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As Modalidades das Obrigações

Marcelo S. Netto CamposMarcelo S. Netto Campos

Orientador: Prof. João dos Passos Orientador: Prof. João dos Passos Martins NetoMartins Neto

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As Modalidades das Obrigações 2

Obrigações Jurídicas

Conceito: é uma situação de comprometimento Conceito: é uma situação de comprometimento (vínculo) entre dois sujeitos(vínculo) entre dois sujeitos

Designa tanto os deveres de uma parte quanto os Designa tanto os deveres de uma parte quanto os direitos de outradireitos de outra

Engloba, portanto, a situação total, numa acepção Engloba, portanto, a situação total, numa acepção ampla do termoampla do termo


Critérios de Classificação

Dois diferentes critérios:Dois diferentes critérios: Critério objetivo: leva em conta o objeto da Critério objetivo: leva em conta o objeto da

obrigaçãoobrigação Critério subjetivo: leva em conta o número de Critério subjetivo: leva em conta o número de

sujeitos envolvidos na obrigaçãosujeitos envolvidos na obrigação


Critério Objetivo

Divide as obrigações em:Divide as obrigações em: Obrigações de DarObrigações de Dar Obrigações de FazerObrigações de Fazer Obrigações de Não FazerObrigações de Não Fazer * Muitos consideram também a existência das * Muitos consideram também a existência das

Obrigações Pecuniárias, com regime construído Obrigações Pecuniárias, com regime construído pela doutrina, por leis esparsas e por alguns pela doutrina, por leis esparsas e por alguns conceitos das Obrigações de Darconceitos das Obrigações de Dar


Obrigações de Dar

Existe quando a prestação a ser realizada for Existe quando a prestação a ser realizada for alguma coisa a ser entregue pelo devedor ao alguma coisa a ser entregue pelo devedor ao credorcredor

Têm como finalidade a troca do domínio, a Têm como finalidade a troca do domínio, a transferência do uso, ou ainda a restituição do uso transferência do uso, ou ainda a restituição do uso da coisada coisa

A coisa pode ser certa ou incertaA coisa pode ser certa ou incerta


Obrigações de Dar

Obrigação de Dar Coisa Certa:Obrigação de Dar Coisa Certa: Existe quando a coisa é especificada, Existe quando a coisa é especificada,

perfeitamente individualizada e indicada na perfeitamente individualizada e indicada na celebração do contratocelebração do contrato

Se resolve com a tradição (entrega) da coisaSe resolve com a tradição (entrega) da coisa Os acessórios acompanham a coisa principal, Os acessórios acompanham a coisa principal,

salvo acordado em contráriosalvo acordado em contrário


Obrigações de Dar

Obrigações de Dar Coisa Certa:Obrigações de Dar Coisa Certa: Têm sua matéria regulamentada no CC entre os Têm sua matéria regulamentada no CC entre os

arts. 863 e 873arts. 863 e 873


Obrigações de Dar

Obrigação de Dar Coisa Incerta:Obrigação de Dar Coisa Incerta: Existe quando a coisa é genérica, não é Existe quando a coisa é genérica, não é

perfeitamente especificadaperfeitamente especificada A coisa deve ser indicada, ao menos, pelo A coisa deve ser indicada, ao menos, pelo

gênero e pela quantidadegênero e pela quantidade Têm caráter inicial e transitórioTêm caráter inicial e transitório Quando houver a escolha da coisa, a obrigação Quando houver a escolha da coisa, a obrigação

passará a ser de dar coisa certapassará a ser de dar coisa certa


Obrigações de Dar

Obrigações de Dar Coisa Incerta:Obrigações de Dar Coisa Incerta: A escolha se faz, via de regra, pelo devedor, A escolha se faz, via de regra, pelo devedor,

porém pode ser estabelecido no contrato que a porém pode ser estabelecido no contrato que a escolha cabe ao credor ou a terceiroescolha cabe ao credor ou a terceiro

O devedor e o terceiro devem escolher O devedor e o terceiro devem escolher observando o “princípio da qualidade médiaobservando o “princípio da qualidade média

Porém o credor teria a possibilidade de reservar Porém o credor teria a possibilidade de reservar para si as melhores coisas do gêneropara si as melhores coisas do gênero

São tratadas entre o art. 874 e 877 do CCSão tratadas entre o art. 874 e 877 do CC


Obrigações de Fazer

Consistem numa atividade devida em decorrência Consistem numa atividade devida em decorrência de um contratode um contrato

São disciplinadas entre os arts. 878 e 881 do CCSão disciplinadas entre os arts. 878 e 881 do CC São classificadas em:São classificadas em:

Obrigações FungíveisObrigações Fungíveis Obrigações InfungíveisObrigações Infungíveis



Obrigações Fungíveis:Obrigações Fungíveis: São assim consideradas as obrigações de São assim consideradas as obrigações de

fazer sempre que a prestação puder ser fazer sempre que a prestação puder ser cumprida por terceira pessoacumprida por terceira pessoa



Obrigações Infungíveis:Obrigações Infungíveis: Existem sempre que a prestação não possa ser Existem sempre que a prestação não possa ser

realizada por outra pessoa que não o devedorrealizada por outra pessoa que não o devedor Pode existir uma infungibilidade expressa no Pode existir uma infungibilidade expressa no

contrato, ainda que a prestação pudesse ser contrato, ainda que a prestação pudesse ser cumprida por terceirocumprida por terceiro

A infungibilidade também pode ser tácita, A infungibilidade também pode ser tácita, desde que tutele um real interesse do credor, e desde que tutele um real interesse do credor, e não um mero capricho destenão um mero capricho deste



Quando houver dúvida quanto à Quando houver dúvida quanto à fungibilidade ou não da prestação, entende-fungibilidade ou não da prestação, entende-se que deve-se fazer uma interpretação se que deve-se fazer uma interpretação restritiva, ou seja, presumir-se a restritiva, ou seja, presumir-se a infungibilidadeinfungibilidade


Obrigações de Não Fazer

Consiste numa omissão (abstenção) por parte do Consiste numa omissão (abstenção) por parte do devedor da prática de determinado(s) ato(s) que devedor da prática de determinado(s) ato(s) que poderia fazer se não estivesse obrigadopoderia fazer se não estivesse obrigado

Têm regulação nos arts. 882 e 883 do CCTêm regulação nos arts. 882 e 883 do CC Vale ressaltar que uma obrigação passiva Vale ressaltar que uma obrigação passiva

universal não é considerada obrigação de não universal não é considerada obrigação de não fazerfazer


Obrigações de Não Fazer

O descumprimento se dá quando o devedor O descumprimento se dá quando o devedor pratica, culposamente, o ato que tinha se abstido pratica, culposamente, o ato que tinha se abstido de praticarde praticar

O credor pode, então, exigir que o ato seja O credor pode, então, exigir que o ato seja desfeito, além de receber por possíveis perdas e desfeito, além de receber por possíveis perdas e danosdanos

A extinção se dá quando o devedor, sem culpa, A extinção se dá quando o devedor, sem culpa, não possa deixar de realizar o ato que tinha se não possa deixar de realizar o ato que tinha se abstido de praticarabstido de praticar


Obrigações Pecuniárias

Existe quando o devedor deve certa quantia de Existe quando o devedor deve certa quantia de unidades monetárias de determinada moedaunidades monetárias de determinada moeda

Para o direito brasileiro, só são assim consideradas Para o direito brasileiro, só são assim consideradas aquelas obrigações contraídas em moeda nacional aquelas obrigações contraídas em moeda nacional (Real – R$)(Real – R$)

A dívida é, em geral, de valor nominal, porém A dívida é, em geral, de valor nominal, porém pode ser de valor aquisitivo (correção monetária) pode ser de valor aquisitivo (correção monetária) se convencionado entre as partes, a menos que se convencionado entre as partes, a menos que haja proibição em lei no caso em questãohaja proibição em lei no caso em questão



No estudo das obrigações pecuniárias, é de suma No estudo das obrigações pecuniárias, é de suma importância a análise dos Juros, que podem ser importância a análise dos Juros, que podem ser considerados uma obrigação pecuniária acessóriaconsiderados uma obrigação pecuniária acessória

Existem duas modalidades de juros:Existem duas modalidades de juros: Compensatórios: têm função exclusiva de Compensatórios: têm função exclusiva de

remuneração e já são previstos no contrato de remuneração e já são previstos no contrato de empréstimo onerosoempréstimo oneroso



Moratórios: são advindo de mora (atraso) Moratórios: são advindo de mora (atraso) no adimplemento, e independem de no adimplemento, e independem de convenção contratual (aplicam-se convenção contratual (aplicam-se automaticamente)automaticamente)


Critério Subjetivo

Divide as obrigações em:Divide as obrigações em: Obrigações singulares: há apenas um sujeito em Obrigações singulares: há apenas um sujeito em

cada pólo da obrigaçãocada pólo da obrigação Obrigações plurais: têm mais de um sujeito em Obrigações plurais: têm mais de um sujeito em

algum pólo da obrigação e podem ser:algum pólo da obrigação e podem ser:SolidáriasSolidáriasDivisíveisDivisíveisIndivisíveisIndivisíveis


Obrigações Solidárias

Cf. art. 896, § único, CC, há solidariedade quando Cf. art. 896, § único, CC, há solidariedade quando na mesma obrigação concorrem mais de um na mesma obrigação concorrem mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com credor, ou mais de um devedor, cada um com direitos, ou obrigado, sobre a dívida todadireitos, ou obrigado, sobre a dívida toda

A relação jurídica é apenas uma, sendo extinta A relação jurídica é apenas uma, sendo extinta com o adimplemento de (ou para) qualquer um com o adimplemento de (ou para) qualquer um dos solidários (Princípio da Unidade da Prestação)dos solidários (Princípio da Unidade da Prestação)

São tratadas entre o art. 896 e o 915 do CCSão tratadas entre o art. 896 e o 915 do CC



Existe, entretanto, relação jurídica interna entre os Existe, entretanto, relação jurídica interna entre os solidários, implicando direitos e deveressolidários, implicando direitos e deveres

A solidariedade pode ser ativa (entre credores), A solidariedade pode ser ativa (entre credores), passiva (entre devedores) ou mista (entre credores passiva (entre devedores) ou mista (entre credores e devedores)e devedores)

A solidariedade, via de regra, deve estar expressa A solidariedade, via de regra, deve estar expressa em contrato (por ser regime de exceção)em contrato (por ser regime de exceção)



Existem, porém, casos legais de solidariedade Existem, porém, casos legais de solidariedade obrigatória (e.g. art. 1.518 CC)obrigatória (e.g. art. 1.518 CC)

A solidariedade passiva encontra mais respaldo A solidariedade passiva encontra mais respaldo positivo do que a ativa (oferece mais garantias ao positivo do que a ativa (oferece mais garantias ao credor)credor)

Um caso raro de solidariedade ativa legal é o Um caso raro de solidariedade ativa legal é o disposto no art. 2 º da Lei 8.245/91 (Lei do disposto no art. 2 º da Lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato)Inquilinato)


Obrigações Divisíveis e Indivisíveis Apesar de não dizer respeito à multiplicidade de Apesar de não dizer respeito à multiplicidade de

sujeitos e sim à uma qualidade do objeto, são sujeitos e sim à uma qualidade do objeto, são subjetivas (e plurais) porque só assim interessa o subjetivas (e plurais) porque só assim interessa o estudo de tal qualidadeestudo de tal qualidade

Ou seja, quando não há pluralidade de sujeitos, é Ou seja, quando não há pluralidade de sujeitos, é desnecessária a análise da divisibilidade ou não do desnecessária a análise da divisibilidade ou não do objeto (visto que o devedor o deve por completo)objeto (visto que o devedor o deve por completo)


Obrigações Divisíveis e Indivisíveis São disciplinadas conjuntamente pelo CC, São disciplinadas conjuntamente pelo CC,

no Cap. V do Livro I do Título III (arts. 889 no Cap. V do Livro I do Título III (arts. 889 a 895)a 895)


Obrigações Divisíveis

Ocorrem quando a prestação, por sua natureza, é Ocorrem quando a prestação, por sua natureza, é suscetível de cumprimento por partes suscetível de cumprimento por partes (fracionamento)(fracionamento)

A coisa é divisível quando da divisão do todo A coisa é divisível quando da divisão do todo resultam porções qualitativamente homogêneas resultam porções qualitativamente homogêneas entre si e em relação ao todoentre si e em relação ao todo

É divisível ainda que as porções É divisível ainda que as porções supramencionadas difiram em quantidadessupramencionadas difiram em quantidades


Obrigações Divisíveis

Deve-se, no entanto, observar a não perda do valor Deve-se, no entanto, observar a não perda do valor econômico da coisa (a soma do valor das porções econômico da coisa (a soma do valor das porções não deverá ser inferior ao valor do todo)não deverá ser inferior ao valor do todo)

Quando há divisibilidade, cada devedor (x) deve Quando há divisibilidade, cada devedor (x) deve apenas a sua quota-parte (Objeto/x)apenas a sua quota-parte (Objeto/x)


Obrigações Indivisíveis

Existem quando a prestação, por sua natureza, só Existem quando a prestação, por sua natureza, só pode ser cumprida no todo, ou seja, integralmentepode ser cumprida no todo, ou seja, integralmente

Será indivisível a prestação quando, da divisão da Será indivisível a prestação quando, da divisão da coisa resultar a perda de sua substânciacoisa resultar a perda de sua substância

Além do já mencionado requisito de não redução Além do já mencionado requisito de não redução do valor econômico da soma das partes com do valor econômico da soma das partes com relação ao do todorelação ao do todo


Obrigações Indivisíveis

Neste caso, qualquer um dos devedores pode ser Neste caso, qualquer um dos devedores pode ser cobrado pela dívida toda, tendo direito de regresso cobrado pela dívida toda, tendo direito de regresso contra os outros devedores pela parte destescontra os outros devedores pela parte destes

Igualmente, qualquer um dos credores pode exigir Igualmente, qualquer um dos credores pode exigir a dívida toda, tendo, os outros credores, obrigação a dívida toda, tendo, os outros credores, obrigação de rateio da parte que lhes cabe do créditode rateio da parte que lhes cabe do crédito

A principal diferenciação entre a obrigação A principal diferenciação entre a obrigação indivisível e a solidária é que, na primeira quem indivisível e a solidária é que, na primeira quem responde pela insolvência de um dos devedores é responde pela insolvência de um dos devedores é o credor e, na segunda, os solidárioso credor e, na segunda, os solidários


Pluralidade de Prestações

Quando em uma obrigação estão contidas mais de Quando em uma obrigação estão contidas mais de uma prestação, existe pluralidade de prestações, e uma prestação, existe pluralidade de prestações, e as obrigações obedecem a um novo critério de as obrigações obedecem a um novo critério de divisão, podendo ser:divisão, podendo ser: CumulativasCumulativas FacultativasFacultativas AlternativasAlternativas


Pluralidade de Prestações

O regime jurídico das duas primeiras (cumulativas O regime jurídico das duas primeiras (cumulativas e facultativas) é construído pela doutrina e pela e facultativas) é construído pela doutrina e pela jurisprudênciajurisprudência

Já as obrigações alternativas têm para si todo um Já as obrigações alternativas têm para si todo um capítulo do CC para discipliná-las (arts. 884 a capítulo do CC para discipliná-las (arts. 884 a 888)888)


Obrigações Cumulativas

Existem quando, para se libertar da obrigação, o Existem quando, para se libertar da obrigação, o devedor deve adimplir todas as prestações devedor deve adimplir todas as prestações estabelecidas no contratoestabelecidas no contrato

Ou seja, o vínculo subsiste mesmo que, se cumprir Ou seja, o vínculo subsiste mesmo que, se cumprir uma das prestações, o devedor continuar uma das prestações, o devedor continuar inadimplente da(s) restante(s)inadimplente da(s) restante(s)


Obrigações Facultativas

Ocorrem quando o devedor não pode ser Ocorrem quando o devedor não pode ser coagido a adimplir a obrigação, mas pode o coagido a adimplir a obrigação, mas pode o pode fazer se for de sua vontadepode fazer se for de sua vontade

É uma situação de difícil observação na É uma situação de difícil observação na vida práticavida prática


Obrigações Alternativas

Neste caso as partes indicam mais de uma Neste caso as partes indicam mais de uma prestação de possível realizaçãoprestação de possível realização

Para o adimplemento, o devedor deve cumprir Para o adimplemento, o devedor deve cumprir apenas uma prestaçãoapenas uma prestação

Também têm caráter transitório (como as de dar Também têm caráter transitório (como as de dar coisa incerta), pois a partir da escolha a obrigação coisa incerta), pois a partir da escolha a obrigação deixa de ser múltipla para ser simplesdeixa de ser múltipla para ser simples


Obrigações Alternativas

A escolha consiste num ato jurídico unilateralA escolha consiste num ato jurídico unilateral Ela cabe, via de regra, ao devedor, salvo disposto Ela cabe, via de regra, ao devedor, salvo disposto

em contrário (visa oferecer maior número de em contrário (visa oferecer maior número de meios de o devedor adimplir a obrigação)meios de o devedor adimplir a obrigação)

Caso a escolha seja anual, o devedor não é Caso a escolha seja anual, o devedor não é obrigado a escolher a prestação de determinado obrigado a escolher a prestação de determinado ano de modo igual a algum ano anteriorano de modo igual a algum ano anterior


Universidade Federal de Santa CatarinaUniversidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências JurídicasCentro de Ciências Jurídicas Departamento de DireitoDepartamento de Direito Disciplina: Informática JurídicaDisciplina: Informática Jurídica Professor: Aires José RoverProfessor: Aires José Rover Florianópolis, 28 de Junho de 2000Florianópolis, 28 de Junho de 2000

as modalidades das obrigações marcelo s. netto campos orientador: prof. joão dos passos martins...

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