as diferenças entre os serviços de saúde da alemanha e do canadá

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  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    As diferenas entre os servios de sade da Alemanha e do Canad

    porTatiana Villas Boas Gabbi,domingo, 25 de janeiro de 2015

    H pouco

    tempo, o think

    tank canadense

    Fraser Institute

    divulgou um

    estudo

    quecompara os

    sistemas de

    sade

    canadense e

    alemo.

    Ambos so universais na sua cobertura, porm divergem em um aspecto fundamental:

    enquanto o canadense totalmente financiado pelo governo, o alemo possui umfinanciamento misto, baseando-se em um sistema de seguro obrigatrio.

    O estudo claro: o sistema alemo tem menos tempo de espera que o canadense apesar

    de ter um gasto com sade em relao ao PIB menor do que o deste ltimo (9,8% na

    Alemanha contra 12,5% no Canad).

    Em geral, ambos os pases apresentaram nmeros aproximadamente semelhantes de

    mdicos (3 por 1.000 habitantes na Alemanha versus 2,6 no Canad) e de enfermeiros(9,3 por 1.000 habitantes na Alemanha versus 10,3 no Canad), de mquinas de

    tomografia (14,5 por 1 milho de habitantes na Alemanha versus 15,2 no Canad) e de

    ressonncia magntica (8 por 1 milho de habitantes na Alemanha versus 8,8 no

    Canad). Em termos de leitos hospitalares, a vantagem da Alemanha j comea a

    aparecer (4,8 versus 2).

    http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articleshttp://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.fraserinstitute.org/research-news/news/display.aspx?id=21167http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=371&type=articles
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    Esses nmeros me estimularam a escrever esse artigo para apresentar um breve histrico

    sobre a sade pblica universal no Canad e na Alemanha, com as particularidades de

    ambos os sistemas, salientando como cada um funciona ou no funciona! e por

    que isso ocorre.

    Histria

    O sistema de sade alemo apontado como o mais antigo do mundo com carter

    universal. Desde o comeo do sculo XIX, alguns estados que hoje compem a

    Alemanha comearam a adotar sistemas pblicos. No entanto, o grande salto foi dado a

    partir de 1883 porOtto von Bismarck,chanceler da Prssia e depois da Alemanha, de

    1862 a 1890.

    Entre 1883 e 1889, Bismarck fez passar no parlamento alemo um conjunto de

    legislaes trabalhistas que incluam, alm do sistema pblico de sade (ento para

    trabalhadores de baixa renda), a aposentadoria para idosos, seguro para acidentes de

    trabalho e seguro-desemprego.

    J no Canad, a provncia de Saskatchewan foi a primeira a implementar um sistema

    universal de sade, em 1946. Foi seguida pela provncia de Alberta, em 1950. Em1957, o governo federal aprovou um ato legislativo em que se responsabilizaria pelo

    financiamento de 50% de programas de sade institudos por estas e outras provncias.

    Na ocasio, foram estabelecidas 5 exigncias: administrao pblica, abrangncia,

    universalidade, portabilidade e acessibilidade, que se constituram como os pilares do

    Ato de Sade Canadense,aprovado em 1984. Este ato proibiu que os pacientes fossem

    diretamente cobrados pelos servios mdicos fornecidos, levando, na prtica,

    socializao da medicina no pas.

    Seguro obrigatrio versus modelo de pagador nico

    A maior parte dos sistemas europeuse este o caso da Alemanha financiada

    por meio de um fundo misto, pblico e privado.

    O modelo adotado pelos alemes, em especial, denominado de seguro obrigatrio. A

    legislao obriga os cidados a adquirirem um seguro-sade; porm, em alguns

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarckhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarckhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarckhttp://en.wikipedia.org/wiki/Canada_Health_Acthttp://en.wikipedia.org/wiki/Canada_Health_Acthttp://en.wikipedia.org/wiki/Canada_Health_Acthttp://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Bismarck
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    A primeira orientada na concepo de von Bismarck, denominada bismarckiana,

    enquanto a segunda conhecida como modelo beveridgiano. A diferena entre essas

    duas concepes pode ser observada no carter, na forma de contribuio e no

    financiamento desses sistemas.

    No primeiro modelo, temos uma contribuio individual. Neste modelo, aqueles que

    no podem contribuir acabam sem o benefcio (e a estes resta o apoio da famlia, da

    igreja e outros tipos de caridade) ou recorrem a alguns programas governamentais

    paliativos.

    J o modelo beveridgiano, por outro lado, no exige contribuio individual anterior

    para a obteno do benefcio bsico, bastando que a pessoa seja um cidado do pas queadote este modelo. Seu financiamento se d por tributos gerais e incorpora, portanto,

    mecanismos redistributivos.

    Recentemente,um artigo analisou34 pases do ponto de vista de seu desempenho no

    ranking de consumo de sade (dados de 2010) e observou que os pases que apresentam

    o sistema "bismarckiano" se saem muito melhor do que os que so organizados pelo

    modelo de Beveridge.

    E por que isso ocorre?

    O sistema bismarckiano ao menos permite concorrncia entre os fornecedores de

    seguros. Consequentemente, os pases que adotam esse modelo tendem a ter um

    desempenho ainda melhor quando o fornecimento de sade est organizado de forma

    independente do fornecimento do seguro para o seu financiamentoou seja, quando

    servios mdicos e servios de planos de sade no esto arranjados sob a mesma

    regulamentao.

    Isso explica tambm por que os planos de sade brasileiros funcionam bem pior do que

    os sistemas de seguro para outras eventualidadescomo sinistro de automveis, por

    exemplo. Na segunda situao, o paciente procura o profissional de sua escolha e

    reembolsado aps o acionamento do servio.

    http://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridgehttp://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridgehttp://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridgehttp://www.adamsmith.org/blog/health/of-bismarck-and-beveridge
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    A livre escolha do servio de sade permite um funcionamento mais prximo do nosso

    modelo ideal de livre mercado, arranjo no qual a competitividade fundamental para

    garantir a qualidade da prestao do servio e a reduo dos custos.

    J o modelo beveridgiano, cujo exemplo o Canad,alm do nosso SUS,no permite

    que haja escolha entre os seguradores e tende a criar ineficincia, burocracia sem limites

    e um servio que geralmente no atende s necessidades do usurio.

    No caso do SUS,a situao ainda pior que a do Canad, pois o fornecimento da sade

    tambm estatal, com hospitais do governo e mdicos contratados como funcionrios

    pblicos.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923
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    O pas com a melhor avaliao de sistema de sade, por vrios anos seguidos, a

    Holanda. De um lado, o governo holands obriga todas as pessoas a comprar um pacote

    mnimo de sade de seguradoras particulares. O fato de o servio ser de aquisio

    compulsria um arranjo corporativista que faz a alegria dessas empresas privadas. No

    entanto, tal arranjo ao menos melhor do que a estatizao completa do servio. No

    caso holands, as seguradoras privadas competem entre si por consumidores por meio

    da oferta de preos e servios.

    Do lado negativo, as seguradoras no podem discriminar entre usurios, ou seja, elas

    so proibidas de taxar usurios de forma diferenciada,de acordo com seus critrios,ou

    mesmo de rejeit-los. Alm disso, aqueles que no podem pagar o valor do prmio

    recebem subsdios.

    Do lado positivo, os polticos e burocratas ficam longe das decises operacionais de

    sade no pas, o que sem dvida uma importante razo para a Holanda despontar no

    ranking.

    Concluso

    Quanto mais prximo do livre mercado est um servio qualquer, melhor ser o seufuncionamento e seu desempenho.

    O sistema alemo, que combina competio entre seguradoras privadas, contribuio

    individual e livre escolha do consumidor e que, como mostra o ranking, est atrs

    apenas do holandstem realmente um melhor desempenho em relao ao canadense,

    que bem mais estatizado.

    Isso refletido nas porcentagens de espera no pronto-socorro e de espera poratendimento: 4% dos pacientes alemes esperam mais de 4 horas por atendimento

    contra 31% dos canadenses.

    Na Alemanha, a espera por cirurgia eletiva raramente ultrapassa 4 meses; no Canad,

    esse mesmo tempo de espera afeta 25% dos pacientes. Alm disso, 7% dos alemes

    esperam mais de 2 meses para agendar uma consulta com um especialista. No Canad,

    essa porcentagem salta para 41%.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1785
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    Como Mises explicaria a realidade do SUS?

    porLeandro Roque,quarta-feira, 9 de maro de 2011

    Um leitor que acabou de descobrir

    nosso site pede-nos para fazermos

    uma "anlise profunda do SUS

    (sistema socialista de sade do pas)

    luz da extraordinria teoria de Mises".

    Curiosamente, ao se analisar ofuncionamento do SUS luz da teoria

    misesiana, conclui-se que o real

    desafio est em perceber como uma

    medicina socializada afeta a oferta de

    servios de sade privados. No caso

    do Brasil, o desafio perceber como o

    SUS afeta o funcionamento dos

    servios fornecidos pelos planos de sade privados, e como as regulamentaes

    impostas pelo governo sobre as seguradoras de sade ajudam a piorar todo a servio de

    sade do pas.

    No que concerne ao funcionamento especfico do SUS, ele em nada difere de qualquer

    outro servio socializado. Falar sobre questes ligadas aos servios de sade algo que

    desperta grandes paixes, pois, por algum motivo, parte-se do princpio de que sade

    um direito do cidado (de quem o dever algo que no se comenta), e que, porconseguinte, a oferta de servios de sade deve ser ilimitada.

    Infelizmente, porm, a realidade econmica no nos permite tais devaneios, e o fato de

    que vivemos em um mundo de escassez uma verdade vlida tambm e

    principalmentepara os servios de sade. Infelizmente. Se a escassez pudesse ser

    extinta por meio do simples decreto governamentalcomo acreditam os socialistas,

    ento estaramos j h muito tempo de volta ao Jardim do den.

    http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=79&type=articles
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    Logo, voltemos realidade.

    Quando se deixa as paixes ideolgicas de lado e busca-se apenas a verdade por meio

    da razo e, consequentemente, da aplicao da genuna cincia econmica, nenhum

    resultado surpreendente. Mais especificamente, o interesse aqui discutir como a

    cincia econmica explica os problemas inerentes a uma medicina socializada, sem

    fazer qualquer juzo de valor. Afinal, economia no funciona de acordo com

    sentimentalismos, e servios mdicos funcionam exatamente da mesma maneira que

    qualquer outro setor de servios na economia, por mais que as pessoas se deixem levar

    pela emoo.

    Os libertrios seguidores da doutrina dos direitos naturais

    que dizem que cadaindivduo tem o direito de no lhe tirarem a liberdade, a propriedade e a vida diriam

    que a medicina socializada no s economicamente malfica como tambm

    moralmente indefensvel, pois baseia-se no roubo da propriedade alheia para o

    financiamento dos servios mdicos. Embora seja indiscutvel que a medicina

    socializada baseia-se no roubo da propriedade alheia,somenteessa argumentao no

    muito promissora, pois a prpria existncia do governo baseia-se no roubo. Logo, por

    coerncia, pedir o fim da medicina socializada implicaria tambm pedir a abolio do

    governo. Embora seja esse o desejo dos anarcocapitalistas, preciso reconhecer que tal

    postura no faria ningum vencer um debate econmico.

    Logo, argumentaes puramente econmicas so necessrias para explicar por que

    nenhuma medicina socializada pode ser de qualidade duradoura. (E, de fato, nenhum

    pas que hoje possui medicina socializada apresenta servios de sade

    invejveis. Canadensesebritnicosque o digam, para no citar oscubanos).

    O princpio do SUS igual ao de qualquer medicina socializada

    Servios de sade socializados so defendidos e ofertados de acordo com o princpio de

    que a sade um direito bsico e indelvel do cidado, principalmente dos mais

    pobres. Logo, o acesso aos servios de sade deve ser gratuito ou quase gratuito, pois

    s assim os pobres podem ter sade em abundncia.

    O problema que at a estamos apenas no terreno dos desejos, e no da realidadeeconmica. indiscutivelmente bonito posar de defensor dos pobres e oprimidos,

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=349http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=349http://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=350http://www.nytimes.com/2006/02/16/international/europe/16cancer.html?_r=1&oref=sloginhttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=349
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    exigindo sade gratuita para eles. Porm, infelizmente, a realidade econmica sempre

    insiste em se intrometer. E a realidade econmica que,sempre que algo passa a ser

    ofertado gratuitamente, a quantidade demandada desse algo passa a ser infinita. No

    caso especfico da sade, sempre que servios de sade passam a ser gratuitos, a

    quantidade desses servios que as pessoas passam a querer consumir torna-se

    praticamente infinita. E no poderia ser diferente. De novo, trata-se de uma lei

    econmica, e no de sentimentalismos.

    A medicina socializada um caso clssico de interveno que necessita de intervenes

    cada vez maiores para ser mantida, at o momento em que tudo se esfacela em

    decorrncia da total imobilidade do setor regulado. Mises foi pioneiro em explicar a

    mecnica de tal fenmeno, e em sua explicaoque vou me basear.

    Falando especificamente do SUS, caso o governo apenas se limitasse a financiar via

    impostos extrados da populao a oferta de servios de sade, a demanda por

    consultas de rotina, testes de diagnsticos, procedimentos, hospitalizaes e cirurgias

    tornar-se-ia explosiva. Logo, caso o governo nada fizesse, os custos gerados por tal

    demanda iriam simplesmente estourar o oramento do governo.

    a que a realidade econmica se impe.

    Como os recursos para a sade no so infinitos, mas a demanda (pois a oferta

    "gratuita"), o governo logo se v obrigado a impor vrios controles de custo. Os

    burocratas estabelecem um teto de gastos na sade que no pode ser superado. Porm,

    apenas estabelecer um limite de gastos no o suficiente para reduzir a

    demanda. Assim, embora os custos estejam agora limitados, a demanda por consultas,

    pedidos de testes de diagnsticos, hospitalizaes e cirurgias segueinabalada. Consequentemente, com oferta limitada e demanda infinita, ocorre o

    inevitvel: escassez. Ato contnuo, comeam a surgir filas de espera para tratamentos,

    cirurgias, remdios e at mesmo consultas de rotina.

    O agravamento de tais ocorrncias faria com que o sistema inevitavelmente entrasse em

    colapso. a que o governo passa, ento, a impor mais controles. No caso, ele passa a

    controlar a demanda. Mais especificamente, ele comea a "limitar" por meio de

    vrias burocracias insidiosas o nmero de visitas ao mdico, o nmero de testes de

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=374
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    diagnsticos, o nmero de hospitalizaes, cirurgias etc. Por exemplo, em alguns casos,

    um paciente atendido apenas quando um determinado conjunto de sintomas

    perceptvel. Em outros, uma hospitalizao ou cirurgia ocorre apenas se o paciente

    estiver acima de certa idade ou se estiver grvida de um beb deficiente. Em inmeros

    casos, o paciente simplesmente rejeitadopopularmente, ficar na fila esperando at

    desistir.

    Outra consequncia inevitvel do processo de controle de custos aparece nos salrios e

    nas compensaes que o governo paga aos mdicos do SUS, algo que refletido

    diretamente na qualidade dos servios prestados. Afinal, profissionais mal remunerados

    simplesmente no tm incentivos para trabalhar corretamente.

    A medicina socializada, portanto, baseia-se no mesmo princpio do controle de preos: a

    oferta torna-se limitada e a demanda, infinita. Como consequncia, a qualidade dos

    servios decai, os hospitais tornam-se degradados e a escassez de objetos passa a ser

    uma inevitabilidade em alguns casos, faltam at sabonetes. (Tal realidade explica,

    por exemplo, os constantes escndalos de funcionrios de hospitais pblicos

    extorquindo pacientes, cobrando por fora em troca de remdios ou de pronto

    atendimento).

    Tratamentos ou atendimentos bem feitos ou mesmo satisfatrios tornam-se excees em

    um sistema socializado de sade.

    Seguradoras

    Nesse ponto, o leitor mais iniciado pode estar pensando: "ora, dado esse cenrio, o

    governo deveria incentivar a medicina privada, pois ela desafogaria grande parte dessa

    demanda pela sade pblica. No mnimo, os mais endinheirados no mais estariam

    demandando os servios do SUS."

    Tal raciocnio est parcialmente certo. De um lado, fato que o governo, ao contrrio

    do livre mercado, sempre v o consumidor como algo aborrecedor. Ao passo que, no

    livre mercado, as empresas esto sempre vidas por consumidores para os quais vender

    seus produtos, no setor pblico, o consumidor apenas um irritante demandante, um

    usurio esbanjador de recursos escassos. No livre mercado, o consumidor o rei, e osofertantes esto sempre se esforando para ganhar mais consumidores, com os quais

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    podero lucrar caso forneam bons servios. No setor pblico, cada consumidor visto

    como algum que est utilizando um bem em detrimento de outra pessoa. No livre

    mercado, todos os envolvidos em uma transao voluntria ganham, e as empresas esto

    sempre vidas para oferecer seus produtos ao consumidor. No setor pblico, o

    consumidor apenas uma chateao para os burocratas.

    E justamente por essas caractersticas do livre mercado que o governo nopode

    permitir um genuno livre mercado nos servios de sade. Para entendermos o motivo,

    basta novamente utilizarmos a razo e aplicarmos a genuna cincia econmica.

    Assim, o que ocorreria em um arranjo em que h contnua deteriorao dos servios de

    sade e os salrios dos mdicos so controlados pelo governo? A resposta bvia: osmdicos iriam querer fugir de tal sistema e passar a lidar diretamente com seus

    pacientes, sem amarras burocrticas e sem regulamentaes. Ou seja, haveria uma fuga

    de mdicos para a medicina totalmente privada, em um arranjo de livre mercado.

    Em tal arranjo, obviamente, os mdicos no apenas poderiam ganhar maiores salrios,

    como tambm teriam a liberdade de tratar seus pacientes de acordo com seus prprios

    critrios mdicos, o que iria lhes render ainda mais clientes e, consequentemente, mais

    dinheiro. Na medicina pblica permaneceriam apenas os ruins e incapazes, algo

    pssimo para qualquer democracia, um sistema em que polticos precisam de votos.

    Sendo assim, o governo fica numa encruzilhada. Ao mesmo tempo em que deve

    desafogar o setor pblico de sade, ele no pode permitir que o setor privado crie

    grandes incentivos, sob pena de perder seus melhores profissionais e,

    consequentemente, permitir a total deteriorao da medicina pblica. Logo, ele precisa

    criar um meio termo.

    E assim que o governo entra em cena estipulando pesadas regulamentaes sobre o

    setor de planos de sade, fazendo com que os servios mdicos fornecidos por

    seguradoras sejam quase to ruins quanto os do SUS.

    Apenas pense: o mercado de seguro-sade totalmente regulado pelo governo. No h

    livre concorrncia. No qualquer empresa que pode entrar no mercado e ofertar seus

    servios. Houvesse livre entrada no setor, as seguradoras que oferecessem melhorescondies para os mdicos conveniados certamente teriam os melhores profissionais

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    para seus clientes. Porm, como o governo quem decide quem entra no mercado (o

    que aniquila a livre concorrncia) e como o governo quem estipula vrias regras para

    o funcionamento do setor, o que temos hoje so planos de sade caros e que remuneram

    muito mal os mdicos conveniados. H situaes em que ser mdico da rede pblica

    geralmente de sistemas estaduais ou, em alguns casos, municipais ainda melhor do

    que ser mdico conveniado de alguma seguradora.

    Logo, temos a seguinte situao:

    1) O sistema pblico de sade ruim, sofre de escassezes e os mdicos so mal pagos.

    2) O sistema privado de sade controlado pelas seguradoras, um ramo fortemente

    regulado pelo governo, dentro do qual a concorrncia mnima. Logo, os mdicos so

    mal remunerados pelas seguradoras e os planos de sade so caros e cobrem cada vez

    menos eventualidades. Para ter maiores benefcios, necessrio pagar aplices muito

    altas.

    3) O domnio das seguradoras obviamente criou um "mercado paralelo", em que

    mdicos particulares atendem diretamente seus clientes sem a intermediao de

    seguradoras e, consequentemente, cobrando bem mais caro, justamente por causa dosincentivos criados pelas regulamentaes sobre o setor de seguros. Tais mdicos,

    entretanto, precisam ter grande renome e boa reputao para obter sua clientela cativa,

    algo trabalhoso e demorado. Desnecessrio dizer que tal arranjo s acessvel para os

    mais ricos.

    4) Consequentemente, o sistema privado nose torna, para boa parte dos mdicos da

    rede pblica, um sistema substantivamente mais atraente que o sistema pblico,

    exatamente a inteno do governo.

    5) Tal arranjo contm o xodo de mdicos da rede pblica, o que impede o

    esfacelamento do sistema.

    6) Apenas os realmente ricos conseguem contornar tais empecilhos, e geralmente fazem

    suas consultas, internaes e cirurgias sem o uso de seguradoras, lidando diretamente

    com os mdicos, sempre os melhores. Estes, por sua vez, cobram caro justamente pelos

    motivos delineados no item 3, a saber: porque no possuem concorrncia para suas

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    qualidades e tambm porque sabem que possuem uma clientela cativa, composta

    daquelas poucas pessoas que podem se dar ao luxo de no utilizar planos de sade para

    pagar suas cirurgias.

    No final, quem realmente perde so os mais pobres, justamente aqueles a quem os

    amorosos defensores da sade pblica querem proteger. A medicina socializada destri

    a qualidade dos servios mdicos e, por causa das regulamentaes estatais, encarece o

    acesso medicina privada. Os mais pobresaqueles que mais pagam impostos em

    relao sua rendaficam privados de bons servios mdicos, servios estes pelos

    quais eles pagaram a vida inteira. Caso tivessem podido manter esse dinheiro para si,

    certamente poderiam hoje estar usufruindo um melhor servio de sade.

    Muitas vezes um pobre tem seu acesso ao sistema pblico de sade negado porque os

    burocratas que controlam o sistema determinaram que outras pessoas esto mais

    necessitadas do que ele; logo, estas tm mais direito queles servios que ele prprio

    ajudou a financiar via impostos.

    A cincia econmica mostra, portanto, que defender a medicina socializada uma

    perversidade.

    Concluso

    Ainda mantendo-nos fieis cincia econmica, fica claro que o arranjo que melhor

    atenderia a todos os necessitados seria justamente um arranjo de livre mercado. As

    pessoas seriam liberadas dos impostos, podendo agora manter consigo boa parte daquilo

    que so obrigadas a dar para o governo a fim de financiar um sistema de sade que no

    presta servios decentes.

    O setor de seguros de sade deve ser totalmente desregulamentado, havendo livre

    entrada no mercado e, consequentemente, livre concorrncia. Os preos dos planos de

    sade cairiam e os mdicos agora passariam a ser remunerados de acordo com sua

    competncia. Principalmente: haveria a livre negociao entre mdicos e pacientes,

    sem intromisses governamentais algo que hoje s ocorre entre mdicos e pacientes

    ricos. A medicina socializada no mais teria motivos para existir (como nunca teve,

    alis).

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=769
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

    15/57

    Por fim, e ainda mais importante: nunca demais enfatizar que a sade

    responsabilidade de cada indivduo, de cada famlia, sendo que todos devem ter o

    direito de manter para si os frutos de seu trabalho e de poderem utilizar seu dinheiro da

    forma que quiserem, tendo a liberdade de escolher os servios mdicos que desejarem, e

    com a responsabilidade de encarar as consequncias de suas escolhas.

    No h nada de radical ou novo nisso: afinal, esse exatamente o princpio que

    seguimos hoje quando escolhemos e compramos alimentos, roupas, carros,

    computadores, celulares, iPads, iPods, iPhones, passagens areas, apartamentos e tudo o

    mais. E, pelo menos at agora, tal princpio vem funcionando com enorme sucesso. O

    fato de esse princpio (em outras palavras, liberdade) ter sido abandonado na sade e

    principalmente na educao apenas mostra as tragdias que ocorrem quando nosdesviamos dele.

    Servios mdicos funcionam exatamente da mesma maneira que qualquer outro setor de

    servios, por mais que as pessoas se deixem levar pela emoo. Ademais, pela lgica

    socialista, no faz sentido pedir interveno em servios mdicos e deixar, por exemplo,

    o setor alimentcio por conta do livre mercado. Afinal, existe algo mais essencial do

    que comer? Porm, exatamente por causa do livre mercado que temos comida sempre

    disponvel, para todos os gostos. No importa a que horas voc v ao supermercado,

    voc sempre tem a certeza de que tudo estar ali. Tanto para pobres quanto para ricos.

    Isso no fascinante?

    Sempre que voc quiser servios de alta qualidade a preos baixos, voc tem de ter um

    livre mercado, uma livre concorrncia. No h nenhuma outra opo. Quem acha que

    ofertar bens gratuitamente, criar uma montanha de regulamentaes e impor controles

    de preos a receita para bons servios, deve se preparar para uma grandedecepo. Isso nunca funcionou em lugar nenhum do mundo.

    Quem realmente quer servios mdicos de qualidade para os pobres (e quem no quer?)

    tem de defender um livre mercado nos servios de sade. No h outra opo.

    A verdadeira cincia econmica explica.

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Como o SUS est destruindo a sade dos brasileiros

    porRafael Andreazza Daros,domingo, 27 de abril de 2014

    J se

    tornou

    lugar-

    comum

    culpar os

    problemas

    do SUS

    m

    gerncia e

    corrupo. No entanto, poucos se atrevem a atribuir a culpa dos problemas intrnsecos

    ao SUS (longas filas, falta de infra-estrutura, escassez de remdios, ausncia de mdicos

    etc.) ao prprio sistema.

    Vamos analisar alguns dos mitos mais comuns sobre os SUS para entendermos como

    essas caractersticas no so, de fato, um problema de gesto, mas sim inerentes ao

    prprio sistema.

    O mito do Robin Hood

    O principal lugar-comum utilizado pelos defensores do sistema pblico o da "justia"

    da distribuio de renda: os mais ricos pagam para os mais pobres que no tmcondies de arcar com os custos dos tratamentos. Infelizmente, a realidade

    exatamente oposta.

    Em primeiro lugar, vale lembrar que os mais pobres tambm pagam uma quantia

    exorbitante de imposto para financiar o sistema pblico. Se o que eles pagam de

    imposto fosse exatamente igual ao que recebem em retorno, ento, por definio, no

    haveria sentido algum haver um sistema pblico de sade. Mesmo que no houvesse

    absolutamente nenhuma corrupo, isso significaria que algumas pessoas em

    http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=410&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=410&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=410&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=410&type=articles
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

    17/57

    especial aquelas com casos clnicos mais graves, como as que necessitam de remdios

    controlados ou cirurgias complicadasestariam recebendo do sistema mais do que

    pagaram.

    O problema que, para cada pessoa que recebe mais do que paga, existe algum que

    pagou mais do que recebeu. Isso significa dizer que, longe de redistribuir renda dos

    ricos para os pobres, o que o SUS de fato faz "distribuir renda" dos mais saudveis

    para os menos saudveis.

    A populao mais saudvel, seja ela formada por ricos ou pobres, normalmente tem

    poucos gastos com sade: apenas uns poucos exames ou consultas de rotina, algo pelo

    qual os pobres poderiam tranquilamente pagar com a poupana que conseguiriam casomantivessem para si o que pagam de imposto para a sade.

    Longe de melhorar a situao dos pobres, o SUS beneficia apenas uma pequena minoria

    ao mesmo tempo em que torna ainda mais pobres todas as pessoas saudveis que

    acabam pagando a conta, independentemente de classe social.

    Se a inteno realmente aumentar a acessibilidade aos servios de sade para os mais

    pobres, uma soluo mais vivel seria o governo reduzir impostos e pagar apenasporaqueles tratamentos mais caros pelo qual os pobres realmente no podem pagar, ao

    mesmo tempo em que se abstm de regular e administrar o setor, permitindo a livre

    concorrncia nesta rea, o que jogaria os preos para baixo e a qualidade para cima.

    Tambm seria possvel a criao de agncias privadas de financiamento ou de caridade

    para pagar pelos tratamentos mais caros e cujos preos so proibitivos para os mais

    pobres, talvez at mesmo eliminando a necessidade de intromisso do governo. Mas

    isso s seria possvel com a extino do atual sistema, no qual o governo monopoliza o

    tratamento aos mais necessitados ao mesmo tempo em que empobrece a todos no

    processo.

    O mito do almoo grtis: o sistema pblico como um grande balde furado

    Ao contrrio da mitologia popular e como explicado acima , no h nada de

    gratuito no sistema pblico de sade. Ou voc paga por um servio como pagador de

    impostos, ou voc paga como consumidor. O maior problema de qualquer servio ou

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    produto subsidiado justamente o fato de que aqueles que usam tal servio so

    financiados por aqueles que no o utilizam.

    Mesmo que ignorssemos esse inconveniente, ainda assim h o problema relativo

    maneira totalmente deturpada como o servio financiado. O financiamento do servio

    pblico provm dos impostos, cujas receitas no tm qualquer relao com a qualidade

    do servio ou com a quantidade de pessoas atendidas. Pior ainda: o dinheiro disponvel

    por tratamento inversamente proporcionalao nmero de pacientes tratados. Se o

    governo arrecada, digamos, R$1 bilho em impostos e atende 10 milhes de pessoas,

    isso significa que ele poder gastar at R$100,00 por paciente. Mas se o nmero de

    pacientes dobra, isso significa que ele dispor de apenas R$50,00 por tratamento.

    Vale lembrar que esse oramento no apenas para o tratamento: este dinheiro dos

    impostos tambm deve pagar instalaes, maquinrio e medicamentos. Ou o dinheiro

    ir para o tratamento ou para infraestrutura. De qualquer forma, um s possvel

    custa do outro: cada centavo para infraestrutura um centavo a menos disponvel para o

    tratamento dos pacientes.

    No setor privado ocorre exatamente o oposto. Um hospital privado que seja gerenciado

    como qualquer outra empresa isto , buscando o lucro s ter dinheiro disponvel

    para investir em infraestrutura caso trate bem seus pacientes. Parte do lucro poder

    ento ser reinvestido em aumentos salariais, na construo de novas alas, na compra de

    equipamentos etc.

    Se no servio pblico o investimento em infraestrutura feito custa de tratamentos

    que deixaram de ser realizados, no setor privado ocorre o oposto: tal investimento s

    possvelgraasao atendimento aos pacientes. O dinheiro segue uma linha de monica: parte do dinheiro pago nos tratamentos volta como investimento em

    infraestrutura. No setor pblico h uma encruzilhada, ou um ou outro.

    No h nenhuma mgica aqui: no sistema pblico, o tratamento uma fonte

    degastosenquanto que no setor privado uma fonte de renda. O setor pblico como

    um gigantesco balde furado que enchido custa de todos os pagadores de impostos:

    cada tratamento adicional significa um novo furo no balde. No setor privado no h

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

    19/57

    nenhuma torneira, mas tambm no h furos: cada paciente atendido despeja o contedo

    de um copo d'gua dentro do balde, at que este esteja cheio.

    No preciso ser nenhum gnio para perceber qual sistema o mais sustentvel.

    O estmulo ao desperdcio

    Outro problema com a oferta "gratuita" que ela cria a iluso de que os servios

    mdicos devem ser ilimitados, e que sempre deve haver um mdico ou uma sala de

    cirurgia disponvel, a qualquer hora, em qualquer ocasio.

    Entretanto, assim como qualquer outro servio, o atendimento mdico no pode ser

    ofertado de uma maneira ilimitada. Por acaso possvel uma frota infinita denibus? Um nmero ilimitado de salas de aula, bibliotecas e professores? (Alis, diga-

    se de passagem, neste ltimo caso no haveria sequer necessidade de salas de aula;

    qualquer um poderia contratar um tutor particular.) Um nmero infinito de conexes ou

    uma velocidade de internet infinita? Absolutamente no. No h por que ser diferente

    no setor de sade. Mas essa a mentalidade que criada quando se declara que a sade

    um "direito".

    Uma das virtudes do sistema de preos que ele fornece informaes sobre a

    disponibilidade de qualquer bem ou servio, e estimula um uso prudente e racional

    destes.

    Imagine uma cidade do interior em que haja escassez de mdicos, e estes cobrem 200

    reais por consulta. Dificilmente algum pagaria 200 reais por uma consulta apenas

    porque o filho est com uma dor de cabea; o mais racional seria tentar alguns remdios

    caseiros e s lev-lo ao mdico caso a situao se agrave. O que uma boa notcia: issopoupar um tempo precioso para os mdicos, que podero us-lo para tratar pacientes

    em estados mais graves ou que necessitem de um atendimento mais urgente.

    A escassez de servios mdicos, nesta ocasio, leva a um aumento do preo, que por sua

    vez incentiva as pessoas a usarem estes servios de uma maneira mais prudente,

    recorrendo a eles apenas quando for estritamente necessrio sem contar, obviamente,

    que os preos altos seriam um atrativo para que mdicos de outros lugares se

    disponibilizem a trabalhar na dita cidade, reduzindo o problema da escassez.

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Entretanto, quando a oferta passa a ser gratuita, tanto o estmulo quanto essa informao

    desaparecem. Torna-se impossvel estimar a oferta e a disponibilidade do servio.

    Algum que usasse o servio privado de maneira abusiva pagaria um alto preo por

    isso; porm, no setor pblico, o preo sempre fixo e invisvel (que o pagador de

    impostos obrigado a bancar). O fato de a oferta ser gratuita e de a sade ser decretada

    um "direito" tambm cria a falsa iluso de que a oferta de tais servios ser ilimitada.

    Uma me cujo filho tem apenas uma dor de cabea ou uma mera dor de barriga no

    mais ter o incentivo para procurar os servios mdicos apenas quando estritamente

    necessrio. Essa demanda irrestrita inevitavelmente criar gigantescas filas de espera,

    atormentando tanto mdicos que ficaro sobrecarregadosquanto pacientes, que se

    frustraro pela lentido dos atendimentos.

    nessa situao que as pessoas comeam a colocar a culpa na gesto. Jamais lhes

    passa pela cabea que o uso indiscriminado de tal servio a verdadeira causa das

    longas filas.

    A questo que os incentivos criados pelo setor pblico levam a um uso

    indiscriminado, abusivo e irresponsvel do sistema e no o contrrio, que seria o

    ideal.

    Concluso

    As longas filas de

    espera tambm

    possuem outra

    explicao, a qual

    passa por uma

    combinao de

    fatores j

    mencionados: a

    oferta de servios

    mdicos limitada

    pela arrecadao

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    de impostos ao passo que a destruio dos incentivos corretos gera uma demanda

    artificialmente alta.

    Para resolver este problema, deve-se ou aumentar a oferta o que impossvel, dado o

    oramento limitado do governo e o fato de ele no ter qualquer relao com o nmero

    de pacientes atendidos ou reduzir a demanda.

    H duas maneiras de se reduzir a demanda: aumento de preos o que tambm

    impossvel j que a oferta "gratuita"ou racionamentos, como listas de espera.

    A maneira como o sistema financiado empobrece justamente aqueles a quem ele visa

    ajudar e derruba a qualidade do servio, uma vez que o dinheiro disponvel para cada

    tratamento se torna mais escasso a cada paciente atendido. Para agravar, asregulaes

    para impedir o xodo dos mdicos para o sistema privadoimpedem a concorrncia e

    encarecem os tratamentos.

    Outro efeito nefasto de todo esse paternalismo a destruio do estmulo caridade e

    tambm do senso de cidadania e de responsabilidade dos cidados. Quando o governo

    passa a monopolizar o cuidado aos pobres, uma das consequncias naturais que isso

    diminui ou destri a propenso caridade, uma vez que as pessoasque j se sentemmoralmente desobrigadas em decorrncia dos impostos que pagam ficam apenas

    esperando que o governo resolva tudo, j que passam a entender como legtima a funo

    do governo de tutelar os mais pobres.

    Longe de ser um problema de m gesto ou de corrupo, os problemas do sistema

    pblico so apenas as consequncias naturais de sua prpria natureza.

    Um retrato da sade brasileira - um desabafo de dois mdicos

    porHelio Dehon Barbosa e Tatiana Villas Boas Gabbi,domingo, 21 de junho de 2015

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=414&type=articleshttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    "Direito" sade

    A rea da sade

    pode sere !

    negativamente

    influenciada pela

    interferncia das

    ideologias

    socialistas e,

    consequentemente,

    da interveno

    estatal. Este artigofoi escrito por quem est do lado de c: clinicando, operando e passando por todo o tipo

    de dificuldades em tentar ser mdico em um pas onde a prfida influncia comunista,

    na disfarada figura da social democracia, j lanou de forma quase que definitiva seus

    tentculos.

    Talvez devamos iniciar com uma das frases mais ditas nos ltimos 30 anos,

    minuciosamente pensada e formulada pela inteligentsia: "Sade, um direito de

    todos". Tal afirmao positiva uma grande falcia.

    Aqui, vale fazer uma recordao sobre as transformaes ideolgicas e tambm sobre as

    palavras que perderam o sentido, e relembrarmos que "direito" se transformou em uma

    palavra universal nesse nosso mundo dominado por um estado forte que quer cuidar de

    tudo e a todos prover ou pelo menos promete isso.

    fundamental conceituar a definio de "bem", que juridicamente significa 'tudo aquiloque pode ser propriedade de algum'. Ou ainda, tudo o que 'til para poder satisfazer a

    necessidade de algum'. Economicamente falando, um bem tambm se caracteriza pela

    utilidade e escassez, podendo ser assim um bem de consumo (duradouro e no-

    duradouro).

    E nesse sentido que gostaramos de classificar agora a sade ou o acesso sade: no

    como um direito, mas como um bem de consumo como outro qualquer, sobre o qual

    atuam as regras da oferta e da procura e da livre concorrncia. Sobretudo, vale tambm

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    a regra da livre escolha do consumidor, a qual, em todos os modelos em que foi

    aplicada, s produziu preos competitivos, desenvolvimento e fartura.

    A sade, ao ser tratada como um direito a ser suprido pelo estado, tem como nico

    resultado um servio pfio, quando no a escassez completa. Devemos relembrar que,

    na antiga Unio Sovitica, at mesmo o setor de alimentao foi envolvido nas

    regulamentaes do estado, e o resultado foi a fome, quando no genocdio por

    inanio.

    Mas de onde se originou todo o problema com a sade brasileira? O que acontece que

    temos uma Constituio at certo ponto recente (26 anos), que foi escrita aps um longo

    perodo de ditadura militar e com uma demanda reprimida muito grande por servios emelhorias ditas "sociais". O resultado foi uma carta magna que muito promete e pouco

    realmente pode cumprir. E no s na rea da sade, mas em todas as reas bsicas,

    como educao e segurana, e at mesmo na infraestrutura.

    Vivemos, pois, somente em um ambiente proftico, no qual o estado promete mundos e

    fundos. Para a populao, s resta esperar e acreditar que seu novo deus a sustente

    eternamente, transformando assim o estado em uma abstrao com um fim superior.

    O servio pblico no funciona simplesmente porque recai no mesmo problema da

    impossibilidade de haver um clculo econmico sob um sistema socialista, conforme

    descrito por Mises. A regra se aplica integralmente ao SUS, nosso sistema nico ou

    universal de sade na verdade um simulacro de sistema de sade.

    Como em todos os servios pblicos, o estado, essa figura amorfa, detm um comando

    centralizado sobre o sistema, atuando como um lder supremo cujas ordens so sempre

    ditadas de forma vertical (sempre de cima para baixo), desconsiderando o tamanho do

    pas envolvido e ignorando as variveis econmicas e culturais de cada regio. Esse

    sistema funciona com burocracia extrema que aquilo que faz o estado ser o estado

    , e cujos burocratas tm como figura suprema o poltico.

    A mentalidade de ter o SUS como algo acima de todos os sistemas de sade percebida

    no profissional de sade: a maioria destes ainda prefere a estabilidade pblica. J no

    to incomum colegas no se arriscarem mais na vida privada. Alguns, inclusive, jesto investindo cada vez mais em concursos pblicos. Ainda no temos um grupo de

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    "concurseiros profissionais" no meio mdico simplesmente porque, em nosso pas, nem

    mesmo os concursos pblicos para a rea de sade so frequentes (em comparao com

    a rea jurdica).

    Culpa da nossa criao

    E por que os mdicos e outros profissionais da sade tm essa viso to estatizada de

    suas profisses e at de suas vidas? Primeiramente, a prpria criao em nosso pas j

    gera automaticamente uma atitude de crena em um estado provedor e ao qual todos

    devem recorrer em momentos de crise. No entanto, ao entrarem em uma faculdade de

    medicina, essa viso amplificada, pois lhes inculcada a ideia de que o SUS e

    somente ele

    tem de ser, a partir daquele momento, o seu guia, sendo todas as outraspossibilidades de atuao fora do SUS vistas apenas como formas alternativas.

    Tudo se inicia com uma viso de total abnegao da medicina, sendo o mdico um ser

    altrusta por natureza e com necessidades extremamente limitadas. fato que a

    profisso mdica, em ltima instncia, uma atividade que requer cuidados triplicados

    quando comparada a outras atividades profissionais, pois lida com vidas. A ateno e o

    desprendimento pessoal so imprescindveis. Os mdicos sabem disso e os pacientes

    tambm sabem disso. Mas o estado no quer saber disso.

    Para o burocrata, o mdico realmente uma figura franciscana e que concorda

    plenamente em realizar um altrusmo forado (mesmo em ambientes profissionais

    sucateados). E, como a maioria dos profissionais tem essa ideia martelada desde o

    primeiro ano de faculdade, o SUS vai se mantendo "aos trancos e barrancos". Como

    diria um famoso poltico brasileiro h alguns anos: "Mdico igual sal: branco, barato e

    encontra-se em qualquer lugar", o que quer dizer que somos mercadoria pouco escassa eque, como seres altrustas naturais, iremos aceitar qualquer remunerao e trabalhar de

    qualquer maneira, pois nossa crena de que o SUS deva continuar existindo

    intocvel nossa premissa universal e verdadeira.

    Vale alertar que a educao mdica encontra-se cada vez mais centrada em uma viso

    "social" deturpada por anos de doutrinao ideolgica (Gramsci agradece). Umas das

    vrias provas disso a disseminao da medicina de famlia ou PSF (Programa de

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Sade da Famlia), que, entre outras coisas, prega uma viso totalmente generalista da

    formao mdica, viso essa que tida como superior formao de especialidades.

    O PSF originou-se de uma viso de medicina socializada aos moldes cubanos, e nos foi

    vendida como sendo o modelo-padro de medicina do tipo preventiva (a verdade que

    apenas um subtipo desse tipo de medicina), a qual deveria ser estimulada, praticada e

    principalmente implementada em todos os municpios de nosso pas.

    Com o PSF, a ateno primria seria a mais importante e resolutiva, pois, a partir do

    pleno funcionamento do modelo, o nmero de doentes no sistema secundrio e tercirio

    de sade diminuiria drasticamente. bvio que esse tipo de modelo (um tanto quanto

    romntico) jamais funcionou como deveria.

    Alm do incontornvel problema da escassez de recursos, o PSF no funciona pelo

    simples motivo de que o setor tercirio foi e sempre ser aquele que realmente resolve o

    problema. Afinal, em uma cultura como a nossa, na qual preveno ainda algo

    distante, o paciente sempre ir procurar pelo melhor e ir atrs daquilo que realmente

    produz resultados definitivos.

    Foi Adam Smith quem declarou que a diviso do trabalho representa o divisor de guasentre um sistema de baixa produtividade e um de alta produtividade e excelncia. A

    diviso do trabalho constitui o cerne da produtividade econmica e visa ao aumento da

    abundncia de bens e servios. E foi David Ricardo quem formulou a lei da associao

    para demonstrar quais so as consequncias da diviso do trabalho quando um grupo de

    indivduos coopera com outro grupo de indivduos, mesmo que um deles seja menos

    eficiente em todos os aspectos. A colaborao dos mais talentosos e capazes com

    aqueles que so menos talentosos e capazes resulta em benefcio para ambos e osganhos assim obtidos so recprocos.

    A especializao mdica deve, portanto, seguir a mesma lgica de qualquer outra

    produo de bens, em que as diferentes especialidades mdicas constituem novas etapas

    intermedirias na cadeia de produo do bem 'sade'.

    No entanto, a medicina socializada, ao acabar com as especializaes, visa justamente

    abolio desta diviso do trabalho. Abolir a diviso do trabalho no meio mdicoouseja, as especializaes sempre foi algo bem bvio na viso marxista. A imagem do

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    mdico generalista, abnegado, agindo como um beato de casa em casa, e se tornando o

    grande "Pai da comunidade" e um grande benfeitor completa a agenda socialista em

    questo.

    Outra importante forma de desanimar o estudante de medicina a seguir uma

    subespecializao o mtodo de ensino empregado por algumas faculdades. Esse novo

    mtodo retira a obrigatoriedade das cadeiras bsicas do curso de medicina (anatomia,

    histologia, clnica mdica, cirurgia geral etc.), estando essas agora

    diludas. Consequentemente, acaba tambm com a presena dos professores titulares de

    cada uma dessas cadeiras. As aulas agora so ministradas por tutores (que no precisam

    ser obrigatoriamente mdicos). O que temos no so mais aulas e sim grupos de estudo

    nos quais o aluno agora aprende a "pensar por si mesmo", interpretando textos. Oprofessor (oops, o tutor) no pode nada, e pouco fala ou explica.

    Esse modelo completamente inspirado nas chamadas escolas experimentais dos anos

    1970, que eram influenciadas pelas teorias pedaggicas construtivistas, as quais tinham

    suas bases calcadas no construtivismo esttico russo. Ou seja, sua origem e ideologia

    so comunistas.

    Por no haver agora um mestre como baluarte, algum a ser seguido como exemplo de

    eficincia e sucesso profissional (quantos mdicos resolveram fazer determinadas

    subespecialidades espelhando-se em seus professores titulares?), temos um crescente

    estmulo para o mdico generalista.

    Por fim, vale lembrar que, para tal mtodo novo ser implementado em determinadas

    faculdades, houve uma voluptuosa contribuio financeira do governo para a instituio

    interessada; um tipo de incentivo dado pelo Ministrio da Educao instituio quequisesse experimentar esse novo mtodo. Seria isso um tipo de capitalismo de estado

    (ou mercantilismo) no meio da educao? Deixemos a pergunta no ar.

    Cdigo de tica

    O cdigo de tica profissional do profissional mdico um captulo parte. Alm de

    dar suporte a um sistema calcado na gratuidade e em supostos direitos a uma sade

    universalizada, ele tambm age como um bloqueio s aes de mercado (ou seja, aesem que, por meio de trocas voluntrias, consumidores e prestadores de servio

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    encontram a melhor maneira de resolver seus problemas). Principalmente, ele rechaa a

    ideia de sade como um bem ou servio.

    O cdigo j se inicia em seu primeiro termo dizendo: "A medicina uma profisso a

    servio do ser humano e da coletividade...". O termo aqui usado, "coletividade",

    poderia muito bem ser substitudo por "de todos", mas isso no enfatizaria o real

    significado embutido na palavra. Ao insistir nessa expresso, deixa-se claro que os

    mdicos no so indivduos dotados de livre escolha, mas sim membros de uma

    comunidade gregria com algum tipo de conscincia social. Em vez da livre escolha, h

    somente o determinismo e a obrigatoriedade de se submeter somente a um tipo de

    servio.

    Essa viso do coletivo tambm corroborada no item que diz: "O mdico ser solidrio

    com os movimentos de defesa da dignidade profissional..". Ou seja, de forma coerciva,

    praticamente obriga o mdico a participar de todo e qualquer tipo de "movimento",

    mesmo que esse no seja do agrado ou da concordncia do profissional em questo.

    Nesse ponto, lembremos dos movimentos arquitetados por lderes sindicais, que

    tambm existem no meio mdico. Teramos ns que dar apoio a esse tipo de

    movimento? Vale lembrar que, embora a contribuio sindical via CRM no seja

    obrigatria (s faltava!), h uma multa pelo no comparecimento eleio do

    CRM. Isso imoral e, acima de tudo, autoritrio. Nesse quesito, o CRM se iguala ao

    governo, que obriga o cidado a comparecer "Festa da Democracia", mesmo que seja

    base de fora. Trata-se de um claro desrespeito noo de liberdade individual.

    Um dos textos mais cruis e autoritrios do Cdigo de tica encontra-se no captulo

    XII, recentemente criado e que diz respeito publicidade mdica. Para resumir, eleprobe a participao ou divulgao de qualquer tipo de assunto mdico em meios de

    comunicao de massa. Mais ainda: ainda veda ao profissional a participao em

    propagandas de qualquer tipo.

    Proibir a autopromoo e a divulgao sria e correta de seus servios algo absurdo

    que tem por objetivo transformar o mdico em uma figura economicamente estril. O

    mais irnico que propagandas do SUS que exaltam como ele est "mudando a cara da

    sade em nosso pas" no param de ser marteladas diariamente nos mesmos meios de

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    comunicao de massa vedados aos mdicos. E tudo isso financiado com o seu e com o

    meu dinheiro.

    Por outro lado, outros conselhos, como o de odontologia, no coagem seus profissionais

    e estes esto liberados para realizar propagandasou ser que ningum nunca viu em

    uma propaganda de determinada pasta ou escova de dente a corroborao de um

    profissional dentista incluindo seu nome e CRO? Isso vlido, salutar e respeitoso para

    com o profissional. Se o medo do CRM propaganda enganosa ou exagerada, deixe

    que a justia comum cuide do caso. S no tirem nossa liberdade.

    Planos de sade

    Qual seria a sada para a arapuca armada pelo estado (denominada SUS)? Como tentar

    uma forma de livre mercado na rea de sade?

    A resposta mais fcil seria recorrer medicina privada na forma de planos e seguros de

    sade, chamados em nosso pas de "sade suplementar". No entanto, esse ou qualquer

    outro sistema complementar de sade em que se tentam aplicar as simples leis de

    mercado encontram srias barreiras burocrticas, principalmente na forma de

    interferncia estatal.

    O motivo para isto simples: tambm no sistema privado de sade encontramos o

    chamado capitalismo de estado, em que as grandes operadoras de plano e de seguros de

    sade foram cartelizadas pelo governo. H poucos planos de sade, e os que existem

    esto associados ao governo em um esquema de ajuda mtua na qual o consumidor e o

    prestador de servio final sempre sairo perdendo.

    De um lado, o estado cria entraves e barreiras burocrticas na forma de rgidas leis,obrigando as operadoras a realizarem aquilo que o governo quer. Em contrapartida, o

    estado tambm cria barreiras protecionistas contra a entrada de novos planos de sade,

    garantindo uma reserva de mercado para essas operadoras. Como consequncia deste

    arranjo, as operadoras tm uma lucrativa reserva de mercado, o governo tem um amplo

    controle sobre o mercado, e a relao mdico-paciente passa a inexistir.

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Se ao menos a entrada de planos de sade no mercado fosse liberada, isso aumentaria

    sobremaneira a concorrncia, consequentemente fazendo o preo das mensalidades e

    dos servios baixarem.

    Mas h um complicador adicional. Da mesma forma que governo opera em conluio

    com os planos de sade o que a princpio ajuda as operadoras, ele tambm finge

    estar atendendo aos anseios dos consumidores: cada vez maior o nmero de decretos e

    processos jurdicos obrigando os planos a incluir exames, procedimentos e a liberarem

    consultas, aumentando coercivamente o leque de cobertura dos planos. Essa regulao

    extrema aumenta os custos dos planos e faz com que menos recursos (profissionais e

    equipamentos) sejam alocados para os locais necessrios. Consequentemente, os planos

    comeam tambm a cortar gastos, gerando uma escassez desnecessria e fazendo deleso novo SUS.

    Ou seja, uma regulao (proibio da concorrncia) gera problemas (aumento dos

    preos dos planos) que so "solucionados" por meio de novas intervenes

    (obrigatoriedade de novas coberturas), o que gera aumento de custos e escassez.

    A impresso que d que o governo faz um jogo duplo: de um lado, incentiva os planos

    de sade cartelizados com o intuito de "aliviar" o j abarrotado SUS; de outro, no deixa

    os planos crescerem muito, sempre aumentando os custos destes, talvez com medo da

    migrao dos profissionais de sade do setor pblico para o privado.

    Nem mesmo as cooperativas mdicas conseguem escapar das amarras do estado. O que

    em princpio seria um meio de os mdicos trabalharem de forma livre e dentro dos

    preceitos de qualquer cooperativa (adeso voluntria, gesto democrtica e participao

    econmica dos membros), e de alguma maneira conseguirem se autoadministrar, no seconcretiza. Aqui tambm o governocom sua burocracia extrema, protecionismo,

    mandatos judiciais e autoritarismo da ANS (que perde em fora talvez somente para a

    ANVISA)entra com sua mo pesada, retirando o j rarefeito ar e sufocando de vez

    tambm as cooperativas.

    Concluso

    Nossos mdicos so inculcados desde a faculdade a serem agentes do estado e"instrumentos da coletividade", a sade pblica no tem como funcionar, e a sade

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    privada no pode ser considerada como tal, pois no regida pelas leis de

    mercado. Tampouco ela tratada realmente como um bem de consumo a ser suprido

    por instrumentos econmicos legtimos, como livre concorrncia e leis da oferta e

    procura, medida essa que, no longo prazo, faria com que os servios melhorassem

    sobremaneira para ambos os lados.

    O futuro da medicina no nosso pas aziago, a no ser que comecemos a reescrev-lo a

    partir de j. Nesse sentido, fundamental que enxerguemos o que no se v, e

    passemos, mdicos e no mdicos, a compreender o que significa sade pblica: um

    estado de mal-estar social.

    Quatro medidas para melhorar o sistema de sade

    porHans-Hermann Hoppe,segunda-feira, 13 de abril de 2009

    verdade que o

    sistema de sade

    (europeu,

    americano ou

    brasileiro) est

    uma baguna e

    insustentvel.

    Entretanto, isso

    demonstra no

    uma falha de

    mercado, mas,sim, uma falha de

    governo. A cura

    do problema no requer uma diferenciada regulamentao governamental, tampouco

    mais regulamentaes ou burocracias, ou mesmo invenes mirabolantes, como

    polticos interesseiros querem fazer-nos crer. A cura do problema requer simplesmente a

    eliminao de todos os atuais controles governamentais.

    http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=80&type=articles
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    urgente levarmos a srio uma reforma do sistema de sade. Crditos tributrios,

    vouchers e privatizao j ajudariam muito na meta de descentralizar o sistema e

    remover encargos desnecessrios sobre as empresas. Porm, quatro medidas adicionais

    devem ser tomadas:

    1. Eliminar todas as exigncias de licenciamento para as faculdades de medicina,

    hospitais, farmcias, mdicos e outros profissionais da rea de sade. A oferta destes

    itens iria aumentar de imediato, os preos iriam cair, e uma maior variedade de servios

    de sade iria aparecer no mercado.

    Agncias de credenciamento, competindo voluntariamente no mercado, iriam substituir

    o licenciamento compulsrio do governo

    levando-se em conta que os fornecedoresde servios de sade (afinal, servios de sade so servios como quaisquer outros)

    acreditem que tal reconhecimento iria melhorar sua reputao, e que seus consumidores,

    por se importarem com a reputao dos fornecedores, estaro dispostos a pagar por isso.

    Como os consumidores no mais seriam ludibriados a acreditar que existe tal coisa

    como "padro nacional" de sade, eles aumentariam sua procura por bons servios de

    sade a custos baixos, e fariam escolhas mais perspicazes.

    2. Eliminar todas as restries governamentais sobre a produo e a venda de produtos

    farmacuticos e equipamentos mdicos. Isso significa a extino de agncias

    reguladoras encarregadas de controlar remdios, vacinas, drogas e produtos biolgicos

    (como a Anvisa, no Brasil). Atualmente, essas agncias servem apenas para obstruir

    inovaes e aumentar os custos de produo.

    Custos e preos cairiam, e uma maior variedade de melhores produtos chegaria ao

    mercado mais rapidamente. O mercado tambm foraria os consumidores a agir de

    acordo com suas prprias avaliaes de risco em vez de confiar essa tarefa ao

    governo. E os fabricantes e vendedores de remdios e aparelhos, devido concorrncia,

    teriam de fornecer cada vez mais garantias e melhores descries de seus produtos,

    tanto para evitar processos por produtos defeituosos como para atrair mais

    consumidores.

    3. Desregulamentar a indstria de seguros de sade. A iniciativa privada pode oferecerseguros contra eventos cuja ocorrncia est fora do controle do segurado. Por outro

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    lado, uma pessoa no pode se segurar, por exemplo, contra o suicdio ou a falncia, pois

    depende apenas dessa pessoa fazer tais eventos ocorrerem.

    Como a sade de uma pessoa, ou a falta dela, depende quase que exclusivamente desta

    pessoa, muitos, se no a maioria, dos riscos de sade no so efetivamente segurveis.

    "Seguro" contra riscos cuja probabilidade de ocorrerem pode ser sistematicamente

    influenciada por um indivduo depende fortemente da responsabilidade prpria desta

    pessoa.

    Alm do mais, qualquer tipo de seguro envolve um compartilhamento de riscos

    individuais. Isso implica que as seguradoras paguem mais a alguns e menos para outros.

    Mas ningum sabe com antecedncia, e com convico, quem sero os "ganhadores" equem sero os "perdedores". "Ganhadores" e "perdedores" so distribudos

    aleatoriamente, e a resultante redistribuio de renda no nada metdica. Se

    "ganhadores" e "perdedores" pudessem ser determinados sistematicamente, os

    "perdedores" no iriam querer compartilhar seus riscos com os "ganhadores", mas sim

    com outros "perdedores", porque isso faria diminuir seus custos de seguridade. Por

    exemplo, eu no iria querer compartilhar meu risco de sofrer acidentes pessoais com os

    riscos incorridos por jogadores profissionais de futebol; eu iria querer compartilhar

    meus riscos exclusivamente com os riscos de pessoas em circunstncias similares s

    minhas, a custos mais baixos.

    Devido s restries legais impostas s seguradores de sade, que no tm o direito de

    recusar certos servios excluir algum risco individual por este no ser segurvel , o

    atual sistema de sade est apenas parcialmente preocupado em assegurar. A indstria

    dos seguros no pode discriminar livremente entre diferentes riscos incorridos por

    diferentes grupos.

    Como resultado, as seguradoras de sade tm de cobrir uma multido de riscos no

    segurveis em conjunto com riscos genuinamente segurveis. Elas nopodem

    discriminar os vrios grupos de pessoas que apresentam riscos de seguridade

    significativamente diferentes. Assim, a indstria dos seguros acaba gerenciando um

    sistema de redistribuio de renda beneficiando agentes irresponsveis e grupos de

    alto risco s custas de indivduos responsveis e de grupos de baixo risco. Como

    esperado, os preos desta indstria esto altos e em constante crescimento.

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Desregulamentar esta indstria significa devolver a ela a irrestrita liberdade de contrato:

    permitir que uma seguradora de sade seja livre para oferecer qualquer tipo de contrato,

    para incluir ou excluir qualquer tipo de risco, e para discriminar quaisquer tipos de

    grupos ou de indivduos. Riscos no segurveis perderiam cobertura, a variedade de

    polticas de seguridade para as coberturas remanescentes aumentaria, e os diferencias de

    preos refletiriam os riscos reais de cada seguridade. No geral, os preos iriam cair

    drasticamente. E a reforma restauraria a responsabilidade individual na questo da

    sade.

    4. Eliminar todos os subsdios para os doentes ou adoentados. Os subsdios sempre

    criam mais daquilo que est sendo subsidiado. Subsdios para os doentes e enfermos

    alimentam a doena e a enfermidade, e promovem o descuido, a indigncia e adependncia. Se estes subsdios forem eliminados, seria fortalecida a inteno de se

    levar uma vida saudvel e de se trabalhar para o sustento prprio. De incio, isso

    significa abolir todos os tipos de tratamento e assistncia mdica "gratuitos"isto ,

    financiado compulsoriamente pelo contribuinte saudvel e zeloso de sua sade.

    Apenas essas quatro medidas, conquanto drsticas, iro restaurar um completo livre

    mercado no fornecimento de servios mdicos. Enquanto estas medidas no forem

    adotadas, a indstria continuar tendo srios problemas afetando de maneira

    extremamente negativa a vida de seus consumidores.

    A medicina socializada e as leis econmicas

    porThomas DiLorenzo,tera-feira, 11 de agosto de 2009

    N. do T.: o debate nos EUA sobre a estatizao do sistema de sade torna-se a cada diamais agressivo. Diariamente ocorrem protestos contrrios a essa proposta, com o

    governo americano classificando-os como "protestos nazistas". O artigo a seguir faz

    uma anlise econmica dos problemas da medicina socializada, tomando como

    exemplo a menina dos olhos do governo Obama: o sistema de sade canadense.

    interessante constatar que os problemas que afligem os canadenses so muito

    parecidos queles que fustigam os usurios do nosso SUS. O que no nada

    surpreendente, alis. Afinal, as leis econmicas so as mesmas, independente da

    latitude.

    http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=96&type=articles
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    O primeiro passo do governo

    americano em sua tentativa de

    criar um monoplio estatal do

    sistema de sade foi propor uma

    lei que iria, ao fim e ao cabo,

    abolir a indstria privada de

    seguro de sade. O plano do

    governo criar impostos

    adicionais e impor custos

    obrigatrios sobre as empresasde seguro-sade, ao mesmo tempo em que uma burocracia estatal de seguro-sade ser

    criada ostensivamente para "concorrer" com as empresas privadas. O resultado final

    esperado um enorme monoplio estatal que, assim como todos os monoplios estatais,

    ir operar com toda a eficincia dos Correios e todo o charme e compaixo da Receita

    Federal.

    Obviamente, muito difcil competir com um rival que tem todo o seu capital e custos

    operacionais pagos pelo contribuinte. Sempre que o governo decide "concorrer" com o

    setor privado, ele trata de garantir que a competio seja francamente injusta, criando

    regulamentaes e impostos em cascata sobre as empresas privadas, ao mesmo tempo

    em que se isenta a si prprio de todos esses entreveros. por isso que as "empresas

    apadrinhadas pelo governo"Fannie Mae e Freddie Macforam to lucrativas durante

    vrios anos. por isso tambm que muitas escolas "pblicas", cujos resultados so

    escabrosos, se mantm em existncia por dcadas, no obstante seu fracasso absoluto

    em educar as crianas.

    O FUTURO DA MEDICINA AMERICANA

    Alguns anos atrs, o economista ganhador do Prmio Nobel Milton Friedman estudou a

    histria da oferta de servios de sade nos EUA. Em um estudo de 1992 publicado pela

    Hoover Institution, intituladoInput and Output in Health Care(Insumo e Produto no

    Sistema de Sade), Friedman observou que, em 1910, 56% de todos os hospitais dos

    EUA eram de gerncia privada e voltados para o lucro. Aps 60 anos de subsdios

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=125
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    direcionados aos hospitais geridos pelo governo, esse nmero havia cado para

    10%. Demorou dcadas, mas no incio dos anos 1990 o governo j havia tomado o

    controle de quase toda a indstria hospitalar.

    Aquela pequena poro da indstria que ainda permanece voltada para o lucro

    regulada de modo to extraordinariamente violento pelos governos federal, estaduais e

    municipais, que a maioria das decises tomadas pelos administradores desses hospitais

    tem mais a ver com o cumprimento das regulamentaes do que com a oferta lucrativa

    de servios ao pacientes/clientes. E o lucro, obviamente, o que possibilita que os

    hospitais do setor privado tenham os meios para ofertar seus servios de sade.

    A concluso primordial de Friedman foi que, como em todos os sistemas burocrticosestatais, o sistema de sade gerido ou controlado pelo governo criou uma situao em

    que um aumento dos "insumos" - tais como gastos em equipamentos, infraestrutura e

    salrios dos profissionais mdicos - levou na realidade a uma quedanos "produtos" (no

    caso, em termos de quantidade de servios mdicos ofertados). Por exemplo, ao passo

    que os gastos mdicos estatais subiram 224% no perodo 1965-1989, o nmero de leitos

    hospitalares por 1.000 habitantes caiu 44%, e o nmero de leitos ocupados declinou

    15%. Da mesma forma, durante esse perodo de quase completo domnio

    governamental sobre a indstria hospitalar (1944-1989), os custos por paciente-dia

    subiram quase 24 vezes, ajustados pela inflao.

    Quanto mais o governo gastou dinheiro no sistema de sade por ele gerido, menos

    servios de sade foram ofertados. Esse tipo de resultado geralmente vlido para

    todas as burocracias estatais, pois elas no esto submetidas a nenhum mecanismo de

    mercado; no h o mecanismo de retroinformao via sistema de preos. Como no

    setor estatal no h lucros em um sentido contbil, no h, por definio, nenhummecanismo que premie a boa performance e puna a m. Com efeito, em todos os

    empreendimentos estatais vale o oposto: a m performance (incapacidade de atingir

    resultados ostensivos, ou de satisfazer os "clientes") tipicamentepremiada com

    maiores oramentos. O fracasso em educar crianas faz com que o governo despeje

    mais dinheiro nas escolas pblicas. O fracasso em reduzir a pobreza leva a maiores

    oramentos para as burocracias assistencialistas. Isso certamente acontece tambm com

    a medicina socialista.

  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Os custos sempre explodem toda vez que o governo se envolve em algo - e os governos

    sempre mentem sobre isso. Em 1970, por exemplo, o governo americano previu que a

    parte doMedicare [programa que reembolsa hospitais e mdicos por tratamentos

    fornecidos a indivduos acima de 65 anos de idade] que cobre os seguros hospitalares

    seria de "apenas" $2,9 bilhes por ano. Considerando-se que as despesas reais foram de

    $5,3 bilhes, houve a uma subestimao de custos de nada menos que 79%. Em 1980,

    o governo previu que esses gastos seriam de $5,5 bilhes; os gastos reais foram mais de

    quatro vezes essa quantia - $25,6 bilhes. Essa exploso dos custos burocrticos fez

    com que o governo tivesse de criar 23 novos impostos nos primeiros 30 anos do

    Medicare. (Veja Ron Hamoway, "The Genesis and Development of Medicare", in

    Roger Feldman, ed.,American Health Care,Independent Institute, 2000, pp. 15-86). A

    administrao Obama alega que a transferncia do sistema de sade para o controle

    estatal ir, de alguma forma, reduzirmagicamente os custos. claro que tal insensatez

    no deve ser levada a srio. O governo nunca, jamais, em lugar algum, reduziu os

    custos de se fazer algo.

    Todos os monoplios estatais dos servios de sade, sejam eles no Canad, no Reino

    Unido ou em Cuba, vivenciaram uma exploso tanto nos custos quanto na demanda -

    uma vez que os servios so "gratuitos". A medicina socializada no de fato gratuita, bvio; os verdadeiros custos esto meramente escondidos, j que so pagos por

    impostos.

    Sempre que algo tem um preo explicitamente zero associado a ele, a demanda do

    consumidor ir aumentar substancialmente - e os servios de sade no so

    exceo. Ao mesmo tempo, as malversaes burocrticas iro garantir que as

    ineficincias grotescas piorem a cada ano. medida que os custos vo ficando fora de

    controle e comeam a constranger os polticos que prometeram aos cidados um

    "almoo grtis" no sistema de sade, eles recorrem quilo que todos os governos sabem

    fazer to bem: impor controle de preos, provavelmente sob algum eufemismo do tipo

    "controle global do oramento"

    Controle de preos - ou as leis que foram os preos a ficarem abaixo do seu nvel de

    equilbrio de mercado (onde oferta e demanda se igualam) - artificialmente estimulam a

    quantidade demandada pelos consumidores ao mesmo tempo em que reduzem a oferta,pois fazem com que no seja lucrativo ofertar a mesma quantidade de antes. O

    http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/http://healthcare-economist.com/2006/02/21/the-genesis-and-development-of-medicare/
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    resultado de um aumento na demanda e uma reduo na oferta a escassez. O

    racionamento de produtos torna-se necessrio. Isso significa que so os burocratas do

    governo - e no os indivduos e seus mdicos - que passam a determinar quem ir e

    quem no ir receber tratamento mdico, que tipo de tecnologia mdica estar

    disponvel, quantos mdicos haver, e por a vai.

    Todos os pases que adotaram um sistema de sade socializado sofrem da doena da

    escassez induzida pelo controle de preos. Se um canadense, por exemplo, sofrer

    queimaduras de terceiro grau em um acidente automobilstico e precisar de uma cirurgia

    plstica reconstrutora, o tempo mdio de espera pelo tratamento ser de mais de 19

    semanas, ou aproximadamente cinco meses. O tempo de espera para uma cirurgia

    ortopdica no Canad tambm de quase cinco meses; para uma neurocirurgia necessrio esperar trs meses completos; e leva-se mais de um ms para uma cirurgia

    cardiovascular (veja a publicao do think-tank canadense Fraser Institute,Waiting

    Your Turn: Hospital Waiting Lists in Canada). Pense nisso: se o seu mdico descobrir

    que suas artrias esto entupidas, voc ter de esperar na fila por mais de um ms, com

    a possibilidade iminente de uma morte por ataque cardaco. por isso que tantos

    canadenses vo para os EUA em busca de tratamento mdico.

    Todos os grandes jornais americanos (bem como toda a grande mdia mundial)

    aparentemente se tornaram nada mais do que lderes de torcida do governo Obama, por

    isso difcil encontrar alguma informao sobre a falncia da medicina estatal

    canadense. Mas se regredirmos alguns anos, as informaes se tornam bem mais

    abundantes. Um artigo no The New York Timesde 16 de janeiro de 2000, intitulado

    Full Hospitals Make Canadians Wait and Look South[Hospitais Lotados Fazem os

    Canadenses Esperar e Olhar Para o Sul], escrito por James Brooke, fornece alguns bons

    exemplos de como o controle de preos no Canad criou srios problemas de escassez.

    Uma senhora de 58 anos esperava por uma cirurgia cardiovascular no saguo de

    um hospital de Montreal junto a outros 66 pacientes. As portas eltricas abriam

    e fechavam durante toda a noite, permitindo a entrada de correntes de ar com

    temperaturas em torno de -18C. Ela estava em uma lista de espera de cinco

    anos para sua cirurgia.

    http://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdfhttp://www.fraserinstitute.org/commerce.web/%20%E2%80%A6%20/waitingyourturn2008.pdf
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Em Toronto, em um nico dia, 23 dos 25 hospitais da cidade deixaram suas

    ambulncias paradas por causa de uma escassez de mdicos.

    Em Vancouver, ambulncias permaneciam abandonadas por horas enquanto

    vtimas de ataques cardacos aguardavam dentro delas, espera de serem

    adequadamente atendidas.

    Pelo menos 1.000 mdicos canadenses e dezenas de milhares de enfermeiras

    canadenses migraram para os EUA para evitar o controle de preos sobre seus

    salrios.

    Escreveu o jornalista, "Poucos canadenses recomendariam seu sistema como modelo de

    exportao".

    As escassezes induzidas pelo controle de preos no Canad tambm se manifestam no

    escasso acesso tecnologia mdica. Per capita, os EUA tm oito vezes mais mquinas

    de ressonncia magntica, sete vezes mais unidades de radioterapia para tratamentos de

    cncer, seis vezes mais unidades de litotripsia, e trs vezes mais unidades de cirurgia

    cardiovascular. Existem mais scanners de ressonncia magntica no estado de

    Washington, cuja populao de cinco milhes de pessoas, do que em todo o Canad,cuja populao de mais de 30 milhes de indivduos (Veja John Goodman e Gerald

    Musgrave,Patient Power).

    Da mesma forma, no Reino Unido - graas nacionalizao, ao controle de preos e ao

    racionamento governamental dos servios de sade - milhares de pessoas morrem

    desnecessariamente a cada ano por causa da escassez de unidades peditricas de

    tratamento intensivo, de mquinas de dilise, de marcapassos e at mesmo de mquinas

    de raios X. Esse ser o futuro da Amrica caso a "medicina obmica" se torne uma

    realidade.

    Verdades inconvenientes sobre o sistema de sade sueco

    porKlaus Bernpaintner,sexta-feira, 21 de maro de 2014

    http://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articleshttp://www.mises.org.br/SearchByAuthor.aspx?id=404&type=articles
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Um mito ainda ronda o

    mundo: o mito da

    excelncia do sistema de

    sade estatal da Sucia.

    Normalmente, apenas

    alguns poucos e bsicos

    argumentos econmicos

    j bastam para fazer uma

    pessoa entender, de

    maneira lgica, por que impossvel um sistema de sade gerenciado pelo estado

    manter sua excelncia no longo prazo.

    No entanto, e infelizmente, apenas teorias no convencem. E dado que no factvel

    convidar todo o mundo para fazer uma excurso-surpresa nas salas de emergncia dos

    hospitais estatais da Sucia o que estraalharia de maneira irreparvel as iluses dos

    mais crentes , terei aqui de me ater apenas s palavras.

    E a realidade que o sistema de sade sueco a perfeita ilustrao da tragdia do

    planejamento central. Alm de ser extremamente caro, ele ainda mata pessoas

    inocentes.

    A sade universal e gratuita foi implantada na Sucia na dcada de 1950 como parte de

    um projeto do Partido Social Democrata para criar a "Casa do Povo"

    (Folkhemmet). Este grande esforo tambm incluiu educao gratuita em todos os

    nveis, moradias modernas para os pobres, penso estatal obrigatria, e outras

    coisas. Vamos aqui conceder o benefcio da dvida e supor que ao menos algumasdessas propostas eram bem intencionadas. Como quase sempre ocorre, boas intenes

    pavimentam a estrada que leva servido.

    Demorou um pouco, mas hoje j est um tanto bvio para o cidado comum que

    absolutamente todosos aspectos deste projeto se revelaram um desastre. O cidado

    pode at ter alguma dificuldade para ligar causa e consequncia, mas ele j capaz de

    ver que o sistema definitivamente no est funcionando como o propagandeado. Pior:

    est se deteriorando rapidamente.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://en.wikipedia.org/wiki/Folkhemmethttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=923
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Antes de este projeto utpico ser implantado, a Sucia tinha uma das mais baixas cargas

    tributrias do mundo civilizado. Tanto a quantidade de impostos, quanto o valor deles,

    era um dos mais baixos do mundo desenvolvido. O pas, nada surpreendentemente,

    estava no topo em termos de padro de vida. O projeto alterou completamente a

    Sucia. O pas passou a ter a segunda maior carga tributria do mundo (a maior a da

    Dinamarca), vivenciouperodos de acentuada inflao de preos,e apresenta uma

    economia em contnuoenfraquecimento.

    No h nada de economicamente misterioso a respeito de servios de sade; trata-se de

    um servio como qualquer outro. Os princpios que governam os servios de sade so

    imutveis e no podem ser alterados por meros decretos governamentais ou por

    "vontade poltica". Como qualquer servio, a medicina pode ser plenamente fornecidaem um livre mercado a preos razoveis e com qualidade crescente. No entanto, como

    qualquer outra rea, to logo o governo assume o controle e passa a fazer um

    planejamento centralizado, ele entre em colapso. A qualidade despenca e passa a haver

    escassez e racionamento.

    Alegar que os atuais problemas no sistema de sade sueco se devem a uma "falha de

    mercado"como j fazem alguns social-democratas no pas o equivalente a dizer

    que houve uma falha de mercado na produo de po na Unio Sovitica.

    Analisemos o que ocorreu quando os servios de sade passaram a ser fornecidos

    "gratuitamente" pelo governo sueco (isto , pelos pagadores de impostos). Observe que

    os mesmos incentivos e princpios econmicos se aplicam a qualquer outro servio que

    o governo decida assumir e fornecer "de graa".

    De incio, ficou estabelecido que o sistema de sade gratuito seria somente para ospobres. Ele no iria afetar aqueles que estavam satisfeitos com os servios at ento

    vigentes. No entanto, ocorreu o bvio: quando um governo passa a repentinamente

    oferecer uma alternativa gratuita com promessa da qualidade, vrias pessoas abandonam

    seus fornecedores privados e adotam os bens gratuitos. Trata-se de uma questo de

    incentivos. Logo, esse sistema pblico tem de ser expandido. Mdicos privados iro

    perder clientes. Ato contnuo, os mdicos privados sero forados ou a procurar

    emprego no sistema pblico ou a abandonar a profisso. O resultado inevitvel ser a

    criao de um nico sistema pblico de sade.

    http://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=linehttp://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=linehttp://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=linehttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1609http://www.tradingeconomics.com/charts/sweden-consumer-price-index-cpi.png?s=swedenconpriindcpi&d1=19600101&d2=20141231&type=line
  • 7/25/2019 As Diferenas Entre Os Servios de Sade Da Alemanha e Do Canad

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    Alguns ainda alegam que possvel havereco