as diferenças entre os serviços de saúde da alemanha e do canadá
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As diferenas entre os servios de sade da Alemanha e do Canad
porTatiana Villas Boas Gabbi,domingo, 25 de janeiro de 2015
H pouco
tempo, o think
tank canadense
Fraser Institute
divulgou um
estudo
quecompara os
sistemas de
sade
canadense e
alemo.
Ambos so universais na sua cobertura, porm divergem em um aspecto fundamental:
enquanto o canadense totalmente financiado pelo governo, o alemo possui umfinanciamento misto, baseando-se em um sistema de seguro obrigatrio.
O estudo claro: o sistema alemo tem menos tempo de espera que o canadense apesar
de ter um gasto com sade em relao ao PIB menor do que o deste ltimo (9,8% na
Alemanha contra 12,5% no Canad).
Em geral, ambos os pases apresentaram nmeros aproximadamente semelhantes de
mdicos (3 por 1.000 habitantes na Alemanha versus 2,6 no Canad) e de enfermeiros(9,3 por 1.000 habitantes na Alemanha versus 10,3 no Canad), de mquinas de
tomografia (14,5 por 1 milho de habitantes na Alemanha versus 15,2 no Canad) e de
ressonncia magntica (8 por 1 milho de habitantes na Alemanha versus 8,8 no
Canad). Em termos de leitos hospitalares, a vantagem da Alemanha j comea a
aparecer (4,8 versus 2).
http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articleshttp://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articles -
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Esses nmeros me estimularam a escrever esse artigo para apresentar um breve histrico
sobre a sade pblica universal no Canad e na Alemanha, com as particularidades de
ambos os sistemas, salientando como cada um funciona ou no funciona! e por
que isso ocorre.
Histria
O sistema de sade alemo apontado como o mais antigo do mundo com carter
universal. Desde o comeo do sculo XIX, alguns estados que hoje compem a
Alemanha comearam a adotar sistemas pblicos. No entanto, o grande salto foi dado a
partir de 1883 porOtto von Bismarck,chanceler da Prssia e depois da Alemanha, de
1862 a 1890.
Entre 1883 e 1889, Bismarck fez passar no parlamento alemo um conjunto de
legislaes trabalhistas que incluam, alm do sistema pblico de sade (ento para
trabalhadores de baixa renda), a aposentadoria para idosos, seguro para acidentes de
trabalho e seguro-desemprego.
J no Canad, a provncia de Saskatchewan foi a primeira a implementar um sistema
universal de sade, em 1946. Foi seguida pela provncia de Alberta, em 1950. Em1957, o governo federal aprovou um ato legislativo em que se responsabilizaria pelo
financiamento de 50% de programas de sade institudos por estas e outras provncias.
Na ocasio, foram estabelecidas 5 exigncias: administrao pblica, abrangncia,
universalidade, portabilidade e acessibilidade, que se constituram como os pilares do
Ato de Sade Canadense,aprovado em 1984. Este ato proibiu que os pacientes fossem
diretamente cobrados pelos servios mdicos fornecidos, levando, na prtica,
socializao da medicina no pas.
Seguro obrigatrio versus modelo de pagador nico
A maior parte dos sistemas europeuse este o caso da Alemanha financiada
por meio de um fundo misto, pblico e privado.
O modelo adotado pelos alemes, em especial, denominado de seguro obrigatrio. A
legislao obriga os cidados a adquirirem um seguro-sade; porm, em alguns
http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarckhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarckhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarckhttp://en.wikipedia.org/wiki/Canada_Health_Acthttp://en.wikipedia.org/wiki/Canada_Health_Acthttp://en.wikipedia.org/wiki/Canada_Health_Acthttp://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarck -
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A primeira orientada na concepo de von Bismarck, denominada bismarckiana,
enquanto a segunda conhecida como modelo beveridgiano. A diferena entre essas
duas concepes pode ser observada no carter, na forma de contribuio e no
financiamento desses sistemas.
No primeiro modelo, temos uma contribuio individual. Neste modelo, aqueles que
no podem contribuir acabam sem o benefcio (e a estes resta o apoio da famlia, da
igreja e outros tipos de caridade) ou recorrem a alguns programas governamentais
paliativos.
J o modelo beveridgiano, por outro lado, no exige contribuio individual anterior
para a obteno do benefcio bsico, bastando que a pessoa seja um cidado do pas queadote este modelo. Seu financiamento se d por tributos gerais e incorpora, portanto,
mecanismos redistributivos.
Recentemente,um artigo analisou34 pases do ponto de vista de seu desempenho no
ranking de consumo de sade (dados de 2010) e observou que os pases que apresentam
o sistema "bismarckiano" se saem muito melhor do que os que so organizados pelo
modelo de Beveridge.
E por que isso ocorre?
O sistema bismarckiano ao menos permite concorrncia entre os fornecedores de
seguros. Consequentemente, os pases que adotam esse modelo tendem a ter um
desempenho ainda melhor quando o fornecimento de sade est organizado de forma
independente do fornecimento do seguro para o seu financiamentoou seja, quando
servios mdicos e servios de planos de sade no esto arranjados sob a mesma
regulamentao.
Isso explica tambm por que os planos de sade brasileiros funcionam bem pior do que
os sistemas de seguro para outras eventualidadescomo sinistro de automveis, por
exemplo. Na segunda situao, o paciente procura o profissional de sua escolha e
reembolsado aps o acionamento do servio.
http://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridgehttp://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridgehttp://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridgehttp://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridge -
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A livre escolha do servio de sade permite um funcionamento mais prximo do nosso
modelo ideal de livre mercado, arranjo no qual a competitividade fundamental para
garantir a qualidade da prestao do servio e a reduo dos custos.
J o modelo beveridgiano, cujo exemplo o Canad,alm do nosso SUS,no permite
que haja escolha entre os seguradores e tende a criar ineficincia, burocracia sem limites
e um servio que geralmente no atende s necessidades do usurio.
No caso do SUS,a situao ainda pior que a do Canad, pois o fornecimento da sade
tambm estatal, com hospitais do governo e mdicos contratados como funcionrios
pblicos.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923 -
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O pas com a melhor avaliao de sistema de sade, por vrios anos seguidos, a
Holanda. De um lado, o governo holands obriga todas as pessoas a comprar um pacote
mnimo de sade de seguradoras particulares. O fato de o servio ser de aquisio
compulsria um arranjo corporativista que faz a alegria dessas empresas privadas. No
entanto, tal arranjo ao menos melhor do que a estatizao completa do servio. No
caso holands, as seguradoras privadas competem entre si por consumidores por meio
da oferta de preos e servios.
Do lado negativo, as seguradoras no podem discriminar entre usurios, ou seja, elas
so proibidas de taxar usurios de forma diferenciada,de acordo com seus critrios,ou
mesmo de rejeit-los. Alm disso, aqueles que no podem pagar o valor do prmio
recebem subsdios.
Do lado positivo, os polticos e burocratas ficam longe das decises operacionais de
sade no pas, o que sem dvida uma importante razo para a Holanda despontar no
ranking.
Concluso
Quanto mais prximo do livre mercado est um servio qualquer, melhor ser o seufuncionamento e seu desempenho.
O sistema alemo, que combina competio entre seguradoras privadas, contribuio
individual e livre escolha do consumidor e que, como mostra o ranking, est atrs
apenas do holandstem realmente um melhor desempenho em relao ao canadense,
que bem mais estatizado.
Isso refletido nas porcentagens de espera no pronto-socorro e de espera poratendimento: 4% dos pacientes alemes esperam mais de 4 horas por atendimento
contra 31% dos canadenses.
Na Alemanha, a espera por cirurgia eletiva raramente ultrapassa 4 meses; no Canad,
esse mesmo tempo de espera afeta 25% dos pacientes. Alm disso, 7% dos alemes
esperam mais de 2 meses para agendar uma consulta com um especialista. No Canad,
essa porcentagem salta para 41%.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785 -
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Como Mises explicaria a realidade do SUS?
porLeandro Roque,quarta-feira, 9 de maro de 2011
Um leitor que acabou de descobrir
nosso site pede-nos para fazermos
uma "anlise profunda do SUS
(sistema socialista de sade do pas)
luz da extraordinria teoria de Mises".
Curiosamente, ao se analisar ofuncionamento do SUS luz da teoria
misesiana, conclui-se que o real
desafio est em perceber como uma
medicina socializada afeta a oferta de
servios de sade privados. No caso
do Brasil, o desafio perceber como o
SUS afeta o funcionamento dos
servios fornecidos pelos planos de sade privados, e como as regulamentaes
impostas pelo governo sobre as seguradoras de sade ajudam a piorar todo a servio de
sade do pas.
No que concerne ao funcionamento especfico do SUS, ele em nada difere de qualquer
outro servio socializado. Falar sobre questes ligadas aos servios de sade algo que
desperta grandes paixes, pois, por algum motivo, parte-se do princpio de que sade
um direito do cidado (de quem o dever algo que no se comenta), e que, porconseguinte, a oferta de servios de sade deve ser ilimitada.
Infelizmente, porm, a realidade econmica no nos permite tais devaneios, e o fato de
que vivemos em um mundo de escassez uma verdade vlida tambm e
principalmentepara os servios de sade. Infelizmente. Se a escassez pudesse ser
extinta por meio do simples decreto governamentalcomo acreditam os socialistas,
ento estaramos j h muito tempo de volta ao Jardim do den.
http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articles -
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Logo, voltemos realidade.
Quando se deixa as paixes ideolgicas de lado e busca-se apenas a verdade por meio
da razo e, consequentemente, da aplicao da genuna cincia econmica, nenhum
resultado surpreendente. Mais especificamente, o interesse aqui discutir como a
cincia econmica explica os problemas inerentes a uma medicina socializada, sem
fazer qualquer juzo de valor. Afinal, economia no funciona de acordo com
sentimentalismos, e servios mdicos funcionam exatamente da mesma maneira que
qualquer outro setor de servios na economia, por mais que as pessoas se deixem levar
pela emoo.
Os libertrios seguidores da doutrina dos direitos naturais
que dizem que cadaindivduo tem o direito de no lhe tirarem a liberdade, a propriedade e a vida diriam
que a medicina socializada no s economicamente malfica como tambm
moralmente indefensvel, pois baseia-se no roubo da propriedade alheia para o
financiamento dos servios mdicos. Embora seja indiscutvel que a medicina
socializada baseia-se no roubo da propriedade alheia,somenteessa argumentao no
muito promissora, pois a prpria existncia do governo baseia-se no roubo. Logo, por
coerncia, pedir o fim da medicina socializada implicaria tambm pedir a abolio do
governo. Embora seja esse o desejo dos anarcocapitalistas, preciso reconhecer que tal
postura no faria ningum vencer um debate econmico.
Logo, argumentaes puramente econmicas so necessrias para explicar por que
nenhuma medicina socializada pode ser de qualidade duradoura. (E, de fato, nenhum
pas que hoje possui medicina socializada apresenta servios de sade
invejveis. Canadensesebritnicosque o digam, para no citar oscubanos).
O princpio do SUS igual ao de qualquer medicina socializada
Servios de sade socializados so defendidos e ofertados de acordo com o princpio de
que a sade um direito bsico e indelvel do cidado, principalmente dos mais
pobres. Logo, o acesso aos servios de sade deve ser gratuito ou quase gratuito, pois
s assim os pobres podem ter sade em abundncia.
O problema que at a estamos apenas no terreno dos desejos, e no da realidadeeconmica. indiscutivelmente bonito posar de defensor dos pobres e oprimidos,
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=349http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=349http://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=349 -
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exigindo sade gratuita para eles. Porm, infelizmente, a realidade econmica sempre
insiste em se intrometer. E a realidade econmica que,sempre que algo passa a ser
ofertado gratuitamente, a quantidade demandada desse algo passa a ser infinita. No
caso especfico da sade, sempre que servios de sade passam a ser gratuitos, a
quantidade desses servios que as pessoas passam a querer consumir torna-se
praticamente infinita. E no poderia ser diferente. De novo, trata-se de uma lei
econmica, e no de sentimentalismos.
A medicina socializada um caso clssico de interveno que necessita de intervenes
cada vez maiores para ser mantida, at o momento em que tudo se esfacela em
decorrncia da total imobilidade do setor regulado. Mises foi pioneiro em explicar a
mecnica de tal fenmeno, e em sua explicaoque vou me basear.
Falando especificamente do SUS, caso o governo apenas se limitasse a financiar via
impostos extrados da populao a oferta de servios de sade, a demanda por
consultas de rotina, testes de diagnsticos, procedimentos, hospitalizaes e cirurgias
tornar-se-ia explosiva. Logo, caso o governo nada fizesse, os custos gerados por tal
demanda iriam simplesmente estourar o oramento do governo.
a que a realidade econmica se impe.
Como os recursos para a sade no so infinitos, mas a demanda (pois a oferta
"gratuita"), o governo logo se v obrigado a impor vrios controles de custo. Os
burocratas estabelecem um teto de gastos na sade que no pode ser superado. Porm,
apenas estabelecer um limite de gastos no o suficiente para reduzir a
demanda. Assim, embora os custos estejam agora limitados, a demanda por consultas,
pedidos de testes de diagnsticos, hospitalizaes e cirurgias segueinabalada. Consequentemente, com oferta limitada e demanda infinita, ocorre o
inevitvel: escassez. Ato contnuo, comeam a surgir filas de espera para tratamentos,
cirurgias, remdios e at mesmo consultas de rotina.
O agravamento de tais ocorrncias faria com que o sistema inevitavelmente entrasse em
colapso. a que o governo passa, ento, a impor mais controles. No caso, ele passa a
controlar a demanda. Mais especificamente, ele comea a "limitar" por meio de
vrias burocracias insidiosas o nmero de visitas ao mdico, o nmero de testes de
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374 -
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diagnsticos, o nmero de hospitalizaes, cirurgias etc. Por exemplo, em alguns casos,
um paciente atendido apenas quando um determinado conjunto de sintomas
perceptvel. Em outros, uma hospitalizao ou cirurgia ocorre apenas se o paciente
estiver acima de certa idade ou se estiver grvida de um beb deficiente. Em inmeros
casos, o paciente simplesmente rejeitadopopularmente, ficar na fila esperando at
desistir.
Outra consequncia inevitvel do processo de controle de custos aparece nos salrios e
nas compensaes que o governo paga aos mdicos do SUS, algo que refletido
diretamente na qualidade dos servios prestados. Afinal, profissionais mal remunerados
simplesmente no tm incentivos para trabalhar corretamente.
A medicina socializada, portanto, baseia-se no mesmo princpio do controle de preos: a
oferta torna-se limitada e a demanda, infinita. Como consequncia, a qualidade dos
servios decai, os hospitais tornam-se degradados e a escassez de objetos passa a ser
uma inevitabilidade em alguns casos, faltam at sabonetes. (Tal realidade explica,
por exemplo, os constantes escndalos de funcionrios de hospitais pblicos
extorquindo pacientes, cobrando por fora em troca de remdios ou de pronto
atendimento).
Tratamentos ou atendimentos bem feitos ou mesmo satisfatrios tornam-se excees em
um sistema socializado de sade.
Seguradoras
Nesse ponto, o leitor mais iniciado pode estar pensando: "ora, dado esse cenrio, o
governo deveria incentivar a medicina privada, pois ela desafogaria grande parte dessa
demanda pela sade pblica. No mnimo, os mais endinheirados no mais estariam
demandando os servios do SUS."
Tal raciocnio est parcialmente certo. De um lado, fato que o governo, ao contrrio
do livre mercado, sempre v o consumidor como algo aborrecedor. Ao passo que, no
livre mercado, as empresas esto sempre vidas por consumidores para os quais vender
seus produtos, no setor pblico, o consumidor apenas um irritante demandante, um
usurio esbanjador de recursos escassos. No livre mercado, o consumidor o rei, e osofertantes esto sempre se esforando para ganhar mais consumidores, com os quais
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podero lucrar caso forneam bons servios. No setor pblico, cada consumidor visto
como algum que est utilizando um bem em detrimento de outra pessoa. No livre
mercado, todos os envolvidos em uma transao voluntria ganham, e as empresas esto
sempre vidas para oferecer seus produtos ao consumidor. No setor pblico, o
consumidor apenas uma chateao para os burocratas.
E justamente por essas caractersticas do livre mercado que o governo nopode
permitir um genuno livre mercado nos servios de sade. Para entendermos o motivo,
basta novamente utilizarmos a razo e aplicarmos a genuna cincia econmica.
Assim, o que ocorreria em um arranjo em que h contnua deteriorao dos servios de
sade e os salrios dos mdicos so controlados pelo governo? A resposta bvia: osmdicos iriam querer fugir de tal sistema e passar a lidar diretamente com seus
pacientes, sem amarras burocrticas e sem regulamentaes. Ou seja, haveria uma fuga
de mdicos para a medicina totalmente privada, em um arranjo de livre mercado.
Em tal arranjo, obviamente, os mdicos no apenas poderiam ganhar maiores salrios,
como tambm teriam a liberdade de tratar seus pacientes de acordo com seus prprios
critrios mdicos, o que iria lhes render ainda mais clientes e, consequentemente, mais
dinheiro. Na medicina pblica permaneceriam apenas os ruins e incapazes, algo
pssimo para qualquer democracia, um sistema em que polticos precisam de votos.
Sendo assim, o governo fica numa encruzilhada. Ao mesmo tempo em que deve
desafogar o setor pblico de sade, ele no pode permitir que o setor privado crie
grandes incentivos, sob pena de perder seus melhores profissionais e,
consequentemente, permitir a total deteriorao da medicina pblica. Logo, ele precisa
criar um meio termo.
E assim que o governo entra em cena estipulando pesadas regulamentaes sobre o
setor de planos de sade, fazendo com que os servios mdicos fornecidos por
seguradoras sejam quase to ruins quanto os do SUS.
Apenas pense: o mercado de seguro-sade totalmente regulado pelo governo. No h
livre concorrncia. No qualquer empresa que pode entrar no mercado e ofertar seus
servios. Houvesse livre entrada no setor, as seguradoras que oferecessem melhorescondies para os mdicos conveniados certamente teriam os melhores profissionais
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para seus clientes. Porm, como o governo quem decide quem entra no mercado (o
que aniquila a livre concorrncia) e como o governo quem estipula vrias regras para
o funcionamento do setor, o que temos hoje so planos de sade caros e que remuneram
muito mal os mdicos conveniados. H situaes em que ser mdico da rede pblica
geralmente de sistemas estaduais ou, em alguns casos, municipais ainda melhor do
que ser mdico conveniado de alguma seguradora.
Logo, temos a seguinte situao:
1) O sistema pblico de sade ruim, sofre de escassezes e os mdicos so mal pagos.
2) O sistema privado de sade controlado pelas seguradoras, um ramo fortemente
regulado pelo governo, dentro do qual a concorrncia mnima. Logo, os mdicos so
mal remunerados pelas seguradoras e os planos de sade so caros e cobrem cada vez
menos eventualidades. Para ter maiores benefcios, necessrio pagar aplices muito
altas.
3) O domnio das seguradoras obviamente criou um "mercado paralelo", em que
mdicos particulares atendem diretamente seus clientes sem a intermediao de
seguradoras e, consequentemente, cobrando bem mais caro, justamente por causa dosincentivos criados pelas regulamentaes sobre o setor de seguros. Tais mdicos,
entretanto, precisam ter grande renome e boa reputao para obter sua clientela cativa,
algo trabalhoso e demorado. Desnecessrio dizer que tal arranjo s acessvel para os
mais ricos.
4) Consequentemente, o sistema privado nose torna, para boa parte dos mdicos da
rede pblica, um sistema substantivamente mais atraente que o sistema pblico,
exatamente a inteno do governo.
5) Tal arranjo contm o xodo de mdicos da rede pblica, o que impede o
esfacelamento do sistema.
6) Apenas os realmente ricos conseguem contornar tais empecilhos, e geralmente fazem
suas consultas, internaes e cirurgias sem o uso de seguradoras, lidando diretamente
com os mdicos, sempre os melhores. Estes, por sua vez, cobram caro justamente pelos
motivos delineados no item 3, a saber: porque no possuem concorrncia para suas
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qualidades e tambm porque sabem que possuem uma clientela cativa, composta
daquelas poucas pessoas que podem se dar ao luxo de no utilizar planos de sade para
pagar suas cirurgias.
No final, quem realmente perde so os mais pobres, justamente aqueles a quem os
amorosos defensores da sade pblica querem proteger. A medicina socializada destri
a qualidade dos servios mdicos e, por causa das regulamentaes estatais, encarece o
acesso medicina privada. Os mais pobresaqueles que mais pagam impostos em
relao sua rendaficam privados de bons servios mdicos, servios estes pelos
quais eles pagaram a vida inteira. Caso tivessem podido manter esse dinheiro para si,
certamente poderiam hoje estar usufruindo um melhor servio de sade.
Muitas vezes um pobre tem seu acesso ao sistema pblico de sade negado porque os
burocratas que controlam o sistema determinaram que outras pessoas esto mais
necessitadas do que ele; logo, estas tm mais direito queles servios que ele prprio
ajudou a financiar via impostos.
A cincia econmica mostra, portanto, que defender a medicina socializada uma
perversidade.
Concluso
Ainda mantendo-nos fieis cincia econmica, fica claro que o arranjo que melhor
atenderia a todos os necessitados seria justamente um arranjo de livre mercado. As
pessoas seriam liberadas dos impostos, podendo agora manter consigo boa parte daquilo
que so obrigadas a dar para o governo a fim de financiar um sistema de sade que no
presta servios decentes.
O setor de seguros de sade deve ser totalmente desregulamentado, havendo livre
entrada no mercado e, consequentemente, livre concorrncia. Os preos dos planos de
sade cairiam e os mdicos agora passariam a ser remunerados de acordo com sua
competncia. Principalmente: haveria a livre negociao entre mdicos e pacientes,
sem intromisses governamentais algo que hoje s ocorre entre mdicos e pacientes
ricos. A medicina socializada no mais teria motivos para existir (como nunca teve,
alis).
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769 -
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Por fim, e ainda mais importante: nunca demais enfatizar que a sade
responsabilidade de cada indivduo, de cada famlia, sendo que todos devem ter o
direito de manter para si os frutos de seu trabalho e de poderem utilizar seu dinheiro da
forma que quiserem, tendo a liberdade de escolher os servios mdicos que desejarem, e
com a responsabilidade de encarar as consequncias de suas escolhas.
No h nada de radical ou novo nisso: afinal, esse exatamente o princpio que
seguimos hoje quando escolhemos e compramos alimentos, roupas, carros,
computadores, celulares, iPads, iPods, iPhones, passagens areas, apartamentos e tudo o
mais. E, pelo menos at agora, tal princpio vem funcionando com enorme sucesso. O
fato de esse princpio (em outras palavras, liberdade) ter sido abandonado na sade e
principalmente na educao apenas mostra as tragdias que ocorrem quando nosdesviamos dele.
Servios mdicos funcionam exatamente da mesma maneira que qualquer outro setor de
servios, por mais que as pessoas se deixem levar pela emoo. Ademais, pela lgica
socialista, no faz sentido pedir interveno em servios mdicos e deixar, por exemplo,
o setor alimentcio por conta do livre mercado. Afinal, existe algo mais essencial do
que comer? Porm, exatamente por causa do livre mercado que temos comida sempre
disponvel, para todos os gostos. No importa a que horas voc v ao supermercado,
voc sempre tem a certeza de que tudo estar ali. Tanto para pobres quanto para ricos.
Isso no fascinante?
Sempre que voc quiser servios de alta qualidade a preos baixos, voc tem de ter um
livre mercado, uma livre concorrncia. No h nenhuma outra opo. Quem acha que
ofertar bens gratuitamente, criar uma montanha de regulamentaes e impor controles
de preos a receita para bons servios, deve se preparar para uma grandedecepo. Isso nunca funcionou em lugar nenhum do mundo.
Quem realmente quer servios mdicos de qualidade para os pobres (e quem no quer?)
tem de defender um livre mercado nos servios de sade. No h outra opo.
A verdadeira cincia econmica explica.
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Como o SUS est destruindo a sade dos brasileiros
porRafael Andreazza Daros,domingo, 27 de abril de 2014
J se
tornou
lugar-
comum
culpar os
problemas
do SUS
m
gerncia e
corrupo. No entanto, poucos se atrevem a atribuir a culpa dos problemas intrnsecos
ao SUS (longas filas, falta de infra-estrutura, escassez de remdios, ausncia de mdicos
etc.) ao prprio sistema.
Vamos analisar alguns dos mitos mais comuns sobre os SUS para entendermos como
essas caractersticas no so, de fato, um problema de gesto, mas sim inerentes ao
prprio sistema.
O mito do Robin Hood
O principal lugar-comum utilizado pelos defensores do sistema pblico o da "justia"
da distribuio de renda: os mais ricos pagam para os mais pobres que no tmcondies de arcar com os custos dos tratamentos. Infelizmente, a realidade
exatamente oposta.
Em primeiro lugar, vale lembrar que os mais pobres tambm pagam uma quantia
exorbitante de imposto para financiar o sistema pblico. Se o que eles pagam de
imposto fosse exatamente igual ao que recebem em retorno, ento, por definio, no
haveria sentido algum haver um sistema pblico de sade. Mesmo que no houvesse
absolutamente nenhuma corrupo, isso significaria que algumas pessoas em
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especial aquelas com casos clnicos mais graves, como as que necessitam de remdios
controlados ou cirurgias complicadasestariam recebendo do sistema mais do que
pagaram.
O problema que, para cada pessoa que recebe mais do que paga, existe algum que
pagou mais do que recebeu. Isso significa dizer que, longe de redistribuir renda dos
ricos para os pobres, o que o SUS de fato faz "distribuir renda" dos mais saudveis
para os menos saudveis.
A populao mais saudvel, seja ela formada por ricos ou pobres, normalmente tem
poucos gastos com sade: apenas uns poucos exames ou consultas de rotina, algo pelo
qual os pobres poderiam tranquilamente pagar com a poupana que conseguiriam casomantivessem para si o que pagam de imposto para a sade.
Longe de melhorar a situao dos pobres, o SUS beneficia apenas uma pequena minoria
ao mesmo tempo em que torna ainda mais pobres todas as pessoas saudveis que
acabam pagando a conta, independentemente de classe social.
Se a inteno realmente aumentar a acessibilidade aos servios de sade para os mais
pobres, uma soluo mais vivel seria o governo reduzir impostos e pagar apenasporaqueles tratamentos mais caros pelo qual os pobres realmente no podem pagar, ao
mesmo tempo em que se abstm de regular e administrar o setor, permitindo a livre
concorrncia nesta rea, o que jogaria os preos para baixo e a qualidade para cima.
Tambm seria possvel a criao de agncias privadas de financiamento ou de caridade
para pagar pelos tratamentos mais caros e cujos preos so proibitivos para os mais
pobres, talvez at mesmo eliminando a necessidade de intromisso do governo. Mas
isso s seria possvel com a extino do atual sistema, no qual o governo monopoliza o
tratamento aos mais necessitados ao mesmo tempo em que empobrece a todos no
processo.
O mito do almoo grtis: o sistema pblico como um grande balde furado
Ao contrrio da mitologia popular e como explicado acima , no h nada de
gratuito no sistema pblico de sade. Ou voc paga por um servio como pagador de
impostos, ou voc paga como consumidor. O maior problema de qualquer servio ou
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produto subsidiado justamente o fato de que aqueles que usam tal servio so
financiados por aqueles que no o utilizam.
Mesmo que ignorssemos esse inconveniente, ainda assim h o problema relativo
maneira totalmente deturpada como o servio financiado. O financiamento do servio
pblico provm dos impostos, cujas receitas no tm qualquer relao com a qualidade
do servio ou com a quantidade de pessoas atendidas. Pior ainda: o dinheiro disponvel
por tratamento inversamente proporcionalao nmero de pacientes tratados. Se o
governo arrecada, digamos, R$1 bilho em impostos e atende 10 milhes de pessoas,
isso significa que ele poder gastar at R$100,00 por paciente. Mas se o nmero de
pacientes dobra, isso significa que ele dispor de apenas R$50,00 por tratamento.
Vale lembrar que esse oramento no apenas para o tratamento: este dinheiro dos
impostos tambm deve pagar instalaes, maquinrio e medicamentos. Ou o dinheiro
ir para o tratamento ou para infraestrutura. De qualquer forma, um s possvel
custa do outro: cada centavo para infraestrutura um centavo a menos disponvel para o
tratamento dos pacientes.
No setor privado ocorre exatamente o oposto. Um hospital privado que seja gerenciado
como qualquer outra empresa isto , buscando o lucro s ter dinheiro disponvel
para investir em infraestrutura caso trate bem seus pacientes. Parte do lucro poder
ento ser reinvestido em aumentos salariais, na construo de novas alas, na compra de
equipamentos etc.
Se no servio pblico o investimento em infraestrutura feito custa de tratamentos
que deixaram de ser realizados, no setor privado ocorre o oposto: tal investimento s
possvelgraasao atendimento aos pacientes. O dinheiro segue uma linha de monica: parte do dinheiro pago nos tratamentos volta como investimento em
infraestrutura. No setor pblico h uma encruzilhada, ou um ou outro.
No h nenhuma mgica aqui: no sistema pblico, o tratamento uma fonte
degastosenquanto que no setor privado uma fonte de renda. O setor pblico como
um gigantesco balde furado que enchido custa de todos os pagadores de impostos:
cada tratamento adicional significa um novo furo no balde. No setor privado no h
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nenhuma torneira, mas tambm no h furos: cada paciente atendido despeja o contedo
de um copo d'gua dentro do balde, at que este esteja cheio.
No preciso ser nenhum gnio para perceber qual sistema o mais sustentvel.
O estmulo ao desperdcio
Outro problema com a oferta "gratuita" que ela cria a iluso de que os servios
mdicos devem ser ilimitados, e que sempre deve haver um mdico ou uma sala de
cirurgia disponvel, a qualquer hora, em qualquer ocasio.
Entretanto, assim como qualquer outro servio, o atendimento mdico no pode ser
ofertado de uma maneira ilimitada. Por acaso possvel uma frota infinita denibus? Um nmero ilimitado de salas de aula, bibliotecas e professores? (Alis, diga-
se de passagem, neste ltimo caso no haveria sequer necessidade de salas de aula;
qualquer um poderia contratar um tutor particular.) Um nmero infinito de conexes ou
uma velocidade de internet infinita? Absolutamente no. No h por que ser diferente
no setor de sade. Mas essa a mentalidade que criada quando se declara que a sade
um "direito".
Uma das virtudes do sistema de preos que ele fornece informaes sobre a
disponibilidade de qualquer bem ou servio, e estimula um uso prudente e racional
destes.
Imagine uma cidade do interior em que haja escassez de mdicos, e estes cobrem 200
reais por consulta. Dificilmente algum pagaria 200 reais por uma consulta apenas
porque o filho est com uma dor de cabea; o mais racional seria tentar alguns remdios
caseiros e s lev-lo ao mdico caso a situao se agrave. O que uma boa notcia: issopoupar um tempo precioso para os mdicos, que podero us-lo para tratar pacientes
em estados mais graves ou que necessitem de um atendimento mais urgente.
A escassez de servios mdicos, nesta ocasio, leva a um aumento do preo, que por sua
vez incentiva as pessoas a usarem estes servios de uma maneira mais prudente,
recorrendo a eles apenas quando for estritamente necessrio sem contar, obviamente,
que os preos altos seriam um atrativo para que mdicos de outros lugares se
disponibilizem a trabalhar na dita cidade, reduzindo o problema da escassez.
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Entretanto, quando a oferta passa a ser gratuita, tanto o estmulo quanto essa informao
desaparecem. Torna-se impossvel estimar a oferta e a disponibilidade do servio.
Algum que usasse o servio privado de maneira abusiva pagaria um alto preo por
isso; porm, no setor pblico, o preo sempre fixo e invisvel (que o pagador de
impostos obrigado a bancar). O fato de a oferta ser gratuita e de a sade ser decretada
um "direito" tambm cria a falsa iluso de que a oferta de tais servios ser ilimitada.
Uma me cujo filho tem apenas uma dor de cabea ou uma mera dor de barriga no
mais ter o incentivo para procurar os servios mdicos apenas quando estritamente
necessrio. Essa demanda irrestrita inevitavelmente criar gigantescas filas de espera,
atormentando tanto mdicos que ficaro sobrecarregadosquanto pacientes, que se
frustraro pela lentido dos atendimentos.
nessa situao que as pessoas comeam a colocar a culpa na gesto. Jamais lhes
passa pela cabea que o uso indiscriminado de tal servio a verdadeira causa das
longas filas.
A questo que os incentivos criados pelo setor pblico levam a um uso
indiscriminado, abusivo e irresponsvel do sistema e no o contrrio, que seria o
ideal.
Concluso
As longas filas de
espera tambm
possuem outra
explicao, a qual
passa por uma
combinao de
fatores j
mencionados: a
oferta de servios
mdicos limitada
pela arrecadao
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de impostos ao passo que a destruio dos incentivos corretos gera uma demanda
artificialmente alta.
Para resolver este problema, deve-se ou aumentar a oferta o que impossvel, dado o
oramento limitado do governo e o fato de ele no ter qualquer relao com o nmero
de pacientes atendidos ou reduzir a demanda.
H duas maneiras de se reduzir a demanda: aumento de preos o que tambm
impossvel j que a oferta "gratuita"ou racionamentos, como listas de espera.
A maneira como o sistema financiado empobrece justamente aqueles a quem ele visa
ajudar e derruba a qualidade do servio, uma vez que o dinheiro disponvel para cada
tratamento se torna mais escasso a cada paciente atendido. Para agravar, asregulaes
para impedir o xodo dos mdicos para o sistema privadoimpedem a concorrncia e
encarecem os tratamentos.
Outro efeito nefasto de todo esse paternalismo a destruio do estmulo caridade e
tambm do senso de cidadania e de responsabilidade dos cidados. Quando o governo
passa a monopolizar o cuidado aos pobres, uma das consequncias naturais que isso
diminui ou destri a propenso caridade, uma vez que as pessoasque j se sentemmoralmente desobrigadas em decorrncia dos impostos que pagam ficam apenas
esperando que o governo resolva tudo, j que passam a entender como legtima a funo
do governo de tutelar os mais pobres.
Longe de ser um problema de m gesto ou de corrupo, os problemas do sistema
pblico so apenas as consequncias naturais de sua prpria natureza.
Um retrato da sade brasileira - um desabafo de dois mdicos
porHelio Dehon Barbosa e Tatiana Villas Boas Gabbi,domingo, 21 de junho de 2015
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923 -
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"Direito" sade
A rea da sade
pode sere !
negativamente
influenciada pela
interferncia das
ideologias
socialistas e,
consequentemente,
da interveno
estatal. Este artigofoi escrito por quem est do lado de c: clinicando, operando e passando por todo o tipo
de dificuldades em tentar ser mdico em um pas onde a prfida influncia comunista,
na disfarada figura da social democracia, j lanou de forma quase que definitiva seus
tentculos.
Talvez devamos iniciar com uma das frases mais ditas nos ltimos 30 anos,
minuciosamente pensada e formulada pela inteligentsia: "Sade, um direito de
todos". Tal afirmao positiva uma grande falcia.
Aqui, vale fazer uma recordao sobre as transformaes ideolgicas e tambm sobre as
palavras que perderam o sentido, e relembrarmos que "direito" se transformou em uma
palavra universal nesse nosso mundo dominado por um estado forte que quer cuidar de
tudo e a todos prover ou pelo menos promete isso.
fundamental conceituar a definio de "bem", que juridicamente significa 'tudo aquiloque pode ser propriedade de algum'. Ou ainda, tudo o que 'til para poder satisfazer a
necessidade de algum'. Economicamente falando, um bem tambm se caracteriza pela
utilidade e escassez, podendo ser assim um bem de consumo (duradouro e no-
duradouro).
E nesse sentido que gostaramos de classificar agora a sade ou o acesso sade: no
como um direito, mas como um bem de consumo como outro qualquer, sobre o qual
atuam as regras da oferta e da procura e da livre concorrncia. Sobretudo, vale tambm
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a regra da livre escolha do consumidor, a qual, em todos os modelos em que foi
aplicada, s produziu preos competitivos, desenvolvimento e fartura.
A sade, ao ser tratada como um direito a ser suprido pelo estado, tem como nico
resultado um servio pfio, quando no a escassez completa. Devemos relembrar que,
na antiga Unio Sovitica, at mesmo o setor de alimentao foi envolvido nas
regulamentaes do estado, e o resultado foi a fome, quando no genocdio por
inanio.
Mas de onde se originou todo o problema com a sade brasileira? O que acontece que
temos uma Constituio at certo ponto recente (26 anos), que foi escrita aps um longo
perodo de ditadura militar e com uma demanda reprimida muito grande por servios emelhorias ditas "sociais". O resultado foi uma carta magna que muito promete e pouco
realmente pode cumprir. E no s na rea da sade, mas em todas as reas bsicas,
como educao e segurana, e at mesmo na infraestrutura.
Vivemos, pois, somente em um ambiente proftico, no qual o estado promete mundos e
fundos. Para a populao, s resta esperar e acreditar que seu novo deus a sustente
eternamente, transformando assim o estado em uma abstrao com um fim superior.
O servio pblico no funciona simplesmente porque recai no mesmo problema da
impossibilidade de haver um clculo econmico sob um sistema socialista, conforme
descrito por Mises. A regra se aplica integralmente ao SUS, nosso sistema nico ou
universal de sade na verdade um simulacro de sistema de sade.
Como em todos os servios pblicos, o estado, essa figura amorfa, detm um comando
centralizado sobre o sistema, atuando como um lder supremo cujas ordens so sempre
ditadas de forma vertical (sempre de cima para baixo), desconsiderando o tamanho do
pas envolvido e ignorando as variveis econmicas e culturais de cada regio. Esse
sistema funciona com burocracia extrema que aquilo que faz o estado ser o estado
, e cujos burocratas tm como figura suprema o poltico.
A mentalidade de ter o SUS como algo acima de todos os sistemas de sade percebida
no profissional de sade: a maioria destes ainda prefere a estabilidade pblica. J no
to incomum colegas no se arriscarem mais na vida privada. Alguns, inclusive, jesto investindo cada vez mais em concursos pblicos. Ainda no temos um grupo de
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141 -
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"concurseiros profissionais" no meio mdico simplesmente porque, em nosso pas, nem
mesmo os concursos pblicos para a rea de sade so frequentes (em comparao com
a rea jurdica).
Culpa da nossa criao
E por que os mdicos e outros profissionais da sade tm essa viso to estatizada de
suas profisses e at de suas vidas? Primeiramente, a prpria criao em nosso pas j
gera automaticamente uma atitude de crena em um estado provedor e ao qual todos
devem recorrer em momentos de crise. No entanto, ao entrarem em uma faculdade de
medicina, essa viso amplificada, pois lhes inculcada a ideia de que o SUS e
somente ele
tem de ser, a partir daquele momento, o seu guia, sendo todas as outraspossibilidades de atuao fora do SUS vistas apenas como formas alternativas.
Tudo se inicia com uma viso de total abnegao da medicina, sendo o mdico um ser
altrusta por natureza e com necessidades extremamente limitadas. fato que a
profisso mdica, em ltima instncia, uma atividade que requer cuidados triplicados
quando comparada a outras atividades profissionais, pois lida com vidas. A ateno e o
desprendimento pessoal so imprescindveis. Os mdicos sabem disso e os pacientes
tambm sabem disso. Mas o estado no quer saber disso.
Para o burocrata, o mdico realmente uma figura franciscana e que concorda
plenamente em realizar um altrusmo forado (mesmo em ambientes profissionais
sucateados). E, como a maioria dos profissionais tem essa ideia martelada desde o
primeiro ano de faculdade, o SUS vai se mantendo "aos trancos e barrancos". Como
diria um famoso poltico brasileiro h alguns anos: "Mdico igual sal: branco, barato e
encontra-se em qualquer lugar", o que quer dizer que somos mercadoria pouco escassa eque, como seres altrustas naturais, iremos aceitar qualquer remunerao e trabalhar de
qualquer maneira, pois nossa crena de que o SUS deva continuar existindo
intocvel nossa premissa universal e verdadeira.
Vale alertar que a educao mdica encontra-se cada vez mais centrada em uma viso
"social" deturpada por anos de doutrinao ideolgica (Gramsci agradece). Umas das
vrias provas disso a disseminao da medicina de famlia ou PSF (Programa de
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Sade da Famlia), que, entre outras coisas, prega uma viso totalmente generalista da
formao mdica, viso essa que tida como superior formao de especialidades.
O PSF originou-se de uma viso de medicina socializada aos moldes cubanos, e nos foi
vendida como sendo o modelo-padro de medicina do tipo preventiva (a verdade que
apenas um subtipo desse tipo de medicina), a qual deveria ser estimulada, praticada e
principalmente implementada em todos os municpios de nosso pas.
Com o PSF, a ateno primria seria a mais importante e resolutiva, pois, a partir do
pleno funcionamento do modelo, o nmero de doentes no sistema secundrio e tercirio
de sade diminuiria drasticamente. bvio que esse tipo de modelo (um tanto quanto
romntico) jamais funcionou como deveria.
Alm do incontornvel problema da escassez de recursos, o PSF no funciona pelo
simples motivo de que o setor tercirio foi e sempre ser aquele que realmente resolve o
problema. Afinal, em uma cultura como a nossa, na qual preveno ainda algo
distante, o paciente sempre ir procurar pelo melhor e ir atrs daquilo que realmente
produz resultados definitivos.
Foi Adam Smith quem declarou que a diviso do trabalho representa o divisor de guasentre um sistema de baixa produtividade e um de alta produtividade e excelncia. A
diviso do trabalho constitui o cerne da produtividade econmica e visa ao aumento da
abundncia de bens e servios. E foi David Ricardo quem formulou a lei da associao
para demonstrar quais so as consequncias da diviso do trabalho quando um grupo de
indivduos coopera com outro grupo de indivduos, mesmo que um deles seja menos
eficiente em todos os aspectos. A colaborao dos mais talentosos e capazes com
aqueles que so menos talentosos e capazes resulta em benefcio para ambos e osganhos assim obtidos so recprocos.
A especializao mdica deve, portanto, seguir a mesma lgica de qualquer outra
produo de bens, em que as diferentes especialidades mdicas constituem novas etapas
intermedirias na cadeia de produo do bem 'sade'.
No entanto, a medicina socializada, ao acabar com as especializaes, visa justamente
abolio desta diviso do trabalho. Abolir a diviso do trabalho no meio mdicoouseja, as especializaes sempre foi algo bem bvio na viso marxista. A imagem do
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mdico generalista, abnegado, agindo como um beato de casa em casa, e se tornando o
grande "Pai da comunidade" e um grande benfeitor completa a agenda socialista em
questo.
Outra importante forma de desanimar o estudante de medicina a seguir uma
subespecializao o mtodo de ensino empregado por algumas faculdades. Esse novo
mtodo retira a obrigatoriedade das cadeiras bsicas do curso de medicina (anatomia,
histologia, clnica mdica, cirurgia geral etc.), estando essas agora
diludas. Consequentemente, acaba tambm com a presena dos professores titulares de
cada uma dessas cadeiras. As aulas agora so ministradas por tutores (que no precisam
ser obrigatoriamente mdicos). O que temos no so mais aulas e sim grupos de estudo
nos quais o aluno agora aprende a "pensar por si mesmo", interpretando textos. Oprofessor (oops, o tutor) no pode nada, e pouco fala ou explica.
Esse modelo completamente inspirado nas chamadas escolas experimentais dos anos
1970, que eram influenciadas pelas teorias pedaggicas construtivistas, as quais tinham
suas bases calcadas no construtivismo esttico russo. Ou seja, sua origem e ideologia
so comunistas.
Por no haver agora um mestre como baluarte, algum a ser seguido como exemplo de
eficincia e sucesso profissional (quantos mdicos resolveram fazer determinadas
subespecialidades espelhando-se em seus professores titulares?), temos um crescente
estmulo para o mdico generalista.
Por fim, vale lembrar que, para tal mtodo novo ser implementado em determinadas
faculdades, houve uma voluptuosa contribuio financeira do governo para a instituio
interessada; um tipo de incentivo dado pelo Ministrio da Educao instituio quequisesse experimentar esse novo mtodo. Seria isso um tipo de capitalismo de estado
(ou mercantilismo) no meio da educao? Deixemos a pergunta no ar.
Cdigo de tica
O cdigo de tica profissional do profissional mdico um captulo parte. Alm de
dar suporte a um sistema calcado na gratuidade e em supostos direitos a uma sade
universalizada, ele tambm age como um bloqueio s aes de mercado (ou seja, aesem que, por meio de trocas voluntrias, consumidores e prestadores de servio
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encontram a melhor maneira de resolver seus problemas). Principalmente, ele rechaa a
ideia de sade como um bem ou servio.
O cdigo j se inicia em seu primeiro termo dizendo: "A medicina uma profisso a
servio do ser humano e da coletividade...". O termo aqui usado, "coletividade",
poderia muito bem ser substitudo por "de todos", mas isso no enfatizaria o real
significado embutido na palavra. Ao insistir nessa expresso, deixa-se claro que os
mdicos no so indivduos dotados de livre escolha, mas sim membros de uma
comunidade gregria com algum tipo de conscincia social. Em vez da livre escolha, h
somente o determinismo e a obrigatoriedade de se submeter somente a um tipo de
servio.
Essa viso do coletivo tambm corroborada no item que diz: "O mdico ser solidrio
com os movimentos de defesa da dignidade profissional..". Ou seja, de forma coerciva,
praticamente obriga o mdico a participar de todo e qualquer tipo de "movimento",
mesmo que esse no seja do agrado ou da concordncia do profissional em questo.
Nesse ponto, lembremos dos movimentos arquitetados por lderes sindicais, que
tambm existem no meio mdico. Teramos ns que dar apoio a esse tipo de
movimento? Vale lembrar que, embora a contribuio sindical via CRM no seja
obrigatria (s faltava!), h uma multa pelo no comparecimento eleio do
CRM. Isso imoral e, acima de tudo, autoritrio. Nesse quesito, o CRM se iguala ao
governo, que obriga o cidado a comparecer "Festa da Democracia", mesmo que seja
base de fora. Trata-se de um claro desrespeito noo de liberdade individual.
Um dos textos mais cruis e autoritrios do Cdigo de tica encontra-se no captulo
XII, recentemente criado e que diz respeito publicidade mdica. Para resumir, eleprobe a participao ou divulgao de qualquer tipo de assunto mdico em meios de
comunicao de massa. Mais ainda: ainda veda ao profissional a participao em
propagandas de qualquer tipo.
Proibir a autopromoo e a divulgao sria e correta de seus servios algo absurdo
que tem por objetivo transformar o mdico em uma figura economicamente estril. O
mais irnico que propagandas do SUS que exaltam como ele est "mudando a cara da
sade em nosso pas" no param de ser marteladas diariamente nos mesmos meios de
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comunicao de massa vedados aos mdicos. E tudo isso financiado com o seu e com o
meu dinheiro.
Por outro lado, outros conselhos, como o de odontologia, no coagem seus profissionais
e estes esto liberados para realizar propagandasou ser que ningum nunca viu em
uma propaganda de determinada pasta ou escova de dente a corroborao de um
profissional dentista incluindo seu nome e CRO? Isso vlido, salutar e respeitoso para
com o profissional. Se o medo do CRM propaganda enganosa ou exagerada, deixe
que a justia comum cuide do caso. S no tirem nossa liberdade.
Planos de sade
Qual seria a sada para a arapuca armada pelo estado (denominada SUS)? Como tentar
uma forma de livre mercado na rea de sade?
A resposta mais fcil seria recorrer medicina privada na forma de planos e seguros de
sade, chamados em nosso pas de "sade suplementar". No entanto, esse ou qualquer
outro sistema complementar de sade em que se tentam aplicar as simples leis de
mercado encontram srias barreiras burocrticas, principalmente na forma de
interferncia estatal.
O motivo para isto simples: tambm no sistema privado de sade encontramos o
chamado capitalismo de estado, em que as grandes operadoras de plano e de seguros de
sade foram cartelizadas pelo governo. H poucos planos de sade, e os que existem
esto associados ao governo em um esquema de ajuda mtua na qual o consumidor e o
prestador de servio final sempre sairo perdendo.
De um lado, o estado cria entraves e barreiras burocrticas na forma de rgidas leis,obrigando as operadoras a realizarem aquilo que o governo quer. Em contrapartida, o
estado tambm cria barreiras protecionistas contra a entrada de novos planos de sade,
garantindo uma reserva de mercado para essas operadoras. Como consequncia deste
arranjo, as operadoras tm uma lucrativa reserva de mercado, o governo tem um amplo
controle sobre o mercado, e a relao mdico-paciente passa a inexistir.
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Se ao menos a entrada de planos de sade no mercado fosse liberada, isso aumentaria
sobremaneira a concorrncia, consequentemente fazendo o preo das mensalidades e
dos servios baixarem.
Mas h um complicador adicional. Da mesma forma que governo opera em conluio
com os planos de sade o que a princpio ajuda as operadoras, ele tambm finge
estar atendendo aos anseios dos consumidores: cada vez maior o nmero de decretos e
processos jurdicos obrigando os planos a incluir exames, procedimentos e a liberarem
consultas, aumentando coercivamente o leque de cobertura dos planos. Essa regulao
extrema aumenta os custos dos planos e faz com que menos recursos (profissionais e
equipamentos) sejam alocados para os locais necessrios. Consequentemente, os planos
comeam tambm a cortar gastos, gerando uma escassez desnecessria e fazendo deleso novo SUS.
Ou seja, uma regulao (proibio da concorrncia) gera problemas (aumento dos
preos dos planos) que so "solucionados" por meio de novas intervenes
(obrigatoriedade de novas coberturas), o que gera aumento de custos e escassez.
A impresso que d que o governo faz um jogo duplo: de um lado, incentiva os planos
de sade cartelizados com o intuito de "aliviar" o j abarrotado SUS; de outro, no deixa
os planos crescerem muito, sempre aumentando os custos destes, talvez com medo da
migrao dos profissionais de sade do setor pblico para o privado.
Nem mesmo as cooperativas mdicas conseguem escapar das amarras do estado. O que
em princpio seria um meio de os mdicos trabalharem de forma livre e dentro dos
preceitos de qualquer cooperativa (adeso voluntria, gesto democrtica e participao
econmica dos membros), e de alguma maneira conseguirem se autoadministrar, no seconcretiza. Aqui tambm o governocom sua burocracia extrema, protecionismo,
mandatos judiciais e autoritarismo da ANS (que perde em fora talvez somente para a
ANVISA)entra com sua mo pesada, retirando o j rarefeito ar e sufocando de vez
tambm as cooperativas.
Concluso
Nossos mdicos so inculcados desde a faculdade a serem agentes do estado e"instrumentos da coletividade", a sade pblica no tem como funcionar, e a sade
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privada no pode ser considerada como tal, pois no regida pelas leis de
mercado. Tampouco ela tratada realmente como um bem de consumo a ser suprido
por instrumentos econmicos legtimos, como livre concorrncia e leis da oferta e
procura, medida essa que, no longo prazo, faria com que os servios melhorassem
sobremaneira para ambos os lados.
O futuro da medicina no nosso pas aziago, a no ser que comecemos a reescrev-lo a
partir de j. Nesse sentido, fundamental que enxerguemos o que no se v, e
passemos, mdicos e no mdicos, a compreender o que significa sade pblica: um
estado de mal-estar social.
Quatro medidas para melhorar o sistema de sade
porHans-Hermann Hoppe,segunda-feira, 13 de abril de 2009
verdade que o
sistema de sade
(europeu,
americano ou
brasileiro) est
uma baguna e
insustentvel.
Entretanto, isso
demonstra no
uma falha de
mercado, mas,sim, uma falha de
governo. A cura
do problema no requer uma diferenciada regulamentao governamental, tampouco
mais regulamentaes ou burocracias, ou mesmo invenes mirabolantes, como
polticos interesseiros querem fazer-nos crer. A cura do problema requer simplesmente a
eliminao de todos os atuais controles governamentais.
http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articles -
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urgente levarmos a srio uma reforma do sistema de sade. Crditos tributrios,
vouchers e privatizao j ajudariam muito na meta de descentralizar o sistema e
remover encargos desnecessrios sobre as empresas. Porm, quatro medidas adicionais
devem ser tomadas:
1. Eliminar todas as exigncias de licenciamento para as faculdades de medicina,
hospitais, farmcias, mdicos e outros profissionais da rea de sade. A oferta destes
itens iria aumentar de imediato, os preos iriam cair, e uma maior variedade de servios
de sade iria aparecer no mercado.
Agncias de credenciamento, competindo voluntariamente no mercado, iriam substituir
o licenciamento compulsrio do governo
levando-se em conta que os fornecedoresde servios de sade (afinal, servios de sade so servios como quaisquer outros)
acreditem que tal reconhecimento iria melhorar sua reputao, e que seus consumidores,
por se importarem com a reputao dos fornecedores, estaro dispostos a pagar por isso.
Como os consumidores no mais seriam ludibriados a acreditar que existe tal coisa
como "padro nacional" de sade, eles aumentariam sua procura por bons servios de
sade a custos baixos, e fariam escolhas mais perspicazes.
2. Eliminar todas as restries governamentais sobre a produo e a venda de produtos
farmacuticos e equipamentos mdicos. Isso significa a extino de agncias
reguladoras encarregadas de controlar remdios, vacinas, drogas e produtos biolgicos
(como a Anvisa, no Brasil). Atualmente, essas agncias servem apenas para obstruir
inovaes e aumentar os custos de produo.
Custos e preos cairiam, e uma maior variedade de melhores produtos chegaria ao
mercado mais rapidamente. O mercado tambm foraria os consumidores a agir de
acordo com suas prprias avaliaes de risco em vez de confiar essa tarefa ao
governo. E os fabricantes e vendedores de remdios e aparelhos, devido concorrncia,
teriam de fornecer cada vez mais garantias e melhores descries de seus produtos,
tanto para evitar processos por produtos defeituosos como para atrair mais
consumidores.
3. Desregulamentar a indstria de seguros de sade. A iniciativa privada pode oferecerseguros contra eventos cuja ocorrncia est fora do controle do segurado. Por outro
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lado, uma pessoa no pode se segurar, por exemplo, contra o suicdio ou a falncia, pois
depende apenas dessa pessoa fazer tais eventos ocorrerem.
Como a sade de uma pessoa, ou a falta dela, depende quase que exclusivamente desta
pessoa, muitos, se no a maioria, dos riscos de sade no so efetivamente segurveis.
"Seguro" contra riscos cuja probabilidade de ocorrerem pode ser sistematicamente
influenciada por um indivduo depende fortemente da responsabilidade prpria desta
pessoa.
Alm do mais, qualquer tipo de seguro envolve um compartilhamento de riscos
individuais. Isso implica que as seguradoras paguem mais a alguns e menos para outros.
Mas ningum sabe com antecedncia, e com convico, quem sero os "ganhadores" equem sero os "perdedores". "Ganhadores" e "perdedores" so distribudos
aleatoriamente, e a resultante redistribuio de renda no nada metdica. Se
"ganhadores" e "perdedores" pudessem ser determinados sistematicamente, os
"perdedores" no iriam querer compartilhar seus riscos com os "ganhadores", mas sim
com outros "perdedores", porque isso faria diminuir seus custos de seguridade. Por
exemplo, eu no iria querer compartilhar meu risco de sofrer acidentes pessoais com os
riscos incorridos por jogadores profissionais de futebol; eu iria querer compartilhar
meus riscos exclusivamente com os riscos de pessoas em circunstncias similares s
minhas, a custos mais baixos.
Devido s restries legais impostas s seguradores de sade, que no tm o direito de
recusar certos servios excluir algum risco individual por este no ser segurvel , o
atual sistema de sade est apenas parcialmente preocupado em assegurar. A indstria
dos seguros no pode discriminar livremente entre diferentes riscos incorridos por
diferentes grupos.
Como resultado, as seguradoras de sade tm de cobrir uma multido de riscos no
segurveis em conjunto com riscos genuinamente segurveis. Elas nopodem
discriminar os vrios grupos de pessoas que apresentam riscos de seguridade
significativamente diferentes. Assim, a indstria dos seguros acaba gerenciando um
sistema de redistribuio de renda beneficiando agentes irresponsveis e grupos de
alto risco s custas de indivduos responsveis e de grupos de baixo risco. Como
esperado, os preos desta indstria esto altos e em constante crescimento.
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Desregulamentar esta indstria significa devolver a ela a irrestrita liberdade de contrato:
permitir que uma seguradora de sade seja livre para oferecer qualquer tipo de contrato,
para incluir ou excluir qualquer tipo de risco, e para discriminar quaisquer tipos de
grupos ou de indivduos. Riscos no segurveis perderiam cobertura, a variedade de
polticas de seguridade para as coberturas remanescentes aumentaria, e os diferencias de
preos refletiriam os riscos reais de cada seguridade. No geral, os preos iriam cair
drasticamente. E a reforma restauraria a responsabilidade individual na questo da
sade.
4. Eliminar todos os subsdios para os doentes ou adoentados. Os subsdios sempre
criam mais daquilo que est sendo subsidiado. Subsdios para os doentes e enfermos
alimentam a doena e a enfermidade, e promovem o descuido, a indigncia e adependncia. Se estes subsdios forem eliminados, seria fortalecida a inteno de se
levar uma vida saudvel e de se trabalhar para o sustento prprio. De incio, isso
significa abolir todos os tipos de tratamento e assistncia mdica "gratuitos"isto ,
financiado compulsoriamente pelo contribuinte saudvel e zeloso de sua sade.
Apenas essas quatro medidas, conquanto drsticas, iro restaurar um completo livre
mercado no fornecimento de servios mdicos. Enquanto estas medidas no forem
adotadas, a indstria continuar tendo srios problemas afetando de maneira
extremamente negativa a vida de seus consumidores.
A medicina socializada e as leis econmicas
porThomas DiLorenzo,tera-feira, 11 de agosto de 2009
N. do T.: o debate nos EUA sobre a estatizao do sistema de sade torna-se a cada diamais agressivo. Diariamente ocorrem protestos contrrios a essa proposta, com o
governo americano classificando-os como "protestos nazistas". O artigo a seguir faz
uma anlise econmica dos problemas da medicina socializada, tomando como
exemplo a menina dos olhos do governo Obama: o sistema de sade canadense.
interessante constatar que os problemas que afligem os canadenses so muito
parecidos queles que fustigam os usurios do nosso SUS. O que no nada
surpreendente, alis. Afinal, as leis econmicas so as mesmas, independente da
latitude.
http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articles -
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O primeiro passo do governo
americano em sua tentativa de
criar um monoplio estatal do
sistema de sade foi propor uma
lei que iria, ao fim e ao cabo,
abolir a indstria privada de
seguro de sade. O plano do
governo criar impostos
adicionais e impor custos
obrigatrios sobre as empresasde seguro-sade, ao mesmo tempo em que uma burocracia estatal de seguro-sade ser
criada ostensivamente para "concorrer" com as empresas privadas. O resultado final
esperado um enorme monoplio estatal que, assim como todos os monoplios estatais,
ir operar com toda a eficincia dos Correios e todo o charme e compaixo da Receita
Federal.
Obviamente, muito difcil competir com um rival que tem todo o seu capital e custos
operacionais pagos pelo contribuinte. Sempre que o governo decide "concorrer" com o
setor privado, ele trata de garantir que a competio seja francamente injusta, criando
regulamentaes e impostos em cascata sobre as empresas privadas, ao mesmo tempo
em que se isenta a si prprio de todos esses entreveros. por isso que as "empresas
apadrinhadas pelo governo"Fannie Mae e Freddie Macforam to lucrativas durante
vrios anos. por isso tambm que muitas escolas "pblicas", cujos resultados so
escabrosos, se mantm em existncia por dcadas, no obstante seu fracasso absoluto
em educar as crianas.
O FUTURO DA MEDICINA AMERICANA
Alguns anos atrs, o economista ganhador do Prmio Nobel Milton Friedman estudou a
histria da oferta de servios de sade nos EUA. Em um estudo de 1992 publicado pela
Hoover Institution, intituladoInput and Output in Health Care(Insumo e Produto no
Sistema de Sade), Friedman observou que, em 1910, 56% de todos os hospitais dos
EUA eram de gerncia privada e voltados para o lucro. Aps 60 anos de subsdios
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125 -
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direcionados aos hospitais geridos pelo governo, esse nmero havia cado para
10%. Demorou dcadas, mas no incio dos anos 1990 o governo j havia tomado o
controle de quase toda a indstria hospitalar.
Aquela pequena poro da indstria que ainda permanece voltada para o lucro
regulada de modo to extraordinariamente violento pelos governos federal, estaduais e
municipais, que a maioria das decises tomadas pelos administradores desses hospitais
tem mais a ver com o cumprimento das regulamentaes do que com a oferta lucrativa
de servios ao pacientes/clientes. E o lucro, obviamente, o que possibilita que os
hospitais do setor privado tenham os meios para ofertar seus servios de sade.
A concluso primordial de Friedman foi que, como em todos os sistemas burocrticosestatais, o sistema de sade gerido ou controlado pelo governo criou uma situao em
que um aumento dos "insumos" - tais como gastos em equipamentos, infraestrutura e
salrios dos profissionais mdicos - levou na realidade a uma quedanos "produtos" (no
caso, em termos de quantidade de servios mdicos ofertados). Por exemplo, ao passo
que os gastos mdicos estatais subiram 224% no perodo 1965-1989, o nmero de leitos
hospitalares por 1.000 habitantes caiu 44%, e o nmero de leitos ocupados declinou
15%. Da mesma forma, durante esse perodo de quase completo domnio
governamental sobre a indstria hospitalar (1944-1989), os custos por paciente-dia
subiram quase 24 vezes, ajustados pela inflao.
Quanto mais o governo gastou dinheiro no sistema de sade por ele gerido, menos
servios de sade foram ofertados. Esse tipo de resultado geralmente vlido para
todas as burocracias estatais, pois elas no esto submetidas a nenhum mecanismo de
mercado; no h o mecanismo de retroinformao via sistema de preos. Como no
setor estatal no h lucros em um sentido contbil, no h, por definio, nenhummecanismo que premie a boa performance e puna a m. Com efeito, em todos os
empreendimentos estatais vale o oposto: a m performance (incapacidade de atingir
resultados ostensivos, ou de satisfazer os "clientes") tipicamentepremiada com
maiores oramentos. O fracasso em educar crianas faz com que o governo despeje
mais dinheiro nas escolas pblicas. O fracasso em reduzir a pobreza leva a maiores
oramentos para as burocracias assistencialistas. Isso certamente acontece tambm com
a medicina socialista.
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Os custos sempre explodem toda vez que o governo se envolve em algo - e os governos
sempre mentem sobre isso. Em 1970, por exemplo, o governo americano previu que a
parte doMedicare [programa que reembolsa hospitais e mdicos por tratamentos
fornecidos a indivduos acima de 65 anos de idade] que cobre os seguros hospitalares
seria de "apenas" $2,9 bilhes por ano. Considerando-se que as despesas reais foram de
$5,3 bilhes, houve a uma subestimao de custos de nada menos que 79%. Em 1980,
o governo previu que esses gastos seriam de $5,5 bilhes; os gastos reais foram mais de
quatro vezes essa quantia - $25,6 bilhes. Essa exploso dos custos burocrticos fez
com que o governo tivesse de criar 23 novos impostos nos primeiros 30 anos do
Medicare. (Veja Ron Hamoway, "The Genesis and Development of Medicare", in
Roger Feldman, ed.,American Health Care,Independent Institute, 2000, pp. 15-86). A
administrao Obama alega que a transferncia do sistema de sade para o controle
estatal ir, de alguma forma, reduzirmagicamente os custos. claro que tal insensatez
no deve ser levada a srio. O governo nunca, jamais, em lugar algum, reduziu os
custos de se fazer algo.
Todos os monoplios estatais dos servios de sade, sejam eles no Canad, no Reino
Unido ou em Cuba, vivenciaram uma exploso tanto nos custos quanto na demanda -
uma vez que os servios so "gratuitos". A medicina socializada no de fato gratuita, bvio; os verdadeiros custos esto meramente escondidos, j que so pagos por
impostos.
Sempre que algo tem um preo explicitamente zero associado a ele, a demanda do
consumidor ir aumentar substancialmente - e os servios de sade no so
exceo. Ao mesmo tempo, as malversaes burocrticas iro garantir que as
ineficincias grotescas piorem a cada ano. medida que os custos vo ficando fora de
controle e comeam a constranger os polticos que prometeram aos cidados um
"almoo grtis" no sistema de sade, eles recorrem quilo que todos os governos sabem
fazer to bem: impor controle de preos, provavelmente sob algum eufemismo do tipo
"controle global do oramento"
Controle de preos - ou as leis que foram os preos a ficarem abaixo do seu nvel de
equilbrio de mercado (onde oferta e demanda se igualam) - artificialmente estimulam a
quantidade demandada pelos consumidores ao mesmo tempo em que reduzem a oferta,pois fazem com que no seja lucrativo ofertar a mesma quantidade de antes. O
http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/ -
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resultado de um aumento na demanda e uma reduo na oferta a escassez. O
racionamento de produtos torna-se necessrio. Isso significa que so os burocratas do
governo - e no os indivduos e seus mdicos - que passam a determinar quem ir e
quem no ir receber tratamento mdico, que tipo de tecnologia mdica estar
disponvel, quantos mdicos haver, e por a vai.
Todos os pases que adotaram um sistema de sade socializado sofrem da doena da
escassez induzida pelo controle de preos. Se um canadense, por exemplo, sofrer
queimaduras de terceiro grau em um acidente automobilstico e precisar de uma cirurgia
plstica reconstrutora, o tempo mdio de espera pelo tratamento ser de mais de 19
semanas, ou aproximadamente cinco meses. O tempo de espera para uma cirurgia
ortopdica no Canad tambm de quase cinco meses; para uma neurocirurgia necessrio esperar trs meses completos; e leva-se mais de um ms para uma cirurgia
cardiovascular (veja a publicao do think-tank canadense Fraser Institute,Waiting
Your Turn: Hospital Waiting Lists in Canada). Pense nisso: se o seu mdico descobrir
que suas artrias esto entupidas, voc ter de esperar na fila por mais de um ms, com
a possibilidade iminente de uma morte por ataque cardaco. por isso que tantos
canadenses vo para os EUA em busca de tratamento mdico.
Todos os grandes jornais americanos (bem como toda a grande mdia mundial)
aparentemente se tornaram nada mais do que lderes de torcida do governo Obama, por
isso difcil encontrar alguma informao sobre a falncia da medicina estatal
canadense. Mas se regredirmos alguns anos, as informaes se tornam bem mais
abundantes. Um artigo no The New York Timesde 16 de janeiro de 2000, intitulado
Full Hospitals Make Canadians Wait and Look South[Hospitais Lotados Fazem os
Canadenses Esperar e Olhar Para o Sul], escrito por James Brooke, fornece alguns bons
exemplos de como o controle de preos no Canad criou srios problemas de escassez.
Uma senhora de 58 anos esperava por uma cirurgia cardiovascular no saguo de
um hospital de Montreal junto a outros 66 pacientes. As portas eltricas abriam
e fechavam durante toda a noite, permitindo a entrada de correntes de ar com
temperaturas em torno de -18C. Ela estava em uma lista de espera de cinco
anos para sua cirurgia.
http://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdf -
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Em Toronto, em um nico dia, 23 dos 25 hospitais da cidade deixaram suas
ambulncias paradas por causa de uma escassez de mdicos.
Em Vancouver, ambulncias permaneciam abandonadas por horas enquanto
vtimas de ataques cardacos aguardavam dentro delas, espera de serem
adequadamente atendidas.
Pelo menos 1.000 mdicos canadenses e dezenas de milhares de enfermeiras
canadenses migraram para os EUA para evitar o controle de preos sobre seus
salrios.
Escreveu o jornalista, "Poucos canadenses recomendariam seu sistema como modelo de
exportao".
As escassezes induzidas pelo controle de preos no Canad tambm se manifestam no
escasso acesso tecnologia mdica. Per capita, os EUA tm oito vezes mais mquinas
de ressonncia magntica, sete vezes mais unidades de radioterapia para tratamentos de
cncer, seis vezes mais unidades de litotripsia, e trs vezes mais unidades de cirurgia
cardiovascular. Existem mais scanners de ressonncia magntica no estado de
Washington, cuja populao de cinco milhes de pessoas, do que em todo o Canad,cuja populao de mais de 30 milhes de indivduos (Veja John Goodman e Gerald
Musgrave,Patient Power).
Da mesma forma, no Reino Unido - graas nacionalizao, ao controle de preos e ao
racionamento governamental dos servios de sade - milhares de pessoas morrem
desnecessariamente a cada ano por causa da escassez de unidades peditricas de
tratamento intensivo, de mquinas de dilise, de marcapassos e at mesmo de mquinas
de raios X. Esse ser o futuro da Amrica caso a "medicina obmica" se torne uma
realidade.
Verdades inconvenientes sobre o sistema de sade sueco
porKlaus Bernpaintner,sexta-feira, 21 de maro de 2014
http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articles -
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Um mito ainda ronda o
mundo: o mito da
excelncia do sistema de
sade estatal da Sucia.
Normalmente, apenas
alguns poucos e bsicos
argumentos econmicos
j bastam para fazer uma
pessoa entender, de
maneira lgica, por que impossvel um sistema de sade gerenciado pelo estado
manter sua excelncia no longo prazo.
No entanto, e infelizmente, apenas teorias no convencem. E dado que no factvel
convidar todo o mundo para fazer uma excurso-surpresa nas salas de emergncia dos
hospitais estatais da Sucia o que estraalharia de maneira irreparvel as iluses dos
mais crentes , terei aqui de me ater apenas s palavras.
E a realidade que o sistema de sade sueco a perfeita ilustrao da tragdia do
planejamento central. Alm de ser extremamente caro, ele ainda mata pessoas
inocentes.
A sade universal e gratuita foi implantada na Sucia na dcada de 1950 como parte de
um projeto do Partido Social Democrata para criar a "Casa do Povo"
(Folkhemmet). Este grande esforo tambm incluiu educao gratuita em todos os
nveis, moradias modernas para os pobres, penso estatal obrigatria, e outras
coisas. Vamos aqui conceder o benefcio da dvida e supor que ao menos algumasdessas propostas eram bem intencionadas. Como quase sempre ocorre, boas intenes
pavimentam a estrada que leva servido.
Demorou um pouco, mas hoje j est um tanto bvio para o cidado comum que
absolutamente todosos aspectos deste projeto se revelaram um desastre. O cidado
pode at ter alguma dificuldade para ligar causa e consequncia, mas ele j capaz de
ver que o sistema definitivamente no est funcionando como o propagandeado. Pior:
est se deteriorando rapidamente.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923 -
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Antes de este projeto utpico ser implantado, a Sucia tinha uma das mais baixas cargas
tributrias do mundo civilizado. Tanto a quantidade de impostos, quanto o valor deles,
era um dos mais baixos do mundo desenvolvido. O pas, nada surpreendentemente,
estava no topo em termos de padro de vida. O projeto alterou completamente a
Sucia. O pas passou a ter a segunda maior carga tributria do mundo (a maior a da
Dinamarca), vivenciouperodos de acentuada inflao de preos,e apresenta uma
economia em contnuoenfraquecimento.
No h nada de economicamente misterioso a respeito de servios de sade; trata-se de
um servio como qualquer outro. Os princpios que governam os servios de sade so
imutveis e no podem ser alterados por meros decretos governamentais ou por
"vontade poltica". Como qualquer servio, a medicina pode ser plenamente fornecidaem um livre mercado a preos razoveis e com qualidade crescente. No entanto, como
qualquer outra rea, to logo o governo assume o controle e passa a fazer um
planejamento centralizado, ele entre em colapso. A qualidade despenca e passa a haver
escassez e racionamento.
Alegar que os atuais problemas no sistema de sade sueco se devem a uma "falha de
mercado"como j fazem alguns social-democratas no pas o equivalente a dizer
que houve uma falha de mercado na produo de po na Unio Sovitica.
Analisemos o que ocorreu quando os servios de sade passaram a ser fornecidos
"gratuitamente" pelo governo sueco (isto , pelos pagadores de impostos). Observe que
os mesmos incentivos e princpios econmicos se aplicam a qualquer outro servio que
o governo decida assumir e fornecer "de graa".
De incio, ficou estabelecido que o sistema de sade gratuito seria somente para ospobres. Ele no iria afetar aqueles que estavam satisfeitos com os servios at ento
vigentes. No entanto, ocorreu o bvio: quando um governo passa a repentinamente
oferecer uma alternativa gratuita com promessa da qualidade, vrias pessoas abandonam
seus fornecedores privados e adotam os bens gratuitos. Trata-se de uma questo de
incentivos. Logo, esse sistema pblico tem de ser expandido. Mdicos privados iro
perder clientes. Ato contnuo, os mdicos privados sero forados ou a procurar
emprego no sistema pblico ou a abandonar a profisso. O resultado inevitvel ser a
criao de um nico sistema pblico de sade.
http://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=linehttp://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=linehttp://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=linehttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=line -
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Alguns ainda alegam que possvel havereco