ascari dias e
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THAYANA MARINHO MIKOSZ
IMPORTNCIA DO MDICO VETERINRIO EM UM CRIATRIO DE AVES SILVESTRES E EXTICAS.
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MINISTRIO DA EDUCAOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANSETOR DE CINCIAS AGRRIASCURSO DE MEDICINA VET_________________________________________
RELATRIO DE ESTGIO CURRICULAR CRIAO E INCUBAO DE ANIMAIS ALTERNATIVOS, SILVESTRES E EXTICOS
CURITIBA 2011
MINISTRIO DA EDUCAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN SETOR DE CINCIAS AGRRIAS CURSO DE MEDICINA VETERINRIA _________________________________________
RELATRIO DE ESTGIO CURRICULAR REALIZADO NO LABORATRIO DE CRIAO E INCUBAO DE ANIMAIS ALTERNATIVOS, SILVESTRES E EXTICOS
(LACRIAS).
Relatrio de estgio curricular apresentado como requiConcluso do Curso de Graduao em Medicina Veterinria pela Universidade Federal do Paran
Orientador: Prof. Dr. Edson Gonalves de Oliveira
Supervisor: Prof. Dr. Edson Gonalves de Oliveira
_________________________________________
NO LABORATRIO DE CRIAO E INCUBAO DE ANIMAIS ALTERNATIVOS, SILVESTRES E EXTICOS
Relatrio de estgio curricular presentado como requisito
Concluso do Curso de Graduao em Medicina Veterinria pela Universidade Federal do Paran
Orientador: Prof. Dr. Edson Gonalves de Oliveira
Supervisor: Prof. Dr. Edson Gonalves de Oliveira
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me guiado por todo este caminho e por sempre me abrir as portas da vida.
minha me e ao meu irmo, Sandra e Dhaniel, pelos ensinamentos ao longo da vida e por me incentivarem sempre.
minha bisav e av, Elena e Sueli, por haverem criado razes slidas e valores familiares dos quais sou fruto.
Aos meus tios, Paulo e Valria, pelo incentivo.
Ao Jaci, Simone, Luana e Christian por tantos conselhos e orientaes, estas que me
permitiram a concluso serena do curso.
Ao Fernando, que sempre me compreendeu e me incentivou, aguentando noites mal
dormidas em prol do estudo.
Ao Seu Joo, por me mostrar pequenos sinais que indicam uma misso.
Ao Professor Dr. Edson Gonalves de Oliveira, pela amizade, superviso e orientao e
por haver confiado em mim.
s servidoras Terezinha de Pontes Rodrigues e Divina , por tanto apoio e respeito, abrindo as portas de seu trabalho para que eu pudesse adquirir experincia, sempre com
muita tolerncia.
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LISTA DE QUADROS E TABELAS
As espcies silvestres e exticas que constam no plantel do LACRIAS......................................................................................................................pg. 32
Tabela dos animais necropsiados durante o perodo de estgio..........................................................................................................................pg. 39
Distribuio de espcies das aves que mais entraram na casustica de enfermidades................................................................................................................pg. 41
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SUMRIO Resumo ....................................................................................................................... pg. 7
I Reviso Bibliogrfica...................................................................................................pg. 8
1 Introduo.................................................................................................................. pg. 8
2 Objetivo.................................................................................................................... pg. 16 3 Desenvolvimento......................................................................................................pg. 17
3.1 Doenas Parasitrias......................................................................................pg. 17
3.1.1 Parasitas Internos....................................................................................pg. 17
3.1.2 Parasitas Externos.................................................................................. pg. 22
3.2 Doenas de origem bacteriana....................................................................... pg. 24
3.3 Doenas metablicas e/ou nutricionais.......................................................... pg. 26
3.4 Outras enfermidades comuns em criatrios................................................... pg. 27
3.5 Clamidiose/Psitacose......................................................................................pg. 29
4 Concluso................................................................................................................ pg. 31
II Relatrio de Estgio................................................................................................. pg. 32
1 Introduo................................................................................................................ pg. 32
2 Objetivo geral........................................................................................................... pg. 34 3 Objetivos especficos............................................................................................... pg. 34 4 Local de trabalho......................................................................................................pg. 34
5 Atividades realizadas no LACRIAS.......................................................................... pg. 36
6 Materiais Utilizados.................................................................................................. pg. 37
7 Resultados e Discusso...........................................................................................pg. 38
7.1 Vistoria geral................................................................................................... pg. 38
7.2 Ficha clnica dos animais................................................................................pg. 39
7.3 Montagem do mini-laboratrio........................................................................ pg. 39
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7.4 Elaborao de fichas de necropsia e realizao de necropsias..................... pg. 39
7.5 Procedimentos realizados nos casos ocorridos durante o estgio.................pg. 40
7.5.1 Ascaridiose.............................................................................................. pg. 42
7.5.2 Reteno de ovo..................................................................................... pg. 42
7.5.3 Aerossaculite........................................................................................... pg. 44
7.5.4 Mutilao por parceiros ou automutilao (distrbio comportamental)... pg. 44 7.5.5 Sarna....................................................................................................... pg. 45
7.5.6 Sinusite.................................................................................................... pg. 46
7.5.7 Conjuntivite.............................................................................................. pg. 46 7.5.8 Fratura em membro posterior.................................................................. pg. 46
7.5.9 Cisto de pena.......................................................................................... pg. 47
7.6 Realizao de exames coproparasitolgicos e elaborao de calendrio..... pg. 47
7.6.1 Anlise macroscpica das fezes............................................................. pg. 47
7.6.2 Exame direto .......................................................................................... pg. 47
7.7 Tpicos de melhoria de sanidade e higiene local versus o que j se realizava......... ..........................................................................................................................pg. 49
7.8 Controle de pragas......................................................................................... pg. 49
7.9 Controle dos animais em reproduo atravs do mtodo dos grampos...... pg. 50
7.10 Acompanhamento da colocao de anilhas................................................. pg. 51
7.11 Exames de sexagem.................................................................................... pg. 51
7.12 Acompanhamento do controle de reproduo j existente...........................pg. 52 8 Concluso................................................................................................................ pg. 53
APNDICE 1 Modelo de ficha clnica elaborada........................................................ pg. 54 APNDICE 2 Ficha de necropsia utilizada................................................................. pg. 56 APNDICE 3 Mini laboratrio..................................................................................... pg. 57 APNDICE 4 Preo mdio das aves que constam no plantel do LACRIAS...............pg. 58 Referncias Bibliogrficas...........................................................................................pg. 59
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RESUMO
A demanda por aves no ramo pet vem crescendo significativamente no Brasil e no
mundo. No Brasil, este costume observado desde sua colonizao, e j era praticado pelos silvcolas. Pela grande extenso de nosso territrio e pela grande diversidade de
aves encontrada, somos mais propensos a atividade de criao e a pesquisa. Nota-se um
maior interesse na criao de psitacdeos (Araras, Papagaios, Roselas, Calopsitas, Agapornis, Forpus, Ring neck, Katarina). No comum a contratao de mdicos veterinrios nestas criaes. Em geral, os animais que adoecem so tratados com
indicaes de outros criadores, o que nem sempre gera um tratamento correto ou ainda
resultados eficientes. Juntamente nota-se a falta de interesse de mdicos veterinrios a
seguir a linha de trabalho com as aves.
Busca-nos neste trabalho mostrar algumas ocorrncias em criatrios de aves silvestres e
exticas que justificam a superviso sanitria de um profissional de medicina veterinria para garantir menor ocorrncia e bitos.
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I REVISO BIBLIOGRFICA 1 INTRODUO A classe das aves representa o maior nmero de indivduos, tanto silvestres quanto
exticas, que so mantidas como animais de companhia em nosso meio e respondem
diretamente pela crescente demanda pelo atendimento veterinrio. Na literatura
internacional encontram-se algumas informaes sobre animais de nossa fauna,fato que
difere na literatura nacional.
indicado a todos a permanncia de um mdico veterinrio no local, sendo obrigatrio para criadores autorizados pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis). Porm observa-se grande resistncia por parte dos proprietrios. Essa se deve pela falsa crena de que a presena de um mdico durante
algumas horas na semana, no local de criao, no trar resultados diferentes do que
eles j obtm e de que financeiramente oneroso custear uma assistncia tcnica. Percebe-se que existem poucos profissionais especializados na medicina de aves e que
conheam o manejo mais adequado para estar numa produo comercial. Porm tambm falta conhecimento por parte dos criadores, sobre a atuao em criatrios de um mdico
veterinrio, os benefcios econmicos advindos da melhoria da sanidade local.
Em 1972, a Organizao Panamericana da Sade promoveu a realizao do 2
Seminrio sobre Educao em Medicina Veterinria na Amrica Latina (Pfuetzenreite & Zylbersztajn, 2008). Na ocasio, foi apresentada uma sntese das atividades do mdico veterinrio: higiene dos alimentos (inspeo e controle dos alimentos de origem animal); saneamento ambiental (atuao no planejamento e instalao de indstrias pecurias e de processamento de alimentos de origem animal com relao ao tratamento e destino de
dejetos); promoo da sade animal (produo de protena animal e planificao de programas de profilaxia de enfermidades em animais); controle de zoonoses
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(responsabilidade compartilhada entre os organismos governamentais ligados agricultura e sade). Entretanto, especificadamente sobre a rea de aves como pet nada foi abordado.
A atividade de clnica veterinria a que mais se aproxima da medicina e traz
como fundamento prtico o conhecimento dos processos mrbidos nos organismos
animais (Pfuetzenreite & Zylbersztajn, 2008). O campo de ao da clnica se apia principalmente nas diversas tcnicas diagnsticas para o tratamento das enfermidades.
Nas reas de Zootecnia e Produo Animal, o mdico veterinrio trabalha com a
criao e aperfeioamento dos animais domsticos, procurando obter a melhor relao
entre a quantidade ou valor de produtos de origem animal e o valor dos insumos
aplicados produo (Pfuetzenreite & Zylbersztajn, 2008).
O conjunto de atividades desenvolvidas pelos profissionais que trabalham na rea de medicina veterinria preventiva e sade pblica envolve conhecimentos que orientam
medidas especficas para a proteo, manuteno e recuperao da sade animal em
prol da sade humana por meio da monitorao, preveno, controle e erradicao de
enfermidades, especialmente as zoonoses (Pfuetzenreite & Zylbersztajn, 2008). A defesa da sade animal exerce ao sobre a produtividade e a qualidade sanitria dos rebanhos
e tambm dos produtos de origem animal.
Os cursos de Medicina Veterinria so abrangentes e buscam que o aluno tenha
noes de todas as reas de atuao. Os alunos so submetidos a longo treinamento
para aquisio de habilidades para exercer suas atividades com melhores resultados.
Eles olham com seus prprios olhos, mas aprendem a ver com os olhos do coletivo
(Pfuetzenreite & Zylbersztajn, 2008). Os estudantes so levados a observar precisamente
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o que os professores de determinadas disciplinas com maior nfase conhecem, ao
mesmo tempo em que devem treinar a aptido para ver outras formas (por exemplo, a concepo preventivista e social). A medicina veterinria possui sua prpria cultura profissional, dentro de um contexto histrico que envolve prticas, cdigos profissionais,
crenas, valores e atitudes, moldando uma imagem relacionada ao modelo mdico
curativo mas que no pode fugir ao preventivo e informativo (Pfuetzenreite & Zylbersztajn, 2008).
O trabalho dentro de um criadouro se faz necessrio antes mesmo deste iniciar a
criao propriamente dita. Cabendo ao mdico veterinrio orientar o proprietrio sobre o
planejamento da construo do mesmo, da legislao vigente, da classificao do criatrio.
Segundo a instruo normativa 93/1998 do IBAMA, animais silvestres so aqueles
que seu ciclo, em algum momento de suas vidas, ocorre nos limites do territrio ou de
guas brasileiras. Animais exticos so aqueles que no apresentam nenhuma parte de
seu ciclo em territrio brasileiro. Entram tambm nesta classificao os animais
introduzidos pelo homem em nossa fauna. A normativa tambm classifica animais
domsticos. Estes so descritos como aqueles que, em determinado momento de sua
evoluo apresentaram caractersticas biolgicas e comportamentais de dependncia do
homem, sendo por meio de manejo ou no.
Trs tipos de criatrios so normatizados pelo IBAMA .
1) O criatrio conservacionista tem por objetivo a criao e a reproduo, nesse contexto apoia as aes do IBAMA e dos demais rgos ambientais envolvidos na conservao
das espcies, auxiliando a manuteno de animais silvestres em condies adequadas de
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cativeiro e dando subsdios no desenvolvimento de estudos. Nesta categoria, os animais
no podem ser vendidos ou doados, apenas intercambiados com outros criadouros e
zoolgicos para fins de reproduo.
2) O criatrio comercial tem por objetivo a produo das espcies para fins de comrcio, seja do prprio animal ou de seus produtos e subprodutos.
3) Um criatrio cientfico regulamenta as atividades de pesquisas cientficas com animais silvestres. S podem obter esse registro, rgos ou Instituies devidamente reconhecidas pelo Poder Pblico, como Universidades e Centros de Pesquisa.
Vale citar que neste ano, em 2011, a IN 03/11 libera a comercializao de aves
como Agapornis (Agapornis sp), Roselas (Platycercus eximius) e Ring Necks (Psittacula Kramer), com a justificativa de que quanto maior a criao de aves em cativeiro, menor ser o contrabando.
Mouro citado por Rocha (2003) afirma que, nos ltimos anos, inmeros interessados na criao de animais silvestres, foram desestimulados pela burocracia da
legislao vigente, o que gerou a uma profunda necessidade de adaptao do mercado
interno e de polticas governamentais, no af de favorecer as atividades ambientais
desenvolvidas no pas.
Atualmente, calcula-se que existem cerca de 9.700 espcies de aves em todo o
mundo (Renctas, 2002). O autor ainda cita, que entre os continentes, a Amrica do Sul destaca-se como o mais rico qualitativamente, possuindo atualmente cerca de 2.645
espcies de aves residentes e 2.920, caso sejam tambm includas as exticas. Com toda esta variedade da fauna de aves, o Brasil possui exemplares muito cotados como animais
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de estimao ou simplesmente decorativos, seja por sua beleza visual ou por suas habilidades de canto.
Atualmente, o comrcio ilegal de animais silvestres a terceira atividade ilcita do
mundo, depois das armas e das drogas. O Brasil participa com cerca de 5 a 15% do total
mundial desse tipo de comrcio (Renctas, 2002).
O hbito de manter animais silvestres como mascotes vem desde o tempo da
colonizao do Brasil. Quando os portugueses aqui aportaram, incorporaram a prtica dos
ndios de manter macacos e aves tropicais seus animais de estimao, alm de utilizarem
o colorido das penas de aves brasileiras para adorno de chapus e outras peas do
vesturio.
Manter animais silvestres em cativeiro continua sendo uma caracterstica cultural
da populao brasileira: partindo dos mais abastados, que exibem suas colees
particulares de animais silvestres como trofus sua vaidade; at os de menor posse,
que se embrenham na mata em busca desses animais que, quando vendidos, ajudaro a diminuir sua fome.
A maior parte das aves silvestres disponveis no comrcio mundial vem dos
trpicos, e esses, no so oriundos de criatrios legalizados e sim de um comrcio ilegal.
Diante desse fato, h um trfico intenso desses animais no Brasil, levando esse grupo
com maior nmero de espcies listado na fauna brasileira como sendo ameaadas de
extino (Sick citado por Renctas, 2002), como por exemplo, a arara azul (Anodorhyncus hyacinthinus) que se reproduz em velocidade bem menor que o fluxo predatrio. Verifica-se a existncia de um amplo comrcio mundial para todas as espcies, mas
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especialmente para as mais ameaadas, que so as mais valorizadas, por estarem em
perigo.
Segundo Borba e Martins, 1995, custo de produo a soma dos valores de todos
os recursos (insumos) e operaes (servios) utilizados no processo produtivo de certa atividade. Para fins de anlise econmica, custo de produo a compensao que os
donos dos fatores de produo (terra, trabalho e capital), utilizados por uma empresa para produzir determinado bem, devem receber para que eles continuem fornecendo esses
fatores mesma.
Para que o produtor passe a administrar o seu sistema de produo como uma
empresa, necessrio se faz que ele tenha conhecimento de quanto custa, para ele,
produzir aquele bem, ou seja, ele tem que saber qual o custo de produo. Apesar dos muitos problemas com relao ao processo de apurao de dados e da
subjetividade na sua estimativa, a determinao do custo de produo uma prtica necessria e indispensvel ao bom administrador, constituindo-se em um valioso
instrumento para as decises do administrador.
Os custos tm a finalidade de verificar se e como os recursos empregados, em um
processo de produo, esto sendo remunerados, possibilitando, tambm, verificar como
est a rentabilidade da atividade, comparada a alternativas de emprego do tempo e
capital.
Dados sobre custos de produo necessitam ser coletados todos os dias. Eles
abrangem custos com mo de obra, alimentao, sanidade, reproduo, impostos, custos
com materiais de escritrio, combustvel, juros, energia eltrica, luz, instalaes, depreciao das mesmas, encargos financeiros, taxas, materiais de limpeza, entre outros.
Com estes dados em mos e uma produo controlada podemos analisar a rentabilidade
da atividade gado de corte; reduzir os custos controlveis; determinar o preo de venda
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compatvel com o mercado em que atua; identificar e determinar a rentabilidade do
produto; identificar o ponto de equilbrio do sistema de produo de psitacdeos; servir
como ferramenta extremamente til para auxiliar o produtor no processo de tomada de
decises seguras e corretas.
Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinria a Responsabilidade Tcnica
na rea de criatrios tanto conservacionistas, quanto cientficos ou comerciais de animais
silvestres abrange:
a) Acompanhar o Projeto aprovado pelo IBAMA, exigindo o cumprimento de todas as suas etapas;
b) Orientar sobre o manejo adequado para cada espcie, procurando assegurar o bem estar animal;
c) Garantir a profilaxia dos animais e higiene das instalaes; d) Orientar sobre a alimentao adequada para cada espcie, bem como o armazenamento e qualidade dos insumos;
e) Avaliar periodicamente a qualidade da gua para abastecimento dos animais e para o consumo humano no estabelecimento;
f) Proceder, responder ou fazer cumprir todos os atos que impliquem na adequada captura e conteno de animais silvestres por meios qumicos (sedao, tranquilizao e anestesia) e/ou fsicos; g) Notificar as autoridades sanitrias de ocorrncias de interesse para a sade pblica e animal, como por exemplo, zoonoses, antroponoses e outras doenas diagnosticadas
clnica ou laboratorialmente por profissional capacitado. Tal notificao deve ser
acompanhada de laudo tcnico emitido pelo Responsvel Tcnico (RT) ou outro Profissional por ele designado para o assunto especfico;
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h) Promover o treinamento do pessoal envolvido com o manejo dos animais em todos os aspectos, a fim de garantir a segurana da populao (visitantes), dos animais e dos prprios funcionrios;
i) Orientar a adequao e manuteno das instalaes; j) Fazer cumprir todos as normas de segurana do trabalhador e certificar-se de que todos os equipamentos de segurana estejam em plenas condies de uso e disponveis ao pessoal treinado para sua utilizao;
l) Deve atender todas as exigncias do IBAMA, encaminhando os relatrios de acordo com aquela Instituio;
k) Manter os funcionrios envolvidos, cientes do risco de acidentes e zoonoses, alm da preocupao com a higiene e profilaxia individual;
m) Acatar e fazer cumprir as normas e legislao pertinente sua rea de atuao, agindo de forma integrada com os profissionais que exercem a fiscalizao oficial.
A carga horria mnima sugerida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinria
de tempo integral para criatrios conservacionistas e cientficos e de um perodo de 6
horas semanais para criatrios comerciais. O valor sugerido pelo Conselho referente a
1,2 salrios mnimos. No Estado do Paran o valor atual do salrio mnimo corresponde a
R$639,26. O valor para uma RT realizada por um Mdico Veterinrio seria ento de
R$767,12.
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2 OBJETIVO
Geral: Ressaltar a importncia do Mdico Veterinrio como profissional em criatrios.
Especfico:
a- Enumerar e discorrer sobre as principais doenas encontradas no LACRIAS.
b- Demonstrar, por meio da medicina curativa e preventiva, a importncia da atuao
do mdico veterinrio dentro de um criatrio, afim de que cada animal permanea
em perfeito estado de sanidade e com alto ndice de reproduo, para que o lucro
relativo dos criadores cresa.
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3 DESENVOLVIMENTO
Esta reviso foi baseada em casos clnicos ocorridos durante o estgio curricular
realizado no LACRIAS.
3.1 DOENAS PARASITRIAS
3.1.1 Parasitas internos
Os nematides so vermes que normalmente so filiformes, apresentam um dos
mais bem sucedidos planos de organizao funcional e os mais bem sucedidos ciclos de
vida desenvolvidos pela natureza (Rey, 1991). Suas formas tpicas so fusiformes, alongadas, no-segmentada, com dimorfismo sexual e com simetria bilateral (Rey, 1991).
Dos vrios problemas sanitrios que afetam as aves silvestres, as enfermidades
parasitrias esto entre as mais frequentes, podendo causar desde infeces subclnicas
at a morte (Freitas et. al., 2002), em que as endoparasitoses so muito comuns, principalmente em casos de criaes com alta densidade populacional (Barnes, 1986).
As infeces parasitrias podem interferir no comportamento e no desenvolvimento
reprodutivo das aves em cativeiro, em virtude de uma nutrio inadequada e estresse,
assim propiciar o aparecimento de infeces secundrias (Freitas et. al., 2002). Porm no se sabe se em aves de vida livre h um grau de patogenicidade efetivo (Keymer, 1982).
Os nematides encontrados no LACRIAS so descritos a seguir:
A. Ascaridia galli
O ciclo de vida desse helminto simples e direto, os ovos so eliminados pelas
fezes sendo eles, resistentes ao frio e maioria dos desinfetantes (Rey, 1991). A larva
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torna-se infectante no ovo aps duas a trs semanas. Quando os ovos so ingeridos pelo
hospedeiro, as larvas eclodem no proventriculo e migram pela mucosa, retornando ao
lmen nas formas maduras (Davis et. al., 1977). Esses parasitas competem com o hospedeiro por nutrientes, prejudicando o estado
geral da ave (caquexia). Os sinais clnicos associados ascaridase incluem perda de peso, anorexia, m absoro de nutrientes, anormalidades no crescimento dos filhotes,
manifestaes intestinais graves como hemorragias decorrentes de congesto e leso da
mucosa intestinal. Os animais apresentam anemia podendo apresentar tanta debilidade e
at morrer. Os animais jovens so mais sensveis (Back, 2002). O grande nmero de scaris pode causar obstruo intestinal. Em aves produtoras
de ovos, tais parasitas assumem maior importncia, pois podem atingir o oviduto e ser
incorporado ao ovo, porm no h risco a sade pblica (Back, 2002). O estresse provocado pela infestao desse parasita,favorece o surgimento de
infeces secundrias como a Pasteurelose. Esta doena causada por microrganismos
pertencentes ao gnero Pasteurella, neste caso Pasteurella Multocida.
Os vermes adultos de Ascaridia galli so encontrados no intestino, porm as
formas jovens fazem ciclo heptico e pulmonar, at serem eliminados pela secreo pulmonar e chegar ao intestino, onde produzem ovos eliminados nas fezes e
diagnosticados ao exame coproparasitolgico (Steiner et. al., 1985). Seu ovo visvel atravs do exame direto de fezes e possue como caracterstica membrana dupla,
redondo a oval (Steiner, 1985).
Freitas et. al., (2002) encontraram em fezes de aves em cativeiro a prevalncia de 21,8% de Ascaridia sp.
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B. Capillaria sp: So parasitas normalmente espcie-especficos. Medem entre 0,6 e 2,5
cm (Rey, 1991). So bastante comuns em psitacdeos, causam hemorragia na mucosa e leses diftricas na boca, faringe, esfago e inglvio (Cubas, et. al., 2006). Como sinais clnicos podem passar desapercebidos ou manifestar atrofia de musculatura peitoral e
plumagem descolorida decorrentes da m absoro intestinal de nutrientes (Cubas, et. al., 2006). O sinal clnico mais encontrado o emagrecimento progressivo sem causa aparente (Rey,1991). A presena do parasita diagnosticada pela constatao e identificao de ovos bioperculados em exame parasitolgico de fezes pelo mtodo de
flutuao e presena de adultos no intestino delgado e fgado, por ocasio da necropsia
(Cubas et. al., 2006); alm de serem visveis em raspados da mucosa intestinal (Rey,1991).
Marietto Gonalves et. al. (2006) analisaram fezes de aves silvestres everificaram que 19,3% das amostras estavam parasitadas com ovos de Ascaridia sp., Capillaria
sp. e Heterakis sp., cistos de Balantidium sp., Blastocystis sp. e Entamoeba sp. e
oocistos de coccdeos.
Segundo Freitas et. al. (2002), a prevalncia de Capillaria sp foi de 31,4%.
Giovannoni e Kubiak (2001) descrevem a fauna parasitria de helmintos em animais domsticos necropsiados. Os autores relatam a presena de Ascaridia galli, Heterakis
gallinae, Cheilospirura hamulosa, Tetrameres confusa, Capillaria annulata e Melleagris
gallopavo em galinhas domsticas.
Os helmintos com maior prevalncia em aves domsticas encontrados por Permim
(1997), foram os Heterakis gallinarum, Ascaridia galli, Capillaria anatis, Capillaria obsignata.
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Em pesquisas realizadas no Brasil foi relatado prevalncia de 29,2% de Capillaria
sp em aves da famlia Psitacidae mantidas em cativeiro (Farret et. al., 2008).
C. Coccidiose
A coccidiose em aves uma infeco intestinal causada na maioria das vezes por
espcies do gnero Eimeria. Esses parasitas intracelulares multiplicam-se no intestino,
causando destruio tecidual e prejudicando a digesto e a absoro dos alimentos, o que resulta em diarreia aquosa ou hemorrgica (Davis et.al., 1977). A coccidiose determina danos nos tecidos intestinais e mudanas nas funes do trato intestinal,
permitindo a colonizao de vrios agentes patognicos (Kawasoe, 2000).
O ciclo de vida das coccdias envolve uma srie de estgios no interior dos
hospedeiros, gerando uma resposta imune bastante complexa que envolve tanto a
imunidade mediada por clulas como a produo de anticorpos (Allen & Fetterer, 2002).
A Eimeria sp. tem distribuio cosmopolita. Epidemiologicamente, seus oocistos
so altamente resistentes, persistindo no ambiente at por anos (Steiner et.al., 1985). Estes protozorios so altamente hospedeiro-especificos, sendo que aps a infeco h
produo de imunidade espcie-especifica (Urquhart et. al., 1998).
Aps debelarem a infeco, as aves atingidas podem se recuperar e continuar
eliminando oocistos no ambiente, condio que as caracteriza como portadores
convalescentes (Urquhart et. al., 1998).
Nas fezes de aves infectadas h eliminao de oocistos no esporulado, que em
condies ambientais favorveis se esporula e se torna infectante. A infeco ocorre com
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a ingesto do oocisto esporulado, que ento se dirige para os entercitos aonde ocorre a
reproduo tanto sexuada quanto assexuada, que gera leso em epitlio e dificulta a
funo intestinal (Filho, 2006).
A Eimeria sp. produz alteraes na mucosa intestinal, cuja gravidade est relacionada a densidade parasitria e a localizao dos parasitas na mucosa.
Aps a ruptura das clulas contendo esquizontes ou gamontes, o tecido em geral
recupera lentamente sua morfologia bsica. Ocorre em algumas espcies leses
superficiais do epitlio e a destruio das vilosidades intestinais, o que pode causar
diminuio da absoro de nutrientes e consequente deficincia da converso alimentar e
aparece como sintoma clnico a diminuio de peso e problemas de crescimento
(Urquhart et. al., 1998).
O diagnstico baseia-se no exame post-mortem de algumas aves acometidas
(Cubas, 2006).
Apesar dos oocistos poderem ser detectados nos exames de fezes, seria errado
fazer o diagnstico com base apenas nessas evidncias, pois o maior efeito patognico
em geral ocorre antes da produo de oocistos, e dependendo do hospedeiro envolvido, a
presena de grandes quantidades de oocistos no est necessariamente relacionada a
graves alteraes patolgicas no intestino, j que h espcies apatognicas (Urquhart et. al., 1998).
Marietto Gonalves et. al. (2006) analisaram fezes de aves silvestres e verificaram que 19,3% das amostras estavam parasitadas com oocistos de Coccdeos.
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Segundo pesquisa realizada por Santos et. al. (2008), dentre os atendimentos realizados no Hospital Veterinrio da Universidade Federal do Paran, as
endoparasitoses foram a segunda maior causa, ficando a coccidiose positiva em 45,83%
dos casos.
3.1.2 Parasitas externos
A. Knemidokoptes sp (sarna)
A sarna knemidokptica provocada por vrios tipos de caros da famlia
Knemidokoptidae, todas parasitas da pele das aves (Marcondes, 2001). O ciclo biolgico deste parasita abrange apenas um hospedeiro que ao penetrar na epiderme estimula a
grande produo de substncia crnea (Baumgartner, 1998).
As manifestaes clnicas em aves de vida livre so diferentes das aves em
cativeiro (Jaensch et. al., 2003). O stress associado ao manejo incorreto e insalubridade contribuem para a imunossupresso e para que a manifestao clnica se apresente
(Cubas et. al., 2006).
Os periquitos australianos (Melopsittacus undulatus) parecem ser os mais suscetveis segundo Greiner, (1994).
Zenoble em (1991), relata que estes artrpodes vivem nas partes desnudas do corpo ou at mesmo nas regies emplumadas. A sarna ocasiona leses proliferativas,
hiperqueratosas e de aparncia porosa (Cubas et. al., 2006). O espessamento da pele ocorre e pode acarretar deformao dos membros e perda dos dgitos (Bruno & Albuquerque, 2008). Os mesmos autores conduziram uma pesquisa em aves de cativeiro e encontraram 68% de animais positivos para a presena de Knemidokoptes sp.
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No Hospital Veterinrio da UFPR em 2008, Santos et. al., encontraram a
prevalncia de 39,02%, nas aves avaliadas, a maior dentre os ectoparasitos.
No LACRIAS, dois animais apresentaram quadro clnico de hiperqueratose e
crescimento excessivo de unhas duratnte o perodo de estgio curricular. Um sendo
Agapornis personatta, outro Bolborhynchus lineola.
B. Dermanyssus gallinae (piolho de galinha ou caro vermelho)
So caros encontrados nos criatrios formando colnias nas frestas, fendas das
madeiras, ninhos, em acmulo de sujeiras como fezes, penas, poeira e teias de aranhas (Backer, 1999). Permanecem neste local a maior parte de seu ciclo, principalmente durante o dia e pela noite procuram aves para realizar o repasto sanguneo (Backer, 1999). O ciclo total demora 7 dias (Wall & Shearer, 2001).
Estes caros podem sobreviver por 10 semanas em um local sem aves (Wall & Shearer, 2001). Quando no encontram seu hospedeiro natural podem atacar mamferos e at o homem (Backer, 1999). Possuem picada dolorosa, provocando dermatite (Cubas et. al., 2006).
Fatores como a pluviosidade e a temperatura interferem na proliferao parasitria
(Devidson et. al., 1994).
No LACRIAS houveram durante o perodo de estgio curricular dois surtos de
piolhos das aves. Um em setembro na sala dos Forpus sp, Agapornis sp e Nymphicus
hollandicus. Outros surto ocorrendo no final de outubro num dos viveiros da sala de
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Passeiriformes aonde se encontravam filhotes desmamados de Nymphicus hollandicus e
Bolborhynchus lineola.
3.2 Doenas de origem bacteriana
A. Aerossaculite
A estrutura respiratria das aves compreende aproximadamente 20% do volume do
corpo dos psitacdeos e as doenas relacionadas ao aparelho respiratrio so
relativamente comuns (Cubas et. al., 2006). A ocorrncia bem maior no inverno ou quando ocorrem mudanas bruscas de temperatura. Algumas consideraes importantes
sobre as diferenas anatmicas do aparelho respiratrio das aves. A epiglote ausente,
assim como as cordas vocais, no h cartilagem tireide, os anis traqueais so
completos, a siringe aunsente, h presena de sacos areos e o diafragma rudimentar
(Davis et. al., 1977) Os sacos areos, em muitas espcies cobrem o corao, o fgado, os testculos, os rins, os ovrios e intestinos. Eles so divididos em sacos areos:
interclavicular (em algumas espcies), saco areo torcico cranial, saco areo torcico caudal, saco areo abdominal. O consumo de oxignio em vo de 10 a 15 vezes maior
que em repouso (Davis et. al., 1977).
Segundo (Steiner et. al., 1985) sinais de que a funo respiratria apresenta algum problema so aumento da frequncia respiratria, cauda sacudindo, dificuldade
respiratria, sonolncia, penas/plumas eriadas, sons respiratrios anormais, portanto o
mdico veterinrio deve frequentar o criadouro com certa frequncia para poder identificar
as diferenas fisiolgicas e particulares de cada ave. Alm das diferenas entre espcies
existem diferenas de indivduo para indivduo.
Os sacos areos esto recobertos internamente por uma camada de clulas
epiteliais que respondem fortemente a um insulto (Steinern et. al., 1985). Estes exsudatos
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no tm para onde ir e se tornam um excelente meio de cultivo para patgenos (Steiner et. al., 1985). Insultos vo desde gases irritantes, caros, fungos e bactrias.
Rudo respiratrio claro auscutao.
As principais bactrias que atacam os sacos areos so: Sterptococcus,
Staphylococcus, Pasteurella, Yersinia, Salmonella, Escherichia coli e o principal fungo o
Aspergillus (Cubas et. al., 2006).
Dentre a categoria de doenas respiratrias, a aerossaculite foi a mais observada
por Santos et. al., (2008), com frequncia de 37,5%. Pachaly, em 1992 descreveu que a causa mais comum a aspergilose, ocasionada por um fungo oportunista chamado
Aspergillus sp .
A aspergilose fngica aguda caracterizada por distrbios respiratrios e formao
de placas caseosas no pulmo e sacos areos (Rousseaux et. al. 1981).Sendo o nico agente que visvel a necropsia. So vistas manchas focais de cor branca, creme ou
amarela (Cubas et. al., 2006)
Foi observado, no experimento de Benez (2001) realizado em aves, um crescimento de A. flavus em materiais coletados da saliva, faringe, traquia e seios nasais
de indivduos sadios, o que refora a teoria de tratar-se de um fungo oportunista que se
manifesta em condies de imunossupresso e stress.
Um papagaio (Amazona aestiva) residente no LACRIAS aps apreenso do IBAMA manifesta aerossaculite recorrente, sendo a terceira vez que foi tratado (sendo uma nica vez durante o perodo de estgio). Tambm um exemplar de Neophema bourkii
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apresentou sinais de dificuldade respiratria e rudo severo a auscutao durante este
perodo.
B.Conjuntivite
A conjuntivite a denominao da inflamao ou infeco conjuntiva, membrana que cobre as plpebras. Ela ocasionada por uma srie de infeces locais ou
sistmicas.
Santos et. al., (2008) encontraram uma prevalncia de 5,88% de aves que manifestaram conjuntivite.
Dos animais que adoeceram durante o perodo de trabalho no LACRIAS, duas
calopsitas (Nymphicus hollandicus) apresentaram inchao palpebral.
3.3 Doenas metablicas e/ou nutricionais
A. Reteno de ovo
Os sintomas de reteno de ovos so descritos como disteno abdominal,
esforos para que a postura ocorra, incio sbito de depresso, prolapso de cloaca ou
oviduto. As causas so diversas e englobam a deficincia de clcio, o enfraquecimento da
ave provocado por correntes de ar, a umidade excessiva dos ninhos, a obesidade e a
idade das fmeas (quanto mais velhas mais predispostas) (Steiner et. al., 1985).
A literatura descreve a deficincia de clcio como a principal causa da reteno de
ovo (Cubas et. al., 2006). Para entendimento, o mecanismo de absoro de clcio ser descrito a seguir. A vitamina D3 precursora do hormnio 1,25-dihidroxicolecalciferol, que
promove a absoro do clcio no intestino (Lehninger et. al., 1995). Porm, para que este
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precursor seja formado necessrio alm da ingesto de vitamina D3, a irradiao de luz ultra violeta solar ou artificial. O grande problema encontrado em criatrios que aves em
gaiolas no recebem luz direta do sol, dispondo pouca protena captadora de clcio.
Como resultado geramos um desequilbrio na proporo de clcio/ fsforo (que deve normalmente estar na proporo de 1,5-2,5 para 1) (Lehninger et. al., 1995). Este desequilbrio reflete na formao da casca do ovo e nas intensidade das contraes
necessrias para que ocorra a ovoposio natural, uma vez que o movimento de clcio
nas utilizado pelo tecido muscular.
Carpenter (2010), comenta que o problema recorrente e que aves que o apresentam devem ser retiradas da reproduo pois as chances de que se repita o
problema so grandes.
No LACRIAS este problema foi encontrado em duas aves que apresentaram
melhora aps interveno e em duas aves que vieram a bito.
3.4 Outras enfermidades comuns em criatrios
A. Auto mutilao
Automutilao um complexo multifatorial de problemas comportamentais das
aves de distribuio mundial (Brgamo et. al., 2009). uma doena bastante comum principalmente nos psitacdeos. caracterizada pelo animal se mutilar, principalmente com o bico, primeiramente arrancando as prprias penas e posteriormente retirando
pedaos da pele e da musculatura (Brgamo et. al., 2009).
Quando se trata de automutilao nas aves, as reas afetadas so o peito, dorso e
asas, regies do corpo onde a ave alcana com o bico (Brgamo et. al., 2009).
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Permanecem intactas as penas da cabea e pescoo, locais inacessveis para a ave se
automutilar. Esse comportamento obsessivo pode evoluir para a autoflagelao com
leses graves na pele e msculos. Aves com esse distrbio crnico podem causar leses
irreversveis nos folculos das penas, criando reas de alopecia definitiva (Falco, 2005).
Automutilao o mais frequente e grave problema das aves silvestres (Cubas et. al., 2006). Fatores predisponentes incluem superlotao, luz excessiva (intensidade ou variao), altas temperaturas, deficincias nutricionais, forma de alimentao (granulometria), ectoparasitas, tenosinovite e outras doenas que afetam mobilidade, tdio, e estirpe da ave (Cubas et. al., 2006). A automutilao pode estar associada a anormalidades neurolgicas em nervos sensitivos perifricos, medula espinhal sensitiva e
vias do tronco cerebral, tlamo ou crtex somatossensitivo do crebro (Chrisman, 1985).
O auto-arranchamento de penas possui diversas origens, podendo classific-las
em causas de fsicas e comportamentais. Brgamo et. al., (2009), citam as causas fsicas mais comuns so ectoparasitos, endoparasitas, infeces respiratrias, clamidiose,
organopatias, dermatite, foliculite, viroses, alergia, fumaa de cigarro, desnutrio, baixa
umidade ambiente, hipotireoidismo, intoxicao por chumbo ou zinco, perodos
excessivos de luz, falta de luz solar, incorreto das penas das asas, e neoplasias. As
causas comportamentais incluem: tdio (espao pequeno e ambiente sem objetos de distrao), medo, ansiedade, solido, insnia, psicose, cimes, frustrao reprodutiva, medo de pessoas ou animais estranhos, superpopulao na gaiola, estresse e mudana
repentina de ambiente. Se no for encontrada nenhuma causa fsica para a
automutilao, passa-se ento, a considerar as causas comportamentais (Godoy, 2006).
Gill em 2001, confirmou em pesquisas que a frequncia de auto arrancamento de
penas em psitacdeos de 80% contra 20% em passeiriformes.
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A auto mutilao foi frequente no LACRIAS entre os Hed Humped (Psephotus Haematonotus) e os Ring Neck (Psittacula kramer).
B. Cisto de penas
Os cistos de penas possuem um quadro parecido com os cistos por reteno de
plos em ces, aqueles em que o plo no consegue exteriorizar (Pachaly, 1992) .As causas vo desde m formao at crescimento do plo abaixo da pele (Lawrie, 1997). A aparncia resultante a tumefao com uma ou mais penas encapsuladas (Pachaly, 1992).
Santos et. al., (2008) encontraram 48% de prevalncia no caso de cistos de penas no estudo em que realizaram.
No LACRIAS uma rosela (Platycercus eximius) apresentou cisto reincidivo.
3.5 Clamidiose/Psitacose
O agente etiolgico uma bactria parasita intracelular obrigatria
denominada Chlamydia psittaci (Steiner et. al., 1985). Elevadas concentraes de clamdias so encontradas nos pulmes, rins e cloaca e sua transmisso d-se por vrios
meses atravs de todas as secrees (Davis et. al.,1977). Animais portadores latentes manifestam sinais clnicos aps um perodo de stress e de baixa imunidade (Davis et. al., 1977). O perodo de incubao altamente varivel em psitacdeos, indo desde 5 at 98 dias (Meyer, 1942). A morte ocorre entre 8 at os 15 dias aps manifestao (Davis et. al., 1977).
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Como sinais clnicos ocorrem apatia, anorexia, inatividade, diarria, fezes com
presena de sangue, dificuldade de peso, emagrecimento progressivo, secrees
purulentas nos olhos e conjuntivas, e morte sbita (Davis et. al., 1977).
A Clamidiose uma enfermidade contagiosa, comum e em ocasies torna-se
mortal em psitacdeos (Cubas et. al., 2006). Calopsitas (Nymphicus hollandicus) podem tornar-se portadoras e no manifestarem sinais por este motivo recomenda-se sacrifcio
dos animais diagnosticados positivos do plantel (Cubas et. al., 2006). A doena uma zoonose e pode provocar a morte se no diagnosticada e tratada a tempo. A transmisso
para os seres humanos ocorre atravs de contato indireto por via aergena e as clamdias
so facilmente destrudas pelo calor (Wills, 1996).
O diagnstico pode ser feito com coleta direta da cloaca (manter ambiente de coleta estril) ou coleta de rgos por PCR, necropsia e histologia (Cubas et. al., 2006).
A necropsia observado cirrose aguda, ruptura dos ductos biliares, infiltrado de
clulas hepticas, pneumonia, fgado com focos necrticos e at infartos (Sprunt, 1955; Treimain, 1938; Merrillees, 1934).
A preveno se d atravs de medidas gerais de higiene na criao e no transporte
de animaiis, alm da quarentena (Wills, 1996).
No LACRIAS no foi confirmado nenhum caso de psitacose (clamidiose), porm por se tratar de uma doena muito comum e altamente perigosa foi descrita.
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4 CONCLUSO
Doenas metablico-nutricionais, parasitrias, do trato digestivo e respiratrio so
as principais encontradas nos psitacdeos em cativeiro. Porm pouca pesquisa
realizada atualmente na rea de medicina de aves silvestres e exticas, os diagnsticos
diferencias so ainda, inacessveis financeiramente a um grande plantel. Praticamente
toda literatura encontrada estrangeira, onde as espcies encontradas so diferentes, as
condies climticas so diferentes, os frmacos disponveis so diferentes. Utilizamos
como referncia muitas vezes informaes que no se aplicam no nosso dia a dia. Cabe a
ns, Mdicos Veterinrios mudar este paradigma. Enquanto muitas reas da veterinria
so deixadas de lado, a clnica de pequenos animais tem um excesso de profissionais. A
assistncia veterinria em criadouros de aves silvestres e exticas poder entrar em
plena expanso se houver interesse por parte dos profissionais. A rotina de um criatrio
somente poder ser aprendida num criatrio. A teoria embasa todo o nosso trabalho,
porm cada local tem suas particularidades e focos. A formao investigativa e
generalista do curso de Medicina Veterinria permite que o aluno e o futuro profissional
desenvolva estas habilidades e se torne capaz de exercer suas tarefas de responsvel
por um criatrio.
Num pas como o Brasil, em que grande parte dos grandes psitacdeos so
encontrados e que pequenos e mdios psitacdeos (vindos de outras regies) j esto plenamente adaptados com uma demanda de compra grande, no podemos deixar que
problemas de sanidade impeam a reproduo e o lucro dos criadores.
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RELATRIO DE ESTGIO
1 INTRODUO
O estgio curricular supervisionado do curso de Medicina Veterinria da
Universidade Federal do Paran foi realizado no LACRIAS-Laboratrio de Criao e
Incubao de Animais Alternativos e Silvestres, localizado na Rua Ivone Pimentel n
1000. Bairro Canguiri, Cidade de Quatro Pinhais, estado do Paran no Brasil. O estgio
foi realizado no perodo de 11 de julho de 2011 a 31 de outubro de 2011, totalizando 352 horas de trabalho.
A superviso direta e indireta e as orientaes de foram realizadas pelo Professor
Dr. Edson Gonalves de Oliveira com a colaborao do Professor Rogrio Ribas Lange.
A escolha pela instituio foi baseada em uma soma de caractersticas:
acompanhar a rotina especializada em manejo e carente em sanidade e de medicina preventiva e curativa, trazendo a oportunidade de vivenciar maior casustica e detalhes de
conhecimento; e o aprendizado pessoal e no cientfico adquirido pela rotina de um
criatrio, superar diferenas e dificuldades e crescendo como indivduo, preparando para
se tornar um profissional adulto e responsvel.
O objetivo do LACRIAS proporcionar aos alunos o contato direto com as aves e o aprendizado de manejo, alm da pesquisa dentro da rea.
O prdio dividido em lado D (direito) e lado E (esquerdo). As espcies que constam no plantel so descritas na tabela 1:
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Tabela 1. Plantel do prdio das aves do LACRIAS.
LADO D Espcie Nome Cientfico N. de Aves
Sala 1 Red Humped Psephotus Haematonotus 70
Sala 1 Bourkii Neophema bourki 15 Sala 1 Roselas Platycercus eximius 9 Sala 1 Catarinas Bolborhynchus lineola 45 Sala 2 Forpus Forpus sp 64 Sala 2 Agapornis Agapornis personatta 58 Sala 2 Agapornis Agapornis roseicollis 54 Sala 2 Calopsitas Nymphicus hollandicus 42 Sala 4 Arara Canga Ara mao 1 Sala 4 Arara Piranga Ara chloropterus 2
LADO E Espcie Nome Cientfico N. de Aves Sala 1 Ring Neck Psittacula Kramer 26
Sala 2 Passeiriformes Viveiro Comum
Sala 3 Roselas Platycercus eximius 14
Sala 4 Calopsitas Nymphicus hollandicus Viveiro Comum
Sala 5 Agapornis Agapornis personatta 15 Sala 5 Agapornis Agapornis roseicollis 4
Sala 5 Calopsitas cara branca Nymphicus hollandicus 34
Sala 6 Papagaios Amazona brasiliensis 7 Sala 7 Arara Canind Ara ararauna 8
As atividades executadas no LACRIAS proporcionaram um contato com a medicina
e a zootecnia de aves silvestres e exticas, incluindo espcies no vistas antes nos
estgios realizados durante a graduao, enriquecendo o aprendizado.
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2 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral do estgio curricular foi adquirir vivncia e prtica nas rotinas de servios de manejo geral na criao de aves e expandir a prtica na medicina de aves silvestres alm da elaborao de material que comprove a importncia de um mdico
veterinrio para criatrios de aves para que se atinja um melhor desempenho sanitrio na criao, bem como a comprovao dos benefcios econmicos de contar com a
assistncia de um.
3 OBJETIVOS ESPECFICOS
3.1 Realizar exames de rotina para o bom desempenho das aves;
3.2 Realizar a clnica de aves silvestres e exticas;
3.3 Montar um pequeno laboratrio para realizao de exames coproparasitolgicos e
ps-morten;
3.4 Efetuar o tratamento dos animais identificados como doentes.
4 LOCAL DE TRABALHO
O LACRIAS foi criado e tem a coordenao do Prof. Dr. Edson Gonalves de
Oliveira, tendo surgido da necessidade de agrupar as atividades de manejo e produo de animais fora das grades culturas, bem como atender as necessidades da Disciplina
ministrada na UFPR, intitulada de Zootecnia de Animais Silvestres.
Dentre as espcies criadas podemos citar coelhos, codornas, gansos, faises,
abelhas sem ferro e aves silvestres e exticas, alm de existir um incubatrio para vrias
espcies.
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O laboratrio faz parte do Departamento de Zootecnia/ Setor de Cincias Agrrias
da UFPR - Fazenda Canguiri.
O prdio de aves silvestres e exticas composto por salas de criao de araras,
papagaios com viveiros de vo, sala de roselas, passeiriformes, calospitas, forpus,
agapornis, sala de experimento de ring necks, sala de criao de red humped, burkis,
catarinas. As dimenses variam de 21 a 42 metros quadrados. Contamos tambm com
uma cozinha e um escritrio juntamente com um laboratrio.
Mapa 1. Mapa do prdio do LACRIAS.
7m 7m
Viveiro 2
Casais Araras Canind
Viveiro 5
Vazio
2m
Viveiro 1
Papagaios
Viveiro 4
Araras Hbridas
2m
Sala 3
Roselas Sala 3
Cozinha
2m
Sala 3
Passeiriformes
Sala 2
Ring Necks
Sala 2
Forpus
Agapornis
Calopsitas
2m
Sala 1
Escritrio
Laboratrio
Sala 1
Hed Humped
Catarinas
Roselas
Burkiis
2m
Lado Esquerdo Lado Direito
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5. ATIVIDADES REALIZADAS NO LACRIAS
No laboratrio, pela primeira vez um trabalho de Medicina Veterinria foi realizado
no local, os outros experimentos e trabalhos foram realizados por alunos de graduao e
mestrandos de Zootecnia.
As atividades realizadas foram: realizao de vistorias dirias, elaborao e
aplicao de fichas clnicas para as aves, montagem de um mini-laboratrio para exames
bsicos, realizao e elaborao de fichas de necropsias (abrangendo apenas aspectos macroscpicos), realizao e elaborao de exames coproparasitolicos afim de se estabelecer um calendrio para o local, realizao de medicao nos animais doentes,
preveno atravs da melhora da sanidade e higiene, controle de animais em reproduo
atravs de grampos, acompanhamento do controle de reproduo j existente no local, acompanhamento das aplicaes de anilhas, acompanhamento de outros experimentos
em andamento.
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6. MATERIAIS UTILIZADOS
- gaiolas;
- salas e viveiros;
- sementes e raes prprias para psitacdeos e passeiriformes, conforme
disposio oramentria;
- medicamentos (Mebendazol, Febendazol, Piperazina, Ganadol pomada, Kerovit pomada oftlmica, Terramicina, Enrofloxacina 2,5%, Corticosterides, Sulfa
com Trimetropin, Ivermectina, PVPI, spray anti sptico, entre outros).
- curativos,
- microscpio,
- materiais cirrgicos,
- EPIs (equipamentos de proteo individual, como luvas, guarda p, entre outros),
- fichas clnicas e necropsia,
- materiais de escritrio.
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7 RESULTADOS E DISCUSSO
Este tpico ser dividido nas aes realizadas durante o estgio curricular.
7.1 Vistoria geral
A vistoria geral o ponto crucial da assistncia veterinria num criadouro.
Observou-se que atravs de uma rotina estabelecida pode-se aplicar a medicina
preventiva dentro de um criatrio e no somente a medicina curativa. Levando-se em
conta o valor comercial dos animais a medicina preventiva a melhor alternativa e
somente este ponto j justifica um RT mdico veterinrio. Cada ave que no fique doente j justifica o salrio de um mdico veterinrio no criadouro. A vistoria realizada com uma prancheta e com a anotao sobre as particularidades de cada ave, cada gaiola e cada
viveiro. A observao atenta de cada detalhe essencial e ela deve ser demorada. Este
procedimento tomou em mdia trs horas dirias.
Numa vistoria realizada diariamente crucial a observao do empuleirar das
aves, da sua plumagem, de seus hbitos, das suas fezes, de ectoparasitos, da sua
frequncia respiratria. Ainda pode observar-se se h algum inchao torcico ou
abdominal sem que se pegue o animal na mo, pode-se verificar tambm distrbios de
comportamento alm de familiarizar a ave com a presena humana sem estress-la.
Num primeiro momento at a memorizao dos diferenciais entre espcies e entre
indivduos a realizao de vistorias dirias foi necessria. Aps o reconhecimento
especfico de cada ave essa frequncia poderia ter diminudo para cada 48 horas, ou trs
vezes por semana. Essa frequncia no foi diminuda no caso do LACRIAS a fim de se
criar um parmetro para ser seguido.
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7.2 Ficha clnica dos animais
A ficha clnica elaborada levou em considerao os aspectos obtidos por meio de
reviso de literatura e segue em anexo no apndice. O exame fsico foi quase que
inteiramente elaborado a partir do Manual de emergncias em aves (Gonalves, G.A.M, 2010).
A ficha foi preenchida gradativamente conforme manejo dos psitacdeos grandes (araras e papagaios) e conforme necessidade de exames e de avaliao fsica dos pequenos psitacdeos.
7.3 Montagem do mini-laboratrio
O mini-laboratrio foi montado a fim de se poder fazer os primeiros socorros,
exames coproparasitolgicos diretos, exames de necropsias. Por falta de recursos todos
os equipamentos para se realizar exames microscpicos ou histolgicos e at mesmo
hematolgicos no puderam ser comprados. O laboratrio requer acesso a gua (para a pia), e deve ser isolado do restante do criatrio sem acesso as salas ou viveiros e deve conter a rea mnima de 2 X 2 metros quadrados.
Segue no apndice os materiais utilizados na construo do mini-laboratrio.
7.4 Elaborao de fichas de necropsia e realizao de necropsias
As fichas de necropsias (no apndice) foram elaboradas de forma bem simples e tendendo a necessidade e os recursos locais. Foi observado que no o ideal, porm por
no haver avaliao histolgica local no momento no h necessidade de substitu-la.
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Nela continham histrico clnico e achados necroscpicos, assim como diagnstico
diferencial e suspeita clnica.
Na tabela a seguir constam as necropsias realizadas em animais anilhados. As
necropsias realizadas em animais no anilhados no foram contabilizadas por no poder
haver um controle de qual ave que de qual gaiola e/ou viveiro que veio.
Tabela 2. Necropsias realizadas em animais anilhados.
Dia necropsia Espcie Suspeita clnica
02/08/2011 Agapornis roseicollis Infeco no controlada ps reteno de ovo.
02/08/2011 Agapornis personatta Traumatismo craniano.
02/08/2011 Agapornis roseicollis Impactao do trato digestrio superior. Acumulo de alimento em trato digestrio superior (regio do papo) com paredesedemaciadas e avermelhadas. Em parte interna, cobertura anormal de clnia bacteriana esbranquiada.
09/08/2011 Platycercus eximius Ataque por roedores.
09/08/2011 Chloebia Gouldia Morte inconclusiva e sem suspeita clnica
15/08/2011 Agapornis roseicollis Reteno de ovo
22/08/2011 Agapornis roseicollis
Reteno de ovo
25/08/2011 Bolborhynchus lineola Toro (?) e impactao de trato gastrointestinal Presena de alimento em intestino delgado, seguido por parte necrosada.
28/09/2011 Agapornis roseicollis Infeco intestinal no controlada. Intestino delgado edemaciado e com odor intenso. Intestino grosso com pontos hemorrgicos.
28/09/2011 Neophema bourki Pneumonia no responsiva a antibiticos
07/10/2011 Saltator similis Aerossaculite. Pulmes com manchas focais amareladas e massa obstruindo oviduto.
Observa-se nitidamente que junto das aes realizadas para melhoria da sanidade e das vistorias dirias (que permitem que o animal no adoea ou que pelo menos a enfermidade seja observada no incio) ocorreu um decrescente nmero de bitos.
7.5 Procedimentos realizados nos casos ocorridos durante o estgio
Levando-se em conta o nmero de animais existentes no LACRIAS
(aproximadamente 600 aves no plantel), apenas 19 necessitaram da medicina curativa. Este nmero compreende a 3,17%. Este nmero relativamente baixo devido ao manejo intenso com as aves que proporciona o atendimento imediato e a observao de
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problemas no incio, permitindo a melhora constante no bem estar e na sanidade das
aves. Dos animais atendidos, um apresentou sinais clnicos e exame positivo para
ascaridiose; trs animais em estao
animais apresentaram rudo respiratrio e evol
animais foram mutilados por seus parceiros ou se auto mutilaram e receberam tratamento
tpico de feridas; dois animais
trato respiratrio superior caracterizado como sinusite; dois animais apresentaram
conjuntivite; um animal apresentou cisto de pena reincidivo; e um ave de fratura e posterior necrose.
A distribuio das espcies mais afetadas dada
Figura 1. Grfico das espcies afetadas por patologias durante o perodo de anlise.
Os tratamentos utilizados foram de acordo com antibticos e antiinflamatrios
disponveis no criatrio e qua
novos frmacos, assim os recomendados pela literatura (Carpenter, 2010).
problemas no incio, permitindo a melhora constante no bem estar e na sanidade das
aves. Dos animais atendidos, um apresentou sinais clnicos e exame positivo para
ascaridiose; trs animais em estao reprodutiva apresentaram reteno de ovo; dois
animais apresentaram rudo respiratrio e evoluo caracterstica de aerossaculite
animais foram mutilados por seus parceiros ou se auto mutilaram e receberam tratamento
tpico de feridas; dois animais apresentaram sarna; uma ave apresentou problemas no
trato respiratrio superior caracterizado como sinusite; dois animais apresentaram
conjuntivite; um animal apresentou cisto de pena reincidivo; e um ave .
distribuio das espcies mais afetadas dada na Figura 1:
Figura 1. Grfico das espcies afetadas por patologias durante o perodo de anlise.
Os tratamentos utilizados foram de acordo com antibticos e antiinflamatrios
disponveis no criatrio e quando no havia resposta ao tratamento eram
novos frmacos, assim os recomendados pela literatura (Carpenter, 2010).
Neophema bourki
Bolborhynchus lineola
Neophema bourki
Psittacula kramer
Amazona brasiliensis
agapornis personatta
Bolborhynchus lineola
Psittacula kramer
Psephotus Haematonotus
agapornis personatta
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problemas no incio, permitindo a melhora constante no bem estar e na sanidade das
aves. Dos animais atendidos, um apresentou sinais clnicos e exame positivo para
reprodutiva apresentaram reteno de ovo; dois
uo caracterstica de aerossaculite; seis
animais foram mutilados por seus parceiros ou se auto mutilaram e receberam tratamento
apresentaram sarna; uma ave apresentou problemas no
trato respiratrio superior caracterizado como sinusite; dois animais apresentaram
conjuntivite; um animal apresentou cisto de pena reincidivo; e um ave apresentou sinais
Figura 1. Grfico das espcies afetadas por patologias durante o perodo de anlise.
Os tratamentos utilizados foram de acordo com antibticos e antiinflamatrios
ndo no havia resposta ao tratamento eram adquiridos
novos frmacos, assim os recomendados pela literatura (Carpenter, 2010).
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7.5.1 Ascaridiose
Os bourkii (Neophema bourki) e Ring Neck (Psittacula kramer) estavam apresentando emagrecimento visvel e progressivo. Em julho logo aps o incio do estgio foram realizadas as primeiras baterias dos exames coproparasitolgicos e foram
identificados parasitas. Aps a entrada do tratamento com piperazina e a aplicao de
glicopan na gua as aves apresentaram melhora. O bourkii que recebeu tratamento em
questo veio a bito e apresentou sete parasitas adultos no intestino delgado.
7.5.2 Reteno de ovo
No LACRIAS proporcionalmente aos outros casos em que a medicina curativa foi
necessitada a reteno de ovo foi a segunda causa mais frequente de aves no
ambulatrio (trs aves em 19 significam 15,78% da casustica total). Em um plantel com aproximadamente 600 aves esse nmero baixo. As causas para a reteno de ovo vo
desde a predisposio gentica (e nos casos de apreenso realizada pelo IBAMA estes animais no possuem nem histrico clnico, nem idade especfica), at mal formaes do ovo, chegando at a carncias nutricionais. O fato da aves no receberem exposio ao
sol com frequncia interfere na metabolizao do clcio e pode agravar a situao
(explica-se no tpico reteno de ovo-reviso bibliogrfica). Os procedimentos realizados no LACRIAS foram diversos e sero descritos a seguir.
No primeiro caso observado uma fmea Agapornis roseicollis (ave 1) foi encontrada na gaiola entrando em estado de choque. A ave estava prostrada, dispnica,
com batimentos cardacos irregulares e lentos, sem reaes ao ambiente. Em avaliao
fsica observou-se inchao na regio cloacal. As alternativas de tratamento no local so
descritas a seguir.
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Atravs da massagem e palpao abdominal pode-se perceber se o ovo est
intacto posicionado para que ocorra a postura na cloaca. Obviamente o melhor artifcio
neste caso a o raio x porm, muitas vezes as clnicas so distantes dos criatrios e tem
questo essencial por se tratar de uma emergncia. Se o ovo apresenta-se intacto e
posicionado pode-se aplicar soro glicosado SC (subcutneo) para manter a ave e aplicar lidocana tpica na regio de cloaca e muito pacientemente deve-se direcional e abrir a
cloaca para que o ovo saia. Cuidado para que no haja a ruptura do ovo e para que ocorra uma peritonite. Enrofloxacina 10% (o mais indicado seria Enrofloxacina 12%), SC pode ser usado por cinco a sete dias para que impea crescimento bacteriano. Em casos
em que o ovo no encontra-se em posio para a abertura da cloaca deve-se realizar
uma ovocentese O procediemento consiste em aplicao de clcio IM (intramuscular) e glicose SC, seguida de aplicaod e lidocana local. Uma seringa de trs ml utilizada
para retirada do contedo do ovo, afim de diminuir seu contedo para que se direcione
para a cloaca. Da mesma forma se entra com enfloxacina 10%. Se a ave no ovopuser
deve ser encaminhada a um centro cirrgico ou se experimentar ocitocina. Nos dois
procedimentos deve-se tomar muito cuidado com a inocuidade do local e com a
antibiticoterapia ps procedimento.
A ave 1 imediatamente recebeu oxigenoterapia, soro glicosado SC e aplicao de
lidocana local. Aps 30 minutos a ave apresentou melhora do estado clnico geral, porm
claramente no haviam condies fsicas da fmea fazer a ovoposio.
Com auxlio de uma seringa de 3 mL foi realizada a ovocentese de emergncia.
Aps nove horas de tratamento a ave com auxlio de uma seringa voltou a se alimentar e
no dia seguinte realizou a ovoposio da casca do ovo. Porm, aps o ovo ser expelido a
ave apresentou sinais neurolgicos frequentes e veio a bito por incapacidade de
deglutio. A principal suspeita clnica foi encefalopatia heptica decorrente do estado de
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choque em que o animal se encontrava. A encefalopatia heptica uma sndrome clnica
complexa e multifatorial que provm de uma falha do fgado em filtrar o sangue portal a
partir do trato intestinal antes deste entrar na circulao sistmica. Consequentemente, as
toxinas e os produtos metablicos atingem a circulao causando neurotoxicidade.
Os outros dois casos observados (Bolborhynchus lineola e Agapornis roseicollis) foram resolvidos atravs de massagem e aplicao de lidocana local . A antibiticoterapia
utilizada foi com Enroflocaxina 10%, SC, BID.
7.5.3 Aerossaculite
A estrutura fsica do criatrio LACRIAS protegida de correntes de ar, por este
motivo raros so os casos de complicaes respiratrias. O caso observado foi de
pneumonia recorrente, anteriormente tratada no Hospital Universitrio UFPR de um
papagaio Amazona aestiva apreendido. O papagaio muito comunicativo recebeu
carinhosamente o nome de Agenor por parte das tratadoras. Frequentemente ele
encontra-se aptico e com rudo respiratrio intenso. No LACRIAS no dispomos de um
inalador para aplicar a terapia inalatria, portanto faz-se terapia com antibiticos de boa
ao sistmica (Enrofloxacina 10%), SC, por sete dias ou at haver melhora de rudo.
7.5.4 Mutilao por parceiros ou automutilao (distrbio comportamental)
No LACRIAS o atendimento emergencial mais recorrente (6 casos graves) foi o de mutilao. No somente a auto mutilao foi observada, mas tambm a mutilao
decorrente da cpula, onde o macho impositivo e agressivo em excesso ocasionando
feridas na cabea e crnio da fmea. As espcies afetadas por este comportamento no
criatrio foram os Ring Neck (Psittacula kramer) e os Red Humped (Psephotus Haematonotus).
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O tratamento utilizado nas seis aves foi o uso de tpico de GANADOL. Esta uma
pomada que rene em sua frmula os seus componentes principais:
1) Uria, que dissolve e elimina as secrees purulentas e os tecidos mortos, "limpando" a ferida e permitindo, deste modo, a ao profunda dos antibiticos sobre os germes da
infeco.
2) A Penicilina, um antibitico que tem ao predominante sobre determinados microrganismos, especificamente os germes gram-positivos como os estafilococos e os
estreptococos, agentes comuns da supurao. Tambm faz exercer essa ao sobre
numerosos bacilos bem como Pasteurella e Corynebacterium. Cria, portanto, nas feridas,
um meio altamente imprprio ao desenvolvimento da infeco.
3) A Dihidroestreptomicina tem ao predominante sobre os germes gram-negativos, pouco sensveis penicilina (E. coli, Klebsiella, Salmonella, Shigella), podendo, entretanto, atuar tambm sobre alguns organismos gram-positivos penicilino-resistentes
(Staphylococcus, Actinobacillus).
Os resultados foram muito positivos aplicao de trs em trs dias.
7.5.5 Sarna
A sarna nas aves ocasionada pelo caro Knemidokoptes sp e manifestou-se
atravs de hiperqueratose dos membros e crescimento exacerbado das unhas. O
tratamento utilizado foi com ivermectina 1%, tpico.
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7.5.6 Sinusite
Caracterizou-se em exemplar de Psephotus Haematonotus como presena de
aumento de volume em regio de seio infra-orbitrio, contendo em seu interior material
purulento (caseoso) caracterizando o quadro de sinusite.
O tratamento foi o mesmo utilizado para conjuntivite (descrito no tpico abaixo).
7.5.7 Conjuntivite
Observou-se inchao na regio periocular, sem secreo e com sinais de
inflamao local de dois exemplares de Nymphicus hollandicus, no acompanhados de
rudo respiratrio. Foi utilizado tratamento local com pomada oftlmica Keravit@ base
de gentamicina e hidrocortisona, indicada para o tratamento dos mais diversos processos
inflamatrios e/ou infecciosos que acometem o globo ocular.
7.5.8 Fratura em membro posterior
A ave Bolborhynchus lineola apresentou um hematoma em regio de fmur
esquerdo e incapacidade de movimentar o membro. Como no disponibilizamos aparelho
de raio x no local, foi feita a imobilizao do membro por dois dias. Concomitantemente foi
estipulado tratamento com enrofloxacina 2,5%, duas vezes ao dia. Aps a retirada da
imobilizao verificou-se necrose no membro. A enrofloxacina foi substituda por siulfa
com trimetropin e por dois dias consecutivos foi realizada auto hemoterapia com uma gota
de sangue local. Todo procedimento foi realizado de forma assptica. No um
procedimento usual na medicina de silvestres, mas experimentalmente surtiu resultado.
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7.5.9 Cisto de pena
Os cistos de pena tm causa indeterminada podendo ser hereditrios, at
provocados por traumatismo. O tratamento consiste na remoo manual, por meio de
pina, dos mesmos. Um caso foi observado no LACRIAS e ms a ms o cisto de
aproximadamente 10 cm era removido da rosela (Platycercus eximius).
7.6 Realizao de exames coproparasitolgicos e elaborao de um calendrio
Os exames de fezes foram realizaos da seguinte forma:
7.6.1 Anlise macroscpica das fezes:
As fezes foram coletadas frescas, logo que eliminadas durante as vistorias dirias
em sacos plsticos devidamente identificados. Foram analisadas a consistncias das
fezes, a cor, a presena ou no de sangue e muco e tambm a presena de parasitas
adultos ou partes dos mesmos.
7.6.2 Exame direto:
Pouca quantidade de fezes, com tempo mximo de coleta de 20 minutos. Foi
colocado um pouco de cada material em uma lmina com auxlio de um palito. Com uma
gota de soluo salina o material homogeinizado sobre a lmina. Cobre-se o material
com lamnula. Foi observado com microscpio ptico com aumento de 100x e 400x.
Os exames diretos coproparasitolgicos foram realizados mensalmente em todas
as gaiolas e viveiros do LACRIAS a fim de se estabelecer um cronograma para realizao
e acompanhamento dos mesmos. No primeiro ms foi verificada a presena de parasitas
da famlia Ascaroidea em 30% das amostras colhidas dos Ring Neck (Psittacula Kramer).
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Na sala que abriga as gaiolas destas aves existem 90 animais estando dispostos em 21
casais do lado esquerdo e 24 casais do lado direito. Das 45 gaiolas que abrigam um casal
cada, 12 se mostraram positivas com a presena de pelo menos 10 ovos por lmina.
Aps os exames coproparasitolgicos foi entrado com piperazina 36% na dosagem
de 250 mg/kg P.O. (Carpenter, 2010) para todo o plantel do LACRIAS. O tratamento foi aplicado na gua das aves e repetido por trs dias.
Os exames coproparasitolgicos foram repetidos ms a ms. No segundo ms em
duas gaiolas que abrigavam Agapornis roseicollis foram encontrados oocistos de Eimeria
sp. No prdio do LACRIAS haviam disponveis novamente piperazina e tambm
mebendazol. Desta vez apenas para os agapornis (Agapornis personatta e Agapornis roseicollis) e para os papagaios (Amazona aestiva) foi entrado com mebendazol 25 mg/kg, P.O. por cinco dias, (Carpenter, J.W, 2010) sendo novamente administrado na gua. Sabe-se que no se trata do anti helmntico mais indicado, porm era o disponvel
para aplicao no momento. O tratamento surtiu efeito e as aves no apresentaram mais
oocistos apresentando melhora de desempenho clnico.
A fim de se estabelecer um calendrio de exames para o LACRIAS desde julho de 2011 at novembro de 2011 foi realizado exames diretos em todo o plantel. Na literatura
no foram achadas referncias significativas sobre o estabelecimento de um calendrio
para exames num criatrio de psitacdeos. Levando-se em conta a estao reprodutiva
das aves em Curitiba e sendo o LACRIAS um criatrio com vrias espcies de
psitacdeos viu-se a necessidade da realizao de exames diretos coproparasitolgicos
antes da estao de reproduo. Recomenda-se ento, que os exames sejam realizados em 30% do plantel de cada espcie, de dois em dois meses a fim de monitoramento e
deteco.A porcentagem justificada por ser amostragem significativa e sendo apenas
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uma gaiola da amostragem da espcie positiva deve-se entrar com tratamento para toda
a sala das aves analisadas. Dois meses de diferena entre um controle e outro porque
assim se estabelece o efeito de um tratamento inicial e se h necessidade de repetio ou
mudana de princpio ativo.
7.7 Tpicos de melhoria de sanidade e higiene local versus o que j se realizava
No LACRIAS j havia uma rotina de higiene estabelecida. Uma vez por semana todas as bandejas e viveiros passam por limpeza mecnica atravs da raspagem e passagem de vassoura. Aps esta primeira limpeza as bandejas e viveiros eram limpos com detergente e deixadas para secagem.
Os ninhos procuram no ser mexidos durante a ovopostura e durante a
alimentao de filhotes, afim de no atrapalhar os pais.
Como mudanas foi colocada a desinfeco sendo realizada com amnia
quaternria e a verificao dos ninhos que estejam com mais depsito de matria orgnica para que sejam raspados (limpeza mecnica) ou trocados para evitar a contaminao vertical de parasitas de da flora bacteriana dos pais. Cada ninho
analisado em individual para que o manejo dos pais para com os filhotes e ovos no seja prejudicado.
7.8 Controle de pragas
O LACRIAS se localiza em uma APA (rea de Proteo Ambiental) e por este motivo o controle de pragas deve ser realizado com cuidado e com restries. O criatrio
j inteiramente telado a fim de se evitar o contato com insetos. Porm um problema
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muito grande foi verificado com relao a presena constante de ratos nos ninhos e
tambm ferindo os animais.
Para resoluo deste problema foi visitada uma dedetizadora de renome (a empresa pediu sigilo) na regio metropolitana de Curitiba onde foi aprendida a metodologia aplicada por eles. Dentro de armadilhas foi adicionado em quadrado de 2x2
cm de parafina previamente aquecida com adio de cinco a sete gotas de heparina
lquida. Os prprio ninhos foram utilizados em locais estratgicos como armadilha, sendo
colocados os quadrados com heparina no meio e sendo cercados por sementes. O
resultado obtido foi o aumento significativo da mortalidade dos ratos. Somente na semana
seguinte a colocao das armadilhas foram achados oito cadveres de ratos (contra nenhum cadver na semana anterior) com sinais de morte por hemorragia (resultado da ao da heparina).
7.9 Controle dos animais em reproduo atravs do mtodo dos grampos
A fim de melhorar a visualizao e facilitar o manejo das aves por parte das tratadoras foi estabelecido o mtodo dos grampos. Este mtodo consiste na colocao
de grampos de cores diferentes nas gaiolas para animais doentes, animais chocando e
animais com filhotes. O esquema utilizado no criatrio foi o seguinte:
Grampos cor de rosa: animais em tratamento ou doentes;
Grampos azuis: para animais com filhotes;
Grampos verdes: para animais chocando ovos.
Este novo sistema de verificao facilita a colocao por parte das tratadoras de
farinhada especial para pais alimentando filhotes e filhotes e a visualizao e aplicao de
aves em tratamento.
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7.10 Acompanhamento da colocao de anilhas
O anilhamento consiste, basicamente, na colocao de um anel de metal
(anilha) no tarso da ave, contendo um endereo e um nmero para sua
identificao.
No LACRIAS se preconiza a colocao de anilhas em pequenos psitacdeos
pequenos ainda filhotes. Assim no se perde a linhagem e rvore gentica do animal,
assim como h um controle maior das aves nascidas. A reproduo com os grandes
psitacdeos ainda no ocorreu e os animais vindos de apreenso realizada pelo IBAMA
receberam uma anilha advinda do prprio LACRIAS para controle interno.
7.11 Exames de sexagem
A determinao de sexo em aves e avestruzes controlada por um par de
cromossomos sexuais denominados Z e W. O sexo heterogamtico o sexo feminino
(ZW) enquanto que o macho homogamtico (ZZ). A sexagem pela anlise de DNA tem se tornado o mtodo mais prtico para a determinao de sexo principalmente para aves
monomrficas, ou seja, aquelas nas quais no existem diferenas morfolgicas facilmente identificveis entre macho e fmea.
Para a sexagem de aves pode ser utilizado sangue ou penas em crescimento. No
caso de sangue devem ser coletadas pequenas gotas de sangue, geralmente a partir de
uma inciso na ponta da unha do p do pssaro diretamente no carto de coleta fornecido
pelo laboratrio em que se far a anlise.
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Alternativamente podem ser coletadas de quatro a dez penas com bulbo (canho) em pleno crescimento coletadas preferencialmente do peito do pssaro. Dentro do bulbo
que fica inserido na pele do animal existem clulas das quais extrado DNA.
Devem ser coletadas preferencialmente penas em crescimento. O nmero de
penas necessrias para uma sexagem bem sucedida varia com o tamanho das penas.
Aves pequenas tm penas pequenas e nestes casos necessrio um nmero maior de
penas (cerca de dez). Alm disso as penas devem ser frescas, ou seja, recm coletadas. Penas velhas no permitem a obteno de DNA de qualidade para a anlise.
No LACRIAS a sexagem realizada atravs do arrancamento da penas do peito
nas aves de interesse para a reproduo e que no possuem dimorfismo sexual.
7.12 Acompanhamento do controle de reproduo j existente.
Semanalmente so passados os ninhos para contagem de ovos e filhotes nascidos
por espcie de psitacdeo. O procedimento faz o controle e tambm permite que uma
estatstica de ovos viveis por casal se faa. Os ovos em que h suspeita de no estarem
viveis so analisados atravs da ovoscopia.
A ovoscopia consiste em observar o interior do ovo atravs de uma fonte de luz em
ambiente escuro. Esse procedimento ajuda a verificar se h defeitos da casca, como rachaduras, rugosidade, despigmentao, etc, bem como a qualidade do ovo (cmera de ar anormal, mancha de sangue, duplicidade de gema, presena de elementos estranhos.
possvel, portanto, descartar os ovos ruins, deixando apenas os ovos fertilizados, e acompanhar o desenvolvimento do embrio durante o processo de incubao.
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8 CONCLUSO
Mais estudos devero ser efetuados sobre a atuao de um Mdico Veterinrio no
somente como Responsvel Tcnico, mas tambm como responsvel geral por um
criadouro, porm sua importncia por meio deste trabalho foi ressaltada. O custo
benefcio foi comprovado atravs da melhoria da sanidade, do conhecimento especfico
de cada espcie e da aplicao da medicina preventiva. O nmero de aves que vo a
bito deve decair cada vez mais e o ndice reprodutivo deve aumentar. Alm disso, a
crescente fiscalizao realizada e a demanda por animais sanitariamente saudveis
cresce e os criadores tero que se adaptar. O mdico veterinrio o profissional indicado
para tornar um criatrio incuo e produtivo.
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APNDICE 1 Modelo de ficha clnica elaborada
Dados Gerais
Nome Cientfico:
Nome Comum:
Identificao (anilha/chip):
Gaiola: Colorao:
Particularidades:
Nascimento: Peso: Temperatura:
Comprimento Envergadura: Comprimento Corpo:
Exame Fsico
Plumas
Penas arrepiadas Aspecto rodo Alopecia Presena parasita NDN
Esporas
Aparncia l isa (Normal) Fissuras Esfoliaes Descamaes
Unhas
Quebradas D E Tortas D E NDN
Glndula Urupigiana
Acmulo de secreo Colabamento de penas Visvel por cima das penas NDN
Sistema Respiratrio
- Boca Boa auscuta Dispinia
- Narinas Secrees Obstrues Tosse NDN
- Pulmes Boa auscuta Rudo respiratrio Grau I Grau II Grau III
Sistema Digestrio
- Bico Deformidades Fissuras Esfoliaes NDN
- Cavidade Oral Leses na mucosa Deformidade de l ngua Neoplasias NDN
- Inglvio Presena de alimento Vazio Endurecido
- Abdome Hrnia Contedo NDN
- Cloaca Lmpida (Normal) Aderncia de penas Exposio de mucosa
Acmulo Pericloacal NDN
- Fezes Apresentam parte slida, pastosa e aquosa (Normal) Alteradas
Sistema Msculoesqueltico
- Membros Apoio em ambas as patas (Normal) Deformidades Massas Escoriaes
Escaras Feridas Dgitos abraando poleiro (Normal)
Ausncia de dgitos D Quantos? E Quantos?
- Musculatura Peitoral Quilha Proeminente Msculo sobressaindo quilha NDN
Escore corporal I II III
Olhos
Vivos e l mpidos (Normal) Secrees Massas Feridas Responde a estmulos luminosos
Ouvidos
Observa-se facilmente canal auditivo Presena de parasitas NDN
Ficha Clnica LACRIAS
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Alimentao
Histrico Clnico
Medicamentos
Intervenes
Data:
Assinatura do responsvel
Ficha Clnica LACRIAS
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APNDICE 2 Ficha de necropsia utilizada
Relatrio de Necropsia
Local: Curitiba, ___/___/___
Nome Cientfico: Requisitante:
Endereo/Fone:
e-mail:
Nome Comum:
Identificao: Proprietrio:
Endereo:
Fone/fax/mail:
Origem:
Data da necropsia:
Histrico e Sinais Clnicos:
Suspeita Clnica
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Thayana Marinho Mikosz - Graduanda em Medicina
Veterinria/UFPR 2011
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APNDICE 3 Oramento dos materiais mnimos necessrios para a construo de um mini-laboratrio
Material Valor mdio de comercializao Total
Pia R$ 60,00 Microscpio com aumento de 100X e 400x R$ 150,00 Bisturi R$ 6,90 Lminas de bisturi (100 unidades) R$ 14,00 Tesoura R$ 12,00 Lminas para microscopia 26 X 76 (50 unidades) R$ 4,90 Lmnulas 24 X 24 (100 unidades) R$ 4,20 Lixo com tampa para abrir com os ps R$ 15,90 Saco Plstico para coletas e descarte de materiais (100 unidades) R$ 6,90 Etiquetas (60 unidades) R$ 60,00 Becker de 50 ml R$ 10,00 Gaze (500 unidades) R$ 20,00 Algodo (50 gramas) R$ 2,20 Basto de vidro R$ 2,00 Amnia quaternria para desinfeco (1 L) R$ 18,60 Luvas de procedimento com 100 unidades R$ 18,90 Swabs (100 unidades) R$ 23,00 Armrio para que materiais sejam guardados R$ 100,00 Esponja R$ 1,50 Detergente R$ 1,00 Vassoura R$ 5,00 Rodo R$ 5,00 lcool 70 1 L R$ 4,00
5 panos de cho R$ 12,00 R$
558,00
* preos tomados como base no site buscap.com
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APNDICE 4 Preo mdio das aves que constam no plantel do LACRIAS
Ave Nome cientfico Valor mdio Ring Neck verde Psittacula kramer R$ 300,00 Ring Neck azul Psittacula kramer R$ 300,00 Ring Neck lutino Psittacula kramer R$ 600,00 Ring Neck touquesas e canelas Psittacula kramer R$ 1.000,00
Red Humped verde Psephotus Haematonotus R$ 150,00
Red Humped canela Psephotus Haematonotus R$ 200,00
Catarinas verdes e azuis Bolborhynchus lineola R$ 200,00 Catarinas creminas e lutinas Bolborhynchus lineola R$ 400,00 Catarinas de outras cores Bolborhynchus lineola R$ 800,00 Forpus verde e azul Forpus sp R$ 150,00 Forpus amarelo, branco, cinza ou oliva Forpus sp R$ 500,00 Forpus pastel, americanos ou isabel Forpus sp R$ 1.000,00 Calopsitas comuns Nymphicus hollandicus R$ 60,00 Calopsitas de cara branca Nymphicus hollandicus R$ 90,00 Calopsitas albinas e arlequins de cara branca Nymphicus hollandicus R$ 120,00 Roselas comuns Platycercus elegans R$ 1.000,00 Roselas vermelhas Platycercus eximius R$ 1.500,00 Bouquii opalinos Neophema bourki R$ 250,00 Bouquii normais Neophema bourki R$ 120,00 Agapornis personatta Agapornis personatta R$ 80,00 Agapornis roseicollis Agapornis roseicollis R$ 80,00 Papagaio verde Amazona brasiliensis R$ 800,00 Arara Canind Ara Ararana R$ 1.000,00 Arara Canga Ara macau R$ 4.000,00 Arara Piranga Ara chloropterus R$ 4.500,00
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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Eimeria species and in diagnosis and control of infection with these coccidian parasites of
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ANDRADE, S.F. Manual de Teraputica Veterinria. So Paulo: Roca, 1997
ANDREATTI FILHO, R. L.. Prevalncia de endoparasitas em amostras fecais de aves
silvestres e exticas examinadas no Laboratrio de Ornitopatologia e no Laboratrio de
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Zoolgicos, 2006, So Pedro-SP. Anais do XV Congresso Paulista de Zoolgicos, 2006.
BARNES, H.J. Parasites. In: HARRISON, G.J.; HARRISON, L.R. Clinical avian medicine
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BENEZ, S.N. AVES. 4. ed. So Paulo: Tecmedd, 2004. p 394. Manual Merck de
Veterinria. 8 ed. So Paulo: R