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A CONSERVAÇÃO EX SITU DAS PLANTAS AUTÓCTONES DOS AÇORES NO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL Cátia Faria Freitas Universidade dos Açores Departamento de Biologia Ponta Delgada 2016

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A CONSERVAÇÃO EX SITU DAS PLANTAS AUTÓCTONES DOS AÇORES

NO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL

Cátia Faria Freitas

Universidade dos Açores Departamento de Biologia

Ponta Delgada 2016

Cátia Faria Freitas

A conservação ex situ das plantas autóctones dos Açores

no Jardim Botânico do Faial

Relatório de Estágio apresentado à Universidade dos Açores, no

âmbito do Mestrado de Biodiversidade e Biotecnologia Vegetal

para efeitos de obtenção do grau de Mestre em Biodiversidade e

Biotecnologia Vegetal,

Orientador: Prof. Dr.ª Maria João Bornes Teixeira Pereira Trota

Coorientador: Eng.º Pedro Gonçalo Piloto Casimiro

Universidade dos Açores

Departamento de Biologia

Ponta Delgada

2016

I

AGRADECIMENTOS

Durante a realização deste curso de mestrado contei com importantes apoios e incentivos,

sem os quais a concretização desta meta não se teria tornado realidade, e aos quais quero aqui

agradecer.

À Professora Maria João Trota, pela sua orientação, apoio e disponibilidade, pela opiniões,

criticas e revisões a este documento.

Ao orientador, chefe e amigo, Eng.º Pedro Casimiro, por todo o apoio e disponibilidade

prestados não só durante o estágio, como também durante as aulas do primeiro ano de mestrado,

e pela orientação e revisões a este documento.

Aos docentes deste mestrado que sempre se apresentaram compreensivos pela distância, e

pela disponibilidade em me receber nos vários esclarecimentos de dúvidas, por vezes talvez em

momentos menos oportunos.

A todos os colegas de mestrado pelo apoio dado durante a frequência nas aulas, sem eles

teria sido muito difícil acompanhar com todas as aulas e trabalhos.

A todos os colegas do Jardim Botânico do Faial pela paciência e apoio prestado durante os

últimos anos, principalmente à colega e amiga Violeta Oliván que sempre se mostrou disponível

para me auxiliar com os ensaios de germinação, e à colega e amiga Rosa Dart por toda a força e

incentivo dados.

Ao chefe e amigo Eng.º João Melo, pelo seu apoio e incentivo para que eu continuasse com

os estudos.

A toda a minha família, especialmente aos meus pais e companheiros, aos meus irmãos, à

minha irmã e grande amiga Andreia, e meu cunhado, um muito obrigado pelo vosso apoio

incondicional, incentivo e amizade.

E por fim, mas nunca menos importante, quero deixar um especial agradecimento ao meu

marido, sozinha nada disso teria sido possível, obrigada pelo teu apoio incondicional, força,

compreensão e amor!

A todos o meu muito obrigado!

II

PREFÁCIO

Os Jardins Botânicos tem, cada vez mais, um papel pró-ativo na conservação das plantas,

não sendo o Jardim Botânico do Faial (JBF) exceção, este Jardim tem como missão a

conservação e estudo da flora nativa dos Açores, a divulgação científica e a educação ambiental.

Como estrutura do Parque Natural do Faial, o JBF está responsável por delinear e impulsionar

as ações de conservação da natureza na ilha do Faial, colaborando também com outros Parques

Naturais do Açores.

No âmbito das atividades do JBF, a construção e a manutenção das coleções das plantas e do

banco de sementes e a realização de projetos de conservação in situ, exigem um esforço

contínuo de atualização a nível da inventariação e caracterização das espécies e da procura de

protocolos adequados para a propagação, conservação e resgate de sementes.

O presente neste ‘Relatório de Estágio’ resulta das atividades desenvolvidas durante o ano

letivo de 2014/2015, no âmbito do programa de conservação do JBF e teve como objetivos

específicos:

a) Apresentar um texto atualizado sobre a constituição e evolução do Jardim Botânico do

Faial (JBF);

b) Atualizar a informação sobre as coleções de plantas no JBF;

c) Atualizar a informação sobre a coleção de sementes do Banco de Sementes do JBF;

d) Reunir informação bibliográfica sobre a germinação das espécies naturais dos Açores;

e) Testar a eficácia do método usado no Banco de sementes do JBF, para a conservação das

sementes, através do resgate de sementes de Azorina vidalii e Lotus azoricus;

f) Otimizar as condições de germinação para a produção em laboratório de plantas de

Myosotis azorica e Veronica dabneyi.

III

CONTEÚDOS CONTEÚDOS III

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. O PAPEL DOS JARDINS BOTÂNICOS NUM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO 1 1.2 O PAPEL DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL NA CONSERVAÇÃO DAS PLANTAS NATIVAS DOS AÇORES 4

2. CONSTITUIÇÃO E EVOLUÇÃO DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL 5

3. O HERBÁRIO ILÍDIO BOTELHO GONÇALVES 12

4. AS COLEÇÕES DE PLANTAS NO JARDIM 20

4.1. AS DIFERENTES COLEÇÕES DE PLANTAS NO JARDIM 20 4.2. REPRESENTAÇÃO DE ALGUNS HABITATS DOS AÇORES 20 4.3. COLEÇÃO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS ORNAMENTAIS COMUNS NOS AÇORES 30 4.4. COLEÇÃO DAS ESPÉCIES INVASORAS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES 31 4.5. COLEÇÃO DE ESPÉCIES MEDICINAIS E AROMÁTICAS 32 4.6. COLEÇÃO DAS CULTURAS AGRÍCOLAS TRADICIONAIS DOS AÇORES 33 4.7. ORQUIDÁRIO 34

5. O BANCO DE SEMENTES DOS AÇORES 36

5.1. A COLEÇÃO DO BANCO DE SEMENTES DOS AÇORES 36 5.2. METODOLOGIA DE CONSERVAÇÃO NO BANCO DE SEMENTES DOS AÇORES 38 5.3. ATUALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A GERMINAÇÃO DAS ESPÉCIES NATIVAS DOS AÇORES 40 5.4. AVALIAÇÃO DO EFEITO DAS CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES NAS CARACTERÍSTICAS DE

GERMINAÇÃO – AZORINA VIDALII E LOTUS AZORICUS 42 5.2. OPTIMIZAÇÃO DOS TESTES DE GERMINAÇÃO - MYOSOTIS AZORICA E VERONICA DABNEYI 48

6. O VIVEIRO DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL 53

7. O PROJETO ‘IN SITU’ DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL 57

REFERÊNCIAS 59

LEGISLAÇÃO 59 PÁGINAS ELETRÓNICAS 59 BIBLIOGRÁFICAS 60

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. O PAPEL DOS JARDINS BOTÂNICOS NUM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

As atividades humanas são a principal ameaça à biodiversidade e aos ecossistemas. A

diminuição da biodiversidade e a destruição dos ecossistemas pode ocorrer direta ou

indiretamente em consequência das atividades humanas. A destruição dos habitats pode ser

imediata por ocupação urbana, agrícola ou industrial, por exploração destrutiva, por sobre-

exploração das espécies, por introdução de espécies exóticas, pelo represamento de águas, pela

drenagem de zonas húmidas, pela poluição e pelos conflitos armados. As espécies e os habitats

são também ameaçados de forma indireta pelas atividades humanas, que se refletem na redução

da camada de ozono estratosférico e pelas alterações climáticas (CBD, 2011; Groom, 2006;

Hawkins et al., 2008).

Face à destruição, degradação ou alteração dos ecossistemas, as espécies ou se extinguem,

ou migram para locais mais favoráveis ou se adaptam às novas condições (Groom, 2006;

Hawkins et al., 2008). Estima-se que cerca de metade das espécies vegetais se extingam durante

o próximo século, sendo que, cerca de um quarto de todas as espécies de plantas vasculares já se

encontra ameaçado na natureza. As espécies endémicas são particularmente vulneráveis, pois

possuem uma área de distribuição restrita e estão adaptadas a habitats muito particulares, como

é o caso dos endemismos insulares, onde o número limitado de ascendentes durante o processo

de colonização, originários de uma população maior levou a casos de baixa variabilidade

genética, conhecido por efeito fundador, e onde durante o processo evolutivo, as estratégias de

defesa contra grandes herbívoros e de competitividade interespecífica se perderam ou não foram

desenvolvidas (Godefroid et al., 2010; Hawkins et al., 2008; Piñeiro et al., 2009; Trota &

Pereira, 2013).

As plantas são uma componente essencial da biodiversidade global, são os principais

produtores primários dos ecossistemas, e um recurso vital para o Homem: além da importância

das espécies cultivares comerciais, muitas espécies silvestres possuem atualmente importância

económica, cultural e nesta época de desafios emergentes das alterações climáticas, várias

espécies silvestres possuem valor potencial como recurso genético disponível para o

melhoramento de novas cultivares (CBD, 2011; Li & Pritchard, 2009). Atualmente, uma parte

da diversidade das plantas encontra-se em risco de extinção, levando a uma perda de serviços

aos ecossistemas, nomeadamente redução da eficiência das comunidades ecológicas capturarem

recursos biológicos essenciais, produção da biomassa, decomposição e reciclagem de nutrientes

biológicos essenciais, bem como redução da resiliência dos ecossistemas (Cardinale et al.,

2012; Chapin III et al., 2000; Li & Pritchard, 2009).

2

A consciencialização desta realidade levou a que a preservação da biodiversidade vegetal se

tornasse uma prioridade estabelecida a nível mundial, através do estabelecimento de políticas e

instrumentos globais, como sejam a ‘CBD – Convention of Biological Diversity’ e a sua ‘GSPC

– Global Strategy for Plant Conservation’ (CBD, 2011), e a ‘BGCI - Botanical Garden

Conservation International’ (http://www.bgci.org/). Foram ainda estabelecidos projetos que

contribuíram para alcançar as metas e objetivos definidos na GSPC, como sejam o ‘European

Botanic Gardens Consortium’ (http://www.botanicgardens.eu/), a ‘ENSCONET – European

Native Seed Conservation Network’ (http://www.ensconet.maich.gr/), o ‘Millennium Seed

Bank’ (http://www.kew.org/science-conservation/collections/millennium-seed-bank) e o

‘Svalbard Global Seed Vault’ (https://www.croptrust.org/what-we-do/svalbard-global-seed-

vault/).

As ilhas dos arquipélagos da Macaronésia, onde se insere o arquipélago dos Açores, são

consideradas como um dos hotspots naturais de biodiversidade mundial (Comes, 2004). Estas

ilhas são ricas em espécies e habitats únicos, ecossistemas e paisagens irrepetíveis, dos quais

dependem as comunidades locais para o seu desenvolvimento sustentável. É neste contexto que

estas comunidades possuem um papel de extrema importância ao abordar o tema da diversidade

das plantas e a sua conservação (CBD, 2011; Pereira & Trota, 2011; Puchalski, 2004).

A conservação das espécies vegetais pode ser feita in situ, isto é, no habitat natural das

espécies, ou ex situ, em estruturas construídas para esse efeito (Draper et al., 2004; Havens et

al., 2006). A conservação das espécies in situ tem como objetivo manter a viabilidade da

população em causa e pode ser feita por: aumento populacional artificial, estabelecimento de

populações artificiais, combate a ameaças, estabelecimento de reservas naturais e corredores de

conservação. A conservação das espécies ex situ tem como objetivo apoiar a conservação in situ

das espécies silvestres, e pode ser feita por: conservação de espécies em coleções vivas de

espécies silvestres, ou em bancos de germoplasma, que incluem os bancos de sementes

ortodoxas (o método mais utilizado globalmente, uma vez que a colheita e armazenamento deste

tipo de sementes é um processo relativamente fácil, permitindo conservar num espaço

relativamente pequeno uma grande quantidade de variabilidade genética), bancos de sementes

recalcitrantes, de esporos de fetos, de genes (podem ser de tecidos, partes de plantas, ou de

DNA) e de pólen (Bacchetta et al., 2008; Godefroid et al., 2010; Godefroid et al., 2011;

Heywood & Iriondo, 2003; Li & Pritchard, 2009).

Cada vez mais os Jardins Botânicos têm tido um papel pró-ativo na conservação das plantas,

ao invés da sua atividade tradicional focada nas coleções de plantas exóticas e medicinais, sendo

mesmo atualmente, das instituições mais implicadas na conservação ex situ mantendo coleções

3

de plantas ameaçadas, bancos de germoplasma e fornecendo diásporos ou plantas para ações de

conservação in situ (Draper et al., 2004; Havens et al., 2006).

Um dos instrumentos globais estabelecidos com o intuito de conservar a diversidade das

plantas foi a BGCI. Esta é uma rede internacional de jardins botânicos que foi criada em 1987

como um pequeno secretariado da IUCN (International Union for the Conservation of Nature).

Atualmente esta associação é a maior do seu tipo no Mundo, juntando mais de 500 Jardins

Botânicos de cerca de 100 países, incluindo os maiores e mais influentes. A BGCI tem como

objetivos principais a colheita, conservação, caracterização e cultivo de amostras de todas as

plantas do Mundo, como política de segurança contra a sua extinção na natureza e como fonte

de material vegetal para inovação, adaptação e resiliência humana. A BGCI é ainda o principal

impulsionador do ‘European Botanic Gardens Consortium’, consórcio criado em 1994, que

reúne os representantes das redes nacionais de jardins botânicos, com o objetivo de discutir e

planear iniciativas ao nível europeu, com especial foco na implementação da ‘Convenção sobre

a Diversidade Biológica’.

Atualmente os Jardins Botânicos Reais de Kew prestam um importante contributo para a

conservação ex situ de flora selvagem, sendo que o seu banco de sementes, o ‘Millennium Seed

Bank’, constitui um dos maiores esforços na conservação de sementes silvestres. O ‘Millennium

Seed Bank’, no ativo desde o ano 2000, possui como objetivo a conservação da flora das ilhas

britânicas mas também a flora de locais únicos no mundo. Este banco de sementes foi, também,

o impulsionador da ENSCONET, rede europeia que teve como objetivos uniformizar os

procedimentos de conservação de sementes de espécies silvestres na Europa e contribuir para o

cumprimento das obrigações da União Europeia para com a ‘Convenção sobre a Diversidade

Biológica’ e a sua ‘Estratégia Global para a Conservação das Plantas’. Esta rede reuniu 24

instituições membro, de 17 países (Godefroid et al., 2010; Godefroid et al., 2011; Puchalski,

2004).

Na Península Ibéria e região biogeográfica da Macaronésia foi estabelecida a ‘AIMJB –

Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos’ (http://www.jbotanicos.org/), associação

criada em 1985 com a finalidade de promover a colaboração e desenvolvimento de projetos

comuns e facilitar as trocas de conhecimentos entre os jardins membros. Esta associação

permitiu a constituição da ‘REDBAG – Red Española de Bancos de Germoplasma de Plantas

Silvestres y Fitorrecursos Autóctonos’ (http://www.redbag.es/1redbag.htm), em 2002, com o

objetivo de conservar a flora espanhola, incluindo a Península Ibérica, ilhas Canárias e Baleares.

Também sob a alçada da AIMJB foram desenvolvidos os projetos BASEMAC e BIOCLIMAC

que visavam principalmente a conservação da flora da região biogeográfica da Macaronésia

(arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias) (Puchalski, 2004).

4

1.2 O PAPEL DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL NA CONSERVAÇÃO DAS PLANTAS NATIVAS DOS AÇORES

Nos Açores, a distribuição das espécies endémicas e naturais continua ameaçada, sendo

sabido que já ocorreu a extinção de uma espécie de planta vascular endémica - Vicia

dennesiana, devido às atividades humanas e ao avanço de espécies de flora invasora, tanto em

zonas humanizadas como em áreas ambientais protegidas, colocando em risco um recurso

vulnerável que deve ser protegido para permitir a sua utilização sustentável pelas populações

locais (Pereira & Trota, 2011; Silva et al., 2010).

Acompanhando a tendência moderna de conservação ativa, o Jardim Botânico do Faial (JBF)

tem desempenhado, nas últimas décadas, um papel importante na preservação das espécies

nativas dos Açores. Para além de albergar um herbário que apoia as atividades de identificação

e se assume como registo das espécies presentes nos Açores, o JBF leva a cabo um programa de

conservação cujo principal objetivo é garantir a sobrevivência das espécies no seu habitat

natural e que engloba ações de conservação ex situ e in situ e ações de sensibilização ambiental

(Albergaria, 2005; Gomes, 2006; Melo, 2007).

As ações de conservação ex situ desenvolvidas pelo JBF incluem a manutenção de uma

coleção de plantas vivas, de um viveiro de plantas endémicas e nativas dos Açores e de um

banco de germoplasma – o ‘Banco de Sementes dos Açores’ – um projeto com carácter

regional. No âmbito destas incluem-se também atividades de carácter científico, como seja o

estudo da germinação das espécies naturais dos Açores e o desenvolvimento de protocolos de

propagação.

As ações de conservação in situ desenvolvidas pelo JBF incluem a monitorização das áreas

protegidas do Parque Natural de Ilha do Faial, e de áreas não pertencentes a este Parque Natural,

o apoio em ações de combate à flora invasora, nomeadamente teste de diferentes métodos de

combate, bem como nas ações de plantação de flora endémica e nativa e ações de recuperação

de habitats ou espécies (Albergaria, 2005; Gomes, 2006; Melo, 2007).

A sensibilização ambiental é feita através da exposição no centro interpretativo do JBF,

sobre a história natural da vegetação dos Açores, da realização de visitas guiadas à coleção de

plantas vivas do jardim e ainda, com a realização de atividades educativas no âmbito das

agendas ‘Parque-Escola’ (oferta de atividades educativas às escolas) e ‘Parque-Aberto’ (ações

de sensibilização ambiental destinadas à população em geral).

5

2. CONSTITUIÇÃO E EVOLUÇÃO DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL

O Jardim Botânico do Faial foi criado como resultado da necessidade da salvaguarda do

património vegetal açoriano, com muitas das suas espécies em categorias de raras, vulneráveis

ou em perigo (Gomes, 2006). Os trabalhos de implementação deste Jardim tiveram início em

Janeiro de 1986, sob a coordenação do Eng.º Mário Ávila Gomes, tendo o JBF sido inaugurado

ao público a 18 de Junho de 1986 (Rodrigues, 2011).

O Jardim foi implementado, na freguesia dos Flamengos, numa antiga exploração agrícola e

pastagem a cerca de 100 m de altitude e com uma área total de 5600 m2 (Figura 1). Numa

situação de vale protegido e relativamente preservado da influencia marítima e de ventos fortes,

a uma latitude de 38º33’7’’N e uma longitude de 28º38’30’’W, cujas temperaturas médias

rondam os 17,6ºC, sendo a temperatura mínima absoluta registada de 8,3ºC e a máxima absoluta

de 25,5ºC. Nesta área foram criadas várias zonas: um jardim para as espécies nativas dos

Açores, incluindo as espécies endémicas dos Açores e da Macaronésia; um jardim de plantas

medicinais e aromáticas; uma área de lazer com plantas exóticas e nativas, um pequeno viveiro

e um centro de visitantes (Albergaria, 2005; Gomes, 2006; Melo, 2007).

Figura 1. Jardim Botânico do Faial (JBF): A. Mobilização de terras para modelação do terreno a instalar a coleção de

espécies nativas do JBF(1986) (Cortesia de JBF). B. Aspeto do jardim de espécies nativas dos Açores do JBF, à data

da sua inauguração (1986) (Cortesia de JBF).

Com o objetivo de manter uma coleção de espécies de média altitude e de melhorar a

aclimatização de espécies provenientes de locais a maior altitude, foi criada em 1995 uma nova

valência do JBF, o Jardim Botânico de Pedro Miguel. Este polo encontra-se a cerca de 4 Km do

local de sede (na freguesia de Pedro Miguel), a uma altitude de cerca de 400 m, contando com

uma área aproximada de 6 hectares. Esta valência do JBF encontra-se aberta para visita

mediante marcação (Figura 2) (Melo, 2008; Melo, 2015).

A. B.

6

Figura 2. A. Implementação da valência do Jardim Botânico do Faial em Pedro Miguel (1995) (Cortesia de JBF). B.

Valência do Jardim Botânico do Faial em Pedro Miguel na atualidade (2015) (Foto de Cátia Freitas).

Seguiu-se, em 2003, a criação do ‘Banco de Sementes dos Açores’ (BSA) (Albergaria, 2005;

Gomes, 2006; Melo, 2008; Melo, 2015; Roca Salinas et al., 2005) (Figuras 3). O banco de

sementes do JBF foi iniciado decorrente da implementação dos projetos INTERREG-

BASEMAC, PCTMAC-BIOCLIMAC e programa PROCONVERGÊNCIA, os quais

permitiram a aquisição de equipamentos, bem como a criação de uma área de trabalho com as

condições apropriadas (Roca Salinas, 2005).

Em 2005 foram iniciados os trabalhos de ampliação do jardim (Melo, 2007; Rodrigues,

2011a) e em 2007 foi inaugurado o atual centro de visitantes, e nele foi sediado o ‘Herbário

Ilídio Botelho Gonçalves’ (Figura 4). Este herbário foi assim denominado em homenagem ao

Eng.º Ilídio Botelho Gonçalves, pelo seu grande contributo para o estudo da flora açoriana

(Melo, 2008).

Figura 3. Sala dos equipamentos do Banco de Sementes dos Açores (Cortesia de SIARAM).

A. B.

7

Foi construída em 2010 uma estufa dedicada à exibição de diferentes orquídeas, pertencentes

ao colecionador faialense Henrique Ávila (1917-2007), conhecido na ilha do Faial por Henrique

Peixoto. À data da inauguração, este orquidário possuía cerca de 30 espécies e híbridos de

orquídeas (Rodrigues, 2010), valor que durante os cinco anos de existência aumentou para 40,

como resultado de algumas ofertas ao JBF (Figura 5).

Figura 5. Orquidário do Jardim Botânico do Faial: A. Perspectiva do lado sul; B. Perspectiva do lado norte (Fotos de Cátia

Freitas).

Na sequência das obras de ampliação do jardim encetadas em 2005 foi inaugurado em 2011

um novo espaço, dedicado especialmente à flora nativa herbácea dos Açores, com a

representação de habitats e espécies que até à data encontravam-se pouco representados neste

jardim, como sejam os habitats das zonas costeiras rochosas e de zonas húmidas (Figura 6).

Figura 4. Prensa do Herbário Ilídio Botelho Gonçalves (Cortesia de SIARAM).

A. B.

8

Figura 6. Habitat de zonas húmidas: representação de um charco na área ampliada (Cortesia de SIARAM).

Como resposta à necessidade de

produção em grande quantidade espécies

naturais dos Açores, especialmente de

espécies não lenhosas (não produzidas

pelos viveiros dos serviços florestais), foi

inaugurado em 2013 o ‘Viveiro do Jardim

Botânico do Faial’, composto por uma

estufa (Figura 7) e uma área exterior de

vasário. Esta estrutura conta com uma área

de cerca de 600 m2 para propagação da

flora vascular indígena dos Açores.

Em 2014 foi inaugurada uma exposição permanente no JBF, esta é dedicada à ‘História

Natural da Vegetação dos Açores’, mostra como os Açores são um ponto de encontro de

espécies de plantas únicas e com diferentes origens e idades biológicas, ao mesmo tempo que

explica o surgimento de espécies e comunidades vegetais que apenas aqui ocorrem e a

necessidade de preservar um tesouro único e frágil como um legado para o futuro.

Atualmente está a ser preparado: um projeto de ampliação do jardim, que compreende o

aumento da coleção de plantas vivas em 7000 m2; a construção de um complexo de estufas, que

irá albergar a coleção de orquídeas da família Ranta (um casal finlandês que dedicou toda a sua

vida ao cultivo de diferentes orquídeas e que doou parte da sua importante coleção ao JBF); e a

remodelação de um edifício para instalar o ‘Banco de Sementes dos Açores’, as novas

Figura 7. Estufa do viveiro do Jardim Botânico do Faial (Cortesia de SIARAM).

9

instalações irão permitir executar em salas diferentes os vários processos para a conservação das

sementes (Tabela 1).

Ao longo do tempo de vida do JBF foram inúmeras as ações de sensibilização ambiental

realizadas. Ao nível da sensibilização ambiental direcionada para as escolas é lançada

anualmente, desde 2012, a agenda ‘Parque-Escola’, juntamente com os restantes centros

ambientais dos Açores, e que contém a oferta educativa ambiental direcionada a cada ciclo de

ensino (Figura 8).

Em conjunto com os restantes centros

ambientais, o JBF também realiza ações de

sensibilização ambiental direcionadas para

a população em geral, apresentadas na

agenda ‘Parque-Aberto’. Nesta agenda é

possível encontrar diversos tipos de

atividades desde ações de plantação com

voluntários (e.g. ação de plantação nos

Charcos de Pedro Miguel em 2012, com

mais de 1000 voluntários), realização do

dia de entrada gratuita no jardim, a comemoração de dias internacionais (e.g. dia internacional

do fascínio das plantas), e até mesmo a organização de conferências e ‘workshops’ ambientais

abertos à população em geral.

Desde a sua criação que o JBF presta um importante contributo como principal

impulsionador da conservação da natureza na ilha do Faial. Mais recentemente com a

implementação do Parque Natural de Ilha (PNI) do Faial, é o principal responsável no que diz

respeito a medidas de conservação da natureza no PNI Faial, desenvolvendo também trabalhos

de conservação in situ e ex situ, em colaboração com os PNI’s Flores, Corvo e Pico,

nomeadamente com as espécies: Myosotis azorica, Veronica dabneyi e Taxus baccata.

Para atingir todas as metas traçadas, o JBF conta com uma equipa de 19 elementos, que se

dividem por diferentes áreas de atuação: Conservação, Educação/Comunicação, Coleções e

Gestão/Manutenção.

Figura 8. Visita no âmbito do ‘Parque-Escola’ 2014/2015(Foto de Cátia Freitas).

10

Figura 9. Equipa de colaboradores do Jardim Botânico do Faial.

Figura 10. Jardim Botânico do Faial na atualidade e as suas diferentes áreas (Cortesia de Rosana Fraga): 1. Centro de

visitantes e herbário; 2. Banco de sementes e escritórios; 3. Jardim de espécies nativas dos Açores; 4. Jardim de exóticas.

11

Tabela 1. Jardim Botânico do Faial (JBF): Cronologia dos principais eventos.

Coordenador do JBF Ano Evento

Mário Ávila Gomes

1986 Implementação do Jardim Botânico do Faial.

1994 III Simpósio da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos.

1995 Criação da valência do JBF na freguesia de Pedro Miguel.

João Melo

2003 Criação do ‘Banco de Sementes dos Açores’.

2005 Início dos trabalhos de ampliação do JBF.

2006 Seminário: ‘Os Jardins Botânicos como Património Universal - 20 anos de Jardim Botânico do Faial’.

2007 Inauguração do ‘Herbário Ilídio Botelho Gonçalves’.

2010 Inauguração do Orquidário do JBF.

Nuno Rodrigues

2011

Inauguração de uma zona dedicada à flora herbácea açoriana.

2011 XI Simpósio da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos.

Pedro Casimiro

2013 Inauguração do viveiro do JBF.

2017 Inauguração do novo orquidário – O Orquidário dos Açores.

2017 Inauguração das novas instalações do ‘Banco de Sementes dos Açores’.

12

3. O HERBÁRIO ILÍDIO BOTELHO GONÇALVES

O JBF homenageou o Engenheiro Silvicultor e Arquiteto Paisagista Ilídio Botelho

Gonçalves*, atribuindo o seu nome ao herbário inaugurado em 2007 (Figura 11). O herbário

Ilídio Botelho Gonçalves conta atualmente com 260 exemplares de herbário correspondendo a

cerca de 129 espécies (cerca de 45 espécies endémicas, 39 espécies nativas e 45 espécies

exóticas), colhidas em cinco ilhas do arquipélago dos Açores (Faial, Pico, S. Jorge, Flores e

Corvo). Para as colheitas e herborização do material contribuíram 17 coletores, sendo que o

coletor que se destaca por ter maior quantidade de exemplares coletados é Eng.º João Melo,

com um total de 96 exemplares colhidos. Atualmente as colheitas são realizadas pela equipa de

técnicos do Jardim e o processo de herborização é realizado pela Dra. Violeta Oliván.

* Ilídio Botelho Gonçalves (1922-2011) foi Engenheiro Silvicultor e Arquiteto Paisagista, e contribuiu notavelmente para o estudo da flora Açoriana, tenho colhido mais de quatro mil espécimes dos Açores, que se encontram depositados no Herbário João de Carvalho Vasconcelos (Instituto Superior de Agronomia), e descritos na ‘Nova Flora de Portugal’ e na ‘Flora Europaea’. Colheu uma nova subespécie no topo da montanha da ilha do Pico, que, em sua homenagem, foi designada de Agrostis reuteri subsp. botelhoi. Foi diretor dos Serviços Florestais da Horta entre 1962 e 1973, cargo que abandonou para assumir a direção dos Serviços Florestais de Angra do Heroísmo. Na Universidade dos Açores lecionou, como Professor Convidado, a disciplina de Botânica, no curso de Produção Florestal (Rodrigues, 2011b).

Figura 11. Sala do herbário Ilídio Botelho Gonçalves.

13

A folha padrão utilizada neste herbário possui as

dimensões de um A3, e no canto inferior direito é

colocada uma etiqueta com os seguintes elementos:

Número do exemplar de herbário; Nome científico do

exemplar, Nome do autor da identificação, Data de

colheita, Nome do coletor e local de colheita (Figura 12).

Os espécimes de herbário são mantidos numa sala

climatizada (com temperaturas próximas de 18.ºC) e

equipada com um desumidificador (Figura 11). A

desinfestação dos exemplares é feita imediatamente após

o período de prensagem, sendo os espécimes congelados

a cerca de -10.ºC durante 48h, e posteriormente, uma

vez a cada cinco anos, é realizada desinfestação

preventiva da sala contra insetos, por método químico.

Tabela 2. Espécies herborizadas constantes do Herbário Ilídio Botelho Gonçalves do Jardim Botânico do Faial

(Junho de 2015). Nome científico da espécie, o nome do autor da identificação (Determinavit), data (de colheita),

nome do coletor (Legit), local de colheita (Statio) e número do exemplar de herbário.

Espécie Determinavit Data Legit Statio Número Acacia melanoxylon R. Br. Casimiro. P 24/04/2015 Bettencourt. J, Oliván. V Faial H.JBF.233 Adiantum hispidulum Sw. Casimiro. P 24/04/2015 Bettencourt. J, Oliván. V Faial H.JBF.230 Adiantum raddianum C. Presl Bettencourt. J 24/04/2015 Bettencourt. J, Oliván. V Faial H.JBF.229 Agrimonia eupatoria L. Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.081

Agrostis sp. Herkrath. P 17/07/2012 Casimiro P, Freitas C, Pires. H, Melo. J, Herkrath. P Faial H.JBF.170

Agrostis sp. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.237

Allium sativum L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.063 Aloysia citriodora Palau Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.095 Ammi sp. Casimiro. P 02/06/2014 Casimiro. P, Oliván. V Faial H.JBF.216 Ammi sp. Casimiro. P 29/08/2014 Casimiro. P Corvo H.JBF.234

Ammi sp. Melo. J 08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas. C São Jorge H.JBF.244

Anthemis nobilis (L.) All. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.017 Arceuthobium azoricum Wiens & F.G. Hawksworth Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.043

Arceuthobium azoricum Wiens & F.G. Hawksworth Herkrath. P 06/07/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Pires. H, Herkrath. P Faial H.JBF.178

Asplenium azoricum (Milde) Lovis, Rasbach & Reichstein Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.149

Asplenium marinum L. Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.052 Asplenium marinum L. Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.053 Asplenium marinum L. Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.051

Asplenium scolopendrium L. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.151

Asplenium scolopendrium L. Melo. J 09/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.107 Avena sterilis L. Oliván. V 13/07/2015 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.256 Avena sterilis L. Oliván. V 13/07/2015 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.257 Bellis azorica Hochst. ex Seub. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C Faial H.JBF.102 Blechnum spicant (L.) Sm. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Faial H.JBF.143

Figura 12. Exemplar de Lotus azoricus herborizado.

14

Oliván. V

Blechnum spicant (L.) Sm. Herkrath. P 17/07/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Pires. H, Melo. J, Herkrath. P

Faial H.JBF.176

Borago officinalis L. Melo. J 05/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.027 Brassica oleracea L. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.030 Calamintha sylvatica Bromf. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.046 Calluna vulgaris (L.) Hull Melo. J 21/06/2009 Pereira. F JBF H.JBF.038 Calluna vulgaris (L.) Hull Casimiro. P 04/08/2014 Oliván. V JBF H.JBF.228 Canna indica L. Melo. J 16/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.032 Cardamine caldeirarum Guthn. ex Seub. Herkrath. P 27/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Herkrath. P Faial H.JBF.174

Cardamine caldeirarum Guthn. ex Seub. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.148

Carex hochstetteriana Gay ex Seub. Melo. J 22/04/2008 Melo. J JBF H.JBF.033

Carex hochstetteriana Gay ex Seub. Melo. J 22/04/2008 Melo. J JBF H.JBF.034

Carex pilulifera L. subsp. azorica (Gay) Franco & Rocha Afonso Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.145

Carex pilulifera L. subsp. azorica (Gay) Franco & Rocha Afonso Casimiro. P 24/05/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Fraga. H Faial H.JBF.172

Carex viridula Michx. subsp. cedercreutzii (Fagerstr.) B. Schmid

Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.153

Carex vulcani Hochst. ex Seub. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.144

Carex vulcani Hochst. in Seub. Oliván. V 04/08/2015 Bettencourt. J, Oliván. V Faial H.JBF.258 Centaurium scilloides (L. fil.) Samp. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.140

Centaurium scilloides (L. fil.) Samp. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.141

Centaurium scilloides (L. fil.) Samp. Herkrath. P 27/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Herkrath. P Faial H.JBF.188

Centaurium scilloides (L. fil.) Samp. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.219

Cerastium azoricum Hochst. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.193 Cerastium azoricum Hochst. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.210 Chaerophyllum azoricum Trel. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.071

Chaerophyllum azoricum Trel. Melo. J

08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas. C São Jorge H.JBF.235

Chaerophyllum azoricum Trel. Melo. J

08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas. C São Jorge H.JBF.236

Chaerophyllum azoricum Trel. Melo. J

08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas. C São Jorge H.JBF.245

Chaerophyllum azoricum Trel. Melo. J

21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.073

Chelidonium majus L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.075 Cichorium intybus L. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.019 Cocos nucifera L. Oliván. V 01/11/2013 Casimiro. P Faial H.JBF.196 Corema album (L.) D. Don subsp. azoricum P. Silva Melo. J 28/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.077

Corema album (L.) D. Don subsp. azoricum P. Silva Melo. J 02/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.106

Crithmum maritimum L. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.006 Cymbalaria muralis P. Gaertn., B. Mey. & Scherb. Casimiro. P 24/04/2015 Bettencourt. J, Oliván. V Faial H.JBF.232

Cyrtomium falcatum (L. fil.) C. Presl Melo. J 01/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.126

Cytisus scoparius (L.) Link Melo. J 21/06/2009 Pereira. F JBF H.JBF.040 Daboecia azorica Tutin & Warb. Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.044 Daboecia azorica Tutin & Warb. Melo. J 26/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.085 Daboecia azorica Tutin & Warb. Melo. J 26/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.087 Daboecia azorica Tutin & Warb. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Faial H.JBF.242

15

Oliván. V Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Melo. J 17/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.105

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Melo. J 11/01/2012 Melo. J, Vargas. D, Santos.

E Faial H.JBF.179

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.009

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Freitas. C 16/09/2014 Casimiro. P, Freitas. C Flores H.JBF.250

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Freitas. C 18/09/2014 Casimiro. P, Freitas. C Flores H.JBF.251

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Freitas. C 03/10/2014 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.252

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Freitas. C 03/10/2014 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.253

Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Freitas. C 04/09/2014 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Pico H.JBF.261

Daucus carota L. subsp. maritimus (Lam.) Batt. Freitas. C 03/10/2014 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.254

Daucus carota L. subsp. maritimus (Lam.) Batt. Freitas. C 03/10/2014 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.255

Diphasiastrum madeirense (J. H. Wilce) Holub Rodrigues. N 01/04/2011 Rodrigues. N Pico H.JBF.113

Diphasiastrum madeirense (J. H. Wilce) Holub Casimiro. P 27/09/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.189

Diplazium caudatum (Cav.) Jermy Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.150

Dryopteris azorica (Christ) Alston Rodrigues. N 15/04/2010 Rodrigues. N JBF H.JBF.121

Dryopteris crispifolia Rasbach, Reichstein & Vida Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.146

Entada gigas (L.) Fawc. & Rendle Oliván. V 01/02/2014 Oliván. V Faial H.JBF.195

Equisetum telmateia Ehrh. Melo. J 21/06/2009 Pereira. F JBF H.JBF.036 Erica azorica Hochst. ex Seub. Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.013 Erica azorica Hochst. ex Seub. Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.015 Erica azorica Hochst. ex Seub. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.092 Erica azorica Hochst. ex Seub. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.094 Erica azorica Hochst. ex Seub. Casimiro. P 31/07/2014 Oliván. V JBF H.JBF.225 Euphorbia azorica Seub. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.061 Euphorbia azorica Seub. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.062 Euphorbia azorica Seub. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.204 Euphorbia azorica Seub. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.205 Euphrasia grandiflora Hochst. ex Seub. Melo. J 08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas.

C São Jorge H.JBF.238

Euphrasia grandiflora Hochst. ex Seub. Melo. J 08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas.

C São Jorge H.JBF.239

Festuca francoi Fern. Prieto, C. Aguiar, E. Dias & M. I. Gut

Herkrath. P 27/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C, Herkrath.P Faial H.JBF.187

Festuca petraea Guthn. ex Seub. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.139 Festuca petraea Guthn. ex Seub. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.211 Festuca petraea Guthn. ex Seub. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.243 Festuca petraea Guthn. ex Seub. Noia. M 24/07/2015 Noia. M Flores H.JBF.259 Foeniculum vulgare Mill. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.007 Fragaria vesca L. Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.086 Fragaria vesca L. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.125

Fragaria vesca L. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.220

Frangula azorica V. Grubov Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.042 Frangula azorica V. Grubov Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.215 Fuchsia magellanica Lam. Herkrath. P 29/06/2012 Herkrath. P JBF H.JBF.184 Geranium robertianum L. Melo. J 04/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.128 Geranium robertianum L. Melo. J 04/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.129 Hedera azorica Carrière Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.023

16

Hedera azorica Carrière Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.025 Holcus rigidus Hochst. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C Faial H.JBF.101

Holcus rigidus Hochst. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.154

Holcus rigidus Hochst. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.203 Holcus rigidus Hochst. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.212

Holcus rigidus Hochst. Melo. J 08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas. C São Jorge H.JBF.240

Holcus rigidus Hochst. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.065 Huperzia dentata (Herter) Holub Melo. J 28/04/2008 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.076 Huperzia dentata (Herter) Holub Rodrigues. N 15/04/2010 Rodrigues. N JBF H.JBF.119 Huperzia dentata (Herter) Holub Casimiro. P 10/10/2014 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.249 Hypericum foliosum Aiton Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.199 Hypericum sp. Casimiro. P 05/09/2013 Casimiro. P, Oliván. V JBF-PM H.JBF.162 Hypericum sp. Casimiro. P 05/09/2013 Casimiro. P, Oliván. V JBF-PM H.JBF.163

Hypericum humifusum L. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.222

Hypericum undulatum Schousb. ex Willd. Casimiro. P 05/09/2013 Casimiro. P, Oliván. V JBF-PM H.JBF.158

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.018

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.047

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Melo. J 04/06/2009 Melo. J; Pires. H JBF H.JBF.103

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Casimiro. P 04/08/2014 Oliván. V JBF H.JBF.227

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.016

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin López. R 01/04/2011 López. R JBF H.JBF.117

Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.202

Ipomoea imperati (Vahl) Griseb. Melo. J 02/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.131 Ipomoea imperati (Vahl) Griseb. Melo. J 02/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.132 Juncus acutus L. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.064 Juncus acutus L. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.067 Juncus effusus L. Herkrath. P 11/07/2012 Herkrath. P JBF H.JBF.177 Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.001

Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.003

Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine Casimiro. P 31/07/2014 Oliván. V JBF H.JBF.226

Lactuca watsoniana Trel. Rodrigues. N 15/04/2010 Rodrigues. N JBF H.JBF.122 Lactuca watsoniana Trel. Rodrigues. N 15/04/2010 Rodrigues. N JBF H.JBF.123

Lactuca watsoniana Trel. Casimiro. P 27/09/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.190

Lantana camara L. Melo. J 21/04/2009 Melo. J Faial H.JBF.097 Lantana camara L. Melo. J 21/04/2009 Melo. J Faial H.JBF.099 Lathyrus tingitanus L. Freitas. C 06/07/2015 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.262 Laurus azorica (Seub.) Franco Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.021 Laurus azorica (Seub.) Franco Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.022 Laurus azorica (Seub.) Franco Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.201 Leontodon filii (Hochst. ex Seub.) Paiva & Ormonde

Herkrath. P 17/07/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Pires. H, Melo. J, Herkrath. P

Faial H.JBF.171

Ligularia tussilaginea (Burm.f.) Makino Herkrath. P 06/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Herkrath. P Faial H.JBF.180

Lotus azoricus P. W. Ball. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.192 Lotus azoricus P. W. Ball. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.208 Luzula purpureosplendens Seub. Melo. J 28/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.079 Luzula purpureosplendens Seub. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.114 Luzula purpureosplendens Seub. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.115 Luzula purpureosplendens Seub. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Faial H.JBF.147

17

Oliván. V

Luzula purpureosplendens Seub. Herkrath. P 07/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C, Herkrath. P Faial H.JBF.186

Lycopodiella cernua (L.) Pichi-Sermolli Herkrath. P 06/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C,

Herkrath. P JBF-PM H.JBF.182

Lycopodiella cernua (L.) Pichi-Sermolli Melo. J 22/02/2008 Melo. J; Pires. H JBF-PM H.JBF.004

Lycopodiella cernua (L.) Pichi-Sermolli Casimiro. P 05/09/2013 Casimiro. P, Oliván. V JBF-PM H.JBF.160

Lycopodiella cernua (L.) Pichi-Sermolli Casimiro. P 05/09/2013 Casimiro. P, Oliván. V JBF-PM H.JBF.164

Lycopodiella inundata (L.) Holub Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.120 Lysimachia azorica Hornem. ex Hook. Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.048

Lysimachia azorica Hornem. ex Hook. Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.108

Lysimachia azorica Hornem. ex Hook. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.137

Lysimachia azorica Hornem. ex Hook. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.138

Malva multiflora (Cav.) Soldano, Banfi & Galasso Melo. J 28/04/2009 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.078

Malva sylvestris L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.066 Manicaria saccifera Gaertn. Oliván. V 01/02/2014 Oliván. V Faial H.JBF.198 Marsilea azorica Laun. & Paiva Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.096 Mentha spicata L. Herkrath. P 29/06/2012 Herkrath.P JBF H.JBF.185 Morella faya (Aiton) Wilbur Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.088 Morella faya (Aiton) Wilbur Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.090 Morella faya (Aiton) Wilbur López. R 01/04/2011 López. R JBF H.JBF.116 Morella faya (Aiton) Wilbur Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.207 Mucuna sp. Oliván. V 01/02/2014 Oliván. V Faial H.JBF.194 Myosotis maritima Hochst. ex Seub. Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.054

Myosotis maritima Hochst. ex Seub. Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.056

Myosotis maritima Hochst. ex Seub. Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.057

Myosotis maritima Hochst. ex Seub. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.191

Myrsine africana L. Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.039 Myrsine africana L. Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.041 Myrsine africana L. Rodrigues. N 15/04/2010 Rodrigues. N JBF H.JBF.124 Oenothera biennis L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.072 Origanum vulgare L. subsp. virens (Hoffm. & Link) Ietsw.

Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.049

Osmunda regalis L. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.155

Osmunda regalis L. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.156

Osmunda regalis L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.074 Oxalis pes-caprae L. Bettencourt. J 24/04/2015 Bettencourt. J, Oliván. V Faial H.JBF.231

Parentucellia viscosa (L.) Caruel Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.241

Pericallis malvifolia (L’Hér.) B. Nord. Melo. J 22/04/2008 Melo. J JBF H.JBF.031

Pericallis malvifolia (L’Hér.) B. Nord. Melo. J 22/04/2008 Melo. J JBF H.JBF.134

Pericallis malvifolia (L’Hér.) B. Nord. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.213

Pericallis malvifolia (L Hér.) B. Nord. subsp. caldeirae H. Schaef. Herkrath. P 28/08/2012 Fraga. H, Freitas. C,

Herkrath. P Faial H.JBF.166

Petroselinum crispum (Mill.) Hill Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.005 Pittosporum undulatum Vent. Melo. J 21/04/2009 Melo. J Faial H.JBF.130 Plantago lanceolata L. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Faial H.JBF.135

18

Oliván. V

Plantago lanceolata L. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.136

Platanthera azorica (Schlechter) R.M. Bateman & M. Moura Melo. J 08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas.

C São Jorge H.JBF.247

Platanthera micrantha (Hochst. ex Seub.) Schlechter, R.M. Bateman & M. Moura

Herkrath. P 06/07/2012 Casimiro. P, Freitas. C, Pires. H, Herkrath. P Faial H.JBF.168

Platanthera pollostantha R.M. Bateman & M. Moura Melo. J 08/07/2014 Melo. J, Casimiro. P, Freitas.

C São Jorge H.JBF.246

Persicaria capitata (Buch. Ham. Ex D. Don) H. Gross Melo. J - Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.082

Persicaria capitata (Buch. Ham. Ex D. Don) H. Gross Melo. J - Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.083

Persicaria capitata (Buch. Ham. Ex D. Don) H. Gross Melo. J 02/07/2009 Pereira. F Faial H.JBF.127

Polypodium azoricum (Vasc) R. Fern. Melo. J 22/02/2008 Melo. J; Pires. H JBF-PM H.JBF.008

Polypodium azoricum (Vasc) R. Fern. Melo. J 16/06/2009 Pereira. F Faial H.JBF.109

Potentilla anglica Laich. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.142

Potentilla erecta (L.) Räusch. Melo. J 04/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C Faial H.JBF.098 Potentilla erecta (L.) Räusch. Melo. J 04/06/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C Faial H.JBF.100 Prunella vulgaris L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.058 Prunella vulgaris L. Herkrath. P 29/06/2012 Herkrath. P JBF H.JBF.183 Prunus azorica (Hort. ex Mouillef.) Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J. C. Costa & C. Aguiar

Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF H.JBF.012

Prunus azorica (Hort. ex Mouillef.) Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J. C. Costa & C. Aguiar

Melo. J 04/11/2008 Melo. J JBF H.JBF.060

Pseudognaphalium luteoalbum (L.) Hilliard & B.L.Burtt

Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.059

Psidium littorale Raddi Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.068

Ranunculus cortusifolius Willd. Herkrath. P 28/08/2012 Fraga. H, Freitas. C, Herkrath. P Faial H.JBF.173

Ranunculus flammula L. subsp. flammula Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C,

Oliván. V Faial H.JBF.218

Rubia agostinhoi Dans. & P. Silva Melo. J 03/11/2008 Melo. J Faial H.JBF.050

Rubia agostinhoi Dans. & P. Silva Melo. J 19/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.118

Rubia agostinhoi Dans. & P. Silva Melo. J 22/02/2008 Melo. J; Pires. H JBF-PM H.JBF.010

Rubia agostinhoi Dans. & P. Silva Melo. J 22/02/2008 Melo. J; Pires. H JBF-PM H.JBF.011

Rubus ulmifolius Schott Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.084 Rumex azoricus Rech. fil. Herkrath. P 11/07/2012 Herkrath. P JBF H.JBF.175 Ruscus aculeatus L. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.014 Ruta graveolens L. Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.089 Salvia officinalis L. Melo. J 22/06/2009 Pereira. F JBF H.JBF.045 Sambucus nigra L. Melo. J 04/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.002 Sanguisorba officinalis L. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.080 Scabiosa nitens Roem. & Schult. Melo. J 22/04/2008 Melo. J JBF H.JBF.035 Scabiosa nitens Roem. & Schult. Melo. J 22/04/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.037 Scabiosa nitens Roem. & Schult. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.209 Scabiosa nitens Roem. & Schult. Noia. M 09/09/2014 Noia. M Flores H.JBF.260 Silene uniflora Roth subsp. uniflora Melo. J 02/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.111

Silene uniflora Roth subsp. uniflora Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.214

19

Solidago azorica Hochst. ex Seub. Herkrath. P 11/07/2012 Herkrath. P JBF H.JBF.169

Spergularia azorica (Kindb.) Lebel Melo. J 02/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.104

Spergularia azorica (Kindb.) Lebel Melo. J 22/04/2008 Melo. J; Pires. H Faial H.JBF.029

Sphagnum sp. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.217

Spondias mombin L. Oliván. V 01/02/2014 Oliván. V Faial H.JBF.197 Tanacetum parthenium (L.) Sch.-Bip. Melo. J 06/06/2009 Melo. J; Pires. H JBF H.JBF.024

Taraxacum campylodes G. E. Haglund Melo. J 05/06/2009 Pereira. F; Garcia. A JBF H.JBF.024

Taxus baccata L. López. R 03/04/2011 López. R Pico H.JBF.112 Thymus caespititius Brot. Melo. J 03/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.055 Tolpis azorica (Nutt.) P. Silva Casimiro. P 31/07/2014 Oliván. V JBF H.JBF.223 Tolpis azorica (Nutt.) P. Silva Casimiro. P 10/10/2014 Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.248 Tolpis succulenta (Dryand.) Lowe Herkrath. P 05/07/2012 Herkrath. P JBF H.JBF.167

Trichomanes speciosum Willd. Herkrath. P 28/08/2012 Fraga. H, Freitas. C, Herkrath. P Faial H.JBF.165

Trifolium pratense L. Melo. J 06/07/2009 Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.133 Tropaeolum majus L. Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.093 Vaccinium cylindraceum Sm. Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.020

Vaccinium cylindraceum Sm. Herkrath. P 06/06/2012 Casimiro. P, Freitas. C, Herkrath. P Faial H.JBF.181

Vaccinium cylindraceum Sm. Casimiro. P 22/04/2014 Oliván. V JBF H.JBF.200 Verbascum thapsus L. subsp. crassifolium (Lam.) Murb.

Melo. J 15/07/2009 Pereira. F JBF H.JBF.091

Veronica officinalis L. Melo. J 16/06/2009 Melo. J; Pires. H; Pereira. F Faial H.JBF.110

Veronica officinalis L. Casimiro. P 20/06/2014 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.221

Veronica serpyllifolia L. Casimiro. P 24/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V, Grébaux. D Faial H.JBF.157

Viburnum treleasei Gand. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.069 Viburnum treleasei Gand. Melo. J 21/04/2009 Melo. J; Garcia. A; Lobão. C JBF H.JBF.070 Viburnum treleasei Gand. Casimiro. P 31/07/2014 Oliván. V JBF H.JBF.224 Viburnum treleasei Gand. Melo. J 22/02/2008 Melo. J JBF-PM H.JBF.028 Viburnum treleasei Gand. Casimiro. P 22/02/2008 Oliván. V JBF H.JBF.206

Woodwardia radicans (L.) Sm. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.152

Woodwardia radicans (L.) Sm. Casimiro. P 15/07/2013 Casimiro. P, Freitas. C, Oliván. V Faial H.JBF.161

20

4. AS COLEÇÕES DE PLANTAS NO JARDIM

4.1. AS DIFERENTES COLEÇÕES DE PLANTAS NO JARDIM

O JBF possui a mais completa coleção de flora dos Açores, com cerca de 75 espécies,

organizada de forma a representar comunidades vegetais diagnosticantes de alguns habitats dos

Açores. Além desta coleção, o JBF possui também uma área dedicada às seguintes coleções:

espécies exóticas ornamentais comuns nos Açores, principais espécies invasoras no arquipélago

dos Açores, espécies medicinais e aromáticas, principais culturas agrícolas tradicionais dos

Açores e uma coleção de orquídeas.

Apesar destas coleções estarem devidamente identificadas, bem como de todas as espécies

possuírem placas de identificação, as mesmas não se encontravam devidamente catalogadas

numa base de dados. Para colmatar esta lacuna foi realizado recentemente um esforço na

catalogação e inventariação de toda a coleção de flora açoriana, sendo que as restantes coleções

encontram-se em processo de inventariação. A coleção catalogada já se encontra em bases de

dados internacionais, como seja a base de dados global ‘PlantSearch’ do BGCI

(https://www.bgci.org/plant_search.php).

4.2. REPRESENTAÇÃO DE ALGUNS HABITATS DOS AÇORES

Grande parte da área do JBF é dedicada à representação de comunidades vegetais

diagnosticantes de alguns habitats dos Açores, onde são cultivadas espécies herbáceas e

lenhosas que ocorrem nas florestas, zonas ripícolas, zonas costeiras rochosas, dunas cinzentas,

depósitos de cinzas, feteiras e prados dos Açores (Figura 13). Esta área é de especial

importância, uma vez que, além do potencial para o desenvolvimento de atividades de educação

e sensibilização ambiental, a manutenção de coleções ex situ de espécies ameaçadas, por si só,

constituí um importante contributo para a preservação das mesmas.

Para a constituição das diferentes parcelas foi utilizado, sempre que possível, material com

origem na ilha do Faial (e.g. Prunus azorica), no entanto, para as espécies cuja ocorrência não

era conhecida no Faial foi usado material proveniente de outras ilhas (e.g. Chaerophyllum

azoricum).

21

Figura 13. Localização das diferentes parcelas onde são cultivadas espécies presentes em diferentes habitats nos

Açores (Cortesia de Rosana Fraga): A. Florestas; B. Zonas ripícolas; C. Zonas costeiras rochosas e húmidas; D.

Vulcão dos Capelinhos e Dunas do Monte da Guia; E. Feteira; F. Florestas e prados de altitude; G. Caldeira do Faial;

H. Habitats de altitude elevada.

PARCELA A – ESPÉCIES DE MATOS, BOSQUES E FLORESTAS

Nesta parcela as espécies foram organizadas com base na sua maior frequência nos matos,

bosques e florestas dos Açores a menor e maior altitude (Figura 14, Tabela 3). Sendo por isso

inicialmente encontradas espécies frequentes

a baixa altitude: Erica azorica (urze),

Morella faya (faia-da-terra) e Picconia

azorica (pau-branco), seguindo-se espécies

que são, ou foram, frequentes a altitudes

mais elevadas, como Laurus azorica (louro-

dos-Açores), Frangula azorica (sanguinho),

Vaccinium cylindraceum (uva-da-serra),

Prunus azorica (ginjeira-brava), Ilex perado

subsp. azorica (azevinho-dos-Açores) e

Juniperus brevifolia (cedro-do-mato) (Figura 15.A.) (Dias et al., 2005; Dias et al., 2007a; Dias

et al., 2007b); nesta zona é dado especial destaque a Prunus azorica (Figura 15.B.), uma espécie

Figura 14. Aspeto da entrada na parcela A. A: Erica azorica; B: Morella faya; C: Picconia azorica; D: Laurus azorica (Foto de Cátia Freitas).

A

B

C

D

22

rara que consta no top 100 espécies prioritárias para conservação na Macaronésia (Martins et

al., 2008b; Moreira et al., 2013).

Figura 15. Aspeto da parcela A, onde são cultivadas espécies frequentes a altitudes mais elevadas (Fotos de Cátia

Freitas): A. Juniperus brevifolia; B. Prunus azorica.

Tabela 3. Taxa cultivados na ‘Parcela A – Espécies de Matos, Bosques e Florestas’, estatuto em relação aso Açores

(Status) e a origem dos exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Asplenium hemionitis L. Nativa Faial Asplenium scolopendrium L. Nativa Faial Blechnum spicant (L.) Sm. Nativa Faial Diplazium caudatum (Cav.) Jermy Nativa Faial Dracaena draco (L.) L. subsp. draco Nativa Faial Dryopteris crispifolia Rasbach, Reichstein & Vida Endémica Faial Dryopteris aemula (Aiton) O. Kuntze Nativa Faial Erica azorica Hochst. ex Seub. Endémica Faial Frangula azorica V. Grubov Endémica Faia Hedera azorica Carrière Endémica Faial Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Endémica Faial Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine Endémica Faial Morella faya (Aiton) Wilbur Nativa Faial Myrsine africana L. Nativa Faial Laurus azorica (Seub.) Franco Endémica Faial Picconia azorica (Tutin) Knobl. Endémica Faial Vaccinium cylindraceum Sm. Endémica Faial Viburnum treleasei Gand. Endémica Faial

A. B.

23

PARCELA B – ESPÉCIES RIPÍCOLAS

Dentro da Parcela B encontra-se um local destinado a espécies características de zonas

ripícolas, que requerem maior abundância de humidade e menor luminosidade (Figura 16,

Tabela 4). Aqui são cultivadas a Sanicula azorica (erva-do-capitão), Cardamine caldeirarum,

Pericallis malvifolia (cabaceira) e Rumex azoricus (labaça-das-ilhas).

Figura 16. Aspeto da parcela B, onde são cultivadas espécies ripícolas (Fotos de Cátia Freitas): A. Aspeto da

entrada a Sul; B. Aspeto da entrada a Norte; C. Sanicula azorica. Tabela 4. Taxa cultivados na ‘Parcela B – Espécies Ripícolas’, estatuto em relação aso Açores (Status) e a origem

dos exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Cardamine caldeirarum Guthn. ex Seub. Endémica Faial Erica azorica Hochst. ex Seub. Endémica Faial Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin Endémica Faial Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine Endémica Faial Myosotis azorica S. Watson Endémica Flores Pericallis malvifolia (L Hér.) B. Nord. Endémica Faial Rubus hochstetterorum Seub. Endémica Faial Rumex azoricus Rech. fil. Endémica Faial Sanicula azorica Guthn. ex Seub. Endémica Faial Selaginella kraussiana (Kunze) A. Braun Nativa Faial Smilax azorica H. Schaef. & P. Schoenfelder Endémica Faial Trichomanes speciosum Willd. Nativa Faial Vaccinium cylindraceum Sm. Endémica Faial Woodwardia radicans (L.) Sm. Nativa Faial

A. B.

C.

24

PARCELA C – ESPÉCIES HERBÁCEAS DE ZONAS COSTEIRAS ROCHOSAS E DE

ZONAS COSTEIRAS HÚMIDAS

A parcela C é dedicada às espécies herbáceas naturais que ocorrem em zonas costeiras

rochosas fortemente expostas à abrasão marinha (Figura 17.A., Tabela 5), aqui surgem espécies

como Azorina vidalii (vidália), Euphorbia azorica (erva-leiteira), Juncus acutus, Myosotis

maritima (não-me-esqueças), Lotus azoricus, Spergularia azorica, Silene uniflora subsp.

uniflora (bermim) (Dias et al., 2005). Na parcela C também está presente uma zona dedicada ao

cultivo de espécies caraterísticas de zonas húmidas costeiras (Figura 17.B.), como seja Solidago

azorica (cubres) e Juncus maritimus (Dias et al., 2005).

Tabela 5. Taxa cultivados na ‘Parcela C – Espécies Herbáceas de Zonas Costeiras Rochosas e de Zonas Costeiras

Húmidas’, estatuto em relação aso Açores (Status) e a origem dos exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Asplenium marinum L. Nativa Faial Azorina vidalii (H. C. Watson) Feer Endémica Faial Crithmum maritimum L. Nativa Faial Daucus carota L. subsp. azoricus Franco Endémica Faial Euphorbia azorica Seub. Endémica Faial Festuca petraea Guthn. ex Seub. Endémica Faial Juncus acutus L. Nativa Faial Juncus maritimus Lam. Nativa Faial Lotus azoricus P. W. Ball. Endémica Pico Myosotis maritima Hochst. ex Seub. Endémica Faial Pseudognaphalium luteoalbum (L.) Hilliard & B.L.Burtt Nativa Faial

Silene uniflora Roth subsp. uniflora Nativa Faial Solidago azorica Hochst ex Seub Endémica Faial Spergularia azorica (Kindb.) Lebel Endémica Faial

Figura 17. Espécies herbáceas de zonas costeiras (Fotos de Cátia Freitas): A. Aspeto da representação de zonascosteiras rochosas: 1. Azorina vidalii; 2. Myosotis maritima; 3. Lotus azoricus; 4. Spergularia azorica; B. Aspetoda representação de zonas húmidas costeiras.

A. B.

1 2 3

4

25

PARCELA D – ESPÉCIES HERBÁCEAS DE HABITATS DE AREIAS

Segue-se a parcela dedicada ao cultivo de espécies herbáceas de habitats de areia (Tabela 6),

metade desta parcela representa as cinzas vulcânicas do Vulcão dos Capelinhos, um habitat

protegido denominado por: ‘Campos de lavas e escavações naturais – Depósitos de cinzas e de

lapilli’, onde predomina a Festuca petraea (bracel-da-rocha), espécie que se tem estabelecido

nesta área natural (Figura 18.A.). Na outra metade desta parcela está representado o habitat

prioritário ‘Dunas Cinzentas’, presente na Praia de Porto Pim no Faial, com a presença de

Ipomoea imperati, Salsola kali subsp. tragus e Cakile edentula (Figura 18.B.) (Dias et al., 2000;

Dias et al., 2005; DLR n.º 15/2012/A).

Figura 18. Representação de habitats de areias: A. Festuca petraea na representação do Vulcão dos Capelinhos (Cortesia de

SIARAM); B. Ipomea imperati na representação das Dunas Cinzentas (Cortesia de SIARAM).

Tabela 6. Taxa cultivados na ‘Parcela D – Espécies Herbáceas de Habitats de Areias’, estatuto em relação aso Açores

(Status) e a origem dos exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Cakile edentula (Bigel.) Hook. subsp. edentula Naturalizada Faial Festuca petraea Guthn. ex Seub. Endémica Faial Ipomoea imperati (Vahl) Griseb. Naturalizada Faial Limonium vulgare Mill. Nativa S. Maria Plantago coronopus L. Nativa Faial Salsola kali L. subsp. tragus (L.) Nyman Naturalizada Faial

A. B.

26

Figura 19. Aspeto da representação de uma feteira (Cortesia

de SIARAM).

PARCELA E – FETEIRA

Os fetos são um importante grupo da flora açoriana, por esse motivo a zona seguinte é

dedicada ao cultivo de fetos (Figura 19, Tabela 7), onde estão presentes algumas espécies como

Culcita macrocarpa (feto-do-cabelinho), Osmunda regalis (feto-real) e Woodwardia radicans

(feto-do-botão) (Dias et al., 2005).

Tabela 7. Taxa cultivados na ‘Parcela E – Feteira’, estatuto em relação aso Açores (Status) e a origem dos

exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Athyrium filix-femina (L.) Roth Nativa Faial Culcita macrocarpa C. Presl Nativa Faial Osmunda regalis L. Nativa Faial Pteris incompleta Cav. Nativa Faial Woodwardia radicans (L.) Sm. Nativa Faial

27

PARCELA F – ESPÉCIES HERBÁCEAS FREQUENTES A MÉDIA ALTITUDE

Nesta parcela encontra-se representada a

vegetação frequente a média altitude (Figura 20,

Tabela 8), destas destaca-se a presença de

Veronica dabneyi (Figura 21), espécie já dada

como extinta na natureza por Catarino et al.

(2001) e redescoberta por Pereira et al. (2002a)

nas ilhas Flores e Corvo. Sendo também

possível de encontrar as espécies endémicas dos

Açores, caraterísticas de prados naturais: Ammi

trifoliatum (pé-de-pomba), Chaerophyllum azoricum, Leontodon filii (patalugo-maior),Tolpis

azorica e Scabiosa nitens (Dias et al., 2005), entre outras espécies açorianas como seja:

Cerastium azoricum, Euphorbia stygiana (trovisco-

macho), Luzula purpureosplendens (saragasso) e

Myosotis azorica (não-me-esqueças).

Tabela 8. Taxa cultivados na ‘Parcela F – Espécies Herbáceas Frequentes a Média Altitude’, estatuto em relação aso

Açores (Status) e a origem dos exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Ammi trifoliatum (H. C. Watson) Trel. Endémica Faial Carex hochstetteriana Gay ex Seub. Endémica Faial Carex pendula Huds. Nativa Faial Cerastium azoricum Hochst. Endémica Flores Chaerophyllum azoricum Trel. Endémica S. Jorge Equisetum telmateia Ehrh. Nativa Faial Euphorbia stygiana H. C. Watson Endémica Pico Holcus rigidus Hochst. Endémica Faial Hypericum foliosum Aiton Endémica Faial Leontodon filii (Hochst. ex Seub.) Paiva & Ormonde Endémica Faial Luzula purpureosplendens Seub. Endémica Faial Myosotis azorica S. Watson Endémica Flores Rumex azoricus Rech. fil. Endémica Faial Scabiosa nitens Roem. & Schult. Endémica Faial Smilax azorica H. Schaef. & P. Schoenfelder Endémica Faial Tolpis azorica (Nutt.) P. Silva Endémica Faial Veronica dabneyi Hochst. Endémica Flores

Figura 20. Aspeto geral da parcela F (Foto de CátiaFreitas).

Figura 21. Veronica dabneyi em cultivo no JBF (Cortesia de SIARAM).

28

PARCELA G – CALDEIRA DO FAIAL

Foi criada também uma pequena representação da Caldeira do Faial (Figura 22, Tabela 9),

onde se pretende alertar para a importância das turfeiras, neste local representadas pela presença

de Sphagnum sp. (Dias et al., 2005). Aqui também se encontra cultivada a espécie Veronica

dabneyi, numa alusão à presença histórica desta espécie na Caldeira do Faial, registada por

Cunha & Sobrinho em 1939 (Pereira et al., 2002a).

Tabela 9. Taxa cultivados na ‘Parcela G – Caldeira do Faial’, estatuto em relação aso Açores (Status) e a origem dos

exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Erica azorica Hochst. ex Seub. Endémica Faial Equisetum telmateia Ehrh. Nativa Faial Juncus effusus L. Nativa Faial Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine Endémica Faial Lycopodiella cernua (L.) Pichi-Sermolli Nativa Faial Prunus azorica (Hort. ex Mouillef.) Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J. C. Costa & C. Aguiar

Endémica Faial

Rumex azoricus Rech. fil. Endémica Faial Sphagnum sp. Faial Vaccinium cylindraceum Sm. Endémica Faial Veronica dabneyi Hochst. Endémica Flores

Figura 22. Aspeto geral da parcela F (Foto de Cátia Freitas).

29

PARCELA H – ESPÉCIES FREQUENTES A ALTITUDES ELEVADAS

A área destinada à representação de espécies naturais

dos Açores termina com uma parcela representativa das

formações subalpinas encontradas apenas na Montanha do

Pico, acima dos 1990 m de altitude (Figura 23). Estas

formações são dominadas por Daboecia azorica (queiró),

Calluna vulgaris (rapa) e Erica azorica (urze) (Dias et al.,

2005).

Tabela 10. Taxa cultivados na ‘Parcela H – Espécies Frequentes a Altitude Elevada’, estatuto em relação aso Açores

(Status) e a origem dos exemplares cultivados. Taxa Status Origem

Calluna vulgaris (L.) Hull Nativa Faial Daboecia azorica Tutin & Warb. Endémica Faial Erica azorica Hochst. ex Seub. Endémica Faial Thymus caespititius Brot. Nativa Faial

Figura 23. Aspeto geral da parcela H (Foto de Cátia Freitas).

30

4.3. COLEÇÃO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS ORNAMENTAIS COMUNS NOS AÇORES

A restante área do Jardim é dedicada a espécies exóticas (Figura 24), com destaque para a

coleção de espécies exóticas ornamentais comuns nos Açores, esta é constituída por um relvado

rodeado de espécies exóticas arbustivas (Figura 25.A.), e por um espelho de água com nenúfares

(Nymphaea alba) e inhames (Colocasia esculenta) (Figura 25.B.). A área de relvado, e toda a

sua envolvente, constituem um importante espaço na realização de eventos de sensibilização

ambiental, como seja de atividades/jogos aquando a visita de alunos das escolas locais, ou até

mesmo para a organização de palestras e conferências ao ar livre.

Figura 24. Localização das diferentes coleções de espécies exóticas (Cortesia de Rosana Fraga): A. Espécies

medicinais e aromáticas; B. Culturas agrícolas tradicionais dos Açores; C. Espécies invasoras no Arquipélago dos

Açores; D. Espécies exóticas ornamentais comuns dos Açores; E. Orquidário.

Figura 25. Coleção de espécies exóticas ornamentais comuns nos Açores (Fotos de Cátia Freitas): A. Área de relvado; B. Espelho de água.

E

A. B.

31

4.4. COLEÇÃO DAS ESPÉCIES INVASORAS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES

O aumento do fluxo de pessoas e cargas a estas ilhas eliminaram algumas barreiras

geográficas, levando a um consequente aumento significativo da introdução de espécies

exóticas. Quando uma espécie exótica é introduzida num novo local possui o potencial para se

dispersar rapidamente e competir com as espécies nativas por recursos, podendo mesmo

dominar uma paisagem. Nestes casos as espécies são consideradas invasoras, a proliferação de

espécies invasoras é a segunda maior causa de ameaça à biodiversidade, só sendo ultrapassada

pela perda de habitats (Havens, 2006). Os Jardins Botânicos possuem um papel fundamental na

transmissão do valor da biodiversidade e na sensibilização para a alteração de comportamentos

relativamente às espécies invasoras. É com este objetivo que o JBF mantém uma pequena

coleção de espécies invasoras no Arquipélago dos Açores (Figura 26), pretendendo dar a

conhecer estas espécies aos seus visitantes, de forma a também eles saberem reconhece-las e

eventualmente combate-las.

Figura 26. Coleção de espécies invasoras nos Açores (Foto de Cátia Freitas).

32

4.5. COLEÇÃO DE ESPÉCIES MEDICINAIS E AROMÁTICAS

As plantas aromáticas e medicinais desde cedo possuíram importância para o homem, a sua

utilização é muito variada, e vai desde a preparação de chás e infusões para curas, até à sua

utilização na culinária. O registo mais antigo da utilização das plantas para fins terapêuticos

possui aproximadamente 5000 anos, e encontra-se numa laje de argila suméria em Nagpur, esta

menciona mais de 250 plantas para a preparação de 12 receitas de remédios. A utilização de

plantas para fins terapêuticos encontra-se ainda registada em papiros egípcios datados de 1550

a.C., os ‘Papiros Ebers’ representam uma coleção de cerca de 800 remédios, fazendo referência

a cerca de 700 plantas. No séc. V a.C. Hipócrates registou as virtudes terapêuticas então

atribuídas a cerca de 300 plantas medicinais, classificando-as por ação fisiológica (Petrovska,

2012).

Ao longo do tempo associação das plantas à medicina e à culinária intensificou-se; continua

a procura de novos produtos naturais, ‘gourmet’ e novos compostos bioativos. (Moura, 2011).

Não sendo os Açores exceção, e seguindo a tradição clássica dos Jardins, também o JBF

mantêm uma coleção, com cerca de 32 espécies, destinada a divulgar as utilizações tradicionais

terapêuticas e na gastronomia local (Figura 27).

Figura 27. Coleção de espécies medicinais e aromáticas (Foto de Cátia Freitas).

33

4.6. COLEÇÃO DAS CULTURAS AGRÍCOLAS TRADICIONAIS DOS AÇORES

Desde o povoamento dos Açores que se tem observado à implementação de novos

ecossistemas de produção com importância económica (Trota & Pereira, 2013). Esta coleção

pretende dar a conhecer as principais espécies vegetais que tiveram importância económica

(Figura 28).

O primeiro sistema económico ocorreu entre os séculos XV e XVII, com a produção do trigo

(Triticum aestivum) e do pastel (Isactis tinctoria). A partir do XVII, intensifica-se a cultura do

milho (Zea mays) e aumenta a produção de vinho e aguardente, intensificando a cultura da

vinha (Vitis vinifera), especialmente na ilha do Pico; no século XVIII ganha importância a

cultura da laranja (Citrus sinensis). Já no século XIX, a introdução de várias pragas ditam o

declínio destas culturas: na vinha a praga filoxera, e na laranja a praga cochonilha e a doença da

lágrima. As culturas do chá (Camelia sinensis), tabaco (Nicotiana tabacum), ananás (Ananas

comosus) e batata-doce (Ipomoea batatas), desenvolveram-se conhecendo um importante

incremento no século XIX. Apenas no XX se inicia a exploração da beterraba sacarina (Beta

vulgaris) para a produção de açúcar (Menezes, 2010-2011; Trota & Pereira, 2013).

Figura 28. Coleção de culturas tradicionais agrícolas dos Açores (Foto de Cátia Freitas).

34

4.7. ORQUIDÁRIO

O orquidário do JBF foi construído e inaugurado em 2010 para albergar a coleção de

orquídeas do colecionador faialense Henrique Ávila (1917-2007) (Rodrigues, 2010), atualmente

conta com cerca de 40 espécies e híbridos diferentes.

Este orquidário pretende dar a conhecer particularidades destas fascinantes plantas, e dispõe-

nas organizadas pelos diferentes continentes onde ocorrem, permitindo realizar uma pequena

viagem pelo mundo das orquídeas. Aqui é possível encontrar espécies e híbridos de Catleya,

Epidendrum (figura 29.A.), Wanda (Figura 29.B.), Laelia, Gongora, Stanhopea, Miltonia,

Dendrobium, entre outras, (Rodrigues, 2010).

Figura 29. Orquídeas em flor no Orquidário do Jardim Botânico do Faial (Fotos de Cátia

Freitas: A. Epidendrum ciliare em flor no JBF; B. Wanda sp. em flor no JBF.

De todas as espécies e híbridos presentes destaca-se a presença de Angraecum sesquipedale

(Figura 30), oriunda da ilha de

Madagáscar em África (Rodrigues, 2010).

O fato de a flor desta espécie possuir um

tubo nectarino com cerca de 35 cm de

comprimento, levou a que Charles Darwin

previsse a existência de um insecto com

uma probóscide tão longa quanto o tubo

nectarino, para possibilitar a efetiva

polinização da planta, e que ambos teriam

evoluído em conjunto. Esta sugestão de

Darwin acabaria por ser um dos seus maiores contributos para a biologia evolutiva (Arditti et

al., 2012; Rodrigues, 2010). Esta teoria foi descredibilizada durante cerca de 40 anos pela

Figura 30. Angraecum sesquipedale em flor no JBF (Fotos deCátia Freitas).

A. B.

35

comunidade científica, no entanto, em 1903, 21 anos após a morte de Darwin, foi descoberto em

Madagáscar o inseto previsto por Darwin (Xanthopan morganii ssp. praedicta), cujo epiteto

subespecífico ‘praedicta’ foi dado em memória da previsão de Darwin, no entanto, a

polinização de A. sesquipedale por X. morganii praedicta apenas foi comprovada em 1992

(Arditti et al., 2012).

36

5. O BANCO DE SEMENTES DOS AÇORES

5.1. A COLEÇÃO DO BANCO DE SEMENTES DOS AÇORES

O principal objetivo do ‘Banco de Sementes dos Açores’ (BSA) é a conservação das

espécies endémicas e nativas dos Açores, tendo prioridade a conservação das espécies com

estatuto de rara e/ou ameaçada. Em mais de 10 anos de existência já foi possível conservar cerca

de 53 taxa, correspondendo a cerca de 400 lotes de sementes (Tabela 11).

Recentemente o BSA participou nos seguintes projetos e iniciativas internacionais: CWR,

Zephyr e ‘Global Seed Conservation Challenge’. Em 2014 e 2015 deu-se a participação no

projeto global ‘CWR – Crop Wild Relatives’ (http://www.cwrdiversity.org), que pretende a

colheita de sementes de variedades silvestres próximas de cultivares, para conservação e

cruzamento, numa perspetiva de adaptação das culturas às alterações climáticas; em 2015 deu-

se a participação no projeto europeu ‘Zephyr - Zero-impact innovative technology in forest

plant production’ (http://www.zephyr-project.eu), cujo objetivo foi a criação de uma câmara de

crescimento com impacto zero na natureza, para a propagação de material florestal; e por fim,

desde de 2015 que o BSA está a participar no ‘Global Seed Conservation Challenge’

(https://www.bgci.org/plant-conservation/seedconservation/), concurso dinamizado pelo BGCI

e que pretende premiar em 2017 os bancos de sementes com maior número de taxa colhidos,

conservação das espécies mais ameaçadas, conservação das espécies mais úteis, conservação

das espécies mais difíceis de colheita e conservação das espécies mais raras. No âmbito deste

concurso o BSA foi selecionado, em Agosto de 2015, como um dos casos de estudo sobre a

conservação de sementes de espécies raras.

Tabela 11. Taxa conservados na coleção de sementes do Banco de Sementes dos Açores.

Taxon Lotes (n.º total)

Anos amostrados (n.º)

Ilhas amostradas (n.º)

Populações amostradas (n.º)

Ammi seubertianum (H. C. Watson) Trel 4 3 2 2 Ammi trifoliatum (H. C. Watson) Trel. 3 2 2 3 Angelica lignescens Reduron & Danton 10 3 5 8 Azorina vidalii (H. C. Watson) Feer 31 7 8 24 Bellis azorica Hochst. ex Seub. 4 3 3 4 Carex pendula Huds. 1 1 1 1 Cerastium azoricum Hochst. 2 2 2 2 Chaerophyllum azoricum Trel. 2 1 2 2 Corema album (L.) D. Don subsp. azoricum P. Silva 8 4 3 6

Daboecia azorica Tutin & Warb. 11 3 3 8 Daucus carota L. subsp. azoricus Franco 15 6 7 13

Daucus carota L. subsp. maritimus (Lam.) Batt. 2 1 1 2

Erica azorica Hochst. ex Seub. 1 1 1 1

37

Euphorbia azorica Seub. 21 5 8 20 Euphorbia stygiana H. C. Watson 7 2 5 6 Festuca francoi Fern. Prieto, C. Aguiar, E. Dias & M. I. Gut 3 2 3 3

Festuca petraea Guthn. ex Seub. 5 2 4 5 Frangula azorica V. Grubov 9 5 5 7 Hedera azorica Carrière 1 1 1 1 Holcus rigidus Hochst. 2 2 1 3 Hypericum foliosum Aiton 15 5 5 13 Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin 15 4 6 13

Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine 4 2 2 3 Lactuca watsoniana Trel. 6 3 3 5 Lathyrus tingitanus L. 1 1 1 1 Laurus azorica (Seub.) Franco 6 3 5 6 Leontodon filii (Hochst. ex Seub.) Paiva & Ormonde 11 7 3 10

Leontodon hochstetteri M. Moura & L. Silva 2 1 1 2

Leontodon rigens (Ait.) Paiva & Ormonde 3 2 1 3

Lotus azoricus P. W. Ball. 12 8 3 7 Luzula purpureosplendens Seub. 7 2 3 4 Lysimachia azorica Hornem. ex Hook. 11 3 4 8 Morella faya (Aiton) Wilbur 7 2 4 7 Myosotis azorica S. Watson 8 5 2 2 Myosotis maritima Hochst. ex Seub. 15 5 6 11 Myrsine africana L. 2 2 2 2 Pericallis malvifolia (L’Hér.) B. Nord. 12 3 5 11 Picconia azorica (Tutin) Knobl. 12 4 7 10 Platanthera pollostantha R. M. Bateman & M. Moura 3 3 2 2

Prunus azorica (Hort. ex Mouillef.) Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J. C. Costa & C. Aguiar

3 3 3 3

Ranunculus cortusifolius Willd. 3 3 2 2 Rubus hochstetterorum Seub. 2 1 1 1 Rumex azoricus Rech. fil. 11 6 4 7 Sanicula azorica Guthn. ex Seub. 5 3 3 4 Silene uniflora Roth subsp. cratericola (Franco) Franco 1 1 1 1

Silene uniflora Roth subsp. uniflora 13 3 6 12 Solidago azorica Hochst. 5 3 4 5 Spergularia azorica (Kindb.) Lebel 18 5 6 16 Tolpis azorica (Nutt.) P. Silva 13 3 5 12 Tolpis succulenta (Dryand.) Lowe 6 4 3 6 Vaccinium cylindraceum Sm. 14 5 5 10 Veronica dabneyi Hochst. 11 6 3 6 Viburnum treleasei Gand. 9 4 6 7

38

5.2. METODOLOGIA DE CONSERVAÇÃO NO BANCO DE SEMENTES DOS AÇORES

As metodologias de conservação do BSA seguem as recomendações da ‘ENSCONET -

European Native Seed Conservation Network’ (ENSCONET, 2009a; 2009b). As campanhas

anuais de colheita de sementes iniciam-se com a seleção das espécies-alvo e das populações a

amostrar e com a definição dos meses de colheita das sementes (Way & Gold, 2014), desta

forma garante-se que as amostragens realizadas em anos anteriores sejam melhoradas, sem que

seja posta em causa a sobrevivência da própria espécie (Bacchetta, 2008; ENSCONET, 2009b).

Após a realização do planeamento, é levada a cabo a campanha de colheita de sementes.

Para isso o BSA recorre a uma equipa de coletores distribuídos por todas as ilhas do

Arquipélago, e constituída essencialmente por Vigilantes da Natureza e Técnicos Superiores dos

Parques Naturais. Após a colheita, as sementes são rapidamente encaminhadas para o BSA, não

sendo aceite material que não esteja acompanhado pela respetiva informação de colheita

(Bacchetta, 2008; Gold, 2014).

No BSA, as amostras de sementes provenientes de frutos secos são colocadas em sacos de

papel, os sacos permanecem um período mínimo de 30 dias numa câmara climatizada

(Fitoclima S600 PDH, Aralab®) sob as condições de 15±1ºC e de 15% de humidade relativa

(HR) (Figura 31.A.) (Bacchetta, 2008; ENSCONET, 2009a; Sutcliffe & Adams, 2014).

Frequentemente as sementes vêm acompanhadas por tecidos vegetais que envolvem as

sementes ou por outros resíduos, que podem ser terra, insetos ou até mesmo por sementes de

outras espécies (Draper et al., 2004; ENSCONET, 2009a). Por esse motivo todas as amostras

passam por um processo de limpeza, normalmente realizado após a secagem. A limpeza das

sementes de espécies silvestres é um processo delicado que exige uma certa destreza, no BSA é

realizada manualmente ou com recurso a crivos, com diferentes tamanhos de abertura da malha,

permitindo a separação da amostra em diferentes frações, sendo que normalmente a fração que

contém as sementes encontra-se quase sem resíduos (ENSCONET, 2009a; Terry & Sutcliffe,

2014).

Para as sementes provenientes de frutos carnudos, primeiro eliminam-se as partes carnudas

e colocam-se as sementes a secar numa sala à temperatura ambiente durante duas semanas,

sendo depois triadas e transferidas para a câmara climatizada (15±1ºC e 15% HR), onde

permanecem pelo menos um mês (ENSCONET, 2009a; Terry & Sutcliffe, 2014).

Terminado este período de secagem as amostras são armazenadas. Com o objetivo de manter

as sementes desidratadas, estas são seladas em tubos de vidro com uma rolha de borracha, e

estes, por sua vez, são colocados dentro de frascos herméticos. Para detetar a entrada de

humidade nos tubos e nos frascos, é colocado no seu interior um indicador visual de humidade

39

(sílica-gel) (Figura 31.B.). No caso de entrada de humidade a sílica-gel deixará de ter coloração

alaranjada e passará a ser transparente ou azul (ENSCONET, 2009a; Gold & Manger, 2014).

Por fim as amostras são conservadas a temperaturas negativas (-15ºC) numa câmara de

congelação (Cryocell®). A capacidade germinativa das amostras é testada um mês após a

conservação e periodicamente são realizados novamente testes de germinação (ENSCONET,

2009a).

Figura 31. Banco de Sementes dos Açores (Fotos de Cátia Freitas): A. Secagem de amostras de sementes na câmara

climatizada (15ºC, 15% de humidade relativa); B. Sementes armazenadas a -15ºC na câmara de congelação.

B. A.

40

5.3. ATUALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A GERMINAÇÃO DAS ESPÉCIES NATIVAS DOS AÇORES

Na determinação das condições favoráveis à germinação das espécies nativas dos Açores

tem-se recorrido tanto à experimentação realizada no próprio BSA, como à atualização dos

conhecimentos através da compilação dos resultados publicados em revistas científicas,

relatórios e teses que constam da Tabela 12.

Tabela 12. Lista de publicações com informação sobre condições de germinação das espécies nativas dos Açores.

Ano Referência

2015

Dias, E.F., Moura, M., Schaefer, H. & L. Silva (2015). ‘Interactions between temperature, light and chemical promoters trigger seed germination of the rare Azorean lettuce, Lactuca watsoniana (Asteraceae)’. Seed Science and Technology, 43(2): 1-12.

Silva, L., E.F. Dias, J. Sardos, E.B. Azevedo, H. Schaefer & M. Moura (2015). ‘Towards a more holistic resarch approach to plant conservation: the case of rare plants on oceanic islands’. AoB Plants. 7: plv066.

2014

Pereira, M.J., Fagundo, H., Menezes, T. & J. Couto (2014). ‘Investigating the propagation potential by seed and cuttings of the Azorean native Calluna vulgaris (L.) Hull.’ International Journal of Ecology, ID 438189: 1 - 7.

Pereira, M.J., Almeida, V., Fontes, A. & A. Tavares (2014). ‘Propagation of the Azorean native Morella faya (Aiton) Wilbur.’ Silva lusitana, Número Especial: 77 – 90.

Pacheco, R. (2014). Propagação de Azorina vidalii por semente. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Biologia) - Universidade dos Açores.

Pavão, D. (2014). Germinação e desenvolvimento de Dracaena draco nos Açores. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Biologia) - Universidade dos Açores.

2013

Menezes, T. (2013). Germinação e desenvolvimento de Azorina vidalii (H. C. Watson) Feer (Campanulaceae) a partir de sementes com origem em exemplares silvestres da ilha de São Miguel. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Biologia) - Universidade dos Açores.

Cabral, J. (2013). Germinação e desenvolvimento de Lotus azoricus P. W. Ball, uma espécie endémica dos Açores. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Biologia) - Universidade dos Açores.

2012

Pereira, M.J &. C. Mourato (2012). ‘Effects of bird ingestion on seed germination of Vaccinium cylindraceum Smith, an endemic species of Azores Archipelago’. Botany, 90(5): 373-377.

Pereira, M.J., Teixeira, B., Andrade, C. & M. Furtado (2012). ‘Rapid and effective germination methods to overcome primary seed dormancy in several Azorean endemic species’. Acta Horticulturae 938: 77-84.

Pereira, M.J., Dias, E. & S. Ramos (2012). ‘Experiments on germination of four herbaceous species, endemic to the Azores Archipelago’. Arquipélago, 29: 7-14.

Martins, J., Moreira, O., Rainha, N., Baptista, J., Silva, L. & M. Moura (2012). ‘Morphophysiological dormancy and germination in seeds of the Azorean tree Picconia azorica’. Seed Science and Technology, 40(2): 163-176.

Moreira, O., Martins, J., Silva, L. & M. Moura (2012). ‘Seed Germination and Seedling Growth of the Endangered Azorean Cherry Prunus azorica’. HortScience, 47(9): 1222-1227.

41

2010 Moura, M. & L. Silva (2010). ‘Seed germination of Viburnum treleasei Gand., an Azorean endemic with high ornamental potential’. Propagation of Ornamental Plants, 10(3): 129-135.

2008 Pereira, M.J. (2008). ‘Reproductive biology of Vaccinium cylindraceum Smith (Ericaceae) an endemic species of Azores archipelago’. Can. J. Bot. 4: 359 - 366.

2004

Fagundo, M.C.A., & A. M. Isidoro (2004). Propagação das espécies lenhosas endémicas dos Açores. Direcção Regional dos Recursos Florestais. Serv. Florestal do Nordeste.

Maciel, G. (2004). Conservação de espécies vasculares endémicas dos Açores. Tese de Doutoramento, Universidade dos Açores, Ponta Delgada.

1999 Pereira, M.J. (1999). Contribuição para o estudo e conservação de Vaccinium cylindraceum

Smith, uma espécie endémica da flora Açoriana. Tese de doutoramento. Universidade dos Açores. Ponta Delgada.

1996 Maciel, G. (1996). ‘Influência da temperatura e da luz na germinação de espécies endémicas dos Açores’. Açoreana, 8 (2): 291-300, Ponta Delgada.

1995 1996

Maciel, G. (1995/1996). ‘Influência do tempo de conservação das sementes na germinação das espécies endémicas dos Açores’. Boletim da Sociedade Broteriana, 67: 171-186. Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, Coimbra.

1994

Maciel, G., (1994). Ecofisiologia da germinação de sementes de plantas vasculares endémicas dos Açores. Trabalho de síntese, Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, Departamento de Biologia, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 193 pp.

Maciel, G.B. & M.L. Caixinhas (1994). ‘Conservação de espécies endémicas dos Açores através de estudos de ecofisiologia da germinação’. III Simpósio da Associação Ibero-Macaronésica de Jardim Botânicos. 11 a 16 de Setembro de 1994. Horta.

1993

Maciel, G. & M.L. Caixinhas (1993). ‘Étude sur la germination de quelques espèces endémiques des Açores’. Quatrieme Rencontre Internacionale sur les Semences, Aspects fondamentaux et appliqués de la biologie des semences, Angers, Vol. 2: 695-701, Angers, France.

42

5.4. AVALIAÇÃO DO EFEITO DAS CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES NAS CARACTERÍSTICAS DE GERMINAÇÃO – Azorina vidalii E Lotus azoricus

A Azorina vidalii (vidália) e o Lotus azoricus são duas espécies endémicas dos Açores. A

primeira pertence à família Campanulaceae e o seu género monoespecífico constitui o único

endémico desta Região. Já o L. azoricus pertente à família Fabaceae e do seu género é a única

espécie endémica dos Açores (Martins et al., 2008a; Silva et al., 2010)

A. vidalii encontra-se classificada pelos critérios da IUCN como ‘ameaçada’ de extinção,

sendo que a estimativa é que haja menos de 1000 indivíduos maturos na natureza (Bilz, 2013),

está protegida pela Convenção de Berna e é considerada prioritária pela Diretiva Habitats

(Monteiro & Dias, 2009), sendo a nível regional protegida pelo DLR n.º 15/2012/A. A sua

distribuição é tipicamente costeira, no entanto, Schäfer (1999) identificou na ilha do Faial uma

população muito particular, localizada na interior de uma pequena cratera vulcânica, a uma

altitude entre os 320 m e 350 m. A atual coleção de A. vidalii do JBF é proveniente desta

população, encontrando-se também preservada no BSA.

L. azoricus é igualmente protegida pela Convenção de Berna e considerada prioritária pela

Diretiva Habitats (Silva et al., 2006), sendo que ao nível regional também se encontra protegida

pelo DLR n.º 15/2012/A. Apesar desta espécie não se encontrar classificada pela IUCN, Pereira

et al., (2012) considerou-a ‘ameaçada’, tenho em conta as diferentes categorias da IUCN.

Quando à sua distribuição, L. azoricus é uma espécie tipicamente costeira (Silva et al., 2006). A

atual coleção do JBF de L. azoricus é proveniente da população da Manhenha, ilha do Pico.

Ambas as espécies fazem parte dos 100 taxa de gestão prioritária no arquipélago dos Açores,

sendo que A. vidalii é inclusive considerada uma das 100 espécies ameaçadas prioritárias em

termos de gestão na região europeia biogeográfica da Macaronésia (Cardoso et al., 2008;

Martins et al., 2008a;).

Dada a importância destas espécies no estado selvagem, torna-se importante conservá-las ex

situ, como seja em banco de sementes, com o objetivo de auxiliar estratégias de conservação in

situ, permitindo que as espécies estejam efetivamente preservadas. Por esse motivo encontram-

se conservadas no BSA 31 amostras de A. vidalii, provenientes de 8 ilhas; e 12 amostras de L.

azoricus, provenientes de 3 ilhas.

Num banco de sementes é importante conhecer a viabilidade das sementes conservadas, que

pode ser definida como a capacidade das sementes em originar uma plântula. O teste de

germinação constitui o método mais fiável de avaliação da viabilidades das sementes, este deve

ser realizado um mês após a conservação, e os seus resultados servirão de comparação com

futuros testes (ENSCONET, 2009a).

43

Segundo Maciel (2004), o tempo de conservação (3 meses a 9 anos) à temperatura ambiente

provoca a diminuição da capacidade germinativa das sementes de A. vidalii, já Menezes (2013)

verificou que a percentagem de germinação não era afetada pelo tempo de conservação a 20ºC

(1 a 6 meses), no entanto, a velocidade de germinação diminuiu significativamente com o

aumento do tempo de conservação; Pacheco (2014) verificou que ao fim de 12 meses de

conservação, às condições ambientes, a percentagem e a velocidade de germinação diminuíram

significativamente.

Relativamente a L. azoricus, Maciel (2004) concluiu que as sementes desta espécie possuem

dormência primária, tendo obtido os melhores resultados pós 9 anos de conservação (cerca de

45% de germinação e tempo médio de germinação de 30 dias); já Pereira et al. (2012)

conseguiu definir um protocolo de germinação com sucesso, obtendo cerca de 98% de

germinação, eliminando a dormência das sementes pela escarificação química em ácido

sulfúrico.

O presente ensaio pretende avaliar se as condições de conservação adotadas pelo BSA

influenciam as características de germinação das espécies endémicas açorianas A. vidalii e L.

azoricus, através da comparação dos resultados obtidos num teste de germinação realizado um

mês após a conservação, com os resultados obtidos por Menezes (2013) para A. vidalii e por

Pereira et. (2012) para L. azoricus.

METODOLOGIA

Para a realização dos ensaios pretendidos foram colhidas sementes dos indivíduos existentes

na coleção de planta viva do JBF, durante a época de colheita de 2014: durante o mês de

Setembro para A. vidalii e durante o período de Maio a Setembro para L. azoricus.

A coleção de A. vidalii do JBF é proveniente da população identificada por Schäfer (1999)

numa cratera vulcânica. Uma vez que não estão identificadas populações de L. azoricus no Faial

(Silva et al., 2010), a coleção desta espécie no JBF é proveniente do Pico, população da zona da

Manhenha (Silva et al., 2006).

As sementes frescas de Azorina vidalii e Lotus azoricus passaram por um período de

secagem, a 15ºC e 15% HR, com a duração de cerca de um mês, estas condições foram

garantidas pelo recurso a uma câmara de desidratação Fitoclima S600 PDH. Durante este

processo as sementes foram mantidas dentro de envelopes de papel (que permitem a circulação

de ar), e estes foram dispostos separadamente de forma a permitir uma boa circulação de ar

entre eles, garantindo uma secagem mais rápida e eficaz (ENSCONET, 2009a). Seguidamente,

as sementes secas de L. azoricus foram limpas manualmente; já as sementes secas de A. vidalii,

44

por serem de dimensões muito reduzidas e de difícil limpeza, foram limpas com recurso a crivos

com abertura de malhas 0,800 mm e 0,400 mm, separando as sementes dos resíduos de maiores

dimensões, facilitando assim a limpeza manual das sementes (ENSCONET, 2009a).

Após a limpeza, as sementes foram colocadas em tubos de ensaio e mantidas na câmara de

desidratação, foi colocada sílica-gel laranja como indicador visual à presença de humidade,

separada das sementes por papel de filtro e algodão para não desidratarem em demasiado as

sementes, e selados com rolhas de borracha; estes tubos foram por sua vez selados num frasco

hermético de vidro. Neste também foi colocada sílica-gel equilibrada com as condições de

secagem das sementes (desidratada às mesmas condições que as sementes) (ENSCONET,

2009a; Gold & Manger, 2014). O frasco com as amostras foi conservado por um mês a -15.ºC

(ENSCONET, 2009a), com recurso a uma arca frigorífica Cryocell®.

Ao fim de um mês o frasco foi retirado do frio e para evitar a condensação na superfície das

sementes foi colocado na câmara de secagem, sendo que após atingir o equilíbrio com a

temperatura ambiente foi aberto e as sementes retiradas (ENSCONET, 2009a).

O teste germinativo da A. vidalii foi realizado utilizando quatro réplicas de 100 sementes,

colocadas em papel de filtro (Whatman ® No. 1) humedecido com água destilada a cada dois

dias, em caixas de petri de 12 cm de diâmetro. As caixas de petri foram colocadas às condições

recomendadas por Menezes (2013): 20ºC e 16h de fotoperíodo, e o número de sementes

germinadas foi registado diariamente, tendo sido consideradas como germinadas as sementes

que apresentavam uma radícula emergente.

Para o teste germinativo de L. azoricus utilizaram-se 400 sementes, tendo sido seguido o

procedimento recomendado por Pereira et al. (2012): foi realizada escarificação química através

da imersão das sementes em ácido sulfúrico (96%) por uma hora, após a qual o ácido foi

escorrido, as sementes foram lavadas em água corrente e secas ao ar. Após secas, as sementes

foram divididas por quatro réplicas, cada uma colocada em papel de filtro (Whatman® No. 1),

humedecido com água destilada, em caixas de petri de 10 cm de diâmetro, seladas com

‘parafilm’. As caixas de petri foram colocadas às condições de 15ºC e 8h de fotoperíodo. O

número de sementes germinadas foi registado diariamente, tendo sido consideradas como

germinadas as sementes que apresentavam uma radícula emergente.

Para cada teste foram calculados os seguintes parâmetros: tempo de latência, isto é, o tempo

médio para emergência da primeira radícula em cada repetição; tempo médio de germinação

(TMG); e a percentagem de germinação média. O TMG foi calculado de acordo com a fórmula:

‘TMG = Σ (ni×di)/N’ (onde n é o número de sementes germinadas no dia i, d o número de dias

desde o início do teste e N o número total de sementes germinadas) (Harrington, 1963).

45

Para a variável ‘percentagem de geminação’ foi utilizado o teste χ2 para analisar as tabelas de

contingência e, sempre que se observaram resultados homogéneos, foi utilizado o valor de χ2

total. Para as variáveis ‘latência’ e ‘TMG’ foi testada a homogeneidade de variâncias com o

teste de Levene. Uma vez que a mesma não foi verificada em ambos os testes germinativos, os

dados foram estatisticamente comparados utilizando o teste não paramétrico de teste U de

Mann-Whitney. A análise estatística foi realizada com recurso ao programa SPSS 22.0 e à folha

de cálculo Microsoft Office Excel 2011.

RESULTADOS

Para A. vidalii a conservação das sementes 1 mês a -15ºC, não modificou significativamente

o período de latência mas diminuiu significativamente o tempo médio de germinação e a

percentagem de germinação (Tabela 13; Figura 32).

Tabela 13. Banco de Sementes dos Açores. Características da germinação de lotes de sementes de Azorina vidalii: sementes não conservadas e sementes conservadas por um mês a -15ºC. Valores médios ± desvios padrões. Duração do ensaio: 42 dias. Para cada variável as médias afetadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si (p < 0,05).

Tempo de conservação

(meses)

Temperatura / Fotoperíodo N Latência

(dias) TMG (dias) Germinação (%)

0 20ºC / 16h 4x100 8,50 ± 0,58a 16, 08 ± 3,08a 85,3 ± 4,7a

1 20ºC / 16h 4x100 9,00 ± 2,5a 14,95 ± 3,6b 71,8 ± 2,2b

Figura 32. Efeito da conservação das sementes 1 mês a -15ºC nas curvas de germinação de Azorina vidalii.

46

Para L. azoricus azoricus a conservação das sementes 1 mês a -15ºC, resultou num aumento

não significativo da percentagem da germinação e numa diminuição com significado estatístico

do período de latência e no tempo médio de germinação (Tabela 14; Figura 33).

Tabela 14. Banco de Sementes dos Açores. Características da germinação de lotes de sementes de Lotus azoricus: sementes não conservadas e sementes conservadas por um mês a -15ºC. Valores médios ± desvios padrões. Duração do ensaio: 34 dias. Para cada variável as médias afetadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si (p < 0,05).

Tempo de conservação

(meses)

Temperatura / Fotoperíodo N Latência

(dias) TMG (dias) Germinação (%)

0 20ºC / 16h 4x67 3,75 ± 0,50a 8,73 ± 0,90a 92,8 ± 1,92a

1 20ºC / 16h 4x67 1,50 ± 0,58b 4,09 ± 0,13b 94,4 ± 0,82a

Figura 33. Efeito da conservação das sementes 1 mês a -15ºC nas curvas de germinação de Lotus azoricus.

DISCUSSÃO

Analisando a Tabela 13 é possível concluir que as condições de conservação utilizadas no

BSA (um mês de desidratação, seguido de conservação a -15ºC) fazem diminuir

significativamente a capacidade germinativa de A. vidalii, bem como diminuem

significativamente a velocidade de germinação. Estes dados poderiam ser considerados

desfavoráveis quando comparados com os resultados obtidos por Menezes (2013), que não

observou diferenças significativas entre sementes não conservadas e sementes conservadas, no

entanto as condições de conservação utilizadas pelo mesmo são diferentes das condições

utilizadas no presente estudo, e ainda, as recomendações internacionais indicam que apenas se

considera necessário o melhoramento ou a regeneração da amostra conservada, quando a

capacidade germinativa da mesma atinge o valor limite de 75 a 85% da capacidade germinativa

inicial (ENSCONET, 2009a). Uma vez que estes dados não atingem o valor limite, é aceitável

considerar que apesar de afetar significativamente a capacidade germinativa de A. vidalii, as

47

condições de conservação do BSA poderão ser adequadas à conservação a longo prazo das

sementes desta espécie, sendo para isso necessário a realização de ensaios futuros, com maior

tempo de conservação (por exemplo ao fim de 1 ou 5 anos). Seria igualmente necessário a

realização de um ensaio após o período de secagem (e antes da conservação), de forma a

confirmar se a perda de capacidade germinativa observada foi devido ao processo de secagem

das sementes, ou se foi devido à conservação a temperaturas negativas (ENSCONET, 2009a).

No caso de L. azoricus (Tabela 14), os resultados obtidos permitem concluir que as

condições de conservação utilizadas no BSA não afetam a capacidade germinativa de L.

azoricus, sendo que o tempo de conservação pode ser associado a um aumento da velocidade de

germinação. Os resultados obtidos no presente estudo com sementes após um mês de

conservação (94,4% de germinação) foram superiores aos obtidos por Maciel (2004) com

sementes após 9 anos de conservação (45%), podendo indicar que estas condições constituem

uma alternativa de sucesso à preservação da espécie, no entanto serão necessários futuros

ensaios, com tempo de conservação semelhante ao utilizado por Maciel (2004), para confirmar

se esta espécie mantém a capacidade germinativa.

Com este ensaio é possível concluir que as condições de conservação utilizadas neste banco

de sementes poderão ser utilizadas para a conservação de sementes de A. vidalii e de L.

azoricus, uma vez que diminuem a capacidade de germinação da A. vidalii, mas não o suficiente

para rejeitar a sua conservação a estas condições. Já para L. azoricus os resultados obtidos

indicam que as condições de conservação utilizadas pelo BSA não afetam a sua capacidade

germinativa.

48

5.2. OPTIMIZAÇÃO DOS TESTES DE GERMINAÇÃO - Myosotis azorica E Veronica dabneyi

Myosotis azorica e Veronica dabneyi são duas espécies endémicas dos Açores, a primeira

pertence à família Boranginaceae e, juntamente com Myosotis maritima, constituem as únicas

espécies desta família endémicas da Região. Já V. dabneyi pertence à família Plantaginaceae, e

do seu género é a única espécie endémica dos Açores (Silva et al., 2010; Silva et al., 2015).

M. azorica está classificada segundo a IUCN como ‘Vulnerável’ (Caldas, 2013), sendo que

Schäfer (2005) identificou cerca de 500 indivíduos na natureza. Esta espécie encontra-se

protegida pela Convenção de Berna, é considerada prioritária pela Diretiva Habitats e está

protegida regionalmente pelo DLR n.º 15/2012/A. É uma espécie endémica das ilhas Flores e

Corvo, que ocorre em crateras vulcânicas, declives interiores e junto a linhas de água (Schäfer ,

2005; Silva et al., 2010).

V. dabneyi já foi classificada segundo os critérios da IUCN como ‘extinta na natureza’ por

Catarino et al. (2001) tendo sido redescoberta por Pereira et al. (2002a) nas ilhas Flores e

Corvo, que propôs a sua reclassificação segundo os critérios da IUCN, para ‘extinta’ na ilha do

Faial e ‘criticamente ameaçada’ nas ilhas Flores e Corvo, tendo também proposto a sua inclusão

na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN. Schäfer (2005) apenas identificou entre

250 a 500 indivíduos na natureza. Quanto à sua proteção legal, encontra-se protegida pelo DLR

n.º 15/2012/A. Esta é uma espécie que ocorre em crateras vulcânicas, declives interiores e junto

a linhas de água (Schäfer , 2005).

Ambas as espécies fazem parte dos 100 taxa de gestão prioritária no arquipélago dos Açores,

sendo de extrema importância a sua conservação ex situ, como seja nas coleções de plantas

vivas do JBF ou no seu banco de sementes. Por esse motivo há alguns anos que ambas vêm sido

cultivadas no JBF e que as suas sementes se encontram conservadas no BSA.

Para determinar a viabilidade germinativa das sementes conservadas são realizados testes

germinativos (ENSCONET, 2009a), tal como realizado no capítulo anterior. No entanto, para

que seja possível avaliar a capacidade germinativa das sementes de determinada espécie

conservada, é necessário o conhecimento das condições ideais de germinação das mesmas.

Pereira et al. (2002b) verificou para a M. azorica que as condições de temperatura e

fotoperíodo naturais da época Setembro-Outubro eram mais favoráveis à germinação do que as

condições naturais de Fevereiro-Março, no entanto as características de germinação desta

espécie não haviam sido testadas em condições controladas.

49

Relativamente a V. dabneyi, Silva et al. (2015) obteve uma percentagem de germinação de

100% às condições de temperatura alternas 20/15ºC.

No sentido de otimizar os ensaios germinativos das sementes de M. azorica e V. dabneyi, e

de uniformizar os regimes de temperatura e fotoperíodo utilizados nos ensaios de germinação no

BSA, o presente ensaio testou regimes de temperatura constantes (15ºC e 10ºC) associados a

dois regimes de fotoperíodo (16h e 8h) para ambas as espécies.

METODOLOGIA

Para a realização dos ensaios pretendidos foram colhidas sementes dos indivíduos existentes

na coleção de planta viva da valência do JBF localizada em Pedro Miguel, durante a época de

colheita de 2014: a 06 de Outubro para M. azorica e durante o período de Julho a Setembro para

V. dabneyi.

As sementes frescas de M. azorica e V. dabneyi foram limpas com recurso a crivos de 1 mm

e de 0,8 mm de abertura de malha, e mantidas a 15.ºC e 15% HR, até à realização dos ensaios

de germinação.

O teste germinativo para cada espécie foi realizado utilizando quatro réplicas de 30

sementes, cada uma colocada em papel de filtro (Whatman ® No. 1) humedecido com água

destilada a cada dois dias, em caixas de petri de 12 cm de diâmetro. As caixas de petri foram

colocadas às condições 15ºC e16h de fotoperíodo, 15ºC e 8h de fotoperíodo, 10ºC e 16h de

fotoperíodo e 10ºC e 8h de fotoperíodo. O número de sementes germinadas foi registado

diariamente, tendo sido considerado como germinadas as sementes que apresentavam uma

radícula emergente.

Para cada teste foram calculados os seguintes parâmetros: tempo de latência, isto é, o tempo

médio para emergência da primeira radícula em cada repetição; tempo médio de germinação

(TMG); e a percentagem de germinação média. O TMG foi calculado de acordo com a fórmula:

‘TMG = Σ (ni×di)/N’ (onde n é o número de sementes germinadas no dia i, d o número de dias

desde o início do teste e N o número total de sementes germinadas) (Harrington, 1963).

Para a variável ‘percentagem de geminação’ foi utilizado o teste χ2 para analisar as tabelas de

contingência e, sempre que se observaram resultados homogéneos, foi utilizado o valor de χ2

total. Para as variáveis ‘latência’ e ‘TMG’ foi testada a homogeneidade de variâncias com o

teste de Levene, e sempre que verificada, os dados foram estatisticamente comparados

utilizando o ANOVA. Neste sempre que a hipótese nula foi rejeitada, foi utilizado o teste

paramétrico de comparação de Tukey. Sempre que não foi verificada homogeneidade de

50

variâncias, foi utilizado o teste equivalente não paramétrico: teste de Kruskal-Wallis. A análise

estatística foi realizada com recurso ao programa SPSS 22.0 e à folha de cálculo Microsoft

Office Excel 2011.

RESULTADOS

Para M. azorica o regime de 10ºC com 8h de fotoperíodo foi o que conduziu a um período de

latência e tempo médio de germinação significativamente mais longos e a uma percentagem de

germinação significativamente inferior; as percentagens de germinação foram

significativamente superiores para os regimes com temperatura de 15ºC e apesar da diferença

não ser significativa a maior percentagem de germinação foi obtida para o fotoperíodo de 16h

(Tabela 15, Figura 34).

Tabela 15. Banco de Sementes dos Açores. Características da germinação de lotes de sementes de Myosotis azorica sob diferentes regimes de temperatura e fotoperíodo. Duração do ensaio: 43 dias. Para cada variável as médias afetadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si (p < 0,05).

Temperatura / Fotoperíodo N Latência

(dias) TMG (dias) Germinação (%)

15ºC / 16h 4x30 13,75 ± 0,96 a 25,07 ± 1,84 a 79 ± 6,87 a 15ºC / 8h 4x30 14,25 ± 1,5 a 23,92 ± 0,96 a 63,33 ± 17,85 a

10ºC / 16h 4x30 16,75 ± 4,27 ab 29,75 ± 4,36 ab 31,67 ± 6,94 b 10ºC / 8h 4x30 20,50 ± 3,7 b 33,89 ± 5,44 b 25 ± 8,39 b

Figura 34. Efeito dos diferentes regimes de temperatura e fotoperíodo nas curvas de germinação de Myosotis azorica.

Para V. dabneyi não se observaram diferenças significativas relativamente à percentagem de

germinação média, entre regimes de temperatura e fotoperíodo diferentes; o período de latência

o tempo médio de germinação foram significativamente superiores em regimes de temperaturas

51

mais baixos (10ºC de temperatura e 16h de fotoperíodo; e 10ºC de temperatura e 8h de

fotoperíodo) do que em regimes de temperatura superior (15ºC de temperatura e 16h de

fotoperíodo; e 15ºC de temperatura e 8h de fotoperíodo) (Tabela 16; Figura 35).

Tabela 16. Banco de Sementes dos Açores. Características da germinação de lotes de sementes de Veronica dabneyi sob diferentes regimes de temperatura e fotoperíodo. Duração do ensaio: 43 dias. Para cada variável as médias afetadas pela mesma letra não diferem significativamente entre si (p < 0,05).

Temperatura / Fotoperíodo N Latência

(dias) TMG (dias) Germinação (%)

15ºC / 16h 4x30 9,50 ± 0,58 a 12,23 ± 0,4 a 84,17 ± 6,87 a 15ºC / 8h 4x30 9 ± 0,82 a 11,48 ± 0,11 a 88,33 ± 6,94 a

10ºC / 16h 4x30 14 ± 1,83 b 20,87 ± 0,76 b 90,84 ± 1,67 a 10ºC / 8h 4x30 16,25 ± 2,88 b 22,32 ± 1,76 b 90 ± 2,72 a

Figura 35. Efeito dos diferentes regimes de temperatura e fotoperíodo nas curvas de germinação de Veronica dabneyi.

DISCUSSÃO

Através da análise da Tabela 15 é possível concluir que o aumento de temperatura de 10ºC

para 15ºC faz aumentar significativamente a capacidade germinativa de M. azorica,

relativamente à velocidade de germinação verificou-se um aumento significativo a menor

temperatura (10ºC), mas apenas quando esta está associada a fotoperíodo menor (8h). Assim as

condições ideais de germinação de M. azorica são a 15ºC, independentemente do fotoperíodo.

Os resultados obtidos vão de encontro com Pereira et al. (2002b), que obteve as seguintes

percentagem de germinação 60,9% e 44,6% de germinação respetivamente às condições de

temperatura e fotoperíodo ambientais de Setembro-Outubro e Fevereiro-Março.

52

Através da análise da Tabela 16 é possível concluir que o aumento de temperatura de 10ºC

para 15ºC faz aumentar significativamente a velocidade de germinação de V. dabneyi, no

entanto não afeta de forma diferente a capacidade germinativa das sementes. Silva et al. (2015)

obteve para condições de temperaturas alternas (20/15ºC; 15/10ºC; 10/15ºC) percentagens de

germinação superiores às obtidas no presente ensaio, o que poderá indicar que as sementes desta

espécie tenham preferência por temperaturas alternas, ao invés das temperaturas constantes

testadas no presente estudo.

Com este ensaio foi possível obter condições uniformes e favoráveis à germinação para futuramente testar as amostras de M. azorica e V. dabneyi conservadas no BSA, e assim manter uma coleção ex situ de sementes destas duas espécies açorianas.

53

6. O VIVEIRO DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL

O viveiro de plantas endémicas, do Jardim Botânico, foi inaugurado em 2013, e em três anos

de funcionamento já produziu cerca de 27 300 espécimes de flora nativa (Tabela 17), dos quais

cerca de 21 500 destinaram-se a ações de conservação in situ. Durante o ano de 2015, foram

ainda produzidas mais cerca de 20 500 plantas, que ainda se encontram em cultivo. Este viveiro,

constituído por uma estufa com cerca de 160 m2 de área e cerca de 430 m2 de área para vasário,

é a infraestrutura que faz a ligação entre as ações de conservação ex situ realizadas dentro do

próprio JBF, e as ações in situ realizadas nas populações silvestres.

Os objetivos gerais deste viveiro são a propagação de espécies herbáceas raras, a produção

de plantas nativas para restauro ecológico e paisagístico, a educação ambiental e a demonstração

e otimização de processos de produção das espécies e do seu potencial económico. Para cumprir

com estes objetivos desenvolvem-se protocolos de propagação para as espécies endémicas e

nativas, e adaptam-se de outros já existentes às condições de propagação do viveiro.

Para a elaboração de cada protocolo de propagação é realizada uma pesquisa bibliográfica

sobre a espécie em questão, nomeadamente sobre as condições ambientais das populações

silvestres, estudos realizados com as mesmas, e sobre a propagação de espécies ou géneros que

ocorram em condições ambientais semelhantes. Já no viveiro uma parte importante dos

trabalhos é o acompanhamento dos ensaios de propagação, onde são registados os dados sobre o

desenvolvimento das plantas, bem como os dados ambientais dentro e fora da estufa.

Durante o processo de propagação as plantas passam por diferentes fases de crescimento,

onde as condições de cultivo são diferentes. A primeira fase de cultivo é a fase de

estabelecimento, esta é uma das mais importantes para o sucesso de todo o cultivo, e ocorre

sempre dentro da estufa. Para cultivos realizados a partir de sementeiras, esta fase é definida

como o período de tempo que se inicia com a sementeira, passando pela germinação,

emergência das plântulas, e termina com o desenvolvimento das primeiras folhas verdadeiras.

Para cultivos realizados por estacaria, esta fase é definida como o período de tempo que ocorre

desde a colocação das estacas nos contentores com substrato, até ao desenvolvimento de raízes e

brotos. A duração desta fase é de cerca de 6 a 12 semanas, podendo variar conforme a espécie

(Douglas & Wilkinson, 2009).

Segue-se a fase de crescimento rápido, esta pode ser definida como o período de tempo em

que as extremidades apicais das plantas aumentam exponencialmente de tamanho, e ocorre

54

desde a emergência das primeiras folhas verdadeiras, até que as dimensões das plantas se

aproximem do tamanho final desejado. Durante esta fase as plantas ainda devem estar

protegidas, pelo que a mesma ocorre dentro da estufa. A duração desta fase é muito variável, no

entanto pode ser de 10 a 20 semanas (Douglas & Wilkinson, 2009).

Por fim dá-se a fase de endurecimento (Figura 36.B. e 36.C.), uma fase importante para

garantir a sobrevivência das plantas produzidas no local final da plantação. Esta pode ser

definida como o período de tempo que se inicia quando as plantas atingem as dimensões

desejadas, até que as mesmas possuam reservas suficientes para sobreviver e crescer após a sua

plantação no local final. Durante esta fase é pretendido que as plantas despendam mais energia

no crescimento radicular, do que no crescimento apical, ocorrendo sempre na área de vasário,

onde o fornecimento de água é condicionado, assegurando que as plantas estão preparadas para

o stress do transporte e plantação. A fase de endurecimento pretende reproduzir em viveiro

condições tão próximas quanto possível do futuro local de plantação, minimizando assim os

impactos do estabelecimento em local definitivo. Esta fase pode durar 1 a 4 meses (Douglas &

Wilkinson, 2009).

Os exemplares produzidos no viveiro têm como destino a reposição na natureza, o

fornecimento de plantas a instituições locais ou regionais e a particulares, e ainda a manutenção

dos canteiros do JBF. A reposição de espécimes nas populações naturais é feita através de

projetos de conservação in situ onde são recuperadas áreas com o objetivo de preservar

espécies, de habitats ou até mesmo da paisagens (Parque Natural do Faial, 2015).

Sobre a conservação realizada ao nível da espécie, encontra-se em curso neste viveiro, o

projeto de propagação por estacaria de Taxus baccata (Figura 36.A.), os últimos indivíduos

açorianos desta espécie foram considerados como pertencentes a uma linhagem ancestral, e

portanto, importantes a preservar (Freitas & Casimiro, 2014; Schirone et al., 2010).

A. B.

55

Figura 36. Exemplares propagados no viveiro (Fotos de Cátia Freitas): A. Propagação por estaca dos últimos exemplares de Taxus baccata dos Açores; B. Veronica dabneyi em fase de endurecimento; C. Myosotis azorica em fase de endurecimento.

Tabela 17. Número de exemplares produzidos de taxa nativos dos Açores no viveiro do Jardim Botânico do Faial.

Taxa 2013 2014 2015 Total Ammi seubertianum (H. C. Watson) Trel. - - 14 14 Ammi trifoliatum (H. C. Watson) Trel - 36 42 78 Asplenium scolopendrium L. - - 1 1 Azorina vidalii (H. C. Watson) Feer - 69 55 124 Carex hochstetteriana Gay ex Seub. - 10 - 10 Carex vulcani Hochst. ex Seub. - 60 30 90 Cerastium azoricum Hochst. - 56 49 105 Crithmum maritimum L. - - 14 14 Daucus carota L. subsp. azorica Franco - - 30 30 Dracaena draco (L.) L. 2 10 12 24 Erica azorica Hochst. ex Seub. 382 153 288 823 Euphorbia azorica Seub. - 30 28 58 Festuca petraea Guthn. ex Seub. - 13 904 2 789 16 693 Frangula azorica V. Grubov 10 - - 10 Holcus rigidus Hochst. - - 76 76 Hypericum foliosum Aiton - 46 4 50 Ilex perado Aiton subsp. azorica (Loes.) Tutin - 18 10 28 Isolepis fluitans (L.) R. Br. - - 15 15 Juncus acutus L. - - 425 425 Juncus bulbosus L. - - 5 5 Juniperus brevifolia (Seub.) Antoine - 2 2 4 Laurus azorica (Seub.) Franco 78 17 5 100 Leontodon filii (Hochst. ex Seub.) Paiva & Ormonde - 73 - 73

Limonium vulgare Mill. - 6 - 6 Lotus azoricus P. W. Ball. - 115 92 207 Luzula purpureosplendens Seub. - - 167 167 Mentha pulegium L. - 38 1 39 Morella faya (Aiton) Wilbur 566 263 212 1 041 Myosotis azorica S. Watson - 28 135 163 Myosotis maritima Hochst. ex Seub. - 134 344 478 Myrsine africana L. - 6 - 6 Pericallis malvifolia (L’Hér.) B. Nord. - 524 48 572 Picconia azorica (Tutin) Knobl. 571 1 293 15 1 879 Potamogeton polygonifolius Pourr. - - 2 2

C.

56

Prunus azorica (Hort. ex Mouillef.) Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J. C. Costa & C. Aguiar

- 4 7 11

Rumex azoricus Rech. fil. - 195 31 226 Sanicula azorica Guthn. ex Seub. - - 21 21 Scabiosa nitens Roem. & Schult. - 204 18 222 Silene uniflora Roth subsp. cratericola (Franco) Franco - - 50 50

Silene uniflora Roth subsp. uniflora - 10 131 141 Solidago azorica Hochst. - 181 - 181 Spergularia azorica (Kindb.) Lebel - 20 130 150 Tolpis azorica (Nutt.) P. Silva - 65 34 99 Tolpis succulenta (Dryand.) Lowe - 1 996 422 2 418 Vaccinium cylindraceum Sm. - 5 - 5 Veronica dabneyi Hochst. - 21 - 21 Viburnum treleasei Gand. - 8 24 32 Woodwardia radicans (L.) Sm. - 329 30 359 Total 1 609 19 929 5 808 27 346

57

7. O PROJETO ‘IN SITU’ DO JARDIM BOTÂNICO DO FAIAL

A estratégia de conservação do JBF prevê, além das ações de conservação ex situ, ações de

conservação in situ, nomeadamente caracterização e monitorização das populações sivestres de

flora nativa, recuperação de áreas sensíveis através da erradicação e controlo de flora invasora e

posterior repovoamento com espécie de flora nativa, e reforço das populações silvestres de flora

nativa (Parque Natural do Faial, 2015). Pertencente à estrutura do Parque Natural do Faial, o

JBF está responsável por delinear e impulsionar as ações de conservação da natureza no âmbito

da atividade do PNI Faial, sendo que todas estas ações de conservação são realizadas tanto em

áreas dentro do PNI Faial como fora, tendo ainda já colaborado com o PNI Flores para reforço

das populações silvestres de Myosotis azorica e com o PNI Pico para reforço das populações

silvestres de Silene uniflora subsp. cratericola.

A recuperação de uma área natural exige sempre um processo de preparação, que envolve na

sua maioria dos casos ações ex situ e in situ. Esta é iniciada com a seleção das áreas passíveis

de recuperação, seguindo-se a identificação de ameaças, elaboração de um plano de trabalhos,

que incluí a seleção das espécies a remover e a produzir, recolha de propágulos das espécies a

reintroduzir e propagação no viveiro. Após a realização dos trabalhos iniciais é realizado nos

anos seguintes a manutenção destes locais, com maior monitorização, e controlo da regeneração

de espécies de flora invasora, desta forma é garantida a manutenção e estabelecimento destas

áreas.

As principais populações que foram recuperadas sob a coordenação do JBF (Figura 37.A. e

37.B.) são: população de Pericallis malvifolia na Ribeira das Cabras, freguesia da Praia do

Norte, espécie classificada como ‘Criticamente ameaçada de extinção’ (Bilz, 2013b); população

Prunus azorica na freguesia da Praia do Norte, a maior população no Faial desta espécie

ameaçada, com cerca de 16 indivíduos (Moreira et al., 2013); população de Myosotis maritima

na freguesia de Castelo Branco e população de Rumex azoricus no Cabeço dos Trinta, freguesia

do Capelo.

Ao nível da recuperação da paisagem destaca-se a intervenção na Área Protegida do Vulcão

dos Capelinhos (Figura 37.C.), área anteriormente invadida por Arundo donax, e que atualmente

as espécies naturais já se estão a estabelecer. Também foram intervencionadas as seguintes

áreas: Jardim Botânico do Faial – Pedro Miguel; Charcos de Pedro Miguel, onde os terrenos

envolventes aos charcos foram adquiridos pelo Governo Regional, e estão a ser recuperados

com espécies arbóreas endémicas dos Açores, nomeadamente com Juniperus brevifolia; e por

58

fim nas Áreas Protegidas da Caldeira do Faial, Morro de Castelo Branco e Cabeço do Fogo está-

se a proceder à remoção de espécies de flora invasora, e reforço das populações de espécies

endémicas e naturais.

Figura 37. Recuperação de populações silvestres no PNI Faial (Fotos de Cátia Freitas): A. Recuperação da população de

Pericallis malvifolia na Ribeira das Cabras, freguesia da Praia do Norte; B. Recuperação da população de Prunus azorica na

freguesia da Praia do Norte; C. Recuperação da população de Myosotis maritima na freguesia de Castelo Branco.

A. B.

C.

59

REFERÊNCIAS

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