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ÍNDICE

Revista “Ciência & Prática”Ano 6 - N.º 23Outubro/Novembro/Dezembro - 2006Órgão de informação, publicado sob a respon-sabilidade do Grupo Técnico de Assistência eConsultoria em CitrusAv. Sérgio Sessa Stamato, 64, Centro,Bebedouro - SP,CEP: 14.700.170Fone: (17) 3343-1717

Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Décio Joaquim (Coordenador),Aparecido Tadeu Pavani, Josimar Vicente Ducatti,Leandro Aparecido Fukuda, Ramiro de Souza LimaNeto, Roberto Aparecido Salva e Sílvio Gil Rodrigues.Editor e JornalistaEditor e JornalistaEditor e JornalistaEditor e JornalistaEditor e Jornalista Responsável:Responsável:Responsável:Responsável:Responsável:Luis Otávio Martins - MTB: 20.538Impressão:Impressão:Impressão:Impressão:Impressão: Gráfica Santa TerezinhaPPPPPeriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade: TrimestralDistribuição:Distribuição:Distribuição:Distribuição:Distribuição: GratuitaTiragem:Tiragem:Tiragem:Tiragem:Tiragem: 6.000 exemplares

Capa: Foto montagem do Dia do ParceiroCréditoCréditoCréditoCréditoCrédito: Décio Joaquim

e x p e d i e n t e

Para receber Ciência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & Práticagratuitamente, acesse o site:

wwwwwwwwwwwwwww.gtacc.com.br.gtacc.com.br.gtacc.com.br.gtacc.com.br.gtacc.com.br

As matérias destaedição trazem umresumo das palestrasapresentadas duranteo Dia do Parceiro

Índi

cePág.10O adensamento mostradocomo fator de aumento deprodutividade

Dia do Parceiro

Pág.19As práticas envolvidas naprodução das mudas daatualidade

Pág.25Uma série de preceitos paraefetuar uma pulverizaçãomais adequada

Pág. 4 Editorial/FFFFFeliz ano novoeliz ano novoeliz ano novoeliz ano novoeliz ano novo

Pág. 4 Agenda

Pág. 5 Página Laranja/Depoimentos sobre o Dia do PDia do PDia do PDia do PDia do Parceiroarceiroarceiroarceiroarceiro

Pág. 7 Irrigação/QuimigaçãoQuimigaçãoQuimigaçãoQuimigaçãoQuimigação em citros

Pág.14 Fisiologia/O momento da induçãoinduçãoinduçãoinduçãoindução

Pág.16 Manejo/A regeneraçãoregeneraçãoregeneraçãoregeneraçãoregeneração dos solos

Pág.21 Entomologia/ManejoManejoManejoManejoManejo dos insetosdos insetosdos insetosdos insetosdos insetos no pomar em formação

Pág.28 Prática/Henrique Fiorese Henrique Fiorese Henrique Fiorese Henrique Fiorese Henrique Fiorese e sua experiência com adensamento

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Leandro Fukuda Fundecitrus Jacto - Divulgação

FitossanidadeFitossanidade

3Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

Dia do Parceiro

ViveirosViveirosAdensamentoAdensamento

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É chegado o final do ano e como todosos anos atravessamos na citriculturagrandes desafios e pudemos transpor

grandes barreiras, o que mostra a compe-tência do setor.

O próximo ano nos mostra grandespossibilidades no setor citrícola, equilibradopor fatores de mercado onde os novos pre-ços do suco e a possibilidade de melhoresganhos aos produtores e a todos que parti-cipam da cadeia, revelam que a divisão delucro por parte da indústria é necessária paraque o setor citrícola não perca espaço, nemabra mercado para países concorrentes.

Diante de todas estas intempéries oprodutor tem buscado, incessantemente,fazer a sua parte na busca pelo aumento deprodutividade, com a utilização do mais altograu de tecnologia.

Ganhos imensos já obtivemos com areforma do sistema de produção de mudasem ambiente fechado e exigências legais paramaterial genético, o que nos permite levan-tar a bandeira de hoje possuir o melhor sis-tema de produção de mudas do mundo eisto pode ser constatado pelas freqüentesvisitas de representantes de muitos países

Feliz ano novoEDITORIAL

Leandro Aparecido FLeandro Aparecido FLeandro Aparecido FLeandro Aparecido FLeandro Aparecido Fukudaukudaukudaukudaukuda Presidente do GTACC

[email protected]

GTA

CC

que produzem citros aos nossos viveiros. Omaior beneficiado com isto é o produtor quepode obter uma muda com excelente padrãofitossanitário.

Grandes mudanças de tecnologia te-mos também nos novos plantios, com me-tas de produtividade maiores, com implan-tação de pomares com um maior númerode plantas por hectare, com novas técnicasde preparo de solo, plantio e adubação. Po-demos enxergar o futuro da “NOVA CITRI-CULTURA” com novos índices de produtivi-dade e metas de lucratividade com a saúdefinanceira muito mais equilibrada.

O GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC neste processo todo vemparticipando e cumprindo o seu papel de di-vulgador de informação a toda cadeia citrí-cola, vivenciando o momento através de suamissão em “unir profissionais em prol do apri-moramento, da atualização de conhecimen-tos técnicos e da difusão de informações etecnologias que beneficiem a citricultura bra-sileira e gerem condições ideais para o seudesenvolvimento sustentável”.

Ferramenta do GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC de grande im-portância para divulgação de informações,a revista Ciência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & Prática transfere aos ci-

4 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

tricultores o conhecimento adquirido porseus consultores e demais articulistas, pro-pondo mudanças, inovações, mas, principal-mente, procurando fazer chegar aos produ-tores o conhecimento útil na busca pela ren-tabilidade, pela redução de custos e pela oti-mização da citricultura como negócio. As-sim parabenizo assim, o conselho editorial,os anunciantes e a todos que nos brindaramcom suas matérias durante o ano todo.

E o GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC deseja um feliz ano novoa todos, começando 2007 motivados paranovos desafios e mostrando novamente acompetência do setor, como vem acontecen-do ao longo dos anos que se passaram, naconstituição e fortalecimento deste empre-endimento sem paralelo no mundo, que é acitricultura brasileira.

OUTUBROOUTUBROOUTUBROOUTUBROOUTUBRO

5 - Palestra para equipe técnica daMilênia, em Araraquara - SP, “Manejo depragas e inimigos naturais dos citros”.Ministrada pelo consultor José Luiz Silva.

6 - Palestra no Dia da Laranja, emCordeirópolis - SP, “Os 10 fundamentospara o manejo do Ácaro da Leprose emcitros”. Ministrada pelo consultor JoséLuiz Silva.

11 - Palestra na Associação Comercial eIndustrial de São José do Rio Preto, SP,sobre “Manejo de pragas e inimigosnaturais dos citros”. Ministrada peloconsultor José Luiz Silva.

17 - Palestra promovida pela Sipcam Agroem Dourado, SP - , “Os 10 fundamentospara o manejo do Ácaro da Leprose emcitros”. Ministrada pelo consultor JoséLuiz Silva.

18 - “Dia do Parceiro”, promovido peloGTACC, na Estação Experimental deCitricultura de Bebedouro, SP.

24 - 25 - “Curso sobre manejo dacochonilha ortézia em citros”, promovidopela Arysta, na Gravena Ltda., emJaboticabal, SP. Sob responsabilidade dosconsultores Santin Gravena, José Luiz Silva eSérgio Roberto Benvenga

27 - Palestra sobre “Manejo regenerativo desolo em citricultura”, em Monte AzulPaulista, SP. Ministrada pelo consultorMarco Valerio Ribeiro.

NONONONONOVEMBROVEMBROVEMBROVEMBROVEMBRO

03 - Visita técnica em pomar de citros pararepresentantes da Ihara, conduzida peloconsultor Décio Joaquim. Itapetininga, SP.

08 - Palestra para a Coagrosol, em Itápolis,SP, sobre “Os 10 fundamentos para omanejo do Ácaro da Leprose em citros”.Ministrado pelo consultor José Luiz Silva.

09 - Palestra na Faculdade Moura Lacerda,sobre “Inimigos Naturais e ControleBiológico na cultura do café” durante aSemana de Estudos em Ribeirão Preto, SP.Ministrada pelo consultor José Luiz Silva.

10 - Palestra promovida pela Agro Plenssobre “Custos de Implantação e Viabilida-de Econômica na Citricultura”. Ministradapelo consultor Roberto Aparecido Salva,em Itapeva, SP.

22 - Palestra sobre as citriculturas doMéxico e de Cuba, na Holambra II, emParanapanema, SP. Ministrada peloconsultor Décio Joaquim.

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“Dia do Parceiro”

GTACC transfere tecnologia às parceiras

Promovido pelo GTACC em 18 de outubro na EstaçãoExperimental de Citricultura de Bebedouro, o evento pioneiro foi marcado

pelo sucesso, estimulando sugestões e sua continuidade em 2007

PÁGINA LARANJA

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5Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

Através de uma iniciativa pioneira o GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC organizou um encontro técnico destinado àssuas empresas parceiras. O objetivo principal foi a transferência de tecnologia e a atualização

em citricultura dos membros das equipes técnicas, de vendas e de marketing dessas empresas.O programa constou de nove apresentações técnicas ministradas pelos consultores do grupo.

Esta edição de Ciência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & Prática traz um resumo de cada uma das palestras

P R O G R A M AP R O G R A M AP R O G R A M AP R O G R A M AP R O G R A M AProdução de mudas em viveiros telados (Roberto Salva)

Adensamento de novos plantios (cana-de-açúcar x citros) (Leandro Fukuda)Manejo de pragas nos pomares em formação (José Luiz Silva)

Manejo de poda em pomares adensados (Sérgio Facio)Tecnologia de aplicação de defensivos (Tadeu Pavani)

Manejo regenerativo do solo (Marco Valério)Fisiologia da florada: uma abordagem diferente (Décio Joaquim)

Irrigação e quimigação em citros (Danilo Luchiari)Citriculturas Mexicana e Cubana (Antonio Garcia)

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PÁGINA LARANJA

6 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

A seguirA seguirA seguirA seguirA seguir, a opinião de participantes do Dia do P, a opinião de participantes do Dia do P, a opinião de participantes do Dia do P, a opinião de participantes do Dia do P, a opinião de participantes do Dia do Parceiroarceiroarceiroarceiroarceiro

“Parabenizo o GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC pela iniciativa de reunir em um

programa bem elaborado temas bastante abrangentes.

Como sugestão para o próximo evento penso que poderia

haver também a participação de citricultores, formadores de

opinião, convidados pelas empresas e pelo próprio grupo”

Alípio Coelho

Agrônomo deDesenvolvimento de Mercado

[email protected]

“Aproveito para me congratular com os colegas do GGGGGTTTTTACCACCACCACCACCpelo Dia do Parceiro, onde nos deram a oportunidade deatualização nos assuntos pertinentes aos avanços detecnologia em citros. Que este seja o primeiro de uma sériede encontros esclarecedores aos parceiros e demais convida-dos, sobre o trabalho executado pelo GTACC à citriculturabrasileira”

Mauro P. Cottas

Eng. Agr. M.Sc.Desenvolvimento de Mercado

[email protected]

“Foi unânime a satisfação daqueles que participaram doencontro pela nossa empresa. Nos trouxe conhecimentos,tiramos dúvidas e discutimos pontos divergentes.Como sugestão, deveria haver um tempo maior dentro doprograma para debates. Esse evento deveria ser aberto paraum grupo maior de produtores”

Álvaro Soares

Gerente de ProdutoMKT

[email protected]

“A impressão é que os consultores do GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC estão bem

sintonizados com os problemas e soluções para a viabilidade

da citricultura atual. A iniciativa muito nos ajudará no

contato diário com o setor”

Paulo Geraldini

Representante Comercial

[email protected]

“O objetivo do encontro sela uma aliança comprometida comas empresas da cadeia citrícola, inclusive com o citricultor.Nos identificamos com as palestras, uma vez que temos umaproposta comum, ou seja, que o produtor possa ter aumen-tada sua rentabilidade. No próximo evento gostaríamos deouvir o sucesso de alguns produtores”

Reginaldo Nacata

Gerente MIPQ - H&F

[email protected]

“Excelente iniciativa do GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC, desde a idéia do encontro até

a formulação dos temas e a apresentação das palestras.

Como nossa sugestão para o próximo evento, gostaríamos de

também apresentar nossas experiências, trazendo depoimen-

tos de produtores líderes de mercado”

João Jorge Dezem

Representante Técnicode Vendas

[email protected]

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Irrigação e quimigação em citrosO aumento da utilização da técnica de quimigação e as condições favoráveis propiciadas pela irrigação convencional,antevém uma citricultura consciente, participativa, que amplia o seu controle sobre as variáveis técnicas da produção.

IRRIGAÇÃO

A citricultura brasileira passou seus últi- mos anos com dificuldades no setor fi- nanceiro, mas apresentou alto grau de

profissionalização mantendo a média produ-tiva das safras anuais, com conseqüente au-mento de produtividade, apesar da reduçãoda área do parque citrícola que passou de850 mil ha para aproximadamente 600 milha. O pilar de sustentabilidade da profissio-nalização foi a melhor adoção das tecnolo-gias em todos os setores produtivos dos ci-tros, destacando entre estas a irrigação.

A irrigação apresentou um aumento sig-nificativo em área, atingindo atualmente maisde 90 mil ha irrigados, observando um gran-de potencial de áreas a serem irrigadas, su-perior a 120 mil ha. Este potencial só não émaior devido à baixa disponibilidade hídricada região ocupada pelo parque citrícola, sen-do necessário cada vez mais recorrer-se aosrecursos tecnológicos para otimizar racional-mente a água existente.

O aproveitamento racional da irrigação

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O aumento da área irrigada na citricultura brasileira resultará em melhores produtividades

7Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

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IRRIGAÇÃO

está muito ligado à redução da lâmina deaplicação e ao balanço hídrico, sendo aindapouco explorado o incremento da quimiga-quimiga-quimiga-quimiga-quimiga-ção.ção.ção.ção.ção.

A quimigação é a aplicação de produtosquímicos e biológicos via irrigação. Esta téc-nica teve início no século passado, na déca-da dos anos 60 nos EUA - Estados Unidos daAmérica, através da aplicação via pivô cen-tral de inseticidas, tais como o azinphos-methyl e o carbaryl entre outros; e no Brasil,na década de 80, através da aplicação depiretróides e de chlorpyryphos. Neste moda-lidade de aplicação o volume de calda utili-zado passa dos tradicionais 200 a 300 litros/ha, para 25 mil a 140 mil litros/ha, via pivôcentral. Nos anos 90 no Brasil com a adoçãoda irrigação localizada deu-se início à apli-cação conjunta de fertilizantes ou fertirriga-ção.

Os produtos a serem utilizados na qui-migação apresentam características especí-ficas. Entre elas: baixa solubilidade, alta es-tabilidade em água, reatividade, alta concen-tração, baixa volatibilidade, alta solubilida-de em solventes orgânicos, características de

tipo de atuação, estar isento de impurezas,apresentar classe toxicológica adequada e de-vem ser registrados para esta finalidade.

O sucesso da quimigação esta relaciona-do a vários fatores, sendo a eficiência dossistemas de injeção e irrigação, um dos prin-cipais. Como a maior parte da área irrigadana citricultura é feita por gotejamento - comtendências a que este sistema predominecada vez mais quanto a seu emprego devidoao melhor aproveitamento da água, origi-na-se disso a vantagem da alta eficiência deirrigação favorecendo a utilização da quimi-gação.

O maior fator de risco apresentado pelaquimigação relaciona-se à preservação domeio ambiente, sendo que para aumentar asegurança deve-se ter um sistema de injeçãobem projetado e eficiente, o que não signifi-ca utilizar equipamentos sofisticados e ca-ros, mas sim equipamentos simples, funcio-nais, precisos e seguros. Nunca deve-se utili-zar aplicação via pressão negativa, semprefazendo uso de bombas dosadoras, boostersou injetores com pressão positiva e com boaprecisão de injeção, prevendo riscos de re-

Danilo José FDanilo José FDanilo José FDanilo José FDanilo José Fanelli Luchiarianelli Luchiarianelli Luchiarianelli Luchiarianelli Luchiari GTACC/Brasil Ambiental

[email protected]

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8 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

fluxo através da utilização de “válvulas de re-tenção” e prevenindo-se contra os riscos dederiva em sistemas de aspersão e micro as-persão, de contaminação do solo, aqüíferoe ar, evitando contaminação da fauna, da flo-ra e principalmente dos homens. Adotando-se as normas de seguranças necessárias, aquimigação torna-se aliada na preservaçãodo meio ambiente e na proteção à exposi-ção dos operadores.

As vantagens adicionais proporcionadaspela quimigação são: alta produtividade, me-lhor aproveitamento do produto, permitemaior número de aplicações, menor perda,consegue aproveitar melhor o momento emque o período fisiológico está apto para apli-cação, parcelamento e até redução de dosa-gem do produto, menor custo de aplicaçãoe, bem controlada, possibilita menores ris-cos de contaminação do operador e do meioambiente. Quanto às desvantagens, proble-mas com qualidade da água, pH, evapora-ção e deriva pelo vento, escoamento super-ficial, percolação, sendo passível de riscosambientais.

Em curto prazo de tempo a quimigaçãodeixará sua aplicação, hoje quase que exclu-sivamente limitada à fertirrigação com for-mulações convencionais e produtos para lim-peza de sistemas localizados, passando a uti-lizar produtos mais nobres tanto na nutri-ção, como na correção de solo e através douso de inseticidas sistêmicos.

Para profissionalizar constantemente a ci-tricultura tem-se que aproveitar cada vezmais os benefícios positivos de todas as vari-áveis técnicas de equipamentos, insumos emão de obra, envolvidas no setor produtivo.

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No México, a irrigação localizada otimiza a produção de mudas

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A fertirrigação exemplifica o melhor uso para a irrigação

Com otempo, aquimigaçãoserá oveículo paraprodutosmais nobres

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10 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

ADENSAMENTO

Adensar para melhorar a produtividadeO artigo interpreta o adensamento como forma de melhorar a produtividade do pomar, além de

promover o retorno antecipado do investimento e viabilizar a continuidade na citricultura.

A citricultura vem de tempos em tempossendo surpreendida por uma nova pra-ga ou anomalia, e sempre quando ocor-

rem estas surpresas temos como resultado oaumento do custo em uma cultura que játem custos operacionais elevadíssimos.

Com isto a busca pelo aumento de pro-dutividade que deveria passar somente pornovas tecnologias passa também pelo aden-samento, ou seja, o aumento do número deplantas por hectare. As variedades utilizadaspara a indústria se mantiveram as mesmasnos últimos 30 anos. Desta maneira, procu-ra-se obter aumento de produtividade deoutras formas para promover um salto tec-nológico na cultura a fim de garantir a so-brevivência do citricultor na atividade.

A descapitalização do citricultor nos últi-mos anos, de certo modo exige que o mes-mo tenha como meta o retorno do capitalinvestido e do seu lucro no menor espaço detempo possível.

Estudos de viabilidade econômica paracitricultura, observam que o menor tempoencontrado para que se obtenha o retornodo capital investido mais o lucro médio anu-al que o mesmo deve receber, é de 10 anos.Ou seja, um produtor deve ficar com a suacultura no mínimo 10 anos. Caso necessitesair antes desta data dificilmente terá conse-guido obter de volta o capital investido, alémde lucrar pelo número de anos que nela per-maneceu.

Assim, recomendo para nossos clientesque utilizem o período de 10 anos nos seusprojetos de viabilidade, como o tempo míni-mo para obtenção do lucro mais o retornodo capital investido, que de forma nenhumasignifica que o projeto irá durar somente estetempo.

Para que se atinja a meta acima toma-secomo mudança principal o espaçamentocomo técnica para aumento de produtivida-de principalmente nos primeiros 10 anos,além logicamente da utilização de tratosculturais adequados e até mesmo de irriga-ção.

O uso do adensamento nos traz, comotoda mudança, vantagens e desvantagenscom relação ao manejo da cultura e às téc-nicas aplicadas, principalmente quando di-vidimos o adensamento: de linha e de plan-tas.

No adensamento entre as linhas nos obri-gamos a podar mais cedo do que nos po-mares plantados em espaçamentos conven-cionais, além de exigir maior conhecimentoa nível das combinações de porta-enxertos e

Lean

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A sobrevivência da citricultura necessita de novos índices de produtividade

copas, bem como maior conhecimento daregião geográfica de plantio. O ganho deplantas por hectare quando adensamos en-tre linhas é pequeno em relação ao adensa-mento entre plantas.

Enfim, o adensamento entre linhas tam-bém exige do produtor um maior desafio tec-nológico para condução do pomar, recomen-dando-se assim, que no início do processo oprodutor seja mais cauteloso e modesto como adensamento entre linhas.

No caso do adensamento entre plantasconsidero que as exigências quanto às técni-cas sejam menores, isto porque se utilizar-mos os espaçamentos convencionais entrelinhas o espaçamento entre plantas não temexigido nenhuma dificuldade de conduçãoe tem levado a ótimos resultados com rela-ção à produção.

O ganho de números de plantas por hec-tare em pomares adensados entre plantas émaior visto que podemos aproximar mais asplantas sem criar grandes dificuldades de

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11Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

ADENSAMENTO

manejo para o pomar, e o aumento de pro-dutividade pode ser constatado em traba-lhos científicos, como o ensaio feito pela Es-tação Experimental de Citricultura de Bebe-douro, em 1986, com a variedade ‘Pêra’ so-bre ‘Tangerina Cleópatra’, sem irrigação, queestá sendo conduzido até a data atual. Natabela 1 podemos observar os diferenciaisde produtividade quando alteramos somen-te o espaço entre plantas.

A grande questão que se observa no cam-po é com relação ao tempo que os pomaresadensados e não adensados levam para igua-lar a produção o que pelo que podemosobservar no experimento ocorre mais oumenos no 14º anos após o plantio, deven-do-se isto, a meu ver, ao momento que to-dos os espaçamentos estão como se fossem“em renque”. O mesmo motivo (das plantasestarem em renque), considera-se a causa

dos espaçamentos mais adensados teremprodutividades maiores.

Com relação ao estudo de viabilidadeeconômica, estamos adotando um sistemade cálculo que nos leva a decidir o espaça-mento e as combinações de copa e porta-enxerto para que obtenhamos o lucro dese-jado para a cultura considerando que “nadasubstitui o lucro” quando se trata de investi-mentos.

No exemplo a seguir não consideramoso custo financeiro e trabalhamos com dóla-res (US$). E com relação ao lucro que o pro-dutor deveria obter, utilizamos a cana-de-açúcar que seria a outra opção que ele teriacom sua terra na região. Para isso, com rela-ção à lucratividade da cana-de-açúcar utili-zamos como base as melhores condiçõespara um fornecedor, obtendo um lucro mé-dio de US$ 1.000,00/ha/ano, em 5 ciclos ou

seja, no período de 6 anos.O valor do lucro médio utilizado poderá

ser considerado exagerado para algumas re-giões, mas para efeito de projeto de viabili-dade deve ser utilizado para que não se te-nha surpresas no futuro como o de não sealcançar a meta.

Com isto obtivemos a tabela 2 baseadaem experiências de campo e números de es-timativas que nos fornece a produtividademédia de 10 anos conforme segue.

Observe que as produtividades até o 5ºano têm os mesmos valores em caixas/plan-ta, sendo que somente a partir daí passa-mos a estimar valores diferentes. Vale lem-brar que a tabela abaixo é uma tabela deestimativas para cálculo do projeto.

De posse da estimativa da produtividademédia obtida nos primeiros 10 anos temosque obter os custos de implantação e con-

TTTTTabela 2 - Produtividade média de 10 anos em função do espaçamentoabela 2 - Produtividade média de 10 anos em função do espaçamentoabela 2 - Produtividade média de 10 anos em função do espaçamentoabela 2 - Produtividade média de 10 anos em função do espaçamentoabela 2 - Produtividade média de 10 anos em função do espaçamento

TTTTTabela 1 - Produtividades médias com a variedade ´Pêra´ sobre ´Tabela 1 - Produtividades médias com a variedade ´Pêra´ sobre ´Tabela 1 - Produtividades médias com a variedade ´Pêra´ sobre ´Tabela 1 - Produtividades médias com a variedade ´Pêra´ sobre ´Tabela 1 - Produtividades médias com a variedade ´Pêra´ sobre ´Tangerina Cleópatra´, sem irrigaçãoangerina Cleópatra´, sem irrigaçãoangerina Cleópatra´, sem irrigaçãoangerina Cleópatra´, sem irrigaçãoangerina Cleópatra´, sem irrigação

EECB - Stuchi

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12 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

dução de cada projeto para podermos anali-sar a viabilidade econômica da implantação.

A planilha seguinte (tabela 3) utiliza-separa estimar despesas com plantio e condu-ção do 1º ao 10º ano. Assim, o que se con-sidera plantio são as despesas até o coroa-mento da muda plantada.

O custo do 4º ao 10º ano consideramosem torno de US$ 1.340,00/ha, sem conside-rar colheita e imaginando um pomar sem ir-rigação.

Podemos observar ao final da tabela ocusto médio por ha de acordo com cada es-paçamento o que nos mostra a diferença deinvestimentos com relação aos diversos es-paçamentos.

Na tabela 4 temos a análise de todos osnúmeros acima para que tenhamos condi-ções de decidir sobre os espaçamentos deplantio para obtermos os ganhos e atingir ameta de lucro desejada.

Dividindo-se a meta de lucro de US$1.000,00/ha, pela produtividade média, ob-tém-se o COP - Custo de Oportunidade (a),,,,,que seria o lucro por caixa que o produtorterá de como meta para cada espaçamento.

ADENSAMENTO

Com relação ao custo de colheita (b), utiliza-mos o valor de US$ 1,00/cx, visto que ocor-rem diversas variações de acordo com regiãoe a disponibilidade de mão de obra.

Quando somamos o custo de colheita (b),mais o custo de investimento e o custo ope-racional para condução do pomar (c), temoso custo da caixa de laranja e se somarmosao lucro que temos como meta (a), temos ovalor que devemos obter da venda da caixade laranja em média de 10 anos.

Alguns podem interpretar que a visão de10 anos do projeto seja um tempo curto, mashoje, o recomendo aos nossos clientes, poissomente assim poderão ter, eventualmente,a partir do décimo ano, a segurança em sairda atividade com lucro. Como já explanado,o projeto não necessariamente terá duraçãode 10 anos, podendo durar o tempo em quea condição fitossanitária e o manejo de podapermitirem.

Como considerações gerais gostaria deexpor que não se deve considerar nenhummodelo para citricultura e que para cada casotemos particularidades e custos diferencia-dos, bem como metas totalmente divergen-

tes. Algo de grande importância é que o pro-dutor busque orientação com profissionaiscompetentes de sua região para que come-ta o menor número de erros possíveis aocomeçar um projeto.

A mudança para os plantios adensadoscertamente trará aumento de produtivida-de - o que já se observa no campo, e junta-mente com isto, novos desafios no manejoda cultura. Uma frase de Henry S. Comma-ger, que sempre utilizo é: “a mudança não“a mudança não“a mudança não“a mudança não“a mudança nãoassegura necessariamente progresso, masassegura necessariamente progresso, masassegura necessariamente progresso, masassegura necessariamente progresso, masassegura necessariamente progresso, maso progresso implacavelmente requer mu-o progresso implacavelmente requer mu-o progresso implacavelmente requer mu-o progresso implacavelmente requer mu-o progresso implacavelmente requer mu-dança”. dança”. dança”. dança”. dança”. A citricultura para sua sobrevivên-cia necessita de novos índices de produtivi-dade e para isto tem de aceitar novos desa-fios.

TTTTTabela 3 - Custo médio de projeto sem irrigação (US$ por ha)abela 3 - Custo médio de projeto sem irrigação (US$ por ha)abela 3 - Custo médio de projeto sem irrigação (US$ por ha)abela 3 - Custo médio de projeto sem irrigação (US$ por ha)abela 3 - Custo médio de projeto sem irrigação (US$ por ha)

Leandro Aparecido FLeandro Aparecido FLeandro Aparecido FLeandro Aparecido FLeandro Aparecido Fukudaukudaukudaukudaukuda Consultor FARM/GTACC

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TTTTTabela 4 - Pabela 4 - Pabela 4 - Pabela 4 - Pabela 4 - Panorama médio de 10 anos para tomada de decisãoanorama médio de 10 anos para tomada de decisãoanorama médio de 10 anos para tomada de decisãoanorama médio de 10 anos para tomada de decisãoanorama médio de 10 anos para tomada de decisão

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14 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

FISIOLOGIA

O momento em que se define a produçãoA indução das gemas sofre a influência de inúmeros fatores, o que provoca situações inusitadas a cada ano,

revelando-se contudo, um momento importante e pouco explorado para a produção de safras maiores

A intenção deste artigo é chamar a aten-ção do citricultor para uma ocorrênciapouco conhecida, que tem uma influ-

ência significativa sobre a produção dos po-mares de laranjeiras.

Sem que se possa identificar o momentoexato em que acontece, porque não provo-ca modificações morfológicas nas gemas, aindução indução indução indução indução deve ocorrer, de acordo com a lite-ratura especializada, cerca de três semanasantes da evocaçãoevocaçãoevocaçãoevocaçãoevocação.

A evocação pode ser caracterizada a par-tir do instante em que aumentam as con-centrações de RNA nas células da gema, iden-tificada a nível microscópico com o uso decorantes químicos, havendo a partir daí, oinício da multiplicação de células que daráorigem a um broto floral ou vegetativo, porocasião da diferenciaçãodiferenciaçãodiferenciaçãodiferenciaçãodiferenciação.

A indução e a evocação, são fases queantecedem a diferenciação, onde as gemasjá induzidas se transformarão em flores oufolhas, imediatamente antes do momentoem que já se conseguirá perceber a brota-ção, por ocasião da florada.Além disso, tratando-se de citros, é muitoimportante lembrar que as condições climá-ticas são preponderantes na determinaçãodas safras. Assim, para a obtenção de boasproduções deve-se ter boas induções e isso

acontece quando as plantas são adubadasna hora certa, equilibradamente e sob con-dições apropriadas de temperatura.

O momento da indução revela-se como“chave” na performance produtiva da árvo-re, mas acaba sempre em “segundo plano”em relação ao estresse hídricoestresse hídricoestresse hídricoestresse hídricoestresse hídrico, que é o in-tervalo em que a planta deverá ficar sem re-ceber água (entre 20 e 60 dias, segundo vá-rios trabalhos científicos), imediatamenteantes da florada e que terá influência diretana quantidade de flores emitidas.

Mas sobre esse último assunto – estressehídrico - existe uma interpretação distorcidasobre sua função, particularmente por partedos irrigantes. Não parece que seja verda-deiro o simples pensamento de que “as flo-res sejam criadas na medida em que o es-tresse hídrico tiver um maior período de du-ração”. Se essa teoria fosse correta, ela, porsi só, não explicaria a ocorrência das florestemporãs, uma vez que não se têm prolon-gados intervalos de seca durante os mesesde verão, quando normalmente as tempo-rãs ocorrem.

Suponho, diferente do que comumentese imagina, que o período em que a plantapassa sob um regime de estresse hídrico nãoé suficiente para “criar” as flores, mas influ-encia diretamente sua diferenciação. Ou seja,

instituída a informação para a criação de umacerta quantidade de brotos durante a indu-ção, a posterior transformação e diferencia-ção desses brotos em flor ou em folha serábaseada na quantidade de dias do períodode estresse hídrico. A indução pode ser com-parada a um programa responsável por es-tabelecer o número final de brotações quecada gema de cada ramo poderá ter na pri-mavera, desde que antes de sua emissão hajaum período adequado de estresse hídrico.

Assim, considerando que a indução devaocorrer em um certo instante entre o finaldo outono e meados do inverno, é de seimaginar que temperaturas muito elevadaspossam prejudicar esse evento.

Pois bem, conclui-se que árvores sob umregime de temperaturas amenas, e em con-dições nutricionais equilibradas capaz de su-portar o desgaste energético que representatodo o processo floral, venham a ter umaboa indução e, caso haja um adequado pe-ríodo de estresse hídrico, terão a emissão deuma grande florada no início da primavera,após aproximadamente um mês da quebradesse estresse através de chuva ou irrigação,desde que haja uma certa elevação da tem-peratura, o que poderá retardar ou adiantaro florescimento.

Algumas perguntasAlgumas perguntasAlgumas perguntasAlgumas perguntasAlgumas perguntas

Mesmo considerando que a indução te-nha sido boa, o que deverá ocorrer em umano em que o período de estresse hídricofor pequeno ou insuficiente?

Caso a “programação” da brotação dasgemas tenha sido boa, com a falta de es-tresse hídrico deverá acontecer uma primei-ra florada pequena, resultando disso umagrande quantidade de flores temporãs a se-rem emitidas por ocasião do final de um pró-ximo período de estiagem. Este novo perío-do de estresse hídrico não necessita ser umintervalo de dias maior do que aquele queantecedeu a primeira florada, já que na me-dida em que se aproxima o verão decresce aexigência das gemas em termos de necessi-dade de estresse hídrico para brotar.

Até quanto tempo depois da indução umramo terá a capacidade de brotar e “soltar”temporãs ? Por um ano. Após esse período,nos chamados ramos mais grossos, cairábastante a quantidade de brotação.E, ao contrário, quando as condições induti-vas não tiveram sido boas, mas o período deestresse hídrico for suficiente, o que aconte-ce?

Flor característica de laranjeira: órgãos ocorrem em número múltiplo de cinco

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15Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

FISIOLOGIA

Acontece aquilo que sucedeu na floradade 2002, quando as temperaturas médiasdos meses de abril, maio e junho, foram 2ºCacima da média dos 25 anos anteriores, pre-judicando a indução, mas, posteriormente,ocorrendo um acentuado período de estres-se hídrico no meio do ano.

O resultado foi uma florada irregular, compredominância de brotações apenas de fo-lhas, com pequena ocorrência de flores, ra-quíticas, com quatro pétalas (ao invés de cin-co, como é normal) e sem o seu perfumenatural. Esse quadro “derrubou” em 50 mi-lhões de caixas a safra paulista de 2003. E oque foi pior: sem que houvesse uma com-pensatória formação de temporãs para re-compor a falta de produção. Na época aqueda de produção foi explicada pelo exces-so de calor, que mesmo em áreas irrigadasmotivou a caída de chumbinhos e da produ-ção.

Os administradores mais observadorescontestaram essa última explicação, uma vezque naquele ano nem as abelhas procura-ram as flores. A própria indústria compro-vou a pequena florada daquela primavera,registrando também a falta de significativasfloradas subseqüentes em ramos marcadosdistribuídos pelos pomares de todo o esta-do de São Paulo.

Outra ocorrência diferente e mais recen-

Décio JoaquimDécio JoaquimDécio JoaquimDécio JoaquimDécio JoaquimConsultor Campo/[email protected]

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te chamou a atenção e se passou na floradade 2004. O verão e o outono haviam sidofrescos. Ótima condição para excelente in-dução. Houve a ocorrência porém, de muitachuva nos meses de junho e julho, provo-cando um insuficiente estresse hídrico na-quele ano. A primeira florada foi emitidacedo. Poucas flores, precedidas por um ve-ranico de três meses. O pegamento foi bai-xo, dando a impressão de uma safra limita-da, o que foi desfeita após o recomeço daschuvas no final do ano, provocando até abrilde 2005 mais duas ou três grandes emissõesde temporãs. Naquele ano, até na variedade‘Hamlin’ houve produção de temporãs, com-provando a excelente indução ocorrida nooutono de 2004 e relacionando os fatos:muita indução + estresse insuficiente = tem-porãs.

PPPPPesquisaesquisaesquisaesquisaesquisa

Recentemente, pesquisadores da Universi-dade Federal de Lavras, MG, determinaram omomento em que ocorreu a evocação em va-riedades como ‘Pêra’ e ‘Poncã’ naquelas con-dições geográficas e obtiveram como resulta-do meados a final de julho, portanto, com aindução em final de junho a início de julho.

Faço a seguinte pergunta: será que o es-paço de tempo (3 semanas) determinado

Seqüência de fotos do meristema em três momentos diferentesSeqüência de fotos do meristema em três momentos diferentesSeqüência de fotos do meristema em três momentos diferentesSeqüência de fotos do meristema em três momentos diferentesSeqüência de fotos do meristema em três momentos diferentes

através de bibliografia em condições parti-culares do hemisfério norte, não seria dife-rente em outras condições? O frio, por exem-plo, poderia ser um fator de condicionamen-to desse intervalo de tempo?

Lembrando que a presença do ácido gi-berélico inibe a diferenciação de flores, façoduas observações. A primeira, diz respeito aprodutores de ‘Poncã’ que sabem que se de-morarem muito a aplicar o ácido para retar-darem a maturação da casca da tangerina,correm o risco de ficarem sem flores na pri-mavera seguinte. A segunda, da mesma ma-neira, quando se retarda demais a colheitade uma variedade tardia, como a ‘Natal’, porexemplo, que tem bastante concentração deácido giberélico através da quantidade desementes, ocorre uma diminuição da próxi-ma florada.

Pergunto: a explicação desses casos po-deria ser devido à proximidade que ambosos casos tiveram entre as concentrações maisaltas de ácido giberélico

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Sem alteração morfológica Evocação: concentração de RNA Sépalas bem definidas

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16 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

MANEJO

Citricultura regeneradora de soloA matéria orgânica gerada a partir do cultivo de uma gramínea nas entre-linhas da cultura de citros,

propicia equilíbrio e alterações benéficas à química do solo.

Todo bom agricultor sabe que o seu bemmaior é o solo. Podemos fazer uma ex-ploração agrícola sem ter problemas com

erosão ou degenerar o solo. O que estamospropondo é, justamente, a conservação dosolo ou ainda mais, como tem acontecidona prática, sua melhora , tendo boas colhei-tas sem danificá-lo ou agredi-lo.

Com a falta de energia no mundo a cul-tura da cana-de-açúcar está crescendo emmuitos estados, como São Paulo e Paraná. Omelhor manejo de solo para esta cultura, atéo momento, trabalha muito com o solo, de-sagregando e expondo o mesmo às variasformas de erosão, além de queimadas, cau-sando danos que só o tempo dirá o que podeacontecer. O resgate da fertilidade nestesmanejos não nos parece tarefa muito fácil.Muitos donos de terras, produtores ou sim-plesmente arrendatários de suas terras, de-veriam ficar atentos a estes fatos, pois nofuturo suas terras poderão não ter a mesmafertilidade.

Com o passar do tempo, trabalhando nacitricultura, conseguimos adequar várias for-mas de manejo para preservar e conservar osolo. Após uma boa análise de solo e tam-bém da folha das laranjeiras, retornaremosao solo o que dele foi exportado. Escolhe-mos uma cultura intercalar para termoscomo cultura parceira nas entrelinhas doscitros e com um bom manejo de palhada,usando roçadeiras que deslocam o mato edepositam em baixo da saia das laranjeiras,reciclamos nosso solo, pois assim, o mesmoreceberá um fornecimento contínuo de ca-madas de matéria orgânica de qualidade quevão sendo depositadas, uma sobre a outra,acontecendo então, com o passar dos anos,um retorno da fertilidade, de modo bemmenos agressivo.

Não devemos deixar o solo exposto aosol e à chuva diretamente. A natureza nosensina, como nas florestas, a ter uma co-bertura vegetal que impeça que a chuva caiadiretamente sobre o solo e, assim também,que o sol o aqueça em demasia. Em umalavoura comercial de citros, além da cober-tura promovida pelas próprias plantas dacultura, não podemos esquecer que temosum espaço entre as linhas de plantio quepode e deve ser ocupado por uma gramí-nea, por exemplo.

Seria muito interessante podermos pro-duzir laranja com nenhum ou então, compouco adubo químico, porém “essa contanão fecha”. Para não exaurimos nosso solo

somos obrigados a fazer as reposições, quedevem ocorrer de maneira equilibrada.

É sabido que quando adicionamos adu-bação nitrogenada ao sistema produtivo es-tamos promovendo uma acidificação no solodo mesmo, mas não podemos deixar de co-locar o nitrogênio. Então, como proceder ?Este tem sido um dos principais problemasem nossa citricultura. Algumas correntes nãoadmitem colocar o nitrogênio, enquantooutras o colocam sem critério, causando sé-rios desequilíbrios. A matéria orgânica pro-duzida na entre-linha de citros, quando bemmanejada, diminui este desequilíbrio.

As adubações químicas em lavouras es-tabelecidas devem ocorrer em área total; nãosó as laranjeiras receberão o adubo, mas todoo sistema. Com este manejo teremos ummaior volume de gramínea produzido naentre-linha, que irá auxiliar na reciclagem dosnutrientes deste solo.

A correção do solo com calcárioA correção do solo com calcárioA correção do solo com calcárioA correção do solo com calcárioA correção do solo com calcário

Outro ponto importante diz respeito àscorreções da acidez do solo, com calcário. Apergunta é: como vou corrigir o solo comcalcário sem entrar com um equipamento,como grade ou arado para incorporar omesmo, em uma cultura estabelecida como

citros ? A resposta está nas raízes das plan-tas intercalares que vão nos auxiliar nestemanejo. Quando colocamos o calcário emum solo sem cobertura vegetal, este solo nãoconsegue incorporar o calcário em profun-didade, sem o auxílio de equipamentos ade-quados. Porém, usando as técnicas do plan-tio direto, sabemos que um solo com umaboa cobertura vegetal e acúmulo de resídu-os em sua superfície, tem aumentado o pHda sua solução, propiciando a correção dosteores de cálcio e magnésio em profundida-de, alèm de outros benefícios, como o au-mento de Potássio, de Fòsforo, Carbono Or-gânico, melhorando a estabilidade dos agre-gados do solo, provocando maior retençãode água, com conseqüente diminuição doAlumínio. Com o maior quantidade de ma-terial orgânico adicionada a superfície do soloo escorrimento de água não ocorre e o solotorna-se mais rico em vida.

Plantio de laranja em faixaPlantio de laranja em faixaPlantio de laranja em faixaPlantio de laranja em faixaPlantio de laranja em faixa

O plantio de uma lavoura de laranja podeser feito usando-se as técnicas do plantiodireto. Com elas, estaremos conservando osolo desde o inicio. O primeiro ponto é esta-belecer a escolha de uma gramínea em áreatotal, onde iremos plantar o pomar. Lembra-

Solo regenerado, raízes abundantes: excelentes produtividades

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18 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

mos que hoje para termos uma citriculturacompetitiva, o adensamento de plantio éuma técnica a ser usada como forma demelhorar a competitividade da cultura. Po-rém, trata-se de uma lavoura tecnificada eexigente, e o solo deve ser bem preparadopara receber esta lavoura. A técnica consisteem deixar o solo totalmente coberto comuma gramínea e trabalhar apenas as faixasde plantio. Deve-se lembrar que com o plan-tio adensado o conveniente é ter um terrenobem regular, sem curvas de nível muito altasou ondulações que no futuro irão prejudicaras podas e as pulverizações que irão aconte-cer sistematicamente.

A faixa de plantio deve ser totalmente cor-rigida em Fósforo, micronutrientes, calcário,matéria orgânica (esterco de gado, de fran-go, poedeira, torta de filtro ou outro materi-al). Trabalha-se toda a faixa com equipamen-to pesado para as devidas correções e incor-poração dos matérias, uma vez que prova-velmente, será a única vez que se usará equi-pamento pesado em nosso manejo. Depois,abre-se o sulco, coloca-se a matéria orgâni-ca onde irá ficar a muda, e efetua-se o plan-tio. O terreno fica com as linhas de plantiotrabalhadas e as entrelinhas ficam totalmentecobertas com a gramínea eleita para culturaintercalar.

Com esta técnica, observamos uma eco-nomia no momento da implantação da la-voura de citros, e como temos uma abun-dância de material orgânico sendo maneja-do desde o início, o solo não perde água comfacilidade e as irrigações para o pegamentodas mudas serão reduzidas. Os volumes depalha produzidos podem ser uma grata sur-presa para quem for efetuar esta técnica ecaso tudo ocorra de uma maneira adequa-da, o volume de material roçado se tornarámuito grande, podendo chegar a 17 tone-

ladas por hectare de matéria seca, e comodevemos deslocá-lo para a linha de plantiode citros, forma-se uma camada de palhadesde o início, que irá manter o solo prote-gido contra a erosão. Então, não podemosdemorar para efetuar o manejo da roçada,e lembrando-se que temos que proteger osolo o mais rápido possível, logo teremosuma nova roçada e assim sucessivamente,quando notar que a primeira palhada come-çar a diminuir com o tempo (relação C/N -Carbono/Nitrogênio, entre 20 ou 30), já estána hora de efetuarmos uma nova roçada .

As lavouras que recebem esta técnicadesde o início têm um volume de raízes mui-to maior que o tratamento convencional, istoé fácil de explicar pois onde se tem maismatéria orgânica, com certeza se tem maisraízes, não só na superfície do solo mais emtodo o perfil. Este acúmulo de matéria orgâ-nica no solo é o aspecto mais importante,que ajuda a melhorar a produtividade dosolo, devido à sua alta contribuição (80–90%)para a CTC - Capacidade de Troca de Cáti-ons, dos solos do Paraná.

O exemplo do PO exemplo do PO exemplo do PO exemplo do PO exemplo do Potássiootássiootássiootássiootássio

Este elemento tem mostrado uma gran-de importância quando analisado no siste-ma proposto, pois é um elemento caro. So-los inorgânicos perdem este elemento facil-mente por lixiviação. Quando fertilizamos ossolo inorgânicos e, logo em seguida, ocorreuma boa chuva (entre 30 a 50 milímetros,ou mais), o solo não tem como segurar esteelemento e, simplesmente, ele desce, fican-do fora do alcance das raízes. Notamos quecom auxílio de análises químicas de solo,além de análises foliares, este elemento apa-rece sempre em proporções maiores, do quequando comparado aos cultivos convencio-

MANEJO

nais, os compostos orgânicos de solos bemmanejados aumentam o Potássio na solução,pois com a mineralização dos resíduos vege-tais os cátions são liberados na solução nasformas inorgânicas podendo ser absorvidosnovamente pelas raízes ou adsorvidos às car-gas negativas do solo dependente de pH.Com a menor lixiviação que ocorre neste sis-tema, existe um maior acúmulo do elemen-to na solução do solo, sendo que outros ele-mentos como o Cálcio e o Magnésio, têm omesmo comportamento.

O exemplo do FósforoO exemplo do FósforoO exemplo do FósforoO exemplo do FósforoO exemplo do Fósforo

Outro elemento que merece um estudonesta nova proposta, sem dúvida, é o Fósfo-ro. Não significa que pelo fato de adubar-mos nosso solo com fósforo ele deva seraproveitado pela planta alvo, uma vez quetrata-se de um elemento que sofre muito comas reações do solo e podemos não aprovei-tar todo o potencial do elemento. Ao pre-paramos o solo com todas as vantagens dobom manejo, o aproveitamento do fósforocolocado no sistema através das fertilizaçõesvai ser maior. A matéria orgânica manejadavai aumentar o ph do solo, diminuindo aconcentração de Ferro e Alumínio e comoconseqüência, a fixação do Fósforo. A dis-ponibilidade de Fósforo é maior em um sis-tema orgânico, quando comparado a um sis-tema inorgânico , e isto ocorre na prática.

ConclusãoConclusãoConclusãoConclusãoConclusão

Com o avanço tecnológico na cultura dalaranja, tanto aquela irrigada, quanto a con-vencional, não podemos cometer erros. Comum bom manejo de palhada , estamos tra-balhando com conservação de solo e reci-clagem de nutriente, tornando o custo deprodução mais barato, não esquecendo queas gramíneas têm em sua composição ele-mentos como Nitrogênio, Fósforo, Cálcio,Magnésio, Silício, etc.

Outro ponto importante se prende aofato de que ocorre uma mudança muitogrande na química do solo, através do ma-nejo aqui proposto. Não devemos nos aterapenas à química inorgânica, a química or-gânica deve ser melhor estudada para os es-clarecimentos dos benefícios que ainda nãoconhecemos relacionados à este manejo con-servador de solo.

Marco VMarco VMarco VMarco VMarco Valério Ribeiroalério Ribeiroalério Ribeiroalério Ribeiroalério RibeiroConsultor Unicampo/GTACC

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Visão geral do preparo de solo em faixas para plantio de citros

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19Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

Produção de mudas em ambiente protegidoUma descrição do sistema protegido de produção de mudas no estado de São Paulo, referência

internacional no que concerne à qualidade da muda cítrica padrão.

VIVEIROS

Com a introdução da doença CVC – Clo-rose Variegada dos Citros, conhecidacomo Amarelinho, na década de 80 do

século passado, o setor se mobilizou e des-cobriu que se tratava de uma doença trans-mitida por um vetor e que algo teria que serfeito para dar proteção às mudas devido àvulnerabilidade pela exposição aos agentestransmissores.

Na década de 90, mais precisamente em1998, iniciaram-se os primeiros estudos paramudar o sistema de produção de mudas cí-tricas de ambiente aberto para ambiente pro-tegido.

Em 1999 a Secretaria da Agricultura eAbastecimento do Estado de São Paulo de-cidiu estabelecer normas de medidas de de-fesa sanitária vegetal, certificadas de confor-midade fitossanitária, aplicáveis às mudascítricas para o estado, editando três novasregras que foram seguidas pelos viveiristas apartir de 2000.

Viveiros que não atenderam as novas es-pecificações dentro dos prazos, tiveram suasmudas erradicadas.

Artigo 1 - A partir de 1º de julho de 2000as sementeiras para produção de porta- en-xertos de citros, somente puderam ser insta-ladas em ambiente telado a prova de afíde-os (insetos).

Artigo 2 - A partir de 1º de janeiro de2001 só foram registrados viveiros para aprodução de mudas cítricas, instalados emambientes telados a prova de afídeos.

Parágrafo único: os porta-enxertos, utili-zados nos viveiros a que se referem este arti-go, deveriam obrigatoriamente ser proveni-entes de instalações teladas a prova de afí-deos.

Artigo 3 - A partir de 1º de janeiro de2003 ficou proibido em todo o território doestado de São Paulo, o comércio e o trans-porte de porta enxertos e mudas cítricas pro-duzidos em viveiro sem proteção anti-afídi-ca.

A transição de viveiro aberto para teladofoi extremamente dificultosa devido a nãoaceitação por parte dos viveiristas daquelaépoca, porque detinham a tradição e o co-nhecimento específico e eram muitos, apro-ximadamente 2200 viveiros, distribuídos numraio de 400 km.

Os inúmeros viveiros existentes, numaextensa distribuição geográfica, associada àfalta de informação momentânea, levou aSecretaria da Agricultura e Abastecimento doEstado de São Paulo, em conjunto com oFundecitrus, a criar uma equipe própria deinspeção e de orientação para conscientizare proporcionar o entendimento da importân-cia da mudança do segmento produtivo.

Foi por uma necessidade fitossanitáriaque o processo de erradicação dos viveirosirregulares e a introdução e ampliação deviveiros em ambiente protegido teve seu iní-cio.

Tenho que enaltecer a valorização dosviveiristas da época, que sem acompanha-mento e assistência técnica específica, sou-beram colocar na ponta do canivete o mate-rial disponível, conduzindo a atividade atéos dias da mudança.

Atualmente com a participação da pes-quisa e do segmento produtivo de mudascítricas, acredito que a grande maioria dos517 viveiristas existentes tenha entendido anecessidade de mudança e a importância queos viveiros protegidos representam para o

setor citrícola, quanto à qualidade, sanida-de e longevidade das plantas. É importanteressaltar que o estado de São Paulo tornou-se referência mundial no que se concerne àprodução de mudas cítricas, produzindo amelhor muda do mundo. Porém ainda ve-mos alguns exemplos de viveiristas que paratirar algum proveito indevido, driblam deforma ilegal o sistema, que duramente foracriado e bem elaborado pela Secretaria deAgricultura e Abastecimento do Estado deSão Paulo, com a colaboração de várias ins-tituições, como o Fundecitrus, e de váriosprofissionais, que colaboraram com o agro-negócio de produção de mudas.

Por essa razão, recomendo ao produtorcitrícola que antes de adquirir suas mudasfaça determinadas considerações:1. Visite vários viveiros.2. Observe se existe a instalação de um Arco-Rodolúvel na entrada do viveiro.3. Verifique o comportamento do viveirista,quanto à permissão da entrada de pessoasestranhas no interior do viveiro sem a trocade roupas, calçados e pertences.4. Se existem cerca-viva e quebra-vento.5. Observe danos mecânicos em telas e plás-ticos, sem correções.6. Observe nas ante-câmaras de acesso àsinstalações a presença de sistemas de desin-festação para pés (pédilúvel), contendo Co-bre e Quatermon, além de Degersam paraas mãos.7. Exija notas fiscais da origem dos porta-enxertos e borbulhas.8. Agende visitas sistemáticas durante a for-mação das mudas.

Com a implantação dos viveiros em am-biente protegido, observou-se a redução dos

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20 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

patógenos Phytophthora, CVC e Nematóide.A redução da Phytophthora se deu pela

utilização de água de boa qualidade, subs-tratos adequados e boas condições de arma-zenamento, manutenção e suspensão deporta-enxertos e mudas em bancadas acimade 40 cm do solo e desinfestação de equipa-mentos utilizados internamente ao viveiro.

Quanto à CVC, a redução se deu pelaprodução de sementeira, porta-enxertos emudas em sistema totalmente protegido comtela e plástico, impedindo a entrada de ve-tores.

Outra consideração, é que em quase umadécada de produção em ambiente protegi-do não foi constatada a presença de Nema-tóide.

A contaminação com Cancro Cítrico, nofinal de 2005 e início de 2006, só ocorreu epoderá ocorrer novamente, pelo descumpri-mento da legislação com a utilização dematerial propagativo impróprio, sem conhe-cimento da sua origem e não tomando oscuidados sanitários já mencionados anteri-ormente.

Projeto TécnicoProjeto TécnicoProjeto TécnicoProjeto TécnicoProjeto Técnico

Todo viveiro deve ter um projeto e um res-ponsável técnico, credenciados no CREA -Conselho Regional de Engenharia, Arquite-tura e Agronomia, para todas as fases deprodução das mudas.

O projeto técnico deve conter:• Local de instalação (área).• Proteção (ante-câmara, cobertura plásticae tela lateral).• Isolamento do solo (bancadas).• Distância de no mínimo de 20 metros deplantas cítricas.• Desinfestação (Quatermon, Cobre e Deger-san).• Mureta lateral (a fim de impedir a entradade águas invasoras).

ProteçãoProteçãoProteçãoProteçãoProteção

• Cobertura deve ser de plástico de 150 mi-cra de espessura.• Bancadas suspensas a 40 cm do solo.• Corredores com largura mínima de 60 cm.

PPPPPadrão da mudaadrão da mudaadrão da mudaadrão da mudaadrão da muda

• Muda ereta.• Muda pavio ou palito, que deve ter, nomínimo, 40 cm de altura, medido a partirdo colo da planta.• Viveiro deve ser construído com muretaslaterais para fixação da tela com no mínimo50 cm de altura.

Técnicas de ProduçãoTécnicas de ProduçãoTécnicas de ProduçãoTécnicas de ProduçãoTécnicas de Produção

Coleta de frutos para retirada de semen-tes de origem conhecida, preferencialmente

das Estações Experimentais ou de camposparticulares registrados pela Secretaria deAgricultura. Este é um dos segmentos do sis-tema de produção de mudas que não evo-luiu e ainda tem-se falta de sementes, sendopor essa razão que ainda coletam-se semen-tes de origem duvidosa, no estado de SãoPaulo e em estados vizinhos.

Sugiro à Secretaria de Agricultura e Abas-tecimento do Estado de São Paulo, que in-discutivelmente exerceu e exerce um papelfundamental no desenvolvimento no setorde mudas em sistema protegido, que esta-beleça regras e prazos para adequar o novosistema quanto à instalação de Campos deProdução de Sementes, para formação deporta enxertos.

Extração de SementesExtração de SementesExtração de SementesExtração de SementesExtração de Sementes

Manual ou mecânica.Tratamento térmico a 52° C por 10 mi-

nutos com o objetivo de limpar e impedir odesenvolvimento de fungos, bactérias ououtros organismos patogênicos de mudas.

Tratamento químico com Captan 2%.

Retirada da Casca da SementeRetirada da Casca da SementeRetirada da Casca da SementeRetirada da Casca da SementeRetirada da Casca da Semente

Deve ser feito até 24 horas antes da se-meadura nos tubetes.

Para 3,0 kg de semente: deixá-las em re-pouso em água limpa durante 3 horas e de-pois colocá-las em:• 4,0 litros de água.• 1,5 litros de Cloro.• 20 ml de Ácido Muriático.• 2 colheres de Soda Cáustica.

Colocar o volume de 3,0 kg de sementesna solução descrita, mexer a cada 10 minu-tos até completar 45 minutos e posterior-mente, lavar em água corrente, misturandocom cal virgem.Vantagem: Precocidade de emergência euniformidade.

Semeadura nos tubetesSemeadura nos tubetesSemeadura nos tubetesSemeadura nos tubetesSemeadura nos tubetes

Os tubetes são previamente cheios comsubstrato, colocando-se 2 sementes por tu-bete e, depois, são cobertos com uma ca-mada fina de substrato.

Irrigar quando necessário.Tempo de germinação das sementes:

• Plantio com casca:25 – 30 dias.• Plantio sem casca: 15 dias.

TTTTTransplanteransplanteransplanteransplanteransplante

Seleção: Eliminação de híbridos e descar-te de porta-enxertos com defeito

O plantio é feito em sacolas com dimen-sões variadas: 20 cm x 35 cm, 20 cm x 40cm, 21 cm x 35 cm, 21 cm x 40 cm, 22 cmx 35 cm, 22 cm x 40cm.

Após o transplante dos porta-enxertos

são retiradas os resíduos de raízes e substra-to dos tubetes e são lavados com alta pres-são até ficarem limpos. Em seguida os tube-tes e bandejas são mergulhados em água a70° C durante 5 minutos e, posteriormente,são colocados em solução contendo 30 li-tros de água, mais 0,5 kg de Cobre, por 1hora.

BorbulheiraBorbulheiraBorbulheiraBorbulheiraBorbulheiraPlantas comprovadas, geneticamente

produtivas e certificadas pela entidade certi-ficadora (Secretaria de Agricultura e Abaste-cimento do Estado de São Paulo).

O período legal que uma planta podepermanecer no interior da borbulheira é de,no máximo, 4 anos.

Normalmente retira-se 100 borbulhas vi-áveis em 3 cortes por ano, por planta.

TTTTTratamento da Borbulharatamento da Borbulharatamento da Borbulharatamento da Borbulharatamento da BorbulhaRecomenda-se a enxertia imediatamen-

te após a retirada da borbulha ou gema, daborbulheira.

Caso seja necessário o armazenamento,este não deverá ultrapassar 60 dias.

Tratamento é feito como Captan 50%, a2%, com temperatura de 10º C.

EnxertiaEnxertiaEnxertiaEnxertiaEnxertiaDesinfestar as ferramentas utilizadas para

enxertia.Antes da enxertia é necessário fazer uma

relação de porta enxertos.Posteriormente faz-se a retirada de fo-

lhas a uma altura de 30 cm a partir do coloda planta.

É muito importante que o enxerto inicielogo após a retirada da folhas.

O enxerto é feito a aproximadamente 14cm do colo da planta.

Após a introdução da borbulha deve serfeito o amarrio e em seguida a dobra doporta-enxerto.

Época: preferencialmente nos meses commaiores temperaturas durante o ano, masesta operação pode ser realizada durantetodos os meses do ano.

Cuidado com a utilização de produtosfitotóxicos no interior do viveiro, como:• Dimetoato;• Malatol;• Roundup e 2,4-D;• E com a proximidade da localização dosviveiros em relação às culturas de cana-de-açúcar e algodão, devido à estas utilizarem-se do produto herbicida Gamit (Clomazone).

VIVEIROS

Roberto Aparecido SalvaRoberto Aparecido SalvaRoberto Aparecido SalvaRoberto Aparecido SalvaRoberto Aparecido SalvaCampo e Salva Consultorias/GTACC

[email protected]

GTA

CC

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21Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

1-Manejo do P1-Manejo do P1-Manejo do P1-Manejo do P1-Manejo do Psilídeosilídeosilídeosilídeosilídeo

A-ImportânciaO Psilídeo, Diaphorina citri, foi identifi-

cado no Brasil em 1942, mas somente em2006 passou a exigir atenção por parte doscitricultores, devido à confirmação de plan-tas com a bactéria do Greening, agora de-nominado oficialmente como HLB – Huan-gLongBing.

O inseto foi confirmado como sendo ovetor da bactéria predominante no Brasil, de-nominada cientificamente como CandidatusLiberibacter americanus, visto que até o mo-mento apenas haviam referências de litera-tura quanto à transmissão de Candidatus Li-beribacter asiaticus. As árvores afetadas apre-sentam folhas com manchas mosqueadasque resultam no desenvolvimento de brotosamarelos, caracterizando-se como o sinto-ma inicial da doença. O crescimento é para-lisado e os galhos afetados geram frutos demenor tamanho e forma assimétrica, alémde apresentarem sementes abortadas e co-loração desuniforme da casca. A ocorrênciado inseto nos pomares é maior nos períodosde intenso fluxo vegetativo associado comelevada umidade relativa do ar, pois emboraos adultos possam alimentar-se sobre folhasmaduras, são nas folhas novas, no ápice dosponteiros, que ocorrem a oviposição e o de-senvolvimento das ninfas.

As estratégias oficiais recomendadas parao manejo do HLB e de seu vetor, incluem aerradicação das plantas sintomáticas nospomares após a confirmação por testes la-boratoriais, a implantação de mudas certifi-cadas quanto à sanidade desta e de outrasdoenças e associado a estas, o manejo doinseto vetor, que inclui a amostragem do ní-vel populacional em campo e a tomada dedecisão ecológica. Recentemente foi identi-ficada a presença do parasitóide Tamarixiaradiata como agente de controle biológicodas ninfas do Psilídeo, exigindo o treinamen-to da equipe de inspetores de pragas quan-to ao correto diagnóstico em campo e dosmanejadores de pragas, quanto à necessi-dade de adotarem táticas de controle seleti-vas.

B-InspeçãoA propriedade deve ser dividida em ta-

lhões de até 2 mil plantas e, com freqüênciamáxima quinzenal, o inspetor de pragas re-aliza a inspeção em 1% das plantas de esco-lha casualizada, através de caminhamento

em zigue-zague. O profissional realizará ainspeção visual em 3 ramos com vegetaçãonova, partindo-se da identificação de ovosno ápice, ninfas e adultos do Psilídeo nasfolhas em desenvolvimento, além de ninfasparasitadas pelo T. radiata. O ramo é consi-derado infestado quando apresentar qual-quer fase de desenvolvimento do Psilídeo,procedendo-se ao preenchimento da fichade campo com valores entre 0 (nenhum ramoinfestado) e o valor máximo de 3 (todos osramos inspecionados com a presença da pra-ga). O mesmo é válido para a quantificaçãodo agente de controle biológico. A presençado parasitóide faz com que as ninfas do Psi-lídeo tornem-se escuras e mumificadas. Ha-vendo dúvidas a respeito da ação do parasi-tóide, as ninfas devem ser revolvidas e comuma lente de 10 aumentos observar a pre-sença da larva ou pupa do inimigo naturaladerido ao ventre do Psilídeo.

C-Nível de Ação e Não-AçãoQuando forem totalizados 10% dos ra-

mos infestados pela praga deve-se procederao controle químico seletivo somente nostalhões específicos, priorizando-se os inseti-cidas registrados e aplicados de forma sele-tiva ao referido inimigo natural. O nível denão-ação é quando ocorrer 30% ou mais deramos com pelo menos uma ninfa parasita-da e infestação inferior ao nível de ação,aguardando-se a próxima inspeção para novatomada de decisão.

2-Manejo dos pulgões2-Manejo dos pulgões2-Manejo dos pulgões2-Manejo dos pulgões2-Manejo dos pulgões

A-ImportânciaNa cultura dos citros podem ser verifica-

das mais de uma espécie de Pulgão: o Ver-de, Aphis spiraecola, e o Marrom, Toxopteracitricidus. Os pulgões formam colônias cominúmeros indivíduos que sugam intensamen-te a seiva do floema nas brotações, além deinjetar substâncias salivares fitotóxicas, cau-sando distorção ou encarquilhamento dasfolhas. Em situações extremas de ataque so-bre a vegetação nova de plantas jovens po-dem, eventualmente, provocar a queda deflores e de frutos pequenos. Dentre estespulgões, o Marrom é o vetor mais eficientena transmissão do vírus da Tristeza, umadoença que encontra-se sob controle no Bra-sil, devido ao uso de porta-enxerto toleran-te. Devido à sucção contínua de seiva e aeliminação sobre os tecidos vegetais favore-ce o aparecimento da Fumagina, um fungo

saprofítico que afeta a respiração e a fotos-síntese da planta. A ocorrência do inseto nospomares é maior nos períodos de intenso flu-xo vegetativo associado com períodos de esti-agem, devido ao aumento dos níveis de nitro-gênio nos tecidos em franco crescimento.

As estratégias recomendadas para o ma-nejo dos pulgões inclui uma adubação equi-librada, especialmente de nitrogênio, e a ma-nutenção de cobertura vegetal nas entreli-nhas para a atração e aumento da popula-ção de agentes de controle biológico. Ospulgões são controlados naturalmente porinimigos naturais predadores como as mos-cas da família Syrphidae, o crisopídeo e asjoaninhas. Os sirfídeos na fase adulta depositam os ovosnas colônias de pulgão para as larvas reali-zarem o controle biológico, sendo freqüen-tes em pomares as espécies Pseudodorus cla-vatus e Toxomeros díspar. O Bicho LixeiroChrysoperla externa tem sido relatado commais freqüência em colônias de pulgão, sen-do que apenas a larva é responsável pelocontrole biológico e caracteriza-se por nãocarregar o “lixo” sobre o dorso. Dentre asjoaninhas destaca-se a Cycloneda sanguinea,cujo adulto é um besouro vermelho, sempreassociada a pulgões.

Os pulgões também podem ser parasita-dos pela vespinha Lysiphlebus testaceipes, fa-cilmente reconhecido quando na colônia ob-servam-se indivíduos mumificados e com umorifício circular no corpo, identificando o lo-cal de emergência do adulto do referido ini-migo natural (foto abaixo).

B-InspeçãoO inspetor realizará a inspeção visual em

3 ramos com vegetação nova, considerandoo ramo infestado quando apresentar qual-quer fase de desenvolvimento do pulgão,procedendo-se ao preenchimento da fichade campo com valores entre 0 (nenhum ramo

Manejo de pragas nos pomares em formaçãoUma visão minuciosa do manejo ecológico de quatro importantes vetores, pragas de

pomares em formação, associado ao manejo de seus inimigos naturais.

ENTOMOLOGIA

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22 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

ENTOMOLOGIA

infestado) e o valor máximo de 3 (todos osramos inspecionados com a presença da pra-ga). O mesmo é válido para a quantificaçãodos agentes de controle biológico.

C-Nível de Ação e Não-AçãoQuando forem totalizados 30% dos ra-

mos infestados pela praga deve-se procederao controle químico seletivo somente nostalhões com plantas em formação, priorizan-do-se os inseticidas registrados e aplicadosde forma seletiva ao referido inimigo natu-ral. O nível de não-ação é quando ocorrer50% ou mais de ramos com presença de ini-migos naturais e infestação inferior ao nívelde ação, aguardando-se a próxima inspeçãopara nova tomada de decisão.

3-Manejo das cigarrinhas da CVC3-Manejo das cigarrinhas da CVC3-Manejo das cigarrinhas da CVC3-Manejo das cigarrinhas da CVC3-Manejo das cigarrinhas da CVC

A-ImportânciaDentre as espécies de cigarrinhas que

habitam os pomares cítricos destacam-se aAcrogonia citrina, Dilobopterus costalimai,Oncometopia facialis e Bucephalogonia xan-thopis, devido à densidade populacional ecapacidade de transmissão da bactéria Xy-lella fastidiosa, agente causal da CVC - Clo-rose Variegada dos Citros.

A bactéria obstrui os vasos do xilema re-sultando nas folhas manchas amarelas naface superior com correspondentes manchasescuras na face inferior, os ramos desfolhame os frutos assumem tamanho reduzido, con-sistência dura e, portanto, inviáveis para ocomércio. As cigarrinhas são imigrantes deáreas naturais e atraídas para o pomar cítri-co na primavera e no verão, possivelmentepela maior disponibilidade de brotações edesenvolvimento vegetativo nestes períodos.Por serem insetos sugadores podem se ali-mentar em vários tecidos vegetais, havendopreferência da espécie A. citrina pela nervu-ra central e na face superior das folhas ten-ras. As hastes dos ramos em desenvolvimen-to são os locais de alimentação das espéciesD. costalimai e O. facialis, enquanto que B.xanthopis é observada sobre a vegetaçãonova.

As estratégias recomendadas para o ma-nejo da CVC e seu vetor incluem a implanta-ção de mudas certificadas quanto à sanida-de desta e de outras doenças, a erradicaçãodas plantas sintomáticas nos pomares até 2anos de idade e a manutenção da poda dasplantas com sintomas observados em folhasa partir desta idade e associado a estas, omanejo dos insetos vetores que inclui aamostragem do nível populacional em cam-po e a tomada de decisão ecológica.

As cigarrinhas apresentam vários inimi-gos naturais, entre os quais se destacam osparasitóides de ovos, cuja atuação é maispronunciada durante o verão e o outono,contribuindo para a queda populacional dos

vetores observada após a época chuvosa.Aranhas de ocorrência freqüente em árvorescítricas, tais como Latrodectus sp. (tecelã) eFrigga quintensis (saltadora), são eficientespredadores de ninfas e adultos.

B-InspeçãoO inspetor realizará a inspeção visual nos

ramos vegetativos, seguido de agitação emfunção da característica das cigarrinhas dese deslocarem lateralmente para trás dos ra-mos ou folhas, quando ameaçados pelaaproximação de pessoas. A planta é consi-derada infestada quando for detectada qual-quer uma das espécies citadas e o preenchi-mento da ficha de campo deve ser com onúmero de insetos visualizados. Um segun-do método é a instalação de armadilhas ade-sivas amarelas na bordadura de talhões emformação para avaliação da imigração de ci-garrinhas. Estas devem ser instaladas acimada altura máxima das plantas, fixadas naplanta ou em hastes de bambu e substituí-das mensalmente. Se as armadilhas foremdistribuídas nos talhões em formação a den-sidade recomendada é de 1 armadilha paracada 500 plantas, mantidas sempre acimada altura máxima das plantas.

C-Nível de AçãoQuando for encontrado em média 0,5

cigarrinha de qualquer das espécies/ arma-dilha/semana, devendo ser priorizados osinseticidas registrados e aplicados de formaseletiva aos referidos inimigos naturais.

4-Manejo da Larva Minadora4-Manejo da Larva Minadora4-Manejo da Larva Minadora4-Manejo da Larva Minadora4-Manejo da Larva Minadora

A-ImportânciaA Larva Minadora, Phyllocnistis citrella,

foi registrada no Brasil em 1996 e passou aexigir atenção por parte dos citricultores,devido aos danos diretos e indiretos causa-dos as plantas. Os danos diretos ocorremprincipalmente nas folhas que ficam retorci-das, secam e caem, reduzindo o crescimen-to das plantas. Entretanto, o dano indireto éo mais importante, pois as lesões causadaspela larva facilitam a infecção dos tecidosvegetais pela bactéria do Cancro Cítrico, Xan-thomonas axonopodis pv. citri. A ocorrênciado inseto nos pomares é maior nos períodosde intenso fluxo vegetativo, associado comelevada umidade relativa do ar, pois a fasejovem desenvolve-se exclusivamente em te-cidos tenros.

As estratégias recomendadas para o ma-nejo da Larva Minadora inclui uma aduba-ção equilibrada, especialmente de nitrogê-nio e a manutenção de cobertura vegetal nasentrelinhas para a atração e aumento da po-pulação de agentes de controle biológico. AMinadora é controlada naturalmente porinimigos naturais predadores como as for-migas Pheidole megacephala e Solenopsis

saevissima, além de aranhas e percevejospredadores. Os parasitóides nativos Galeop-somyia fausta, Cirrospilus spp. e Elasmus spp.são verificados com maior intensidade du-rante o período do verão, quando ocorre opico populacional da Larva Minadora. Alémdos nativos, foi introduzido o parasitóideAgeniaspis citricola, em 1998, para auxiliarno controle biológico da Larva Minadora. Arazão da introdução foi em função da espe-cificidade deste inimigo natural e dos casosde sucesso por outros países que adotarama mesma tática de controle biológico. Emcampo, o reconhecimento da ação de A. ci-tricola faz-se pela abertura do casulo da Lar-va Minadora, geralmente, no bordo da fo-lha e observação das pupas do parasitóideao invés da pupa da Minadora, cuja caracte-rística básica é a sua semelhança com pe-quenos gomos, cada um indicando a emer-gência de um novo parasitóide.

B-InspeçãoO inspetor realizará a inspeção visual em

3 ramos com vegetação nova, observando-se o ápice quanto à presença de ovos ou lar-vas em desenvolvimento da Minadora, pro-cedendo-se ao preenchimento da ficha decampo com valores entre 0 (nenhum ramoinfestado) e o valor máximo de 3 (todos osramos inspecionados com a presença da pra-ga). Na base dos ramos observará a presen-ça da pupa do parasitóide através da aber-tura do casulo da Minadora, procedendo-seao preenchimento da ficha de campo comvalores entre 0 (nenhum ramo com parasi-tóide) e o valor máximo de 3 (todos os ra-mos inspecionados com a presença do para-sitóide).

C-Nível de Ação e Não AçãoQuando forem totalizados 10% dos ra-

mos infestados sugere-se a aplicação de in-seticidas via tronco ou via solo como umaforma de seletividade ecológica ou priorizan-do-se os inseticidas seletivos para aplicaçãovia foliar. O nível de não ação é quando pelainspeção forem observados no mínimo 30%dos ramos com a presença dos parasitóides.

José Luiz SilvaJosé Luiz SilvaJosé Luiz SilvaJosé Luiz SilvaJosé Luiz SilvaConsultor Gravena/GTACC

[email protected]

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Santin GravenaSantin GravenaSantin GravenaSantin GravenaSantin GravenaConsultor Gravena/[email protected]

Sérgio Roberto BenvengaSérgio Roberto BenvengaSérgio Roberto BenvengaSérgio Roberto BenvengaSérgio Roberto BenvengaConsultor Gravena/GTACC

[email protected]

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23Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

Poda já é uma realidadeOs plantios adensados têm gerado uma nova citricultura. As operações de poda têm se tornado imprescindíveis,

pois permitem manter alta a produtividade. Conheça mais sobre esta importante técnica.

NOVAS TECNOLOGIAS

A poda compreende um conjunto de ope-rações que cortam e suprimem ramos da copa das plantas para modificá-las e

adaptá-las às condições de cultivo comercial.Em alguns países produtores de cítricos,

a poda é uma prática utilizada havia bastan-te tempo e de forma corriqueira.

Nos países listados, que tive a oportuni-dade de visitar, todos praticam a poda, res-guardadas algumas particularidades: EUA -Estados Unidos da América, África do Sul,Uruguai, Argentina e Brasil.

Nos EUA, por exemplo, a poda da árvorecítrica é quase exclusivamente mecanizada efeita lateralmente e no topo das árvores. Atépara produção de frutas in natura a poda émecanizada. Neste caso a poda drástica érecomendada, pois desta forma há uma di-minuição no número de frutos por árvore,mas em compensação há um aumento notamanho e na qualidade do fruto.

Na África do Sul a poda acontece de for-ma mecanizada e manual, embora a frutatambém seja destinada ao mercado de fru-tas in natura. Na lateral e topo das árvores apoda é mecanizada, já na “saia”, a poda émanual. A poda da “saia” da árvore cítrica éfeita com o objetivo de não deixar os frutosentrarem em contato com o solo e assimevitar o aparecimento de manchas e danosnos frutos, o que seria indesejável comerci-almente.

O Uruguai utiliza predominantemente apoda manual, em função de se tratar de va-riedades mais específicas, como diversos ti-pos de tangerinas, e onde mais de 90% dafruta vai para o mercado in natura. O refugoé processado para produção de suco. A podano Uruguai visa diminuir os danos causadospor ventos (rameado) e também proporcio-nar um aumento no tamanho dos frutos.

Na Argentina, assim como no Uruguai, apoda manual é bastante utilizada, inclusivepelos mesmos motivos. Mas tive a oportuni-dade de constatar que também é comum aocorrência da poda mecanizada.Historicamente aqui no Brasil, a poda era uti-lizada por grandes grupos e por produtoresde frutas frescas, e ainda assim ocorria empequena escala.

No entanto, as dificuldades enfrentadaspelos Citricultores nos últimos anos, levaram-nos a buscar soluções, incluindo entre tais,as otimizações dos pomares, resultando emplantios mais adensados. Este adensamen-tos têm tornado indispensável a prática dapoda. Nos espaçamentos utilizados nos últi-

mos 10 anos, já era imprescindível podar, apartir do 10º ao 14º ano. Nos espaçamen-tos atuais a operação de poda deverá serantecipada e ocorrer a partir do 4º ano.

Objetivos da podaObjetivos da podaObjetivos da podaObjetivos da podaObjetivos da poda

Para que se possa trabalhar com poda épreciso conhecer o hábito de crescimento dasvariedades de citros. Na maioria das varie-dades o crescimento ocorre na direção verti-cal em função da dominância apical dos ra-mos. Enquanto não for quebrada essa do-minância apical, as gemas laterais não bro-tam, permanecendo dormentes. A dominân-cia apical só é quebrada quando estes ra-mos se arqueiam devido ao seu próprio pesoou em função do peso dos frutos. Quandoisto ocorre as gemas mais próximas da ex-tremidade do ramo começam a brotar commais vigor, iniciando assim um novo ciclo decrescimento e produção de frutos até ocor-rer um novo tombamento. Com este tipo decrescimento vão se formando camadas, ondeos ramos de baixo ficam sombreados e aca-bam secando. Estas árvores acabam perden-do vigor e consequentemente ocorre umadiminuição na produção e qualidade dos fru-tos.

Para minimizar os efeitos acima, reco-menda-se a utilização da poda que objetiva:• propiciar à planta uma armação vigorosa,forte, sólida, constituída por ramos dispos-tos em forma adequada para suportar o pesoda safra, melhorando assim a aeração e ailuminação;• criar um ambiente desfavorável para a pro-liferação de pragas e doenças nos pomares;• conseguir um equilíbrio entre a vegetaçãoe frutificação, assegurando desta forma umaprodução contínua, regular e com qualida-de comercial;• minimizar efeitos negativos de sombrea-mento interno na copa e nas árvores vizinhas;• favorecer os tratos culturais.

Na prática, a poda hoje no Brasil deveser utilizada para obtenção de um maior vo-lume de copa aproveitável possível por hec-tare, evitando perda da “saia” da planta ondeocorre 2/3 da produção, e permitir maioresadensamentos que resultem em uma maiorprodutividade por área.

TTTTTamanho de plantas X área de produçãoamanho de plantas X área de produçãoamanho de plantas X área de produçãoamanho de plantas X área de produçãoamanho de plantas X área de produçãode frutosde frutosde frutosde frutosde frutos

A produção de frutos nas árvores de ci-

tros está localizada onde há maior captaçãode luz ,ou seja, ao longo de 90cm da copade fora para dentro. No interior da copaquase não há frutos, servindo apenas parasustentação da mesma, como mostra a figu-ra 1, baseada na publicação “Citrus TCitrus TCitrus TCitrus TCitrus Tree Pru-ree Pru-ree Pru-ree Pru-ree Pru-ning Principles and Practicesning Principles and Practicesning Principles and Practicesning Principles and Practicesning Principles and Practices” de D.P.H. Tu-cker, T.A. Wheaton and R.P. Muraro.

Quando da visita técnica do GGGGGTTTTTACCACCACCACCACC àÁfrica do Sul, obtivemos relatos da produti-vidade sul-africana de 80 t/ha em plantiomédio de 5,00m x 2,00m. Tais números noscausaram espanto e nos deixaram curiosossobre o porquê de espaçamentos tão aden-sados. Essa dúvida nos foi esclarecida pelotrabalho de Tucker, Wheaton e Murano.Como podemos verificar, no espaçamentoentre plantas de 5,00m, consideramos a áreade trabalho de 2,50m onde podemos trafe-gar com tratores e equipamentos sem difi-culdades. Desta forma, restarão então 2,50mdo espaçamento, ou seja, 1,25m de raio paracrescimento da saia de cada planta que, deacordo com o nosso esquema acima, des-considerando os 0,35 m de área oca poderáter 0,90m de área produtiva. Isso nos leva aentender como os citricultores da África doSul conseguem o máximo de aproveitamen-to de sua área de plantio, obtendo altas pro-duções/ha.

Época e intensidade de podaÉpoca e intensidade de podaÉpoca e intensidade de podaÉpoca e intensidade de podaÉpoca e intensidade de poda

Quando se pensa em poda, outro fatorimportante a ser considerado é a alternânciade safra dos citros. Após um ano de safraalta, ocorre, no ano seguinte, uma queda nasafra e com isso a planta tende a vegetarmais, com pouca frutificação. Neste caso apoda pode nos auxiliar pois permitirá umequilíbrio entre vegetação e frutificação, pro-

Figura 1: Áreas produtivas e improdutivas da planta

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24 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

porcionando safras com boa produtividadetodos os anos.

A grande indagação dos citricultores ésobre a época certa para se realizar a poda.Esta deve ocorrer o mais distante possível da“emissão” da florada e “pegamento” dos fru-tos, preferencialmente após a colheita e noinverno. As variedades precoces não apre-sentam problemas quanto à época de poda.Nestes casos, como a colheita é realizada emjunho e julho, a poda deve ocorrer logo emseguida, e ainda no inverno.

Maiores dificuldades apresentam as va-riedades ‘Folha Murcha’, ‘Natal’ e ‘Valência’,pois se a poda for realizada antes da floradaacarretará perdas na safra atual e por outrolado, se for realizada após a florada, ocorre-rá perdas na safra futura.

Porém, se realizada a poda leve - que é aconsiderada poda de produção - indepen-dente da época ocorrida as perdas não se-rão significativas podendo até acarretar, emalguns casos, um incremento na produção.

A intensidade da poda é outro pontomuito questionado pelos citricultores. A ex-periência de campo nos mostra que podasseveras (lateral e topo) devem ser evitadas,pois causam um excessivo rebrotamento comramos de crescimento e não de produção.Com isso há uma redução na produção defrutos.

Os ramos a serem podados devem pos-suir diâmetro inferior à 20 mm.

Na tabela abaixo podemos observar a in-fluência da intensidade da poda na produção.

Pela tabela 1, conclui-se que podas seve-ras devem ser evitadas, exceto em casos ondeo pomar já esteja fechando e dificultando ostratos culturais. Neste caso a poda drásticaou poda de correção é a única alternativa,porém, com conseqüente perda de produ-ção que será recuperada após 1 ou 2 anosdesta poda.

Pelos dados apresentados acima conclu-ímos também que podas leves podem inclu-sive aumentar a produção (vide linha 2 databela 1).

O sucesso da poda dependerá tambémda freqüência de sua ocorrência.• Quanto mais espaçadas se realizarem mai-or será a intensidade e o diâmetro dos ra-mos eliminados e os custos;• Esta atividade deve ser iniciada antes da

NOVAS TECNOLOGIAS

Tabela 1: Fonte : FUCIK (1978)

necessidade de podas intensas e em interva-los regulares para manter a planta na formae no tamanho adequado;• Combinações vigorosas de copa x porta-enxerto devem ser podadas com mais fre-qüência (anualmente).

Equipamentos de podaEquipamentos de podaEquipamentos de podaEquipamentos de podaEquipamentos de poda

Os equipamentos de poda disponí-veis hoje no mercado são basicamente deduas empresas, IFLÓIFLÓIFLÓIFLÓIFLÓ e KAMAQKAMAQKAMAQKAMAQKAMAQ.

A IFLÓIFLÓIFLÓIFLÓIFLÓ possui hoje a Star – 3700LStar – 3700LStar – 3700LStar – 3700LStar – 3700LTTTTTque é uma máquina maior, ideal para poma-res não adensados; e a GlobalGlobalGlobalGlobalGlobal que é idealpara pomares adensados. As duas máquinaspodem fazer poda lateral e topo.

A KAMAQKAMAQKAMAQKAMAQKAMAQ possui a KKKKKortflex 350ortflex 350ortflex 350ortflex 350ortflex 350, ide-al para poda de produção que é uma podamais leve. Este tipo de equipamento tambémpode fazer poda lateral e de topo.

Sistemas de podaSistemas de podaSistemas de podaSistemas de podaSistemas de poda

PPPPPoda Lateral:oda Lateral:oda Lateral:oda Lateral:oda Lateral:

• deve ser iniciada logo após a planta inva-dir a área de trabalho, considerada de 2,50m (Figura 1);• quanto a intensidade, recomenda-se po-dar ramos com diâmetro inferiores à 20 mm;

Foto 1: Poda lateral

Foto 2: Poda de topo

• feita anualmente, ela é uma opção em fun-ção do vigor da planta, do tipo de solo e danutrição;• os ângulos de corte devem ficar entre 10ºe 15º. Ângulos menores permitem um rápi-do enfolhamento e re-brotamento nas par-tes superiores das plantas, provocando per-da de saia. Ângulos maiores que 15º podemcausar um grande desfolhamento na plantacom redução de produção.

PPPPPoda de Toda de Toda de Toda de Toda de Topo:opo:opo:opo:opo:

• normalmente é realizada após a podalateral;• deve seguir os mesmos parâmetros da podalateral com relação a intensidade da poda (diâmetro < 20 mm );• permite melhorar a incidência de luz naárea produtiva da copa se mantida a alturada planta com no máximo, o dobro docomprimento da área de trabalho, para evitarsombreamento e perda de saia onde ocorre2/3 da produção;• a freqüência deve variar de 2 a 3 anos;• o ângulo de corte deve variar de 0º a 45º.

O custo da poda é variável em função dotipo de equipamento utilizado, espaçamentodo pomar e intensidade da poda, mas emgeral o custo médio fica em torno de U$ 0,16por planta.

Após a poda é recomendado umtratamento de recuperação energética daplanta com macro e micro nutrientes, alémde uma pulverização com Cobre paraproteção da planta.

ConclusãoConclusãoConclusãoConclusãoConclusão

A necessidade de aumentar aprodutividade por hectare e também deminimizar os custos de produção, temgerado uma nova citricultura com plantioscada vez mais adensados. Desta forma, asoperações de poda lateral e topo têm setornado imprescindíveis, pois elas permitemo manejo do tamanho e da forma das árvoresem busca da manutenção do equilíbrio entrevegetação e frutificação, para obter uma boaprodutividade com frutos de qualidade. Talequilíbrio é desejável, pois evita alternânciade safras propiciando boa produtividade porum período maior.

Sérgio Luiz FSérgio Luiz FSérgio Luiz FSérgio Luiz FSérgio Luiz FacioacioacioacioacioConsultor FARM/GTACC

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25Outubro / Novembro / Dezembro Revista Ciência & Prática

Aplicação de agroquímicos em citrosMais do que uma simples regulagem, a TAPF - Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários, envolvecomponentes de vários ramos da ciência, servindo ao produtor como importante fator de redução de custo.

FITOSSANIDADE

Embora seja uma das práticas mais co-muns dentro das atividades agrícolas, aaplicação de produtos fitossanitários se

reveste de uma importância tal, que um es-tudo mais aprofundado revela uma ativida-de complexa pelas muitas influências que amesma recebe de diversos ramos do conhe-cimento.

Assim, deparamos com a Biologia, ondebuscamos os conhecimentos para saber de-talhes sobre a planta e a praga; com a Quí-mica, pela qual se obtém a síntese dos pró-prios produtos, com suas respectivas formu-lações, grupos e formas de ação; pela Enge-nharia buscamos as melhores performancesdos equipamentos; com a Medicina priori-zamos as medidas de segurança, os cuida-dos preventivos e antídotos; a Física alimen-ta os estudos pelos parâmetros de pressão evelocidade de trabalho, movimento de go-tas e meteorologia. Contribuem ainda, áre-as como a Ecologia, pelas análises de efeitosambientais; a Economia quando fazemos aavaliação dos custos e benefícios e a área deComércio, que envolve assistência técnica emarketing.

Na cultura de citros, a técnica mais utili-zada de aplicação de produtos fitossanitári-os é a pulverização e esta, como não pode-ria deixar de ser, responde pelos maioresimpactos nos custos de produção dessa cul-tura. Assim, o objetivo deste trabalho visadispor algumas informações, com base emconhecimento de especialistas na área e deexperiências de campo, a fim de atrair a aten-ção para uma operação que deve ser reali-zada de forma mais técnica e responsável,quando muitas vezes, por ser de rotina, tor-na -se sub-estimada.

Na pulverização, diversos fatores estãorelacionados para que a mesma se faça rea-lizar e se torne eficiente, ou não, dentro doprocesso de produção. A planta, o homem,o equipamento, a praga, o clima e o produ-to são esses os fatores. Lembramos que aeficiênciaeficiênciaeficiênciaeficiênciaeficiência é uma meta que se atinge combase em pelo menos três características detrabalho:

• rendimentorendimentorendimentorendimentorendimento: velocidade de trabalho eagilidade operacional que resultam em maishectares por hora, plantas por hora, etc.,dentro de padrões de segurança e eficácia.

• qualidadequalidadequalidadequalidadequalidade: pessoas treinadas, bons

“ Na defesa de plantas, a arma química“ Na defesa de plantas, a arma química“ Na defesa de plantas, a arma química“ Na defesa de plantas, a arma química“ Na defesa de plantas, a arma químicadeve ser usada como um estilete, nãodeve ser usada como um estilete, nãodeve ser usada como um estilete, nãodeve ser usada como um estilete, nãodeve ser usada como um estilete, nãocomo uma foice”. Acomo uma foice”. Acomo uma foice”. Acomo uma foice”. Acomo uma foice”. A. W. W. W. W. W. A. A. A. A. A. Brown, 1.951. Brown, 1.951. Brown, 1.951. Brown, 1.951. Brown, 1.951

produtos, equipamentos regulados e tempoadministrado.

• economiaeconomiaeconomiaeconomiaeconomia: agilidade de negociação,custo/benefício dos produtos, manutençãopreventiva de equipamentos, etc.No final, tudo tem reflexo no custo de pro-dução, onde só com insumos, são gastoscerca de 13% a 20%, mais outras contascomo: mão de obra, manutenção e combus-tível de máquinas que são gastos diretamentecom essa atividade.

Alguns conceitos são importantes parao entendimento das informações:

RegulagemRegulagemRegulagemRegulagemRegulagem: refere-se a configurar oequipamento para a operação a realizar (nú-mero e modelo dos bicos, velocidade de tra-balho, pressão, vazão dos bicos, fluxo de ar,distribuição do ar e dos bicos, etc).

CalibraçãoCalibraçãoCalibraçãoCalibraçãoCalibração: determinar qual o volume decalda por hectare ou planta e a quantidadede produto a se colocar no tanque.

Alvo biológicoAlvo biológicoAlvo biológicoAlvo biológicoAlvo biológico: organismos que se de-seja controlar (erva-daninha, inseto, ácaro,fungo, bactéria) – a praga.

Alvo químicoAlvo químicoAlvo químicoAlvo químicoAlvo químico: partes da planta (princi-palmente) que se faz necessário atingir como produto para que praga também seja atin-gida, diretamente ou pelo contato com taispartes – folhas, ramos, tronco, frutos, solo,etc.

Quando pensamos em um programa depulverização, como citado acima, alguns fa-tores são importantes e devem ser conside-rados pelo momento (time), pela grandeza,pelas disponibilidades e capacidades.

1 – A planta1 – A planta1 – A planta1 – A planta1 – A planta: nela analisamos seu enfo-lhamento, presença de frutos ou não, brota-ções novas, “saia” alta ou “saia” baixa, ta-manhos diferentes dentro do pomar, condi-ção de estresse. Tudo isso implica no volumede calda a ser utilizado, distribuição dos bi-cos, tamanho de gotas, dose e tipo de pro-dutos, etc.

2 – A praga2 – A praga2 – A praga2 – A praga2 – A praga: é importante ter conheci-mento de aspectos da biologia da praga, taiscomo o ciclo de vida (tempo, estágios dedesenvolvimento, fases de exposição, hábi-tos de alimentação, de reprodução (no casode Bicho Furão, por exemplo), esconderijos(aspecto importante quando se objetiva con-trolar o Ácaro da Leprose), índices de infes-tação e nível de controle.

3 – O clima3 – O clima3 – O clima3 – O clima3 – O clima: os fatores do clima devemestar sob avaliação antes de se iniciar e du-rante o programa de pulverização. Recomen-da-se que a UR - umidade relativa do ar, nãoesteja abaixo de 50%, sob risco de perdaspor evaporação rápida ou gotas que nãochegam a atingir sequer o alvo químico. Porisso muitas vezes se tem maior eficiência com

Aplicações à baixo volume tornam-se mais comuns, com maior disponibilidade de equipamentos

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26 Outubro / Novembro / DezembroRevista Ciência & Prática

aplicações noturnas. Devem ser evitadas astemperaturas altas, normalmente na parte datarde. Temperaturas acima de 37o C podemprovocar maior evaporação, prejudicar efei-to de produtos e causar fitotoxicidades (Ex.:óleo mineral, enxofre, formulações líquidas,etc.). Os ventos podem ser prejudiciais tantopara a operação, quanto para a saúde dooperador e ao ambiente por provocar derivadas gotas da calda pulverizada. Verificar seo vento está entre 3 e 10 km/h, avaliando deforma prática os ramos das plantas. Vegeta-ção parada e alta temperatura, condiçãodesfavorável. Apenas folhas se mexendo,ventos bons. Rajadas de vento, com ramosbalançando, vento excessivo. Enfim, as chu-vas devem ser evitadas a todo instante dapulverização e até intervalos após a aplica-ção de acordo com o tipo de produto. Ficaratento às previsões do tempo, aos históricospráticos da região e ao bom senso econômi-co.

4 – Equipamentos4 – Equipamentos4 – Equipamentos4 – Equipamentos4 – Equipamentos: o conhecimento dosrecursos do equipamento pelo operador epelo técnico é muito importante. O turbo-pulverizador, que é o equipamento mais usa-do nas aplicações em citros deve ser adequa-do ao tipo de pomar, deve estar bem adap-tado para atender ao processo de regulageme calibração, e também estar sob observa-ção constante quanto a manutenção de cadauma de suas partes: cabeçalho, tanque, agi-tador de calda, eixo cardã, chassi, bomba,rodeiro, correias e polias, filtros, registros etubulações, regulador de pressão, turbina,bicos. A sugestão é que se faça, previa e pe-riódicamente, um check list das condições ese proceda as manutenções e reparos.

5 – O produto5 – O produto5 – O produto5 – O produto5 – O produto: atenção para os tipos deformulações, misturas possíveis, preparo dacalda e seqüência de abastecimento e agita-ção da calda. Os produtos apresentam dife-rentes modos de atingir o alvo biológico: porcontato, por ingestão, forma sistêmica pelaplanta ou translocação laminar. Condiçõesclimáticas podem afetar sua eficiência, alémde pH inadequado para a solução.

6 – O homem6 – O homem6 – O homem6 – O homem6 – O homem: ação na identificação dapraga, definição do produto e momento decontrole, regulagem do equipamento, ope-ração de produtos e equipamentos, monito-ramento da operação, avaliação da opera-ção em geral. Somente com conscientização,treinamentos periódicos e prática do pesso-al envolvido se consegue bons resultados.Segurança em todo processo é uma exigên-cia legal.

Alguns parâmetros técnicos se fazem es-senciais para o projeto da pulverização:

• V• V• V• V• Volume de aplicação da caldaolume de aplicação da caldaolume de aplicação da caldaolume de aplicação da caldaolume de aplicação da calda: estevolume não pode ser padronizado, pois de-pende do porte da planta, enfolhamento,presença ou não de frutos, do alvo biológi-co (interno, externo), tipo de defensivo (con-tato, sistêmico), marca, modelo e recursos

do equipamento e do históri-co dos resultados anteriores.O volume por planta pode serconsiderado alto, quando pro-move escorrimento da caldapelos ramos e troncos e volu-me baixo quando não ocorreesse escorrimento e nota-segotas presas a superfície de ra-mos, folhas e frutos. Na con-sideração de área (hectare) osvolumes têm sido considera-dos altos a partir de 4 mil li-tros/hectare. Para volumesmenores do que esse, deve-seatentar para a necessidade dealterar a concentração do pro-duto na calda do tanque, afimdo mesmo não perder eficiência de campopela alta diluição na área aplicada, especial-mente quando a praga exige alta taxa de co-bertura do alvo químico. Trabalhos realiza-dos pelo Centro de Engenharia e Automa-ção do IAC – Instituto Agronômico de Cam-pinas, e Fundecitrus, mostram que não háuma relação direta entre o volume de caldaaplicado e o controle do Ácaro da Leprose(aplicações em dois anos e em três diferen-tes áreas). Há modelos de equipamentosadaptados para trabalho em baixo volume,usando maior número de bicos com menorvazão, menor diâmetro de gotas e menorpressão. Contudo, maior atenção técnicadeve ser dispensada para se evitar riscos.

• Diâmetro de gotas• Diâmetro de gotas• Diâmetro de gotas• Diâmetro de gotas• Diâmetro de gotas: o tamanho idealde gotas produzidas por turbo-pulverizado-res em citros está entre 150 e 200 micronspor ocorrerem menores perdas por evapora-ção e deriva e ser facilmente transportadaaté o alvo pelo fluxo de ar criado pela turbi-na. Isto está relacionado ao diâmetro do ori-fício do bico e a pressão de trabalho, quedeve estar entre 120 e 200 libras/pol2.

• Pressão de serviço• Pressão de serviço• Pressão de serviço• Pressão de serviço• Pressão de serviço: a vazão dos bicose o tamanho das gotas dependem da pres-são de serviço. Pressão alta determina maiorvolume de aplicação, espectro de gotas nãohomogêneo e maior desgaste das peças dabomba e dos bicos, além de possível ioniza-ção das gotas. Pressão baixa determina me-nor vazão, gotas grandes e pesadas, as quaisnão conseguem atingir o alvo. Durante a apli-cação, a pressão deve ser periodicamenteavaliada através do manômetro.

• V• V• V• V• Velocidade de deslocamentoelocidade de deslocamentoelocidade de deslocamentoelocidade de deslocamentoelocidade de deslocamento: nas apli-cações para alto volume, a velocidade se li-mita entre 2 e 3 km/h e para baixo volume,entre 3 e 4,5 km/h. Considerar o número debicos abertos, pressão adequada, porte ou al-tura da planta e nível de cobertura da planta.• Cobertura do alvo• Cobertura do alvo• Cobertura do alvo• Cobertura do alvo• Cobertura do alvo: é o número de gotaspor unidade de área ou a porcentagem doalvo coberta pela calda. A cobertura serámaior à medida que se aumenta o volumede aplicação e o fator de espalhamento (uso

FITOSSANIDADE

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de espalhantes adesivos), por outro lado, eladiminui à medida que se tem grande áreafoliar e produção de gotas grandes que co-brem menor área específica do alvo.

A calibração, propriamente, envolve mé-todos simples, como a aplicação de um vo-lume conhecido, contagem do número deplantas pulverizadas e cálculo do volume porplanta – litros/planta (método mais dissemi-nado). Também existem os métodos comple-xos que envolvem cálculos com fórmulas ouregras de três simples, considerando-se osparâmetros: vazão por bico, espaçamentoentre plantas, velocidade de deslocamentoe número de bicos na barra. Para se atingir ovolume e a cobertura ideais deve-se promo-ver variações primeiro nos bicos, posterior-mente pensa-se em alterar a pressão de ser-viço e, finalmente, como último recurso, avelocidade de trabalho.

Adotar um registro referente ao mapea-mento dos bicos (discos e difusores), pres-são de serviço, velocidade, espaçamento en-tre plantas, talhão trabalhado e praga con-trolada ajuda, eventualmente, no processode rastreabilidade em casos de insucesso.

Como considerações finais, os cuidadosno manejo da pulverização devem visar, alémda eficiência técnica, a preservação do meioambiente e a saúde do homem. As empre-sas fabricantes de defensivos podem contri-buir muito com a TAPF - Tecnologia de Apli-cação de Produtos Fitossanitários, informan-do e orientando produtores, técnicos e pes-quisadores sobre maiores detalhes de seusprodutos. O gerenciamento nas empresasagrícolas de citros deve promover, periodi-camente, o treinamento do pessoal técnicoe operacional para o melhor aproveitamen-to dos recursos da TAPF.

Equipamentos à alto volume são os mais comuns do mercado

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PRÁTICA

Retorno mais rápido e melhorTrabalhando com técnicas que lhe garantem lucratividade precoce, Henrique Fiorese propõe o adensamento,

a poda e a irrigação, como imprescindíveis à citricultura atual.

Exemplo de empresário bem sucedido,Henrique Fiorese conta como começouna citricultura: “cheguei pelas mãos de

meu pai. O barracão do Arcídio Fiorese, emMonte Azul Paulista, por muitos anos foi re-ferência de fruta bonita, bem trabalhada. Na-quela época, nos anos setenta do século pas-sado, além do packing house, meu pai já eraum citricultor tradicional. Foi com ele quecomecei a aprender noções de agricultura.Depois, em 1979, me formei técnico agro-pecuário, em Jaboticabal, e fui para o MatoGrosso, abrir fazenda. Carreira com citros,mesmo, eu comecei depois de uns dois anosde formado, em um viveiro que instalamos,ainda a céu aberto, depois de uma grandedecepção”, conta o, hoje, viveirista experi-ente.

A decepção que se refere Henrique Fio-rese diz respeito à cerca de 20 mil plantasque a família teve que arrancar, apenas 6anos após o plantio, por conta da péssimaqualidade da muda adquirida. “Infelizmen-te, ouvíamos muitas histórias parecidas coma nossa. As mudas de citros que o mercadooferecia padeciam por falta de padrão e degenética”, lembra Fiorese. Mas, muitas ve-zes, o mal vem para bem.

Estimulado a conseguir uma maior qua-lidade na muda produzida para consumopróprio, Henrique Fiorese iniciou um viveiroque evoluiu muito e em 15 anos já formavatodos os seus cavalinhos em tubetes, pas-sando a ser fornecedor dos principais vivei-ros das melhores empresas do setor. “Com ocrescimento da demanda e com a mudançano sistema de produção de mudas para am-biente protegido, demos um passo mais ar-rojado investindo numa área isolada e apro-priada para a segura produção de mudas,em Sales de Oliveira, SP. Produzo mais de 1,3milhão de mudas cítricas por ano, além de 6milhões de cavalinhos. Nosso viveiro atua emtodas as fases de produção da muda, desdeo Campo de Sementes, passando pelas ma-trizes e pelas borbulheiras teladas, que têmtodo o seu plantel originado de árvores-mãescertificadas e, à título de segurança, substi-tuído a cada 3 anos”, revela o exigente pro-dutor de mudas.

Como citricultor, Henrique Fiorese tambéminveste nas inovações. Ele diz: “a chance desobrevivência no setor é diretamente propor-cional à rentabilidade obtida pelo produtor. Omaterial genético não evoluiu. Produtividadenão pode ser mais medida em caixas por árvo-re, mas, sim, através do adensamento, em pro-dução por área”, admite Fiorese.

Em sua propriedade em Colômbia, SP,Henrique trabalha com espaçamentos emtorno de 6,0 m x 2,0 m e produções queoscilam em torno de 1.300 caixas/ha. “Porestar numa região crítica em relação aos pe-ríodos de estiagem, a fazenda de Colômbiatem todas as quadras irrigadas”, afirma. Fio-rese conta que em Olímpia, possui espaça-mentos mais adensados, como uma ‘PêraIpiguá’ enxertada em limão ‘Cravo’ (a ser sub-enxertada com ‘Sunki’, devido ao risco quea Morte Súbita representa), plantada a 5,5m x 2,0 m.

“Eu não me assusto mais com esse as-sunto”, nos diz o viveirista, despreocupado.“Na medida em que você vai trabalhandocom as possibilidades que o adensamento ea poda lhe dão, o medo vai se embora”, fala,feliz.

“O retorno financeiro vem antecipado, aprodutividade melhora muito, a qualidadeda fruta torna-se melhor devido aos efeitosda poda. A experiência vai mostrando aoprodutor que inclusive as temidas podas comsafra na árvore, não causam mais temores. Épreciso começar a adensar para ter a neces-sidade da poda, sendo que é preciso come-çar a podar para sentir a renovação do po-mar”, garante Henrique Fiorese. “Mas nun-ca façam nada sem planejamento e orienta-ção”, sentencia, “porque uma poda mal fei-ta pode arruinar o seu pomar”, fala Fiorese,com a experiência de alguns anos de janela.Outro assunto ao qual Henrique foi obriga-do a familiarizar-se, foi irrigação. “Não pen-

sem que a água, por si só, trará melhora naprodução. Ela é um artigo de luxo e muitoimportante, mas o pomar deverá estar equi-libradamente bem nutrido para que venhamos resultados”, lembra Fiorese.

“Irrigar cedo também é vantajoso”, acre-dita o citricultor. “Quanto antes irrigar, maisdepressa verá o retorno de seu investimen-to”, sentencia Henrique Fiorese.

Estimulado pelos resultados que vemobtendo, o produtor ainda tem grande par-te de seus pomares irrigados com aspersão,mas faz sua previsão de estar preparado paraem poucos anos modificar toda a estruturapara a irrigação localizada: “o gotejamentoou a micro-aspersão tem a vantagem de oti-mizar melhor o sistema e além disso, o custocom energia elétrica é bem menor. Vale apena mudar”, acredita.

Finalmente, Fiorese faz duas advertên-cias: a pr imeira, para o produtor.“Preparem melhor as áreas para o plantio,uma vez que o sistema de mudas, atual-mente, tem condição de preparar a melhormuda do mundo”. E agora, pensando nosviveiristas: “o sistema de produção mudou,mas ainda não mudou totalmente a men-talidade de muitos viveiristas, que queremganhar mais deixando de fazer o mais im-portante: garantir a qualidade da mudaofertada. O viveirista não se deu conta desua importância dentro do setor, ao pro-duzir a melhor muda do mundo. Não sepode relaxar”, insiste esse citricultor desucesso.

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Henrique Fiorese afirma, sem medo: “a poda deve ser usada em favor da melhoria do pomar”