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Crises do Capitalismo, Estado e Desenvolvimento Regional Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 4 a 6 de setembro de 2013 AS DIMENSÕES TERRITORIAIS DA CIÊNCIA: EVENTOS CIENTÍFICOS NA ÁREA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL COMO DEMARCADORES TERRITORIAIS NO BRASIL Msc. Christiane Fabíola Momm 1 Dr. Marcos Antônio Mattedi 2 Resumo: Os eventos científicos constituem uma das formas mais importantes de comunicação das descobertas científicas e tecnológicas; permitem a socialização dos resultados de pesquisa e o estabelecimento de contatos diretos entre pesquisadores. Porém, apesar de sua crescente centralidade no processo de organização da comunidade científica e na produção do conhecimento científico, eles têm sido pouco investigados pela Sociologia da Ciência em geral. Nesse sentido, o presente trabalho visa apresentar os elementos preliminares associados à dimensão territorial da ciência e à dinâmica estruturação e organização dos eventos científicos que possuem destaque na área de Desenvolvimento Regional no Brasil, quais sejam: ENANPUR, SEDRES realizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR) e o SIDR realizado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) no Rio Grande do Sul. Assim, partindo do estudo exploratório sobre a localização de realização e organização dos eventos na área, procura-se apresentar como as formas de organização do processo de comunicação científica afetam a produção do conhecimento no território brasileiro na área do Desenvolvimento Regional no Brasil. Palavras-chave: Comunicação científica. Desenvolvimento Regional. Eventos científicos. Território. 1 A abordagem da ciência A abordagem da ciência ocupa-se com a relação entre a ciência/tecnologia e o contexto social. Esta relação encerra um paradoxo intrigante: apesar de a ciência ser determinante na produção do mundo social, permanece muito pouco conhecida socialmente. Por isso, ao mesmo tempo em que reconhecemos a importância do 1 Graduada em Turismo (2003) e Gastronomia (2006) UNIASSELVI (SC). Pós-graduada em Planejamento e Gestão do Turismo (2004) ICPG (SC) e Pós-graduada em Didática da Educação Superior (2012) Faculdade Senac Blumenau. Mestre em Ciência da Informação (2009) UFSC (SC). Atualmente é doutoranda, bolsista CAPES, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Fundação Regional de Blumenau - FURB (SC). [email protected] 2 Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional de Blumenau (1991), Mestre em Sociologia Política pela UFSC- (1994), Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual em Campinas (1999) e estágio Pós- Doutor no Centre de Sociologie de L’innovation-ENMP/Paris (2003). Atualmente é professor titular do Mestrado em Desenvolvimento Regional da Fundação Regional de Blumenau. [email protected]

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Crises do Capitalismo, Estado e Desenvolvimento Regional

Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 4 a 6 de setembro de 2013

AS DIMENSÕES TERRITORIAIS DA CIÊNCIA: EVENTOS

CIENTÍFICOS NA ÁREA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL COMO

DEMARCADORES TERRITORIAIS NO BRASIL

Msc. Christiane Fabíola Momm1

Dr. Marcos Antônio Mattedi2

Resumo: Os eventos científicos constituem uma das formas mais importantes de comunicação das descobertas científicas e tecnológicas; permitem a socialização dos resultados de pesquisa e o estabelecimento de contatos diretos entre pesquisadores. Porém, apesar de sua crescente centralidade no processo de organização da comunidade científica e na produção do conhecimento científico, eles têm sido pouco investigados pela Sociologia da Ciência em geral. Nesse sentido, o presente trabalho visa apresentar os elementos preliminares associados à dimensão territorial da ciência e à dinâmica estruturação e organização dos eventos científicos que possuem destaque na área de Desenvolvimento Regional no Brasil, quais sejam: ENANPUR, SEDRES realizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR) e o SIDR realizado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) no Rio Grande do Sul. Assim, partindo do estudo exploratório sobre a localização de realização e organização dos eventos na área, procura-se apresentar como as formas de organização do processo de comunicação científica afetam a produção do conhecimento no território brasileiro na área do Desenvolvimento Regional no Brasil. Palavras-chave: Comunicação científica. Desenvolvimento Regional. Eventos científicos. Território.

1 A abordagem da ciência

A abordagem da ciência ocupa-se com a relação entre a ciência/tecnologia e

o contexto social. Esta relação encerra um paradoxo intrigante: apesar de a ciência ser

determinante na produção do mundo social, permanece muito pouco conhecida

socialmente. Por isso, ao mesmo tempo em que reconhecemos a importância do

1 Graduada em Turismo (2003) e Gastronomia (2006) – UNIASSELVI (SC). Pós-graduada em

Planejamento e Gestão do Turismo (2004) – ICPG (SC) e Pós-graduada em Didática da Educação Superior (2012) – Faculdade Senac Blumenau. Mestre em Ciência da Informação (2009) – UFSC (SC). Atualmente é doutoranda, bolsista CAPES, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Fundação Regional de Blumenau - FURB (SC). [email protected] 2 Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Regional de Blumenau (1991), Mestre em

Sociologia Política pela UFSC- (1994), Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual em Campinas (1999) e estágio Pós- Doutor no Centre de Sociologie de L’innovation-ENMP/Paris (2003). Atualmente é professor titular do Mestrado em Desenvolvimento Regional da Fundação Regional de Blumenau. [email protected]

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conhecimento científico na configuração dos processos de inovação sociotécnica,

aumentam progressivamente as incertezas e inquietações relativas às implicações dos

OGMs, das nanotecnologias, do aquecimento global, etc. Devido a este processo

ambivalente a ciência tem despertado um interesse crescente não somente de

pesquisadores e laboratórios científicos, mas também de setores econômicos, agências

governamentais, sindicatos, associações civis, etc. A impressão é que quanto mais a ciência

se torna necessária socialmente, maiores são as dificuldades de compreender esta relação

na sociedade.

Muito embora a abordagem da relação entre atividade científica e contexto social

remonte ao início do século passado (FLECK, 1979; BERNAL, 1969; POLANYI, 1958;

MERTON, 1970), somente nos anos sessenta a ciência se estabeleceu como uma

subdisciplina independente. A medida que esta preocupação sobre as relações entre

ciência e sociedade se institucionalizou do ponto de vista disciplinar, possibilitou,

curiosamente, a constituição de um campo de análise multidisciplinar. As expressões e

acrônimos criados para dar conta desta diversidade são muito variados e ilustram este

processo: STS (Science, Technology and Society), STI (Science, Technique and Inovation),

SSS (Social, Studies of Science), SPS (Science, Policy, Sutdies), etc. Considerando as

relações entre atividade científica e contexto social analiticamente estes estudos podem ser

divididos em dois conjuntos de estratégias: 1) uma primeira linha de problematização

enfatiza as conseqüências da ciência e da tecnologia no contexto social; 2) a segunda linha

de investigação destaca as influências do contexto social na atividade científica (MATTEDI,

GRISOTTI, SPIESS, BENNETZ, 2009).

No que se refere às condições de institucionalização da primeira estratégia de

abordagem das relações entre ciência e sociedade, ela remonta ao final da Segunda Guerra

Mundial. O reconhecimento da importância da pesquisa científica no desenvolvimento da

tecnologia militar estimulou a formulação de políticas científicas nos países desenvolvidos e,

consequentemente, despertou também atenção de muitos analistas sobre as questões

éticas envolvidas na relação entre ciência, a tecnologia, e a produção de armas de

destruição em massa. Com a emergência dos novos movimentos sociais e do

ambientalismo moderno na década de sessenta esta estratégia de abordagem passou a

considerar também o papel da ciência e da tecnologia nos processos de desenvolvimento

econômico, deslocando a crítica para o questionamento das concepções determinista e

lineares da relação entre ciência e sociedade. Neste contexto, o interesse sociológico na

ciência e na tecnologia passa para avaliação dos impactos negativos provocados na

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sociedade, procurando avaliar o processo por meio do qual os produtos científicos e

tecnológicos afetam as formas de vida e a organização social, como ilustram os debates

sobre os riscos relacionados à utilização de pesticidas químicos como o DDT na década de

sessenta e da energia nuclear na década de setenta.

A segunda linha de desenvolvimento da abordagem sociológica da relação entre

ciência e sociedade se estabelece com a criação do Science Studies Unit da Universidade

de Edimburgo na década de sessenta. Esta linha de investigação compreende, ao mesmo

tempo, uma aplicação dos modelos de abordagem sociológica do conhecimento ao

conhecimento científico, mas também uma crítica da divisão do trabalho estabelecida por R.

K. Merton entre a sociologia e a epistemologia. Neste contexto, questiona-se a objetividade

e autonomia da ciência por meio da consideração da influência de uma grande variedade de

fatores políticos, econômicos, sociais na explicação da origem, mudança e legitimação do

conhecimento científico. Este questionamento produziu uma relativização e contextualização

da atividade científica, que demonstrou o caráter convencional e contingente das teorias

científicas. Aqui o interesse foi montar uma explicação do conteúdo das teorias científicas

por meio de sua localização no contexto social. Nesse sentido, procura-se observar como

uma determinada ideologia política, certos interesses econômicos ou algum preconceito

profundo afetam a gênese e a legitimação das teorias científicas.

2 Os eventos científicos na comunicação científica

Há registros que indicam que a comunicação científica remonta ao período da

antiguidade, quando os filósofos estabeleciam amplos debates sobre suas ideias na

chamada Academia (WEITZEL, 2006, p.83). Esse processo de debater, discutir, trocar

informações e conhecimentos com os pares integra uma das práticas da comunidade

científica imprescindível para que haja progresso científico e tecnológico. Além disso, os

membros da comunidade podem promover ações e desenvolver pesquisas nas áreas de

conhecimento, e disseminando, por meio da comunicação científica, o que está sendo

produzido. Para Garvey e Griffith (1967, p. 1013) “a interação direta, face a face ou por

correspondência, dos cientistas - é uma característica da maior importância no

funcionamento da ciência”. Destaca-se, portanto, que a comunicação científica pode

decorrer da interação entre os pares, integrantes da comunidade científica. Nesse contexto,

as reuniões científicas e as conversas informais integram o fluxo da informação científica e

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podem contribuir para validar pesquisas antes de seus resultados serem publicados em

canais formais de comunicação científica.

Meadows (1999, p. vii) descreve que “A comunicação situa-se no próprio coração da

ciência. É para ela tão vital quanto a própria pesquisa, pois a esta não cabe reivindicar com

legitimidade este nome enquanto não houver sido analisada e aceita pelos pares”. A análise

e a aceitação pelos pares implica no desenvolvimento da ciência e na visão de Merton

(1970, p. 637), “o desenvolvimento científico da ciência somente ocorre em sociedades de

certa ordem, submetidas a um complexo peculiar de pressupostos tácitos e de coações

institucionais”. Derek de Solla Price, recuperou o termo “Colégio Invisível” para nomear a

associação científica que costumava reunir-se em Oxford (ZIMAN, 1981). A comunidade

científica pode se organizar em sociedades científicas, que de acordo com Witter (2007, p.

2), “surgiram, em parte, em decorrência da necessidade de ampliar o contato e o

conhecimento entre cientistas e como forma de se obter o aceite dos pares”. Witter ainda

menciona que “Tendo por critério a abrangência territorial, as entidades (...) podem ser

agrupadas em três categorias: Internacionais, Nacionais e Regionais” (WITTER, 2007, p.2).

No que se refere às associações nacionais, estas estão circunscritas ao território de um

dado país.

A concepção de sociedades científicas ou associações científicas envolve os

objetivos de um determinado grupo de interessados para disseminarem informação e

conhecimento científico, bem como, para validar o que está sendo produzido no âmbito das

pesquisas em ciência e tecnologia. Para Cravioto Magallón (1995, p. 26), as associações

científicas “agrupam pessoas relacionadas com as ciências, de maneira que suas

convenções são técnicas e profissionais. Nestes casos, é possível que as associações

planejem a curto ou longo prazo as suas atividades...”3. Além disso, o autor também destaca

que há as associações educativas em que “seus integrantes são mestres, catedráticos e

educadores”. As associações científicas possuem um papel importante no que se refere ao

intercâmbio de informações e conhecimento entre os pares, pois algumas associações ou

sociedades científicas são responsáveis por realizar os eventos científicos.

A realização dos eventos científicos pode contribuir para a circulação da informação

e do conhecimento produzido, bem como, para a ampliação da rede colaborativa, além de

possibilitar o reconhecimento de novas proposições para pesquisas como já mencionado.

Conforme Meadows (p. 1999, p.139), a interação oral “varia de uma conferência

3 Tradução dos autores. Original ver: CRAVIOTTO MAGALLÍÓN, T. Organización de congresos y

convenciones. México: Trillas, 1991 (1ª reimp. 1995).

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pronunciada diante de uma grande plateia até as conversas triviais durante a pausa para o

cafezinho”. Assim, as conversas entre os pesquisadores são um importante meio de

interação informal. Os eventos científicos podem se realizar a partir de uma necessidade da

comunidade científica em fazer circular a informação e o conhecimento científico produzido,

bem como, buscar a ampliação da rede colaborativa além da possibilidade de reconhecer

novas proposições para pesquisas. De acordo com Meadows (1999, p. 109) “a literatura

gerada por pesquisas feitas em colaboração mostra diferenças importantes se comparada

com a produzida por pesquisadores que trabalham isoladamente”.

Nesse sentido, a realização de eventos científicos e a participação de integrantes da

comunidade científica nestes, possibilitam uma interação oral. Entretanto, se faz necessário

destacar alguns elementos importantes quanto à organização dos eventos, considerando

que estes impactam no desenvolvimento da economia dos territórios em que serão

realizados e também, no caso de eventos científicos, na construção do conhecimento

científico produzido. O agrupamento dos eventos pode ser determinado a partir de alguns

critérios, quais sejam: dimensão (tamanho, alcance), data, perfil dos participantes e o

objetivo, conforme quadro 1 a seguir:

Quadro 1 – Agrupamento dos eventos

Dimensão Macroevento

Evento de grande porte

Evento de médio porte

Evento de pequeno porte

Data Fixa

Móvel

Esporádica

Perfil dos participantes Geral

Dirigido

Específico

Objetivo Científico e cultural

Comercial

Fonte: SENAC/DN (2000, p.18).

O agrupamento dos eventos é apenas um dos requisitos necessários a ser

analisado; além das informações quanto à dimensão, data, perfil dos participantes e objetivo

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dos eventos, a estrutura de um evento requer atenção em que se deve considerar alguns

aspectos essenciais para sua realização. Dentre esses aspectos, elencam-se:

- público alvo;

- um tema, preocupação ou conteúdo de interesse de um segmento;

- um promotor que pode ser: uma empresa (pública ou privada), ou uma associação;

- uma comissão organizadora, constituída por equipe interna do promotor ou por

uma empresa especializada em organização de eventos;

- um ou vários patrocinadores, que podem financiar total ou parcialmente os custos

de um evento, em espécie ou em dinheiro;

- um pool de serviços de apoio técnico-operacional ao evento, anteriores, durante e

posteriores ao evento, composto de: local do evento, serviços de intérpretes,

equipamentos, assessoria de imprensa, marketing e promoção, mailing, material

impresso/gráfico, fotógrafo, recepcionista e pessoal administrativo no local do

evento, contratos, gerência financeira, programa científico, conferencista e

convidados, segurança e limpeza, serviços de transporte (incluindo cia aérea e

agências de turismo), hotéis, exposição paralela, montadora da exposição,

decoração, sinalização, buffets, programação social, programação de

acompanhantes, seguros, inscrições, doações, patrocínios (SEBRAE SP, 1995, p.

21).

Esses aspectos contribuem para a organização adequada dos eventos. Em virtude

dos dispositivos tecnológicos que minimizam as distâncias e as fronteiras entre os membros

da comunidade científica, os registros das informações científicas e o conhecimento

científico produzido circulam de forma mais dinâmica por meio dos eventos científicos. De

acordo com Meadows (1999, p. 140), “cerca de 20% dos participantes travam novas

relações que, terminado o congresso, lhes proporcionarão informações úteis”. O autor

também destaca que “os trabalhos apresentados em congressos e conferências, bem como,

às vezes, os debates que se seguem, em geral se publicam como coletâneas, em forma de

livro ou como número especial de um periódico pertinente” (MEADOWS, op cit.).

Ressalta-se que os eventos, a exemplo dos congressos científicos, permitem a

socialização de informações de pesquisas em andamento, bem como, dos resultados

parciais e pesquisas concluídas, que são oriundas dos trabalhos realizados pela

comunidade científica, responsável por contribuir com a ciência e produzir conhecimento

científico. Conforme Kuhn (2000, p. 20) “se a ciência é a reunião de fatos, teorias e métodos

reunidos nos textos atuais, então os cientistas são homens que [...] empenharam-se em

contribuir com um ou outro elemento”. Mattedi e Spiess (2010, p. 89) mencionam em estudo

que analisa as modalidades de regulação da atividade científica, que “para Merton, o que

une um cientista a uma comunidade não é a proximidade espacial dos grupos de pesquisa,

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mas o respeito a critérios e mecanismos sociais de validação do conhecimento científico,

por meio de um controle institucionalizado”.

Para o artigo ora proposto, foi considerada a área de Desenvolvimento Regional.

Salienta-se que os estudos exploratórios ainda estão em nível de pesquisa e por essa razão

as informações apresentadas são parciais. Assim, os materiais utilizados para as análises

são documentos de área e anais das edições dos eventos desenvolvidos referentes ao

período de 1986 a 2012. Esse material foi disponibilizado em linha e por mídia digital. Dessa

forma, se buscou agrupar as informações para que se pudesse obter os parâmetros iniciais

de análise sobre as edições dos eventos científicos na área, conforme será apresentado a

seguir.

3 As dimensões territoriais dos eventos na área de Desenvolvimento Regional

Com a evolução científica e tecnológica, especialmente no período pós-guerra,

observa-se a existência de uma especialização dos campos científicos e o surgimento de

novos campos de estudo. A Ciência Regional, considerada um dos ramos mais recentes das

ciências sociais e econômicas (BENKO, 1999, p. 1) emergiu em função das problemáticas

que necessitavam de novas percepções, novos métodos, conceitos, novas teorias e

técnicas para serem solucionadas (BENKO, 1999). A influência de outros campos de estudo

como a economia, a geografia, a sociologia, a antropologia, as ciências políticas, o

urbanismo, é perceptível em função das proposições para avaliar questões que, dentre

outros aspectos, contemplem a sociedade (ser humano), o território, o planejamento, as

políticas públicas, o ambiente, a economia, as desigualdades regionais, locais, os recursos

sustentáveis.

A ciência regional estuda principalmente a intervenção humana no território (BENKO,

1999, p.2). No que tange ao campo de estudo do desenvolvimento regional, originado a

partir da ciência regional, o ato de produzir ciência reflete as influências de e em outros

campos de estudo. De acordo com Benko (1999, p. 2) a ciência regional é “um campo

acadêmico independente, rigoroso e florescente, de forma nenhuma separado do conjunto

da investigação em ciências sociais: muito pelo contrário, as suas conceptualizações

alimentam outras disciplinas e participam no desenvolvimento de outras ciências”.

Nesse contexto, pode-se distinguir aspectos de interdisciplinaridade no campo de

estudo. Na ciência regional, ainda que pela variedade de domínios que podem ser

analisados sob a ótica dessa ciência, de acordo com Benko (1999), é possível realizar

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análises a partir do agrupamento em quatro grandes temáticas: localização das atividades

econômicas, organização e estruturação do espaço, interações espaciais e desenvolvimento

regional. Nessa última temática, desenvolvimento regional, observa-se que estão inseridos

os estudos sobre: as teorias econômicas de desenvolvimento; disparidades espaciais;

crescimento e estrutura econômica; fordismo e pós-fordismo; planejamento; ordenamento

do território; política regional; economia internacional e industrial; e, território e economia

(BENKO, 1999).

Diante disso, a comunidade científica ao produzir conhecimento científico procura

explicar os fenômenos do campo de estudo que integra. No que se refere ao

Desenvolvimento Regional no Brasil, o conhecimento científico produzido está vinculado à

atuação da comunidade científica alocada no território nacional e também internacional,

comumente nos programas de pós-graduação stricto sensu ou em institutos de pesquisa.

Para Theis, desenvolvimento está relacionado com o processo de melhoria das condições

de vida do ser humano e desenvolvimento e território têm se encontrado, tanto em

congressos científicos quanto em publicações (THEIS, 2008, p. 15).

O Brasil possui, na área de avaliação do Planejamento Urbano e Regional (área em

que se insere o desenvolvimento regional), 32 cursos de pós-graduação stricto sensu

(mestrado e doutorado) recomendados e reconhecidos pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2013).

Há também que se ressaltar, como já mencionado, que os eventos científicos

também são realizados contando com a participação da comunidade científica para divulgar

o conhecimento científico produzido. No entanto, parte da produção do conhecimento

científico em Desenvolvimento Regional é desenvolvida em programas de pós-graduação

stricto sensu que estão concentrados, em sua maioria, nos estados da faixa litorânea do

Brasil e outros programas de pós-graduação que se encontram em regiões do interior do

país.

Quanto aos eventos na área de Desenvolvimento Regional que se realizam no

território brasileiro, é possível destacar o Encontro da Associação Nacional de Pós-

Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional – ENANPUR e o Seminário de

Desenvolvimento Regional, Estado e Sociedade – SEDRES organizados pela Associação

Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional – ANPUR e o

Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional realizado pelo Programa de Pós-

graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC,

no Rio Grande do Sul – RS, conforme apresentado a seguir.

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3.1 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento

Urbano e Regional – ANPUR

No Brasil, a Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento

Urbano e Regional – ANPUR (2013),

é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que congrega programas universitários de pós-graduação e entidades brasileiras que desenvolvem ensino e/ou pesquisa no campo dos estudos urbanos e regionais e do planejamento urbano e regional. É uma associação pluridisciplinar e aberta, cujas finalidades principais abrangem: o incentivo ao estudo, ao ensino e à pesquisa nesse campo do conhecimento; a divulgação de informações e a troca de experiências referentes a essas áreas de atuação; a promoção de reuniões científicas objetivando o intercâmbio de informações entre os integrantes das instituições associadas e, também, com outras associações congêneres, nacionais e estrangeiras (ANPUR, 2013).

Dentre as reuniões científicas ou eventos científicos realizados pela ANPUR que

possuem vínculo com os estudos da área de desenvolvimento regional destacam-se o

Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano

e Regional - ENANPUR e o Seminário de Desenvolvimento Regional, Estado e Sociedade –

SEDRES. A primeira edição do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e

Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional – ENANPUR foi realizada em 1986 em Nova

Friburgo no Rio de Janeiro. Se forem observados os documentos de área da CAPES (2012)

disponibilizados acerca da área de Planejamento Urbano e Regional verificar-se-á que uma

possível justificativa para a realização da primeira edição do evento em Nova Friburgo, no

estado do Rio de Janeiro,

Os primeiros programas de pós‐graduação em planejamento urbano e regional foram criados no início da década de 1970 em Recife, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre com a finalidade de formar mão de obra qualificada tanto para a formulação como implementação de políticas urbanas e regionais que o então regime idealizava. Na Área, então ainda junto com os cursos em arquitetura e urbanismo, abriu apenas um novo programa com mestrado e doutorado na década de 1980 em demografia; foi, no mesmo período, fechado o curso de Brasília e o de São Paulo ficou vinculado, mais tarde, à área de arquitetura e urbanismo. Durante a década de 1990 a Área, agora já separada da arquitetura e urbanismo, teve um significativo crescimento em termos relativos: passou de quatro programas para nove programas no início do novo milênio...(CAPES, 2012, p. 3).

Essa informação corrobora com o disposto no sítio da ANPUR (2013) que destaca

que sua fundação ocorreu no ano de 1983 por cinco programas de pós-graduação. Quanto

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ao Seminário de Desenvolvimento Regional, Estado e Sociedade - SEDRES, esse teve sua

primeira edição realizada no ano de 2012. Ambos os eventos organizados pela ANPUR,

acontecem de forma bianual e buscam reunir a comunidade científica para debater e discutir

as temáticas relativas ao Planejamento Urbano e Regional e ao Desenvolvimento Regional.

3.2 Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional – SIDR (UNISC)

Em relação aos eventos científicos vinculados e desenvolvidos por programas de

pós-graduação, destaca-se na área de Desenvolvimento Regional, o Seminário

Internacional sobre Desenvolvimento Regional – SIDR realizado pelo Programa de Pós-

Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC),

no Rio Grande do Sul (RS), que iniciou suas atividades em 1994. A primeira edição do

evento foi realizada em 2002, oriunda de seminários que eram realizados em disciplinas, no

programa de pós-graduação. O evento realiza-se de forma bianual e possui sua sexta

edição planejada para o mês de setembro de 2013.

O objetivo do evento é “aprofundar a discussão em torno do Desenvolvimento

Regional, enquanto uma nova área do conhecimento em construção e possibilitar a troca de

experiências entre Programas de Pós-Graduação Interdisciplinares, com ênfase no

Desenvolvimento Regional” (UNISC/CAPES, 2002)4. Além disso, também pode-se

considerar como objetivo do evento, promover o debate acerca do objeto amplo que é o

desenvolvimento de forma que o foco não seja somente econômico, mas também, as

demais dimensões acerca do objeto. De acordo com as informações contidas nos anais das

edições do evento, a proposta do Seminário tenta articular as ideias, ideologias, conceitos

analíticos e as práticas que canalizam as intenções de desenvolver as regiões.

Assim, os eventos científicos realizados no território nacional acerca da área de

Desenvolvimento Regional, estão distribuídos conforme quadro 2 e figura 1, a seguir:

4 Informação extraída dos documentos de área do ano de 2002 do Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC/RS no sítio da CAPES (2013).

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Quadro 2: Eventos em Desenvolvimento Regional no Brasil

Fonte: Sítios da ANPUR e UNISC (2013).

Figura 1 – Demarcação no território dos eventos científicos em Desenvolvimento Regional Fonte: Mapa do IBGE (2013).

Evento Organização Edição Ano Local

ENANPUR ANPUR 1ª 1986 Nova Friburgo – RJ

ENANPUR ANPUR 2ª 1987 Teresópolis – RJ

ENANPUR ANPUR 3ª 1989 Águas de São Pedro – SP

ENANPUR ANPUR 4ª 1991 Salvador – BA

ENANPUR ANPUR 5ª 1993 Belo Horizonte – MG

ENANPUR ANPUR 6ª 1995 Brasília – DF

ENANPUR ANPUR 7ª 1997 Recife – PE

ENANPUR ANPUR 8ª 1999 Porto Alegre – RS

ENANPUR ANPUR 9ª 2001 Rio de Janeiro – RJ

ENANPUR ANPUR 10ª 2003 Belo Horizonte – MG

ENANPUR ANPUR 11ª 2005 Salvador – BA

ENANPUR ANPUR 12ª 2007 Belém – PA

ENANPUR ANPUR 13ª 2009 Florianópolis – SC

ENANPUR ANPUR 14ª 2011 Rio de Janeiro – RJ

ENANPUR ANPUR 15ª 2013 Recife – PE

SEDRES ANPUR 1ª 2012 Rio de Janeiro – RJ

SIDR UNISC 1ª 2002 Santa Cruz do Sul – RS

SIDR UNISC 2ª 2004 Santa Cruz do Sul – RS

SIDR UNISC 3ª 2006 Santa Cruz do Sul – RS

SIDR UNISC 4ª 2008 Santa Cruz do Sul – RS

SIDR UNISC 5ª 2011 Santa Cruz do Sul – RS

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As áreas demarcadas em vermelho e em amarelo na figura 1 referem-se aos locais

em que as edições dos eventos ENANPUR e SEDRES da ANPUR foram realizados. Já a

área demarcada em verde refere-se à localização de Santa Cruz do Sul, em que as edições

do evento SIDR da UNISC foram realizadas. Observa-se que as edições do evento científico

da ANPUR, concentraram-se na faixa litorânea do território brasileiro, ao passo que as

edições do Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional, por ser vinculado ao

Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional de Santa Cruz do Sul

realizaram-se nas dependências da instituição a qual está vinculado.

Dessa forma, observa-se a seguir a concentração dos eventos por região (Quadro 3):

Quadro 3 – Concentração dos eventos por região

Evento Região Nº. eventos

ENANPUR - ANPUR Norte 1

ENANPUR – ANPUR Nordeste 4

ENANPUR – ANPUR Centro-Oeste 1

ENANPUR – ANPUR Sudeste 7

ENANPUR - ANPUR Sul 2

SEDRES – ANPUR Sudeste 1

SIDR – UNISC Sul 5

Fonte: Elaboração dos autores (2013).

Percebe-se que a concentração dos eventos está na região sudeste do território

brasileiro, o que pode indicar que a região possui um pool de serviços adequados para

sediar as edições dos eventos. Além disso, corroboram com essa condição Germano e Bem

(2009, p. 49), quando descrevem que,

os eventos têm se constituído um fator importante no desenvolvimento econômico de uma localidade, pois se tornou um grande atrativo e gera um grande efeito econômico, uma vez que mobiliza o setor de transportes, divulgação e outros. Pois as pessoas que participam de eventos, seja lá qual for seu foco, necessitam de toda uma infraestrutura turística adequada.

Diante disso, pode-se inferir que em função da configuração e da seleção dos

destinos sede dos eventos, eles realizaram-se em sua maioria no sentido litoral-interior ou

“centro-periferia”. Em relação ao modelo centro-periferia, é possível fazer uma analogia ao

proposto por Burke5 (2003) que relata que no modelo centro-periferia as “sedes do

5 Peter Burke, em sua obra “Uma história Social do Conhecimento: de Guttenberg a Diderot” (2003, p.

57) menciona que, “a história do conhecimento nos primórdios do mundo moderno é às vezes vista

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conhecimento se multiplicavam e se tornavam mais especializadas em cidades

relativamente grandes”. Assim, considera-se a região Sudeste, detentora dos centros

difusores, congregando o maior número das chamadas “sedes do conhecimento”, que se

destacam por estarem distribuídas espacialmente de forma que podem concentrar o

conhecimento descoberto ou elaborado, especialmente no que se refere aos eventos

científicos na área de Desenvolvimento Regional.

Essa constatação preliminar demonstra que a distribuição espacial dos eventos

científicos, na área de Desenvolvimento Regional, é predominante na faixa litorânea do

território brasileiro. Considerando território como sendo,

o espaço econômico socialmente construído, dotado não apenas de recursos naturais de sua geografia física, mas também da história construída pelos homens que nele habitam, através de convenções de valores e regras, de arranjos institucionais que lhes dão expressão e formas sociais de organização da produção. (LEMOS; SANTOS;ROCCO, 2005, p. 175).

Então, pode-se inferir que a demarcação territorial dos eventos científicos decorre

em parte da infraestrutura disponível para organização e realização dos eventos científicos

que mobilizam a comunidade científica na área. Quanto ao Seminário Internacional sobre

Desenvolvimento Regional, por ser vinculado ao Programa de Pós-graduação em

Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul, cidade localizada a 155

quilômetros de distância (Prefeitura de Santa Cruz do Sul, 2013) da capital do Rio Grande

do Sul, Porto Alegre, está situado no interior do estado. Santa Cruz do Sul dispõe de

infraestrutura para receber a comunidade científica; entretanto, alguns aspectos como a

distância da capital, conferem ao evento, uma característica de interiorização.

De todo modo, os aspectos ora apresentados são constatações de pesquisa de

maior abrangência acerca dos eventos científicos da área de Desenvolvimento Regional,

como já mencionado, configurando-se assim em resultados parciais ou preliminares de

pesquisa em desenvolvimento.

Considerações

Na perspectiva de intercâmbio entre os pares, a essência da realização dos eventos

científicos compreende aspectos que estão além da troca de informações e a discussão

em simples termos de difusão da informação, e em particular, da informação científica da Europa para outras partes da globo”.

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sobre as temáticas emergentes do contexto atual na área de Desenvolvimento Regional. Os

resultados parciais apresentados demonstraram que há uma concentração em relação à

região Sudeste, que detém a maioria das edições dos eventos já realizados na área de

Desenvolvimento Regional e organizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e

Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional – ANPUR. Em um modelo de centro-periferia

(Burke, 2003), observa-se que as capitais, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, concentraram o

maior número de edições do ENANPUR, o que pode caracterizá-las como “sedes do

conhecimento” em que o conhecimento científico é descoberto, elaborado e, posteriormente,

disseminado. Isso não significa que as demais regiões não configuram espaços para a

elaboração e a disseminação da informação, porém podem ser caracterizadas como

periféricas por não estarem inseridas no contexto das cidades “sedes do conhecimento” –

que possuem histórico de instituições de ensino antigas, bibliotecas históricas, sede de

associações científicas e institutos de pesquisa e infraestrutura que possibilite a

disseminação imediata e o intercâmbio de forma facilidade entre os pares (BURKE, 2003).

Os resultados preliminares ora apresentados apontam indícios de que há

necessidade de observar como a comunicação científica ocorre na área de

Desenvolvimento Regional e como os demarcadores territoriais podem afetar a produção, a

circulação e a disseminação do conhecimento científico, bem como, o intercâmbio entre os

pares. Uma análise mais refinada sobre a comunicação e o conhecimento científicos nos

eventos científicos na área de Desenvolvimento Regional poderia implicar em uma estrutura

conforme o apêndice A.

A partir desse artigo, alguns elementos para reflexão sobre o desenvolvimento

científico na área do Desenvolvimento Regional podem ser obtidos. A proposta foi

apresentar elementos que pudessem servir como parâmetro para analisar a demarcação

territorial da área de Desenvolvimento Regional no Brasil a partir dos eventos científicos.

Referências

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Apêndices

Apêndice A - Modelo analítico do fluxo da comunicação e conhecimento

científicos nos eventos

Figura 2 – Modelo analítico do fluxo da comunicação e conhecimento científicos nos eventos

Fonte: Elaboração dos autores (2013).

Convidados na área

(Ícones = referentes teóricos)

Coordenadores nas temáticas

(Intermediários = Porta-vozes)

Integrantes, participantes,

apresentadores de trabalhos no evento

Pesquisadores = (Re) produtores

C O M U N I D A D E C I E N T Í F I C A