as transformaÇÕes no calÇadÃo de londrina: elementos para a construÇÃo de identidade

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1 Eixo temático: O ensino de História nos anos iniciais AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE Silvana Muniz Guedes, UEL 1 Sandra Regina Ferreira de Oliveira, UEL 2 RESUMO: O presente artigo é resultante das ações do projeto A lente capta o que o coração sente: permanências e transformações no patrimônio arquitetônico da cidade de Londrina, parte integrante do PIBID/Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, e aborda as principais transformações em um lugar específico da cidade de Londrina: o calçadão. Entende-se que o estudo desse, a partir de análise de fontes, é temática significativa para o ensino de História no Ensino Fundamental. Para tessitura das análises aqui apresentadas utilizou-se fontes orais, escritas e imagéticas como relatos de jornais, além de pesquisas bibliográficas. Traçando uma linha do tempo sobre os impactos sociais causados em cada transformação do calçadão, o objetivo é realizar reflexões e elaborar material didático a partir do resgate histórico sobre o lugar em questão tendo por linha narrativa as reformas realizadas no espaço em questão. No ano de 2011, durante a retirada do piso, uma parte do passado esquecida por alguns e não vista por outros se tornou presente: os desenhos de ramos de café que enfeitavam a praça Gabriel Martins na década de 1970. Trata-se de um trabalho em andamento. Nesse artigo apresentamos os resultados das pesquisas bibliográficas assim como de entrevistas realizadas. Relatamos de forma breve as ações a serem realizadas e que culminarão com a produção de material didático a ser disponibilizado para as escolas (fase posterior do projeto). O desenvolvimento desse trabalho conta com o apoio financeiro da CAPES. PALAVRAS CHAVES: Ensino de História, Memória, Patrimônio Histórico, Identidades. 1 Aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBID CAPES. 2 Docente do Curso de Pedagogia e Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do PIBID PEDAGOGIA/UEL.

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Page 1: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Eixo temático: O ensino de História nos anos iniciais

AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A

CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

Silvana Muniz Guedes, UEL1

Sandra Regina Ferreira de Oliveira, UEL2

RESUMO: O presente artigo é resultante das ações do projeto A lente capta o que o coração

sente: permanências e transformações no patrimônio arquitetônico da cidade de Londrina,

parte integrante do PIBID/Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, e aborda as

principais transformações em um lugar específico da cidade de Londrina: o calçadão.

Entende-se que o estudo desse, a partir de análise de fontes, é temática significativa para o

ensino de História no Ensino Fundamental. Para tessitura das análises aqui apresentadas

utilizou-se fontes orais, escritas e imagéticas como relatos de jornais, além de pesquisas

bibliográficas. Traçando uma linha do tempo sobre os impactos sociais causados em cada

transformação do calçadão, o objetivo é realizar reflexões e elaborar material didático a partir

do resgate histórico sobre o lugar em questão tendo por linha narrativa as reformas realizadas

no espaço em questão. No ano de 2011, durante a retirada do piso, uma parte do passado

esquecida por alguns e não vista por outros se tornou presente: os desenhos de ramos de café

que enfeitavam a praça Gabriel Martins na década de 1970. Trata-se de um trabalho em

andamento. Nesse artigo apresentamos os resultados das pesquisas bibliográficas assim como

de entrevistas realizadas. Relatamos de forma breve as ações a serem realizadas e que

culminarão com a produção de material didático a ser disponibilizado para as escolas (fase

posterior do projeto). O desenvolvimento desse trabalho conta com o apoio financeiro da

CAPES.

PALAVRAS CHAVES: Ensino de História, Memória, Patrimônio Histórico, Identidades.

1 Aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBID – CAPES.

2 Docente do Curso de Pedagogia e Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de

Londrina. Coordenadora do PIBID – PEDAGOGIA/UEL.

Page 2: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

2

Os primeiros registros de calçadão ou ruas de pedestres que se tem conhecimento

são de 1951, na Alemanha. Na Europa, lentamente foram surgindo mais ruas com estas

características. Ent

de pedestres pelo mundo, passando a integrar as espacialidades urbanas.

No fim d cada de 1960, o Brasil passa por um período de revitalização urbana

embasado em objetivos inovadores quanto à construção das .

Buscando respeitá-las , Curitiba foi pioneira na

criação das ruas de pedestres transformando sua rua principal, a XV de Novembro, na

primeira rua de pedestres do Brasil, que passou a

F ”.

Na mesma linha de Curitiba, Londrina, localizada no norte do estado do Paraná,

uma cidade considerada nova" com seus 73 anos a serem completados em 2012, foi a

primeira cidade do interior do Brasil a possuir essa rua de pedestre. Na historiografia

tradicional sobre o processo de colonização da cidade destaca-se a propaganda com ênfase nas

. A empresa responsável por esse processo, a Companhia de Terras

Norte do Paraná (CNTP), vendia a ideia da terra da promissão,

.

Projetada pelo engenheiro da CTNP Dr. Alexandre Rasgulaeff, as ruas da cidade

foram desenhadas como um tabuleiro de xadrez dispostas no sentido Leste-Oeste e Norte-Sul,

projetando a região e tendo como principal rua a Avenida Par ,

que virá a se tornar o calçadão de Londrina na década de 1970.

Na década de 1930, a Avenida Paraná era um lamaçal, mas já apresentava

características comerciais conforme consta na figura 2. Devido ao trânsito intenso de veículos

para a época e a utilização do espaço para desfiles escolares e passeios de finais de semana

para foi a primeira via a ser pavimentada com paralelepípedos.

Calçadão ou rua de pedestres.

Gosling e Maitlanda (apud. Januzzi, 2006) explicam ruas de

pedestres, or para equilibrar mudanças

que incluíam alterações .

Page 3: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

3

Em sua tese de doutorado Januzzi (2006) aponta que em diversos projetos, as ruas

de pedestres começam a partir da rua principal da cidade. Dessa maneira, a transformação de

ruas em calçadão

frota nas cidades e a maneira desorganizada com que dividia o espaço com

infraestrutura como telefone

pú . Instala-

. No

entanto, Januzzi (2005) ainda diz que o sucesso de um calçadão

fatores, como a variedade de atrações que elas podem oferecer aos pedestres, motivando o seu

uso.

As ruas de pedestres devem

caminhar, conversar, sentar, brincar. As

atividades promocionais c , desfiles, devem ser pensadas

levando em consideração as diversidades humanas

.

É fato que, na maioria das vezes a iniciativa de ser criar um

.

condições

. Medidas que podem representar maior aos

usuários e resultar em rentabilidade aos investidores. De certa forma, pode-se inferir que as

” cursoras dos shoppings centers.

Os calçadões no Brasil

, a mobilidade e deslocamentos no centro das principais cidades brasileiras foi se

tornando cada vez mais difícil eparadas para

suportar a demanda de pessoas e veículos, fato este que contribuiu, em parte, para criação das

ruas de pedestres – calçadão, que foram surgindo de forma intensiva no Brasil, configurando-

se pratica na década de 1970.

Page 4: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

4

Assim como em outros países, no Brasil os calçadões possuem certos objetivos no

que se refere ao planejamento. S

deste local

- .

, em geral com pedras formando desenhos

geométricos para se diferenciar do piso de paralelepípedo e asfalto.

O calçadão da Rua XV de Novembro em Curitiba - Paraná levou em consideração

todas estas iniciativas de se criar um ”. Localizado entre

historia de Curitiba, tornou-se uma

. -

urbano e foram realizadas algumas ações . O projeto incluiu também

, o que culminou em

um importante ponto comercial e de encontro de pessoas. Este feito foi fortemente divulgado

e repetid F polis,

Londrina, Juiz de Fora, Bauru, Ponta Grossa, e em muitas outras cidades e de diversos

tamanhos.

Em , as vias localizam-

se na parte mais antiga da cidade, nos lugares conhecidos como Centro Velho ) e

Centro Novo ) (Januzzi, 2006). No calçadão

, igrejas, viadutos e .

estações , conforme Prefeit (apud.

Januzzi, 2006).

O Calçadão de Londrina

O plano de Londrina foi elaborado e aprovado em Londres no ano de 1929. Na

malha projetada da cidade na década de 30, foram destinadas áreas para a igreja matriz e para

praças onde atualmente se localizam a Catedral e as praças Marechal Floriano Peixoto,

Gabriel Martins, Sete de Setembro, Willie Davids e Primeiro de Maio, além do Bosque. Dessa

maneira, a cidade foi crescendo a partir da igreja, precisamente pela Avenida Paraná.

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, Londrina adentra em um período de

crescimento populacional e enriquecimento. A , localizada no centro, se

estabelecia como principal rua comercial da cidade, e era ponto de referência quando se

Page 5: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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falavam de Londrina. Tratava-se também da principal via de ligação entre as cidades de

Cambé – Londrina – Jataizinho (Jornal Folha de Londrina, 21 de agosto de 2005).

A a pavimentação na década de 1950 tal espaço transformou-se no ponto de

encontro de pessoas que iam passear, comprar, bater papo, intensificando o footing naquele

local (YAMAKI, 2006). Paralelamente, conforme ia se consolidando como principal ponto de

passeio e referências da cidade, intensifica-se o fluxo de veículos pela avenida.

Londrina, nos anos de 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade

do interior do Brasil. Neste período, apresentou considerada expansão urbana em razão da

produção cafeeira no norte do Paraná. Nesta década a população passou de 20.000 habitantes

para 75.000, sendo que quase metade se encontrava na área rural. Na década de 1970,

Londrina, conforme consta no site oficial da cidade (http://www.londrina.pr.gov.br) já contava

com 230.000 habitantes. O rápido crescimento populacional e econômico demandou

transformações principalmente no centro da cidade.

Nesse contexto, o prefeito da época , juntamente com

outros representantes de Londrina percebeu a necessidade de criar um espaço para pedestre. O

projeto seria desenvolvido no espaço ocupado por quatro praças (Gabriel Martins, Willie

Davis, Primeiro de Maio e Sete de Setembro), tendo como modelo o calçadão de Curitiba,

capital do Paraná. O intuito era tirar o fluxo de veículos do anel central e dar espaço a

população circular livremente, conforme apresenta o jornal Folha de Londrina:

[...] dade de

reorganizar o sistema de circulação do anel central privilegiando o comércio

.” 2 / 8/2 3 .3)

Sendo assim, no final da década de 1970, o centro da cidade teve uma grande

modificação, a implantação do Calçadão. O projeto de reurbanização foi concebido pelo

arquiteto Jaime Lerner e previa uma rua de pedestres ao longo de três quadras no qual

ampliaria o espaço para convivência social e beneficiaria o comércio.

3 F

de Londrina:

L ,

segundo o projeto apresentado ontem pelo prefeito Antonio Belinati e

L

. ”

Maio, Willie Davis e Marec F

Page 6: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

6

. ...)

, teatrinho ...)

, afastando

. (Jornal Folha de Londrina, 31 de maio de 1977).

No entanto, houve grande polêmica após o anuncio do projeto, pois os

comerciantes eram contra a obra ”

estacionar seus veículos longe das lojas, dificultando o acesso às mesmas. Apesar das

polêmicas, o calçadão foi construído.

O desenho original possuía o contraste entre o preto e

, realizado sobre pedra

portuguesa em patit-pave. , um dos

membros da equipe de Lerner.

O projeto das praças

Antes destes feitos pela criação do calçadão, houve uma tentativa de

modernização das praças de Londrina conforme era previsto na planta original da cidade. No

inicio do ano de 1975 o jornal Folha de Londrina anunciava tal tentativa, “prefeitura planeja

para 1975 melhorar as praças do centro”. (Folha de Londrina 01/01/1975), uma vez que as

praças serviam apenas como áreas verdes. O objetivo era de tornar esses espaços um ponto de

maior concentração popular, inserindo equipamentos que permitiriam atividades comunitárias.

Iniciaram bloqueando o trânsito de veículos e charretes na Avenida Paraná

“Prefeitura vai reurbanizar o centro com interdição de ruas aos veículos.” (Folha de

Londrina, 26/03/1975), no trecho que ia da Av. São Paulo à Av. Rio de Janeiro nos domingos

e feriados para que os pedestres pudessem transitar livremente no ponto de passeio da cidade.

A ideia inicial é destinar exclusivamente aos pedestres trechos fronteiras as

praças Gabriel Martins, Willie Davia, Primeiro de Maio e Sete de Setembro.

Nesses locais serão implantados bancas com informações turísticas,

exposições artísticas, lanchonetes (Folha de Londrina, 26/03/1975).

Panayote Saridakis, arquiteto grego coordenador do projeto especificava a Praça

Gabriel Martins com seu contorno, para a primeira implantação do plano de reurbanização do

centro. Yamaki (2006) em seu livro Labirinto de Memórias confirma esta ideia ao afirmar que

esta praça tem uma conotação comercial, o que viria a contribuir e muito para o progresso da

Page 7: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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cidade.

O que se pode perceber ao analisar as reportagens da época é que os envolvidos

no projeto não tinham ideia do que seria realizado, mas um objetivo comum: dar a esses

espaços sua real função, a de atrair a população para estes locais de uma maneira agradável,

alegre e harmoniosa.

Em relação à opinião da população, as reportagens e entrevistas apontam que

essas mudanças não estavam agradando os comerciantes da região central com medo que

diminuísse o fluxo de clientes não queriam modificações no centro da cidade, já a população

frequentadora deste local ainda não tinha opinião formada a respeito de tais benfeitorias. Ao

começar as mudanças este público gostou, pois tiveram um espaço somente seu, sem ter que

disputar com charretes e outros veículos. Isso contribuiu ainda mais para que intensificasse o

movimento de pessoas naquele local.

Em meio às divergentes opiniões, a Praça Gabriel Martins foi escolhida para ser a

primeira na implantação do plano de reurbanização do centro conforme aponta a reportagem

A Praça Gabriel Martins uma das mais importantes do centro da cidade, foi escolhida para

sediar o primeiro projeto de reurbanização.” (Folha de Londrina 04/06/1975, p.9)

O nome da praça homenageia o médico Gabriel Carneiro Martins, o primeiro

médico a desenvolver atividades sanitárias em Londrina, ao assumir, em 1939, o posto de

Higiene de Londrina.

Sendo assim, o então prefeito de Londrina José Richa aprovou um projeto para

modernizar esta praça. De autoria do Arquiteto Grego Sr. Panayote Saridakis, conhecido

Takis, teve a intenção de homenagear e dar título a Londrina como a “capital do café”.

foi feito desenhos de ramos, flores e grãos do pé de café que seriam

implantados na praça com placas de cimento coloridas com pigmentos,

placas de cimentos por causa da durabilidade... (Entrevista com Takis, 2012)

Na entrevista realizada com o Sr. Takis, o mesmo destaca que o projeto foi

apresentado a administração e obteve aprovação de todos. Porém, houve rejeição por parte

dos comerciantes que tinham o costume de deixar seus automóveis estacionados por ali, em

especial os taxistas que eram contrários ao fechamento das ruas no contorno da Praça Gabriel

Martins.

Page 8: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Sr. Takis, juntamente com os engenheiros de obras, reuniu os funcionários e em

uma manhã começaram os trabalhos. Os taxistas ao chegarem não conseguiram estacionar os

taxis, ficaram irritados e foram até a prefeitura para protestar. Ao conversarem com o prefeito

este decidiu por continuar sim a obra em ”

alegação de que precisavam de mais espaço para os frequentadores daquele local.

As manchetes anunciavam a reforma e diziam que a Praça Gabriel Martins seria

um dos pontos mais atrativos de Londrina. A reclamação dos comerciantes e taxistas foi

diminuindo com o tempo e, quando perceberam que as alterações atraiam mais público para o

espaço, potencializando o comércio, começaram a gostar da modernização”.

Esta reforma incluiu a modificação do piso, instalação de alguns itens de

decoração e iluminação, como bancos, floreiras, play ground, quiosques, dentre outros. As

placas com os desenhos foram então instaladas na Praça Gabriel Martins e a rua que

contornava o famoso cinema Cine Augustos foi fechada transformando-a em praça.

Segundo o Sr. Takis, a população recebeu com orgulho os desenho ”

de alegria ao centro da cidade. A prefeitura considerou “bem sucedida a reurbanização da

Gabriel Martins.” (Folha de Londrina, dez.1976) e que este feito serviria de exemplo para

obras em outras praças no centro da cidade. Praças estas que também possuem contorno que

poderiam ser agregados a estas praças, passando a constituir áreas exclusivas para pedestres.

Na pesquisa realizada em jornais não foram encontradas fotos da reforma e nem

da inauguração. O primeiro registro iconográfico nos jornias sobre essas flores aparece em

uma propaganda de lojas em torno da Praça Gabriel Martins na qual convida a população para

frequentá-la.

G L .

ficou mais humana e a comunidade se beneficiou. Vá sempre lá. Neste natal

há apresentações de cânticos natalinos. Ao povo, com votos de excelentes

...” F

de Londrina 24/12/1976, p. 13)

Nas reportagens dos meses seguintes nada mais foi encontrado a respeito das

flores e da modernização da Praça Gabriel Martins. Talvez porque houve troca na

administração da cidade e com ela vieram novos planejamentos.

Enfim, essa foi de fato a primeira atitude que impulsionou Londrina a

modernização do centro da cidade. Mas, o tempo e as reformas posteriores sepultaram as

Page 9: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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”. No entanto, durante a atual reforma (2011), um fato

chamou a atenção de muitas pessoas que passavam pelo calçadão no trecho da Praça Gabriel

Martins: tratava-se das placas de cimento no formato de flores instaladas há mais de 30 anos

neste local.

” 3 anos, foi

o mote para a pesquisa que deu origem a esse texto e a partir do qual se elabora um material

didático para ser trabalhado nas salas de aula do ensino fundamental.

O processo de pesquisa foi lento devido a não existência de registros sobre o fato.

De certa forma, em â ”

reviva a memória da cidade em torno de seu processo de urbanização. Além da reportagem de

jornal supracitada, duas emissoras de televisão da e outro jornal da cidade realizaram

reportagens a respeito e, na semana posterior, prosseguiu-se com a reforma removendo o piso

da década de 1970 transformando-o em entulho de construção.

No Museu Histórico de Londrina não foram encontrados registros sobre o

processo de reforma da Praça Gabriel Martins que explicassem como e porque aquelas flores

foram pintadas. Mapeando as informações da matéria publicada no jornal de Londrina em

agosto de 2011 (apresentada anteriormente nesse texto) localizou-se e entrevistou-se o Sr.

Rodolfo Horner, engenheiro aposentado da Prefeitura aposentado que, gentilmente, forneceu

valiosas informações, dentre as quais o nome do arquiteto que planejou as tais flores e galhos

de café na Praça Gabriel Martins, Sr. Panayote Saridakis.

O calçadão de Londrina, em 1989, expandiu-se ao longo de três quadras e

transformou o modo de viver das pessoas que por lá transitam. Frequentemente é

” (reportagem da RPC TV 2010). De certa forma, o espaço

cumpre sua função social e cria condições utilização

Obras no Calçadão revelam parte da história de Londrina

Ao retirar o petit pavê da Praça Gabriel Martins, operários descobrem o antigo piso com placas coloridas.

A terceira etapa da remodelação do Calçadão, realizada no trecho compreendido entre a Rua Professor João

Cândido e Avenida São Paulo, trouxe à tona uma parte esquecida da história de um dos maiores cartões

postais de Londrina. Na retirada do petit pavê que cobria o trecho, os operários da Visatec –responsável pela

obra – encontraram um dos pisos que revestiam a Praça Gabriel Martins, originalmente localizada naquela

área. [...]

Reportagem Jornal de Londrina, 07/08/2011

Page 10: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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cotidiana, . Trata-se

de um local no qual a população organiza manifestações e protestos.

Após três grandes reformas realizadas em 1979, 1989 e 2003, segundo dados do

Jornal Folha de Londrina (Agosto de 2008), outros reparos de emergência aconteceram ao

longo deste período.

Atualmente o calçadão de Londrina passa por outra reforma significativa como a

substituição do piso petit-pavet pelo paver, alterando assim as cores e o material do piso,

execução de galerias para a captação de águas pluviais, substituição do mobiliário urbano,

melhorias para acessibilidade, instalação da iluminação pública, entre outros itens. Foram

retiradas bancas de revistas, lanchonetes, choperias e floriculturas. Tais alterações, como nas

demais reformas, geram polemicas e discussões entre populares, comerciantes e estudiosos.

Alguns aprovam, outros não. Alguns questionam a perda da identidade do calçadão como

patrimônio histórico como consta em artigo publicado na Folha de Londrina em 14 de agosto

de 2011, assinado por Humberto Yamaki.

Londrina deveria considerar como prioridade o tombamento do calçadão com

o que resta do piso petit pave. (Yamaki, apud.Jornal Folha de Londrina

14/08/2011)

Também o Sr. Rodolfo Horner engenheiro aposentado da PML diz que o calçadão

da cidade L e u

está no desenho do piso.

O que se pode perceber é que o desenho é muito parecido, no entanto apesar de

possuir mais cores elas são mais apagadas e o material também é diferente. Ao que se

demonstra, podemos inferir que houve certa preocupação em relação a preservação da

identidade do calçadão, mas o resultado é bastante questionável.

Sobre o processo de construção do material didático

Diante do exposto e dos estudos realizados at

entre as alterações desse espaço público

importante da cidade e a constituição de identidades, conceito este tão caro ao ensino da

História. Resgatar essas fontes e possibilitar aos alunos que transitem pelas memórias da

cidade tendo as reformas do calçadão como cenário de fundo possibilita uma compreensão

Page 11: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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mais adensada sobre a história da cidade a partir de diferentes vieses que entrelaçam aspectos

arquitetônicos, políticos, econômicos e culturais.

Não se preservou as flores projetadas pelo Sr. Panayote Saridakis, assim como

também, talvez, não se preserve o piso de petit pavê preto e branco (há indicações que parte

do mesmo será mantido em frente ao Cine Teatro Ouro Verde). O que se guarda do passado

para lembrar no presente é sempre escolha e responsabilidade do homem contemporâneo.

Nesse sentido, resgatar imagens e textos sobre os processos de reforma do calçadão e a partir

dos mesmos elaborar materiais didáticos para que os professores possam trabalhar com essas

temáticas em sala de aula é de suma importância. os, aspectos relacionados a esse espaço da

cidade. È por esse caminho que tal projeto prossegue.

Page 12: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Referencias: ”. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 24.

L L . Folha de

Londrina, 01/06/1977. p. 24.

.

. 2 . 3 8 . ) – F

, 2006.

. O desenvolvimento de Londrina e as tran

. emina i ncia ociais e umanas. Londrina, v.

26, p. 87-94, 2006.

. Folha de Londrina, 01/06/1977. p. 01.

F L L . Jornal de Londrina. 1 / /2 .

em <http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=992850> acesso

em 17/03/2011.

YAMAKI, Humberto. Iconografia Londrinense. Londrina: Humanidades, 2003.

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=923272 ACESSADO EM 03/11/2011 AS

18:34

Fotos disponíveis em www.google.com.br/fotoslondrina.

Figura 1: Propaganda da Companhia de Terras Norte do Paraná

FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina

Page 13: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Figura 2: Avenida Paraná, década de 1930.

FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina

Figura 3: Avenida Paraná, década de 1950

FONTE: Biblioteca Municipal de Londrina

Figura 4: Avenida Paraná, década de 1950

FONTE: Google – imagens antigas Londrina

Figura 5: Avenida Paraná, década de 1960

Page 14: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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FONTE: Google – imagens antigas Londrina

Figura 6 : Perspectiva do piso em patit pavê

FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-londrina-em-

outros-tempos_17.html

Figura 7: Praça Gabriel Martins, década de 1950

FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-

londrina-em-outros-tempos_17.html

Page 15: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Figura 8: Praça Gabriel Martins, 1963

FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-

londrina-em-outros-tempos_17.html

Figura 9: Praça Gabriel Martins

FONTE: http://londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-

londrina-em-outros-tempos_17.html

Figura 10: Praça Gabriel Martins, 1976

FONTE: Jornal Folha de Londrina, 24 de dezembro de 2006

Page 16: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Figura 11 – Movimentação na Praça Gabriel Martins

Fonte: Jornal Folha de Londrina, 29 de dezembro de 2006)

Figura 12: Praça Gabriel Martins depois da modernização das flores, 1976.

FONTE: Jornal Folha de Londrina, 29 de dezembro de 2006)

Figura 13: Praça Gabriel Martin em 2011, em reforma

FONTE: Reportagem Jornal de Londrina, 07/08/2011

Page 17: AS TRANSFORMAÇÕES NO CALÇADÃO DE LONDRINA: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

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Figura 14: Calçadão de Londrina 2007

FONTE: Google – imagens Londrina

Figura 15: Calçadão de Londrina 2012

FONTE: Google – imagens Londrina