA; ANDRADE,

2008).

2.5.2 Radiografia

O exame radiológico do tórax, nas projeções latero-lateral e ventro-dorsal,

permite detectar os tumores de corpo aórtico como massas discretas na base do

coração (NOSZCZYK-NOWAK et al., 2010).

As radiografias evidenciam aumento da silhueta cardíaca por efusão

pericárdica, presença de imagem radiopaca localizada dorsalmente à base do

coração, desvio dorsal da traqueia e pode haver também deslocamento do esôfago

devido a localização do tumor. Outros achados radiográficos incluem efusão pleural,

Page 15: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

13

edema pulmonar, distensão da veia cava e das veias pulmonares, hepatomegalia,

ascite e metástases pulmonares (SAMPAIO et al., 2008; SOUSA; ANDRADE, 2008).

Para Noszczyk-Nowak et al. (2010) a radiografia de tórax mostrou ser mais

sensível na detecção dos tumores da base do coração, do que a ecocardiografia.

Sendo que este último detectou tumores que excederam 4,5cm de diâmetro.

Entretanto alguns autores relataram, no exame radiográfico do toráx, somente

alterações não específicas associadas a doenças cardíacas e diagnosticaram

tumores da base do coração através da ecocardiografia (SALOMÃO et al., 2012;

ANDRADE et al., 2013; ABREU et al., 2014) e necropsia (SANTOS et al., 2014).

2.5.3 Ecocardiografia

A ecocardiografia permite avaliação acurada das estruturas torácicas, sendo

eficaz em demonstrar massas de volume menor (SOUSA; ANDRADE, 2008). O

exame ecocardiográfico é o mais valioso procedimento para identificação de

tumores cardíacos em cães (KISSEBERTH et al., 2007; RAJAGOPALAN et al.,

2013; SILVA et al., 2013).

No exame observa-se presença de estrutura ecogênica na base cardíaca,

podendo envolver os grandes vasos, e efusão pericárdica, que se caracteriza por

área anecóica entre o pericárdio e o coração, além de informar a localização da

massa no coração (RAJAGOPALAN et al., 2013).

Salomão et al. (2012) evidenciaram no exame ecocardiográfico uma massa

medindo 9 x 6 cm envolvendo a artéria aorta e invadindo o átrio esquerdo, não

sendo encontrada efusão pericárdica. Por outro lado, Andrade et al. (2013)

Page 16: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

14

encontraram no mesmo exame grande quantidade de líquido no saco pericárdico, e

localizaram duas massas, uma na base cardíaca e outra no interior do átrio direito.

Na análise ecocardiográfica de Silva et al. (2013) observaram estrutura

ecogênica na base do coração medindo 4,7 x 4,3 cm, a qual envolvia as artérias

pulmonar e aorta, invadindo o átrio esquerdo, não sendo observado derrame

pericárdico. Já Abreu et al. (2014), observaram no ecocardiograma uma massa

envolvendo a base do coração e os grandes vasos, além do comprometimento dos

átrios, regurgitação valvar e também efusão pericárdica.

2.5.4 Imuno-histoquímica

A imuno-histoquímica é uma ferramenta imprescindível para o diagnóstico das

neoplasias que afetam o coração, principalmente nos tumores de células redondas e

daqueles originados da base do coração (MESQUITA et al., 2012).

As características da análise imuno-histoquímica dos paragangliomas de corpo

aórtico em humanos foram descritos por vários autores, onde os anticorpos

utilizados que apresentam melhor imunoreatividade é o cromogranina A (CrA),

sinaptofisina e enolase neurônio específica (NSE), pelo método estreptavidina-

biotina-peroxidase (BROWN; REMA; GARTNER, 2003).

Aresu et al. (2006) ao avaliarem 17 casos de paraganglioma de corpo aórtico

em cães pelo método da imuno-histoquímica utilizando os anticorpos S-100, CrA e

NSE, observaram que as células neoplásicas expressaram positividade para NSE

em todos os casos, com diferença de intensidade na marcação; e para S-100 e CrA

foram positivos nove e oito casos, respectivamente. Para estes autores a expressão

Page 17: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

15

de CrA e S-100 foram menores e podem indicar malignidade visto que foram

ausentes em tumores de grau III.

Nakagawa et al. (2009) diagnosticaram um tumor de corpo aórtico em cão e na

análise imuno-histoquímica as células tumorais foram fracamente positivas para CrA

e sinaptofisina devido ao grau de malignidade do tumor e foram negativas para

citoqueratina, tireoglobulina e calcitonina, fazendo diagnóstico diferencial para

carcinoma de tireóide ectópico.

Mesquita et al. (2012) diagnosticaram três casos de paraganglioma de corpo

aórtico que na análise imuno-histoquímica foram positivos para CrA, sinaptofisina e

NSE e negativos para tireoglobulina. Estes autores afirmam que a tireoglobulina e a

CrA são anticorpos importantes para a diferenciação entre o carcinoma de tireóide

ectópico e o paraganglioma de corpo aórtico. O caso relatado por Pavan et al.

(2013) também apresentou imunoreatividade para NSE.

2.6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Deve ser feito diagnóstico diferencial para insuficiência cardíaca congestiva,

afecções respiratórias, e outras neoplasias que ocorrem na base do coração como o

paraganglioma de corpo carotídeo, carcinoma de tireóide ectópico, timoma, linfoma,

mesotelioma, hemangiossarcoma e neoplasias metastáticas (ZIMMERMAN et al.,

2000).

Page 18: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

16

3 RELATO DE CASO

Relata-se o caso de um canino, sem raça definida, macho, com 10 anos de

idade, com histórico de anorexia, vômito, tosse, dispneia, taquipneia e intolerância a

exercícios que veio a óbito e foi encaminhado ao Setor de Patologia Veterinária da

Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém-PA, para análise necroscópica.

Na necropsia, observou-se que o animal possuia estado nutricional regular,

mucosa conjuntiva levemente cianótica, líquido sero-avermelhado nas cavidades

torácica e abdominal (Figura 1A) num volume aproximado de 1000 e 700 mL,

respectivamente. Não foi observada efusão pericárdica, havia dilatação de vasos

sanguíneos e linfáticos no pericárdio (Figura 1B) e aderência entre o pericárdio

parietal e visceral no átrio esquerdo.

O coração exibiu crescimento de aspecto tumoral junto à base do órgão,

medindo 6,5 x 8,2 cm, de superfície irregular (Figura 1C), consistência firme,

coloração acastanhada e áreas de hemorragia, apresentando ainda infiltração no

miocárdio, com obstrução do lúmen atrial esquerdo e hipertrofia concêntrica do

ventrículo esquerdo (Figura 1D).

Não foram encontradas metástases à distância e alterações como edema

pulmonar e congestão hepática compreenderam os demais achados. A causa mortis

foi o choque cardiogênico consequente da localização e tamanho do tumor, e

agravado pela grande quantidade de líquido na cavidade torácica que contribuiu

para complicação da dinâmica cardiorrespiratória, culminando com o óbito do

animal.

Page 19: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

17

Figura 1. Aspectos macroscópicos durante o exame de necropsia. A) Líquido sero-avermelhado encontrado no interior das cavidades torácica e abdominal. B) Vasos sanguíneos pericárdico e linfáticos dilatados (setas) e sem evidências de efusão pericárdica. C) Massa de aspecto tumoral localizada junto a base do coração envolvendo o átrio esquerdo (seta). D) Ao corte observa-se o crescimento tumoral infiltrado no miocárdio com obstrução do lúmen atrial esquerdo (setas) e hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo.

Fragmentos da neoplasia, fígado e pulmões foram colhidos, fixados em formol

tamponado a 10% e processados de acordo com as técnicas rotineiras para inclusão

em parafina e confecção de lâminas histológicas, sendo estas coradas com

A B

C D

Page 20: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

18

hematoxilina e eosina e posteriormente analisadas em microscopia óptica, como foi

proposto por Moura et al. (2006).

Microscopicamente, o tumor era constituído por células de morfologia

poliédrica, com citoplasma eosinofílico, núcleos esféricos e hipercromáticos. As

células estavam agrupadas em lóbulos separados por estroma fibrovascular

bastante desenvolvido, foram também visualizadas células destacadamente grandes

(pleomorfismo celular), baixo índice mitótico (Figura 2A) e infiltração local (Figura

2B).

Figura 2. Fotomicrografia do paraganglioma de corpo aórtico. A) Células agrupadas em lóbulos separadas por um delgado estroma fibrovascular, de morfologia poliédrica com núcleo esférico e algumas células destacadamente grande com núcleo hipercromático (seta), índice mitótico baixo (cabeça de seta), H.E, obj. 40x. B) Tecido tumoral (1) infiltrado na musculatura estriada cardíaca (asterisco), H.E, obj. 10x.

Frente aos achados anatomopatológicos em associação aos dados

epidemiológicos foi determinado o diagnóstico de paraganglioma de corpo aórtico

maligno grau II.

A B

* 1

Page 21: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

19

4 DISCUSSÃO

Segundo a literatura os paragangliomas de corpo aórtico são neoplasias raras

(JONES; HUNT; KING, 2000). Chiquito; Werner; Pachaly (1998) registraram quatro

ocorrências desse tumor entre 960 casos neoplásicos em cães, tendo prevalência

de 0,52%. Ware e Hopper (1999) realizaram 729.265 necropsias em cães e

detectaram 69 casos do respectivo tumor com prevalência de 0,009%. Noszczyk-

Nowak et al. (2010) avaliaram 15.351 cães e diagnosticaram nove casos do tumor,

uma prevalência de 0,05%. Já Mesquita et al. (2012) em 2.397 necropsias de

caninos observaram apenas três paragangliomas de corpo aórtico, representando

prevalência de 0,12%.

O caso relatado foi o único a ser diagnosticado, dentre 314 necropsias de cães

realizadas num intervalo de quatro anos, estabelecendo prevalência de 0,31%,

numericamente corroborando com os dados na literatura.

O caso de paraganglioma de corpo aórtico do presente relato ocorreu em um

canino, nesse sentido a literatura veterinária refere que os cães são os mais

acometidos por esse tipo de tumor (MESQUITA et al., 2012; SALOMÃO et al., 2012;

PAVAN et al., 2013; RAJAGOPALAN et al., 2013).

Em meio às raças caninas, os braquicefálicos como o Boxer são os mais

predispostos ao desenvolvimento desses neoplasmas como observado em diversos

estudos. Chiquito; Werner; Pachaly (1998) registraram ocorrência de 50% em

Boxers, Ware; Hopper (1999) 28%, Aresu et al. (2006) 29,4%, Noszczyk-Nowak et

al. (2010) 88,8% e Mesquita et al. (2012) 100%. No entanto, no presente trabalho

ocorreu em um cão sem raça definida, semelhante ao descrito por Santos et al.

(2014).

Page 22: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

20

O caso relatado corrobora com os dados da literatura quanto ao sexo e idade,

por se tratar de macho e idade de dez anos, visto que ficou demonstrado que os

machos são mais predispostos e a idade média das ocorrências está entre oito e

treze anos (CHIQUITO; WERNER; PACHALY, 1998; ARESU et al., 2006;

NOSZCZYK-NOWAK et al., 2010; MESQUITA et al., 2012).

O desenvolvimento desses tumores está relacionado à predisposição genética

agravada por hipóxia crônica, e que este esforço respiratório pode ser causado por

enfermidades, conformação do trato respiratório e altitudes elevadas (HADLOW,

1986; BROWN; REMA; GARTNER, 2003; MONTEIRO; TANAKA; ROCHA, 2003).

No entanto sugere-se que a origem do paraganglioma de corpo aórtico do caso

relatado tenha relação com fatores genéticos, visto que o animal não apresentou

alguma enfermidade respiratória, não é braquicefálico e residia no munícipio de

Belém com altitude de apenas dez metros, excluindo a possibilidade de ter sido

induzido por hipóxia crônica imposta por baixa tensão de oxigênio.

No caso em questão não foi evidenciada associação do paraganglioma de

corpo aórtico com outras neoplasias endócrinas. No entanto, Chiquito; Werner;

Pachaly (1998) evidenciaram um cão SRD que além do paraganglioma apresentava

tumor testicular de células de Leydig.

O histórico clínico de anorexia, vômito, tosse, dispneia, taquipneia e

intolerância a exercícios, apresentado pelo animal foi compatível com o de

insuficiência cardíaca, sendo semelhante ao descrito por Garrido et al. (2008),

Mesquita et al. (2012), Salomão et al. (2012), Andrade et al. (2013), Rajagopalan et

al. (2013) e Silva et al. (2013).

O animal veio a óbito devido ao choque cardiogênico provocado pela relação

tamanho e localização do tumor que foi agravado pela grande quantidade de líquido

Page 23: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

21

na cavidade torácica. Moura et al. (2006) também atribuíram a causa mortis, do

canino em seu estudo, relacionada ao tamanho e localização invasiva do tumor. Já

Garrido et al. (2008), não fez essa correlação considerando o tumor um achado

incidental de necropsia.

No caso relatado não foram encontradas metástases à distância, indo de

acordo com a literatura veterinária que enfatiza potencial metastático raro desse

tumor (PATNAIK et al., 1975; MEUTEN, 2002). No entanto Chiquito; Werner;

Pachaly (1998) relataram dois casos de paraganglioma de corpo aórtico

metastáticos em pulmão e baço. Já Salomão et al. (2012) relatou metástase desse

tumor somente em pulmão.

Os achados macroscópicos relacionados às características do tumor como

consistência, coloração, áreas de hemorragia, infiltração local e obstrução do átrio

esquerdo também foi observado no caso estudado por Moura et al. (2006).

Os achados histopatológicos do relato são condizentes com as características

apresentadas por Jones, Hunt e King (2000) e Ocarino et al. (2011) para a

classificação histológica do paraganglioma de corpo aórtico. Apesar da maioria

desses tumores serem benignos (JONES; HUNT; KING, 2000; NOSZCZYK-NOWAK

et al., 2010; MESQUITA et al., 2012). Segundo a classificação proposta por Brown;

Rema; Gartner (2003), o tumor relatado foi classificado como maligno de grau II,

devido ao baixo índice mitótico, pleomorfismo celular, crescimento invasivo e

ausência de metástase a distância.

Page 24: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

22

5 CONCLUSÕES

A revisão de literatura, os dados epidemiológicos e anatomopatológicos

permitiram concluir que o paraganglioma de corpo aórtico é uma neoplasia rara que

ocorre nos cães sem raça definida, promove complicações cardiorespiratórias

devido a localização e infiltração, sendo agravada pela efusão pleural levando o

animal ao quadro de choque cardiogênico que culminou com o óbito do mesmo,

demonstrando a importância de incluir este tumor na lista de diagnósticos

diferenciais de cardiopatias em cães, tendo diagnóstico definitivo realizado pela

histopatologia.

REFERÊNCIAS

ABREU, C. B.; OLIVEIRA, L. E. D.; MUZZI, R. A. L.; SEIXAS, J. N.; PAIVA, F. D. Quimiodectoma em boxer – relato de caso. In: CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA, 23., 2014, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2014.

AUPPERLE, H.; MARZ, I.; ELLENBERGER, C.; BUSCHATZ, S.; REISCHAUER, A.; SCHOON, H. A. Primary and secondary heart tumors in dogs and cats. Journal of Comparative Pathology, v. 136, n. 1, p. 18-26, 2007.

ANDRADE, H. A. S.; FIGUEIREDO, V. C.; NOGUEIRA, R. B.; CAMASSA, J. A. A.; MUZZI, R. A. L. Aspectos clínicos e diagnósticos de um quimiodectoma em cão: Relato de caso. In: CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA, 22., 2013, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2013.

ARESU, L.; TURSI, M.; IUSSICH, S.; GUARDA, F.; VALENZA, F. Use of S-100 and Chromogranin A Antibodies as Immunohistochemical Markers on Detection of Malignancy in Aortic Body Tumors in Dog. Journal of Veterinary Medical Science, v. 68, n. 11, p. 1229-1233, 2006.

Page 25: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

23

BROWN, P. J.; REMA, A.; GARTNER, F. Immunohistochemical characteristics of canine aortic and carotid Body Tumours. Journal Veterinary Medicine, v. 50, n. 3, p. 140-144, 2003.

CAPEN, C. C. Tumors of the endocrine glands. In: MEUTEN, D. J. Tumors in domestic animals, 4 ed. Ames: Iowa State University Press, 2002. p. 691–695.

CAVALCANTI, G. A. O.; MUZZI, R. A. L.; BEZERRA JÚNIOR, P. S.; NOGUEIRA, R. B.; VARASCHIN, M. S. Fibrilação atrial em cão associada ao quimiodectoma infiltrativo atrial: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n.6, p. 1043-1047, 2006.

CHIQUITO, M.; WERNER, P. R.; PACHALY, J. R. Ocorrência de quimiodectomas em animais no primeiro planalto do Paraná, Brasil. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, v. 1, n. 1, p. 67-70, 1998.

DAVIDOVIC, L. B.; DJUKIC, V. B.; VASIC, D. M.; SINDJELIC, R. P.; DUVNNJAK, S. N. Diagnosis and treatment of carotid body paraganglioma: 21 Years of Experience at a Clinical Center of Serbia. World Journal of Surgical Oncology, v. 3, n.10, p. 1-7, 2005.

DEIM, Z.; SZALAY, F.; GLÁVITS, R.; BAUER, A.; CSERNI, G. Carotid body tumor in dog: A case report. Canadian Veterinary Journal, v. 48, n. 8, p.865–867, 2007.

FRANÇA, L. H. G.; BREDT, C. G.; VEDOLIN, A.; BACK, L. A.; STAHLKE JR, H. J. Tratamento cirúrgico do tumor de corpo carotídeo: experiência de 30 anos do Hospital de Clínicas da UFPR. Jornal Vascular Brasileiro, v.2, n. 3, p. 171-176, 2003.

GARRIDO, E; JACINTHO, A. P. P.; MAGALHÃES, G. M.; CÂNDIDO, E. M.; VASCONCELOS, R. O. QUIMIODECTOMA EM CÃO: RELATO DE CASO. Veterinária e Zootecnia, (suplemento 2), v. 15, n. 3, p. 49-50, 2008.

GRACIANO, T. S; BETTINI, C. M; HEADLEY, S. A; MONTEIRO, E. R; QUITZAN, J. G. Paraganglioma de corpo aórtico e carotídeo. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, v. 12, n. 2, p. 149-156, 2009.

HADLOW, W. J. Carotid body tumor: an incidental finding in older ranch mink. Veterinary Pathology, v. 23, n. 2, p. 162-169, 1986.

Page 26: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

24

HAMILTON, T. A. Quemodectoma. In: TILLEY, L. P.; SMITH JUNIOR, F. W. K. Consulta veterinária em cinco minutos. São Paulo: Manole, 2003. p. 540.

HAYES, H. M. An hypothesis for the a ethiology of canine chemoreceptor system neoplasms, based upon an epidemiological study of 73 cases among hospital patients. Journal of Small Animal Practice, v. 16, n. 5, p. 337-343, 1975.

JONES, T. C; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia veterinária. 6 ed, São Paulo: Manole, 2000, 1415 p.

JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER, N. Pathology of domestic animals. 5ed. London: Academic Press, 2007. 3° volume. p. 740-743.

KISSEBERTH, W. C. Neoplasia of the Heart. In: WITHROW, S. J.; MACEWEN, E. G. Small Animal Clinical Oncology. 4ed. St. Louis: Saunders, 2007. p. 809-812.

LEVY, M.; STEGELMEIER, B. L.; HUDSON, L. M.; SANDUSKY, G. E.; BLEVINS, W. E.; CHRISTIAN, J. A. Chemodectoma in a horse. Canadian Veterinary Journal, v. 31, n. 11, p. 776-777, 1990.

MACHIDA, N.; KOBAYASHI, M.; TANAKA, R.; KATSUDA, S.; MITSUMORI, K. Primary malignant mixed mesenchymal tumour of the heart in a dog. Journal of Comparative Pathology, v. 128, n. 1, p. 71-74, 2003.

MESQUITA, L. P.; ABREU, C. C.; NOGUEIRA, C. I.; WOUTERS, A. T. B.; WOUTERS, F.; BEZERRA JÚNIOR, P. S.; MUZZI, R. A. L.; VARASCHIN, M. S. Prevalência e aspectos anatomopatológicos das neoplasias primárias do coração, de tecidos da base do coração e metastáticas, em cães do Sul de Minas Gerais (1994-2009). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 32, n. 11, p. 1155-1163, 2012.

MEUTEN, D. J. Tumors in domestic animals. 4 ed. Iowa: Iowa State Press, 2002, 800 p.

MONTEIRO, S. C.; TANAKA, N. M.; ROCHA, A. B. Quimiodectoma de corpo carotídeo em cão-relato de caso. Medvep, v. 1, n. 2, p. 113-117, 2003.

MOURA, V. M. B. D.; GOIOZO, P. F. I.; THOMÉ, H. E.; CALDEIRA, C. P.; BANDARRA, E. P. Quimiodectoma como causa de morte súbita em cão – relato de caso. Veterinária Notícias, v. 12, n. 1, p. 95-99, 2006.

Page 27: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

25

NAKAGAWA, T. L. D. R.; SAKAI, H.; YANAI, T.; KITOH, K.; MORI, T.; MURAKAMI, M.; MASEGI, T. Simultaneous aortic body tumor and pulmonary histiocytic sarcoma in a Flat-Coated Retriever. Journal of Veterinary Medical Science, v. 71, n. 9, p. 1221-1223, 2009.

NOSZCZYK-NOWAK, A.; NOWAK, M.; PASLAWSKA, U.; ATAMANIUK, W.; NICPON, J. Cases with manifestation of chemodectoma diagnosed in dogs in Department of Internal Diseases with Horses, Dogs and Cats Clinic, Veterinary Medicine Faculty, University of Environmental and Life Sciences, Wroclaw, Poland. Acta Veterinaria Scandinavica, v. 52, n. 32, p. 1-7, 2010.

OCARINO, N. M.; PAIXÃO, T. A.; CARVALHO, E. C. Q.; GIMENO, E. J. Sistema cardiovascular. In: SANTOS, R. L.; ALESSI, A. C. Patologia Veterinária. 1 ed. São Paulo: Roca, 2011. p. 51-88.

PALTRINIERI, S.; RICCABONI, P.; RONDENA, M.; GIUDICE, C. Pathologic and immunohistochemical findings in a feline aortic body tumor. Veterinary Pathology, v. 41, n. 2, p. 195-198, 2004.

PATNAIK, A. K.; LIU, S. K.; HURVITZ, A. L.; McCLELLAND, A. J. Canine chemodectoma (extra-adrenal paragangliomas) – a comparative study. Journal of Small Animal Practice, v. 16, n. 12, p. 785-801, 1975.

PAVAN, L. F.; KOBAYASHI, P. E.; ZANONI, D. S.; FERIOLI, R. B.; XAVIER, J. G.; AMORIN, R. L. Paraganglioma em cão associado a falência cardíaca: relato de caso. Archives of Veterinary Science, v. 18, (supl.2), p. 373-375, 2013.

RADI, Z. A.; METZ, A. Canine cardiac rhabdomyoma. Toxicology Pathology, v. 37, n. 3, p. 348-350, 2009.

RAJAGOPALAN, V.; JESTY, S. A.; CRAIG, L. E.; GOMPF, R. Comparison of presumptive echocardiographic and definitive diagnoses of cardiac tumors in dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 27, n. 5, p. 1092–1096, 2013.

RODASKI, S.; PIEKARZ, C. H. Epidemiologia e etiologia do câncer. In: DALECK, C. R.; De NARDI, A. B.; RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. 1 ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 2-10.

SALOMÃO, M. C.; MATTOS, A. S.; LUCENA, A. R.; LEITE, J. S.; MELLO, M. F. V.; FERREIRA, A. M. R. TUMOR DE ARCO AÓRTICO EM CÃO (Canis familiaris) - RELATO DE CASO. Veterinária e Zootecnia, v. 19, n. 1, p. 107-109, 2012.

Page 28: ASPECTO ANATOMOPATOLÓGICO DE PARAGANGLIOMA DE …coremu.ufra.edu.br/images/Monografias/Monografia-Paulo.pdf · Saúde, da Universidade Federal Rural da Amazônia, na área de concentração

26

SAMPAIO, R. L.; COELHO, H. E.; LACERDA, M. S.; OLIVEIRA, P. L.; PARO, P. Z.; REZENDE, R. S.; BITTAR, J. F. F. Efusão pleural secundária por tumor de corpo aórtico em cães - relato de caso. Veterinária Notícias, v. 14, n. 2, p. 55-62, 2008.

SANTOS, A. H.; XIMENES, R. G.; CARDOSO, M. C. S.; ANDRADE, R. L. F. S.; MORSCHEL, F. Quimiodectoma em cão: relato de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA, 35., 2014, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, 2014. p. 848-850.

SILVA, A. C.; CARVALHO, L. A. R.; MUZZI, R. A. L.; BOTELHO, R. T.; MANTOVANI, M. M. Diagnóstico ecocardiográfico de massa tumoral cardíaca em cão. In: CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA, 22., 2013, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2013.

SOUSA, A. A.; PEREYRA, W. J. F.; SANTOS, L. S.; MARQUES, J. A. P.; CARVALHO, G. T. C. Tumores do corpo carotídeo: revisão de oito casos e abordagem cirúrgica. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 58, n. 2-A, p. 315-323, 2000.

SOUSA, M. G.; ANDRADE, J. N. B. M. Neoplasias cardíacas. In: DALECK, C. R.; De NARDI, A. B.; RODASKI, S.; Oncologia em cães e gatos. 1 ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 345-352.

SPELTZ, M. C.; MANIVEL, J. C.; TOBIAS, A. H.; HAYDEN, D. W. Primary cardiac fibrossarcoma with pulmonary metastasis in a Labrador Retriever. Veterinary Pathology, v. 44, n. 3, p. 403-407, 2007.

WARE, W. A.; HOPPER, D. L. Cardiac tumors in dogs: 1982–1995. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 13, n. 2, p. 95-103, 1999.

YATES, W. D.; MILLS, J. H.; BRYANT, L. P. Aortic body in a cow. Canadian Veterinary Journal, v. 22, n. 1, p. 19-20, 1981. ZIMMERMAN, K. L.; ROSSMEISL, J. H. JR.; THORN, C. E.; SAUNDERS, G. K.. Mediastinal mass in a dog with syncope and abdominal distension. Veterinary Clinical Pathology, v. 29, n. 1, p. 19-21, 2000.