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As aventuras do menino José Cleonice Schlieck As aventuras do menino José II Cleonice Schlieck José volta à mata

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Page 1: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

As aventuras do menino José Cleonice Schlieck

As aventuras do menino José II

Cleonice Schlieck

José volta à mata

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CLEONICE SCHLIECK

1ª edição

Chapadão do Sul—MS Edição do Autor

2018

As aventuras do menino José: de volta à mata

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Depois que o menino José Ficou na mata perdido E seu pai o procurou

Preocupado e aborrecido, José ganhou vários conselhos

E uma semana de castigo.

O pai de José o aconselhou A sempre tomar cuidado A ter bastante atenção A olhar para os lados,

Que não fosse imprudente E nem mesmo estabanado.

“A mata é nossa amiga”, O pai assim o abordou,

“Ele nunca prejudica ninguém Que sempre o respeito. Por isso, não a maltrate

Nem diminua seu valor”.

Ao andar dentro dela Olhe sempre para o chão

E qualquer barulho que ouvir Deve despertar sua atenção.

Fique atento às formigas. A nenhum bicho faça agressão.

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Cuidado com seu estilingue Quando sair para brincar. Não acerte nenhuma ave

Só pelo prazer de a acertar. Nenhum animal na natureza

Mata apenas por matar.

É recriminável no homem Esse prazer pela caça.

Essa matança indiscriminada É vergonha à nossa raça.

Nós somos à natureza Sua maior ameaça.

O aquecimento global que vivemos

É apenas uma consequência De nossas ações contra o mundo,

De nossa falta de prudência. Preservamos o planeta

Agora é questão de urgência.

As geleiras descongelando Aumentam o nível do mar

E o uso do agrotóxico Desequilibra a cadeia alimentar.

Há ainda o efeito estufa E outras consequências a lidar.

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Page 7: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

Por isso quero que me prometa Sempre respeitar a natureza.

Pois isso com certeza e Um gesto de muita nobreza.

E nesta tarefa exijo Que tenha muita destreza”.

O pai assim dizia

Por ter um filho muito esperto E por saber que o menino

Provavelmente, bem ao certo, Ainda tentaria desvendar

Aquele paraíso descoberto.

A mata fazia o menino Viajar em sua imaginação

Como se os conselhos do pai fossem Um sinal ou autorização

O menino se preparou para iniciar Sua segunda exploração

José queria ver

Como a onça se alimenta. “Menino, pare com isso!

Veja se não inventa! Não se meta em perigos

Os quais você não aguenta”.

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Page 8: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

Mas José nem ouvia A voz de sua consciência

Embora ele soubesse O tamanho de sua imprudência. Desta vez não teria ao seu favor

A desculpa da inocência.

Pegou um canivete bem afiado Para poder se defender

E dentro da sua mochila Pôs água para beber.

Algumas frutas e um lanche Caso quisesse comer.

Com a mochila nas costas

Devagar, bem de mansinho, Ele saiu porta afora

E foi andando de fininho, Fazendo da mata fechada

Seu destino e seu caminho.

Era um sábado de manhã De um dia ensolarado. Seu pai estava na lida,

Com os companheiros, ocupado Fazendo rotação de pastagem

E conferindo todo o gado.

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Era o mês de setembro E o vento não tinha dó

Da terra vermelha remexida Ele fazia levantar pó

E, por isso, à sua volta Tudo era uma poeira só.

Mas nesse clima de cerrado

Em que vivemos humildemente Setembro é o período de preparar

A terra para a semente Apesar de ser inverno

Os dias são secos e quentes.

Mas José dentro da mata Na umidade do ar não pensava

Por causa da curiosidade Sua mente estava ocupada. Ver animais de vários tipos

Era o que ele ansiava.

De às vezes ver a jiboia Já estava habituado.

Nem ela nem a sucuri O deixavam impressionado.

Com seriema e avestruz Já estava acostumado.

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Page 10: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

O tucano lhe visitava Todo dia no quintal. E o tatu, ele sabia,

Não era bicho de fazer mal. A anta, então, nem se fala, Vinha no cocho comer sal.

Mas se visse o lobo guará, De preferência um adulto,

Com certeza em seu interior Isso causaria tumulto!...

Uma vez, de longe, avistou um, Mas só vira o vulto.

Também queria ver

De perto, bem de pertinho, Um tamanduá-bandeira

Carregando um filhotinho E muitas vezes voando

Para longe de seu ninho.

Lá no meio da mata Um tatu abrindo um buraco

E, com um pouco de paciência, Confiando em seu taco,

Quem sabe pudesse encontrar Um bando de macacos.

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A arara-canindé, que beleza! Seria uma honra encontrar! E um grupo de capivaras

Procurando rio p’ra se banhar E um veado pantaneiro

O qual pudesse fotografar

Mas o que queria memso Era na toca chegar

E com muita, muita sorte, Com a onça se deparar,

Pois ouvira os peões dizer Que tinha filhote para alimentar.

Não se cutuca onça com vara curta

Sempre ele ouvira dizer, Ainda mais quando ela tem

Filhotes para defender, Não há pernas que nessa hora

Ao homem possa valer.

Mas se acaso ela não estivesse Na toca nesse momento, Então, pela sua cabeça,

Lhe passou este pensamento, Poderia chegar bem pertinho, Meu Deus, que descabimento!

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E enquanto José andava Pela trilha divagando

Viu no chão as formigas Em equipe trabalhando,

Sempre em paz e harmonia, Uma lição lhe estavam dando.

Ainda havia os mosquitos E outros grupos de inseto

Que o perturbavam sem tamanho Deixando-o inquieto

Fazendo-o quase desistir De seu aventureiro projeto.

De repente, no entanto,

Tão rápido como um raio José viu fugindo ao norte

O bando de papagaios E, na mesma direção,

Os macacos, de galho em galho.

As cobras também fugiam Naquela mesma direção;

E todos os bichos da mata, Em dolorosa expressão. Em desespero os tatus

Se enterravam pelo chão.

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José sabia que alguma coisa Estava fora do planejado

Pois todos os bichos estavam Com ares de apavorados. Até mesmo o tamanduá Com o filhote carregado.

O urro bem alto da onça

Bem perto ele ouviu. Seu coração sobressaltou-se

Pela boca quase saiu. O medo que o invadiu

Em sua coluna fez arrepio.

A onça urrou outra vez, Em pânico ele se pôs a tremer,

Não queria dar de cara com a bicha, Não de tão perto a queria ver.

E temeu naquele instante O fim do seu viver.

Nem deu tempo de pedir socorro;

Nem deu tempo de gritar; Quando ele pensou em cair

Ela tornou a urrar, E quando ela apareceu em sua frente

Ele ficou pronto a desmaiar.

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Page 14: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

A onça olhou para ele Com angústia, desesperada,

E certamente o atacaria Se não estivesse ameaçada.

Melhor que atacar o menino Era fugir em disparada.

Quando bem na sua frente

A onça por ele passou, José sentiu em sua carne Muito frio e muito calor;

Nem ele sabia dizer ao certo O que sentiu e o que pensou.

Assim como os outros bichos

A onça também fugia E não fez nenhum mal a José

Porque nenhum mal ele lhe fazia. Apesar de estar com o filhote

Nenhum dos dois bichos fome sentia.

Parecia até um milagre O que tinha acontecido

E por ver os bichos ameaçados José ficou aborrecido.

Por ver os bichos sofrendo Também ele tinha sofrido.

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Ele compreendeu que a onça Ao fugir se defendia; E que toda a natureza Imenso perigo corria;

De buscar abrigo seguro Necessidade ele sentia.

De repente o seu nariz

A fumaça inalou; Era negra e espessa

Que quase o sufocou E por um instante de pânico De medo ele quase desabou.

A toca ficava na rocha E se encontrava vazia; Apesar do mau cheiro

Ela tinha sua valia; E enquanto nisso pensava

Para ela ele corria.

Deus lhe deu velocidade Para ele correr rapidamente;

Mal ele chegou na toca O fogo passou na sua frente E o que era vegetação viçosa

Virou brasa rapidamente.

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Page 16: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

Não há como explicar O barulho daquela destruição

O fogo se alastrava pelas folhas E também pelo chão.

As labaredas tinham ganas De avançar na destruição.

As chamas impiedosas

Pareciam rolo compressor. O que aparecia em sua frente

Destruíam sem amor. E José, naquele instante, Descobriu novo pavor.

Não se pode descrever

A tristeza desse momento; Nem há como fazer

A vida voltar no tempo. Depois que o fogo passou

Restou o pranto e o lamento.

Enquanto o fogo avançava Voraz entre a vegetação

José aprendeu entre o medo Uma importante lição

Que nossas atitudes podem Causal mal sem reparação.

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Page 17: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

Porque o fogo não surge do nada Alguém o tem de fazer;

Riscando um palito de fósforo Pra brincar ou pra valer.

E depois que a chama se espalha Não é fácil de a conter.

Ainda com medo e receio

Da toca ele saiu. O sol quente ainda brilhava

O fogo não o atingiu, Mas a nuvem preta de fumaça

Muito o encobriu.

Ao olhar em volta Numa rápida checagem

José viu em tons de cinza Numa desoladora imagem O chão coberto de cinzas: O que restou da paisagem.

Era necessário voltar para casa

Foi o que ele pensou E sobre cinzas e brasas Em prantos ele avançou

Pois dali mesmo onde ele estava Seu lar ele avistou.

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Page 18: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

Mas não pense que foi fácil Esse retorno ao lar.

Pois enquanto ele voltava Foi triste seu caminhar

Por ver que nem todos os bichos Do fogo conseguiram escapar.

Vendo os animais mortos Ele sentiu grande tristeza

Recordou-se que seu pai, certa vez, Lhe ensinara com firmeza Que somos uma ameaça

Contra a natureza.

Há quem diga que ele Tenha sido um bobão

Mas essa descoberta triste Feriu o seu coração

E ele chorou sozinho A dor de seu coração

Foi só quando chegou em casa Que compreendeu a dimensão

De como o fogo causara Verdadeira devastação

Não restando galho verde sequer, Nenhum ramo na vegetação.

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Page 19: As aventuras do menino JoséAs aventuras do menino José Cleonice Schlieck Nesta aventura, José retorna à mata esponta-neamente com a intenção de visitar a toca da onça e avistar

Para conter o incêndio Os bombeiros foram chamados

E para conter as chamas Que muito tinham se alastrado

Muito tiveram que trabalhar Até o fogo ser controlado.

Para conter as chamas

Abriram estradas pelo chão E o fogo só foi contido

Lá junto ao ribeirão Pois as chamas não alcançaram

O outro lado da vegetação.

Foi uma tarde tão triste Inesquecível experiência

Que lhe valeu aprendizagem De valor e ciência

Por ser grande o estrago De nossa falta de prudência.

Só, então, José descobriu A origem daquele drama:

Um dos peões jogara Bituca de cigarro na grama

E o fogo se expandiu Incontido de rama em rama.

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Espero que assim como José Aprendeu esta lição

Você nunca se esqueça De cuidar de si e do seu irmão Pois quem protege a natureza

Faz um bem à toda nação.

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QUESTIONÁRIO

1. O que o pai pensa sobre a mata?

2. O que o pai ensina sobre o aquecimento glo-

bal?

3. O que José queria ver na mata?

4. Quais são os cuidados que o menino tomou

em seus preparativos para a aventura?

5. Como o clima interfere na narrativa?

6. Porque os bichos fugiam para a direção Norte?

7. Por que a onça não atacou o menino? Se não

fosse isso, ele seria atacado?

8. Quem é o vilão da história? Porque?

9. Onde José se escondeu?

10.O que José aprendeu com essa experiência?

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As aventuras do menino José Cleonice Schlieck

Nesta aventura, José retorna à mata esponta-

neamente com a intenção de visitar a toca da

onça e avistar vários bichos do cerrado (menos

a onça, é claro), mas enfrentará um novo desa-

fio.

Os conselhos do pai o ensinam a respeitar a

mata, mas ele descobrirá o quanto o homem

pode fazer mal à natureza e, por causa disso,

aprenderá uma importante lição.