artigos sobre tratamento de água
DESCRIPTION
ArtigosTRANSCRIPT
![Page 1: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/1.jpg)
Avaliação do comportamento pós-fissuração de um solo granular
com reforço de fibra de coco aleatoriamente distribuida
Juan Manuel Girao Sotomayor
Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janerio, Brasil, [email protected]
Michéle Dal Toé Casagrande
Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janerio, Brasil, [email protected]
Lucas Mendes Repsold
Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janerio, Brasil, [email protected]
RESUMO: Foi avaliado o comportamento pós-fissuração de um solo granular utilizando como
reforço fibras de coco. Foi analisada a variação do recalque de uma seção transversal do solo
granular puro e com reforço, quando submetidos a ensaios de carga em placa rígida circular em
verdadeira grandeza. Foram comparadas as curvas tensão versus recalque, permitindo avaliar o
acréscimo de resistência durante a fase de pós-fissuração, mostrando um comportamento strain-
hardening do material compósito, influenciado pela adição de fibras de coco na matriz de solo.
Realizou-se uma exumação dos ensaios para comparar as variações nos mecanismos de ruptura. Os
resultados foram comparados com pesquisas de reforço de solo que utilizaram fibras sintéticas,
demostrando concordância com os resultados obtidos. Os ensaios demostraram que a fibra de coco
pode ser utilizada para a diminuição de recalques diferenciais com grande inibição da propagação
de fissuras, podendo ser aproveitadas em aterros de conquista sobre solos moles e em coberturas de
aterros sanitários, dando um fim mais nobre a esse material que normalmente é descartado em
grandes quantidades após o consumo do fruto.
PALAVRAS-CHAVE: Reforço de fibra de coco, ensaio de carga em placa, verdadeira grandeza,
curvas carga-recalque, distribuição aleatória.
1 INTRODUÇÃO
Mundialmente, a proposta ecológica de
conservar e resguardar os recursos naturais são
um estímulo ao desenvolvimento de novas
classes de materiais. Neste cenário, aparecem os
compósitos totalmente reciclados, reforçados
com fibras vegetais que podem proporcionar
propriedades de grande valor, como a melhoria
da resistência mecânica e da leveza do solo.
As fibras vegetais, além de serem de fontes
renováveis, possuem baixo custo quando
comparadas com as fibras sintéticas. No caso
das fibras de coco, que são rejeitos em países
tropicais, seu aproveitamento gera vantagens
também no que diz respeito à diminuição da
quantidade de lixo sólido.
O reforço do solo, feito a partir das fibras de
coco, nasce como uma proposta de emprego
para materiais reciclados, sendo tais fibras
procedentes de resíduos de cocos gerados pelo
consumo da água do coco verde, encontrada em
grandes quantidades nas regiões costeiras.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), por meio do Levantamento
sistemático da produção agrícola de 2010
(LSPA), a produção de coco, em toneladas, no
Brasil, saltou de 1.300.000, no ano 2000, para
quase 2.000.000 de toneladas em 2010, sem
dados estatísticos até 2014. Esta crescente
quantidade de coco propicia o emprego das
fibras para distintos fins. Dentre eles a inclusão
destas por meio da adição em matrizes de solo
vem sendo bastante estudadas, pois sua
aplicação pode melhorar as propriedades
mecânicas dos compósitos finais.
O uso das fibras vegetais em materiais
compósitos não é novidade, pois os países em
![Page 2: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/2.jpg)
desenvolvimento vêm gerando pesquisas,
segundo a disponibilidade de fibras existentes
nesses países. No Brasil, temos o Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento (CEPED),
localizado em Camaçari, Bahia, como pioneiro
no estudo sistemático de fibras, que iniciou seu
trabalho em 1980, com a avaliação de fibras de
sisal, coco, bambu, piaçava e bagaço de cana
de-açúcar para a produção destes compósitos.
O presente trabalho visa produzir uma
contribuição às pesquisas que investigam a
viabilização do uso de fibras orgânicas,
especificamente de fibras extraídas da casca do
coco, usadas como material de reforço, com o
objetivo de produzir uma utilização razoável
dessas fibras, que são jogadas no lixo após seu
consumo massivo nas cidades costeiras do
Brasil.
2 OBJETIVO
Investigar a melhora da resistência ao recalque
da areia com adição de fibras de coco. A
comparação será realizada entre uma areia sem
reforço e com reforço distribuído
aleatoriamente.
3 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
3.1 Materiais
As fibras de coco são provenientes de uma
parceria entre a Companhia Municipal de
Limpeza Urbana e a Secretaria de Conservação
de serviços públicos que realizam a coleta e
entrega a ECOFIBRA, empresa responsável
pelo beneficiamento da casca de coco verde no
Rio de Janeiro.
As fibras com diferentes comprimentos
foram recebidas em fardos. Com a finalidade de
comparação com pesquisas que utilizaram
fibras sintéticas, (estabeleceu-se) utilizar um
comprimento standard de fibra de 50 mm.
Portanto, as fibras foram retiradas dos fardos,
desfiadas e cortadas manualmente. Foi utilizado
um volume de fibra de 0,5% do peso seco da
matriz, valor este determinado também para fins
comparativos.
A matriz utilizada foi uma areia com brita
proveniente do canteiro Areal da divisa em
Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Não apresentou
matéria orgânica, a densidade real dos grãos é
de 2,642, o índice de vazios máximo de 0,70 e o
mínimo de 0,50 e porcentagem de finos de
2,2%.
As misturas foram produzidas em betoneira
de 400l. Para atingir uma mistura uniforme,
primeiro colocou-se uma parte da areia
espalhando água na superfície para evitar
poeira, logo as fibras foram colocadas
manualmente cobrindo a superfície da areia,
depois colocava-se outro volume de areia sob o
mesmo procedimento. Após ligada a betoneira
colocava-se o suficiente volume de água para
obter a umidade de ensaio.
A caixa de ensaios apresenta uma seção
quadrada de 1,4m de lado por 1,5m de altura. A
mistura foi colocada em camadas de 10 cm de
espessura para controlar a umidade de 10% e a
densidade relativa de 50% até atingir 1,2m de
altura estabelecida para que o bulbo de pressões
não gerasse efeitos sobre as paredes e o fundo
da caixa.
3.2 Equipamentos
O sistema de reação e transmissão de carga
baseou-se em um pórtico de aço com carga de
trabalho de 1000 kN desenvolvido pelo
Laboratório de Estruturas e Materiais da
Pontifícia Universidade Católica de Rio de
Janeiro.
A aplicação da carga foi feita mediante
macaco hidráulico de 600 kN de carga máxima
conectado com uma bomba manual. Para
monitorar a carga aplicada utilizou-se um
transdutor de carga KYOWA com 250 kN de
capacidade modelo NI9237, finalmente se
utilizou uma placa de aço circular de 0,30m de
diâmetro e 1 polegada de espessura colocada
sobre a última camada da mistura.
Para registrar os recalques foram colocados
cinco transdutores de deslocamento (TD) do
tipo Gefran com curso de 100 mm de serie
NI9205, três dos quais foram colocados sobre a
placa separados à 120º para controlar a
horizontalidade, enquanto que os outros dois
foram colocados fora da placa em uma distancia
de 5 a 15 cm para registrar os recalques da
mistura nas proximidades do carregamento.
![Page 3: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/3.jpg)
Os transdutores de carga e deslocamento
foram conectados a um sistema de aquisição de
dados da National, modelo Cdaq 9174, que
possui 4 canais para os registros de carga e 16
canais de 0-10 volts para armazenar os registros
de recalques.
Utilizando o programa LEM-PUC
desenvolvido na plataforma de software
LABVIEW 2011 pela PUC-RIO, foi possível
registrar, armazenar e gerar as curvas de carga
versus recalque para cada ensaio.
4 ENSAIOS DE CARGA EM PLACA
Devido as variantes condições meteorológicas e
os custos de montagem para fazer um ensaio de
placa em campo se preferiu realizar o ensaio no
laboratório em verdadeira grandeza sob
condições controladas. As caraterísticas dos
ensaios são apresentadas na tabela 1 a seguir.
Tabela 1. Ensaios de carga em placa circular.
N° Material w
(%)
Densidade
Relativa
(%)
Teor de
fibras
(%)
1 Areia 10 50 -
2 Areia
/fibra
10 50 0,5
No primeiro ensaio a areia foi carregada sem
reforço para determinar o comportamento do
material. No segundo, definiu-se a influência da
adição de fibra de coco, as mudanças no
mecanismo de ruptura e principalmente a
mudança no comportamento carga versus
recalque.
A velocidade dos ensaios foi variável porque
foi preciso garantir que os grãos da areia não
entrassem dentro da mola dos transdutores de
deslocamento.
5 RESULTADOS E ANALISES
5.1 Resultados dos ensaios
Os ensaios terminavam quando a placa
apresentava rotações devido a mistura embaixo
dela ficar deformada e rígida, a ponto de não
conseguir seguir recalcando. Os transdutores
sobre a placa registraram essas rotações
mediante as diferenças entre seus registros.
A seguir, apresentam-se as curvas carga
versus recalque do ensaio 1 (areia sem reforço),
considerando que os transdutores de
deslocamento TD-1 e TD-2 ficam a 15 e 5cm
do bordo da placa respetivamente.
(a) (b)
Figura 1. Recalque fora da placa – Ensaio 1:sem fibra
Na Figura 1(a), se observa que a 15 cm da
placa não ocorre nenhum recalque enquanto que
a 5 cm a areia desce junto com a placa até uma
carga de 20 kN depois da qual começa-se
elevando até 1,5 mm por acima do nível inicial,
obedecendo a uma ruptura localizada.
Na Figura 1(b), o recalque da placa apresenta
uma tendência parabólica aproximadamente até
30 kN, depois é linear, produto de uma
proporcionalidade entre deformação e o
incremento de carga. Esse atuar é próprio dos
solos granulares devido a massa do solo não ter
uma ruptura bem definida porque os grãos
continuam se arranjando e absorvendo energia.
Esse estado é compatível com um ensaio de
campo de carga em placa, onde a espessura do
solo é maior e o solo não tem uma ruptura
severa mas continua se deformando.
A seguir apresentam-se as curvas carga
versus recalque do ensaio 2, considerando que o
transdutor de deslocamento TD-2 fica a 5 cm
mas o TD-1 foi movimentado a 10cm do bordo
da placa com a finalidade de obter registros.
(a) (b)
Figura 2. Recalque fora da placa – Ensaio 2:com fibra
![Page 4: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/4.jpg)
Na Figura 2(a), pode-se notar que a 5 cm da
placa a mistura recalca uniformemente com
uma tendência parabólica que não muda com o
incremento da carga, enquanto que a 10 cm a
mistura inicialmente não recalca até 20 kN,
depois do qual o recalque é quase linear.
Na Figura 2(b), o recalque da placa
inicialmente possui uma tendência parabólica
até uma carga de 30 kN depois a curva é linear.
É importante mencionar que neste ensaio a
carga admitida pela mistura foi quase o dobro
do que o ensaio 1. Esse efeito de absorver mais
energia é dado pela adição das fibras devido
elas diminuírem a propagação das fissuras
dentro da areia, servindo de pontes de
transferência de energia entre as partes do solo
ligadas pela fibra.
Compreendendo que as fibras fornecem uma
importante resistência adicional, se realizou um
ensaio complementar para determinar se uma
distribuição da fibra diferente da aleatória pode
gerar um maior acréscimo da resistência ao
recalque da areia. Baseando-se na premissa
anterior realiza-se o ensaio 3 no qual se coloca a
fibra entre as camadas de solo como se fosse
uma manta entre cada camada. Para este ensaio
os transdutores de deslocamento TD-2 e TD-1
mantiveram as posições anteriores. Nos
registros apresentados na Figura 3(a) nota-se
que o comportamento dos recalques é diferente
quando comparado com os ensaios 1 e 2. Pode-
se observar que inicialmente o recalque
descreve também uma parábola, mas com um
maior recalque para um valor de carga igual do
que os ensaios anteriores, até uma carga de 20
kN depois da qual a tendência é quase linear.
O recalque apresentado pela placa na figura
3(b) também expõe uma tendência diferente do
que os ensaios anteriores com uma mudança no
comportamento a partir de uma carga de 30 kN.
(a) (b)
Figura 3. Recalque fora da placa – Ensaio 3:manta de fibra
Para realizar comparações posteriores com
outras pesquisas é melhor trabalhar com curvas
tensão versus recalque, apresentadas na Figura
4, na qual pode-se ver que independente da
tendência, o ponto em comum entre as curvas
corresponde a uma tensão de 430 kPa. Portanto
a matriz absorve a energia até esse estágio de
tensão e após ele inicia a mobilização das
fibras.
Figura 4. Comparação curvas tensão versus recalque
O aporte da distribuição é avaliado desde o
início da mobilização das fibras na fase de pós-
fissuração da matriz aproximadamente a partir
de uma tensão de 430kPa. Nota-se que com o
incremento da tensão a manta de fibra de coco
consegue diminuir notavelmente o recalque
quando comparada com a distribuição aleatória.
5.2 Exumação dos ensaios
Outro trabalho feito durante a colocação da
mistura, foi o espalhamento de uma camada de
areia pigmentada de azul entre cada camada
para observar os recalques no final de cada
ensaio.
Depois de cada prova de carga foi retirado
um painel da caixa de ensaios, permitindo o
corte vertical da mistura até o eixo de
carregamento com a finalidade de visualizar a
resposta da mistura frente ao aumento de
tensões. A figura 5 mostra o comportamento da
areia para cada ensaio.
(a) (b) (c)
Figura 5. Recalque: (a) sem fibra (700 kPa), (b) fibra
aleatória (1400kPa), (c) fibra em manta (1200 kPa)
![Page 5: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/5.jpg)
Pode-se notar uma grande diferença na
distribuição das tensões mediante a deformação
da areia. Como as exumações foram feitas no
fim de cada ensaio, o nível de deformação
corresponde a um determinado nível de tensão,
que em nenhum caso foi igual. Portanto, os
recalques mais visíveis aparecem na base da
camada 11, mas a tensão suportada pela areia
reforçada para esse recalque foi o dobro do
ensaio da areia pura.
Os mecanismos de ruptura para cada ensaio
também merecem especial atenção devido
mostrarem a resposta da massa para
determinada tensão. Portanto, sua mudança é
um indicador de que a mobilização das fibras
influi no comportamento da mistura frente ao
aumento de tensões. A figura 6 exibe o
comportamento da areia ao redor do eixo de
carregamento ao final de cada ensaio.
(a) (b)
Figura 6. Recalque: (a) puncionamento (areia com fibra),
(b) localizada (sem fibra).
Demostrou-se uma mudança no mecanismo
de ruptura da areia com fibra, enquanto que a
areia sem fibra apresenta uma ruptura
localizada bem caraterizada pelo empolamento
da areia ao redor da placa, a areia com fibra não
apresenta essa movimentação mostrando que a
energia fica dentro da mistura retida pelo
mecanismo de transferência de tensões dado
pelo atrito existente entre a fibra e a matriz.
A fissuração superficial também é um
indicador de como a mistura comporta-se como
massa e como a liberação de energia começa a
manifestar-se mediante fissuras quando a areia
não possui a tenacidade suficiente para absorver
essa energia.
Na figura 7 apresentam-se os níveis de
fissuração atingidos com a finalidade de
visualizar a forma, tamanho e quantidade das
fissuras ao final de cada ensaio.
(b) (b) (c)
Figura 7. Fissuras: (a) sem fibra (700 kPa), (b) fibra
aleatória (1400 kPa), (c) fibra em manta (1200 kPa)
No caso do ensaio de areia sem fibra, pode-
se observar que para um nível de tensão de 700
kPa, as fissuras aparecem paralelas à
circunferência da placa, começando desde a
base da camada até a superfície da areia,
alcançando aberturas de até 2 cm de espessura
aparecendo depois fissuras perpendiculares
devido ao fato de que nas fissuras radiais se
concentram as tensões que tentam se propagar
superficialmente para todas as direções.
No caso da areia com fibra aleatória é
totalmente diferente. Como se mostra na Figura
7, para o dobro de tensão, a abertura das
fissuras chega à menos de 2cm devido as fibras
de coco encontrarem-se ancoradas nos
segmentos de areia que tentam se separar,
servindo de pontes que continuam transferindo
as tensões pela mistura. Neste caso, não
aparecem fissuras perpendiculares às fissuras
concêntricas, pois internamente as fibras
absorvem energia distribuindo as tensões em
uma área maior.
Nota-se no caso da areia com fibra que as
fissuras se espalham concentricamente à placa,
mas a quantidade das fissuras é maior com a
manta de fibra.
6 COMPARAÇÃO COM ESTUDOS
ANTERIORES
Para fazer uma comparação sobre a aptidão
das fibras de coco quando comparados com
fibras de polipropileno, foram utilizados como
referência as pesquisas feitas por Casagrande
(2005) e Donato (2007). Ambas as pesquisas
utilizaram o mesmo diâmetro de placa para o
carregamento (0.30m), sistema de reação
(250kN), teor de umidade (10%), densidade
relativa (50%), espessura das camadas (0,10m)
e teor de fibra (0,5%), enquanto que no
comprimento de fibra Casagrande (2005) e
![Page 6: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/6.jpg)
Donato (2007) utilizaram 24mm e 50mm
respectivamente, ambas em matrizes de areia
fina.
A Figura 9 apresenta as curvas tensão-
recalque dos estudos mencionados com os
resultados deste trabalho. Nota-se que a adição
de fibra gera uma redução aproximada de 50%
dos recalques quando comparado sem reforço.
A tendência das curvas tensão-recalque quando
submetidas a grandes carregamentos é similar,
observando que a diferença entre as curvas pode
ser produzida pelo efeito do material. A areia
grossa impõe mais resistência ao deslocamento
do que a areia fina, por outro lado, o
comprimento de fibras utilizado por Casagrande
(2005) de 24 mm é menor do que o utilizado no
presente trabalho, fato que, sendo comparado
com as curvas apresentadas por Donato (2007)
que também utilizou areia fina, demostra que o
comprimento da fibra é um fator preponderante
no incremento da resistência. Os mecanismos
de ruptura localizada para a areia sem reforço e
ruptura por puncionamento para a areia com
reforço de fibra de coco corroboram com os
resultados obtidos por Casagrande (2005) e
Donato (2007) os quais apresentaram a mesma
resposta reforçando a areia com fibras de
polipropileno. Pelos resultados obtidos é
possível afiançar a teses de que a fibra de coco
é um material que pode competir com as fibras
sintéticas para determinados níveis de
carregamento como os apresentados nesta
pesquisa.
Figura 9. Comparação entre estudos
7 CONCLUSÕES
A adição de fibra de coco como material de
reforço de solo melhora o comportamento
tensão-recalque do compósito e influi na
mudança do mecanismo de ruptura, de uma
ruptura localizada a uma ruptura por
puncionamento;
As curvas tensão versus recalque,
demostraram o ganho de resistência ao
cisalhamento da areia misturada com fibra de
coco. Observa-se que a mobilização das fibras
impede a propagação das fissuras;
Areia sem reforço mostrou trincas de tração
verticais que se propagaram da base para o topo
da camada. Na borda da placa, as fibras
mudaram o comportamento, a ruptura ocorreu
por faixas de cisalhamento ao redor da placa
permitindo que as tensões se espalhassem por
uma área maior na interface da camada
subjacente;
A manta de fibra conseguiu uma melhor
distribuição das tensões, diminuindo os
recalques enquanto que a inserção aleatória de
fibras inibiu a propagação das fissuras;
A manta demostrou ser um bom
complemento para materiais granulares que
apresentam pouca resistência à tração atuando
como um elemento de confinamento e
permitindo distribuir as tensões locais. Essa
caraterística acrescenta a capacidade de suporte
e de estabilidade;
A inibição de fissuras nas zonas afastadas da
placa comprova que as fibras aleatórias
distribuem as tensões em uma área maior
evitando a concentração de tensões na área de
carregamento.
Areia reforçada com fibras de coco possui
qualidades adequadas para empregos tanto em
liners de cobertura de aterros sanitários como
também em aterros de conquista sobre solos
moles, aprimorando a diminuição das
deformações diferenciais excessivas
ocasionadas nestes aterros.
AGRADECIMENTOS
À Prefeitura do Rio de Janeiro, através da
funcionária Teresinha Dias, por terem nos
![Page 7: Artigos sobre tratamento de água](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022081811/5695d0851a28ab9b0292cbbe/html5/thumbnails/7.jpg)
cedido as fibras para o desenvolvimento desta
pesquisa.
A todos os funcionários do Departamento de
Engenharia Civil da PUC-Rio.
A Michéle Casagrande, pelas orientações
recebidas nesta pesquisa.
À CAPES e à PUC-Rio, pelos auxílios dados.
REFERÊNCIAS
CASAGRANDE, M.D.T., Comportamento de solos
reforçados com fibras submetidas a grandes
deformações. Tese (Doutorado em Engenharia) –
Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da
UFRGS Porto Alegre, 2005.
DONATO, M. Medidas diretas de tensão em solo
reforçado com fibras de polipropileno. Tese
(Doutorado em Engenharia) – Escola de Engenharia,
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da
UFRGS. Porto Alegre, 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA http://artigos.ibge.gov.br/artigos-
home/estatistica