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Conhecendo, entendendo e aplicando a Lei Maria da Penha As amarras culturais e os avanços jurídicos

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Page 1: As amarras culturais e os avanços jurídicos …...Qualquer mulher pode ser vítima da violência doméstica. Não importa se ela é rica, pobre, branca ou negra; se vive no campo

Conhecendo, entendendo e aplicando a Lei Maria da Penha

As amarras culturais e os avanços jurídicos

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Qualquer mulher pode ser vítima da violência doméstica. Não importa se ela é rica, pobre,

branca ou negra; se vive no campo ou na cidade, se é moderna ou antiquada; católica,

evangélica, ateia ou umbandista.

A única diferença é que as mulheres mais ricas conseguem esconder melhor sua situação e têm mais recursos para tentar escapar da violência.

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Cultura Religiosa

Cultura Científica = Conhecimento Científico Filosofia Aristóteles: “ A mulher é um homem imperfeito”

Historicidade da mulher enquanto propriedade privada O ciúmes e a mulher como propriedade privada Os homens não são naturalmente violentos, aprendem a ser!

Cultura Popular “Em problema de marido e mulher, ninguém mete a colher”

“Roupa suja se lava em casa”

A Invisibilidade da Violência Doméstica

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O estereótipos

A luta pela igualdade de direito

As conquistas

O Direito ao voto (Constituição Federal de 1934)

Criação das Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher (Lei 5.467/86) Brasil: 407 DDM São Paulo: 126 DDM – Marília 14ª - inaugurada em 24/04/1987

Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06)

Visibilidade do problema da violência doméstica

Ampliar o debate na sociedade brasileira sobre a questão, possibilitando rupturas na cultura patriarcal brasileira

A Luta das Mulheres

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Violência é um termo que deriva do latim violentia

significando vis, força e vigor,e em sentido amplo, é

qualquer comportamento ou conjunto de

comportamentos que visem causar dano a outra

pessoa, ser vivo ou objeto. Nega-se autonomia,

integridade física ou psicológica e mesmo a vida do

outro. É o uso excessivo da força, além do necessário

ou esperado.

Conceito de Violência

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Violência contra a Mulher: é qualquer conduta – ação ou omissão – de

discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de vítima ser

mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico,

sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa

violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados.

Violência de Gênero: violência sofrida pelo fato de ser mulher, sem distinção de

raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema

social que subordina o sexo feminino.

Violência Doméstica – Art. 5º: quando ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou

em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação.

Violência Familiar – Art. 5º: violência que ocorre dentro da família, ou seja, nas

relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de

parentesco natural ou civil, por afinidade ou afetividade.

Definições de Violência

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Lei Maria da Penha

TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

VIOLÊNCIA FÍSICA: quando o agressor bate na mulher, deixando

marcas, hematomas, cortes, arranhões, manchas, fraturas ou ainda a

impede de sair de casa.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: quando insinua a existência de amantes,

ofende a mulher ou seus familiares com frequência, desrespeita o seu

trabalho, critica sua atuação como mãe, fala mal do seu corpo, como

também não deixa se maquiar, cortar o cabelo e usar a roupa que gosta.

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TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

VIOLÊNCIA SEXUAL: quando força relações sexuais com a parceira,

obrigando-a a praticar atos sexuais que não lhe agradam, critica seu

desempenho sexual e pratica sexo com sadismo.

VIOLÊNCIA PATRIMONIAL: quando o agressor quebra utensílios

pessoais, rasga suas roupas, destrói ou esconde seus documentos

pessoais, profissionais ou mesmo fotos e objeto de valor sentimental.

VIOLÊNCIA MORAL: entendida como qualquer conduta que configure

calúnia, injúria ou difamação

Lei Maria da Penha

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I. Tensão

Essa fase se caracteriza por agressões verbais, crise de ciúmes, destruição de objetos e ameaças. A mulher procura acalmar o agressor, evitando discussões, assim a mulher vai tornando-se mais submissa e amedrontada. Em diversos momentos a mulher sente culpa e se acha responsável pela situação de violência em que vive, quando não procura relacionar a atitude violenta do parceiro com o cansaço, uso de drogas e álcool.

II. Explosão

Essa fase é marcada por agressões verbais e físicas graves e constantes, provocando ansiedade e medo crescente. Essa etapa é mais aguda e costuma ser mais rápida que a primeira etapa.

III. Lua de Mel

Depois da violência física, o agressor costuma se mostrar arrependido, sentindo culpa e remorso. O agressor jura nunca mais agir de forma violenta e se mostra muito apaixonado, fazendo a mulher acreditar que aquilo não vai mais acontecer.

Ciclos da Violência

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É muito comum que esse ciclo se repita, cada vez com

maior violência e menor intervalo entre as fases. A

experiência mostra que esse ciclo se repete

indefinitivamente ou termina em uma lesão física grave

ou homicídio.

Ciclos da Violência

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Tem ligação afetiva com o agressor;

Tem medo de sofrer uma violência ainda maior;

Tem vergonha dos vizinhos, dos amigos e da família;

Tem medo de prejudicar o agressor e os filhos;

Não quer que o pai de seus filhos vá preso;

Se sentem culpadas e/ou responsáveis pela violência que sofrem;

Sensação de fracasso e culpa na escolha do parceiro;

Não possuem condições financeiras para mudar o rumo de sua vida.

Perda da identidade (auto-estima e auto-imagem)

Dificuldades da Mulher em Romper o Laço Afetivo

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Mitos sobre a violência doméstica

A violência doméstica ocorre muito esporadicamente

No Brasil

7 minutos uma quebradeira dentro de casa

5 minutos uma ameaça de espancamento

4 minutos uma mulher fica trancada em casa, impedida de sair

3 minutos uma mulher sofre uma ameaça a sua integridade física com arma de fogo

9 minutos uma mulher sofre tapas e empurrões

4 minutos ou 15 segundos uma mulher é espancada

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A violência só acontece entre famílias de baixa renda e pouca

instrução;

As mulheres provocam ou gostam da violência;

Os agressores não conseguem controlar suas emoções;

A violência doméstica vem de problemas com o álcool, drogas ou doenças mentais;

Para acabar com a violência basta proteger as vítimas e punir os agressores;

Mitos sobre a violência doméstica

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Quebrando o silêncio

A primeira atitude a ser tomada em uma situação de

violência é pedir ajuda para alguma pessoa que

transmita confiança.

Essa pessoa geralmente é um Policial

Atendimento à Mulher Vítima

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Não pressuponha! Procure ouvir e compreender! Cada história é única e singular,

mesmo que, para você, pareça igual a anterior.

Procure estabelecer uma relação de confiança com a vítima.

Procure não julgar a pessoa que você está atendendo. Todos nós temos limites

enormes aos olhos dos outros. O julgamento é o maior obstáculo a comunicação.

Seja sensível! A mulher que sofreu violência foi e está se sentindo muito

humilhada. Provavelmente ela não queira se expor ainda mais, inclusive porque

está amedrontada e confusa. Portanto, ao abordá-la não seja evasivo, respeite os

limites do que ela possa contar naquele momento, seja ético e discreto.

Atendimento à Mulher Vítima

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Não infantilize a vítima! Ela já foi infantilizada demais pelo agressor.

Não tente adivinhar, escute!

Converse com a vítima distante do agressor e dos filhos para que a mulher possa

esclarecer sem medo ou constrangimento a situação.

Não faça mediação no local, segundo a Lei Maria da Penha é função da Polícia

Militar levar a mulher vítima no momento da chamada via COPOM a DDM ou ao

Plantão Policial para realizar um Boletim de Ocorrência. A mulher precisa romper

o ciclo da violência e a Polícia Militar possui um importante papel nesse caminho

de ruptura.

Atendimento à Mulher Vítima

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O registro do Boletim de Ocorrência é de responsabilidade da Polícia

Civil, como também desenvolver todos os procedimentos de polícia

judiciária previsto no capítulo terceiro da Lei Maria da Penha – Art. 10º,

11º, 12º combinado com Art. 20º, 27º e 28º.

A Polícia Civil em grande parte dos casos é a primeira forma de

atendimento à mulher vítima, por isso a importância desse organismo no

acolhimento.

Atendimento à Mulher Vítima

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Serviços de Atendimento Direto

Polícia Militar

Polícia Civil

Delegacia de Defesa da Mulher

Procuradoria Regional de Marília

Hospital das Clínicas – Serviço de Urgência e Emergência

Hospital Materno Infantil

Pronto Atendimento Coimbra

Pronto Atendimento Santa Antonieta

Pronto Atendimento São Francisco

Santa Casa de Misericórdia de Marília

Hospital Universitário de Marília

Rede Mulher de Marília

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Serviços de Atendimento Direto

Prontomed

Centro de Referência em Assistência Social (CREAS)

Projeto Núcleo de Atendimento a Vítima de Abuso Sexual (NAVAS)

Serviços de Atendimento Indireto

Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS-AD)

Rua Marechal Deodoro n. 167

Fone: 34226322 ou 34226484

OAB – Mulher

Rua Gonçalves Dias n. 440

Fone: 34338140

Conselho Municipal da Mulher

Rede Mulher de Marília

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Leve sempre com você os telefones de emergência

Durante as agressões, evite locais com acesso fácil a facas ou outros objetos cortantes. Vá para fora da casa

Evite revidar com violência. Não use armas.

Sempre que possível leve as crianças. Elas poderão ser usadas contra você como objeto de chantagem.

Mantenha algum dinheiro escondido. Este poderá ser muito útil.

Guarde roupas, cópias de documentos e um pacote de objetos de primeira necessidade em local seguro (casa de amigos, vizinho, parentes, igreja, associação de moradores ou profissionais de sua confiança. Tudo para você e para as crianças, se for o caso.

Se você tiver carro, mantenha cópias das chaves em local seguro.

Converse com pessoas em quem você confie e combine com elas um plano de emergência.

Orientações para a mulher que vive em Situação de Violência

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A emoção não se

rompe por lei, ela se

rompe pelo

empoderamento

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