as fontes e o abastecimento de agua em benavente

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ASFONTES E O ABASTECIMENTO deágua EM BENAVENTE museu municipal de benavente EXPOSIÇÃO

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Catálogo da exposição "As Fontes e o Abastecimento de Agua em Benavente" Museu Municipal de Benavente 2008

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Page 1: As fontes e o abastecimento de agua em benavente

ASFONTES E O ABASTECIMENTO

deáguaEM BENAVENTE

museu municipal de benaventeEXPOSIÇÃO

Page 2: As fontes e o abastecimento de agua em benavente

ficha

As Fontes e o Abastecimento de Água em Benavente

Museu Municipal de BenaventeCâmara Municipal de Benavente

CoordenaçãoCristina Gonçalves

InvestigaçãoAníbal Ferreira

Cristina GonçalvesPerpétua Martins

Sandra FerreiraSuzel Rebocho

FotografiaArquivo do Museu Municipal de Benavente

Pedro LagareiroLuis Bello d’Hinzelin

Design e PaginaçãoSandra Figueiras

ImpressãoGráfica Central de Almeirim

Benavente, Junho 2008

TÉCNICA

Page 3: As fontes e o abastecimento de agua em benavente

As Fontes e o abastecimento domiciliário de água em Benavente constitui o tema central desta

exposição e, em definitivo, 1951, é o ano a partir do qual a se verifica a grande alteração do conceito, o

acesso à água simplifica-se e entra dentro da casa. Afinal um

simples gesto fez alterar o quotidiano destas gentes. Contudo, a rede pública de abastecimento de água, continuava a não chegar a todos pelo que ainda se

mantiveram e restauraram vários pontos para o abastecimento da população.

Considerando que a água potável representa um recurso fundamental à vida, verificamos que desde sempre o acesso e mesmo a utilização da água têm

sido matéria para numerosos normativos, presentes na documentação consultada. Neste sentido, as

Actas da Câmara do século XVI ou as Posturas Municipais de 1900, constituem excelentes

exemplos atribuindo sempre um enfoque especial à utilização adequada da água.

A partir das actas da Câmara do início do século XX, verifica-se uma preocupação constante com a

manutenção das fontes existentes na vila e, para o efeito, a Câmara suportava os encargos com uma

Guarda da Fonte, cuja missão era garantir o cumprimento das Posturas Municipais. As restrições

a fiscalizar eram as mais variadas, entre muitas outras, existiam penas para «quem pozer a bocca ás

bicas para beber, incorre na pena de trezentos réis de multa.».

Actualmente, a importância da água potável enquanto recurso vital ameaçado é um tema global,

pelo que se torna cada vez mais necessária a sua preservação e defesa da sua qualidade.

ASFONTES E O ABASTECIMENTO

deáguaEM BENAVENTE

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Page 4: As fontes e o abastecimento de agua em benavente

Na Villa de Benavente, Comarca de Setuval, há huma fonte a que chamão da Bica da Caza, cuja agoa he fria de Verão, e quasi tépida no Inverno; e tem todas as prerogativas de agoa boa porque he clara, diáfana, ténue, e de bom gosto, sem se lhe reconhecer sabor algum.He diurética, e prezerva do achaque de pedra, e áreas, como entendem os moradores desta Villa, que constando de mays de seyscentos vizinhos, he entre elles raríssimo este achaque; o que attribuem à virtude desta agoa, que bebem.Tem mays a virtude de fazer bayxar às mulheres os mezes sppressos, e de as fazer fecundas. Entre varias experiências nos contarão, que indo para Benavente huma mulher de Lisboa, a quem havia tempos faltavão os meses, sendo já quasi quinquagenária, idade em que já não acode, antes naturalmente se supprime o menstruo; depoys de seys meses de assistência nesta Villa, bebendo da agoa desta fonte, não sô lhe bayxarão os meses, mas também dentro de pouco tempo se fez fecunda, o que naquelles annos era já fora de esperança. E dizem que não há naquella terra matrimónio infecundo, o que adscrevem à virtude da agoa, da qual affirmão também q he muy desopilativa.

Aquilégio MedicinalDe Francisco da Fonseca Henriques, 1726

fonte dasBICAS

04

CORTIÇOEsta fonte é referida numa Acta da Câmara do século XVI, no ano de 1562, em que é acordado coutar as vinhas e proibir os animais de pequeno porte de andarem sem pastor nos olivais, sob pena de consideráveis multas aos seus donos. Tais posturas são justificadas por causarem grandes prejuízos à criação de gado vacum, principal base de sustento humano nestas terras. Assim, são descritos os lugares interditos:

“…Puseram por postura que nenhumas ovelhas, cabras ou porcos, possam comer nem beber no Vale do Tripeiro, da boca do Vale de Baixo contra a Quinta da Foz, até ao Arneiro do Pereiro, tanto numa banda, como na outra, assim como na banda de além do Monte de Luís da Gama, até ás Cegonheiras, não podendo, ainda, entrar no Vale da Moreira, nem entrar, comer ou beber, no Vale de Dona Franca, nem muito menos na Asseiceira, da fonte de Cortiço, nem em todo o Vale de Trejoute, assim como não poderão comer, nem beber, na Barrosa…”

Subsídios para a História Benaventina Do Século XVI

fonte do

A Fonte das Bicas situada nos Camarinhais é conhecida por todas as gerações de benaventenses, compreende várias nascentes onde, para facilitar o acesso, foram apenas colocados fragmentos cerâmicos. No século XVIII era designada por Fonte da Bica da Caza e sobre as virtudes das suas águas constam lendas que perduram na memória.

Apesar da distância, eram bastante frequentes as idas à Fonte das Bicas, porque esta água era reconhecidamente a melhor para beber.

Fonte das Bicas, 2008

Page 5: As fontes e o abastecimento de agua em benavente

A Fonte das Somas dista cerca de 2Km do extremo Norte da vila, à esquerda da Estrada Nacional N.º 118 no sentido de Salvaterra de

Magos. Segundo Álvaro Rodrigues D'Azevedo, a

primeira referência a esta fonte surge em documentos datados do século XVII, mais

precisamente, no ano de 1653.No início do século XX, de acordo com o Censo

de 1900, Benavente tinha cerca de 3.551 habitantes, as necessidades de água para

consumo e higiene eram prementes. No entanto, a água desta nascente servia apenas

os mais abastados que dispunham de veículos ou animais de carga para a transportar. Dotada

de condições para lavagem de roupa, as mulheres deslocavam-se à fonte para esta

tarefa, inicialmente a pé e, mais tarde, transportadas em camionetas de serviço

público.Em meados do século XX, a Fonte das Somas

perde importância, com efeito, o progresso trouxe a rede de abastecimento domiciliário de água e, com esta, os novos Lavadouros Públicos

da vila de Benavente.

fonte das

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SOMAS

“… Acordaram que o gado da lavoura de Álvaro Lucas, almocreve, tanto bois como éguas, possam daí para a frente pastar desde a Fonte do Seixo até ao estreito do Ferilhão, e neste até ao rio, e daí para cima…”.

Subsídios para a História Benaventina do Século XVIFrancisco Correia

“…Huma courella de terra tem o concelho da villa de Benavente que anda com as rendas do concelho em arrendamento com as mais terra suas, a qual esta na várzea da dita villa, saindo da ponte pêra mão direita estará da villa cinco tiros de besta onde chamão a sylveira antre esta sylveira e a fonte do seixo, entesta da banda descontra o Norte na coutada dos Bois a que chamão Garrocheira antre a qual coutada e courella atravessa o esteiro hu tiro de pedra da dita coutada e tem por hi de Largo de levante a Poente dezanove varas, é da banda do Levante…”“… Outra courela de terra tem o concelho á quebrada do farilhão cinco tiros de besta da villa saindo pella ponte pêra a banda do Poente hindo pêra Coruche. Começasse a dita courela partindo da banda do Norte com a coutada da Garrocheira entestando nella, perantre a qual coutada, e'a dita courella hu tiro de pedra de hua a outra atravessa o esteiro, que vem pella fonte do seixo abaixo, é'dahi a dar dereito no rio sorraya, em o qual entesta da banda do Levante…”

Também nos bens e propriedades do concelho da vila de Benavente, a partir do Tombo do Mestrado de Avis (1574), são feitas duas referências à Fonte do Seixo:

fonte doSEIXO

Esta é a primeira fonte a que se encontra referência numa Acta da Câmara do século XVI, no ano de 1559:

Fonte das Somas, 2008

Page 6: As fontes e o abastecimento de agua em benavente

Até 1865 não existiam fontes públicas de relevância dentro da vila de Benavente e a fonte mais próxima onde o povo se abastecia, Fonte de Santo António ou Fonte d'el Rei, distava cerca de 1Km a poente da povoação. A construção ou, talvez, a reparação desta fonte data do século XVIII, como se pode ler na lápide frontal. A Fonte é composta por um depósito e duas minas abobadadas, uma que se dirige a nascente e tem cerca de 15 metros e, outra, a poente com 26 metros.Em 1865, um ambicioso projecto permitiu o encanamento destas águas até ao Chafariz do Arrabalde, mais tarde designado de Fonte de Santo António

(Camarinhais)

FONTE DE SANTO ANTÓNIO ou FONTE D'EL REI

Nascente da

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fonte do “BADÉU”

Localizada na parede frontal de um prédio, no troço que separa o Largo de Santiago do Largo do Calvário, foi desactivada e, posteriormente, demolida após a inauguração da Fonte de Santiago (1957). A Fonte do Badéu garantiu o abastecimento de água à população residente na área do Calvário desde o início do século XX. A fonte possuía um pequeno reservatório abastecido por um furo existente no Calvário, anexo a um moinho de vento que processava a elevação das águas.

fonte de SANTIAGOSituada no Largo de Santiago e edificada dentro de um pequeno jardim, recorda a antiga Igreja de Santiago que existia no local e destruída pelo terramoto de 1909.

A Fonte de Santiago e o jardim circundante foram inaugurados a 15 de Setembro de 1957. Ao contrário de muitas outras fontes cuja finalidade era garantir o abastecimento de água, a Fonte de Santiago, integra um arranjo paisagístico pelo que apresenta um carácter marcadamente decorativo

Fonte dos Camarinhais, 2008

Vista aérea do Largo do Calvário, c.1980

Fonte de Santiago, 2008

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Construída após o Terramoto de 1909 provavelmente no adro da antiga Igreja matriz de Benavente, assumiu esta designação por estar situada no topo da Praça da República e frontal à Casa paroquial, orientada para o interior do jardim.

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fonte do PADRE

Construída na década de 1920, apresentava uma construção simples de uma só bica, semelhante à Fonte do Padre e à Fonte que originalmente se encontrava na Fonte do Golfinho. A Fonte da Praça do Município situava-se no topo NE da referida praça e era abastecida pelo furo existente no Calvário. Foi demolida no início dos anos 50 do século XX, após a conclusão da rede de abastecimento domiciliário de água.

fonte da

PRAÇA DO MUNICÍPIO

Esta fonte ficou também conhecida pela fonte da Velha Toureira, na década de 1940, porque sempre que mandava a empregada (Cidalina) à fonte eram tantas as quartas para encher que não restava lugar para mais ninguém.

Desta fonte não possuímos quaisquer registos fotográficos e alguns testemunhos fazem-na enquadrar na tipologia da Fonte da Praça do Município. Terá sido construída na década de 1910, com a água canalizada a partir do depósito da Praça Anselmo Xavier(Chaveiro). Foi demolida nos anos 50 do século XX, mas a sua existência perdura na memória das gerações mais velhas.

fonte do

GOLFINHOCom projecto assinado pelo Arquitecto Luís Benavente, em

Fevereiro de 1957, a Fonte do Golfinho é construída no mesmo local onde já existia uma fonte e, inaugurada a 15 de Setembro

do mesmo ano. Na década de 1910, segundo as Actas da Câmara, foi construída a fonte original com água proveniente

do depósito da Praça Anselmo Xavier (Chaveiro).

” construção de uma Fonte no Largo Duarte Lopes com o fim não só de embelezar este local como ainda para manter a possibilidade de abastecimento de água a várias famílias de proventos deficientes que nas proximidades habitam. Existe já neste local um marco fontenário de aspecto menos que modesto o qual se vê da Estrada Nacional N.º 118, o que produz um efeito desagradável aos usuários desta Estrada.

Praça do Município, c. 1940

Praça da República, c.1940

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Como se pode observar no Museu Municipal onde existe um “Golfinho” de pedra que se julga serem restos de uma antiga fonte que existiu no local há longos anos, a Câmara Municipal animada em melhorar, não só as condições de vida dos seus munícipes, mas ainda melhorar o aspecto da vila que se encontrava quasi abandonada desde o terramoto, resolveu reedificar a fonte que se julga ter existido nesse local…”. O orçamento para a construção da Fonte foi de Esc.: 21.000$00 (104,75 Euros).

Câmara Municipal de BenaventeMemória Descritiva da Fonte do Golfinho

Arquitecto Luís Benavente12 de Fevereiro de 1957

fonte de SANTO ANTÓNIO

Nos anos de 1864 e 1865 foi construída a nova Fonte do Arrabalde perto do antigo “Poço Novo”. Esta obra previa o

encanamento em tubagem de ferro numa extensão de 1. 222 metros desde a antiga Fonte de Santo António, nos Camarinhais, até ao Arrabalde. A antiga fonte torna-se

assim depósito de água do novo Chafariz do Arrabalde.

Para além do Chafariz e do encanamento em tubagem de ferro, a obra comportava ainda um novo ramal ou aqueduto, um tanque para o gado, um tanque de lavadeiras, um muro para resguardo, calçadas e novas disposições nas saídas da Rua da Misericórdia e socalco do Arrabalde. O orçamento para a execução dos trabalhos cifrou-se em 4:198$000 réis (20,94 Euros).

Chafariz do Arrabalde

Antiga fonte do Largo Duarte Lopes, c.1950

Inauguração da Fonte do Golfinho, 1957

Antiga Fonte de Santo António, início do século XX

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Este fontanário, já em estudo no início de 1951, veio colmatar a demolição da Fonte de Santo António ocorrida durante o mesmo ano. Desde o seu início que funcionou ligada à nova rede de abastecimento de água à vila e perde parte da sua utilidade com a reconstrução da Nova Fonte de Santo António, em 1957.

O Chafariz do Arrabalde passou a ser designado pelo nome da fonte que o alimentava, Santo António, embora as gerações mais velhas não estranhem o nome original.A conclusão da obra de abastecimento de água à vila e a necessidade de uma intervenção na conduta da Fonte de Santo António levam o executivo, em 1951, a decidir a demolição. Mais tarde e, como resultado da vontade popular, a Fonte é reconstruída com novo projecto e reinaugurada em 15 de Setembro de 1957.

fonte da RUA LUÍS DE CAMÕES

Esta fonte foi construída em 1936 na propriedade anexa à moradia do Dr. Francisco Sousa Dias. Apesar de não ser pública o seu proprietário sempre a disponibilizou à comunidade nos períodos graves de abastecimento de água:

“… O atraso nas obras de abastecimento de água associado à seca dos últimos anos, condiciona o regular fornecimento de água à população. A situação é considerada gravíssima (…) O Dr. Francisco Sousa Dias disponibiliza a sua reserva particular de água a toda a população…”

Acta da Câmara MunicipalFevereiro de 1945

SAÚDE Fonte da (Particular)

O apoio documentado em 1945, não foi o primeiro nem seria o último prestado por este ilustre médico da terra, ele manteve-se, pelo menos, até finais dos anos 50 do século XX.

Fonte de Santo António, 2008

Fonte (desactivada)Rua Luís de Camões, 2008

Fonte da Saúde, 2008

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Adossada à taberna do “Vasquito”, a Fonte de São José, localizava-se na Rua dos Combatentes da Grande Guerra e foi uma das três fontes inauguradas a 15 de Setembro de 1957. Era alimentada pela nova rede de abastecimento de água e foi demolida juntamente com a moradia onde estava integrada na década de 1980.

fonte

Construção simples e com carácter temporário, localizava-se na Praça Anselmo Xavier (Chaveiro) actual Parque 25 de Abril, estava adossada ao gradeamento e orientada para o interior do jardim, sendo alimentada pela rede de abastecimento público. Considerando que o depósito de água do Largo do Chaveiro foi demolido em 1951, por deliberação camarária é construído este fontanário para responder às necessidades da população residente nesta área bem como para utilização dos feirantes, uma vez que a Feira Anual se realizava neste local. Instalada neste local provisoriamente, quando da inauguração do parque, em 1957, já tinha sido retirado.

S. JOSÉ

Fonte do PARQUE

No início do século XX, foi construído na Praça Anselmo Xavier, actual Parque 25 de Abril, um

depósito de água de grande dimensão que pretendia dar resposta às necessidades de abastecimento de água nesta nova área de

desenvolvimento da vila. Em duas das faces do depósito encontravam-se dois chafarizes

que garantiam o abastecimento de água para consumo doméstico.

chafarizes e depósitode água do PARQUE

Antiga Fonte de São José, c. 1960

Antiga fonte no Parque 25 de Abril, c. 1955

Antigo depósito do Parque 25 de Abril, c.1920

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Este depósito era alimentado por um moinho de vento localizado no “Papelão” e assegurava o fornecimento de água a outras fontes.Em 1951, com a implementação da rede de abastecimento domiciliário de água o depósito deixou de cumprir o objectivo da sua construção pelo que foi demolido e o moinho desmantelado.

Situada nas proximidades da Capela de S. Bento que caiu com o terramoto de 1909, a nascente não marcou

significativamente a memória colectiva da população. A tentativa de elevação da sua água através de um

rudimentar moinho de vento para alimentar um depósito não teve os resultados esperados

Também Álvaro Rodrigues D'Azevedo no seu Estudo Histórico Descritivo confirma a existência da “pequena

fonte de S. Bento” situada a SE da Capela de N.ª Sr.ª da Paz na Praça Anselmo Xavier.

“… Há anos tratou a Câmara de aproveitar a água de uma nascente denominada Fonte de S. Bento collocando ali um

moinho automático que eleva a água a um deposito situado na Praça Anselmo Xavier. Esta tentativa, infelizmente, não

deu o resultado desejado. O moinho, luctando com desarranjos de machinismo, falta de vento e outras

circunstancias, pouca ou nenhuma água eleva…”

Câmara Municipal de BenaventeProjecto de reabastecimento da Fonte do Arrabalde

Memória Descritiva 24 de Agosto de 1907

Fonte

S. BENTO

chafariz

Construído nos anos 60, do século XX, este chafariz fica situado no cimo da Ladeira dos Carrascos (Vila das Areias), na bifurcação da estrada da Foz com a estrada para os Camarinhais. O Chafariz da Vila das Areias é uma construção simples, apresentando uma estrutura arredondada, revestida a azulejos de onde sai a bica.

da VILA DAS AREIAS

Chafariz da Vila das Areias, 2008

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No arrabalde da vila, no final da Rua de Évora, localizava-se já no século XVI o Rocio do Poço Velho, sugerindo que este constituiu o primeiro poço público que garantia o abastecimento de água à população. No entanto, em 1531, a água não era suficiente para o consumo resultando evidente o grande desenvolvimento de Benavente. No século XVIII, este Rocio surge com a designação de Pedra do poço e, mais tarde, Pedra da Paciência.

Construído na primeira metade do século XVI, este poço situava-

se perto da actual Fonte de Santo António, no “Arrabalde” e veio

minorar o deficiente abastecimento de água à

população. Até ao século XIX o local do “Poço Novo” era também

designado de “Poço dos Cães”. Em 1914, a Câmara considerando a

“pestilência” das águas do poço e considerando a sua inutilidade

delibera proceder ao entulhamento.

poço VELHO

poço NOVO

Após o terramoto de 1909, Benavente assistiu a uma expansão dos seus espaços urbanos, nomeadamente na construção dos novos bairros Bairro Municipal, Diário de Notícias e Cidade do Porto. Organizados em torno de um pátio ou acesso central, as casas dispõem-se alinhadas numa frente corrida e paralela à excepção do Bairro Cidade do Porto que apresenta uma organização em torno de um espaço mais amplo, sugerindo um largo.

poços dos BAIRROS NOVOS

Em cada um destes bairros foi aberto um poço que assegurava o abastecimento de água às numerosas famílias

que ali habitavam. Quando, mais tarde, a água canalizada chegou a todas as casas, os poços já obsoletos foram

inicialmente cobertos por razões de segurança e mais tarde aterrados.

Poço do Bairro Cidade do Porto, 1970

Poço do Bairro Diário de Notícias, c.1940

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Em toda a vila encontramos diversas referências à existência de diversos equipamentos destinados à recolha, elevação ou reserva de águas. Destinados ao abastecimento público da água ou com carácter privado salientamos outros poços, furos, moinhos e tanques que tiveram uma utilização sistemática ao longo dos séculos.

Poço da Ponte ou da HortaPoço e Tanque de Domingos ToureiroPoço dos MonturosPoço do Dr. Francisco Sousa DiasPoço do Matadouro MunicipalPoço da Igreja da Misericórdia (Séc. XVIII)

Furo de João Guilherme Pastoria, edifício do Museu MunicipalFuro de Domingos F. PedrosaFuro do Dr. Francisco Sousa Dias

poços, furos, moinhos e tanques

Moinho do CalvárioMoinho do “Pencudo”Moinho do PapelãoMoinho do Dr. António Alves VenturaMoinho da Santa Casa da misericórdiaMoinho do Matadouro

Tanque do ValverdeTanque do Matadouro

Largo do Calvário,início séc.XX

Vista de Benavente,

c.1930

Matadouro Municipal, actual Núcleo Museológico Agrícola, c.1900

Hospital da Misericórdia, c.1900

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Poço de Domingos Toureiro (Monturos), 2008

Tanque de Domingos Toureiro (Monturos), 2008

Poço da Ponte ou da Horta, c. 1940

Poço da Ponte ou da Horta, 2008

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1.ª OBRA DE ABASTECIMENTO

1941

1942

Prevista para ser executada em 21 meses, a Obra de Abastecimento domiciliário de Água demorou mais de 8 anos a ser concluída. Arranca no terreno durante o 1.º semestre de 1943, sofre 5 prorrogações de prazo e, termina no decorrer 2.º semestre de 1950. Os custos previstos no primeiro estudo económico da obra não são cumpridos, segue-se um novo estudo cujo valor também fica aquém do custo final da obra que se cifrou em Esc.: 1.650.000$00 (8.230,17 Euros), comparticipada pelo Estado em 50%.A excessiva dependência dos organismos estatais e a falta de recursos humanos, sobretudo técnicos, associada aos parcos recursos financeiros da autarquia, são as principais razões pelos atrasos sucessivos da conclusão da obra.

As condutas de abastecimento de água são inicialmente projectadas para as zonas de maior aglomerado urbano e, a partir de 1951, iniciam-se diversos prolongamentos de ramais a zonas periféricas e a bairros novos.A população em geral começa a ser abastec ida , progressivamente, com água da rede nas suas habitações e, em Agosto de 1955, a Câmara já processa cerca de 600 cobranças de consumos domiciliários.

A melhoria social que esta obra proporcionou à população alterou significativamente o seu quotidiano e relegou para segundo plano o papel que as fontes, chafarizes e poços tiveram até então, passando a ser quase meramente decorativos, a partir da década de 70 do século XX.

Aprovado o primeiro Estudo Económico da Obra com orçamento previsto de Esc.: 744.385$00.

Estabelecido, através de portaria, o prazo de 21 meses para execução da Obra de Abastecimento de Água a Benavente.Quando da aprovação do Plano de Actividades para 1943, o

Abertura de furo, Cerrado das Águas, c. 1955

DOMICILIÁRIO DE ÁGUA À VILA DE BENAVENTE

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Presidente da Câmara salienta:

A Câmara contrai um 1º empréstimo de Esc.: 435.000$00, na Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, destinado à obra de abastecimento de água.

A Câmara irá executar a obra de captação de águas destinada ao abastecimento da Vila em regime de administração directa e assume iniciar as mesmas, durante o mês de Março de 1943.

São abertos furos para captação de águas e verificam-se os primeiros problemas. Os trabalhos são suspensos até à chegada a Benavente do Engenheiro Chefe da Secção de Águas e Saneamento.

São analisados, por técnicos do Estado, as medições do rebaixamento do lençol aquífero da Vila.

É definido o local (Cerrado das Águas) pelo engenheiro responsável da obra para a abertura do poço e construção da Estação Elevatória.

A Santa Casa da Misericórdia de Benavente deliberou ceder, a título oneroso, o Cerrado do Molheiro à Câmara Municipal para abertura de mananciais destinados ao fornecimento de água à Vila.

Devido à grande escassez de água nas fontes, a Câmara solicita à Direcção dos Bombeiros Voluntários autorização para que o povo se abasteça de água no furo existente no quintal da Associação, disponibilizando para isso um bidão de gasóleo.

“… No futuro ano de mil novecentos e quarenta e três a nossa actividade, além da manutenção e possível aperfeiçoamento dos serviços permanentes, cifra-se no problema das águas. Ele chegará para absorver por completo todo o nosso tempo, tanto mais que algumas dificuldades devem emergir na sua realização… “

1943

1944

Abertura de furo, Cerrado das Águas, c. 1955

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Actualizado o orçamento geral da obra para Esc.: 1.110.029$00.Prosseguem os trabalhos de abertura de valas para assentamento de condutas.

A Secção de Melhoramentos aprova o Programa de Concurso e Caderno de Encargos para a empreitada de construção do Reservatório Elevado em betão armado e autoriza que a Câmara proceda à abertura do concurso.

O atraso nas obras de abastecimento de água associado à seca dos últimos anos, condiciona o regular fornecimento de água à população. A situação é considerada gravíssima pelos responsáveis autárquicos que planeiam soluções de recurso até à conclusão da obra.O Dr. Francisco Sousa Dias disponibiliza a sua reserva particular de água a toda a população.A Associação dos Bombeiros Voluntários e o senhor João Maria D' Almeida também auxiliam no fornecimento de água.

É adjudicada a empreitada da construção do Reservatório Elevado à Sociedade Nacional de Estudos e Projectos, Lda. pelo valor de Esc.: 114.803$15.

Preparação de documentos para a celebração de contrato com a Corporação Mercantil Portuguesa, Lda. para o fornecimento e assentamento de tubagens de fibrocimento com acessórios incluídos.

O Ministro das Obras Públicas autorizou mais uma prorrogação do prazo para a conclusão da obra por mais 1 ano.

O Laboratório de Engenharia Civil realizou ensaios na canalização de água para abastecimento.

É adjudicado à firma Micaëlis de Vasconcellos, Lda. o fornecimento e montagem dos Equipamentos Eléctricos e Mecânicos para a Central Elevatória.

Foram adquiridos os primeiros acessórios para a instalação de ramais domiciliários de água às firmas Tomaz dos Santos e Cristiano J. Nunes Côdea.

A habitual carência de água nos meses de Verão é remediada, novamente, pela colaboração de diversos proprietários de furos que os disponibilizam à população.

São publicados editais convidando a população a requerer a montagem de ramais domiciliários para abastecimento de água.

É autorizada, pela Câmara, a construção de um sinal geodésico sobre o Depósito Elevado solicitado pelo Instituto Geográfico e Cadastral.

Prevendo um aumento significativo de serviço de secretaria devido ao lançamento do imposto de trabalho e à distribuição de água na Vila, a Câmara decide aumentar o quadro de pessoal abrindo concurso para 2 escriturários de 3.ª classe.

Abertura de propostas para o fornecimento de 100 contadores de água; os contadores são adjudicados à firma Sociedade Michaëlis de Vasconcellos, Lda. pelo valor unitário de Esc: 330$00, de marca Bopp & Reuhter.

Os técnicos da Direcção dos Serviços de Salubridade procedem à desinfecção da rede de abastecimento de água e do poço de captação.

1945

1946

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1949

1950

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É deliberado que os contadores de água sejam montados sob o regime de aluguer nos prédios de maior consumo mínimo atribuído e, cujos ramais se encontrem liquidados pelos requerentes à data da montagem.

É adquirida pela Câmara à Santa Casa da Misericórdia de Benavente a propriedade onde foi perfurado o poço e construída a Central Elevatória (Cerrado das Águas) pelo valor de Esc.:15.343$00.

É aprovada a proposta para os vencimentos base do mecânico e leitor cobrador, sendo respectivamente, Esc.: 550$00 e Esc.: 450$00 mensais, acrescidos do suplemento de 80% previsto por Decreto-Lei para os funcionários públicos.

Por despacho do Ministro do Interior o Governo Civil informa que a Câmara foi autorizada a explorar o serviço de distribuição domiciliário de águas.

É decidida a demolição do depósito da água existente junto à Praça Anselmo Xavier que, antes da instalação da rede de abastecimento domiciliário de água, abastecia os fontanários da vila.Iniciam-se os trabalhos de terraplenagem na Fonte de Santo António.

O Director dos Serviços de Salubridade e o Engenheiro José Manuel Leitão deslocam-se a Benavente, afim de se proceder à recepção da Obra de Abastecimento de Água.

Aumenta significativamente o número de munícipes a requererem a instalação dos ramais domiciliários de água.São efectuadas análises à água da rede de abastecimento e os resultados concluem que a mesma é pura e de boa potabilidade.

A Câmara notifica proprietários de prédios obrigando-os a instalar os ramais domiciliários de água após queixas apresentadas por inquilinos, esclarecendo-os dos prazos e sanções no incumprimento.

São aprovadas a pauta dos impostos, taxas, licenças e reembolsos que constituirão receita municipal para o ano de 1952 e submetidas à apreciação do Conselho Municipal.

1951

“… artigo 21.º Serviço de Abastecimento de Água : a) Aos domicílios por cada metro cúbico - 2$50

b) Aluguer de contadores, de ½” - 3$00

c) - Aluguer de contadores, de ¾” - 5$00

Central Elevatória, Cerrado das Águas, construída em 1945

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Consumos mínimos mensais : Prédios com o Rendimento Colectável de200$00 a 300$00 2 m3300$01 a 400$00 3 m3400$01 a 600$00 5 m3600$01 a 1.000$00 7 m3Superior a 1.000$00 10 m3 …”

“…que o mesmo ficasse a funcionar do nascer ao pôr-do-sol, cobrando-se por cada período de lavagem diária o preço de 1 escudo…”.

Fundo Câmara Municipal de BenaventeLivro de Actas de 1954-1956Acta de 23 de Junho de 1954

Fl. 14

Fundo Câmara Municipal de Benavente, Acta da Câmara de 12 de Setembro de 1951

São analisados os processos dos concorrentes e deliberado contratar um mecânico para a Estação Elevatória e um leitor cobrador, respectivamente, António Paulino e João Carvalho Borracha.

A Câmara propôs que fosse apreciada pelo Conselho Municipal a alienação dos Moinhos de elevação de águas, bombas e motores que com a obra de abastecimento se tornaram dispensáveis ao município.

Foi deliberado proceder à arrematação da sucata e ferro existentes em armazém, julgados dispensáveis aos serviços municipais, designadamente:1 Motor Lister ; 1 Moinho existente no Calvário; 1 Moinho existente no Matadouro Municipal; 1.532 Kgs de ferro forjado; 256 Kgs de ferro fundido; 15 Kgs de zinco; 40 Kgs de latão; 1 Bomba Centrífuga E 1 ½” e 1 Bomba Centrífuga E 2”.

Por iniciativa da Câmara Municipal, a Direcção dos Serviços de Salubridade elaborou uma proposta para trabalhos complementares à Obra de Abastecimento de água recentemente concluída. Esta proposta foi presente à reunião de Câmara de 24 de Outubro de 1951 e, incluía a construção de um Lavadouro Público no Cerrado da Cruz Vermelha, um bebedouro com marco fontanário na zona denominada de Valverde. Em Março de 1952 a Direcção dos Serviços de Salubridade aprova o Programa de Concurso e Caderno de Encargos que são tornados públicos através de anúncios e editais. O acto público de abertura de propostas realiza-se em 23 de Abril do mesmo ano e é adjudicado a um empreiteiro de Benavente, Álvaro Maximiano Quintino, pelo valor global de Esc. 107.950$00.As obras ficaram concluídas durante o ano de 1953 com um agravamento financeiro de Esc.: 44.791$60, devido a trabalhos de escavações, aterros e alterações não previstas no projecto inicial para os trabalhos de construção civil, sobretudo na construção dos Lavadouros Públicos.Com as despesas para aumento de rede e ligações a estes equipamentos o custo final da obra ascende a Esc.: 181.494$81 (905,29 Euros) comparticipado em 50% pelo Estado.

Em 1 de Julho de 1954 os Lavadouros são abertos à população, sendo deliberado

TRABALHOS COMPLEMENTARES

À OBRA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

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