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AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE REQUALIFICAÇÃO URBANA: o caso de Montes Claros/MG 1
Fabrícia Oliveira Santos
Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros
[email protected] Iran Aguiar Mota
Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros
[email protected] Anete Marília Pereira Professora Doutora da Universidade Estadual de Montes Claros [email protected] RESUMO Este trabalho objetiva analisar o processo de requalificação da área central de Montes Claros/ MG, enfocando as principais alterações ocorridas nos últimos anos. Busca ainda identificar os pontos revitalizados da referida área caracterizando e discutindo acerca das melhorias ocorridas. O procedimento metodológico pautou em revisão bibliográfica, pesquisa de dados junto a Prefeitura Municipal de Montes Claros, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), entre outros. Foi efetuada também uma pesquisa documental impressa para obtenção de imagens que comprovam as mudanças ocorridas com o processo de reestruturação da área central de Montes Claros. Após a análise das informações realizou-se visita a campo para observação do núcleo central a fim de verificar as transformações ocorridas com o projeto “Viva o Centro”. Logo após foi elaborado um mapeamento dessa área para identificação dos principais pontos pesquisados. Como resultado, percebe-se que, apesar das melhorias ocorridas no núcleo central, esse ainda apresenta áreas deterioradas que precisam ser revitalizadas. Palavras–chave: Reestruturação, Núcleo central, Áreas deterioradas, Montes Claros INTRODUÇÃO
O estudo sobre a revalorização urbana se expressa pela necessidade de redefinir as
relações ocorridas a partir da intervenção de políticas públicas em espaços deteriorados
com intuito de melhorar a imagem da cidade e a qualidade de vida da população. Os
programas na maioria das vezes surgem para aprimorar a economia da cidade e
incentivar o uso na mesma.
1 Tipo de Trabalho: Trabalho de Conclusão de Curso.
A degradação, na maioria das áreas centrais das cidades brasileiras se consolidou com a
urbanização e o surgimento de novas centralidades, ocasionada pela descentralização
das atividades comerciais para áreas periféricas. “O que é possível pelo fato de o preço
da terra ser aí menos elevado que o do núcleo central” (CORRÊA, 1969, p. 43). Esse
processo acarretou transformações socioespaciais diversas como, a densificação do uso
do solo e a competição pelo mercado consumidor.
Nesse sentido, o núcleo central se define hoje pelo dinamismo social e econômico que
exerce sobre o meio. Geralmente, é ele que dá origem a uma cidade como é o caso de
Montes Claros a cidade mais importante do Norte de Minas Gerais, que teve sua
formação no entorno da atual Igreja da “Matriz”. Contudo apesar dessa relevância, a
referida área vem apresentando problemas como degradação, que devem ser avaliados
sobre o aspecto da revitalização. Esse processo segundo (VAZ, 2006) consiste em
reabilitar áreas abandonadas, restaurar patrimônios históricos e arquitetônicos, redefinir
vias públicas deterioradas, reforçar a acessibilidade por transporte individual ou coletivo
entre outros.
Partindo dessa premissa, este trabalho objetiva discutir o processo de requalificação da
área central de Montes Claros/ MG enfocando as principais alterações ocorridas nos
últimos anos. Procura também identificar os pontos revitalizados da referida área
caracterizando e discutindo acerca das melhorias ocorridas. Essa análise foi baseada no
projeto “Viva o Centro”, plano elaborado pela Secretaria Municipal de Planejamento,
cuja finalidade é investir em políticas urbanas com o intuito de recuperar áreas
deterioradas do núcleo central.
Para a concretização desse trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica procurando
contextualizar teoricamente a origem das cidades e o processo de urbanização. Em
seguida buscou-se informações a partir de fontes diversas como Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), UNIMONTES, Prefeitura de Montes Claros, entre
outros. Além disso, foi feita uma pesquisa documental impressa para obtenção de
imagens que comprovassem as mudanças ocorridas com o processo de reestruturação da
área central de Montes Claros. Após essas documentações realizou-se visita a campo
para observação do núcleo central, Logo após foi elaborado um mapeamento dessa área
para identificação dos principais pontos pesquisados.
O espaço urbano na maioria das cidades vem apresentando um acentuado grau de
degradação. Muitas vezes, a causa está relacionada ao crescimento populacioanal, a
ineficiência de políticas públicas e a falta de sensibilização da população. Uma das
alternativas viáveis para solucionar esses problemas tem sido a requalificação urbana,
uma prática que vem criando condições favoráveis à cidade, contribuindo assim, para o
desenvolvimento da mesma.
Rever os conceitos de gestão urbana e das estratégias de planejamento é obrigação dos urbanistas contemporâneos que devem entender que o inchamento descontrolado das cidades criou condições pouco propícias às grandes intervenções, em especial devido à necessidade de ampliação das redes de infraestrutura, da enorme demanda de moradias e do abandono das áreas centrais exclusivamente às atividades diurnas, quando existe um grande contingente de vazios urbanos e um parque edificado em desuso. (LIMA, Mameluque, 2007, p.14).
De acordo com a Carta de Nairobi (1976), a revitalização consiste em proteger,
conservar, restaurar, reabilitar, e manter a “salvaguarda” dos conjuntos históricos ou
patrimônios tradicionais situados em seu entorno. (VAZ, 2006) explana que o processo
de revitalização abrange vários fatores, quais sejam:
a) Reabilitação de áreas abandonadas;
b) Restauração do patrimônio histórico e arquitetônico;
c) Reciclagem de edificações, praças e parques;
d) Tratamento estético e funcional das fachadas de edificações, mobiliário urbano e
elementos publicitários;
e) Redefinição de usos de vias públicas;
f) Melhoria do padrão de limpeza e conservação dos logradouros;
g) Reforço da acessibilidade por transporte individual ou coletivo, dependendo da
situação e;
h) Organização das atividades econômicas.
Assim, vale lembrar que as intervenções nas áreas centrais brasileiras ocorreram a partir
da década de 1970 e estavam voltadas na maioria das vezes para as questões de
saneamento básico. Com o passar do tempo o processo de revitalização passou a ter um
caráter remodelador como restauração de vias públicas, do patrimônio histórico e
arquitetônico, reabilitação de áreas, entre outros. Dessa forma, a reestruturação urbana é
marcada pela renovação de áreas deterioradas ou envelhecidas. Essa prática está voltada
para a construção de novos padrões como a organização, embelezamento e utilização
dos territórios.
Em Montes Claros, o processo de degradação da área central da cidade teria se
intensificado com o esvaziamento demográfico iniciado a partir da década de 1970. O
movimento que antigamente se concentrava em volta da Praça da Matriz, o centro
histórico da cidade, passou a convergir ao redor da Praça Doutor Carlos Versiane e
adjacências. Segundo o Plano Diretor da Cidade - Lei Municipal nº. 2921 de 27 de
agosto de 2001 - o núcleo central compreende a confluência da Av. Dep. Esteves
Rodrigues, seguindo pela Av. Flamarion Wanderley até a Rua Germano Gonçalves; por
esta até a Rua Antônio Rodrigues, Av. Santos Dumont, Rua Padre Champagnat
seguindo para a Praça até o viaduto da Rua Juramento sob a atual Linha Férrea, por esta
no sentido sul até a Rua Juca Prates, Av. Prof. João Luiz de Almeida e Av. Cula
Mangabeira. Assim, como se pode perceber no mapa 1 que o núcleo central passou a
englobar outras extensões ampliando a sua configuração espacial.
Mapa 1: Localização da Área Central de Montes Claros. Org: Veloso, 2010.
O processo de reestruturação da área central engloba os interesses do poder público
municipal e do setor imobiliário com objetivo de melhorar os aspectos físicos do espaço
urbano e a qualidade de vida da população. Assim, com o intuito de revitalizar áreas
degradadas foi criado, em 2006, pela Secretaria Municipal de Planejamento de Montes
Claros, o projeto Viva o Centro. Esse conta com a participação da Secretaria de
Indústria Comércio e Turismo, da Secretaria de Cultura, da Secretaria de Serviços
Urbanos, da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, da Secretaria de Meio
Ambiente, do Sindicato do Comércio e Varejo, da Transmontes, de representantes da
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), além da Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (COPASA), Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG),
Serviço Brasileiro de Apoio as Micros e Pequenas empresas (SEBRAE), entre outros.
O projeto Viva Centro consiste numa tentativa de solucionar os aspectos negativos que
comprometem a qualidade do espaço central adotando melhorias como: segurança para
os comerciantes, alargamento de ruas e passeios, colocação de mosaicos, recuperação
do patrimônio histórico, desobstrução de todas as bocas de lobo, substituição de redes
de água que abastecem o núcleo central, implantação de rede de drenagem pluvial,
iluminação, telefonia, entre outros.
Entre as principais mudanças ocorridas nessa área destaca-se a construção do Shopping
Popular Mário Ribeiro da Silveira, no ano de 2003, com o propósito de abrigar os
“camelôs” que até então se concentravam na Praça Doutor Carlos Versiane e outras
localidades do núcleo central. As atividades informais nesse espaço causavam
problemas diversos como desorganização, excesso de lixo, deteriorização da praça,
além de dificultar a transição de pedestres nesse local. “Partindo desse ponto de vista, o
Shopping Popular está inserido no circuito comercial da cidade, bem como nos circuitos
comerciais da informalidade pelo que permite vender e negociar, dentro do espaço da
cidade” (Santos, 2007, p.80). Essa mesma autora acrescenta que:
Assim, nota-se que revitalização de área central acontece tanto no Brasil, como também em outros países. Percebe-se que, em Montes Claros, não há a tendência imediata de enfraquecimento do centro principal. As novas centralidades existem e são dinâmicas, mas o centro ainda expressa sua força, seja através das atividades comercias, seja através do setor terciário. (SANTOS, 2007, p.83)
Concomitante a isso, houve o processo de revitalização da Praça Doutor Carlos
Versiane cuja reforma alterou as características originais da mesma. As árvores
centenárias que tinha particularidades significativas para o local foram substituídas por
uma vegetação mais espaçadas de caráter moderno (figura 01). De acordo com (SILVA,
2010 p. 9).
[...] o projeto da Praça Doutor Carlos Versiani - Centro, (...) não priorizou a arborização, dando lugar ao surgimento de uma muralha de concreto, aumentando ainda mais o desconforto decorrente das altas temperaturas oriundas do fenômeno Ilha de Calor. Apesar de passar por um projeto urbanístico contemporâneo, a vegetação não foi prioridade, a existência de poucas árvores faz com que as pessoas não utilizem os bancos, que ficam a maior a parte do dia sob o sol escaldante da cidade de Montes Claros.
Figura 01: Praça Doutor Carlos Versiane após a Revitalização. Autor: MOTA, 2010.
Outro espaço reestruturado foi a “Praça da Matriz”. A revitalização ocorreu no ano de
2007 e envolveu desde a sua estrutura básica até os elementos paisagísticos. “A Praça
da Matriz, apesar da reforma recente, manteve sua arborização e por isso oferece um
micro-clima diferente do restante do centro da cidade, sendo ainda hoje, lugar de
refúgio durante os dias quentes” (SILVA, 2010, p.9) As alterações foram realizadas
pelo projeto Viva o Centro e contou com a participação do Conselho Municipal de
Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural. Assim, o espaço do entorno da praça vem
passando por processo de revitalização, no entanto o casarão da Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras FAFIL e o sobrado dos Versiane-Maurício encontram-se totalmente
reformados esse último de acordo com a Prefeitura de Montes Claros passará a sediar a
Secretaria Municipal de Cultura. Essa melhoria pode ser visualizada na figura 02.
Figura 02: Reforma do casarão da FAFIL e Versiane-Maurício Autor: SANTOS, 2010.
A Praça Doutor Chaves é um dos pontos turísticos e culturais da cidade, pois além de
sua importância histórica atualmente ela é utilizada para momentos de descanso e lazer.
Nela também ocorre, aos domingos, a feira de artesanato onde são expostos vários
produtos como bijuterias, roupas, calçados, bolsas, entre outros. Esse evento atrai
pessoas de várias classes sociais que vão prestigiar o trabalho dos artesãos que
comercializam seus produtos nesse local (figura 03).
Figura 03: Feira de Artesanato na “Praça da Matriz”. Autor: SANTOS, 2011.
Por fim, no ano de 2010, houve a revitalização da Praça Honorato Alves situada em
frente ao hospital Santa Casa de Misericórdia. A reestruturação contou com o apoio do
poder público Municipal, através da Secretaria de Serviços Urbanos. A praça que se
encontrava deteriorada foi contemplada com lixeiras e ponto de ônibus novos, além de
uma reforma paisagística do local. A figura 04 retrata as principais alterações ocorridas.
Figura 04: Praça Horonato Alves após processo de revitalização. Autor: MOTA, 2010.
No que concerne à segurança pública, essa tem se tornado uma das principais questões
que deve ser tratada com rigor na cidade. Faz-se necessária a presença constante de
agentes institucionais para minimizar a violência que tanto aflige a sociedade. Nesse
sentido, a fim de reduzir o índice de furtos e proporcionar a segurança dos comerciantes
e da população, a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) implantou o Projeto
Olho Vivo, com várias câmaras de monitoramento eletrônico em locais estratégicos. As
câmaras funcionam 24 horas e são monitoradas por militares e guardas municipais. Os
equipamentos de monitoramento são identificados na figura 05.
Figura 05: Olho Vivo situado em pontos estratégicos do núcleo central. Autor: SANTOS, 2010.
O projeto Viva o centro ainda foi responsável pela revitalização do Calçadão Popular
Conrado Pereira, situado na Avenida Padre Chico, em frente à Praça de Esportes. Os
comerciantes antes de possuirem esse espaço, montavam bancas nas ruas da área
central, sobretudo na Rua Coronel Joaquim Costa. A falta de organização ocasionava
muita sujeira no local, principalmente na época do Pequi, fruto do cerrado de grande
importância para o Norte de Minas. A construção do “Calçadão Popular” foi um fator
de grande relevância, para os feirantes, uma vez que contribuiu para melhoria das
condições de comercialização e consumo.
Dessa forma percebe-se também, o processo de reestruturação da Rua Simeão Ribeiro
conhecida como “Quarteirão do Povo”. Dentre as recuperações, cabe ressaltar a
colocação de novos bancos a fim de proporcionar o conforto da população, a
remodelação do aspecto paisagístico, além da instalação de sinalização tátil direcional,
com a finalidade de indicar as pessoas que possuem deficiência à direção a ser seguida.
A figura 06 mostra as condições atuais da referida área.
Figura 06: “Quarteirão do Povo” após a Revitalização. Autor: MOTA, 2010.
Tendo em vista a implantação de obras de infraestrutura em alguns pontos do núcleo
central, percebe-se que ainda há muitos espaços que precisam ser reestruturados, pois se
encontram em condições desfavoráveis tanto no que se refere ao transporte quanto à
mobilidade da população. Nesse contexto, as pessoas com deficiência física são as que
mais sofrem com essa situação, pois necessitam de espaço para se locomover. De
acordo com o Guia de acessibilidade urbana de Minas Gerais (2006.p.26):
As pessoas possuem necessidades diferentes que variam conforme a idade, estatura, condição saúde, etc. O caminhar pela cidade torna-se, muitas vezes, um verdadeiro “rali”, os obstáculos, as barreiras arquitetônicas e urbanísticas dificultam o mero deslocamento, impedindo completamente a utilização da estrutura urbana. Assim, considerando os mais diversos estereótipos humanos, que apresentem ou não alguma deficiência, estabelece-se a importância da concepção de espaços que permitam o pleno deslocamento, além de meios de transporte coletivo acessíveis.
Muitas ruas e calçadas na área central apresentam-se estreitas e em péssimo estado de
conservação, como é mostrado na figura 07 e 08.
Figura 07: Calçadas estreitas e deterioradas. Autor: SANTOS, 2011.
Figura 08: Rua e calçada em péssimo estado de conservação. Autor: SANTOS, 2010.
Para promover a acessibilidade de forma segura, as normas técnicas de acessibilidade da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) definem que é necessário a
instalação de piso tátil direcional e de alerta com o intuito de orientar pessoas com
deficiência visual. Além disso, é preciso haver o rebaixamento de calçadas com rampas
acessíveis para facilitar a circulação de cadeirantes. Outra questão que precisa ser
revisada na área central é a poluição visual. Essa prática vem degradando o ambiente
urbano promovendo assim, o desconforto daqueles que freqüentam o local. Nesse
sentido, a figura 09 demonstra os impactos visuais causados pelos anúncios
publicitários.
Figura 09: Poluição visual nas ruas do núcleo central de Montes Claros. Autor: SANTOS, 2010.
Também o trânsito vem apresentando um grande problema para a área central da cidade,
uma vez que essa não foi planejada para comportar o número de veículos que circulam
nesse espaço. O congestionamento é provocado segundo Sardinha e França (2010,
p.56), “pela quantidade de veículos que circulam pelo local e as vias que se apresentam
estreitas em má conservadas, dificultando a fluidez”.
Com o número elevado de veículos surge a dificuldade de encontrar um local
apropriado para estacionar. A solução é recorrer aos estacionamentos privados cujo
número cresce a cada dia para suprir as necessidades dos motoristas. Diante disso
Sardinha e França (2010, p.55) consideram que:
Com relação aos locais destinados aos estacionamentos púbicos na área central, observa que há uma falta. Assim, ocorre que para estacionarem os veículos os motoristas tendem a procurar os estacionamentos privados. Tal fato também acaba motivando
motoristas (quando não procuram o estacionamento privado), a estacionarem em locais proibidos, como em calçadas, ou na placa de “proibido estacionar”.
No que concerne aos semáforos e outras sinalizações esses devem ser colocados em
posição que os tornem visíveis com o intuito de promover a segurança e ordenação do
tráfego. Entretanto, percebe-se que o núcleo central não obedece à uniformidade que
Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estabelece, pois, muitas faixas de
pedestres encontram-se apagadas ou com irregularidades, essas disparidades podem
resultar em consequências aos usuários, como acidentes ou a utilização parcial do
espaço.
No tocante às sinalizações semafóricas, as mesmas não se apresentam visíveis durante o
dia devido à incidência do sol dificultando a visualização e interpretação da cor. Além
disso, são também insatisfatórias, apesar do semáforo ter sido instalado em algumas
intercessões conflituosas, como aquelas localizadas no cruzamento das ruas Governador
Valadares com Dr.Veloso, Governador Valadares com Coronel Prates, Avenida Artur
Bernardes com Rua Padre Teixeira. Há outras que também necessitam de sinalização.
(SARDINHA, FRANÇA, 2010, p.55).
Outro espaço que merece uma atenção especial é a Praça Doutor João Alves, localizada
em frente à Escola Estadual Gonçalves Chaves, patrimônio histórico da cidade. A Praça
encontra-se em um estado de degradação decorrente da falta de sensibilização da
população que frequenta o local e da deficiência de manutenção da mesma. Como se
pode perceber na figura 10 a infraestrutura como pisos e bancos estão degradados. Os
bancos da Praça encontram-se danificados com uma espécie de pichação feita com
corretivos para tinta de caneta. Nesse sentido, uma das principais carências dessa Praça
é a pintura que se encontra desgastada com a ação do tempo, o que compromete o
paisagismo do ambiente.
Figura 10: Praça Doutor João Alves Autor: MOTA, 2010. Diante do exposto, percebe-se que o núcleo central de Montes Claros é um espaço
importante, uma vez que são desempenhadas atividades econômicas de grande
relevância para a economia da cidade. Contudo, apesar das significativas reformas pela
qual essa área tem passado, há necessidade de recuperação de espaços degradados
inclusive no que se refere às vias públicas, ao trânsito, a Praça Doutor João Alves, entre
outros. Para tanto, é necessário o esforço do poder público, de maneira que outras
intervenções possam ser incluídas para garantir boas condições de acessibilidade da
população que frequenta esse local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de urbanização promoveu transformações socioespaciais diversas na
estrutura das cidades brasileiras como a ocupação desordenada do solo, o aumento do
trabalho informal, a degradação dos espaços públicos, entre outros. Em suma, percebe-
se que a maioria desses problemas é agravada pela falta de planejamento e ineficiência
de políticas públicas.
Tendo como propósito analisar o processo de reestruturação do núcleo central de
Montes Claros, este estudo permitiu verificar o processo de ocupação da referida cidade
bem como, avaliar as questões espaciais, que levaram a degradação e a desvalorização
desse espaço.
Os resultados das análises revelaram que as intervenções ocorridas na área central da
cidade a partir do Programa “Viva o Centro” apresentaram alguns aspectos positivos
como: a revitalização da “Praça da Matriz” e da Praça Horonato Alves, a reforma dos
Casarões Históricos, a implantação do Projeto Olho Vivo, a reestruturação de
importantes espaços como o “Calçadão Popular” e a rua “Quarteirão do Povo”.
Porém, cabe ressaltar que essas medidas não foram suficientes para suprimir todas as
deficiências que esse núcleo apresenta, pois na referida área ainda é possível encontrar
ruas e calçadas estreitas e em péssimo estado de conservação, intensa poluição visual
ocasionada pelos anúncios publicitários, congestionamento de veículos agravados pela
falta de planejamento das ruas, faixas de pedestres com irregularidades, além do
avançado grau de degradação que se encontra a Praça Doutor João Alves, patrimônio
histórico da cidade.
Nesse sentido, acredita-se que a melhoria dessas áreas possibilitará o ordenamento desse
espaço e a diminuição dos problemas que o mesmo apresenta. Assim, relatar a história
desse núcleo ganha relevância por contribuir para o enriquecimento dos estudos
acadêmicos a respeito da revitalização, além de ressaltar a importância que ele possui
para a população local.
REFERÊNCIAS
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